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LEPSTOPIROSE 
 
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Leptospirose 
A leptospirose é uma doença infecciosa febril, aguda, potencialmente grave, causada por uma bactéria, 
a Leptospira interrogans. É uma zoonose (doença de animais) que ocorre no mundo inteiro, exceto nas 
regiões polares. Em seres humanos, ocorre em pessoas de todas as idades e em ambos os sexos. Na 
maioria (90%) dos casos de leptospirose a evolução é benigna. 
Transmissão 
A leptospirose é primariamente uma zoonose. Acomete roedores e outros mamíferos silvestres e é um 
problema veterinário relevante, atingindo animais domésticos (cães, gatos) e outros de importância 
econômica (bois, cavalos, porcos, cabras, ovelhas). Esses animais, mesmo quando vacinados, podem 
tornar-se portadores assintomáticos e eliminar a L. interrogans junto com a urina. 
O rato de esgoto (Rattus novergicus) é o principal responsável pela infecção humana, em razão de 
existir em grande número e da proximidade com seres humanos. A L. interrogans multiplica-se nos rins 
desses animais sem causar danos, e é eliminada pela urina, às vezes por toda a vida do animal. A L. 
interrogans eliminada junto com a urina de animais sobrevive no solo úmido ou na água, que tenham 
pH neutro ou alcalino. Não sobrevive em águas com alto teor salino. 
A L. interrogans penetra através da pele e de mucosas (olhos, nariz, boca) ou através da ingestão de 
água e alimentos contaminados. A presença de pequenos ferimentos na pele facilita a penetração, que 
pode ocorrer também através da pele íntegra, quando a exposição é prolongada. Os seres humanos 
são infectados casual e transitoriamente, e não tem importância como transmissor da doença. A trans-
missão de uma pessoa para outra é muito pouco provável. 
Riscos 
No Brasil, como em outros países em desenvolvimento, a maioria das infecções ocorre através do 
contato com águas de enchentes contaminadas por urina de ratos. Nesses países, a ineficácia ou ine-
xistência de rede de esgoto e drenagem de águas pluviais, a coleta de lixo inadequada e as conse-
quentes inundações são condições favoráveis à alta endemicidade e às epidemias. Atinge, portanto, 
principalmente a população de baixo nível sócio-econômico da periferia das grandes cidades, que é 
obrigada a viver em condições que tornam inevitável o contato com roedores e águas contaminadas. 
A infecção também pode ser adquirida através da ingestão de água e alimentos contaminados com 
urina de ratos ou por meio de contato com urina de animais de estimação (cães, gatos), mesmo quando 
esses são vacinados. A limpeza de fossas domiciliares, sem proteção adequada, é uma das causas 
mais frequentes de aquisição da doença. 
Existe risco ocupacional para as pessoas que têm contato com água e terrenos alagados (limpadores 
de fossas e bueiros, lavradores de plantações de arroz, trabalhadores de rede de esgoto, militares) ou 
com animais (veterinários, pessoas que manipulam carne). Em países mais desenvolvidos, com infra-
estrutura de saneamento mais adequada, a população está menos exposta à infecção. É mais comum 
que a infecção ocorra a partir de animais de estimação e em pessoas que se expõem à água contami-
nada, em razão de atividades recreativas ou profissionais. 
No Brasil, entre 1996 e 2005, foram notificados 33.174 casos de leptospirose. Apenas os casos mais 
graves (ictéricos) são, geralmente, diagnosticados e, eventualmente, notificados. A leptospirose sem 
icterícia é, frequentemente, confundida com outras doenças (dengue, "gripe"), ou não leva à procura 
de assistência médica. Os casos notificados, provavelmente, representam apenas uma pequena par-
cela (cerca de 10%) do número real de casos no Brasil. 
Leptospirose no Brasil 
Casos confirmados, por local de transmissão: 1996 - 2005 
 
LEPSTOPIROSE 
 
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Medidas de Proteção Individual 
O Cives recomenda que o viajante que adote as medidas de proteção contra doenças adquiridas atra-
vés do contato com a água e da ingestão de água e alimentos. O risco de adquirir leptospirose pode 
ser reduzido evitando-se o contato ou ingestão de água que possa estar contaminada com urina de 
animais. 
