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1 OAB DESCOMPLICADA DIREITO INTERNACIONAL 1) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII – 2018 Em 14 de dezembro de 2009, o Brasil promulgou a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, por meio do Decreto nº 7.030. A Convenção codificou as principais regras a respeito da conclusão, entrada em vigor, interpretação e extinção de tratados internacionais. Tendo por base os dispositivos da Convenção, assinale a afirmativa correta: a) Para os fins da Convenção, “tratado” significa qualquer acordo internacional concluído por escrito entre Estados e/ou organizações internacionais. b) Os Estados são soberanos para formular reservas, independentemente do que disponha o tratado. c) Um Estado não poderá invocar o seu direito interno para justificar o descumprimento de obrigações assumidas em um tratado internacional devidamente internalizado. d) Os tratados que conflitem com uma norma imperativa de Direito Internacional geral têm sua execução suspensa até que norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza derrogue a norma imperativa com eles conflitante. COMENTÁRIOS A fundamentação para responder essa questão se encontra na Convenção de Viena, que vigora no Brasil pelo decreto 7.030/2009, podendo ser encontrada no rodapé desta página.1 A alternativa “A” está em incorreta. A definição de tratado pode ser encontrada no Artigo 2º, 1, “a” da Convenção, que diz: “tratado" significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. A alternativa “B” também está incorreta por força do Artigo 19 do mesmo diploma, que dispõe: Artigo 19 - Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular uma reserva, a não ser que: a)a reserva seja proibida pelo tratado; b)o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as quais não figure a 1 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7030.htm acesso em 14/05/2019 2 OAB DESCOMPLICADA reserva em questão; ou c)nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a finalidade do tratado. A alternativa “D” também está incorreta, conforme disposição dos Artigos 53 e 64 da Convenção: Artigo 53 É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza. Artigo 64 - Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral, qualquer tratado existente que estiver em conflito com essa norma torna-se nulo e extingue-se. A alternativa “C” está correta por força do Artigo 27, que diz: “Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46” GABARITO: Alternativa C VÍDEO AULAS INDICADAS Formação dos Tratados Internacionais – Trilhante https://www.youtube.com/watch?v=I1Xi-7XqTfY Competência e Elementos de Conexão – Trilhante https://www.youtube.com/watch?v=0xM5j3r5r7M Tratados Internacionais – Prof. Dalmo Azevedo https://www.youtube.com/watch?v=TnrcULWQn1k Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos – Prof. Emerson Bruno https://www.youtube.com/watch?v=2srLgJAXPgs 2) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIIII – 2019 Existem disputas sobre parcelas de territórios entre países da América Latina. O Brasil e o Uruguai, por exemplo, possuem uma disputa em torno da chamada “ilha brasileira”, na foz do Rio Uruguai. Na hipótese de o Uruguai vir a reivindicar formalmente esse território, questionando a divisa estabelecida no tratado internacional de 1851, assinale a opção que indica o tribunal internacional ao qual ele deveria endereçar o pleito. a) Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul 3 OAB DESCOMPLICADA b) Corte Internacional de Justiça c) Tribunal Penal Internacional d) Tribunal Internacional do Direito do Mar COMENTÁRIOS A Corte Internacional de Justiça julga e processa Estados e Organizações Internacionais, enquanto o Tribunal Penal Internacional julga e processa pessoas físicas pela prática de crimes relacionados aos Direitos Humanos, como genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Ademais, o Tribunal Internacional do Direito do Mar resolve conflitos de direito marítimo aplicando e interpretando normas do Direito Marítimo de 1982 da Convenção das Nações Unidas, enquanto o Tribunal Permanente do Mercosul resolve matérias de opiniõs consultivas e revisão