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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
PROCESSUAL DO 
TRABALHO
Princípios, Fontes, Interpretação, 
Integração, Autonomia e Eficácia
Livro Eletrônico
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Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
Sumário
Apresentação .....................................................................................................................................................................3
Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia ...............................................5
1. O que é Direito Processual do Trabalho? ......................................................................................................5
2. Autonomia do Direito Processual do Trabalho .........................................................................................5
3. Fontes do Direito Processual do Trabalho ..................................................................................................6
4. Interpretação.................................................................................................................................................................9
4.1. Métodos de Interpretação ..................................................................................................................................9
4.2. Efeitos da Interpretação ...................................................................................................................................13
5. Integração .....................................................................................................................................................................14
6. Eficácia ............................................................................................................................................................................16
6.1. Eficácia da Lei Processual Trabalhista no Tempo (Direito Processual Intertemporal) 16
6.2. Eficácia da Lei Processual Trabalhista no Espaço ...........................................................................18
7. Princípios Aplicáveis ao Direito Processual do Trabalho ................................................................19
7.1. Princípios Comuns ao Processo Civil e ao Processo do Trabalho ...........................................20
7.2. Princípios Específicos do Processo do Trabalho .............................................................................. 28
Resumo ...............................................................................................................................................................................37
Exercícios ...........................................................................................................................................................................39
Gabarito ..............................................................................................................................................................................53
Gabarito Comentado ...................................................................................................................................................54
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Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
ApresentAção
Olá, querido(a) aluno(a) do Gran Cursos Online! Espero encontrá-lo muito bem! Neste cur-
so, apresento-lhe várias aulas autossuficientes de direito processual do trabalho, com o objeti-
vo de lhe disponibilizar, de forma prática e completa, o substrato de conteúdo necessário para 
ter o melhor desempenho possível na prova.
Esta aula, assim como as demais aulas em PDF, foi elaborada de modo que você possa 
tê-la como fonte autossuficiente de estudo, isto é, como um material de estudo completo e 
capaz de possibilitar um aprendizado tão integral quanto outros meios de estudo.
A preferência por aulas em PDF e/ou vídeos pertence a cada aluno, que, individualmente, 
avalia suas facilidades e necessidades, a fim de encontrar seus meios de estudo ideais. Dessa 
forma, o aluno pode optar pelo estudo com aulas em PDF e vídeos, ou somente com um ou 
outro meio.
Aqueles que preferem estudar somente com materiais em PDF terão o privilégio de contar 
com as aulas em PDF autossuficientes do nosso curso, a exemplo desta aula. De qualquer 
forma, nada impede que as aulas em PDF sejam utilizadas como fonte de estudos de forma 
aliada com as aulas em vídeo do Gran Cursos Online. Tudo depende, unicamente, da preferên-
cia de cada aluno.
Nesta aula, estudaremos especialmente os seguintes tópicos de Direito Processual 
do Trabalho:
• Princípios;
• Fontes;
• Autonomia;
• Interpretação, Integração e Eficácia do Direito Processual do Trabalho.
A aula é acompanhada de exercícios selecionados e reunidos de modo a abranger todos os 
pontos importantes da aula, a fim de que seu conhecimento seja ainda mais solidificado. O nú-
mero de exercícios é determinado de acordo com dois parâmetros: complexidade do conteúdo 
e número de questões de concursos existentes. Por resultado, o número de exercícios dispo-
nibilizados é determinado de modo que seu conhecimento sobre os temas seja efetivamente 
testado e fixado, mas sem que haja uma repetição obsoleta.
Nosso curso possibilita a avaliação de cada aula em PDF de forma fácil e rápida. Consi-
dero o resultado das avaliações extremamente importante para a continuidade da produção 
e edição de aulas, como fonte fidedigna e transparente de informações quanto à qualidade 
do material.
Peço-lhe que fique à vontade para avaliar as aulas do curso, demonstrando seu grau de 
satisfação relativamente aos materiais. Seu feedback é importantíssimo para nós. Caso você 
tenha ficado com dúvidas sobre pontos deste material, ou tenha constatado algum problema, 
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
por favor, entre em contato comigo pelo Fórum de Dúvidas antes de realizar sua avaliação. 
Procuro sempre fazer todo o possível para sanar eventuais dúvidas ou corrigir quaisquer pro-
blemas nas aulas.
Cordialmente, torço para que a presente aula que seja de profunda valia para você e sua 
prova, uma vez que foi elaborada com muita atenção, zelo e consideração ao seu esforço, que, 
para nós, é sagrado.
Caso fique com alguma dúvida após a leitura da aula, por favor, envie-a a mim por meio do 
Fórum de Dúvidas, e eu, pessoalmente, a responderei o mais rápido possível. Será um grande 
prazer verificar sua dúvida com atenção, zelo e profundidade, e com o grande respeito que 
você merece.
Bons estudos!
Seja imparável!
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
PRINCÍPIOS, FONTES, INTERPRETAÇÃO, INTEGRAÇÃO, 
AUTONOMIA E EFICÁCIA1. o que é Direito processuAl Do trAbAlho?
A doutrina brasileira de direito processual do trabalho não está nem perto de uniformizar 
um conceito para a disciplina, que a defina da forma mais realista possível. Essa diferença é 
devida ao fato de os doutrinadores tratarem de forma distinta, entre si, o objeto do direito pro-
cessual do trabalho.
Os conceitos podem variar em razão de concepções pessoais, ideológicas ou políticas de 
quem conceitua. Portanto, tratemos para você dois conceitos válidos pertinentes a nossa dis-
ciplina: um de Carlos Henrique Bezerra Leite e outro de Sérgio Pinto Martins.
• Bezerra Leite: ramo da ciência jurídica, constituído por um sistema de valores, princí-
pios, regras e instituições próprias, que tem por objetivo promover a concretização dos 
direitos sociais fundamentais individuais, coletivos e difusos dos trabalhadores e a paci-
ficação justa dos conflitos decorrentes direta ou indiretamente das relações de empre-
go e de trabalho, bem como regular o funcionamento e a competência dos órgãos que 
compõem a Justiça do Trabalho.
− Perceba que Bezerra Leite vê como objeto do processo do trabalho a proteção a direi-
tos sociais fundamentais dos trabalhadores aliada à busca pela justiça social. Esse 
conceito vai muito além do mero instrumentalismo.
• Sérgio P. Martins: conjunto de princípios, regras e instituições destinado a regular a ati-
vidade dos órgãos jurisdicionais na solução dos dissídios, individuais ou coletivos, sobre 
relação de trabalho.
− O conceito de Martins é mais instrumental e formal, sem destaque a finalidades cons-
titucionais e/ou sociais dos institutos que compõem o ramo.
2. AutonomiA Do Direito processuAl Do trAbAlho
É majoritária na doutrina e na jurisprudência a tese de que o direito processual do trabalho 
é um ramo autônomo do direito. Não obstante, é importante que você conheça as duas princi-
pais teorias que dividem a discussão.
• TEORIA MONISTA: o Direito Processual no Brasil é um só, visto que os princípios dos 
diferentes códigos processuais são aplicáveis em igualdade, com pequenas alterações. 
Essa teoria é antiga e encontra-se ultrapassada.
• TEORIA DUALISTA: o Direito Processual do Trabalho é autônomo e distinto do Direito 
Processual Civil, porque possui conjuntos normativos e princípios de sentidos próprios, 
distintos dos diferentes direitos processuais existentes.
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Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
Atualmente, entende-se que, para ser autônomo, o ramo deve conter legislações e prin-
cípios próprios (teoria dualista). O processo do trabalho possui uma legislação codificada e 
grande, constante, principalmente, na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e em algumas 
leis esparsas, especialmente a Lei n. 5.584/1970.