Deve ser utilizada apenas água tratada (clorada) como bebida e para a higiene pessoal. Bebidas como 
água mineral, refrigerantes e cervejas não devem ser ingeridas diretamente de latas ou garrafas, sem 
que essas sejam lavadas adequadamente (risco de contaminação com urina de rato). Deve ser utilizado 
um copo limpo ou canudo plástico protegido. Em caso de inundações, deve ser evitada a exposição 
desnecessária à água ou à lama. Pessoas que irão se expor ao contato com água e terrenos alagados 
devem utilizar roupas e calçados impermeáveis. 
O uso generalizado de antibióticos profiláticos é ineficaz para evitar ou controlar epidemias de leptos-
pirose. Além de ser tecnicamente inadequado, desvia inutilmente recursos humanos e financeiros. A 
quimioprofilaxia está indicada apenas para indivíduos, como trabalhadores e militares em manobras, 
que irão se expor a risco em áreas de alta endemicidade por período relativamente curto (semanas). 
A vacina não confere imunidade permanente e não está disponível para seres humanos no Brasil. Em 
alguns países é utilizada a vacinação contra sorotipos específicos em pessoas sob exposição ocupa-
cional em áreas de alto risco . Em animais, a vacina (disponível no Brasil) evita a doença, mas não 
impede a infecção nem a transmissão da leptospirose para seres humanos. 
Recomendações Para Áreas Com Risco De Transmissão 
O acesso permanente à informação é essencial. É importante que a população seja esclarecida sobre 
as razões que determinam a ocorrência de leptospirose e o que deve ser feito para evitá-la. Deve ainda 
ter acesso fácil aos serviços de diagnóstico e tratamento. 
O risco de transmissão pode ser reduzido nos centros urbanos através da melhoria das condições de 
infra-estrutura básica (rede de esgoto, drenagem de águas pluviais, remoção adequada do lixo e elimi-
nação dos roedores). A limpeza e dragagem de córregos e rios são medidas fundamentais para reduzir 
a ocorrência de inundações. Equipamentos de proteção, como botas e luvas impermeáveis, devem ser 
oferecidos às pessoas com risco ocupacional. 
Quando ocorrem inundações, deve ser evitado contato desnecessário com a água e com a lama. Se 
a residência for inundada, deve-se desligar a rede de eletricidade para evitar acidentes. O mesmo 
cuidado deve ser observado após inundações, antes do início da limpeza domiciliar, que deve ser feita 
com o uso de calçados e luvas impermeáveis. 
Em geral, não é necessário o tratamento adicional da água distribuída através de rede, mesmo durante 
epidemias. Quando há suspeita de contaminação da rede de água, a companhia responsável pela 
distribuição deve ser notificada. Nessas circunstâncias, a água deve ser tratada com cloro ou fervida. 
Como a eficácia do cloro pode ser reduzida pela presença de matéria orgânica, quando a água estiver 
turva a alternativa mais mais segura antes do consumo é a fervura, durante até um minuto. Os mesmos 
cuidados devem ser adotados quando a água é proveniente de poços. 
O Cives recomenda que sejam observados os seguintes cuidados: 
Ao escolher um local para residir, informar-se sobre a frequência de inundações. Evitar locais sujeitos 
a inundações frequentes. 
Em caso de utilização de água de poços ou coletada diretamente de rios ou lagoas, estabelecer (com 
supervisão técnica especializada) uma infra-estrutura domiciliar mínima que permita o tratamento (clo-
ração) da água utilizada para consumo e preparo de alimentos. 
Seguir os cuidados de preparação higiênica de alimentos, incluindo o tratamento com água clorada. Os 
alimentos devem ser acondicionados em recipientes e locais à prova de ratos. 
Acondicionar o lixo domiciliar em sacos plásticos fechados ou latões com tampa. Se não houver serviço 
de coleta, deve ser escolhido um local adequado para o destino final do lixo que permita o aterramento 
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ou a incineração periódica. O acúmulo de lixo e entulho em quintais e terrenos baldios leva à prolifera-
ção de ratos. O despejo de lixo em córregos ou rios facilita a ocorrência de inundações. 
Em caso de inundações, evitar a exposição desnecessária à água ou à lama. 
Se a residência for inundada, desligar a rede de eletricidade para evitar acidentes. 
Descartar alimentos que entraram em contato direto com água de enchentes e não possam ser fervidos. 
