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Acadêmico: David José Fonseca – 144338 Semestre: 9ª fase – Turma A COMPETÊNCIA TERRITORIAL NO PROCESSO DO TRABALHO A fixação da competência é fundamental para o exercício da jurisdição. Desse modo, tradicionalmente, costuma-se conceituar a jurisdição como a aplicação da lei ao caso concreto para solução do conflito de interesses; e, a competência como o limite da jurisdição (MARQUES1, 2022). A competência territorial na Justiça do Trabalho, ou seja, o local onde a ação trabalhista deve ser ajuizada, é definida pelo local da prestação dos serviços, com ressalva apenas às duas exceções relativas ao empregado agente ou viajante comercial e ao empregado que realiza suas atividades em localidade diversa da contratação, de acordo com o artigo 651 da Consolidação das Leis do Trabalho, in verbis: Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. § 1º - Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima. § 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário. § 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços. Ademias, a competência territorial é de natureza relativa, ou seja, deve ser arguida pela parte interessada por meio de exceção, no prazo de cinco dias a contar da notificação, conforme estabelece o artigo 800 da CLT: 1 MARQUES, Fabíola. Flexibilização da competência territorial em razão do princípio do acesso à Justiça. Revista Consultor Jurídico: 6 mai. 2022. Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o procedimento estabelecido neste artigo. § 1º Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a audiência a que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se decida a exceção. § 2º Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo comum de cinco dias. § 3º Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará audiência, garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado como competente. § 4º Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará seu curso, com a designação de audiência, a apresentação de defesa e a instrução processual perante o juízo competente. Entretanto, com fundamento no princípio constitucional do acesso à justiça (artigo 5º, inciso XXXV da CF) e da proteção do empregado, um número razoável de reclamações trabalhistas vem sendo propostas no foro do domicílio do empregado. Vale ressaltar ainda, que a incompetência territorial não pode ser declarada pelo juiz de ofício (OJ nº 149 da SBDI-2 do TST), havendo, assim, a sua prorrogação (artigo 65 do CPC), na hipótese de inércia do réu. Desse modo, ainda há a possibilidade de flexibilização da regra através de entendimento jurisprudencial, nos casos em que o trabalhador for hipossuficiente e houver uma distância muito grande entre o domicílio e o local da prestação de serviço, no entanto, deve ser analisado caso a caso.
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