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Acidente Ofídico Acad. Fabiana Jamille e Maycon Douglas Objetivos • Conceito; • Apresentar o perfil epidemiológico de acidentes com serpentes no Brasil; • Identificar as principais espécies de serpente peçonhentas no Brasil; • Descrever os principais sinais e sintomas dos efeitos da picada por serpentes peçonhentas; • Indicar quais são os procedimentos de APH para acidentes com serpentes peçonhentas. 2 O que é o Acidente Ofídico ? • Acidentes ofídicos, ou simplesmente ofidismo, é o quadro clínico decorrente da mordedura de serpentes. 3 SERPENTES ● Serpentes são animais vertebrados que pertencem ao grupo dos répteis. ● Dois grupos de serpentes: As peçonhentas e as não peçonhentas ● No Brasil, há cerca de 392 espécies de serpentes conhecidas, sendo que pouco mais de 63 delas são peçonhentas Fonte: AMDA (2018) 4 Segundo o Ministério da saúde (2020) podemos definir animais peçonhentos como aqueles que produzem peçonha (veneno) e têm condições naturais para injetá-la em presas ou predadores. ( Produção de veneno e aparelho inoculador) CONSIDERAÇÕES Fonte: Google Imagens 5 Botrópico Crotálico Laquético 6 ● CARNEIRO, Larissa Queiroz Costa. Perfil epidemiológico dos pacientes atendidos devido a acidentes ofídicos no norte do Brasil, Região Amazônica, no período de 2009 a 2019. Disponível: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/acidentes-ofidicos DADOS EPIDEMIOLOGICOS 7 https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/acidentes-ofidicos CARNEIRO, Larissa Queiroz Costa. Perfil epidemiológico dos pacientes atendidos devido a acidentes ofídicos no norte do Brasil, Região Amazônica, no período de 2009 a 2019. Disponível: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/acidentes-ofidicos 8 https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/acidentes-ofidicos Procedência Zona Rural (80,3%) Frequência Meses mais quentes e chuvosos, entre Janeiro e Maio Região corporal mais atingida Pés, pernas e mãos ATENÇÃO – MII altamente vascularizados – Veneno cai rapidamente na corrente sanguínea. 9 FISIOPATOLOGIA Características de serpentes peçonhentas; Presença de Fosseta loreal (exceto cobra coral); cabeça destacada do corpo, com forma triangular e com escamas; Pupilas em Fenda; Hábito noturno; Cauda; Olhos em formas de fenda; Características do mecanismo de ação dos venenos: •Inflamatória / Proteolítica; •Hemorrágica; •Coagulante; •Miotóxico; •Neurotóxicas; 10 DISTRBUIÇÃO DOS ACIDENTES OFIDICOS SEGUNDO O GENERO DA SERPENTE 91% 7,7 1,4% 0,40% Bothrops Crotalus Lachesis Micrurus Fonte: Banco de dados das serpentes peçonhentas brasileiras 11 ● Crotalus ( 1,85) ● Lachesis (0,95) ● Micrurus – elapidico (0,36) ● Bothrops (0,31) LETALIDADE 12 Ações do Veneno Neurotóxica Coagulante Miotóxica Ação produzida por toxinas que atuam no SNC. Ocorre aumento no tempo de coagulação sanguínea ou Incoagulabilidade sanguínea. Produz lesões de fibras musculares esqueléticas 13 Ações do veneno Proteolítica Coagulante Hemorrágico As enzimas do veneno destroem as proteínas dos tecidos afetados e produzem edema local, bolhas, necroses e abcessos As enzimas do veneno ao produzir lesão nos vasos sanguíneos predispõem a vitima a equimoses, hemorragias internas e externas ( epistaxe, hemorragia nas gengivas). Sua ação anticoagulante completa o quadro de hemorragia (lesão vascular e interferência no processo de coagulação sanguínea. 