Utilizar luvas e calçados impermeáveis quando for: 
inevitável, nas enchentes, a exposição à água ou à lama. 
realizada a limpeza da residência após uma inundação 
feita a limpeza de fossas e bueiros. 
efetuada a remoção de fezes e urina de animais de estimação. 
Empregar hipoclorito de sódio a 2-2,5% (água sanitária), segundo as recomendações do fabricante, 
para limpeza de: 
locais onde são criados animais de estimação. 
residências, após uma inundação. 
Manifestações 
A maioria das pessoas infectadas pela Leptospira interrogans desenvolve manifestações discretas ou 
não apresenta sintomas da doença. As manifestações da leptospirose, quando ocorrem, em geral apa-
recem entre 2 e 30 dias após a infecção (período de incubação médio de dez dias). 
As manifestações iniciais são febre alta de início súbito, sensação de mal-estar, dor de cabeça cons-
tante e acentuada, dor muscular intensa, cansaço e calafrios. Dor abdominal, náuseas, vômitos e diar-
réia são frequentes, podendo levar à desidratação. É comum que os olhos fiquem acentuadamente 
avermelhados (hiperemia conjuntival) e alguns doentes podem apresentar tosse e faringite. Após dois 
ou três dias de aparente melhora, os sintomas podem ressurgir, ainda que menos intensamente. Nesta 
fase é comum o aparecimento manchas avermelhadas no corpo (exantema) e pode ocorrer meningite, 
que em geral tem boa evolução. A maioria das pessoas melhora em quatro a sete dias. 
Em cerca de 10% dos pacientes, a partir do terceiro dia de doença surge icterícia (olhos amarelados), 
que caracteriza os casos mais graves. Esses casos são mais comuns (90%) em adultos jovens do sexo 
masculino, e raros em crianças. 
Aparecem manifestações hemorrágicas (equimoses, sangramentos em nariz, gengivas e pulmões) e 
pode ocorrer funcionamento inadequado dos rins, o que causa diminuição do volume urinário e, às 
vezes, anúria total. O doente pode ficar torporoso e em coma. A forma grave da leptospirose é deno-
minada doença de Weil. A evolução para a morte pode ocorrer em cerca de 10% das formas graves. 
As manifestações iniciais da leptospirose são semelhantes às de outras doenças, como febre amarela, 
dengue, malária, hantavirose e hepatites. A presunção do diagnóstico leptospirose é feita com base na 
história de exposição ao risco (inundações, limpeza de bueiros e fossas, contato com animais de esti-
mação) e na exclusão, através de exames laboratoriais, da possibilidade de outras doenças. 
Mesmo que tenham história de risco para leptospirose, pessoas que estiveram em uma área de trans-
missão de febre amarela e malária, e que apresentem febre, durante ou após a viagem, devem ter 
essas doenças investigadas. A leptospirose grave, que evolui com icterícia, diminuição do volume uri-
nário e sangramentos é semelhante à forma grave da febre amarela. A diferenciação pode ser feita 
com facilidade através de exames laboratoriais. 
A ícterícia é rara nos casos de dengue. Nas hepatites, em geral, quando surge a icterícia a febre desa-
parece. É importante que a pessoa, quando apresentar-se febril após uma exposição de risco para 
leptospirose, procure um Serviço de Saúde rapidamente. Não se justifica a utilização generalizada de 
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antibióticos para a população em períodos de epidemias. É mais racional diagnosticar e tratar preco-
cemente os casos suspeitos. 
A confirmação do diagnóstico de leptospirose não tem importância para o tratamento da pessoa doente, 
mas é fundamental para a adoção de medidas que reduzam o risco de ocorrência de uma epidemia em 
área urbana. Pode ser feita através de exames sorológicos (microaglutinação pareada, com uma amos-
tra de sangue colhida logo no início da doença e outras duas semanas após), ou do isolamento da 
bactéria em cultura (que tem maior chance de ser feito durante a primeira semana de doença). 
A leptospirose é uma doença infecciosa transmitida ao homem pela urina de roedores, principalmente 
por ocasião das enchentes. A doença é causada por uma bactéria chamada Leptospira, presente na 
urina de ratos e outros animais (bois, porcos, cavalos, cabras, ovelhas e cães também podem adoecer 
e, eventualmente, transmitir a leptospirose ao homem). 
