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PROPEDEUTICA CRIANÇA ADOLESCENTE 4

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Unidade IV
7 A DOENÇA NA INFÂNCIA
Muitas vidas podem ser salvas se as desigualdades globais forem reduzidas. Se todos os países 
atingissem a taxa média de mortalidade de países de alta renda, em 2016, 87% das mortes de crianças 
menores de cinco anos poderiam ter sido evitadas e quase 5 milhões de vidas salvas (UNICEF, 2017).
Figura 88 – Crianças brincando
Segundo o Levels and Trends in Child Mortality: Report 2017, que relatou os níveis e tendências 
na mortalidade infantil no mundo, realizado pela Unicef, em parceria com a OMS, e outros órgãos 
internacionais de relevância na saúde, mostrou que a mortalidade entre crianças de 5 a 14 anos é baixa, 
mas 1 milhão de crianças nessa faixa etária ainda morreu em 2016. A probabilidade de morte entre 
crianças de 5 a 14 anos foi de aproximadamente 7,5 mortes por 1.000 crianças de 5 anos em 2016, 
substancialmente menor do que a probabilidade de morte de crianças menores de 5 anos (41 mortes por 
mil nascidos vivos). Ainda assim, cerca de 1 milhão de crianças de 5 a 14 anos morreram em 2016. É um 
dado equivalente a 3.000 crianças de 5 a 14 anos mortas todos os dias. O mundo reduziu pela metade 
a taxa de mortalidade entre crianças de 5 a 14 anos desde 1990 (UNICEF, 2017).
Esses estudos demonstraram que as principais causas de morte entre crianças menores de cinco 
anos em 2016 foram complicações de parto prematuro, infecções respiratórias agudas, complicações 
relacionadas ao intraparto, anomalias congênitas e diarreia. Os óbitos neonatais foram responsáveis 
por 46% das mortes de menores de cinco anos em 2016, e aproximadamente 70% dos óbitos que estão 
associadas à diarreia ocorrem durante os dois primeiros anos de vida.
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Já no Brasil, o número de óbitos para menores de 5 anos apresentou uma importante redução: de 
191.505, em 1990, para 51.226, em 2015. Dentre as causas de morte, os óbitos por doenças transmissíveis, 
afecções maternas neonatais e nutricionais ainda se constituem as principais causas em 2015, e, em 
geral, podem ser consideradas como preveníveis (FRANÇA, 2017).
O fim das mortes infantis evitáveis é um desafio mundial, que poderá ser superado melhorando 
o acesso a profissionais de saúde qualificados na atuação, acompanhamento e monitoramento do 
desenvolvimento fetal durante a gravidez e no momento do nascimento; realizando intervenções 
fundamentais, como imunização, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança; 
promovendo a amamentação, entre tantos outros fatores, mesmo que indiretos, como a disponibilidade 
de medicamentos a preços acessíveis, desenvolvimento e promoção de melhorarias da qualidade e o 
acesso à água potável e ao saneamento básico (UNICEF, 2017).
A diarreia, as infecções respiratórias agudas, a anemia, a desnutrição, as doenças imunopreveníveis 
ainda constituem os principais agravos para crianças menores de cinco anos no Brasil. Podemos citar ainda 
as parasitoses intestinais, meningites, tuberculoses, malária e também a violência (BRASIL, 2017).
 Saiba mais
Conheça mais sobre as principais ações de prevenção de agravos e 
promoção da saúde, além da melhora do acompanhamento do crescimento 
e do desenvolvimento nos primeiros anos de vida, lendo o seguinte manual:
BRASIL. Manual de quadros de procedimentos: Aidpi Criança: 2 meses 
a 5 anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: <http://
portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/julho/12/17‑0095‑Online.
pdf>. Acesso em: 26 jun. 2018.
O enfermeiro deve saber reconhecer a criança/adolescente doente e, para tal, deverá:
• Identificar e avaliar sinais e sintomas de doenças e possíveis complicações.
• Realizar a consulta de enfermagem de forma objetiva, com ênfase na história de saúde e no 
exame físico.
• Avaliar o estado nutricional e de vacinação da criança.
• Classificar a doença e, de acordo com a complexidade do estado da criança, se estiver atuando na 
atenção básica de saúde, saber referenciá‑la de maneira adequada.
• Reconhecer as prioridades de atenção e conduzir o caso respeitando‑as.
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• Recomendar ao responsável pelo cuidado sobre a alimentação e os cuidados a serem prestados à 
criança em casa.
• Reavaliar o caso e prestar a atenção apropriada quando a criança voltar à unidade de saúde.
Estudaremos a seguir, algumas doenças prevalentes na infância.
7.1 Diarreia
Diarreia é a alteração do conteúdo líquido das fezes, devido à disfunção intestinal, com perdas 
excessivas de nutrientes, principalmente água e eletrólitos, traduzindo um desequilíbrio entre os processos 
de absorção e secreção do intestino. Dessa forma, pode‑se dizer que geralmente é acompanhada de 
aumento da frequência, aumento do volume e diminuição da consistência das fezes. Algumas variáveis 
poderão estar presentes, dependendo da causa, como o vômito, dor abdominal, febre, presença de 
sangue, muco ou pus, podendo levar à desidratação e, consequentemente, à morte (BRASIL, 2013d; 
HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
 Observação
A desidratação pode ocorrer por déficit de volumes dos líquidos 
corporais, denominada de desidratação volumétrica, ou das alterações 
na composição dos líquidos corporais, por motivos dos distúrbios da 
osmolaridade, como no caso da hiponatremia e da hipernatremia, 
denominadas de desidratação quantitativa.
Com tantos conhecimentos sobre os diversos recursos tecnológicos descobertos, o mundo ainda 
padece com mortes significativamente relevantes decorrentes da diarreia, devido às condições 
ambientais e de privações salutares em que vivem as crianças. É uma doença facilmente evitável quando 
os ambientes de exposição da criança recebem atenções de saúde públicas adequadas, a exemplo do 
saneamento básico (disponibilização de água potável), redução da poluição do ar, além das imunizações 
recomendadas e oferta de alimentação saudável (como amamentação exclusiva até os 6 meses de 
idade), desde o seu nascimento.
A diarreia é um dos principais causadores de mortalidade infantil, representando aproximadamente 
8% de todas as mortes de crianças menores de 5 anos em todo o mundo em 2016, a maioria delas 
vive em países de baixa e média renda. Isso se traduz em mais de 1.300 crianças morrendo a cada dia, 
ou cerca de 480.000 crianças por ano, apesar da disponibilidade de tratamento. A maioria das mortes 
por diarreia ocorre entre crianças com menos de 2 anos de idade que vivem no sul da Ásia e na África 
subsaariana (WHO, 2013).
