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Câncer de bexiga INTRODUÇÃO …………………………………………….. → O câncer de bexiga (CaB) é o 2º tumor maligno urológico em incidência → Dividida em dois principais grupos: músculo-invasiva e não-músculo invasiva → É um tumor raro antes dos 40 anos, mais comum após 70 anos → Do nascimento até a morte, a chance de um homem desenvolver CaB é de 3,8% e a mulher 1,2% → Maior incidência em homens - Explicada por diferenças no hábito de fumar e fatores ocupacionais, os dois principais fatores de risco Homens brancos, tabagistas e com mais de 50 anos de idade é o típico paciente portador de CaB FATORES DE RISCO …………….………………….. Tabagismo Exposição ocupacional Infecção urinária crônica → O consumo de tabaco na forma de cigarros é o principal fator de risco - Dados mais recentes sugerem que o fumo aumenta o risco de tumores em 2-6x, e o aumento da intensidade e/ou duração do tabagismo está diretamente relacionado ao aumento do risco → A exposição ocupacional é o segundo maior fator de risco relevante conhecido para CaB - Pode ser responsável por até 20% de todos os cânceres vesicais - Trabalhadores de indústrias de tinta e de borracha, que se expõem a aminas aromáticas, têm relação direta com o desenvolvimento do CaB → Pacientes com infecção urinária crônica também têm risco aumentado de desenvolver a doença, principalmente o carcinoma de células escamosas - Esse tipo de tumor pode ocorrer em pacientes vítimas de trauma raquimedular e pacientes sondados por longo tempo, onde infecções de repetição são comuns - O processo inflamatório crônico pode gerar nitritos e nitrosaminas, que levam ao aumento da proliferação celular, propiciando erros genéticos TIPOS HISTOLÓGICOS ………………………….. 80-90% CUB - Carcinoma Urotelial de Bexiga - Carcinoma de Céls Escamosas - Adenocarcinoma CARCINOMA UROTELIAL DE BEXIGA → Subtipo mais comum, responsável por 80-90% dos casos dos tumores malignos de bexiga → Pode se apresentar de modo bastante variado, se manifestando por lesões muito pequenas e imperceptíveis ou até lesões invasivas que tomam toda a bexiga CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS → Um dos subtipos menos comuns, que pode estar relacionado a: - Infecções urinárias crônicas - Infestação por Schistosoma hematobium ADENOCARCINOMA → Também é um dos subtipos menos comuns, podendo ser derivado do úraco ou primário da bexiga @futuradraminghe - Laura Minghe - TXXIX QUADRO CLÍNICO ……………………………..……. → Hematúria macroscópica total indolor é o principal sintoma - Geralmente ocorre durante toda a micção (hematúria total) e apresenta episódios de intermitência, ou seja, o tumor não sangra continuamente → Urgência e polaciúria podem ser sintomas caso o tumor seja músculo-invasivo - Invadem o músculo detrusor, podendo causar sintomas de armazenamento devido à irritação vesical → Tumores avançados e que já estão disseminados além da bexiga, podem cursar com sintomas inespecíficos ao trato urinário, mas específicos aos sítios de metástase - Edema de membros inferiores podem ocorrer quando linfonodos pélvicos estão acometidos e promovem compressão da drenagem linfática - Dor óssea pode estar associada a metástases ósseas - Sintomas respiratórios (tosse, dispneia, hemoptise) podem estar relacionados com metástases pulmonares DIAGNÓSTICO ……………………………..…,..........