A doença apresenta elevada incidência em determinadas áreas, alto custo hospitalar e perdas de dias 
de trabalho, além do risco de letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves. Sua ocorrência 
está relacionada às precárias condições de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infec-
tados. 
Sinonímia: Doença de Weil, síndrome de Weil, febre dos pântanos, febre dos arrozais, febre outonal, 
doença dos porqueiros, tifo canino e outras. Atualmente, evita-se a utilização desses termos, por serem 
passíveis de confusão. 
Quais são os sintomas da Leptospirose? 
Os principais da leptospirose são: 
febre; 
dor de cabeça; 
dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas. 
Podem também ocorrer vômitos, diarreia e tosse. Nas formas graves, geralmente aparece icterícia 
(pele e olhos amarelados), sangramento e alterações urinárias. Pode haver necessidade de internação 
hospitalar. 
O período de incubação, ou seja, tempo que a pessoa leva para manifestar os sintomas desde a infec-
ção da doença, pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a 
situações de risco. 
Quais são as complicações da Leptospirose? 
Em aproximadamente 15% dos pacientes com leptospirose, ocorre a evolução para manifestações 
clínicas graves, que tipicamente iniciam-se após a primeira semana de doença, mas que pode ocorrer 
mais cedo, especialmente em pacientes com apresentações fulminantes. A manifestação clássica da 
leptospirose grave é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia, insuficiência renal e 
hemorragias, mais comumente pulmonar. 
Entretanto, essas manifestações podem se apresentar concomitantemente ou isoladamente na fase 
tardia da doença. A síndrome de hemorragia pulmonar é caracterizada por lesão pulmonar aguda e 
sangramento pulmonar maciço e vem sendo cada vez mais reconhecida no Brasil como uma mani-
festação distinta e importante da leptospirose na fase tardia. Enquanto a letalidade média para os 
casos de leptospirose confirmados no Brasil é de 9%, a letalidade para os pacientes que desenvol-
vem hemorragia pulmonar é maior que 50%. 
A icterícia é considerada um sinal característico e tipicamente apresenta uma tonalidade alaranjada 
muito intensa (icterícia rubínica) e geralmente aparece entre o 3º e o 7º dia da doença. A presença 
de icterícia é frequentemente usada para auxiliar no diagnóstico da leptospirose, sendo um preditor 
de pior prognóstico, devido à sua associação com a síndrome de Weil. No entanto, é importante notar 
que manifestações graves da leptospirose, como a hemorragia pulmonar e insuficiência renal, podem 
ocorrer em pacientes anictéricos. 
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O comprometimento pulmonar da leptospirose se expressa com tosse seca, dispneia, expectoração 
hemoptóica e, ocasionalmente, dor torácica e cianose. A hemoptise franca denota extrema gravidade 
e pode ocorrer de forma súbita, levando a insuficiência respiratória – síndrome da hemorragia pul-
monar aguda e síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) – e óbito. 
Por outro lado, na maioria dos pacientes, a hemorragia pulmonar maciça não é identificada até que 
uma radiografia de tórax seja realizada ou que o paciente seja submetido à intubação orotraqueal. 
Assim,os médicos devem manter uma suspeição para a forma pulmonar grave da leptospirose em 
pacientes que apresentem febre e sinais de insuficiência respiratória, independentemente da pre-
sença de hemoptise. 
Além disso, a leptospirose pode causar uma síndrome da angústia respiratória aguda na ausência 
de sangramento pulmonar. A leptospirose pode causar outros tipos de diátese hemorrágica, frequen-
temente em associação com trombocitopenia. 
Além de sangramento nos pulmões, os fenômenos hemorrágicos podem ocorrer na pele (petéquias, 
equimoses e sangramento nos locais de venopunção), nas conjuntivas e em outras mucosas ou ór-
gãos internos, inclusive no sistema nervoso central. A insuficiência renal aguda é uma importante 
complicação da fase tardia da leptospirose e ocorre em 16 a 40% dos pacientes. 
A leptospirose causa uma forma peculiar de insuficiência renal aguda, caracterizada geralmente por 
ser não oligúrica e hipocalêmica, devido à inibição de reabsorção de sódio nos túbulos renais proxi-
mais, aumento no aporte distal de sódio e consequente perda de potássio. Durante esse estágio 
inicial, o débito urinário é normal a elevado, os níveis séricos de creatinina e uréia aumentam e o 
paciente pode desenvolver hipocalemia moderada a grave. 