No Brasil, uma mudança positiva ocorreu para as doenças diarreicas que, em 1990, ocupavam a 
segunda posição entre as principais causas de morte, passando, em 2015, para a sétima posição, com 
expressiva redução nas taxas (FRANÇA, 2017).
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De 2000 a 2016, o número total anual de mortes por diarreia entre crianças menores de 5 
anos diminuiu no mundo em 60%. Porém, se as mesmas medidas de saúde (intervenções básicas) 
fossem adotadas no mundo todo, muitas outras crianças poderiam ser salvas (WHO, 2016). 
Embora esses dados demonstrem que as mortes na infância tenham diminuído, a pneumonia 
e a diarreia juntas matam 1,4 milhão de crianças por ano, e a esmagadora maioria delas vive 
em países de baixa e média renda, sem maior investimento em medidas‑chave de prevenção e 
tratamento, a Unicef estima que mais 24 milhões de crianças morrerão de pneumonia e diarreia 
até 2030 (UNICEF, 2017).
O fim das mortes evitáveis de crianças pode ser alcançado com o aleitamento materno imediato 
e exclusivo, melhorando o acesso a profissionais de saúde para assistência pré‑natal, nascimentoe 
pós‑natal, melhorando o acesso à nutrição e micronutrientes, promovendo o conhecimento dos sinais 
de perigo entre os membros da família e melhorando o acesso à água (BRASIL, 2012a). Muitas dessas 
intervenções, que podem parecer simples, e de fato são, encontram‑se muito distantes da realidade de 
diversas comunidades.
O enfermeiro, diante do atendimento da criança com diarreia, deverá realizar uma abordagem 
clínica, coletando dados importantes na anamnese, tais como:
— Identificar o início do quadro (em horas/ em dias).
— Verificar o número de evacuações: nas últimas 4 horas e o perfil desse 
número nos últimos dias.
— Perguntar ao cuidador se existe presença de muco ou sangue nas fezes.
— Verificar se ocorreu/ocorre febre, náuseas e vômitos (quanto tempo, 
número de episódios diários e nas últimas 4 horas).
— Perguntar se os amiguinhos da escola (se frequentar), se alguém da 
família, ou conhecidos próximos, que mantiveram contato com a 
criança estão com os mesmos sintomas.
— Investigar hábitos e condições de higiene e de saneamento básico 
da família.
— Verificar se as vacinas estão em dia, com o calendário de vacinação 
(BRASIL, 2017, p. 10).
Mediante os resultados obtidos com a investigação, o enfermeiro poderá identificar qual o tipo de 
diarreia e direcionar a investigação e auxiliar na escolha da conduta correta. A seguir, você aprenderá a 
classificar o tipo de diarreia e as intervenções junto à criança, mediante cada uma delas, de acordo com 
as recomendações vigentes.
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A diarreia, mediante a duração dos sintomas, é classificada em três tipos: aguda, prolongada 
(persistente) e crônica (OLIVEIRA, 2005; DUNCAN et al., 2004), tendo duração de sintomas específicos, 
de acordo com o agente desencadeador.
Quadro 16 – Demonstração dos tipos de diarreia na infância e suas principais características
Tipos Duração dos sintomas Principais causas e agentes Características
Aguda
Quadro de sintomas 
autolimitado
Duração menor que 14 
dias
Principal causa é infecciosa.
Agentes virais: rotavírus, Norwalk.
Bactérias: Vibrio cholerae, Escherichia 
coli, Clostridium difficile, Salmonella, 
Shigella.
Protozoários: Entamoeba hystolitica, 
Giardia lamblia e Criptosporidium sp.
Pode ocorrer também pela ingestão de 
toxinas: estafilocócicas,do Baccilus cereus 
e Clostridium perfingens nas intoxicações 
alimentares.
Geralmente na forma 
aquosa, com secreção ativa 
de água e eletrólitos.
Persistente
Duração maior ou igual 
a 14 dias. Infecção 
continuada de um 
agente, danificando as 
vilosidades, e/ou uma 
regeneração inadequada 
dos eritrócitos.
Ocorre geralmente em crianças 
desnutridas pelas mesmas causas 
da diarreia aguda, mas podem ser 
decorrentes de infecções por:
Giardia lamblia, Cryptosporidium,
Escherichia coli enteropatogênica clássica,
Escherichia coli enteroagregativa.
Pode apresentar‑se sob a 
forma de diarreia aquosa ou 
disenteria.
Maior causa de desidratação 
que evolui para óbito.
O enfermeiro deverá avaliar 
o estado nutricional da 
criança.
Crônica Duração maior que 30 dias
Inflamações crônicas, alergia a alimentos, 
cólon irritável, parasitoses intestinais 
não tratadas ou resistentes, tuberculose, 
intolerância alimentar (enteropatia por 
glúten e/ou lactose).
Adaptado de: Brasil (2017) e Oliveira (2005).
 Observação
Disenteria: ocorre quando o agente infeccioso invade a mucosa do 
cólon, apresentando os sinais da diarreia acrescidos de exsudação de muco, 
pus, proteínas e sangue, responsáveis pelas características clínicas dessa 
síndrome (BRASIL, 2013d).
A principal causa da diarreia aguda é infecciosa (principalmente de causa viral) e irá variar conforme 
o tipo de patógeno e as condições clínicas do hospedeiro. Na diarreia ocorre secreção ativa de água e 
eletrólitos para a luz intestinal, resultando em inúmeras evacuações diárias. Nessa situação, o principal 
mecanismo de agressão dos agentes é a elaboração de toxinas (BRASIL, 2013d).
O rotavírus é um vírus da família Reoviridae que causa diarreia grave, 
frequentemente acompanhada de febre e vômito. É considerado um dos 
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mais importantes agentes causadores de gastroenterites e óbitos em 
crianças menores de cinco anos, em todo o mundo. A maioria das crianças 
se infecta nos primeiros anos de vida, porém os casos mais graves ocorrem 
principalmente em crianças até dois anos de idade. [...] A doença apresenta 
curto período de incubação, com início abrupto, vômitos em mais de 50% 
dos casos, febre alta e diarréia profusa, culminando em grande parte dos 
casos com desidratação (SÃO PAULO, 2006, p. 355).
A vacina contra rotavírus foi incluída no calendário brasileiro em março de 2006.
