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1 OAB DESCOMPLICADA DIREITO TRIBUTÁRIO Competência Tributária 1) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 O Distrito Federal instituiu, por lei distrital, a contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública. Um contribuinte insurgiu-se judicialmente contra tal cobrança, alegando que a instituição pelo Distrito Federal seria inconstitucional. Diante desse quadro, assinale a afirmativa correta. a) O contribuinte tem razão, uma vez que, em virtude das peculiaridades do Distrito Federal, é a União o ente federado competente pela instituição da contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública na capital federal. b) O contribuinte tem razão, uma vez que, em virtude das peculiaridades do Distrito Federal, é o Estado de Goiás o responsável pela instituição da contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública na capital federal. c) O contribuinte não tem razão, pois o Distrito Federal possui delegação de capacidade tributária ativa feita pela União para a cobrança da contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública. d) O contribuinte não tem razão, pois o Distrito Federal pode instituir a contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública, assim como os Municípios. COMENTÁRIOS O Artigo 149-A da CF/88 expressamente prevê a competência do Distrito Federal, motivo pelo qual a alternativa “A” está errada. Em relação à alternativa “B”, não há que se falar no Estado de Goiás, visto que não tem qualquer competência sobre o Distrito Federal. Tendo em vista que não se trata de delegaçao de capacidade tributária ativa, resta-nos a alternativa “D”, que tem fundamento para estar correta em virtude do Artigo 149-A da Constituição Federal, que veio com a Emenda Constitucional 39, que assim dispõe: Art. 149-A - Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. 2 OAB DESCOMPLICADA ARTIGOS INDICADOS Contribuição de custeio para serviço de iluminação pública – Conjur https://www.conjur.com.br/2008-jul-17/analise_tributaria_servico_iluminacao_publica Considerações sobre a CIP – Âmbito Jurídico http://www.ambito- juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10468&revista_caderno= 11 VÍDEO AULA INDICADA CIP – Estratégia Concursos http://www.ambito- juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10468&revista_caderno= 11 GABARITO: ALTERNATIVA C 2) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado – 2019 No final do ano de 2018, o Município X foi gravemente afetado por fortes chuvas que causaram grandes estragos na localidade. Em razão disso, a Assembleia Legislativa do Estado Y, em que está localizado o Município X, aprovou lei estadual ordinária concedendo moratória quanto ao pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) do ano subsequente, em favor de todos os contribuintes desse imposto situados no Município X. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta. a) Lei ordinária não é espécie normativa adequada para concessão de moratória. b) Lei estadual pode conceder moratória de IPTU, em situação de calamidade pública ou de guerra externa ou sua iminência. c) Lei estadual não pode, em nenhuma hipótese, conceder moratória de IPTU. d) A referida moratória somente poderia ser concedida mediante despacho da autoridade administrativa em caráter individual. COMENTÁRIOS: A moratória é uma extensão de prazo para pagamento do tributo. Entretanto, em nenhuma hipótese lei estadual pode conferi-la ao IPTU. Vejamos o disposto no Artigo 152, I do CTN: Art. 152. A moratória somente pode ser concedida: I - em caráter geral: a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira; 3 OAB DESCOMPLICADA b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado; GABARITO: ALTERNATIVA C 3) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 A sociedade empresária ABC, concessionária de serviço de transporte público coletivo de passageiros, opera a linha de ônibus 123, que inicia seu trajeto no Município X e completa seu percurso no Município Y, ambos localizados no Estado Z. Sobre a prestação onerosa desse serviço de transporte, deve incidir a) o ISS, a ser recolhido para o Município X. b) o ISS, a ser recolhido para o Município Y. c) o ICMS, a ser cobrado de forma conjunta pelo Município X e o Município Y. d) o ICMS, a ser recolhido para o Estado em que se localizam o Município X e o Município Y. COMENTÁRIOS: Em primeiro lugar é interessante saber que o ISS só é devido em serviços de transporte intramunicipal, e que o ICMS incide sobre transportes interestaduais e intermunicipais. Ademais, o ICMS é um imposto estadual, conforme prevê o Artigo 155, II da CF/88: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; Gabarito: Alternativa D 4) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 João da Silva, servidor da Administração Tributária do Município Y, recebeu propina de José Pereira, adquirente de um imóvel, para, em conluio com este, emitir uma certidão que atestava falsamente a quitação de débito do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) incidente sobre a transferência de propriedade. A certidão seria apresentada ao tabelião para lavrar-se a escritura pública de compra e venda imobiliária e para posterior registro. Considerando-se que, nesse Município, o contribuinte de ITBI é o adquirente de imóvel, assinale a afirmativa correta. 