Ademais, o processo do trabalho possui vários princípios que lhe são próprios e o diferen-
ciam do direito processual civil, que estudaremos em seguida. Alguns princípios, por sua vez, 
são também previstos em outros ramos do direito processual, mas com significados conside-
ravelmente distintos.
Desde já, faço destaque aos princípios da proteção, da finalidade social, da busca da ver-
dade real, na normatização coletiva e da conciliação, enfatizados por Bezerra Leite. Alguns 
destes são, por nome, iguais a princípios de outros ramos, mas carregam semântica muito 
diferente no processo do trabalho, como, por exemplo, em relação ao princípio da conciliação.
A autonomia do processo do trabalho no Brasil fica ainda mais evidente em razão de duas 
matérias legislativas:
• 1) O processo do trabalho possui título próprio na CLT e atribuiu ao direito processual 
civil o caráter de subsidiariedade, com aplicação somente em caso de lacuna no referido 
título;
• 2) O próprio Código de Processo Civil (CPC de 2015) tem artigo específico dispondo 
que suas normas só serão aplicáveis ao processo trabalhista diante da falta de norma 
específica do respectivo ramo (art. 15 do CPC).
Dessa forma, mesmo que existam algumas vozes na doutrina dizendo o contrário, é am-
plamente pacificado na jurisprudência que o direito processual do trabalho é um ramo do di-
reito totalmente autônomo, distinto do processo civil, por ter conjuntos normativos e princí-
pios próprios.
DICA!
Recomendo que leve para a prova: o direito processual do tra-
balho é autônomo, distinto do processo civil, por ter normas 
jurídicas e princípios que lhe são próprios e o diferenciam dos 
demais direitos processuais existentes no Brasil.
3. Fontes Do Direito processuAl Do trAbAlho
Se você já estudou direito do trabalho, sabe da clássica divisão entre as fontes formais e 
as fontes materiais. No processo do trabalho, esta divisão é seguida por alguns doutrinadores, 
em especial por Carlos Henrique Bezerra Leite. Outros doutrinadores, como Sérgio Pinto Mar-
tins e Mauro Schiavi, vão direto às fontes formais ao abordar as fontes do processo trabalhista.
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
Considerando-se válida a inserção das fontes materiais ao processo do trabalho, devemos 
saber que, dentre essas fontes, incluem-se os fatos sociais, políticos, econômicos, culturais, 
éticos e morais materializados em determinado momento da história, que incentivaram o legis-
lador ou o Poder Judiciário a criar/interpretar uma lei em determinado sentido.
EXEMPLO
A Lei 13.467/2017 acrescentou ao processo do trabalho a obrigatoriedade de o empregado 
arcar com o ônus dos honorários sucumbenciais (art. 791-A da CLT). A fonte material disso, 
como afirmado pela equipe de redação da Reforma Trabalhista, seria o excesso de ações 
trabalhistas “temerárias”, nas quais o trabalhador, supostamente, pleitearia direitos mesmo 
sabendo que não os possui.
As fontes formais do processo do trabalho, por sua vez, são todos os conjuntos de regras 
objetivamente compreensíveis pelas pessoas. Podem ser desde a Constituição Federal até 
costumes locais, pois ambos são objetivamente compreensíveis, sem margens para dúvidas.
Bezerra Leite, indo mais a fundo, criou divisão entre as fontes formais, classificando-as da 
seguinte maneira:
• Fontes formais diretas:
− Constituição Federal;
− Leis: destacam-se CLT, Lei n. 5.584/70, CPC, Lei n. 6.830/80, Lei n. 7.701/88, Lei n. 
7.347/85, dentre outras.
− Atos normativos: destacam-se Regimentos Internos, Instruções Normativas, Resolu-
ções, Portarias e demais atos administrativos, internos ou externos, de força norma-
tiva.
− Súmula Vinculante do STF: embora seja uma jurisprudência, adquiriu força vinculante 
sobre os órgãos do Poder Judiciário por determinação constitucional, ultrapassando 
o caráter de orientação/substrato jurídico.
− Costumes: práticas reiteradas observadas por Varas do Trabalho e demais reparti-
ções da Justiça do Trabalho, desde que não ilegais.
• Fontes formais indiretas:
− Doutrina: capaz de dar base teórica e guiar o aplicador da lei diante de casos concre-
tos, quando se busca a melhor maneira de aplicar a fonte formal direta a casos indi-
viduais. Podem enquadrar-se como doutrina os Enunciados de Jornadas de Direito 
Material e Processual do Trabalho.
− Jurisprudência: súmulas, orientações jurisprudenciais,precedentes, teses firmadas 
em julgamentos de casos repetitivos e em sede de controle de constitucionalidade 
concentrado (ADI, ADC, ADO, ADPF), as quais carregam força orientativa para a apli-
cação da lei ao caso concreto.
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
Obs.: � Tendo-se em vista que o CPC dá certo poder de vinculação aos precedentes decorren-
tes de teses firmadas em julgamentos de casos repetitivos e em sede de controle de 
constitucionalidade concentrado (art. 988, III e IV, CPC), é discutível o enquadramento 
delas como fontes formais diretas, mas isso ainda não é pacífico a ponto de ser explo-
rado em questão objetiva.
• Fontes formais de explicitação: são a analogia, a equidade, o direto comparado, os cos-
tumes e os princípios gerais do direito, que estudaremos no título da Integração.
É importantíssimo levarmos em conta que o Código de Processo Civil, de acordo com o art. 
769 da CLT, é fonte subsidiária do processo do trabalho, sendo a ele aplicável sempre que não 
contrariar os princípios e as normas específicas. do direito processual trabalhista. Isso você já 
sabe, certo?
Então, trarei para você uma observação tão importante quanto essa. O art. 15 do Novo CPC 
deu ao direito processual civil, expressamente, a possibilidade de ser aplicado ao processo do 
trabalho de forma subsidiária e, também, supletiva (suplementar). Portanto, o CPC não será 
aplicado somente na lacuna da CLT, mas, também, quando as normas da CLT não forem sufi-
cientes para tratar dos temas da melhor maneira.
O referido artigo diz o seguinte: “Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, 
trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e 
subsidiariamente”.
Para que você saiba claramente a diferença entre aplicação subsidiária e aplicação suple-
tiva/suplementar, confira:
• APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA: ocorre diante de lacuna em outra lei; só é autorizada quando 
não contrariar princípios e elementos básicos do ramo que receberá a aplicação subsi-
diária.
EXEMPLO
Deferimento da participação de amicus curiae (amigo da corte) no processo do trabalho, já que 
o CPC prevê essa figura e a CLT nada fala sobre ela.
• APLICAÇÃO SUPLEMENTAR: ocorre mesmo que não exista lacuna em outra lei; é au-
torizada quando não contrariar princípios e elementos básicos do ramo que receberá a 
aplicação suplementar.
EXEMPLO
Aplicação das hipóteses previstas no CPC para a impugnação ao cumprimento de sentença 
(art. 525, § 1º, CPC) no caso de oposição de embargos à execução no processo do trabalho, 
que possui norma própria (art. 884, § 1º, CLT), a qual é, no entanto, insuficiente para a obser-
vância dos fins do processo de execução.
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
Conclusão: a grande diferença entre a aplicação subsidiária e a aplicação suplementar é 
que a subsidiária ocorre diante de lacuna na lei, e a suplementar ocorre mesmo que não existe 
lacuna, com a finalidade de acrescentar/aumentar a normatividade dos institutos jurídicos.