de laudos dos tribunais arbitrais ad hoc do MercoSul. GABARITO: Alternativa B VÍDEO AULAS INDICADAS Fontes do Direito Internacional Público – Trilhante https://www.youtube.com/watch?v=yiShvwImjBc Sujeitos do Direito Internacional Público – Trilhante https://www.youtube.com/watch?v=RhaDwGyYo10 Tribunal Penal Internacional – Prof. Emerson Bruno https://www.youtube.com/watch?v=ejuWFo1KIaw 3) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 Uma das funções da cooperação jurídica internacional diz respeito à obtenção de provas em outra jurisdição, nos termos das disposições dos tratados em vigor e das normas processuais brasileiras. Para instruir processo a ser iniciado ou já em curso, no Brasil ou no exterior, não é admitida, no entanto, a solicitação de colheita de provas a) por carta rogatória ativa. b) por carta rogatória passiva. c) a representantes diplomáticos ou agentes consulares. d) pela via do auxílio direto. COMENTÁRIOS 4 OAB DESCOMPLICADA A carta rogatória ativa é a expedida por autoridade brasileira para realização ou cumprimento de diligências no estrangeiro, e é admite colheita de provas. A carta rogatória passiva é o inverso, em que país estrangeiro a expede para o Brasil, e também admite colheita de provas. O auxílio direto, que também admite colheita de provas, está previsto nos Artigos 28 e 30 do CPC/2015, que diz: Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil. Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os seguintes objetos: II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira; Por fim, vale dizer que diplomatas representam o Estado, negociando em seu nome. Os agentes consulares exercem funções notariais ou de registro em cidades menores, e nenhuma dessas funções admite colheita de provas. GABARITO: Alternativa C 4) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 – QUESTÃO ANULADA A cláusula arbitral de um contrato de fornecimento de óleo cru, entre uma empresa brasileira e uma empresa norueguesa, estabelece que todas as controvérsias entre as partes serão resolvidas por arbitragem, segundo as regras da Câmara de Comércio Internacional - CCI. Na negociação, a empresa norueguesa concordou que a sede da arbitragem fosse o Brasil, muito embora o idioma escolhido fosse o inglês. Como contrapartida, incluiu, entre as controvérsias a serem decididas por arbitragem, a determinação da responsabilidade por danos ambientais resultantes do manuseio e descarga no terminal. Na eventualidade de ser instaurada uma arbitragem solicitando indenização por danos de um acidente ambiental, o Tribunal Arbitral a ser constituído no Brasil a) tem competência para determinara responsabilidade pelo dano, em respeito à autonomia da vontade consagrada na Lei Brasileira de Arbitragem. b) deverá declinar de sua competência, por não ser matéria arbitrável. c) deverá proferir o laudo em português, para que seja passível de execução no Brasil. d) não poderá decidir a questão, porque a cláusula arbitral é nula. 5 OAB DESCOMPLICADA COMENTÁRIOS: Razões de Recurso do site Prova da Ordem2: A questão em análise é praticamente uma cópia de questão já aplicada em Concurso Público, mais especificamente da prova elaborada pela banca CESGRANRIO – 2012 – Petrobras, para vaga de Advogado Júnior. E parafraseando o digníssimo Dr. Marcus Vinicius Furtado Coêlho, presidente nacional da OAB de 2013 a 2016, em entrevista concedida ao Estadão, em caso semelhante ocorrido no passado: “É lamentável que isso tenha acontecido porque, à medida que as questões são repetidas, os alunos tiveram uma facilidade maior.” Desta forma, é evidente que a isonomia da prova resta comprometida, uma vez que aqueles examinandos que tiveram contato com a questão previamente tiveram inconteste vantagem em relação aos demais. Hoje é ainda mais simples ter acesso a bancos de questões para resolução online, o que aumenta bastante o número de pessoas que certamente teve acesso ao conteúdo da questão com antecipação. Ou seja, é muito provável que isso tenha ocorrido. Nada obstante, a manutenção de tal questão seria uma afronta ao próprio objetivo do certame, que é avaliar e selecionar os profissionais mais aptos ao exercício da advocacia. Em