4 OAB DESCOMPLICADA a) O servidor João da Silva poderá ser responsabilizado funcional e criminalmente por esse ato, mas a dívida tributária somente poderá ser cobrada de José Pereira, o único que é parte na relação jurídico-tributária com o Município credor. b) O servidor João da Silva poderá ser responsabilizado pessoalmente pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos. c) O tabelião poderá ser o único responsabilizado pela dívida tributária e juros de mora acrescidos, por ter lavrado a escritura pública sem averiguar, junto ao Fisco Municipal, a veracidade das informações da certidão apresentada. d) Caso seja aplicada multa tributária punitiva contra José Pereira, este poderá exigir do Fisco que 50% do valor da multa seja cobrado do servidor João da Silva. COMENTÁRIOS: O Artigo 208 do CTN prevê exatamente a alternativa “B”: Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos. Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade criminal e funcional que no caso couber. Gabarito: Alternativa B 5) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 Maria dos Santos, querendo constituir hipoteca sobre imóvel de sua propriedade em garantia de empréstimo bancário a ser por ela contraído, vai a um tabelionato para lavrar a escritura pública da referida garantia real. Ali, é informada que o Município Z, onde se situa o bem, cobra o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) sobre a constituição de direitos reais de garantia. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta. a) É possível tal cobrança, pois a constituição de direito real de garantia sobre bens imóveis, por ato inter vivos, é uma das hipótesesde incidência do ITBI. b) O contribuinte do ITBI, nesse caso, não seria Maria dos Santos, mas sim a instituição bancária em favor de quem a garantia real será constituída. c) O tabelião atua como responsável por substituição tributária, recolhendo, no lugar do contribuinte, o ITBI devido em favor do Município Z nessa constituição de direitos reais de garantia. d) Não é possível exigir ITBI sobre direitos reais de garantia sobre imóveis COMENTÁRIOS: O Artigo 156, II da CF/88 veda a instituição de imposto em casos de garantia: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre 5 OAB DESCOMPLICADA imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; Gabarito: Alternativa D Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 6) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 O Município X, na tentativa de fazer com que os cofres municipais pudessem receber determinado tributo com mais celeridade, publicou, em maio de 2017, uma lei que alterava a data de recolhimento daquela exação. A lei dispunha que os efeitos das suas determinações seriam imediatos. Nesse sentido, assinale a afirmativa correta. a) Segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), a lei é válida, mas apenas poderia entrar em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após a sua publicação. b) A lei é inconstitucional, uma vez que não respeitou o princípio da anterioridade. c) A lei é constitucional, uma vez que, nessa hipótese, não se sujeita ao princípio da anterioridade. d) A lei é válida, mas só poderia vigorar 90 (noventa) dias após a sua publicação. COMENTÁRIOS: O STF entende que norma tributária que altera prazo de recolhimento de tributo não se sujeita ao princípio da anterioridade. Súmula Vinculante 50 – Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. Vejamos os seguintes julgados: (...) para mim, a questão posta não envolve criação ou aumento de tributo, e sim deslocamento do prazo de recolhimento da respectiva taxação. O art. 195, § 6º, da Constituição Federal criou a anterioridade mitigada, todavia o Tribunal tem entendido que, na hipótese apenas de mudança de prazo para efeito de recolhimento do tributo, não se exige a referida anterioridade. [RE 240.266, rel. min. Marco Aurélio, voto do red. p/ o ac. min. Maurício Corrêa, P, j. 22-9-1999, DJ de 3-3-2000.] O postulado da anterioridade em matéria tributária, além de traduzir insuperável limitação jurídica ao poder de tributar do Estado, representa expressiva garantia de caráter individual que compõe o estatuto constitucional do contribuinte (RTJ 151/755-756), qualificando-se, por isso mesmo — consoante adverte o magistério jurisprudencial desta Suprema Corte (RTJ 83/501) —, como 6 OAB DESCOMPLICADA instrumento destinado a impedir que o sujeito passivo da obrigação fiscal venha a ser surpreendido pela imediata aplicabilidade e incidência de leis que tenham (a) instituído tributos novos ou (b) majorado espécies tributárias já existentes. É por essa razão que o postulado da anterioridade deixa de incidir, quando o poder público, em vez de criar tributo novo ou de majorar tributos já existentes, edita legislação destinada a tornar menos oneroso, para o contribuinte, o gravame tributário, conforme decidiu o Supremo Tribunal Federal (...). [RE 240.266, rel. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Maurício Corrêa, voto do min. Celso de Mello, P, j. 22-9-1999, DJ de 3-3-2000.] A matéria a ser examinada no recurso diz respeito unicamente à aplicação do princípio constitucional da anterioridade, fixado no art. 195, § 6º, da CF/1988. (...) A exigência da contribuição, assim, só se dará após decorrido o prazo estabelecido pela norma. Cumpre saber se a alteração de prazo de recolhimento da exação fiscal, imposta pela legislação impugnada, estaria abrangida no conceito de modificação inserto no mencionado artigo. Impõe-se a negativa. Em realidade, nem toda alteração introduzida, por lei, no sistema de exigência dessas contribuições há de ser entendida como sinônimo da modificação. Não seria admissível que se aguardasse o protraimento da eficácia da regra legislativa, simplesmente por haver alterado a data de pagamento da obrigação tributária, sem qualquer outra repercussão. [RE 209.386, voto do