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APG 10 Amnésia científica

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APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 
 1 
@emilly.lorenaa 
 APG 10 – Amnésia científica
1) DISCUTIR AS BASES NEUROBIOLÓGICAS DA MEMÓRIA E OS 
TIPOS DE MEMÓRIA (SEGUNDO TEMPO DE AQUISIÇÃO E 
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA) 
 A memória é a capacidade de codificar, armazenar e evocar 
as experiências, impressões e fatos que ocorrem em nossas 
vidas. Tudo o que uma pessoa apresente em sua existência 
depende intimamente da memória. 
 Além disso, todos os processos relacionados com a memória 
são altamente contextualizados, integrados em uma rede de 
múltiplas informações e contextos da vida. 
 A capacidade específica de memorizar relaciona-se com 
vários fatores, entre eles o nível de consciência e atenção, o 
estado emocional e o interesse motivacional e, 
particularmente importante, os contextos, como lugar, 
momento, com que pessoas, em que tipo de atividade e em 
que fase da vida a codificação, o armazenamento e a 
evocação das informações ocorrem. 
 De forma genérica, podem-se distinguir, para os seres 
humanos, os seguintes tipos de memória: 
 Memória psicológica (cognitiva ou neuropsicológica): É 
uma atividade altamente diferenciada do sistema 
nervoso, que permite ao indivíduo codificar, conservar e 
evocar, a qualquer momento, os dados aprendidos da 
experiência. 
 Memória genética e epigenética: Esse tipo de memória 
abrange conteúdos de informações biológicas adquiridos 
ao longo da história filogenética da espécie e ao longo das 
vivências do indivíduo e de seus ancestrais, contidos no 
material biológico (DNA, RNA, cromossomos, 
mitocôndrias, mudanças epigenéticas) dos seres vivos. 
 Memória imunológica: Esse tipo de memória reúne 
informações registradas e potencialmente recuperáveis 
pelo sistema imune de um ser vivo. 
 Memória coletiva, social ou cultural: Envolve 
conhecimentos e práticas sociais e culturais (costumes, 
valores, práticas, linguagem, habilidades artísticas, 
conceitos e preconceitos, ideologias, estilos de vida, 
rituais, gesticulações, etc.) produzidos, acumulados e 
mantidos por um grupo social. Esse tipo de memória tem 
importância fundamental para as sociedades humanas. 
Sem ela, os grupos sociais perdem sua identidade básica, 
a possibilidade de perceber o sentido de suas existências, 
a gratidão e crítica em relação ao passado e a esperança 
e prudência em relação ao futuro. 
 Estudos em psicologia cognitiva e neuropsicologia identificaram 
dois aspectos importantes sobre a memória psicológica: 
 A memória não é um processo unitário, dessa forma, ela 
é composta de múltiplos elementos, que podem ser 
organizados e expostos de distintas formas e exigem 
redes e estruturas cerebrais diferentes. 
 Além disso, a memória não é um processo passivo e 
fidedigno de fixação de elementos e de evocação exata 
e realista do que foi arquivado. Nesse sentido, ela é muito 
mais um processo ativo, no qual vários elementos do 
indivíduo participam da codificação e da evocação, como 
elementos sensoriais, imaginativos, semânticos e 
afetivos. 
 A memória é frequentemente reeditada, ou seja, as 
informações de eventos, cenas e acontecimentos do passado, 
que já foram armazenadas, podem ser reconfiguradas com 
acréscimos de elementos novos (vividos ou imaginados pelo 
próprio indivíduo ou instigados por estímulos externos, 
conscientes ou não). 
 Assim, há um processo de recriação e reinterpretação no 
arquivo de longo prazo de nossas memórias. 
 FASES OU ELEMENTOS BÁSICOS DA MEMÓRIA 
 A memória psicológica possui 3 fases ou elementos básicos: 
(segue o exemplo usando a metáfora de uma biblioteca para 
a memória). 
 CODIFICAÇÃO: captar, adquirir e codificar informações. 
 Corresponde à escrita de um livro em papel. 
 A codificação ocorre quando, ao vermos uma coisa 
pequena, de uns 10 centímetros, coberta de uma 
capa colorida (penas), com cabeça, corpo e patinhas, 
que se move e canta, denominamos de passarinho. 
 A informação codificada semanticamente na palavra 
“passarinho” passará, assim, a ser arquivada, já 
tendo sido codificada. 
 É o processo inicial da memorização e depende muito 
da atenção. 
 ARMAZENAMENTO: reter as informações de modo 
fidedigno. 
 Implica a classificação do livro e sua colocação em 
uma determinada estante, assim como a 
conservação desse livro nessa estante 
(protegendo-o do sol e da chuva). 
 APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 
 2 
@emilly.lorenaa 
 RECUPERAÇÃO OU EVOCAÇÃO: também denominada de 
lembranças ou recordações, sendo a fase em que as 
informações são recuperadas para distintos fins. 