É sabido que, na desnutrição, as células intestinais, os enterócitos, encontram‑se diminuídos e 
morfologicamente alterados, dificultando ainda mais a absorção dos nutrientes e a cinética da regeneração 
desse epitélio tem proliferação e maturação letificada, especialmente as enzimas dissacarídeos (lactase). 
A secreção ácida gástrica é reduzida e propicia a colonização do estômago por bactérias intestinais 
fecais. Essas bactérias competem tanto pela vitamina B12, como levam a uma consequência mais grave, 
que é a interferência na absorção das gorduras (MACHADO, 1995).
Uma criança com diarreia pode desidratar facilmente. E, quanto mais nova, principalmente em casos 
de neonatos, lactentes e desnutridos, mais grave e rapidamente a desidratação se instala. O enfermeiro, 
durante o exame físico, deverá avaliar a criança quanto as condições de hidratação, verificando se 
criança está ativa, com mucosas úmidas, com diurese presente e clara, e se os sinais vitais (frequência 
cardíaca, pressão arterial e frequência respiratória) estão adequados à idade.
 Observação
O vômito é a ejeção rápida e forçada do conteúdo gastrointestinal pela 
cavidade oral. É, na maioria das vezes, precedido por náuseas, porém podem 
ocorrer sem esse sintoma, sendo chamados de vômitos em jato. Em grande 
parte das vezes o vômito e a diarreia se manifestam juntos, potencializando 
a predisposição à desidratação.
Se a criança estiver apresentando diarreia, porém estiver hidratada, sem desidratação e for eutrófica, 
o Ministério da Saúde recomenda o tratamento denominado de Plano A (veja o quadro a seguir).
As crianças com desidratação precisam ser reidratadas com o Plano B ou com o Plano C, e, 
posteriormente, tratadas com o Plano A. Os planos de tratamento da criança com quadro diarreico 
e desidratação (Planos B e C), serão demonstrados posteriormente.
O tratamento das crianças com diarreia e não desidratadas, devem seguir o Plano A e o tratamento 
é realizado em casa, pela mãe, baseando‑se em orientação e vigilância para a criança não evoluir para 
a desidratação e manter‑se hidratada. Basicamente, trata‑se da Terapia de Reidratação Oral (TRO), com 
Solução de Reidratação Oral (SRO).
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A TRO tem por objetivo corrigir o desequilíbrio hidroeletrolítico pela reidratação, buscando restabelecer 
os níveis apropriados de água e eletrólitos que foram reduzidos durante a diarreia, assim como manter e 
recuperar o estado nutricional. O SRO possui em sua fórmula componentes em concentrações adequadas 
para evitar a desidratação, ou tratá‑la quando inicialmente instalada, evitando a gravidade dos casos e 
também a mortalidade em consequência da diarreia (BRASIL, 2017).
O tratamento da diarreia em crianças sem desidratação, consiste em basicamente (BRASIL, 2017):
• Administrar líquidos adicionais.
• Continuar a alimentar.
• Orientar quanto aos sinais de piora e quanto ao retorno.
Nesses casos, não se deve interromper a alimentação, exceto se houver presença de vômitos.A administração de zinco oral melhora o epitélio intestinal inflamado durante a diarreia e 
fortalece o sistema imunitário da criança.
Quadro 17 – Plano A: tratamento da criança com diarreia sem desidratação
Tratamento Recomendações ao responsável
Retornar à unidade de saúde com a criança em caso de piora da diarreia, principalmente se 
associada a vômitos.
Oferecer líquidos 
adicionais
Amamentar com frequência e por tempo mais longo a cada vez.
Caso a criança não esteja em regime exclusivo de leite materno, dar um ou mais dos seguintes 
itens: SRO, líquidos caseiros (tais como caldos, soro caseiro) ou água potável.
Ensinar a mãe a preparar a mistura e a dar a solução de SRO e orientar a quantidade que deverá 
ser oferecida de acordo com a idade da criança (ver indicação no texto após o quadro).
Administrar, frequentemente, pequenos goles de líquidos de uma xícara ou colher.
Caso a criança vomite, aguardar dez minutos e depois continuar, porém mais lentamente.
Continuar a dar líquidos adicionais até a diarreia parar.
Antes que a mãe deixe o serviço de saúde, comprove se ela entendeu bem as orientações
Continuar a 
alimentar
A alimentação não deve ser interrompida e alimentos constipantes e não laxativos devem ser 
preparados.
Orientar quanto 
aos sinais de piora e 
quanto ao retorno
Retornar à unidade de saúde com a criança em caso de:
Piora da diarreia, principalmente se associada a vômitos.
A criança não conseguir beber, nem mamar no peito.
Piora do estado geral.
Aparecimento ou piora da febre.
Sangue nas fezes.
Dificuldade para beber.
Suplementação de 
zinco
Dose única/dia por 14 dias:
Até 6 meses: 10 mg.
Crianças de 6 meses ou mais: 20 mg.
Adaptado de: Brasil (2017).
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 Observação
Você sabe a composição dos solutos (em mmol/L) recomendada pela 
OMS/UNICEF para a SRO?
A partir de 1975, a solução única padrão (OMS/UNICEF) era: sódio 
90 mmol/L, potássio 20 mmol/L, cloro 80 mmol/L, glicose 111 mmol/L e 
osmolaridade 311 mmol/L.
A partir de 2002, passou a ser: sódio 75 mmol/L, potássio 20 mmol/L, 
cloro 65 mmol/L, glicose 75 mmol/L, e osmolaridade de 245 mmol/L.
Os envelopes são fornecidos gratuitamente pelos centros de saúde.
Quantidade de líquidos (SRO) adicionais a serem oferecidos para a criança em casa:
• Até 1 ano: 50 a 100 ml depois de cada evacuação aquosa.
• 1 ano ou mais: 100 a 200 ml depois de cada evacuação aquosa.
Se a criança quiser mais SRO do que a quantidade citada, pode‑se dar mais. É importante demonstrar como 
administrar a solução de SRO, dando, com frequência, pequenos goles de líquidos usando copo ou colher.
Na falta do SRO, pode‑se utilizar o soro caseiro ou solução sal açúcar (SSA), porém o SRO é a 
melhor escolha.
 Observação
Veja como preparar o soro caseiro ou solução sal açúcar (SSA):
Em uma jarra, coloque:
1 litro de água.
1 colher de chá rasa: cerca de 3,5 g de sal de cozinha.
2 colheres de sopa cheias de açúcar: cerca de 40 g.