14 15 QUADRO CLINICO ACIDENTES OFÍDICOS – BOTRÓPICO (Jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca) LOCAIS: Dor, edema endurado no local, equimoses e sangramentos, flictena (bolhas) acompanhados ou não de necrose, parestesia, cianose e gangrena. SISTÊMICOS: Incoagulabilidade sanguínea e sangramento de pele e mucosas (gengivorragias, epistaxes, hematêmese e hematúria) náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão arterial. COMPLICAÇÕES: Síndrome Compartimental, Choque, Insuficiência Renal Aguda (IRA). CLASSIFICAÇÃO LEVE MODERADO GRAVE 16 17 TRATAMENTO Tratamento Geral: analgesia, hidratação, antibioticoterapia. 18 CROTÁLICO Crotalus - Cascavel LOCAIS: Não há dor, ou de pequena intensidade. Parestesia local ou regional, podendo ser acompanhada de edema discreto ou eritema no ponto da picada. SISTÊMICOS: Vômitos, forte mal-estar físico, ptose palpebral (bi/uni L), sudorese, sensação de boca seca, estresse físico e leve escurecimento da urina, oligúria, paralisia dos músculos respiratórios desencadeando um quadro agudo de insuficiência respiratória, visão turva e dupla. COMPLICAÇÕES: Parestesias locais duradouras, Insuficiência renal aguda (IRA). MECANISMO DE AÇÃO DA PEÇONHA NEUROTÓXICO MIOTÓXICO COAGULANTE 19 TRATAMENTO Tratamento Geral: hidratação, verificação de diurese. 20 LAQUÉTICO Lachesis – Surucucu LOCAIS: Predominando a dor e edema, que podem progredir para todo o membro. Podem surgir vesículas e bolhas de conteúdo seroso ou sero-hemorrágico. As manifestações hemorrágicas limitam-se ao local da picada na maioria dos casos e necrose tecidual. SISTÊMICOS: Hipotensão arterial, tonturas, escurecimento da visão, bradicardia, cólicas abdominais e diarreia (síndrome vasovagal). COMPLICAÇÕES: Síndrome compartimental, abscesso, déficit funcional. 21 TRATAMENTO 22 ELAPÍDICOMicrurus – Cobra Coral verdadeira LOCAIS: Dor moderada, parestesia local e edema discreto. Podendo haver aumento da dor, paralisia progredindo para as áreas periféricas ao ponto lesivo. (paralisia da musculatura respiratória, oftalmoplegia) SISTÊMICOS: Vômitos, fraqueza muscular progressiva, ptose palpebral, fácies miastênica ou “neurotóxica”, dificuldades para manutenção da posição ereta, mialgia localizada ou generalizada e dificuldade para deglutir. Insuficiência respiratória aguda e apneia. COMPLICAÇÕES: Não são observadas complicações nesses casos. Recomenda-se a observação clinica do acidentado por 24h, pois há relatos de aparecimento tardio de sinais sintomas 23 24 Tratamento - aph 1. Manter a vitima em repouso absoluto. 2. Remover adornos. 3. Lavar o local da picada com agua e sabão 4. Proteger o local da lesão fazendo curativo com gaze seca (compressivo) 5. Transportar ao hospital indicado para receber o tratamento especifico 6. Eleve a região afetada acima do nível do coração Fonte: Instituto Butantan 25 Em alguns casos o edema é tão intenso que o procedimento médico para aliviar a compressão local e evitar síndrome compartimental são incisões cirúrgicas de alivio denominada fasciotomia. Fonte: Sanar Med 26 27 O que nunca se deve fazer 🩹 Tentar sugar o veneno 🩹 Cortes no local da picada (sangria) 🩹 Aplicar substancia no local da picada 🩹 Fazer torniquetes 🩹 Álcool ou outras substancias para vitima ingerir ou jogar sobre o ferimento Fonte: Animais peçonhentos no Brasil – 2° ed. Savier , 2009 28 Os cuidados de Enfermagem relacionados aos acidentes ofídicos