 Significa poder acessar o livro na estante e poder 
lê-lo da melhor forma possível. 
 É a etapa final do processo de memória. 
 Há ainda dois aspectos distintos em relação a 
evocação: disponibilidade e acessibilidade da 
informação que ocorre quando tentamos lembrar o 
nome de uma pessoa, sentimos que esse nome está 
“na ponta da língua”, sabemos qual a primeira sílaba, 
se o nome é curto ou longo, mas o nome inteiro “não 
vem” (“fenômeno da ponta da língua”). Nesse caso, 
a informação ainda está disponível em nossa 
memória de longo prazo, mas não está, no momento 
exato que queremos lembrar, acessível para nós. 
 Lembrança é a capacidade de acessar elementos no banco 
da memória de longo prazo. 
 Reconhecimento é a capacidade de identificar uma 
informação apresentada ao sujeito com informações já 
disponíveis na memória de longo prazo. 
 Esquecimento, por sua vez, é a denominação que se dá à 
impossibilidade de evocar e recordar. 
 MEMÓRIA SEGUNDO O TEMPO DE AQUISIÇÃO, 
ARMAZENAMENTO E EVOCAÇÃO 
 Em relação ao processo temporal de aquisição, 
armazenamento e evocação de elementos mnêmicos, a 
neuropsicologia moderna divide a memória em quatro 
momentos temporais: 
 MEMÓRIA SENSORIAL E DEPÓSITO SENSORIAL (ATÉ 1 
SEGUNDO): Aqui, percepção, atenção e memória se 
sobrepõem. As memórias sensoriais são ricas (muitos 
conteúdos), mas muitíssimo breves (os conteúdos se 
apagam rapidamente). Quando estímulos visuais (memória 
icônica) ou auditivos (memória ecoica) são expostos ao 
indivíduo, ele capta (não de modo consciente) um número 
relativamente grande de informações, mas pode guardá-
las apenas por um período muito curto. 
 Há um depósito sensorial, que funciona geralmente 
abaixo do limiar da consciência, em apenas 50 
milissegundos, quando se deve “decidir” (quase 
sempre sem consciência) se voltamos a atenção 
para certos estímulos ou se estes serão 
rapidamente apagados. 
 MEMÓRIA IMEDIATA OU DE CURTÍSSIMO PRAZO (DE 
POUCOS SEGUNDOS ATÉ 1 A 3 MINUTOS): Esse tipo de 
memória se confunde conceitualmente também com a 
atenção e com a memória de trabalho. 
 Trata-se da capacidade de reter o material 
(palavras, números, imagens, etc.) imediatamente 
após ser percebido, como reter um número 
telefônico para logo em seguida discar. 
 A memória imediata tem também capacidade 
limitada e depende da concentração, da 
fatigabilidade e de certo treino. As memórias 
imediata e de trabalho dependem sobretudo da 
integridade das áreas pré-frontais. 
 MEMÓRIA RECENTE OU DE CURTO PRAZO (DE POUCOS 
MINUTOS ATÉ 3 A 6 HORAS): Refere-se à capacidade 
de reter a informação por curto período. Também é um 
tipo de memória de capacidade limitada. Muitas vezes, as 
memórias de curto prazo e de curtíssimo prazo são 
consideradas simplesmente como memória de curto 
prazo. 
 A memória recente depende de estruturas 
cerebrais das partes mediais dos lobos temporais, 
como a região CA1 do hipocampo, do córtex 
entorrinal, assim como do córtex parietal posterior. 
 MEMÓRIA DE LONGO PRAZO OU REMOTA (DE DIAS, 
MESES ATÉ MUITOS ANOS): É a função relacionada à 
transferência de informações para depósitos de longo 
prazo, tendo capacidade quase ilimitada. Ela também se 
relaciona à evocação de informaçõese acontecimentos 
ocorridos no passado, geralmente após muito tempo do 
evento (pode durar por toda a vida). É um tipo de 
memória de capacidade bem mais ampla em termos de 
itens a serem guardados que a memória imediata e a 
recente. 
 As informações a serem guardadas na memória de 
longo prazo são armazenadas de modo organizado, 
em sistemas que proporcionam uma estrutura 
organizacional. 
 Dessa forma, as informações são arquivadas e 
conservadas de acordo com seu significado, em 
redes semânticas nas quais conceitos semelhantes 
ou semanticamente relacionados são armazenados 
de maneira vinculada, próximos uns dos outros. 
 Acredita-se que essa memória se relacione tanto ao 
hipocampo, no processo de transferência de 
memórias recentes para memorias de longo prazo, 
como implicando também, para o armazenamento 
 APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 
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@emilly.lorenaa 
de longo, amplas e difusas áreas corticais de 
associação em todos os lobos cerebrais. 
 BASES NEUROLÓGICAS DA MEMÓRIA 
 Para ocorrer a formação da memória ou engramação 
mnética, as estruturas límbicas temporomediais, 
principalmente as estruturas relacionadas ao hipocampo, a 
amígdala e ao córtex entorrinal, são fundamentais. 