O SSA deve ser ofertado aos poucos, após cada evacuação ou 
vômito, podendo ser utilizado por até 24 horas após o preparo, 
mantido em refrigeração.
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Como descrito nas diretrizes do Plano A, a alimentação da criança não deve ser interrompida, exceto 
em caso de estar associada a vômitos. Nesses casos, deve‑se suspender a alimentação, administrar o 
antiemético prescrito e aguardar seu efeito. Após 4 horas da medicação, a criança deve ser reavaliada 
quanto ao estado de hidratação. Selecionar o plano apropriado (A, B ou C) para continuar o tratamento.
A solução de reidratação oral (SRO) deve ser oferecida à vontade após cada evacuação, porém não 
deve ser misturada com outros líquidos como chás, leite ou refrigerante. É importante sempre orientar 
que a SRO não substitui as refeições.
7.1.1 Complicações da diarreia
Dentre as diversas complicações da diarreia, encontram‑se: a desidratação, as diarreias agudas de 
repetição (que espoliam tanto quanto as persistentes), desnutrição crônica e o retardo do desenvolvimento 
do peso e estatura e a morte (SÃO PAULO, 2015).
Agora estudaremos a diarreia aguda de repetição e a desidratação.
Diarreia aguda de repetição
Como já exposto, as diarreias agudas são autolimitadas, tendo um início e fim, durante 
aproximadamente sete dias. Dessa forma, se a criança for acompanhada e tratada, se recuperará bem. 
Porém, pode acontecer o que chamamos de diarreia aguda de repetição, quando a criança manifesta, 
em curtos períodos de tempo, diversos quadros diarreicos agudos.
Essa criança terá uma espoliação de oferta de nutrientes tão significativos como a que ocorre em uma 
criança com diarreia persistente ou crônica, levando‑a à perda de peso em curto prazo. Porém, com a 
espoliação de nutrientes de forma rotineira, pode levar a estágios mais graves, como a diminuição do seu 
potencial de crescimento, com ênfase tanto no sistema físico quanto no mental, levando à apatia, depressão, 
retardo do desenvolvimento psicomotor, alterações metabólicas e imunológicas, devido à desnutrição.
O enfermeiro deverá investigar o histórico dessa criança, verificando registros dessas ocorrências no 
prontuário e perguntando ao responsável se a criança já foi atendida em outro local recentemente com 
a mesma queixa, há quanto tempo e qual foi o tratamento realizado. As diarreias de repetição devem ter 
suas causas muito bem avaliadas pelo profissional da saúde para serem imediatamente interrompidas e 
a investigação deve ser integrativa e não meramente pontual.
Exemplo de aplicação
Um enfermeiro atende uma criança e verifica que ela está com diarreia aguda, porém está hidratada. 
Segue com as orientações e tratamento do Plano A. Solicita exame de protoparasitológico de fezes e, ao 
receber o resultado, identifica que a criança está com parasitose.
Após 15 dias do fim do tratamento para a parasitose, a mãe leva a criança novamente para atendimento 
queixando‑se de diarreia. Outro enfermeiro atende e repete as ações anteriores. Ao receber o exame de fezes 
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mostrando a infecção parasitária, a criança recebe novo tratamento. E assim, sucessivamente, a criança vai 
sofrendo as espoliações dos episódios de diarreia aguda, perdendo peso e desnutrindo. Com o passar do 
tempo, a criança estará desnutrida e com todas as complicações dessa doença.
O enfermeiro deve procurar a causa das diarreias agudas de repetição, se possível, sanando‑as. É bem 
provável que, no caso descrito, a criança esteja exposta a condições precárias de higiene e recebendo cuidados 
inadequados, favorecendo manifestações diarreicas, estando propício a constantes exposições aos patógenos 
causadores da doença. Muitas vezes, orientações básicas e exequíveis podem interromper esse ciclo.
Muitos dados estatísticos, mundiais e brasileiros revelam as taxas de mortalidade relacionados à 
diarreia na infância. Poucos estudos e dados são revelados e discutidos sobre a morbidade dessa doença.
Quais as consequências da diarreia aguda de repetição, presente na infância de uma determinada 
população já adulta, expostas a condições de moradia inadequadas, sem acesso ao saneamento e à água 
potável? Reflita sobre isso.
Desidratação
A desidratação pode ocorrer, dentre outras causas, de uma complicação da diarreia, que, se não 
tratada, poderá levar ao choque hipovolêmico e consequentemente à morte.
Dessa forma, o exame físico é importante para avaliar a presença de desidratação para a instituição 
das ações necessárias para reversão do quadro.
Sabemos que cerca de 60% do corpo humano adulto é constituído de líquido, sendo 20% compondo 
o líquido extracelular (LEC) e 40% o líquido intracelular (LIC).Numa criança, a constituição de líquidos 
é maior, ou seja, 80% da composição corpórea da criança é de líquidos, distribuídos no LEC (60%) e 
no LIC (20%). Então, a criança apresenta maior proporção de líquidos em sua composição geral, se 
comparada ao adulto, além de dispor uma maior proporção de líquidos mantidos no LEC. Essa diferença, 
principalmente em neonatos e lactentes, torna‑a mais suscetível à desidratação.
A desidratação é classificada de acordo com os sinais e sintomas da criança, podendo ser leve, 
moderada ou grave. Quanto mais cedo houver intervenção nas fases da desidratação, menores as 
complicações. A desidratação grave evolui rapidamente para o choque hipovolêmico, que evolui 
para morte.
 Lembrete
A desidratação pode ocorrer por déficit de volumes dos líquidos corporais, 
denominadas de desidratação volumétrica, ou das alterações na composição dos 
líquidos corporais, por motivos dos distúrbios da osmolaridade, como no caso 
da hiponatremia e da hipernatremia, denominadas de desidratação quantitativa.
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Unidade IV
O enfermeiro deve avaliar a umidade das mucosas, turgor da pele, perfusão periférica, volume 
urinário e atentar‑se aos sinais de choque hipovolêmico. Mediante a essas condições, a criança poderá 
estar hidratada ou desidratada.
