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Pediatria – Amanda Longo Louzada 1 HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO EMBRIOLOGIA: A glândula tireoidiana é derivada do forame cego, que fica na base da língua, e vai descendo até chegar na região adequada Se tiver qualquer problema nessa migração, vai ter uma tireoide ectópica, fazendo com que essa glândula tenha seu tamanho e função diminuídos, gerando o hipotireoidismo Quando vai migrando, pode ser que que algumas células fiquem formando o cisto tireoglosso, que é um achado benigno, sem indicação cirúrgica, a menos que cause infecções de repetição ou aumento do tamanho que gera incomodo no paciente FISIOLOGIA DA TIREOIDE: O hipotálamo produz TRH que vai estimula a hipófise a produzir o TSH O TSH cai na corrente sanguínea, circula pelo corpo e estimula a tireoide Esse hormônio ao se acoplar ao receptor na tireoide, gera um aumento da glândula, assim como na produção e liberação dos hormônios tireoidianos O T4 e T3 caem na corrente sanguínea e vão para os órgãos-alvo (coração, nervos, fígado, músculos e glândulas) O T3 entra no núcleo da célula, e se une ao receptor do hormônio tireoidiano, e fazendo transcrições O T4 ao chegar na periferia é deiodinado pela deiodinase tipo 1 e 2, e se converte na forma ativa que é o T3 Se a produção está adequada, esses hormônios fazem um feedback-negativo tanto no hipotálamo quanto na hipófise CLASSIFICAÇÃO DO HIPOTIREOIDISMO: PRIMÁRIO: É o mais comum T4 e T3 baixos TSH alto Causas: Disgenesia tireoidiana: corresponde a 80 – 85% dos casos Agenesia, ectopia, hipoplasia e hemiagenesia Disormonogênese: corresponde a 10 – 15% dos casos Mutação inativadora do receptor do TSH Mutação do gene da tireoglobulina Mutações do gene da tireoperoxidase Mutação dos genes: SCL5A5, SCL26A4, DUOX2, DUOXA2, DEHAL1, etc. SECUNDÁRIO: T4 e T3 baixos TSH relativamente baixou (não precisa estar suprimido) Causas: Deficiência de TRH: lesões hipotalâmicas Resistência à ação do TRH: mutação inativadora do receptor do TRH Deficiência Isolada do TSH: mutação inativadora do gene da subunidade beta do TSH Mutação nos Fatores de Transcrição Hipofisários: HESX1, LHX3, LHX4, PROP1, POUF1 e etc. HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO PERIFÉRICO: A tireoide é anatomicamente normal é produz\ os hormônios normalmente Pode ocorrer por resistência a hormônios tireoidiano ou anormalidade no transporte do hormônio tireoidiano (MCT8) HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO SÍNDRÔMICO: Ocorre na síndrome de Down ou na de Pendred DIAGNÓSTICO: TESTE DO PEZINHO: Exame de rastreio do hipotireoidismo primário é feito pelo SUS, por meio do teste do pezinho (deve ser feito entre o 3º e o 7º dia de vida) O corte é o TSH maior que 10 mUI\L) Falso Negativo: Hipotireoidismo central Elevação tardia do TSH Falso Positivo (Formas Transitórias): Deficiência materna de iodo Exposição do feto a doses elevadas de iodo Transferência materno fetal de drogas antitireoidianas Transferência de anticorpo maternos (TRAB- bloqueador) Hipertireotropinemia transitória Pediatria – Amanda Longo Louzada 2 HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO Situações Especiais: Grupos: Prematuros Baixo peso ao nascimento Gemelares Em uso de dopamina ou amiodarona Exposto ao iodo Com anomalia cardíaca congênita Opções: Repetir exame com 1 mês de vida ou na alta hospitalar (se isso ocorrer primeiro) Realizar triagem tripla no 5º, 10º e 30º dias de vida Resultados e Conduta: TSH < 9 mUI\ml nl no 1º ano de vida, só deve recoletar se tiver sintoma TSH maior ou igual a 20 mUI\ml nl é altamente sugestivo, deve recoletar e iniciar tratamento se necessário TSH maior ou igual a 40 mUI\ml nl, deve recoletar e iniciar tratamento imediato TSH SÉRICO: É obrigatório para a confirmação TSH > 10 mUI\ml confirma o diagnóstico Exames de Investigação: USG de tireoide Cintilografia com Tecnécio ou iodo, para casos em que se está pensando em agenesia ou tireoide ectópica Anticorpo antitireoidianos (Anticorpo materno) QUADRO CLÍNICO: NEONATAL: Assintomático Ictéricia prolongada Obstipação Pele fria e seca Livedo reticularis Sonolência Cianose Macroglossia Choro rouco Fontanelas amplas Hérnia umbilical Bócio Sucção débil Protusão da língua PERÍODO PÓS-NATAL: Alteração da mielinização, fazendo com que o desenvolvimento do SNC pode ser prejudicado de forma irreversível Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor Persistência da fontanela Cabelos quebradiços e grossos Redução de reflexos e hipotonia Redução da FC Derrame pericárdico Macroglossia Redução da velocidade de crescimento Hipotonia Pele seca Mixedema Anemia Constipação TRATAMENTO: Levotiroxina: na dose de 10 a 15 mcg\kg\dia Visando manter o T4L no limite superior do valor de referência Manter o TSH < 5 UI\ml (idealmente 0,5 – 2 UI\ml) Comprimidos de 12,5 mcg; 25 mcg; 37,5 mcg e 50 mcg Deve evitar administração concomitante de soja, ferro e cálcio Se houver deficiência de ACTH, a reposição com o medicamento deve ser após 3 a 5 dias do início da reposição de cortisol SEGUIMENTO: Coleta de exames: Após 1 mês de tratamento A cada 2 meses até 6 meses de vida A cada 2 a 3 meses até 3 anos Após 2,5 a 3 anos de vida: deve suspender o medicamento por 1 mês e reavaliar Essa checagem só pode ser feita após os 2 anos, porque até essa idade é o momento mais crítico da mielinização no SNC Se valores normais: hipotireoidismo transitório Se elevação do TSH: necessidade de tratamento contínuo
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