…. → A partir de um quadro clínico sugestivo, exames de imagem são fundamentais para identificar a lesão vesical 1- USG DE RINS E VIAS URINÁRIAS → Bastante útil, sendo capaz de identificar lesões acima de 0,5 cm na parede vesical com acurácia de 80-90% → Além disso, o US pode identificar dilatação do trato urinário superior caso haja invasão dos meatos ureterais com obstrução, e também a presença de coágulos no interior da bexiga 2- TC E RNM → São os exames de escolha pois, além de identificarem lesão vesical, também avaliam a presença de dilatações e sangramentos → Possibilitam o estadiamento da doença - Permitem a avaliação da parede vesical, das estruturas extravesicais, dos linfonodos pélvicos, dos ossos e dos pulmões 3- URETROCISTOSCOPIA → Exame endoscópico das vias urinárias baixas, realizado pelo médico examinador para identificar o número, localização e aspecto das lesões Tumores não invasivos geralmente possuem aspecto papilífero (em forma de dedos de luva), são pediculados, únicos ou múltiplos, podendo se localizar em qualquer região anatômica da bexiga. Tumores músculo-invasivos são comumente sésseis, grandes, ulcerados e infiltrativos, também podendo acometer qualquer área da bexiga. 4- RTUB: RESSECÇÃO TRANSURETRAL DA BEXIGA → A ressecção endoscópica do tumor por via transuretral confirma o diagnóstico da lesão → Possui os seguintes objetivos: - Diagnóstico histológico do tumor - Estadiamento inicial, em músculo-invasivo ou não invasivo - Ressecção de todas as lesões visíveis, que é o tratamento do tumor - Controle de sangramento, sendo o tratamento da hematúria OBS.: É recomendada a administração profilática de fluoroquinolona ou sulfametoxazol-trimetropina com duração menor que 24 horas ALTERAÇÕES INESPECÍFICAS → Outros exames podem estar alterados, mas são inespecíficos para o diagnóstico do CaB - Exame de urina I pode demonstrar hematúria e leucocitúria sem a presença de bactérias (piúria estéril) - A creatinina e a ureia podem estar aumentadas em casos de tumores invasivo que obstruem ambos os ureteres, causando uma insuficiência renal de origem pós-renal ESTADIAMENTO ……………………………..…,......... → O estadiamento é um dos mais importantes fatores prognósticos no CUB, e é crítico para a tomada de decisões e acompanhamento do paciente → Divide os dois tipos principais de tumores com implicações importantes na decisão terapêutica, usando o TNM CUB não músculo-invasivo não invadem a musculatura detrusora pTa: tumor papilífero não-invasivo pT1: invade a lâmina própria Tis: Carcinoma in situ @futuradraminghe - Laura Minghe - TXXIX CUB músculo-invasivo invade a musculatura detrusora pT2: acomete pelo menos a camada muscular própria ou o músculo detrusor T2a: <50% T2b: >50% pT3: acomete a gordura perivesical T3a: microscopicamente T3b: macroscopicamente pT4: acomete órgãos adjacentes e parede pélvica T4a: invade o estroma prostático, útero ou vagina T4b: invade parede pélvica ou abdominal → 70-80% dos tumores vesicais são pTa ou pT1 e têm como característica altas taxas de recorrência (50-70%), e apenas 10-15% progridem para maior grau ou estádio → Os músculo-invasivos, que correspondem a 10-20% dos casos, tendem a progredir rapidamente e têm prognóstico desfavorável → Para tumores músculo-invasivos a TC de abdome total com contraste e o RX de tórax são adequados para avaliação da pelve (incluindo a bexiga), órgãos abdominais e pulmões GRAU HISTOLÓGICO …………………………...... → Os carcinomas papilíferos uroteliais são divididos em duas categorias: baixo e alto grau, também impactando diretamente no prognóstico do tumor CUB DE BAIXO GRAU: → Possui uma aparência geral com mínimas variações na arquitetura e/ou características citológicas, que são facilmente reconhecidas → Apresenta bom comportamento e chances mínimas de progressão para músculo-invasão → 70-80% dos tumores são não músculo-invasivos e destes, 70% são pTaBG Doença de baixo grau (pTaBG), é o único tumor considerado de baixo grau CUB DE ALTO GRAU: → São caracterizados por uma aparência desorganizada a partir de importantes anormalidades arquiteturais e citológicas → São instáveis geneticamente, agressivos e apresentam chance considerável de progressão para doença invasiva Doença de alto grau (pTaAG) e todos os demais tipos de tumor (pT1, pTis, pT2, pT3 e pT4) são considerados de alto grau PROGNÓSTICO …………………………………..