Cuidado: não confunda aplicação suplementar com “complementar”. A aplicação complemen-
tar pode ser assim considerada tanto em caso de aplicação subsidiária como em caso de apli-
cação suplementar, pois, em ambos os casos, está ocorrendo um “complemento” da legisla-
ção. Portanto, é errado usar o adjetivo “complementar” como sinônimo de “suplementar”, pois 
isso causaria uma confusão com a aplicação subsidiária, uma vez que a aplicação subsidiária 
também produz um complemento.
4. interpretAção
Interpretar a lei é uma atitude necessária para sua aplicação. Diante de um dispositivo 
normativo (Constituição, Lei, ato normativo etc.), é necessário mensurar o conteúdo, o sentido 
e o alcance desse dispositivo. Essa mensuração é o que devemos chamar de interpretação.
4.1. métoDos De interpretAção
A interpretação, para ser concretizada, deve usar determinados métodos de interpreta-
ção, que podem ser aplicados de maneira isolada ou conjunta. Veja, abaixo, a definição de 
cada método:
• MÉTODO GRAMATICAL/LITERAL: descoberta do sentido literal das palavras e das fra-
ses escritas no dispositivo. O resultado da interpretação (conteúdo, sentido e alcance 
do dispositivo) será conforme o significado das palavras e das construções frasais do 
dispositivo.
EXEMPLO
Art. 896-A, § 1º, da CLT:
§ 1º: São indicadores de transcendência, entre outros:
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
I – econômica, o elevado valor da causa
II – política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal Superior do 
Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;
III – social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmente assegu-
rado;
IV – jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação trabalhista.
Perceba dois pontos principais. Primeiro, cada inciso conceitua, expressamente, o que é 
cada espécie de transcendência. O sentido que o intérprete deve dar à expressão “transcen-
dência econômica”, por exemplo, é “elevado valor da causa”. Segundo, o § 1º contém a ex-
pressão “entre outros”, que, literalmente, indica ao intérprete que ele poderá considerar outros 
elementos, mesmo que não escritos nos incisos, para verificar a ocorrência de transcendência.
Veja um bom exemplo jurisprudencial da hipótese mencionada acima:
JURISPRUDÊNCIA
(...) II- AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. RECURSO DE REVISTA SOB A 
ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 
TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA. Com relação ao tema nulidade do acórdão regional 
por negativa de prestação jurisdicional, o exame dos critérios de transcendência está 
ligado à perspectiva de procedência da alegação. Vale ressaltar, ainda, que a Sexta Turma 
tem utilizado a fórmula ampliativa da expressão “entre outros”, prevista no art. 896-A, 
§ 1º, da CLT, para reconhecer transcendência a causas em que seja reconhecida a nuli-
dade por negativa de prestação jurisdicional. In casu, a arguição de nulidade por negativa 
de prestação jurisdicional é procedente. Transcendência reconhecida. (...) (RR-1002291-
37.2016.5.02.0026, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 
03/06/2022).
• MÉTODO LÓGICO: o resultado da interpretação decorre de raciocínios lógicos, que con-
sistem na análise da compatibilidade entre diferentes dispositivos.
EXEMPLO
Por mais que uma parte tenha o direito de interpor recurso, ela não poderá fazê-lo quando, por 
qualquer comportamento, manifestar inteira concordância com a decisão do juiz (pagando a 
condenação integral imposta pela sentença, por exemplo). Portanto, o alcance dado ao direi-
to de interpor recursolimite-se à manifestação de inconformismo da parte que recorre. Logo, 
o dispositivo da CLT que assegura a recorribilidade da sentença do juiz (art. 895, I, CLT) deve 
ser confrontado à luz da lógica do processo com os dispositivos do CPC que tratam das dis-
posições gerais sobre recursos, em especial o art. 1.000, caput, do CPC: “A parte que aceitar 
expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer”.
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
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• MÉTODO HISTÓRICO: o resultado da interpretação depende da análise das causas que 
determinaram a criação do dispositivo. É a análise de tudo o que, historicamente, ocor-
reu para que o dispositivo existisse. Trata-se de considerar quais foram as fontes mate-
riais determinantes da criação da norma.
EXEMPLO
Art. 850, parágrafo único, da CLT:
O Presidente da Junta, após propor a solução do dissídio, tomará os votos dos vogais e, havendo 
divergência entre estes, poderá desempatar ou proferir decisão que melhor atenda ao cumprimento 
da lei e ao justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse social.
O artigo acima fala dos “votos dos vogais”. Antes da Emenda Constitucional n. 24 de 1999, 
as Varas do Trabalho (na época, chamadas de Juntas de Conciliação e Julgamento) eram com-
postas por um Juiz Presidente e por dois vogais, um representante dos empregados e outro 
dos empregadores.
Após a referida emenda, as Varas do Trabalho (que assim passaram a ser chamadas) pas-
saram a ser compostas, no processo, apenas por um juiz togado. Portanto, tendo em vista as 
causas históricas que determinaram a existência do art. 850, parágrafo único, podemos afir-
mar que ele foi tacitamente revogado pela Emenda Constitucional n. 24 de 1999, que extinguiu 
a instituição da Junta, composta por um Juiz Presidente e por dois vogais.
• MÉTODO SISTEMÁTICO: a interpretação da norma deve levar em conta que o dispositivo 
interpretado integra um conjunto normativo muito maior do que ele, devendo compati-
bilizar-se com esse conjunto a fim de que se evitem antinomias que comprometam a 
harmonia do Direito.
O método sistemático de interpretação utiliza três critérios, que são:
1) Especialidade: A norma especial prevalece sobre a norma geral.
EXEMPLO
A CLT (norma especial do processo do trabalho) tem regra própria dispondo que, no procedi-
mento ordinário, o limite máximo de testemunhas é de três por parte (art. 821), e no sumaríssi-
mo é de duas por parte (art. 852-H, § 2º). Portanto, não é possível utilizarmos a norma geral do 
processo civil, segundo a qual seria possível o arrolamento de até 10 testemunhas por parte, 
sendo 3 para cada fato (art. 357, § 6º).
2) Hierarquia: A norma hierarquicamente superior prevalece sobre a inferior. No processo 
do trabalho, o critério da hierarquia deve ser observado com mais cautela, pois a pirâmide nor-
mativa é, em regra, flexível, priorizando-se a norma mais favorável ao trabalhado, salvo quando 
se tratar de norma proibitiva estatal.
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
Obs.: � Norma proibitiva estatal é toda norma que proíbe as partes de fixarem contratualmen-
te alguma coisa. Exemplos clássicos são o prazo prescricional para o direito de ação 
quanto aos créditos trabalhistas (art. 7º, XXIX, CF) e as normas de proteção ao traba-
lho da mulher, como a proibição de exigência de exame de gravidez (art. 373-A, IV, CLT).
 � Nos casos em que houver norma proibitiva estatal, a observância da hierarquia no pro-
cesso do trabalho será inevitável, como no exemplo abaixo.
EXEMPLO
O art. 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal fixa o prazo prescricional de cinco anos para os 
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
balho. Portanto, sendo esta uma norma proibitiva estatal, não pode a lei ordinária fixar prazo 
prescricional diverso para o direito de ação quanto aos créditos resultantes das relações de 
trabalho.
3) Cronologia: As normas de igual ou superior espécie que sejam mais recentes revogam, 
tacitamente, no todo ou em parte, as normas anteriores que com elas forem incompatíveis (art. 
2º, § 1º, Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
EXEMPLO
O art. 15 da Lei n. 5.584/70 dispõe:
Para auxiliar no patrocínio das causas, observados os arts. 50 e 72 da Lei n. 4.215, de 27 de abril de 
1963, poderão ser designados pelas Diretorias dos Sindicatos Acadêmicos de Direito, a partir da 4º 
Série, comprovadamente, matriculados em estabelecimento de ensino oficial ou sob fiscalização do 
Governo Federal.