Com a perda progressiva do volume intravascular, os pacientes desenvolvem insuficiência renal oli-
gúrica, devido à azotemia pré-renal. Nesse estágio, os níveis de potássio começam a subir para 
valores normais ou elevados. Devido à perda contínua de volume, os pacientes podem desenvolver 
necrose tubular aguda e não irão responder à reposição intravascular de fluidos, necessitando o 
início imediato de diálise para tratamento da insuficiência renal aguda. 
Outras manifestações frequentes na forma grave da leptospirose são: 
Miocardite, acompanhada ou não de choque e arritmias; 
Agravadas por distúrbios eletrolíticos; 
Pancreatite; 
Anemia e distúrbios neurológicos como confusão, delírio, alucinações e sinais de irritação meníngea. 
A leptospirose é uma causa relativamente frequente de meningite asséptica. Menos frequentemente 
ocorrem encefalite, paralisias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais de ori-
gem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos, radiculite, síndrome de Guillain-Barré-
Guillain-Barré e mielite. 
Como a Leptospirose é transmitida? 
A Leptospirose é transmitida durante as enchentes, a urina dos ratos, presente nos esgotos e bueiros, 
mistura-se à enxurrada e à lama. Qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama pode infectar-
se. As leptospiras penetram no corpo pela pele, principalmente por arranhões ou ferimentos, e também 
pela pele íntegra, imersa por longos períodos na água ou lama contaminada. O contato com esgotos, 
lagoas, rios e terrenos baldios também pode propiciar a infecção. 
Veterinários e tratadores de animais podem adquirir a doença pelo contato com a urina, sangue, tecidos 
e órgãos de animais infectados. 
Como é feito o diagnóstico da Leptospirose? 
Considerando-se que a leptospirose tem um amplo espectro clínico, os principais diagnósticos diferen-
ciais são: 
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Fase precoce –dengue, influenza (síndrome gripal), malária, riquetsioses, doença de Chagas aguda, 
toxoplasmose, febre tifóide, entre outras doenças. 
Fase tardia –hepatites virais agudas, hantavirose, febre amarela, malária grave, dengue hemorrágica, 
febre tifóide, endocardite, riquetsioses, doença de Chagas aguda, pneumonias, pielonefrite aguda, 
apendicite aguda, sepse, meningites, colangite, colecistite aguda, coledocolitíase, esteatose aguda da 
gravidez, síndrome hepatorrenal, síndrome hemolíticourêmica, outras vasculites, incluindo lúpus erite-
matoso sistêmico, dentre outras. 
Diagnóstico Laboratorial 
Exames específicos 
O método laboratorial de escolha depende da fase evolutiva em que se encontra o paciente. Na fase 
precoce, as leptospiras podem ser visualizadas no sangue por meio de exame direto, de cultura em 
meios apropriados, inoculação em animais de laboratório ou detecção do DNA do microrganismo, 
pela técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR). A cultura somente se finaliza (positiva ou 
negativa) após algumas semanas, o que garante apenas um diagnóstico retrospectivo. 
Na fase tardia, as leptospiras podem ser encontradas na urina, cultivadas ou inoculadas. Pelas difi-
culdades inerentes à realização dos exames anteriormente citados, os métodos sorológicos são con-
sagradamente eleitos para o diagnóstico da leptospirose. Os mais utilizados no país são o teste 
ELISA-IgM e a microaglutinação (MAT). Esses exames devem ser realizados pelos Lacens, perten-
centes à Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública. 
Exames complementares de maior complexidade ou não disponibilizados nos Lacen podem ser so-
licitados através dos mesmos ao Laboratório de Referência Nacional para Leptospirose (ex.: imu-
nohistoquímica, técnicas baseadas em PCR e tipagem de isolados clínicos). 
Exames Inespecíficos 
Exames iniciais e de seguimento –hemograma e bioquímica (ureia, creatinina, bilirrubina total e frações, 
TGO, TGP, gama-GT, fosfatase alcalina e CPK, Na+ e K+). Se necessário, também devem ser solici-
tados: radiografia de tórax, eletrocardiograma (ECG) e gasometria arterial. Nas fases iniciais da doença, 
as alterações laboratoriais podem ser inespecíficas. Alterações mais comuns nos exames laboratoriais, 
especialmente na fase tardia da doença. 