Quadro 18 – Principais sinais para avaliação do grau de 
desidratação na infância, da criança com diarreia
Hidratado
Desidratação
Leve Grave
Estado geral Ativo Sede, irritabilidade Prostrado, hiporeativo, comatoso
Olhos Normais Enoftalmia Enoftalmia pronunciada, tensão ocular diminuída
Umidade das mucosas Normal Reduzida Reduzida, quase seca
Turgor de pele Normal Alterado Turgor pastoso
Lágrimas Presentes Ausentes ou diminuídas Ausentes 
Fontanela Plana Deprimida Muito deprimida
Sede Normal Evidente Intensa
Pulsos Cheios, normais Normais, pouco finos Finos, difícil palpação dos periféricos
Perfusão periférica
Normal
(>3 segundos)
3 a 6 segundos > 10 segundos
Frequência cardíaca Normal Taquicardia discreta Taquicardia significativa
Volume urinário Normal Reduzida, concentrada Ausente
Perda de peso (decorrente 
da perda líquida)
Até 3% do peso ou até 
30 ml/kg
De 3 a 10% do peso ou de 30 
a 100 ml/kg
Acima de 10% de peso ou acima 
de 100 ml/kg
Plano básico de 
tratamento
PLANO A
Manter oferta de 
líquidos (TRO) e manter 
alimentação
PLANO B
Reparação com soro oral ou 
com soro venoso quando a via 
oral é impossível
PLANO C
Reparação venosa urgente, para 
expansão do LEC, manutenção 
dos eletrólitos. 
Fonte: Oliveira (2005, p. 316).
Após avaliação clínica da criança, o enfermeiro deverá estabelecer qual plano de tratamento será executado.
 Lembrete
Se a criança estiver com diarreia, porém hidratada, estabelece‑se o Plano 
A, no qual a criança, após o atendimento, é dispensada com orientações de 
cuidados domiciliares levando sais hidratantes para casa.
Quando a criança com diarreia estiver com sinais de desidratação 
leve, deverá receber o mesmo tipo de tratamento, com TRO, só que sob 
observação, não deve ser dispensada. Chamamos de Plano B. Em 4 horas, a 
criança deverá ter apresentado duas micções claras e abundantes, além de 
serem observados os sinais de hidratação.
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A criança deve sempre ser pesada para monitoração do ganho de peso. Pode‑se realizar controle da 
diurese usando saco coletor, se necessário, em crianças sem controle vesical. Nesse momento, suspender 
a alimentação enquanto a criança permanecer desidratada. A exceção são crianças alimentadas com 
leite materno, que podem continuar fazendo uso desse alimento à vontade (BRASIL, 2017).
Deve‑se iniciar a Terapia de Reidratação Oral (TRO) com SRO, como recomendado pela 
Organização Mundial da Saúde (OMS), em pequenos volumes, aumentando a frequência da oferta 
aos poucos. O volume a ser ofertado depende do grau de desidratação.
Usuários com desidratação leve (perda de 3% a 5% do peso corporal) devem receber 50 ml/kg de 
SRO, mais a reposição das perdas continuadas em um período de quatro horas. Aqueles com desidratação 
moderada (6% a 9% do peso corporal) devem receber 100 ml/kg de SRO mais a reposição de perdas 
continuadas, em um período de quatro horas.
Deve‑se evitar o uso de antitérmico caso haja febre. Esta costuma ceder à medida que a 
desidratação vai sendo reparada. A criança deve ser avaliada constantemente, pois o Plano B 
termina quando desaparecem os sinais de desidratação, a partir do qual se deve adotar ou retornar 
ao Plano A.
A TRO é contraindicada quando há perda ou ganho insuficiente de peso após as primeiras horas 
de TRO, quando os vômitos associados são persistentes, mediante a recusa persistente da criança 
em relação a SRO, distensão abdominal grave, íleo paralítico, evolução para choque hipovolêmico 
(OLIVEIRA, 2005; BRASIL 2017).
Deve‑se iniciar o Plano C quando o paciente apresentar dificuldade de ingestão de líquidos devido 
à hiperêmese, quadro de desidratação grave ou colapso circulatório (choque). Essa situação se constitui 
em emergência médica e o usuário deverá ser transferido o mais rapidamente possível.
A reidratação para crianças com desidratação grave é feita por via endovenosa, após punção venosa 
periférica que permita cateter venoso de calibre grosso. A reidratação venosa é composta das seguintes 
etapas, recomendadas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2017):
• Fase rápida de expansão: tem como finalidade expandir o LEC e estabelecer a volemia. 
Soro glicosado a 5% (SG 5%) e Soro Fisiológico a 0,9%, sendo 1:1 (partes iguais), na dose 
de 20 ml/kg a cada 20 minutos até reidratação completa, que se traduz por duas diureses 
claras e abundantes. Repetir quantas vezes for necessário.
• Fase de manutenção: depois dos resultados positivos da fase rápida, passa‑se para a fase de 
manutenção, na qual a reposição é feita em 24 horas, com soluções compostas de:
— SG 5%:
‑ Até 10 kg: 100ml/kg.
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‑ De 10 kg a 20 kg: 1.000 ml + 50 ml para cada kg de peso acima de 10 kg.
‑ Acima de 20 kg: 1.500 ml + 20 ml para cada kg de peso acima de 20 kg.
— Íons:
‑ Na 10%: 3,0 mEq/100ml/dia.
‑ K 19,1%: 2,5 mEq/100ml/dia.
— Taxa de infusão de glicose (TIG): 0,3 g a 0,5 g glicose/100ml/hora.
O enfermeiro deve avaliar as condições clínicas da criança e a evolução da desidratação, tanto 
no sentido de melhora, como também em casos de piora do quadro clínico. Deve estabelecer uma 
contínua vigilância, especialmente considera‑se o controle do balanço hídrico, avaliando as perdas e 
ganhos hídricos. Deve‑se monitorar os sinais vitais, como a temperatura, presença e localização dos 
pulsos periféricos, as frequências cardíaca e respiratória e a pressão arterial. Deve‑se atentar‑se ao 
comportamento (agitado ou hiporesponsivo, demostrando muita sede ou comatosa), e identificar a 
perfusão periférica, hidratação das mucosas, prega cutânea e ao controle do peso corporal. As condições 
da fontanela (em caso de lactentes) também devem ser investigadas.
 Saiba mais
Para conhecer mais sobre a desidratação na infância, leia:
ROSSI, L.; REIS, V. A. B.; AZEVEDO, C. O. E. Desidratação e recomendações 
para a reposição hídrica em crianças fisicamente ativas. Rev. Paul. Pediatr., 
V. 28, n. 3, p. 337‑345, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpp/
v28n3/13.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2018.
7.2 Doenças respiratórias
As infecções de vias aéreas respiratórias são descritas de acordo com a localização anatômica afetada.
 Lembrete
O trato respiratório superior, ou vias aéreas superiores, consiste da 
orofaringe, faringe, laringe e na parte superior da traqueia.