 Essas estruturas atuam na consolidação dos registros e na 
transferência das unidades de memória de curto e médio 
prazos (intermediária) para a de longo prazo (estocagem da 
memória remota). 
 Há evidências de que o processo neuronal de memorização 
difere entre memórias recentes (minutos a horas) e 
memórias de longo prazo (meses a anos). 
 Nas memórias recentes ocorre mudanças e consolidações de 
sinapses neuronais relacionadas a complexas cascatas de 
eventos moleculares e celulares necessárias para a primeira 
estabilização de informações recentemente adquiridas, nas 
redes neuronais coordenadas pelo hipocampo. 
 Já nas memórias lentas e de longo prazo , a consolidação das 
memórias se baseia em processos de nível sistêmico (redes 
neuronais), lentos, tempo-dependentes, que convertem os 
traços lábeis de memória recente em formas mais 
permanentes, estáveis e ampliadas, baseadas na 
reorganização de redes neurais de suporte à memória, 
também coordenadas pelos hipocampos. 
 A interrupção bilateral do circuito hipocampo-mamilo-tálamo-
cíngulo pode determinar a incapacidade de fixação de novos 
elementos mnêmicos, produzindo, assim, a síndrome 
amnéstica, de maior ou menor intensidade. 
 As estruturas mais importantes para a memória são, 
certamente, os hipocampos. 
 Os hipocampos (direito e 
esquerdo) são estruturas do 
cérebro, localizadas na parte 
medial dos lobos temporais, 
filogeneticamente antigas, de importância central para 
os processos de aprendizagem e memória. 
 Entretanto, de certa forma, quase toda a cognição está 
relacionada a eles, pois os hipocampos se conectam a 
múltiplas áreas do córtex cerebral, organizam eventos 
relacionados entre si em uma rede estruturada de 
memórias, além de atuarem na percepção e na 
organização mental, espacial e temporal dos eventos. 
 A retirada cirúrgica ou destruição por doença dos dois 
hipocampos causa uma terrível síndrome de amnésia 
anterógrada, na qual o indivíduo fica totalmente sem 
memória para fatos novos e com profunda incapacidade 
para aprender. 
 Anatomicamente, o hipocampo possui três grandes 
regiões, sendo: giro denteado (GD), o corno de Ammon 
(CA, que se divide em CA1, CA2, CA3 e CA4) e o córtex 
entorrinal lateral e medial. 
 Funcionalmente, os hipocampos são divididos em hipocampo 
dorsal (mais ligado especificamente ao aprendizado e à 
memória) e hipocampo ventral (mais ligado ao processamento 
emocional). Todo o hipocampo tem grande capacidade de 
plasticidade sináptica. 
 O processo de memorização (codificação, armazenamento e 
futura evocação) de novos elementos da memória depende 
de: 
 Nível de consciência e estado geral do organismo: o 
indivíduo deve estar desperto, não muito cansado, calmo, 
em bom estado geral, para que a memorização ocorra 
da melhor maneira possível. 
 Atenção focal: diz respeito à capacidade de manutenção 
de atenção concentrada sobre o conteúdo novo a ser 
fixado. Informações novas entram na memória de longo 
prazo principalmente quando se presta bastante 
atenção durante o aprendizado. 
 Organização e distribuição temporal: diz respeito a 
distribuir, no processo de aprendizado de novas 
informações, as tentativas de aprendizado ao longo de 
um período de tempo mais longo e cadenciado; é melhor 
praticar “pouco e sempre” do que tentar memorizar e 
aprender tudo apressadamente, em um único dia (ex: no 
dia antes da prova). 
 Interesse e colorido emocional: relaciona-se às 
informações a serem fixadas, assim como ao empenho 
do indivíduo em aprender (vontade e afetividade). 
 Conhecimento anterior: elementos já conhecidos ajudam 
a adquirir elementos novos, principalmente quando se 
articulam os novos conhecimentos a informações, 
classificações e esquemas cognitivos já bem assentados, 
formando uma cadeia de elementos mnêmicos. 
 Capacidade de compreensão do significado da 
informação: buscar entender o significado da informação 
ou conhecimento que se está tentando aprender é de 
fundamental ajuda para a memorização. Se a informação 
não tem um significado particular (é algo aleatório), então 
é útil atribuir-lhe um significado arbitrário. 
 APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 
 4 
@emilly.lorenaa 
 Estabelecimento de um contexto rico e elaborado: o 
contexto e as circunstâncias associadas à informação 
que se quer memorizar têm papel central na eficácia da 
memorização. 
 Codificação da informação nova em mais de uma via: para 
o armazenamento mais eficaz de uma informação nova, 
quanto maior for o número de canais sensoriais e 
dimensões cognitivas distintas, mais eficaz será a 
fixação. Por exemplo, se a informação for uma palavra, 
deve-se buscar associar uma imagem visual; se for visual, 
deve-se buscar associar uma palavra. Com isso, são 
criados mapas mentais, que colaboram para o 
armazenamento eficaz. 