Como Prevenir A Leptospirose? 
A prevenção da Leptospirose ocorre por meio de medidas como: 
Obras de saneamento básico (drenagem de águas paradas suspeitas de contaminação, rede de coleta 
e abastecimento de água, construção e manutenção de galerias de esgoto e águas pluviais, coleta e 
tratamento de lixo e esgotos, desassoreamento, limpeza e canalização de córregos), melhorias nas 
habitações humanas e o controle de roedores. 
É importante evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brin-
quem nessas águas. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto 
devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés). 
A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as leptospiras e deve ser utilizada para desinfetar 
reservatórios de água: um litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água do reservatório. Para 
limpeza e desinfecção de locais e objetos que entraram em contato com água ou lama contaminada, a 
orientação é diluir 2 xícaras de chá (400ml) de água sanitária para um balde de 20 litros de água, 
deixando agir por 15 minutos. 
Controle de roedores - acondicionamento e destino adequado do lixo, armazenamento apropriado de 
alimentos, desinfecção e vedação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas e pare-
des, etc. O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por técnicos devidamente capacitados. 
Ações de prevenção de doenças infecto contagiostas em situações emergenciais 
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I - Vacinação 
Não existe uma vacina para uso humano contra a leptospirose no Brasil. A vacinação de animais do-
mésticos e de produção (cães, bovinos e suínos), disponível em serviços particulares, evita que estes 
adoeçam e transmitam a doença por aqueles sorovares que a vacina protege, ficando a critério do 
proprietário, vacinar ou não o animal, sendo válida como estratégia de proteção individual. 
II - Quimioprofilaxia para leptospirose 
Qualquer indivíduo que entrou em contato com a água ou lama das enchentes é passível de se infectar 
e manifestar sintomas da doença, configurando-se uma situação em que não há indicação técnica para 
a realização da quimioprofilaxia contra a leptospirose, como medida de saúde pública. Esta tem indica-
ção apenas quando um grupo pequeno e bem identificado é exposto a uma situação de risco. Na situ-
ação atualmente encontrada nas áreas com ocorrência de enchentes, as medidas a seremadotadas 
são as seguintes: 
Divulgar ações de proteção entre a população vulnerável; 
Manter vigilância ativa para identificação oportuna de casos suspeitos de leptospirose; tendo em vista 
que o período de incubação da doença pode ser de 1 a 30 dias (média de 5 a 14 após a exposição); 
Notificar imediatamente todo caso suspeito da doença, conforme a Portaria do MS de consolidação Nº 
4 de 03 de outubro de 2017; 
Realizar tratamento oportuno dos casos suspeitos. 
Alerta para vigilâncias epidemiológicas em situações emergenciais 
Em todos os anos, nos meses de verão, uma das principais ocorrências epidemiológicas após as 
inundações é o aumento do número de casos de leptospirose. Diante disso, visando alertar as vigi-
lâncias epidemiológicas das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, sobre condutas em situ-
ações de desastres naturais como enchentes, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da 
Saúde (SVS/MS) informa: 
Em situações de desastres naturais como enchentes, os indivíduos ou grupos de pessoas que entraram 
em contato com lama ou água, por elas contaminadas, podem se infectar e manifestar sintomas da 
doença. 
Nos desastres naturais, as seguintes recomendações devem ser adotadas: 
Divulgar informes sobre o risco de leptospirose para a população exposta à enchente; 
Divulgar informes sobre a necessidade de avaliação médica para todo indivíduo exposto a enchente 
que apresente febre, mialgia, cefaléia ou outros sintomas clínicos no período de até 30 dias após con-
tato com lama ou águas de enchente; 
Divulgar informes sobre medidas potenciais para evitar novas ou continuadas exposições a situações 
de risco de infecção; 
Alertar os profissionais de saúde sobre a possibilidade de ocorrência da doença na localidade de forma 
a aumentar a capacidade diagnóstica; 
Manter vigilância ativa para identificação oportuna de casos suspeitos de leptospirose, tendo em vista 
que o período de incubação da doença pode ser de 1 a 30 dias (média de 5 a 14 dias após exposição); 
Notificar todo caso suspeito da doença, para o desencadeamento de ações de prevenção e controle; 
Realizar tratamento oportuno de todo caso suspeito. 