rel. min. Ilmar Galvão, 1ª T, j. 5-12-1997, DJ de 27-2-1998.] GABARITO: ALTERNATIVA C 7) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 O Chefe do Executivo do Município X editou o Decreto 123, em que corrige o valor venal dos imóveis para efeito de cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), de acordo com os índices inflacionários anuais de correção monetária. No caso narrado, a medida a) fere o princípio da legalidade, pois a majoração da base de cálculo somente pode ser realizada por meio de lei em sentido formal. b) está de acordo com o princípio da legalidade, pois a majoração da base de cálculo do IPTU dispensa a edição de lei em sentido formal. c) está de acordo com o princípio da legalidade, pois a atualização monetária da base de cálculo do IPTU pode ser realizada por meio de decreto. d) fere o princípio da legalidade, pois a atualização monetária da base de cálculo do IPTU não dispensa a edição de lei em sentido formal. COMENTÁRIOS: A atualização monetária é uma exceção ao princípio da legalidade. Vejamos o que dispõe a Súmula 160 do STJ: 7 OAB DESCOMPLICADA É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. Por sua vez, o Artigo 97, II, parágrafo 2º do CTN, assim prevê: art. 97. Somente a lei pode estabelecer: II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. GABARITO: ALTERNATIVA C 8) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 A União, por meio de lei ordinária, instituiu nova contribuição social (nova fonte de custeio) para financiamento da seguridade social. Para tanto, adotou, além da não cumulatividade, fato gerador e base de cálculo distintos dos discriminados na Constituição da República. A referida lei foi publicada em 1º de outubro de 2018, com entrada em vigor em 1º de fevereiro de 2019, determinando, como data de vencimento da contribuição, o dia 1º de março de 2019. A pessoa jurídica XYZ não realizou o pagamento, razão pela qual, em 10 de março de 2019, foi aconselhada, por seu(sua) advogado(a), a propor uma ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica, em face da União. a) Ela somente poderia ser instituída por meio de Lei Complementar. b) Ela violou o princípio da anterioridade anual. c) Ela violou o princípio da anterioridade nonagesimal. d) Ela somente poderia ser instituída por Emenda Constitucional. COMENTÁRIOS Há algumas coisas que precisamos refletir sobre essa questão. Primeiro que, mais uma vez, a resposta encontra-se apenas com base na leitura de lei seca. Encontraremos isso na leitura do Artigo 195, parágrafo 4º cumulado com a leitura do Artigo 154, I, ambos da Constituição Federal de 1988. Vamos a eles: Art. 195 - A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais. 8 OAB DESCOMPLICADA § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. Art. 154. CRFB/88. A União poderáinstituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição. Diante disso, chega-se à conclusão de que referida medida deveria ter sido mediante lei complementar. Aliás, lembre-se do seguinte macete: Impostos que só se criam por meio de lei complementar – GECI: IGF – Imposto sobre grandes fortunas Empréstimo Compulsório1 Contribuição Social Residual Imposto Residual ARTIGO INDICADO A função da Lei Complementar tributária – Âmbito Jurídico http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2250 Competência Tributária – Migalhas https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI268312,21048-Competencia+Tributaria GABARITO: ALTERNATIVA A 9) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 O Estado Y lavrou auto de infração em face da pessoa jurídica PJ para cobrança de créditos de Impostos sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), decorrentes da produção e venda de livros eletrônicos. Adicionalmente aos créditos de ICMS, o Estado Y cobrou o pagamento de multa em decorrência do descumprimento de obrigação acessória legalmente prevista. 1 O Plano Collor, além de ser completamente reprovável, foi Inconstitucional justamente por isso. Os empréstimos compulsórios só podem ser criados por Lei Complementar. No caso, o então presidente o implementou por Medida Provisória, que torna-se Lei Ordinária após aprovada. Portanto: completamente ilegal. 9 OAB DESCOMPLICADA Tendo isso em vista, assinale a afirmativa correta. a) Há imunidade tributária em relação aos livros eletrônicos; por outro lado, é incorreta a cobrança da multa pelo descumprimento da obrigação acessória. b) Há imunidade tributária em relação aos livros eletrônicos; no entanto, tendo em vista a previsão legal, é correta a cobrança de multa pelo descumprimento da obrigação acessória. c) É correta a cobrança do ICMS, uma vez que a imunidade tributária somente abrange o papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos; da mesma forma, é correta a cobrança de multa pelo descumprimento da obrigação acessória, em vista da previsão legal. d) É correta a cobrança do ICMS, uma vez que a imunidade tributária somente abrange o papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos; no entanto, é incorreta a cobrança da multa pelo descumprimento da obrigação acessória. COMENTÁRIOS A Imunidade Tributária, bem como a Isenção e a Exclusão, são um dos temas mais recorrentes nas provas da OAB. Falar sobre eles seria muito demorado e perderia o foco do presente livro, de tal forma que, em situações como essa, que julgamos o tema importante, indicaremos vídeo aulas e artigos para vocês, como já fizemos nas últimas questões. De qualquer forma, agora sobre a questão, é importante trazer pra vocês o que dispõe o Artigo 150, VI, “d” da CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Desta feita, é