O artigo supracitado foi revogado tacitamente pelas normas que, após, vieram a fixar a exi-
gência do Exame da OAB para que a pessoa seja habilitada a patrocinar causas como advoga-
do(a), além de ser, necessariamente, bacharel em Direito, sem prejuízo dos demais requisitos 
(inscrição na OAB etc.).
• MÉTODO TELEOLÓGICO/SOCIOLÓGICO: O resultado da interpretação depende da ob-
servância da finalidade que o legislador visou no momento da criação da norma. Num 
Estado Social, como o Brasil, essa finalidade sempre tem algum caráter social, o que 
torna possível nomear o método teleológico, também, como método sociológico.
EXEMPLO
Confira a redação do art. 852-H, § 1º, aplicável ao procedimento sumaríssimo: “Sobre os docu-
mentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, 
sem interrupção da audiência, salvo absoluta impossibilidade, a critério do juiz”.
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
No exemplo acima, mesmo que o juiz reconheça a absoluta impossibilidade de manifesta-
ção completa sobre os documentos em audiência, a parte, se quiser, pode se manifestar sobre 
eles ali mesmo, pois a finalidade do legislador é evitar prejuízo à manifestação da parte autora, 
a qual, se entender que é capaz de se manifestar coerentemente mesmo diante de uma reco-
nhecida absoluta impossibilidade, ela poderá se manifestar. Portanto, a parte autora não deve 
ser “proibida” de se manifestar. Este é o sentido e o alcance depreendidos da referida norma, 
por meio do método teleológico.
4.2. eFeitos DA interpretAção
Os efeitos da interpretação têm direta relação com seus resultados. Os efeitos, portanto, 
podem ser extensivos/ampliativos, restritivos ou estáticos.
• EXTENSIVOS/AMPLIATIVOS: O sentido e o alcance da norma é maior do que o significa-
do dos termos e das expressões de seu texto.
EXEMPLO
Art. 849 da CLT, que dispõe: “A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, 
por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua conti-
nuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação”. Se o intérprete 
(com método lógicoou teleológico) entender que motivos de caso fortuito também podem 
permitir a remarcação da audiência (independentemente de essa interpretação ser correta ou 
não), por causarem os mesmos prejuízos às pessoas que estão na audiência, o efeito será 
extensivo/ampliativo.
• RESTRITIVOS: O sentido e o alcance da norma é menor do que o significado dos termos 
e das expressões de seu texto.
EXEMPLO
Art. 884, § 1º, da CLT, que dispõe: “A matéria de defesa será restrita às alegações de cumpri-
mento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da divida”. Se o intérprete resolver, com 
método sistemático, aplicar aos embargos à execução as matérias de defesa previstas no CPC 
para a impugnação ao cumprimento de sentença (art. 525, § 1º), o artigo supracitado terá seu 
sentido restringido, pois a expressão “será restrita” não terá mais o poder de impedir a aplica-
ção de outras matérias de defesa nos embargos à execução.
• ESTÁTICOS: O sentido e o alcance da norma são idênticos aos dos termos e expressões 
constantes da norma.
EXEMPLO
Art. 895, § 2º, da CLT: “Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma 
para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas deman-
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
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das sujeitas ao procedimento sumaríssimo”. O sentido e o alcance desse dispositivo não se 
diferenciam em nada das expressões nele contidas, pois o único efeito já é depreensível da 
literalidade: o TRT tem a faculdade de designar uma Turma somente para julgar recursos ordi-
nários em causas de procedimento sumaríssimo, e ponto final.
5. integrAção
A integração consiste na ideia de completar algum instituto jurídico que, para funcionar de 
acordo com o Direito, precisa de um aditivo.
A necessidade de integração é devida ao fato de o Poder Judiciário ser proibido de deixar 
de julgar uma demanda sob o argumento de que o Direito não tem solução para o caso concre-
to (non liquet). É o que dispõe o art. 140 do CPC: “O juiz não se exime de decidir sob a alegação 
de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico”.
Às vezes, a solução jurídica de determinado caso não encontra amparo diretamente na lei, 
na Constituição ou em atos normativos. Nesses casos, é necessária a integração das fontes 
do direito.
As ferramentas de integração das fontes do direito processual do trabalho são expressa-
mente previstas no art. 8º da CLT e no art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasi-
leiro (LINDB), que, respectivamente, dispõem:
As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratu-
ais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios 
e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e 
costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou parti-
cular prevaleça sobre o interesse público.
Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princí-
pios gerais de direito.
Apesar de o art. 8º da CLT integrar título de direito material do trabalho (não processual), 
não haveria nenhuma ilegalidade a aplicação dos meios integrativos ali previstos ao processo 
do trabalho, pois a integração sempre surge para dar funcionamento ao Direito, e não para pre-
judicar alguém. Por esta razão, o direito comparado, por exemplo, poderia ser utilizado para a 
integração do processo do trabalho mesmo que ele não estivesse previsto no art. 8º.
Portanto, o processo do trabalho pode, diante de lacunas em seus regramentos, ser inte-
grado pelos seguintes elementos integrativos:
• Analogia;
• Usos e Costumes;
• Princípios Gerais de Direito;
• Jurisprudência;
• Equidade;
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
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• Direito Comparado (citação de normas estrangeiras para fundamentar proposta de inte-
gração de lacuna, considerando a compatibilidade entre a realidade do estrangeiro e a 
realidade do caso concreto).
Afinal de contas, quais são as lacunas que atraem a necessidade de integração? 
Basicamente, a doutrina trabalha com lacunas normativas, lacunas ontológicas e lacunas 
axiológicas.
• LACUNAS NORMATIVAS: não existe norma para o caso concreto. Portanto, o aplicador 
da lei deverá encontrar meio integrativo para sanar a omissão (aplicação analógica de 
norma semelhante de outro ramo do Direito, princípios gerais de direito, costumes, etc.).
• LACUNAS ONTOLÓGICAS: existe uma norma para o caso concreto, mas essa norma 
sofreu um drástico envelhecimento diante do direito moderno, sendo historicamente 
incompatível com a situação presente e incapaz de atender às finalidades do processo.
EXEMPLO
Novamente, o art. 884, § 1º, da CLT, que dispõe: “A matéria de defesa será restrita às alega-
ções de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da divida”. Esta norma 
é incompatível com o contexto atual de ampla defesa, razão pela qual, embora exista essa 
norma, a Justiça do Trabalho considerará, complementarmente, as matérias de defesa pre-
vistas no CPC para a impugnação ao cumprimento de sentença (art. 525, § 1º), para que elas 
possam ser invocadas, também, nos embargos à execução (há relação de analogia entre os 
embargos à execução, do processo do trabalho, e a impugnação ao cumprimento de senten-
ça, do processo civil).
• LACUNAS AXIOLÓGICAS: existe uma norma para o caso concreto, mas essa norma tor-
nou-se injusta, e sua aplicação ao caso formará situação clara de injustiça.
EXEMPLO
O art. 769 da CLT, norma especial de processo do trabalho, dá ao processo civil apenas aplica-
bilidade subsidiária ao nosso ramo. Todavia, é mais justo aplicar-se o CPC, também, de forma 
suplementar/supletiva, como diz o art. 15 do CPC (norma geral), porque, se a aplicação do CPC 
fosse somente subsidiária, muitos procedimentos da Justiça do Trabalho seriam morosos e 
atécnicos.
DICA!
Aconselho-lhe levar para a prova: as ferramentas de integra-
ção do processo do trabalho (analogia, costumes, princípios 
gerais, direito comparado, equidade, jurisprudência, etc.) serão 
aplicadas para suprir lacuna normativa, ontológica ou axioló-
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
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gica existente no conjunto de normas de direito processual do 
trabalho.