 TIPOS ESPECÍFICOS DE MEMÓRIA 
 Não se pode mais falar em memória como processo unitário. 
 Devemos, sim, falar em memórias ou tipos específicos de 
memória. 
 Distinguem-se esses tipos de acordo com o caráter 
consciente ou não consciente do processamento do conteúdo 
mnêmico e com as áreas e estruturas cerebrais envolvidas. 
 TIPOS DEPENDENTES DO CARÁTER CONSCIENTE OU NÃO 
CONSCIENTE DO PROCESSO MNÊMICO 
 MEMÓRIA EXPLÍCITA (memória declarativa): é relacionada ao 
conhecimento consciente, obtido geralmente com algum 
esforço. 
 Esse tipo de memória é adquirido e evocado com plena 
intervenção da consciência, incluindo as lembranças de 
fatos autobiográficos (memória autobiográfica). 
 A memória explícita pode ser de imagens visuais, 
palavras, conceitos ou eventos. 
 MEMÓRIA IMPLÍCITA (memória sem consciência ou não 
declarativa): é um tipo de memória que adquirimos e utilizamos 
sem que percebamos, sem consciência e, geralmente, sem 
esforço. 
 É uma forma relativamente automática e espontânea. 
 Pode incluir procedimentos, como muitas habilidades 
motoras (andar de bicicleta, saber bordar, saber escovar 
os dentes), assim como conhecimentos gerais ancorados 
em palavras, que adquirimos e utilizamos sem perceber, 
como aprender e falar a língua materna. 
 Esse tipo de memória parece incluir a memória para 
informações mostradas à pessoa durante uma 
anestesia, pois, embora em sono farmacológico, ela pode 
registrar elementos do que é dito no ambiente. 
 Está envolvida, ainda, com as chamadas sensações de 
familiaridade = quando vemos uma pessoa no ônibus, 
sabemos que a conhecemos, mas não localizamos de onde 
e quem exatamente ela é, sendo, geralmente, uma 
pessoa conhecida em um contexto diferentedo ônibus. 
 MEMÓRIAS, DEVANEIOS E VIAGEM MENTAL NO TEMPO: O 
fenômeno chamado devaneio (mind wandering) tem muito a 
ver com a memória, tanto explícita como implícita. O devaneio 
ocorre quando soltamos a mente e relaxadamente 
construímos histórias e eventos mentais, variando ou 
inventando cenas e episódios, em relação tanto ao nosso 
passado como ao nosso futuro. A capacidade de mentalmente 
reviver o passado e imaginar possíveis futuros foi denominada 
viagem mental no tempo. 
 Há ativação de várias áreas cerebrais, principalmente 
dos hipocampos e dos lobos frontais. 
 TIPOS DE MEMÓRIA CLASSIFICADOS SEGUNDO A ESTRUTURA 
CEREBRAL ENVOLVIDA 
 São 4 os principais tipos de memória que correspondem a 
estruturas cerebrais diversas, sendo que eles são afetados 
de forma diferente nas doenças e condições que diminuem ou 
destroem a memória, como as demências. 
 MEMÓRIA DE TRABALHO: situa-se entre os processos e 
habilidades da atenção e os da memória imediata. 
 Tem como exemplo ouvir um número telefônico e retê-
lo na mente para, em seguida, discá-lo, assim como dirigir 
em uma cidade desconhecida, perguntar sobre um 
endereço, receber a informação e a sugestão do trajeto. 
 A memória de trabalho é, de modo geral, uma memória 
explícita, consciente, que exige esforço. 
 Para diferenciá-la da memória de curto prazo, deve-se 
realçar que a memória de trabalho é plenamente ativa, 
que realiza operações mentais de modo constante (por 
isso, “está trabalhando” constantemente. 
 Ela representa um conjunto de habilidades que permite 
manter e manipular informações novas, acessando-as 
em face às antigas. 
 Tais informações, verbais ou visuoespaciais, são mantidas 
ativas, em operação, geralmente por curto período 
(poucos segundos até, no máximo, alguns minutos), a fim 
de serem manipuladas, com o objetivo de selecionar um 
plano de ação e realizar determinada tarefa. 
 A memória de trabalho também é vista como uma 
gerenciadora da memória. Seu papel não é tanto formar 
arquivos, mas, antes, o de analisar e selecionar as 
informações que chegam constantemente e compará-
las com as existentes nas demais memórias, de curta e 
de longa duração. 
 APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 
 5 
@emilly.lorenaa 
 A memória de trabalho é composta por três 
componentes: 
 Alça fonológica: utiliza códigos articulatórios e 
depósitos fonológicos para sintetizar e 
operacionalizar as informações. 