…,...... → Como já citado anteriormente, os fatores mais relevantes para o prognóstico de CaB são: - Estadiamento (músculo-invasivo ou não músculo-invasivo) - Grau histológico (baixo ou alto grau) → Considerando o CaB como um todo, a grande maioria é classificada como doença não músculo-invasiva e de baixo grau, de bom prognóstico, pouca capacidade de progressão,mas altas taxas de recidiva → Tumores de alto grau e músculo-invasivos devem ser encarados como doença agressiva e com alto potencial de letalidade → Tumores não músculo-invasivos costumam responder bem aos tratamentos e, mesmo com altas taxas de recorrência, 95% dos pacientes estão vivos em 5 anos de acompanhamento @futuradraminghe - Laura Minghe - TXXIX → Tumores músculo-invasivos, independente de qualquer estratégia terapêutica, cursam com taxas de mortalidade que podem alcançar 50-60% em 5 anos TRATAMENTO …………………………………..…,......... → O primeiro tratamento após o diagnóstico de uma lesão sólida tumoral intravesical é a ressecção endoscópica do tumor (RTU-B) - Permite o diagnóstico histológico e o estadiamento inicial, além do tratamento de todas as lesões visíveis (na maioria dos casos) e o controle da hematúria macroscópica TRATAMENTO DOS TUMORES NÃO MÚSCULO-INVASIVOS (pTa, pT1 e pTis) → Após o primeiro tratamento, alguns tumores são passíveis de uma terapia complementar, que pode ser realizada por: - Observação vigilante - Reabordagem da RTU-B - Quimioterapia intravesical e - Imunoterapia intravesical → Os tumores que indicam a necessidade de tratamento complementar são: - Presença de carcinoma in situ (CIS) associado - Lesão maior que 3 cm - Lesões múltiplas (mais que uma) - Lesões de alto grau OBS.: essas características se relacionam commaior recorrência do tumor Observação vigilante: Pode ser realizada para tumores de muito bom comportamento, isto é, lesão de baixo grau, única e pequena (< 3 cm), pois apresentam chance pequena de recidiva - O paciente deve ser acompanhado de perto, com seguimento a cada 3 meses nos primeiros 2 anos Re-RTU: A re-RTU consiste de uma nova RTU-B realizada 4-6 semanas após a primeira, com o objetivo de melhorar o estadiamento da doença - Ela está indicada para a doença de alto risco (lesões > 3 cm, múltiplas, presença de CIS e alto grau) - Até 30% desses tumores de alto risco já são doença invasiva, e a re-RTU poderá identificar essas características Quimioterapia intravesical: a aplicação da mitomicina-C está indicada para tumores não músculo-invasivos de baixo risco, podendo ser aplicada no pós-operatório imediato em dose única - É capaz de reduzir as taxas de recorrência mas não tem impacto nas taxas de progressão do CaB - A irrigação vesical deve permanecer fechada por 2 horas (podendo evoluir com a formação de coágulos intravesicais) - A perfuração vesical é contraindicação absoluta para sua utilização - A dose para instilação intravesical é ampola com 40 mg da droga, e possui baixa incidência de efeitos colaterais Imunoterapia intravesical: indicado para tratamento complementar de tumores não músculo-invasivos de maior risco, através do uso de Bacilo de Calmette-Guérin (BCG) - Diferente da mitomicina-C, o BCG é capaz de reduzir tanto as taxas de recidiva, como as de progressão - O mecanismo de ação se dá através da ativação do sistema imunológico mediado por linfócitos T CD8+ citotóxicos frente à presença do bacilo dentro da bexiga - Ao mesmo tempo que o