vedado instituir impostos sobre livros. Além disso, o STF no RE 330817, tema 593 da Repercussão Geral, entendeu que esse previsão atinge também e-books. Por fim, é de rigor destacar que o descumprimento de uma obrigação assessória, faz com que ela se converta em obrigação principal, conforme dispõe o Artigo 113, parágrafo 3º do CTN: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. VÍDEO AULA INDICADA Conceito de Imunidade Tributária – Eduardo Sabbag https://www.youtube.com/watch?v=dyFSjP8Ok38 10 OAB DESCOMPLICADA ARTIGOS E NOTÍCIAS INDICADAS Imunidade Tributária – Âmbito Jurídico http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7865 STF decide que livros digitais tem imunidade tributária – STF http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=337857 Livros eletrônicos tem imunidade tributária – Conjur https://www.conjur.com.br/2017-mar-08/livros-eletronicos-tambem-imunidade- tributaria-decide-supremo GABARITO: ALTERNATIVA B 10) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019 Projeto de Resolução do Senado Federal pretende fixar nacionalmente as alíquotas mínimas do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), tributo de competência estadual. Um Senador, membro da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal, que terá de elaborar parecer sobre o tema, consulta você sobre sua opinião jurídica acerca desse projeto de Resolução. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta. a) O Senado, por ser órgão do Poder Legislativo da União, não possui competência constitucional para, por Resolução, dispor sobre o tema, por se tratar de ingerência indevida da União na autonomia dos Estados. b) É lícito ao Senado instituir a referida Resolução, pois existe autorização expressa na Constituição para tal fixação por Resolução do Senado. c) A fixação de alíquota mínima de tributo, por mera Resolução do Senado, viola o princípio da legalidade tributária. d) Resolução do Senado poderia tratar do tema, desde que ratificada por ao menos dois terços dos membros do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ). COMENTÁRIOS: Em que se pese o IPVA seja um imposto Estadual, o Artigo 155, III, parágrafo 6º, I da CF/88, prevê que: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: III - propriedade de veículos automotores. § 6º O imposto previsto no inciso III: I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal; 11 OAB DESCOMPLICADA GABARITO: ALTERNATIVA B Tributos e Espécies de Tributos 11) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 A União, diante de grave desastre natural que atingiu todos os estados da Região Norte, e considerando ainda a severa crise econômica e financeira do país, edita Medida Provisória, que institui Empréstimo Compulsório, para que as medidas cabíveis e necessárias à reorganização das localidades atingidas sejam adotadas. Sobre a constitucionalidade da referida tributação, assinale a afirmativa correta. a) O Empréstimo Compulsório não pode ser instituído para atender às despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública. b) O Empréstimo Compulsório deve ser instituído por meio de Lei Complementar, sendo vedado pela CRFB/88 que Medida Provisória trate desse assunto. c) Nenhum tributo pode ser instituído por meio de Medida Provisória. d) A União pode instituir Empréstimo Compulsório para atender às despesas decorrentes de calamidade pública, sendo possível, diante da situação de relevância e urgência, a edição de Medida Provisória com esse propósito. COMENTÁRIOS: O Artigo 148 da Constituição Federal é claro ao estabelecer que o Empréstimo Compulsório será instituído por lei complementar: Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Ademais, o artigo 62, parágrafo 1º, III da CF/88 estabelece que é vedada a edição de Medida Provisória em matérias reservadas à lei complementar. GABARITO: ALTERNATIVA B 12 OAB DESCOMPLICADA 12) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII –2018 O Município M resolve ele mesmo fiscalizar e cobrar o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) dos imóveis rurais localizados em seu território. Acerca desse cenário, assinale a afirmativa correta. a) O ITR não pode ser fiscalizado e cobrado pelo Município M, por se tratar de tributo de competência da União. b) O Município M poderá optar, na forma da lei, por fiscalizar e cobrar diretamente o ITR. c) A fiscalização e a cobrança do ITR pelo Município M autorizam-no a reter 50% do produto da arrecadação do imposto, como contraprestação pela fiscalização e cobrança no lugar da União. d) A partir da opção por fiscalizar e cobrar o ITR, o Município M passa a ter competência para alterar as alíquotas do imposto, inclusive para sua redução. COMENTÁRIOS: A resposta para essa questão encontra-se no Artigo 153, VI, parágrafo 4º c/c III e Artigo 155, II, ambos da Constituição Federal: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: VI - propriedade territorial rural; § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. Art. 158. Pertencem aos Municípios: II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III; ARTIGO INDICADO Fiscalização e arrecadação do ITR – Âmbito Jurídico http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12506 GABARITO: ALTERNATIVA B 13) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII – 2018 Em dezembro de 2017, João adquiriu o domínio útil de um terreno de marinha. No ano de 2018, foi surpreendido com a chegada de duas notificações: 13 OAB DESCOMPLICADA uma da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), para pagamento do foro anual à União; outra do Município, contendo a cobrança do IPTU do imóvel. Acerca