 Esboço visuoespacial: realiza armazenamento 
temporário e manipulação das imagens; 
 Sistema executivo: faz a mediação da atenção e das 
estratégias para coordenar os recursos cognitivos 
entre a alça fonológica e o esboço visuoespacial. 
 As regiões corticais pré-frontais são importantes para 
a integridade da memória de trabalho. 
 Nas tarefas verbais, há maior envolvimento das áreas 
pré-frontais esquerdas, assim como das áreas de Broca 
(frontal esquerda inferior) e de Wernicke (temporal 
esquerda superior). 
 Nas tarefas visuoespaciais (seguir mapas mentalmente, 
sair de labirintos gráficos e montar quebra-cabeças), há 
maior implicação das áreas pré-frontais direitas, assim 
como de zonas visuais de associação do carrefour 
temporoparietoccipital direito. 
 Quando o córtex temporal é lesado, há prejuízo da 
memória de trabalho visual, mas a memória de trabalho 
espacial é preservada. Quando há lesão dos lobos 
parietais, ocorre o oposto. 
 Pacientes com lesões nas áreas cerebrais associadas 
aos conhecimentos semânticos (sentido das palavras), 
como o córtex dos lobos temporais laterais e 
temporoparietais, têm prejuízos nos desempenhos da 
memória de trabalho verbal. 
 Na investigação semiológica, observa-se inicialmente o 
grau de habilidade do paciente de prestar atenção e se 
concentrar. 
 Um teste simples é aquele incluído no Teste 
Minimental, quando se solicita ao paciente que 
realize a tarefa: “Veja esta folha de papel em minha 
mão; quero que pegue este papel com sua mão 
direita, que o dobre no meio e, depois, o coloque no 
chão”. 
 Também são formas de testar a memória de 
trabalho solicitando que a pessoa repita números em 
sequência direta e sequência inversa. 
 De modo geral, todas as condições que afetam as regiões 
pré-frontais causam alteração da memória de trabalho! 
 Pode ocorrer sobretudo nas demências, como: demência 
frontotemporal (DFT), sobretudo na variante frontal da 
DFT, demência de Alzheimer (sobretudo na varitante 
frontal desta demência), demências vasculares e 
demência com corpos de Lewy. 
 A memória de trabalho pode também estar 
comprometida na esclerose múltipla e no traumatismo 
craniano, quadros psicopatológicos (esquizofrenia, 
transtorno de déficit de atenção//hiperatividade, 
transtorno obsessivo-compulsivo e envelhecimento 
normal (dificuldades leves a moderadas). 
 MEMÓRIA EPISÓDICA: Trata-se de memória explícita, de 
médio e longo prazos, relacionada a eventos específicos da 
experiência pessoal do indivíduo, ocorridos em determinado 
contexto. 
 Um exemplo dessa memória seria relatar o que foi feito 
no último fim de semana. 
 Ela corresponde a eventos específicos e concretos, 
comumente autobiográficos, bem circunscritos em 
determinado momento e local. 
 Dessa forma, refere-se à recordação consciente de 
fatos reais. 
 A perda da memória episódica, em geral, se evidencia 
para eventos autobiográficos recentes, mas, com o 
evoluir do Alzheimer, por exemplo, pode incluir elementos 
mais antigos. 
 Nesse sentido, a perda de memória episódica 
obedece à lei de Ribot (perdem-se primeiro os 
elementos recentemente adquiridos e, depois, os 
mais antigos). 
 Assim, a memória remota de eventos antigos 
permanece mais tempo sem alterações. 
 Esse tipo de memória depende de mecanismos 
relacionados às regiões da face medial dos lobos 
temporais, particularmente o hipocampo e os córtices 
entorrinal e perirrinal. 
 Quando tais áreas se deterioram, com o avançar da 
demência de Alzheimer (instalação lenta e 
progressiva), o paciente perde totalmente a 
capacidade de fixar e lembrar eventos ocorridos há 
poucos minutos ou horas, inclusive situações 
marcantes e significativas para ele. 
 Os pacientes com síndrome de Wernicke-
Korsakoff têm déficits graves na memória 
episódica, uma condição relacionada a danos no 
diencéfalo, primariamente nos corpos mamilares, no 
trato mamilo-talâmico e no tálamo anterior. 
 APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 
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@emilly.lorenaa 
 A memória episódica interage constantemente com a 
memória semântica. 
 Suspeita-se de alteração da memória episódica quando 
se nota que o sujeito vai se tornando incapaz de reter e 
lembrar informações e experiências recentes de 
maneira correta e acurada. 
 Pode-se contar uma história para a pessoa e, alguns 
minutos depois, pedir que a reconte. 
 O relato de parentes próximos e cuidadores é 
essencial, pois o indivíduo geralmente não tem crítica 
de seu estado cognitivo e não costuma perceber 
suas perdas. 
 Um modo prático é perguntar comparando a alguns 
anos atrás, se o paciente tem agora mais 
dificuldades em se lembrar de coisas que acontecem 
recentemente com ele. 