6. eFicáciA
A eficácia do direito processual do trabalho pode ser estudada com relação ao tempo e, 
também, ao espaço.
6.1. eFicáciA DA lei processuAl trAbAlhistA no tempo (Direito 
processuAl intertemporAl)
A CLT, assim como o CPC, adota a teoria do isolamento dos atos processuais. Isso sig-
nifica que todos os atos no processo do trabalho devem observar a legislaçãoem vigor no 
momento de sua prática.
Indícios de adoção dessa teoria, na própria CLT, estão nos artigos 912 e 915, que dispõem, 
respectivamente:
Os dispositivos de caráter imperativo terão aplicação imediata às relações iniciadas, mas não con-
sumadas, antes da vigência desta Consolidação.
Não serão prejudicados os recursos interpostos com apoio em dispositivos alterados ou cujo prazo 
para interposição esteja em curso à data da vigência desta Consolidação.
Com base nisto, o Tribunal Superior do Trabalho, no dever de explicar a eficácia temporal 
da Reforma Trabalhista (Lei n. 13.467/2017), editou a Instrução Normativa n. 41, que, em seu 
art. 1º, preceitua:
A aplicação das normas processuais previstas na Consolidação das Leis do Trabalho, alteradas pela 
Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, com eficácia a partir de 11 de novembro de 2017, é imediata, 
sem atingir, no entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada.
EXEMPLO
O advogado Pedro interpõe recurso de revista antes da entrada em vigor da Reforma Trabalhis-
ta, que deu balizas ao critério da transcendência, que consiste em novo pressuposto de admis-
sibilidade do recurso de revista. Como o acórdão recorrido foi publicado antes da entrada em 
vigor do requisito da transcendência, o julgamento do recurso, mesmo que ocorra posterior-
mente à entrada em vigor desse requisito, deverá desconsiderá-lo e apreciar o recurso levando 
em conta somente os pressupostos de admissibilidade já existentes ao tempo da publicação 
do acórdão objeto do recurso de revista.
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
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Se, todavia, Pedro interpusesse o recurso de revista contra acórdão publicado após a entrada 
em vigor da Reforma Trabalhista, o requisito da transcendência deveria ser devidamente pre-
enchido, sob pena de inadmissibilidade do recurso pelo TST.
O direito processual intertemporal consiste nas regras de aplicação do direito processual 
diante das alterações legislativas, ocorridas ao longo do tempo, sobre as normas processuais. 
De forma simples, trata-se do estudo da norma que deve ser aplicada a cada processo, diante 
da ocorrência de modificação da norma que deveria ter aplicação.
O grande e relevantíssimo exemplo que podemos ter é a revogação do CPC de 1973 dian-
te da entrada em vigor, em 2016, do CPC de 2015. Afinal de contas, qual dos códigos deve 
vigorar diante de processos ajuizados antes da entrada em vigor do CPC de 2015? É nisso que 
consiste o direito processual intertemporal.
A regra basilar acerca desse tema é a do art. 14 do CPC, que dispõe:
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, 
respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da 
norma revogada.
Como regra, todas as disposições do Novo CPC aplicaram-se imediatamente a todos os 
processos em tramitação. Isto engloba os processos ajuizados antes de sua entrada em vigor, 
bem como os processos ajuizados após sua entrada em vigor.
Portanto, as espécies de atos processuais, os recursos, as formas de comunicação dos 
atos processuais e os meios de execução e cumprimento de sentença são aqueles previstos 
na nova lei processual (CPC de 2015), com aplicação sobre todos os processos em curso.
O limite dessa aplicação imediata é descrito no segundo período do enunciado normativo 
do art. 14 do CPC: “respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas conso-
lidadas sob a vigência da norma revogada”. Este artigo institui no direito processual civil brasi-
leiro a Teoria do Isolamento dos Atos Processuais, que decorre do antigo princípio do tempus 
regit actum (o tempo rege o ato).
Esta teoria – aliada ao referido princípio – determina que cada ato processual deve ob-
servar a regra que se aplica a ele naquele exato momento em que ele foi praticado, de forma 
isolada de todas as outras questões. Explico.
Todos os atos processuais que já houverem sido praticados sob a vigência da norma re-
vogada deverão permanecer como estiverem. O mesmo raciocínio vale para as decisões ju-
diciais (inclusive as de mérito, como sentenças e acórdãos), que devem ser integralmente 
mantidas como estão.
A teoria do isolamento dos atos processuais tem balizamento, fundamentalmente, no art. 5º, 
inciso XXXVI, da Constituição Federal, que alicerça importantíssimas garantias fundamentais:
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
• DIREITO ADQUIRIDO: Não há uma definição expressa de direito adquirido. Segundo 
Celso Bastos, seguido por Alexandre de Moraes, o direito adquirido é um instituto que 
permite ao sujeito sentir-se seguro em sua vida, uma vez que as novas legislações e 
interpretações não poderão retroagir para tirar dele um direito legitimamente concedido. 
Basicamente, devem ser honrados os compromissos assumidos com o cidadão que 
batalhou por um direito “seguindo as regras do jogo”.
EXEMPLO
Um caso prático que muito bem ilustra o direito adquirido é o direito do candidato aprovado 
em concurso público, dentro do número de vagas previstas no edital, ser nomeado pelo órgão 
promotor do certame.
• ATO JURÍDICO PERFEITO: É o ato que reuniu todos os elementos necessários à sua 
formação diante da lei antiga, e cujo processo de desenvolvimento e conclusão já se 
esgotou.
EXEMPLO
Decisão administrativa ou judicial permite a prática de um ato legalmente respaldado na época 
do deferimento, mas legislação superveniente proíbe a prática desse ato. Na situação, o ato 
já praticado, quando demonstrados todos os requisitos para sua prática na época em que sua 
prática foi deferida, não poderá sofrer consequências da legislação que o proíbe.
• COISA JULGADA: É a preclusão máxima. O juízo de conhecimento do Poder Judiciário 
já se esgotou, e a conclusão adotada pelo julgador tem força de lei.
O conceito clássico de coisa julgada diz respeito à coisa julgada material: decisão de mé-
rito não mais sujeita a recurso, imutável e indiscutível (art. 502 do CPC).
É cabível registrar que o caput do art. 1.046 do CPC estabelece a mesma regra de direito 
intertemporal do art. 14, nos seguintes termos:
Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos 
pendentes, ficando revogada a Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
6.2. eFicáciA DA lei processuAl trAbAlhistA no espAço
A CLT é clara ao determinar que a legislação de processo do trabalho será aplicada em 
todo o território nacional. Essa determinação consta do art. 763, que dispõe:
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
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O processo da Justiça do Trabalho, no que concerne aos dissídios individuais e coletivos e à apli-
cação de penalidades, reger-se-á, em todo o território nacional, pelas normas estabelecidas neste 
Título.
A norma não poderia dispor em sentido contrário, uma vez que a competência constitu-
cional para legislar sobre direito processual é privativa da União (art. 22, inciso I, Constitui-
ção Federal).
7. princípios Aplicáveis Ao Direito processuAl Do trAbAlho
Por ser a matéria mais longa de nossa aula, deixei os princípios para serem tratados 
por último.
No processo do trabalho, existem princípios que são comuns entre ele e o processo civil, 
e existem princípios peculiares (específicos) do próprio processo do trabalho. Estudaremos 
todos eles, em seguida.
Antes de estudá-los, é necessário compreendermos que os princípios possuem três funcio-
nalidades: interpretativa, integrativa e normativa.