desse cenário, assinale a afirmativa correta. a) A cobrança do IPTU é devida, pois o titular do domínio útil também é contribuinte do IPTU. b) A dupla cobrança é indevida, pois, tratando-se do mesmo imóvel, a base de cálculo e o fato gerador do foro anual e do IPTU seriam idênticos, configurando um bis in idem vedado em matéria tributária. c) A cobrança do IPTU é indevida, pois, sendo o imóvel de propriedade da União, goza da imunidade recíproca. d) Como ambos os tributos (foro anual e IPTU) destinam-se a entes federados distintos, é admissível a dupla cobrança. COMENTÁRIOS: A questão traz uma pegadinha, pois leva o aluno a crer que há “bis in idem” na cobrança de tributos. Entretanto, o foro anual não é tributo. Portanto, não há que se falar em “bis in idem”. Ademais, a cobrança de IPTU é devida, haja vista expressa previsão legal no Artigo 32 do CTN: Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. Para saber mais sobre Foro Anual, leia o artigo indicado abaixo. ARTIGO INDICADO Foro, laudêmio e taxa de ocupação: o que é isso? – Migalhas https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI219673,71043- Foro+laudemio+e+taxa+de+ocupacao+o+que+e+isso GABARITO: ALTERNATIVA A 14) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019 Otávio, domiciliado no Estado X, possui ações representativas do capital social da Sociedade BETA S/A, com sede no Estado Y, e decide doar parte da sua participação acionária a Mário, seu filho, então domiciliado no Estado Z. 14 OAB DESCOMPLICADA Com dúvidas quanto ao Estado para o qual deverá ser recolhido o imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD) incidente nessa operação, Mário consulta seu escritório, destacando que o Estado Z estabelece alíquotas inferiores às praticadas pelos demais Estados. Com base nisso, assinale a afirmativa correta. a) O ente competente para exigir o ITCD na operação em análise é o Estado X, onde tem domicílio o doador. b) O ITCD deverá ser recolhido ao Estado Y, uma vez que o bem a ser doado consiste em participação acionária relativa à sociedade ali estabelecida, e o imposto compete ao Estado da situação do bem. c) O ITCD deverá ser recolhido ao Estado Z, uma vez que o contribuinte do imposto é o donatário. d) Doador ou donatário poderão recolher o imposto ao Estado X ou ao Estado Z, pois o contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada. COMENTÁRIOS: O Artigo 155, I e parágrafo 1º, II da CF/88 preveem que: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; § 1º O imposto previsto no inciso I: II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal; GABARITO: ALTERNATIVA A 15) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 Uma lei ordinária federal tratava de direitos do beneficiário de pensão previdenciária e também previa norma que ampliava, para 10 anos, o prazo decadencial para o lançamento dos créditos tributários referentes a uma contribuição previdenciária federal. A respeito da ampliação de prazo, assinale a afirmativa correta. Diante da impossibilidade de cumprimento da obrigação por Pedro, assinale a afirmativa correta. a) É inválida, pois, em razão do caráter nacional das contribuições previdenciárias federais, somente poderia ser veiculada por Resolução do Senado Federal. b) É inválida, pois somente poderia ser veiculada por Lei Complementar. c) É válida, pois o CTN prevê a possibilidade de que o prazo geral de 5 anos, nele previsto para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, seja ampliado por meio de Lei Ordinária Específica. 15 OAB DESCOMPLICADA d) É válida, por existir expressa previsão constitucional, específica para contribuições de seguridade social, autorizando a alteração de prazo de constituição do crédito tributário por Lei Ordinária. COMENTÁRIOS O Artigo 146, III, “b” da CF/88, assim determina: Art. 146. Cabe à lei complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Ademais, o RE 556.664 traz a seguinte ementa: As normas relativas à prescrição e à decadência tributárias têm natureza de normas gerais de direito tributário, cuja disciplina é reservada a lei complementar, tanto sob a Constituição pretérita (art. 18, § 1º, da CF/1967/1969) quanto sob a Constituição atual (art. 146, b, III, da CF/1988). Interpretação que preserva a força normativa da Constituição, que prevê disciplina homogênea, em âmbito nacional, da prescrição, decadência, obrigação e crédito tributários. (...) O CTN/1966 (Lei 5.172/1966), promulgado como lei ordinária e recebido como lei complementar pelas Constituições de 1967/1969 e 1988, disciplina a prescrição e a decadência tributárias. [RE 556.664, rel. min. Gilmar Mendes, P, j. 12-6-2008, DJE 216 de 14-11-2008.] Gabarito: Alternativa B Obrigações Tributárias 16) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 Pedro tem três anos de idade e é proprietário de um apartamento. Em janeiro deste ano, o Fisco notificou Pedro para o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), por meio do envio do carnê de cobrança ao seu endereço. Os pais de Pedro, recebendo a correspondência, decidiram não pagar o tributo,mesmo possuindo recursos suficientes para tanto. Diante da impossibilidade de cumprimento da obrigação por Pedro, assinale a afirmativa correta. a) Os pais de Pedro devem pagar o tributo, na qualidade de substitutos tributários. b) O Fisco deverá aguardar Pedro completar 18 anos para iniciar o processo de execução da dívida. c) Os pais de Pedro responderão pelo pagamento do tributo, uma vez que são responsáveis tributários na condição de terceiros. d) O Fisco deve cobrar o tributo dos pais de Pedro, já que são contribuintes do IPTU. 16 OAB DESCOMPLICADA