 MEMÓRIA SEMÂNTICA: se refere ao aprendizado, à 
conservação e à utilização do arquivo geral de conceitos e 
conhecimentos do indivíduo (os chamados conhecimentos 
gerais sobre o mundo). 
 Assim, conhecimentos como a cor do céu (azul) ou de um 
papagaio (verde), ou quantos dias há na semana (sete), 
são de caráter geral e se cristalizam por meio da 
linguagem, ou seja, também são de caráter semântico. 
 Assim como a episódica, a memória semântica é 
frequentemente explícita (consciente com esforço), mas 
pode ser eventualmente implícita (inconsciente). 
 Ela é, enfim, a representação de longo prazo dos 
conhecimentos que temos sobre o mundo,entre eles o 
significado das palavras, dos objetos e das ações. 
 A memória semântica diz respeito ao registro e à 
retenção de conteúdos em função do significado que têm. 
 Ela é um componente da memória de longo prazo que 
inclui os conhecimentos de objetos, fatos, operações 
matemáticas, assim como das palavras e seu uso. 
 A memória semântica é, de modo geral, compartilhada 
socialmente, reaprendida de forma constante, não sendo 
temporalmente específica. 
 A contraposição desses dois tipos de memória (episódica 
e semântica) exemplifica-se da seguinte forma: lembrar 
como foi um almoço com os avós, em Belo Horizonte, há 
três semanas, depende do sistema de memória episódica. 
Já o conhecimento do significado das palavras “almoço”, 
“Belo Horizonte”, “avós”, etc., depende da memória 
semântica. = essas memórias constantemente 
interatuam! 
 A memória semântica previamente adquirida é muitas 
vezes preservada em pacientes que apresentam graves 
alterações no sistema de memória episódica. Indivíduos 
com síndrome de Wernicke-Korsakoff, por exemplo, 
têm grave déficit de memória episódica, mas podem ter 
a memória semântica preservada. 
 A memória semântica, em acepção restrita, 
corresponde às capacidades de nomeação e 
categorização. Depende, de forma estreita, das regiões 
inferiores e laterais dos lobos temporais, sobretudo no 
hemisfério esquerdo (diferentemente da memória 
episódica, que depende das regiões mediais desses lobos, 
sobretudo dos hipocampos). 
 Pesquisam-se alterações de memória semântica 
verificando-se a dificuldade do paciente em tarefas 
como nomear itens cujos nomes ele previamente sabia 
(mostrar um relógio, uma caneta e uma régua e pedir 
que o indivíduo os nomeie). 
 Pacientes com disfunções leves na memória 
semântica têm capacidade reduzida em testes de 
geração de palavras (solicitar ao indivíduo que 
nomeie o maior número possível de animais em 1 
minuto). 
 Aqueles com alterações mais avançadas na memória 
semântica tipicamente revelam déficits de duas vias 
na nomeação, isto é, são incapazes de dizer o nome 
de um item quando este lhes é mostrado e de 
descrever um item cujo nome lhes é apresentado. 
 Na demência de Alzheimer, há alterações pronunciadas 
da memória semântica = deterioração das regiões 
mediais e ventrais dos lobos temporais e de regiões 
temporoparietais do hemisfério esquerdo 
 Na DFT, na variante que afeta mais os lobos temporais 
(variante semântica da DFT), ocorre significativa perda 
da memória semântica, o que leva a dificuldades nas 
tarefas de nomeação e compreensão de palavras 
isoladas, além de empobrecimento dos conhecimentos 
gerais. 
 Também na demência com corpos de Lewy, embora se 
verifiquem déficits significativos nas funções executivas 
frontais, há relativa preservação da memória semântica. 
 MEMÓRIA DE PROCEDIMENTOS: é um tipo de memória 
automática, não consciente. 
 Exemplos desse tipo de memória são habilidades motoras 
e perceptuais mais ou menos complexas (andar de 
bicicleta, digitar no computador, tocar um instrumento 
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musical, bordar, etc.), habilidades visuoespaciais (como a 
capacidade de aprender soluções de labirintos e quebra-
cabeças) e habilidades automáticas relacionadas ao 
aprendizado de línguas (regras gramaticais incorporadas 
na fala automaticamente, decorar a conjugação de 
verbos de uma língua estrangeira, etc.). 
 A memória de procedimentos, de modo geral, é implícita 
e não declarativa, mas, durante a aquisição da habilidade, 
pode ser explícita na fase de aprendizado, como quando, 
por exemplo, se aprende a dirigir um carro seguindo 
orientações verbais. 
 Na maioria das vezes, a memória de procedimentos 
é implícita, pois manifesta-se tipicamente por ações 
motoras e desempenho de atividades, e não pela 
expressão de palavras (tornando-se consciente 
apenas com esforço). 
 Aqui, a memorização ocorre de forma lenta, por meio de 
repetições e múltiplas tentativas. 
 A localização da memória de procedimentos está 
relacionada com o sistema motor e/ou sensorial 
específico envolvido na tarefa. 