• Função Interpretativa: o princípio ajuda o operador do Direito a escolher a interpretação 
mais adequada de determinada norma. Por exemplo, quando qualquer artigo da CLT 
com sentido dúbio é interpretado em favor do trabalhador reclamante, à luz do princípio 
da proteção processual (que abordaremos adiante).
• Função Integrativa: o princípio pode ser utilizado para suprir lacuna de norma da CLT. 
Anteriormente, estudamos que os princípios gerais de direito são uma ferramenta inte-
grativa. Ademais, vimos que no art. 8º há menção acerca de se preferir os princípios rela-
cionados à área trabalhista. Portanto, os princípios têm o papel de auxiliar o aplicador da 
lei a suprir uma lacuna no texto da lei, seja a lacuna normativa, ontológica ou axiológica.
• Função Normativa: o princípio, em razão de traduzir preceito que deve ser observado 
na seara processual, tem força de norma. Geralmente, o conteúdo dos princípios acaba 
sendo abordado com algum artigo de lei, como, por exemplo, o caso do art. 141 do CPC, 
que diz: “O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado 
conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte”. Esse 
artigo cria regra que corresponde a nada mais que os princípios da adstrição ou congru-
ência e da inércia/dispositivo, de que também trataremos adiante.
Abordaremos, a seguir, os princípios em espécie. Alerto, contudo, que não serão abordados 
os princípios constitucionais do direito processual (como contraditório, ampla defesa e devido 
processo legal) em razão de não serem objeto de cobrança nas questões de Direito Processual 
do Trabalho.
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
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7.1. princípios comuns Ao processo civil e Ao processo Do trAbAlho
Citarei os princípios mais repetidos pela doutrina de direito processual do trabalho, e mais 
cobrados em provas.
PRINCÍPIO DISPOSITIVO OU DA DEMANDA/PRINCÍPIO DA INÉRCIA: O juiz não pode, de ofí-
cio, conhecer de questões não suscitadas pelas partes. São estas que levam ao juiz a matéria 
para ser julgada. O juiz somente poderá se pronunciar de ofício quando a lei permitir, geral-
mente em casos de matéria de ordem pública (como necessidade de intimação do Ministério 
Público do Trabalho, declaração de impedimento, etc.).
Este princípio tem seu conteúdo fixado no art. art. 141 do CPC e na partícula inicial do art. 
2º, também do CPC, que preceituam:
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de 
questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
Art. 2. O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as ex-
ceções previstas em lei.
Como regra geral, todo processo é iniciado por parte daquele que alega ser titular do direito 
pleiteado na ação. O juiz somente atuará após esta iniciativa. O juiz é perfeitamente inerte, isto 
é, não tutela o direito das pessoas por iniciativa própria. É necessária a demanda, por parte das 
pessoas, para que o juiz se valha dos instrumentos jurídicos legalmente assegurados para a 
tutela jurisdicional.
PRINCÍPIO INQUISITIVO OU DO IMPULSO OFICIAL: Após as partes apresentarem o proces-
so e suas alegações, o juiz deverá, de ofício, dar o impulso adequado ao processo, intimando 
as partes para apresentarem oportunas manifestações, designando audiências, determinando 
diligências imprescindíveis etc.
O juiz só poderá deixar de impulsionar o processo se a lei, expressamente, exigir o pedido 
da parte, como no caso da execução trabalhista, que, após a entrada em vigor da Reforma Tra-
balhista, só pode ser promovida por iniciativa da parte (art. 878 da CLT), salvo se desassistida 
por advogado (nesta última hipótese, o juiz poderá executar a parte contrária de ofício).
Este princípio encontra expressão no art. 765 da CLT: “Os Juízos e Tribunais do Trabalho 
terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, 
podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas”.
PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE (ou INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS): a forma 
dos atos processuais, caso não seja observada de forma rigorosa, não causará a nulidade do 
ato se a sua finalidade for atingida. A forma dos atos processuais, caso não seja observada de 
maneira rigorosa, não causará a nulidade do ato se a sua finalidade for atingida. Este princípio 
é consubstanciado no art. 277 do CPC, que dispõe:
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
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Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de 
outro modo, lhe alcançar a finalidade.
Exemplo clássico é o do art. 239, § 1º, do CPC, que dispõe: “O comparecimento espontâ-
neo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o 
prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução”.
EXEMPLO
Não há diferença de validade entre a parte ser citada por Correio ou por oficial de justiça, con-
tanto que a finalidade do ato (dar ciência à parte) seja atendida. Só haverá nulidade se o resul-
tado do ato não corresponder à sua finalidade, como, por exemplo, no caso de intimação de 
parte desassistida de advogado mediante Diário Eletrônico, pois é evidente a quase absoluta 
impossibilidade de a parte ter ciência do teor da intimação.
PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA: A reclamada deverá se manifestar, em sua 
peça de defesa (ou oralmente em audiência), sobre toda a matéria que deva arguir em sua de-
fesa, presumindo-se verdadeiro tudo o que não for impugnado.
Este princípio encontra expressão no art. 341 do CPC, que também estabelece exce-
ções a ele:
Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da 
petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I – não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II – a petição inicial não estiver acompanhada deinstrumento que a lei considerar da substância do 
ato;
III – estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, 
ao advogado dativo e ao curador especial.
PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE: No momento (evento) previsto em lei, a parte deverá ale-
gar toda matéria de defesa de sua pretensão.
Este princípio encontra expressão no art. 336 do CPC: “Incumbe ao réu alegar, na contes-
tação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o 
pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir”.
Após o referido momento processual, a parte não poderá apresentar sua defesa nas mes-
mas condições em que poderia apresentar no momento oportuno.
Muitos confundem, no início, os sentidos dos princípios da impugnação especificada e 
da eventualidade. Abaixo, apresento a basilar diferenciação entre eles, de modo que você não 
os confunda:
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PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL: Economia processual diz respeito à prestação da 
máxima atividade jurisdicional com o mínimo de atos processuais. Sempre que for possível, 
sem prejuízo a alguém, aproveitar um momento processual para resolver diversas questões 
de uma só vez, para evitar trabalho excessivo ou retrabalho das partes e do juiz, estes deve-
rão providenciar a fim de que sejam apresentadas/sustentadas todas as alegações desejadas 
(parte) e impostas todas as determinações devidas no momento (juiz).
Tanto na CLT como no CPC, não existe um artigo que, de forma específica, institua o prin-
cípio da economia processual (ou da economicidade). Sua existência é depreendida de várias 
regras processuais que prezam pela solução de diversas questões num só momento, de modo 
que se crie um “encurtamento de caminhos” no processo. Um claro exemplo consta das re-
gras do art. 1.013, §§ 3º e 4º, do CPC:
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo 
o mérito quando:
I – reformar sentença fundada no art. 485* [*extinção do processo sem resolução do mérito];
II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da 
causa de pedir* [*sentença ultra petita, extra petita ou citra petita];
III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, 
julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo 
de primeiro grau.
Os parágrafos supracitados legitimam a ocorrência do efeito expansivo sobre os recur-
sos de natureza ordinária, como o recurso ordinário. Este efeito teve origem na Teoria da 
Causa Madura.
Tal teoria preconiza que o órgão competente para julgar o recurso poderia, desde logo, 
apreciar o mérito das questões do processo quando o juízo recorrido nem mesmo tenha entra-
do nesse mérito. Essa atitude só poderia ser tomada pelo órgão recursal (que julga o recurso 
interposto) se a matéria a ser decidida de imediato fosse unicamente de direito ou, se fosse de 
fato, já houvesse ampla e suficiente dilação probatória sobre o fato.
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Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
Em palavras técnicas, o juízo recursal só poderia fazer isso se o processo já estivesse em 
condições de imediato julgamento.