COMENTÁRIOS O caso em análise trata-se de responsabilidade de terceiro (excluímos, portanto, a alternativa “A”), que está prevista no Artigo 134 do CTN. Em primeiro lugar, cumpre destacar que a capacidade tributária independe da capacidade civil das pessoas naturais, conforme dispõe o Artigo 126, I do CTN: Art. 126. A capacidade tributária passiva independe: I - da capacidade civil das pessoas naturais; Ademais, o Fisco, neste caso, deve cobrar dos pais de Pedro, que serão terceiros responsáveis (Art, 121, parágrafo único, II do CTN), conforme dispõe o Artigo 134, I do mesmo dispositivo legal: Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; VÍDEO AULA INDICADA Classificações da responsabilidade tributária – Eduardo Sabbag https://www.youtube.com/watch?v=2UvN2YTHL5Q Substituição Tributária – Eduardo Sabbag https://www.youtube.com/watch?v=RvEhrBfNL08 ARTIGOS E NOTÍCIAS INDICADAS As modalidades da responsabilidade tributária – Âmbito Jurídico http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7072 A responsabilidade tributária do administrador – Conjur https://www.conjur.com.br/2019-mar-28/opiniao-responsabilidade-administrador- esfera-tributaria Responsabilidade tributária de grupos econômicos – Conjur https://www.conjur.com.br/2015-jun-09/responsabilidade-tributaria-grupos-economicos- gera-incertezas GABARITO: ALTERNATIVA C 17 OAB DESCOMPLICADA 17) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII – 2018 A pessoa jurídica Sigma teve lavrado contra si um auto de infração. A autuação fiscal lhe impôs multa pela falta de exibição de notas fiscais durante um determinado período. Após ser citada em sede de execução fiscal, a pessoa jurídica Sigma alegou, em embargos à execução, que não apresentou as notas fiscais porque elas haviam sido furtadas por seu antigo gerente geral, que, com elas, praticara ilícito criminal, tendo sido, por isso, condenado na esfera penal por sonegação fiscal e furto daquelas notas. Com base nessa narrativa, no que tange ao pagamento da multa tributária, assinale a afirmativa correta: a) A responsabilidade é pessoal do antigo gerente por ter cometido infração conceituada na lei como crime. b) A empresa deve arcar com o pagamento da multa, sendo possível, posteriormente, uma ação de regresso em face do antigo gerente geral. c) O antigo gerente não pode ser responsabilizado na esfera cível/tributária, por já ter sido condenado na esfera penal. d) O caso é de responsabilidade solidária, por ter a empresa nomeado o antigo gerente para cargo de tamanha confiança. COMENTÁRIOS: A questão encontra resposta no Artigo 137, I e III, “c” do CTN: Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente: I -quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito; II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar; III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico: a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem; b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou empregadores; c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra estas. Assista as vídeo-aulas indicadas sobre responsabilidade tributária. 18 OAB DESCOMPLICADA GABARITO: ALTERNATIVA A 18) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019 A sociedade empresária ABC Ltda. foi autuada pelo Fisco do Estado Z apenas pelo descumprimento de uma determinada obrigação tributária acessória, referente à fiscalização do ICMS prevista em lei estadual (mas sem deixar de recolher o tributo devido). Inconformada, realiza a impugnação administrativa por meio do auto de infração. Antes que sobreviesse a decisão administrativa da impugnação, outra lei estadual extingue a previsão da obrigação acessória que havia sido descumprida. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta. a) A lei estadual não é instrumento normativo hábil para extinguir a previsão dessa obrigação tributária acessória referente ao ICMS, em virtude do caráter nacional desse tributo. b) O julgamento administrativo, nesse caso, deverá levar em consideração apenas a legislação tributária vigente na época do fato gerador. c) Não é possível a extinção dos efeitos da infração a essa obrigação tributária acessória após a lavratura do respectivo auto de infração. d) A superveniência da extinção da previsão dessa obrigação acessória, desde que não tenha havido fraude, nem ausência de pagamento de tributo, constitui hipótese de aplicação da legislação tributária a ato pretérito COMENTÁRIOS: Insta salientas, antes de mais nada, que o ICMS é um imposto estadual, de tal forma que a alternativa A se encontra completamente equivocada. Ademais, o Artigo 106, “b”, II do CTN, prevê que: Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; GABARITO: ALTERNATIVA D 19 OAB DESCOMPLICADA Administração Tributária 19) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 A União lavrou auto de infração para a cobrança de créditos de Imposto sobre a Renda, devidos pela pessoa jurídica PJ. A cobrança foi baseada no exame, considerado indispensável por parte da autoridade administrativa, de documentos, livros e registros de instituições financeiras, incluindo os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras de titularidade da pessoa jurídica PJ, após a regular instauração de processo administrativo. Não houve, neste caso, qualquer autorização do Poder Judiciário. Sobre a possibilidade do exame de documentos, livros e registros de instituições financeiras pelos agentes fiscais tributários, assinale a afirmativa correta. a) Não é possível, em vista da ausência de previsão legal. b) É expressamente prevista em lei, sendo indispensável a existência de processo administrativo instaurado. c) É expressamente prevista em lei, sendo, no entanto, dispensável a existência de processo administrativo instaurado. d) É prevista em lei, mas deve ser autorizada pelo Poder Judiciário, conforme exigido por lei. COMENTÁRIOS: O artigo 196 do CTN assim define: Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados,sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita à fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere este artigo. Além disso, o Artigo 6º da Lei Complementar 105/2001 dispõe: Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. 