bacilo é eliminado, o tumor também é atacado pelas células T, que promovem a morte das células malignas por mecanismo celular direto - As ampolas para contém 40 mg de BCG, em forma de pó para diluição e posterior aplicação OBS.: a aplicação da BCG é composta de duas fases: a de indução e a de manutenção. Na fase de indução, o paciente recebe uma dose de 40-120 mg, uma vez por semana, por 6-8 semanas. Na fase de manutenção, o paciente recebe a mesma dose da fase de indução, também semanalmente, por 3 semanas, nos terceiro e sexto mês após o término da fase de indução. Depois, esse mesmo esquema é mantido semestralmente até completar 2 ou 3 anos TRATAMENTO DOS TUMORES MÚSCULO-INVASIVOS (pTa, pT1 e pTis) → Deve ser tratada de maneira cirúrgica e radical, devido ao comportamento agressivo e letal desses tumores OBS.: estudos mais recentes demonstram que, a partir do diagnóstico feito pela RTU-B inicial, existe uma perda de sobrevida de 10% por mês de atraso do tratamento cirúrgico definitivo. Isso significa que, após 3 meses de atraso a partir do diagnóstico, o paciente tem 30%menos chance de estar vivo em 5 anos. Portanto, o CUB invasivo deve sempre ser encarado como uma doença grave. @futuradraminghe - Laura Minghe - TXXIX Cistectomia radical: tratamento padrão-ouro para tumores músculo-invasivos (pT2 ou maiores) - No homem, essa cirurgia compreende a retirada da bexiga, da próstata e vesículas seminais e dos linfonodos pélvicos - Na mulher, retirada da bexiga, do útero e anexos, da parede anterior da vagina e dos linfonodos pélvicos Reconstrução do trato urinário: após a realização da cistectomia radical, devemos partir para a reconstrução do trato urinário, que pode ser realizado de duas formas: 1) Cistectomia radical com neobexiga ileal ortotópica: confecção de uma nova bexiga com íleo (neobexiga ileal) que é colocada na mesma posição da bexiga original retirada e reconectados os ureteres e a uretra 2) Cirurgia de Bricker: retirada de um segmento de íleo que é excluído do trato intestinal, e recebe os 2 ureteres, sendo fechado na sua porção distal. A porção proximal é, então, suturada à pele em forma de uma urostomia definitiva OBS.: embora existam outras formas de tratamento para tumores músculo-invasivos que envolvem a preservação da bexiga (quimioterapia e/ou radioterapia e/ou RTU-B máxima), elas são realizadas em pacientes selecionados, não sendo a forma tradicional de tratamento. SEGUIMENTO …………………………….……..…,......... → Depois do tratamento inicial, os pacientes devem ser seguidos por toda a vida, independente do tipo de tumor apresentado Periodicidade das consultas médicas: 3 em 3meses no primeiro ano 6 em 6meses do 2º ao 5º ano Anualmente por toda a vida → Os tumores não-músculo invasivos são seguidos com citologia urinária e cistoscopia → Os tumores músculo-invasivos, com TC de abdome e RX de tórax → Exames que avaliam função renal também são importantes COMPLICAÇÕES …………………………….……........ → RTU-B e re-RTU-B: - Sangramento - Obstrução vesical por coágulos - Perfuração da bexiga → Mitomicina-C: - Sangramento - Obstrução vesical por coágulos, caso mantenha a irrigação vesical parada no PO para ação da medicação na bexiga → BCG: - Sintomas de armazenamento - Hematúria - Febre ou tuberculose sistêmica → Cistectomia Radical com Bricker: - Infecção - Fístula urinária (deiscência de sutura ureteral) ou fístula intestinal (deiscência da anastomose intestinal) → Cistectomia Radical com Neobexiga Ileal Ortotópica: - Além das mesmas da cirurgia de Bricker, acidose metabólica, obstrução da sonda por muco, deiscência de sutura da parede abdominal @futuradraminghe - Laura Minghe - TXXIX
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