razão disso, para que seja garantido o respeito ao Princípio da Isonomia e da Moralidade, não resta outro caminho senão requerer a anulação da questão em comento, com a atribuição do ponto respectivo à nota final do(a) ora recorrente. GABARITO: ANULADA 5) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 João da Silva prestou serviços de consultoria diretamente ao Comitê Olímpico Internacional (COI), entidade com sede na Suíça, por ocasião dos Jogos Olímpicos realizados no Rio de Janeiro, em 2016. Até o presente momento, João não recebeu integralmente os valores devidos. Na hipótese de recorrer a uma cobrança judicial, o pedido deve ser feito a) na justiça federal, pois o COI é uma organização internacional estatal. b) na justiça estadual, pois o COI não é um organismo de direito público externo. c) por auxílio direto, intermediado pelo Ministério Público, nos termos do tratado Brasil-Suíça. d) na justiça federal, por se tratar de uma organização internacional com sede no exterior. COMENTÁRIOS: 2 Disponível em: https://www.provadaordem.com.br/blog/post/questoes-passiveis-de-anulacao- xxix-exame-oab/ acesso em 23/08/2019 6 OAB DESCOMPLICADA Vejamos esse artigo publicado no Migalhas: Em 2014 e 2016 o Brasil terá diante de si dois imensos desafios: organizar a Copa do Mundo FIFA e os Jogos Olímpicos, os dois maiores eventos esportivos do mundo. Muito se fala e se escreve sobre a organização destes eventos e as oportunidades que podem gerar para a economia do país, contudo, apenas é possível entender a complexa estrutura que ampara eventos desse porte quando se compreende qual a natureza, competências e papéis das entidades que mais diretamente estão a eles relacionadas: a FIFA, o COI, a CBF e o COB. A Constituição brasileira estabelece em seu art. 217 os princípios básicos que regem o esporte no Brasil. Dentre estes, o mais relevante diz respeito à “autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento”, sendo também importante mencionar que a destinação de recursos públicos, por força da norma constitucional, restringe-se ao esporte educacional e, em casos específicos, ao esporte de alto rendimento. Este princípio é recebido na chamada Lei Pelé (Lei 9.615/98) que em seu artigo 16 explicita a extensão desta autonomia: “Art. 16. As entidades de prática desportiva e as entidades nacionais de administração do desporto, bem como as ligas de que trata o art. 20, são pessoas jurídicas de direito privado, com organização e funcionamento autônomo, e terão as competências definidas em seus estatutos.” Desta forma, as entidades que administram o desporto no Brasil e representam o país junto aos entes internacionais, possuem uma ampla autonomia e sua gestão é alheia a ingerência do Estado, ainda que obtenham acesso a recursos públicos, como ocorre com o COB1. As estruturas legais do esporte olímpico (COI) e do futebol (FIFA) seguem parâmetros similares. COI e FIFA são ambas, de um ponto de vista jurídico, associações de direito privado, sem fins lucrativos, com sede na Suíça e funcionamento conforme as leis deste país. De um modo prático, são associações que congregam um ente em cada país (no caso do Brasil, CBF e COB respectivamente) e entidades continentais. Desta forma, CBF e COB são integrantes e devem submeter-se às normas da FIFA e COI sob pena de desfiliação. Internamente, CBF e COB também são associações de direito privado, sem fins lucrativos. Neste caso, a aplicação de recursos públicos é objeto de fiscalização pelo Tribunal de Contas da União. É dessa forma associativa, que os organismos internacionais impõem suas condições a seus filiados e por via transversa impedem até mesmo que questões sejam submetidas aos judiciários nacionais, sob penas severas como até mesmo a desfiliação de seus associados. Muito embora as candidaturas do Brasil para sediar a Copa do Mundo FIFA e do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos tenham contado com a chancela do Estado, o fato é que a organização destes eventos é um negócio realizado entre duas entidades de direito privado e que fogem – ao menos a princípio – da chancela do Poder Público, especialmente quando se fala da Copa do Mundo FIFA. Os benefícios