20 OAB DESCOMPLICADA GABARITO: ALTERNATIVA B Extinção do Crédito Tributário 20) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXIX – 2019 A Fazenda Pública apurou que fato gerador, ocorrido em 12/10/2007, referente a um imposto sujeito a lançamento por declaração, não havia sido comunicado pelo contribuinte ao Fisco. Por isso, efetuou o lançamento de ofício do tributo em 05/11/2012, tendo sido o contribuinte notificado desse lançamento em 09/11/2012, para pagamento em 30 dias. Não sendo a dívida paga, nem tendo o contribuinte impugnado o lançamento, a Fazenda Pública inscreveu, em 05/10/2017, o débito em dívida ativa, tendo ajuizado a ação de execução fiscal em 08/01/2018. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta a) A cobrança é indevida, pois o crédito tributário foi extinto pelo decurso do prazo decadencial. b) A cobrança é indevida, pois já teria se consumado o prazo prescricional para propor a ação de execução fiscal. c) A cobrança é devida, pois a inscrição em dívida ativa do crédito tributário, em 05/10/2017, suspendeu, por 180 dias, a contagem do prazo prescricional para propositura da ação de execução fiscal. d) A cobrança é devida, pois não transcorreram mais de 10 anos entre a ocorrência do fato gerador (12/10/2007) e a inscrição em dívida ativa do crédito tributário (05/10/2017). COMENTÁRIOS: O Artigo 173 do CTN determina que o prazo decadencial para constituir o tributo é de 5 anos: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Além disso, o Artigo 174 dispõe: Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. O prazo se inicia na data da constituição definitiva. No presente caso: 09/11/2012 - data em que o contribuinte foi notificado. 21 OAB DESCOMPLICADA 09/12/2012 - prazo limite para impugnação. 08/12/2017 - prazo limite para ajuizamento da ação de execução fiscal. A ação foi ajuizada fora do prazo. GABARITO: ALTERNATIVA B 21) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII – 2018 A sociedade empresária ABC, atuante na área de prestação de serviços de limpeza, em dificuldades financeiras, não estava conseguindo realizar o pagamento dos tributos federais. Diante disso, ela se ofereceu à Administração Pública Federal para realizar o pagamento dos tributos mediante prestação direta de serviços de limpeza em prédios públicos ou, alternativamente, transferir para o Fisco um imóvel de sua propriedade. A respeito desse cenário, assinale a afirmativa correta. a) As propostas são inadmissíveis, pois os tributos somente podem ser pagos em dinheiro. b) As propostas são admissíveis, em razão do princípio da menor onerosidade para o devedor (favor debitoris). c) A proposta de transferência de imóvel do contribuinte para a Fazenda Pública Federal para pagamento de tributo é admissível por expressa permissão legal. d) A proposta de prestação direta de serviços para pagamento de tributo é admissível, em circunstâncias excepcionais, como forma subsidiária de garantia do recebimento do crédito pela Fazenda Pública. COMENTÁRIOS: A redação da questão foi muito criticada por professores e cursinhos, mas vamos tentar ser breves para explicá-la da melhor forma. Em primeiro lugar, o tributo deve, em regra, ser pago em dinheiro, conforme determinação do Artigo 3º do CTN: Art. 3º diz: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. A exceção está no Artigo 156 do CTN, e, na presente hipótese, caberia o inciso XI, que diz: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. 22 OAB DESCOMPLICADA Fato é que não pode ser da forma como quer o contribuinte, como no caso em questão, mas sim em condições previstas em lei autorizativa, e isso não foi mencionado. VÍDEO AULAS INDICADAS Hipóteses de suspensão, extinção e exclusão do Débito Tributário 01 – GETUSSP https://www.youtube.com/watch?v=BMS5FDnz6vQ Hipóteses de suspensão, extinção e exclusão do Débito Tributário 02 – GETUSSP https://www.youtube.com/watch?v=iv2u2kmyfBk ARTIGO INDICADO Dação de pagamento em imóveis para extinção do débito tributário – GenJurídico http://genjuridico.com.br/2018/02/23/dacao-pagamento-imoveis-extincao-do-credito- tributario/ GABARITO: ALTERNATIVA C 22) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXXI – 2020 Uma sociedade empresária em recuperação judicial requereu, perante a Secretaria Estadual de Fazenda do Estado X, o parcelamento de suas dívidas tributárias estaduais. O Estado X dispunha de uma lei geral de parcelamento tributário, mas não de uma lei específica para parcelamento de débitos tributários de devedor em recuperação judicial. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta. a) O parcelamento não pode ser concedido caso inexista lei específica estadual que disponha sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. b) O prazo de parcelamento a ser concedido ao devedor em recuperação judicial quanto a tais débitos para com o Estado X não pode ser inferior ao concedido por lei federal específica de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. c) O parcelamento do crédito tributário exclui a incidência de juros, em regra, no caso de devedor em recuperação judicial. d) O parcelamento do crédito tributário exclui a incidência de multas, em regra, no caso de devedor em recuperação judicial. COMENTÁRIOS: A alternativa “B” está correta. Vejamos o disposto nos parágrafos 3º e 4º do Artigo 155-A do CTN: Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. § 3 Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. 