 As principais áreas envolvidas são a área motora 
suplementar (lobos frontais), os núcleos da base 
(sobretudo o striatum) e o cerebelo. 
 Suspeita-se da presença de alterações da memória de 
procedimentos quando o indivíduo apresenta ou perda de 
habilidades motoras ou visuoespaciais previamente 
aprendidas, ou grande dificuldade em aprender novas 
habilidades. 
 Um paciente com lesão no sistema de memória de 
procedimentos pode nunca mais readquirir as 
habilidades motoras automáticas que pessoas 
saudáveis realizam sem perceber. 
 A doença de Parkinson (assim como a síndrome de 
Parkinson por causas vasculares, tumorais, etc.) é a 
condição mais frequente em que se observa perda da 
memória de procedimentos. 
 Outras doenças que comprometem a memória de 
procedimentos são doença de Huntington, paralisia 
supranuclear progressiva, degeneração 
olivopontocerebelar, tumores, AVCs (depende do tipo, 
volume, número e localização), hemorragias, 
degenerações e outras lesões nos núcleos da base ou no 
cerebelo (degeneração cerebelar). 
 Esse tipo de memória não fica gravemente prejudicado 
na demência de Alzheimer, apresentando-se mais 
deteriorado (perda da capacidade de aprendizado motor) 
em outras doenças degenerativas que envolvem 
habilidades psicomotoras. 
2) DEBATER SOBRE AS ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA 
MEMÓRIA (QUALITATIVAS E QUANTITATIVAS) 
 ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS 
 HIPERMNÉSIAS 
 Representa uma alta capacidade de memória. 
 Em alguns pacientes em mania ou hipomania, representações 
(elementos mnêmicos) afluem rapidamente, uma tempestade 
de informações ou imagens ganhando em número, perdendo, 
porém, em clareza e precisão. 
 A hipermnésia traduz mais a aceleração geral do ritmo 
psíquico que uma alteração propriamente da memória. 
 Há outro tipo de hipermnésia, chamada hipermnésia para 
memória autobiográfica, um fenômeno raro, no qual o indivíduo 
tem uma memória autobiográfica quase perfeita. 
 A hipermnésia autobiográfica é considerada um fenômeno 
complexo, dependente de intricada interação entre memória 
episódica, memória semântica, habilidades visuoespaciais, 
memória para emoções, viagem mental no tempo, teoria da 
mente e funções executivas. 
 Embora muito rara, ela fornece elementos valiosos para a 
compreensão da memória autobiográfica. 
 AMNÉSIAS (OU HIPOMNÉSIAS) 
 Denomina-se amnésia, de forma genérica, a perda da 
memória, seja da capacidade de fixar, seja da capacidade de 
manter e evocar antigos conteúdos mnêmicos. 
 Segundo a lei de Ribot, no indivíduo que sofre uma lesão ou 
doença cerebral, sempre que esse processo patológico atinja 
seus mecanismos mnêmicos de codificação, armazenamento 
e recordação, o esquecimento segue algumas regularidades: 
 O sujeito perde as lembranças e seus conteúdos na 
ordem e no sentido inverso que os adquiriu. 
 Dessa forma, ele perde primeiro elementos que foram 
adquiridos recentemente e, depois, os mais antigos. 
 Perde primeiro elementos mais complexos e, depois, os 
mais simples. 
 Perde primeiros os elementos mais estranhos, menos 
habituais e, só depois, os mais familiares. 
 Em relação aos processos fisiopatológicos, as amnésias são 
divididas em: 
 AMNÉSIAS DISSOCIATIVAS OU PSICOGÊNICAS: há perda 
de elementos mnêmicos seletivos, os quais podem ter 
valor psicológico específico (simbólico, afetivo). 
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 O indivíduo esquece uma fase ou um evento de sua 
vida que teve um significado especial para ele, mas 
consegue lembrar de tudo o que ocorreu “ao redor”. 
 É quase sempre uma amnésia retrógrada. 
 AMNÉSIA ORGÂNICA: a perda de memóriaé geralmente 
menos seletiva, em relação ao conteúdo emocional e/ou 
simbólico do material esquecido, do que na amnésia 
psicogênica. 
 Geralmente, perde-se primeiro a capacidade de 
memorização de fatos e eventos recentes, e, em 
estados avançados da doença (demência), o indivíduo 
passa gradualmente a perder conteúdos mais 
antigos. 
 AMNÉSIA ANTERÓGRADA E RETRÓGRADA 
 AMNÉSIA ANTERÓGRADA: o indivíduo não consegue mais fixar 
elementos mnêmicos a partir do evento que lhe causou 
cerebral. É um distúrbio-chave e bastante frequente na maior 
parte dos distúrbios neurocognitivos, transtornos de base 
orgânica. 
 AMNÉSIA RETRÓGRADA: o indivíduo perde a memória para 
fatos ocorridos antes do inicio do transtorno (ou trauma). 