Para sintetizar:
PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE/IMEDIAÇÃO: O juiz da causa deve ter contato pessoal e di-
reto com as partes e com a produção da prova, apreciando-a diretamente e, quando possível, 
acompanhando sua coleta (como no caso da prova testemunhal).
Exemplo claro desse princípio no processo do trabalho é a inquirição de testemunhas dire-
tamente pelo juiz, segundo o art. 820 da CLT: “As partes e testemunhas serão inquiridas pelo 
juiz ou presidente, podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento dos vogais, 
das partes, seus representantes ou advogados”.
PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO: A extinção do processo sem resolução 
do mérito é medida a ser aplicada somente quando for impossível a correção de vícios e irregu-
laridades. Dessa forma, sendo o vício sanável e não sendo caso de vício urgente, o juiz deverá 
dar à parte prazo para corrigi-lo, exceto se a lei expressamente determinar a extinção imediata 
do processo sem resolução do mérito.
Este princípio encontra expressão em alguns artigos do CPC, em especial os artigos 317 e 
488, que, respectivamente, dispõem:
Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade 
para, se possível, corrigir o vício.
Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem 
aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485 [extinção sem resolução do mérito].
Merece ponderação, desde já, a regra do art. 488. Acompanhe o seguinte exemplo prático.
EXEMPLO
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
João ajuíza reclamação trabalhista contra a empresa JP Eventos. O juiz, de plano, verifica que 
a petição inicial de João é inepta, e concede-lhe o prazo de 15 dias para corrigir o vício. João 
permaneceu inerte, e o juiz resolve extinguir o processo sem resolução do mérito, em razão da 
inépcia da petição inicial (art. 485, inciso I).
Antes de o juiz publicar a sentença de extinção sem resolução do mérito, a reclamada, em-
presa JP Eventos, apresenta provas cabais de que a dívida cobrada por João estaria prescrita. 
João, intimado para se manifestar sobre tais provas, nada alega. Neste caso, o juiz – convenci-
do da ocorrência da prescrição – deverá resolver o mérito da ação, reconhecendo a ocorrência 
da prescrição. Afinal de contas, a prescrição da dívida refere-se ao mérito da ação, pois o ins-
tituto da prescrição pertence ao direito material (incide sobre as relações jurídicas materiais, e 
não sobre os pressupostos processuais).
Professor, qual é a razão de haver uma preferência pela resolução do mérito, quando for 
possível?
Caro(a) aluno(a), se o processo for extinto com resolução do mérito, será formada a coisa 
julgada material. Este fenômeno tornará imutável e indiscutível a questão suscitada na ação 
(no exemplo acima, trata-se da exigibilidade de dívida trabalhista). Se o processo fosse extinto 
sem resolução do mérito, por inépcia da petição inicial, o réu permaneceria com receio de que 
nova ação fosse ajuizada posteriormente. Sendo o mérito resolvido, o réu poderá ficar tranqui-
lo: não será processado novamente pelo mesmo motivo.
Veja: embora o réu fosse beneficiadopela extinção do processo sem resolução do mérito 
(que forma apenas a coisa julgada formal), é melhor, para ele, que o processo seja extinto com 
resolução do mérito, pois dessa forma constrói-se a coisa julgada material, que impede a re-
discussão da matéria.
Entende-se por coisa julgada material a força impositiva que torna imutável e indiscutível 
a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. Já a coisa julgada formal restringe-se à im-
possibilidade de manifestação, sobre a causa, no mesmo processo, em razão de este ter sido 
extinto. No caso da coisa julgada formal, o mérito da ação (alegações do autor e do réu) não 
é apreciado.
DICA!
A coisa julgada formal não impede o ajuizamento de nova ação 
acerca da mesma causa;
A coisa julgada material IMPEDE o ajuizamento de nova ação 
sobre a mesma causa.
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO/COLABORAÇÃO: As partes, mesmo tendo interesses distin-
tos, devem cooperar entre si em busca de decisão judicial efetiva, justa e célere. Portanto, as 
partes têm, especialmente, os deveres de denunciar eventuais irregularidades e vícios proces-
suais e respeitar as faculdades processuais da parte contrária.
Este princípio passou a ter expressão legal a partir da entrada em vigor do Novo CPC, es-
pecificamente no art. 6º: “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se 
obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”.
O princípio que abordaremos abaixo tem detalhes que devo destacar, para evitar equívocos 
comuns acerca de sua interpretação no processo do trabalho.
PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ: consiste na necessidade de o julgamento 
(sentença/acórdão) ser feito pelo mesmo juiz que presidiu as audiências do processo.
No CPC de 2015, este princípio perdeu sua expressão, razão pela qual ficou reconhecida, a 
princípio, sua extinção.
Contudo, verifica-se que o Princípio da Identidade Física do Juiz tem expressão dentro das 
normas sobre os processos nos tribunais. Veja o que dispõe o § 3º, inciso I, do art. 1.012 do CPC:
O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser formulado por reque-
rimento dirigido ao:
I – tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o 
relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
Veja, portanto, que, se a parte postular a concessão de efeito suspensivo ao recurso ao 
interpô-lo à segunda instância, o relator designado para apreciar o pedido de efeito suspensivo 
ficará prevento (isto é, fixado) para julgar o recurso final.
Essa regra nos faz concluir que o Princípio da Identidade Física do Juiz permanece exis-
tindo na segunda instância e, também, nas instâncias superiores (TST e STF, no nosso caso), 
pois existe regra idêntica para o caso de pedido de efeito suspensivo a recursos de revista e 
extraordinários.
DICA!
Conclusão: o Princípio da Identidade Física do Juiz não existe 
mais em primeiro grau (Vara do Trabalho), mas continua exis-
tindo no TRT, no TST e no STF. A mesma conclusão é afirmada 
por Carlos Henrique Bezerra Leite e por Sergio Pinto Martins.
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
O TST, em 2022, por meio da 6ª Turma, ao deliberar sobre voto do Exmo. Min. Augusto 
César Leite de Carvalho, decidiu no sentido de que o princípio da identidade física do juiz não 
existe mais em primeiro grau de jurisdição, porque a norma do CPC de 1973 que o previa não 
foi reproduzida no CPC de 2015. Logo, a inexistência de tal princípio decorre do fato de que, na 
égide do CPC de 1973, tal princípio aplicava-se for força da aplicação subsidiária do CPC, e, na 
égide do CPC de 2015, não existe subsidiariedade, já que o dispositivo não existe mais. Confira:
JURISPRUDÊNCIA
(...) NULIDADE PROCESSUAL. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. INEXISTÊNCIA. 
O cancelamento da Súmula 136 do TST provocou debates na jurisprudência e na doutrina 
a respeito da aplicabilidade do princípio da identidade física do juiz às Varas do Trabalho, 
onde, em regra, são produzidas as provas destinadas à instrução processual. Na vigên-
cia do CPC de 2015, o cancelamento, ou não, da Súmula 136 do TST não é fundamento 
autossuficiente à discussão, porque o novo diploma não tem dispositivo cujo conteúdo 
coincida com o do art. 132 do CPC de 1973. O fato de o legislador não ter reproduzido tal 
regra no CPC de 2015 importa a conclusão de que ele foi extinto com relação à primeira 
instância, tanto no direito processual comum quanto no direito processual do trabalho. 