na Atenção Primaria - Manter membro picado elevado e estendido; - Avaliar sinais vitais; - Estratégias de controle da dor; - Controle de infecção higienizando o local da picada; - Precauções contra sangramentos; - Notificar casos de acidentes ofídicos na ficha para notificação de acidente por animais peçonhentos (SINAN); - Investigar através do caso que chegar à unidade, se a família e vizinhos também estão em risco de acidentes ofídicos; - Investigar outros casos na região; - Promover atividades de educação em saúde para a população, principalmente se ocorre muitos casos de acidentes ofídicos na região; - Encaminhar casos de maior complexidade para unidades de referência 29 Domínio 2: Nutrição / Classe 5: Hidratação / Cód: 00195 DE: Risco de desequilíbrio eletrolítico evidenciado por soroterapia / vômito / diarreia / edema. RE: O paciente terá risco minimizado enquanto estiver sob os cuidados da equipe de enfermagem. PE: – Monitorar níveis de eletrólitos séricos anormais (Equipe de enfermagem 3x ao dia – 8:00h, 12:00h e as18:00h); - Monitorar as manifestações de desequilíbrio eletrolítico e registrar qualquer alteração (Equipe de enfermagem 3x ao dia – 8:00h, 12:00h e as 18:00h); - Administração de soroterapia, conforme prescrito (Téc. de enfermagem); - Manter registro preciso de ingestão e eliminação (Téc. de enfermagem); - Monitorar e registrar as perdas de líquidos ricos em eletrólitos. Ex: diarreia (Equipe de enfermagem 3x ao dia – 8:00h, 12:00h e as 18:00h); - Acionar o médico, se sinais e sintomas de desequilíbrio eletrolítico persistir ou piorar (Equipe de enfermagem). SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM 30 Domínio 11: Segurança/proteção / Classe 2: Lesão física / Cód: 00046 DE: Integridade da pele prejudicada relacionado a lesão perfurante da picada por animal peçonhento evidenciado por dor aguda / sangramento / prurido / ardência / eritema / equimose / dermatite. RE: O paciente terá melhora da integridade da pele prejudicada em 7 dias, seguindo os cuidados da equipe. PE: – Registro de quaisquer alterações na pele (Equipe de enfermagem, a cada 2 horas); - Realizar cuidados assépticos (Equipe de enfermagem, a cada 4 horas); - Monitorização e registro de sinais flogísticos (Equipe de enfermagem, a cada 2 horas); - Manter o local da pele acometido pela picada do inseto sempre limpo, seco, livre de pressão ou adesão de terapia tópica, conforme apropriado (Equipe de enfermagem, a cada 2 horas). 31 Referências 32 •AMARAL, A., 1930. Campanhas anti-ophidicas. Memórias do Instituto Butantan, 5:195-232. •AZEVEDO-MARQUES, M. M.; CUPO, P. & HERING, S. E., 1992. Acidentes por animais peçonhentos. Medicina, Ribeirão Preto, 25:539-554. •BARRAVIERA, B., 1993. Estudo clínico dos acidentes ofídicos. Jornal Brasileiro de Medicina, 65:209-250. •BARRAVIERA, B.; BONJORNO Jr., J. C.; ARAKAKI, D.; DOMINGUES, M. A. C.; PEREIRA, P. C. M.; MENDES, R. P.; MACHADO, J. M. & MEIRA, D. A., 1989. A retrospective study of 40 victims of Crotalus snake bites. Analysis of the hepatic necrosis observed in one patient. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 22:5-12. •BARROSO, R. D., 1944. Ofidismo no Brasil. Boletim do Instituto Vital Brazil, 26:35-47. •BELLUOMINI, H. E.; WAKAMATSU, C. T.; LUCAS, S. M. & CARDOSO, J. L. C., 1987. Acidentes do trabalho por animais peçonhentos. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 15:38-42. Obrigadooo!!!!