23 OAB DESCOMPLICADA § 4 A inexistência da lei específica a que se refere o § 3 deste artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica. Gabarito: Alternativa B Exclusão do Crédito Tribuário 23) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXX – 2019 O Estado Y concedeu, em 2018, por iniciativa própria e isoladamente, mediante uma lei ordinária estadual, isenção fiscal do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a um determinado setor de atividade econômica, como forma de atrair investimentos para aquele Estado. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta. a) É suficiente lei ordinária estadual para a concessão de tal isenção de ICMS, porse tratar de tributo de competência estadual. b) Ainda que se trate de tributo de competência estadual, somente por lei estadual complementar seria possível a concessão de tal isenção de ICMS. c) A lei ordinária estadual pode conceder tal isenção de ICMS, desde que condicionada a uma contrapartida do contribuinte beneficiado. d) Apesar de se tratar de tributo de competência estadual, a concessão de tal isenção de ICMS pelo Estado deve ser precedida de deliberação dos Estados e do Distrito Federal (CONFAZ). COMENTÁRIOS: Mais uma vez, a OAB cobra o Artigo 155 da CF/88, que é extremamente importante. Dessa vez, trata-se do parágrafo 2º, XII, “g”, que dispõe: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: XII - cabe à lei complementar: g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. GABARITO: ALTERNATIVA D 24 OAB DESCOMPLICADA Execução Fiscal 24) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVIII – 2019 O médico João da Silva está há 4 (quatro) anos sem pagar a anuidade cobrada pelo Conselho Regional de Medicina (CRM). Diante desse cenário, o CRM poderá: a) inscrever o débito em dívida ativa de natureza tributária, depois promovendo a competente ação de execução fiscal, regida pela Lei nº 6.830/80, para cobrança. b) promover a competente ação de execução fiscal regida pela Lei nº 6.830/80, sem necessidade de inscrição em dívida ativa, por serem as certidões de inadimplemento de anuidades expedidas pelos conselhos profissionais dotadas de natureza de título executivo extrajudicial. c) promover a competente ação de cobrança das anuidades, regida pelo Código de Processo Civil, a partir da comprovação do não pagamento das anuidades em atraso. d) promover a competente ação de execução das anuidades, regida pelo Código de Processo Civil, por serem as certidões de inadimplemento de anuidades expedidas pelos conselhos profissionais dotadas de natureza de título executivo extrajudicial. COMENTÁRIOS Por serem autarquias federais, os Conselhos Profissionais (CRM, CREA, etc), pode ajuizar execuções fiscais para cobrar o crédito tributário inserido na dívida ativa. Tal previsão está no Artigo 149 da Constituição Federal: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. As demais alternativas estão incorretas porque é imprescindível que haja inscrição na dívida ativa para formalização da Certidão de Dívida Ativa. Essa certidão e o fundamento para ajuizamento da execução fiscal (eliminando a alternativa “B”), e a anuidade do CRM tem natureza tributária, encaixando-se no procedimento de execução fiscal da Lei 6830/80 (eliminando as alternativas “C” e “D”). GABARITO: ALTERNATIVA A 25 OAB DESCOMPLICADA 25) OAB/FGV – Exame de Ordem Unificado XXVII – 2018 A União concedeu isenção de Imposto sobre a Renda aos portadores da doença Beta. João e Maria são portadores da referida doença, sendo João servidor público do Estado ABC e Maria, servidora pública do Município XYZ. Em razão de retenção indevida do tributo, João e Maria desejam propor ação de restituição de Imposto sobre a Renda retido na fonte. Com base nesse relato, assinale a afirmativa correta. a) João e Maria devem ajuizar ação em face da União, sendo a competência da Justiça Federal. b) João deve ajuizar ação em face do Estado ABC, enquanto Maria deve ajuizar ação em face do Município XYZ, sendo a competência da Justiça Estadual. c) João deve ajuizar ação em face da União e do Estado ABC e Maria, em face da União e do Município XYZ, sendo a competência da Justiça Federal. d) João e Maria devem ajuizar ação em face do respectivo ente empregador, sendo a competência da Justiça Federal, tendo em vista o interesse da União. COMENTÁRIOS: É importante notar que a questão retrata sobre o Imposto de Renda, e que este Imposto é descontado do salário do contribuinte. Nesse caso, o IR seria isento aos servidores do Estado ABC e do Município XYZ. A súmula 447 do STJ nos ajuda a resolver essa questão: Súmula 447 - Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de restituição de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores. (Súmula 447, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/04/2010, DJe 13/05/2010) Nesse sentido, ainda que seja um imposto Federal, os Estados e municípios (incluindo o DF) são competentes para julgar ação de restituição de imposto retido na fonte proposto por seus servidores. Assim, competente o Estado ABC e o Municipio XYZ para julgar as respectivas ações. ARTIGO INDICADO Exame da Súmula 447 do STJ – Conteúdo Jurídico http://conteudojuridico.com.br/?colunas&colunista=390_&ver=698 GABARITO: ALTERNATIVA B