O trato respiratório inferior é composto pela parte inferior da traqueia, 
brônquios e alvéolos.
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As infecções do trato respiratório são responsáveis pela maioria das doenças agudas em crianças. 
A etiologia e o curso dessas infecções são influenciados pela idade, estação do ano, condições 
socioeconômicas, e problemas de saúde pré‑existentes (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
A lavagem de mãos por todas as pessoas que têm contato com o bebê deve ser orientada em todas 
as visitas de puericultura, com o objetivo de evitar a propagação de vírus causadores de doenças (ALVIM; 
LASMAR, 2009).
A prevenção das infecções de vias aéreas respiratórias se relaciona com a promoção da saúde 
integral da criança, evitando‑se a desnutrição, a prematuridade e o tabagismo passivo, promovendo o 
aleitamento materno, a vacinação e melhorando as condições de vida da população.
A ida precoce para a creche expõe a criança a um contato mais estreito com vírus e bactérias, 
constituindo um fator de risco importante para o aumento na incidência da doença, mas qualquer 
intervenção deve ser contextualizada e individualizada, pesando‑se os pontos positivos e os negativos.
A avaliação clínica deve ser realizada para identificar alguns sinais de alerta e solicitar ajuda sempre 
que necessário. Os principais sintomas de infecção respiratória aguda (IRA) incluem febre, tosse, 
dificuldade respiratória, coriza, obstrução nasal, dor de garganta e dor de ouvido.
O enfermeiro, ao identificar que a criança se encontra com infecção de vias aéreas respiratórias, deve 
acompanhar a evolução da doença, atentando‑se aos sinais de esforço respiratório como: a tiragem 
intercostal, batimentos de aletas nasais, gemência, respiração paradoxal e retração do apêndice xifoide, 
cianose e apneia. E lembrar que se estiverem associados aos sinais e sintomas da desidratação, causados 
pela diarreia e vômitos, se tornarão potencialmente mais graves.
 Lembrete
A hipertermia causa desconforto, deixando a criança irritada ou 
prostrada, aumenta a perda insensível de água e altera parâmetros 
importantes do exame físico, como a frequência respiratória.
O exame físico da criança com IRA deve ser completo, com especial atenção ao exame do aparelho 
respiratório, verificando‑se a frequência respiratória e oro, naso otoscopia. Nunca é demais pesquisar 
rigidez de nuca e sinais meníngeos para afastar a hipótese de meningite numa criança com febre 
(PITREZ; PITREZ, 2003).
7.2.1 Rinofaringite aguda
Esse termo abrange quadros como o do resfriado comum e ainda outros englobados sob a 
denominação de rinite viral aguda. É a doença infecciosa de vias aéreas superiores mais comum da 
infância. Crianças menores de cinco anos podem ter de cinco a oito episódios por ano. Essa situação é 
causada quase que exclusivamente por vírus. Entre as centenas deles, os mais frequentes são rinovírus, 
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coronavírus, vírus sincicial respiratório (VSR), parainfluenza, influenza, coxsackie, adenovírus e outros 
mais raros (OLIVEIRA, 2005; BRASIL, 2012a).
Pelo processo inflamatório da mucosa nasal, pode ocorrer obstrução dos óstios dos seios paranasais 
e tubária, permitindo, por vezes, a instalação de infecção bacteriana secundária (sinusite e otite média 
aguda). Alguns agentes etiológicos, como o VSR e o adenovírus, podem estar associados à evolução para 
infecção de vias aéreas inferiores (OLIVEIRA, 2005; PITREZ; PITREZ, 2003).
Segundo Alvim e Lasmar (2009), o resfriado comum é uma das causas mais frequentes de 
consulta em crianças. Os agentes etiológicos responsáveis são os vírus (rinovírus, adenovírus, 
coronavírus e parainfluenza).
A gripe, causada pelo vírus influenza, costuma ser classificada separadamente do resfriado comum, 
caracterizando‑se por um quadro de infecção viral de vias aéreas superiores (IVAS), com maior repercussão 
clínica. Pode apresentar‑se, na criança maior, com febre alta, prostração, mialgia e calafrios. Os sintomas 
de coriza, tosse e faringite podem ficar em segundo plano frente às manifestações sistêmicas mais 
intensas. Febre, diarreia, vômitos e dor abdominal são comuns em crianças mais jovens. Tosse e fadiga 
podem durar várias semanas (ANVISA, 2017).
A transmissão ocorre por meio das gotículas produzidas pela tosse e espirros (como um aerossol), ou 
pelo contato de mãos contaminadas com a via aérea de indivíduos sadios, e o contágio é significativo 
em comunidades fechadas e semifechadas, como domicílio, creches (importante na morbidade de 
lactentes), escolas e outras coletividades. O período de incubação dura entre dois a cinco dias (ANVISA, 
2017; PITREZ; PITREZ, 2003).
A rinofaringite pode iniciar com dor de garganta, coriza, obstrução nasal, espirros, tosse seca e febre 
de intensidade variável, podendo ser mais alta em menores de cinco anos. Alguns pacientes com essa 
infecção têm o seu curso sem a presença de febre. Determinados tipos de vírus podem também causar 
diarreia (ALVIM; LASMAR, 2009; PITREZ; PITREZ, 2003).
Durante a evolução pode surgir, em lactentes: inquietação, choro fácil, recusa alimentar, vômitos, 
alteração do sono, dificuldade respiratória por obstrução nasal, cefaleia, mialgias e calafrios.
Deve ser realizado o diagnóstico diferencial em relação ao sarampo, a coqueluche, a infecção 
meningocócica, faringite estreptocócica, hepatite A e mononucleose infecciosa, investigando as 
manifestações iniciais (OLIVEIRA, 2005).
O tratamento, para as rinofaringites, em geral, consiste em repouso, hidratação e dieta conforme 
aceitação, propiciando a higiene e a desobstrução nasal. O lactente menor de seis meses de idade pode 
apresentar muito desconforto com a obstrução nasal, portanto, esse cuidado é especialmente importante 
nesses lactentes, antes das mamadas e durante o sono. A umidificação do ambiente e o uso de medicamentos 
recomendados, como antitérmico e analgésicos, de acordo com os sintomas e a critério dos protocolos de 
saúde e médicos. O descongestionante nasal tópico pode ser usado com moderação em crianças maiores 
e com indicação médica (OLIVEIRA 2005; ANVISA 2017; PITREZ; PITREZ, 2003).