que se vislumbram com a organização destes eventos justificam os grandes investimentos que o poder público assume, e de fato a movimentação causada na economia e os avanços na infraestrutura são condições sine qua non para que o país possa figurar como sede. 7 OAB DESCOMPLICADA Todavia, Copa e Olimpíadas são os dois grandes produtos da FIFA e do COI, que delega aos seus associados locais (CBF e COB) todos os ônus e uma parte dos ônus da organização. No caso dos Jogos Olímpicos, o Município também assume solidariamente a responsabilidade pela organização do evento. Deste modo, se os investimentos e contratação das atividades relacionadas a infraestrutura decaem sobre o poder público, uma enorme gama de atividades e negócios são gerenciadas e contratadas pelos comitês organizadores que são criados pelo COB ou no âmbito da CBF. Estas atividades são diversificadas e representam grande oportunidade de negócios para vários setores da economia, valendo exemplificar: Terceirização de mão de obra; Seguros de responsabilidade civil; Transportes; Construção; etc. Contratualmente, tanto a FIFA como o COB atribuem aos comitês organizadores as obrigações de operacionalização do evento, guardando para si apenas as funções de supervisão com ingerência apenas nas questões mais relevantes. O que se verifica, portanto, é que muito se fala nas oportunidades de negócio e de avanços em infraestrutura em função da realização da Copa do Mundo FIFA e dos Jogos Olímpicos no Brasil, mas as oportunidades de negócio vão muito além da construção e expansão de meios de transporte, estádios, etc. GABARITO: ALTERNATIVA B 6) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019 Victor, após divorciar-se no Brasil, transferiu seu domicílio para os Estados Unidos. Os dois filhos brasileiros de sua primeira união continuaram vivendo no Brasil. Victor contraiu novo matrimônio nos Estados Unidos com uma cidadã norte-americana e, alguns anos depois, vem a falecer nos Estados Unidos, deixando um imóvel e aplicações financeiras nesse país. A regra de conexão do direito brasileiro estabeleceque a sucessão de Victor será regida a) pela lei brasileira, em razão da nacionalidade brasileira do de cujus. b) pela lei brasileira, porque o de cujus tem dois filhos brasileiros. c) pela lei norte-americana, em razão do último domicílio do de cujus. d) pela lei norte-americana, em razão do local da situação dos bens a serem partilhados. COMENTÁRIOS: O Artigo 10 da LINDB prevê que: Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. GABARITO: ALTERNATIVA C 8 OAB DESCOMPLICADA 7) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 Em razão da profunda crise econômica e da grave instabilidade institucional que assola seu país, Pablo resolve migrar para o Brasil, uma vez que, neste último, há melhores oportunidades para exercer seu trabalho e sustentar sua família. Em que pese Pablo possuir a finalidade de trabalhar, acabou por omitir tal informação, obtendo visto de visita, na modalidade turismo, para o Brasil. Considerando-se o enunciado acima, à luz da Lei de Migração em vigor (Lei n° 13.445/17), assinale a afirmativa correta. a) Se Pablo, com o visto de visita, vier a exercer atividade remunerada no Brasil, poderá ser expulso do país. b) Se Pablo, com o visto de visita, vier a exercer atividade remunerada no Brasil, poderá ser extraditado do país. c) Pablo poderia solicitar, bem como obter, visto temporário para acolhida humanitária, diante da grave instabilidade institucional que assola seu país. d) Pablo poderá obter asilo, em razão da profunda crise econômica que assola seu país. COMENTÁRIOS: O fundamento para responder a questão está no Artigo 14, parágrafo 3º da Lei de Imigração (13.445/17): Art. 14, § 3o O visto temporário para acolhida humanitária poderá ser concedido ao apátrida ou ao nacional de qualquer país em situação de grave ou iminente instabilidade institucional, de conflito armado, de calamidade de grande proporção, de desastre ambiental ou de grave violação de direitos humanos ou de direito internacional humanitário, ou em outras hipóteses, na forma de regulamento. Gabarito: Alternativa C
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