O uso de quimioprofilaxia não é recomendado pela SVS/MS como medida de prevenção em saúde 
pública, em casos de exposição populacional em massa, por ocasião de desastres naturais como 
enchentes. 
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Nestas situações de desastres naturais como enchentes, a orientação para profissionais de saúde, 
militares e de defesa civil que se expuserem ou irão se expor a situações de risco, durante operações 
de resgate, é utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e ampliar o grau de alerta sobre o 
risco da doença entre os expostos, de forma a permitir o diagnóstico precoce de pacientes e trata-
mento oportuno. 
Como é feito o tratamento da Leptospirose? 
Os casos leves de leptospirose são tratados em ambulatório, mas os casos graves precisam ser inter-
nados. A automedicação não é indicada, pois pode agravar a doença. Ao suspeitar da doença, a reco-
mendação é procurar um médico e relatar o contato com exposição de risco. 
A antibioticoterapia está indicada em qualquer período da doença, mas sua eficácia parece ser maior 
na 1ª semana do início dos sintomas. A reação de Jarisch-Herxheimer, embora seja relatada em paci-
entes com leptospirose, é uma condição rara e que não deve inibir o uso de antibióticos. É caracterizada 
pelo início súbito de febre, calafrios, cefaleia, mialgia, exacerbação de exantemas e, em algumas vezes, 
choque refratário a volume, decorrente da grande quantidade de endotoxinas liberada pela morte de 
bactérias espiroquetas, após o início da antibioticoterapia. 
De grande relevância no atendimento dos casos moderados e graves, as medidas terapêuticas de 
suporte devem ser iniciadas precocemente com o objetivo de evitar complicações e óbito, principal-
mente as complicações renais: reposição hidroeletrolítica, assistência cardiorespiratória, transfusões 
de sangue e derivados, nutrição enteral ou parenteral, proteção gástrica, etc. O acompanhamento do 
volume urinário e da função renal são fundamentais para se indicar a instalação de diálise peritoneal 
precoce, o que reduz o dano renal e a letalidade da doença. 
Situação Epidemiológica da Leptospirose 
No Brasil, a leptospirose é uma doença endêmica, tornando-se epidêmica em períodos chuvosos, 
principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglomeração 
populacional de baixa renda, às condições inadequadas de saneamento e à alta infestação de roe-
dores infectados. Algumas profissões facilitam o contato com as leptospiras, como trabalhadores em 
limpeza e desentupimento de esgotos, garis, catadores de lixo, agricultores, veterinários, tratadores 
de animais, pescadores, militares e bombeiros, dentre outros. Contudo, a maior parte dos casos 
ainda ocorre entre pessoas que habitam ou trabalham em locais com infraestrutura sanitária inade-
quada e expostas à urina de roedores. 
Existem registros de leptospirose em todas as unidades da federação, com um maior número de 
casos nas regiões sul e sudeste. A doença apresenta uma letalidade média de 9%. Entre os casos 
confirmados, o sexo masculino com faixa etária entre 20 e 49 anos estão entre os mais atingidos, 
embora não exista uma predisposição de gênero ou de idade para contrair a infecção. Quanto às 
características do local provável de infecção (LPI), a maioria ocorre em área urbana, e em ambientes 
domiciliares. 
Tratamento 
O tratamento da pessoa com leptospirose é feito fundamentalmente com hidratação. Não deve ser 
utilizado medicamentes para dor ou para febre que contenham ácido acetil-salicílico (AAS®, Aspirina®, 
Melhoral® etc.), que podem aumentar o risco de sangramentos. Os antiinflamatórios (Voltaren®, Pro-
fenid® etc) também não devem ser utilizados pelo risco de efeitos colaterais, como hemorragia diges-
tiva e reações alérgicas. Quando o diagnóstico é feito até o quarto dia de doença, devem ser empre-
gados antibióticos (doxiciclina, penicilinas), uma vez que reduzem as chances de evolução para a forma 
grave. As pessoas com leptospirose sem icterícia podem ser tratadas no domicílio. As que desenvolvem 
meningite ou icterícia devem ser internadas. As formas graves da doença necessitam de tratamento 
intensivo e medidas terapêuticas como diálise peritonial para tratamento da insuficiência renal. 
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