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As faringotonsilites ou faringoamigdalites agudas são definidas como qualquer processo 
inflamatório e/ou infeccioso agudo da mucosa faríngea. Elas manifestam‑se tipicamente por dor de 
garganta, odinofagia, febre, otalgia reflexa, astenia, dores musculares, cefaleia, artralgia e aumento 
de linfonodos cervicais.
Conforme a apresentação clínica, podem ser classificadas em eritematosas, eritematopultáceas, 
pseudomembranosas e ulcerosas (superficiais e profundas). A presença ou ausência das tonsilas não 
afeta a susceptibilidade, a frequência ou o curso das complicações. Em relação ao agente etiológico, são 
classificadas em bacterianas e virais (SÃO PAULO, 2015; ALVIM; LASMAR, 2009).
As diferenças entre faringotonsilites virais e bacterianas são:
Faringotonsilite viral: mais comum na faixa etária até 4 anos de idade. O início é gradual, com 
sinais iniciais inespecíficos de febre, mal‑estar e anorexia com dor de garganta moderada. No palato, 
podem se formar pequenas úlceras ou exsudatos em tonsilas. Sinais como aumento doloroso dos 
linfonodos cervicais, conjuntivite, rinite, tosse, rouquidão, coriza, estomatite, exantema micropapular 
e diarreia podem aparecer. A contagem de leucócitos tem pouco valor na diferenciação entre doença 
viral ou bacteriana.
A faringotonsilite aguda é incomum em crianças abaixo de 1 ano. A incidência aumenta 
até um pico entre 4 e 7 anos de idade, mas continua por toda a infância e idade adulta. São 
causadas, em geral, por vírus. Os mais frequentes são: Influenzae, Parainfluenzae, Paramyxovirus 
(sarampo), adenovirus, vírus Epstein‑Barr (mononucleose infecciosa),Herpes vírus hominis tipo I e 
II, Coxsackievirus A e B e Echovirus.
O tratamento das faringotonsilites virais são: paliativos, como o repouso, avaliação da dor e da febre, 
com administração de analgésicos e antitérmicos, estimulando a ingestão de líquidos não ácidos e não 
gaseificados e de alimentos pastosos, de preferência frios.
Faringotonsilite bacteriana: pode ser causada por Streptococcus pyogenes, Haemophilus 
influenzae, Staphylococcus aureus e Moraxella catarrhalis. A faringotonsilite estreptocócica é mais 
comum na faixa etária acima de 4 anos de idade. O início é abrupto, com febre alta de até 40 °C, 
dor de garganta com dificuldade à deglutição, linfonodomegalia cervical lateral, frequentemente 
dolorosa. A febre pode persistir por 1 a 4 dias.
O Streptococcus pyogenes, responsável pelas complicações das tonsilites, é o principal agente causal 
bacteriano e, exceto em períodos epidêmicos, responde por 20% a 40% dos casos. Outras bactérias, como 
Staphylococcus aureus e Moraxella catarrhalis, podem proliferar durante as infecções virais agudas e, 
consequentemente, serem encontradas em grande número nas culturas de material faríngeo.
O Streptococcus pyogenes, também denominado de Streptococcus beta‑hemolítico do grupo A de 
Lancefield, quando causador da faringotonsilite bacteriana, tem como achados clínicos o eritema difuso 
das tonsilas e seus pilares, com pontilhado petequial no palato mole, na presença ou não de exsudato 
ou linfadenite.
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O padrão‑ouro para o diagnóstico etiológico de uma faringotonsilite pelo Streptococcus pyogenes é 
a cultura do exsudato das tonsilas, criptas tonsilares ou faringe, com aproximadamente 95% de acurácia.
As possíveis complicações da amigdalite estreptocócica são: febre reumática, glomerulonefrite 
difusa aguda, linfadenite cervical e abscesso peritonsilar.
A presença de exantema áspero, macular e puntiforme, com sensação de “lixa” ou “pele de galinha”; 
flexuras avermelhadas (sinal de Pastia) e palidez perioral (sinal de Filatov) são características da 
escarlatina. As complicações mais frequentes estão relacionadas à infecção estreptocócica:
• Abscesso de linfonodo cervical com eritema, edema, dor e flutuação.
• Artrite reacional (não supurativa): durante período agudo da faringite surge sintomatologia poliarticular.
• Doença reumática e glomerulonefrite difusa aguda: razão importante pela qual se despendem 
tanto tempo e esforços no tratamento imediato da faringotonsilite estreptocócica.
• Abscesso peritonsilar: ocorre no espaço virtual situado entre o músculo constritor superior da 
faringe e a tonsila palatina (geralmente no polo superior).
 Saiba mais
No artigo a seguir, conheça mais sobre uma das mais sérias repercussões 
da doença estreptocócica: a glomerulonefrite.
COUSER, W. G. Patogênese e tratamento da glomerulonefrite: uma 
atualização. Artigo de revisão. J. Bras. Nefrol., São Paulo, v. 38, n. 1, p. 
107‑122, jan./mar. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jbn/
v38n1/0101‑2800‑jbn‑38‑01‑0107.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2018.
A criança apresenta dor de garganta intensa e trismo, devido ao espasmo dos músculos pterigoideos, 
e, frequentemente, recusa‑se a deglutir ou falar. A fala pode ser caracterizada por voz de “batata 
quente”. Pode haver torcicolo pelo espasmo dos músculos homolaterais do pescoço. A febre pode 
alcançar 40,5 °C. A área tonsilar afetada apresenta‑se intensamente edemaciada e inflamada, com 
abaulamento unilateral e deslocamento da úvula para o lado não afetado. Em pacientes não tratados, 
o abscesso torna‑se flutuante e pode ocorrer ruptura espontânea, se não drenado (SÃO PAULO, 2015; 
ALVIM; LASMAR, 2009).
O tratamento das faringotonsilite aguda estreptocócica, são, além dos descritos na de causa viral 
(o repouso, avaliação da dor e da febre, com administração de analgésicos e antitérmicos, estimulando 
a ingestão de líquidos não ácidos e não gaseificados e de alimentos pastosos, de preferência frios), a 
administração de antibióticos, pois encurtam a fase aguda e reduzem as complicações. Entre estes, estão:
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• Penicilina G Benzatina: fármaco de primeira escolha, principalmente nos casos de provável não 
adesão ao tratamento. Dose:
— < 25 Kg (600.000 U, IM, dose única).
— 25 Kg (1.200.000 U, IM, dose única ou 50.000 U/kg, IM, dose única).