Até mesmo o Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido a extinção do princípio da 
identidade física do juiz a partir da entrada em vigor do CPC de 2015. Logo, não há sequer 
como confrontar tal princípio com outros próprios do direito processual do trabalho, por-
quanto não há subsidiariedade a ser cogitada. Em razão de não mais existir regra pro-
cessual que exija o julgamento por parte do juiz que tenha concluído a audiência, não há 
fundamento que resguarde o pedido de declaração de nulidade da sentença pelo fato de 
ter sido prolatada por juiz que não participou diretamente da integral produção de provas 
em audiência. Agravo de instrumento não provido (AIRR-1000078-33.2017.5.02.0314, 6ª 
Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 25/02/2022).
PRINCÍPIO DA PERSUASÃO RACIONAL OU DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO
O juiz tem liberdade para apreciar as provas apresentadas e/ou produzidas no processo, 
desde que indique, em suas decisões, os fundamentos (motivos) em que se amparou ao tomar 
a decisão naquele caso concreto. Trata-se da exposição dos fundamentos fáticos e jurídicos, 
relacionados às provas dos autos, que levaram o juiz a tomar a decisão.
Em termos mais simples, o juiz é livre para formar seu convencimento acerca dos fatos e 
das provas apresentadas, devendo, em contrapartida, expor os motivos que o levaram a formar 
seu convencimento num ou noutro sentido.
O princípio acima é imbuído no conteúdo do art. 371 do CPC: “O juiz apreciará a prova cons-
tante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as 
razões da formação de seu convencimento.”.
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ: O princípio da boa-fé, no sentido processual, diz respeito ao com-
portamento das partes no curso do processo: todos devem buscar suas pretensões com as 
ferramentas objetivamente disponíveis, sem tutelá-las com artifícios lesivos aos direitos de 
qualquer sujeito, seja por ação ou omissão.
A expressão do princípio da boa-fé consta do art. 5º do CPC: “Aquele que de qualquer for-
ma participa do processo deve comportar-sede acordo com a boa-fé”.
Professor, já ouvi falar da expressão “litigância de má-fé”, e sei que o conceito de boa-fé 
não é dos mais concretos. Afinal, de que formas o princípio da boa-fé poderia ser objeti-
vamente tido como violado?
Caro(a) aluno(a), as hipóteses de litigância de má-fé (violação direta e objetiva ao princípio 
da boa-fé) são expressas no art. 793-B da CLT:
Art. 793-B. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II – alterar a verdade dos fatos;
III – usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV – opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V – proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI – provocar incidente manifestamente infundado;
VII – interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Perceba que as condutas enumeradas acima representam, claramente, riscos ou prejuízos 
aos direitos de outras pessoas, seja de forma direta (como a alteração da verdade dos fatos), 
seja de forma indireta (como o retardamento indevido do andamento do processo).
Ademais, o CPC exalta o papel interpretativo do princípio da boa-fé. Os arts. 322, § 2º, e 
489, § 3º, colocam, respectivamente, que os pedidos e as decisões devem ser interpretados de 
forma contextual e sistemática, à luz do princípio da boa-fé. Isso existe para que segmentos 
isolados das peças ou das decisões judiciais não deem munição para que atos não pretendi-
dos e/ou desnecessários sejam praticados no processo. Confira o que dispõem os parágrafos 
supramencionados:
Art. 322, § 2º. A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o prin-
cípio da boa-fé.
Art. 489, § 3º. A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus ele-
mentos e em conformidade com o princípio da boa-fé.
É claro que, na doutrina processual brasileira, você encontrará vários outros princípios, com 
diversos nomes. Entretanto, estes aqui tratados são os mais relevantes em se tratando de co-
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Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
brança em prova, por serem os mais repetidos, de forma ampla e destacada. Posso garantir a 
você que os princípios acima elencados abrangem a quase totalidade das questões de concur-
sos que versam diretamente sobre princípios processuais civis.
Existem princípios muito específicos de partes do direito processual civil, como no direi-
to probatório (relativo às provas) – caso do princípio da comunhão da prova – e no tema 
pertinente às audiências – caso do princípio da concentração. Em razão da particularidade 
desses princípios e da necessária correlação deles com certos temas (provas e audiências, 
por exemplo), eles serão tratados juntamente com seus conteúdos basilares, isto é, nas aulas 
específicas.
7.2. princípios especíFicos Do processo Do trAbAlho
Nem todos os princípios a seguir são, nominalmente, exclusivos do processo do trabalho. 
Todavia, podemos dizer que eles são específicos do processo do trabalho por carregarem um 
significado diferente daquele que levam em outros ramos do direito processual.
PRINCÍPIO DA ORALIDADE: consiste na valorização do diálogo e do contato presencial 
entre as partes para determinar-se a consequência dos atos processuais, inclusive exigindo-se 
que alguns atos processuais sejam tecnicamente praticados de forma oral, como as razões 
finais e a defesa em audiência, por exemplo.
A rigor, o Princípio da Oralidade existe, também, em outros ramos do direito processual, 
como nos Juizados Especiais. Todavia, no processo do trabalho, a oralidade ganha significado 
especial por ser parte integrante de quase todo o processo, inclusive no momento da coleta 
das provas, que, na Justiça do Trabalho, são predominantemente testemunhais, em razão da 
natureza das relações contratuais de emprego.
O princípio da oralidade é muitas vezes mitigado no dia a dia, quando o magistrado defere 
o oferecimento de razões finais por escrito, e, principalmente, em razão de ter se tornado cos-
tumeira a cisão da audiência trabalhista em três: Audiência Inicial, Audiência de Instrução e 
Audiência de Julgamento/Encerramento.
PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS: Pela letra da CLT, todos os atos 
processuais diretamente ligados ao mérito deveriam ser praticados numa só audiência (audi-
ência una), concentrados nesse momento.
Este princípio sofreu drástica mitigação em decorrência do costume de fracionarem-se as 
audiências do procedimento ordinário em três. Por outro lado, este princípio permanece bem 
consistente em processos de procedimento sumaríssimo, no qual se costuma seguir a regra 
da CLT, com única audiência. A expressão desse princípio consta, respectivamente, nos arti-
gos 849 (procedimento ordinário) e 852-C (procedimento sumaríssimo) da CLT:
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Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Gustavo Deitos
A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior, con-
cluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, 
independentemente de nova notificação.
As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única, sob a di-
reção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente com 
o titular.
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO PROCESSUAL: Trata-se da versão processual do princípio da 
proteção do direito do trabalho. Consiste na compensação da desigualdade existente na reali-
dade socioeconômica com uma desigualdade jurídica em sentido oposto.
Em outras palavras, este princípio consiste na destinação, ao trabalhador reclamante, de 
meios processuais que o coloquem em posição de privilégio perante o empregador para pro-
duzir provas e alegar razões.
Mauro Schiavi nomeia esse princípio como “Princípio do Protecionismo Temperado ao 
Trabalhador”, sustentando que pode, sim, o ônus da prova ser mais rigoroso para a empresa 
em prol do trabalhador, mas todas as faculdades processuais ao alcance de ambos devem ser 
igualmente possibilitadas, sem discriminações indevidas.
Este princípio deve ser interpretado como instrumento normativo de concretização do prin-
cípio da isonomia (igualdade material). A ideia é de buscar a prova da parte que tenha maior 
capacidade para produzi-la, e impor a cada uma das partes as consequências processuais que 
tenha condições de suportar.
Expressão clara desse princípio está no art. 844 da CLT: “O não-comparecimento do recla-
mante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do recla-
mado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.”.
O empregado, na realidade, pode sentir medo de comparecer à audiência em razão de co-
ação moral derivada de motivos socioeconômicos (medo de não conseguir novos empregos). 
Portanto, a consequência da ausência do reclamante (arquivamento/extinção sem resolução 
do mérito) é diferente da ausência do reclamado (revelia e confissão).
PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE REAL: Os juízes do trabalho devem ter ampla liberdade 
na condução do processo, a fim de encontrar a verdadeira versão dos

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