 Sua ocorrência, sem amnésia anterógrada, é observada 
em quadros dissociativos (psicogênicos), como a amnésia 
dissociativa e a fuga dissociativa. 
 De modo geral, é comum, após trauma craniencefálico, a 
ocorrência de amnésias retroanterógradas, ou seja, déficits 
de fixação para o que ocorreu dias, semanas ou meses antes 
e depois do evento patógeno. 
 ALTERAÇÕES QUALITATIVAS 
 PARAMNÉSIAS 
 As alterações qualitativas da memória envolvem sobretudo a 
deformação do processo de evocação de conteúdos 
mnêmicos previamente fixados. 
 O indivíduo apresenta lembrança deformada que não 
corresponde à sensopercepção original. 
 Os principais tipos são: 
 ILUSÕES MNÊMICAS: há acréscimos de elementos falsos 
a elementos da memória de fatos que realmente 
aconteceram, assim, a lembrança adquire caráter 
fictício. 
 Se não for uma deformação marcante, é difícil 
diferenciar a ilusão mnêmica do processo normal de 
recordação, pois a memória é um processo 
construtivo, que se refaz e modifica normalmente. 
 Pode ocorrer na esquizofrenia, no transtorno 
delirante e, menos frequentemente, nos 
transtornos da pesonalidade (boderline, hidtrionica, 
esquizotípica). 
 ALUCINAÇÕES MNÊMICAS: são criações imaginativas, 
dotadas de sensorialidade, marcadamente com a 
aparência de lembranças ou reminiscências que não 
correspondem a qualquer elemento mnêmico, a qualquer 
lembrança verdadeira. 
 Podem surgir de modo repentino, sem corresponder 
a qualquer acontecimento. 
 Ocorrem principalmente na esquizofrenia e em 
outras psicoses. 
 CONFABULAÇÕES OU FABULAÇÕES: são produções de 
relatos narrativas e ações que são involuntariamente 
incongruentes com a história passada do indivíduo, com 
sua situação presente e futura. São caracterizadas por 
3 aspectos básicos: 
 Elas são memórias ou recordações falsas; 
 A pessoa que confabula não sabe da falsidade de 
suas recordações; 
 Confabulações são recordações plausíveis, ou seja, 
elas se parecem com o que poderia ter acontecido, 
mas que não aconteceu. 
 As chamadas confabulações de embaraço são 
produzidas e estimuladas quando em uma conversa 
é perguntado coisas que não existiram e o indivíduo 
passa a relatar os fatos falsos relacionados à 
pergunta, plausíveis, mas falsos. 
 As confabulações ocorrem principalmente na 
síndrome de Wernicke-Korsakoff, frequentemente 
secundária ao alcoolismo crônico associado a déficit 
de tiamina (vitamina B1). 
 Elas também podem ocorrer em traumatismo 
craniencefálico, encefalites que implicam os lobos 
temporais (como a encefalite herpética), intoxicação 
por monóxido de carbono, aneurisma da artéria 
comunicante anterior e doença de Alzheimer. 
 As alterações anatômicas relacionadas às 
confabulações compreendem lesões nos corpos 
mamilares, no núcleo dorsomedial do tálamo, assim 
como no córtex orbitofrontal. 
 CRIPTOMNÉSIAS: trata-se de um falseamento da 
memória, em que as lembranças aparecem como fatos 
novos ao paciente, que não as reconhece como 
lembranças, vivendo-as como uma descoberta. 
 Por exemplo, um indivíduo com demência (como do 
tipo Alzheimer) conta aos amigos uma história muito 
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conhecida como se fosse inteiramente nova, mas 
que, há poucos minutos, foi relatada por outra 
pessoa do grupo. 
 ECMNÉSIA: trata-se da recapitulação e da revivescência 
intensa, abreviada e panorâmica da existência, uma 
recordação condensada de muitos eventos passados, que 
ocorre em breve período. 
 O indivíduo tem a vivência perceptiva de visão de 
cenas passadas, como forma depresentificação do 
passado. 
 Esse tipo de ecmnésia pode ocorrer em alguns 
pacientes com crises epilépticas. 
 O fenômeno denominado visão panorâmica da vida, 
associado às chamadas experiências de quase-
morte, é, de certa forma, um tipo de ecmnésia. 
 LEMBRANÇA OBSESSIVA: também denominada ideia fixa 
ou representação prevalente, manifesta-se como o 
surgimento espontâneo de imagens da memória ou 
conteúdos ideativos do passado que, uma vez instalados 
na consciência, não podem ser repelidos voluntariamente 
pelo indivíduo. 
 A imagem da memória, embora reconhecida como 
indesejável, reaparece de forma constante e 
permanece, como um incômodo, na consciência do 
paciente. 
 Manifesta-se em indivíduos com transtornos do 
espectro obsessivo-compulsivo. 
REFERÊNCIAS 
 DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos 
transtornos mentais. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

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