• Amoxicilina: dose 50 a 100 mg/kg/dia, VO, 8/8 horas ou de 12/12 horas, por 10 dias.
• Eritromicina estolato: indicada para os alérgicos à penicilina, na dose de 30 mg/kg/dia, VO, 6/6 
horas, por 10 dias.
• Azitromicina: 5 a 10 mg/kg/dia, VO, em dose única diária, por 5 dias.
Exemplo de aplicação
Uma criança com Faringotonsilite bacteriana, com 20 kg de peso, necessitava receber a Penicilina 
G Benzatina, por via IM. Na prescrição médica contava a medicação acima, com o cálculo de 600.000 
U. Qual seria o cálculo se ela pesasse 25 kg ou mais?
Resolução:
Se ela pesasse 25 kg ou mais, receberia 50.000 U/kg, ou seja: 50.000 U para cada quilo.
Se ela pesasse 25 kg, o cálculo seria:
50.000 x 25= 1.250.000 U da medicação.
A criança pesando 25 kg receberia 1.250.000 U de Penicilina G Benzatina.
7.2.2 Otite média aguda (OMA)
A otite média aguda (OMA) é definida como uma inflamação de qualquer estrutura da orelha média 
e mastoide de qualquer etiologia.
Trata‑se de uma situação comum em crianças até 3 anos de idade. A fisiopatologia envolve a 
inflamação do mucoperiósteo (revestimento interno) da orelha média, associada ao acúmulo de 
secreção. A faixa etária entre seis e 24 meses e entre os quatro e sete anos são as idades com maior 
incidência. A justificativa desse fato apoia‑se na imaturidade do sistema imune e início nas escolas e 
creches, respectivamente. Estudos epidemiológicos também evidenciam que o grupo masculino é o mais 
afetado (BRASIL, 2012a; SÃO PAULO, 2015).
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É importante saber que a maioria dos casos de OMA em crianças com mais de dois anos evolui para 
cura espontânea sem necessidade de antibioticoterapia. Isso acontece porque muitos têm etiologia 
viral ou por ação dos mecanismos de defesa do próprio organismo, no caso de infecções bacterianas. 
Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenza e Moraxella catarrhalis são os agentes bacterianos 
mais comuns.
Consideram‑se a imaturidade do sistema imunológico, a posição da tuba auditiva (mais 
horizontalizada) e o desenvolvimento do crânio e da face como os fatores associados mais importantes. 
O sistema imunológico tem papel determinante no desencadeamento do quadro, por isso o aleitamento 
materno é um importante fator de proteção. A OMA recorrente pode ser um sinal de imunodeficiência 
de IgA e outras (SÃO PAULO, 2015).
A otite média, especialmente a recorrente, é a principal causa de déficit auditivo adquirido na 
infância, o que pode levar a atraso no desenvolvimento e dificuldade escolar. Além disso, existe o risco 
de complicações graves, apesar de raras, como mastoidite (ALVIM; LASMAR, 2009).
Geralmente a OMA ocorre junto ou como complicação de um quadro de IVAS, com sintomas iniciais 
gerais agudos, como febre, choro, inquietude, redução de ingesta, coriza, tosse e irritabilidade. Como 
sintoma específico, observam‑se a otalgia ou sinais indiretos, a hipoacusia (de difícil percepção em 
menores de 3 anos) e a otorreia, normalmente purulenta, após perfuração espontânea da membrana 
timpânica (SÃO PAULO,2015).
O exame físico geralmente evidencia uma membrana timpânica hiperemiada, com opacidade, 
edemaciada e até abaulada pelo acúmulo de secreção na orelha média. Uma situação específica é a 
presença de vesículas no folheto externo do tímpano, a miringite bolhosa, que faz parte de um quadro 
de prováveletiologia viral.
Como o abaulamento de membrana timpânica regride com 48 a 72 horas, mas a opacidade e a 
hiperemia podem persistir por mais tempo (4 a 6 semanas) e, às vezes, somam‑se a um novo episódio 
de IVAS, principalmente em crianças atópicas ou que frequentam instituição, é necessário ser criterioso 
ao considerar esse episódio como um novo diagnóstico de OMA.
O tratamento clínico é o mais indicado, com uso de sintomáticos (analgésicos e antitérmicos), 
limpeza nasal e, se necessário, antibioticoterapia. Quando há opacidade e hiperemia, se a 
criança puder ser reavaliada, deve‑se acompanhar e orientar os cuidadores sobre sinais de piora 
e complicações. O uso de antibióticos deve ser indicado quando, na otoscopia, identificam‑se 
abaulamento de membrana timpânica ou secreção purulenta. Na otoscopia, ao identificar 
perfuração timpânica, deve‑se orientar os cuidadores sobre a necessidade de proteção auricular 
(evitar molhar os ouvidos), com pedaço de algodão embebido em solução oleosa até que haja 
completa cicatrização. Os antibióticos têm indicação principalmente em crianças menores de dois 
anos, com OMA bilateral e OMA com otorreia. O antibiótico de primeira linha é a Amoxacilina 
(50 mg/kg/dia), em duas ou três doses diárias, por 7 a 10 dias (OLIVEIRA, 2005; SÃO PAULO, 2015).
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7.2.3 Pneumonia
A pneumonia, particularmente, continua sendo a principal causa de morte de crianças menores de 5 
anos, mais do que a malária, a tuberculose, o sarampo e a aids juntos. Aproximadamente metade de todas 
as mortes de crianças por pneumonia está ligada à poluição do ar. Sabe‑se que dois bilhões de crianças 
vivem em áreas onde a poluição do ar excede os padrões internacionais, e muitas adoecem e morrem 
como resultado. Aproximadamente 80% das mortes de crianças ligadas à pneumonia e 70% das que estão 
associadas à diarreia ocorrem durante os dois primeiros anos de vida (WHO; UNICEF, 2013).
A figura a seguir mostra as mortes de crianças no mundo, decorrentes da pneumonia, entre os anos 
de 2011 e 2015. Observa‑se que as regiões mais pobres são as mais acometidas.
Latim America 
and Caribbean
West and 
Central Africa
Eastern and 
Southern Africa
Sub‑Saharan 
Africa
Middle East and 
North Africa
South Asia
East Asia and 
the Pacific
CEE/CIS
20~28%
15~19%
10~14%
5~9%
<5%
No data
Figura 89 – Demonstração de mortes de crianças no mundo, decorrentes da pneumonia, entre os anos de 2011 e 2015
Conceitualmente, a pneumonia é um processo inflamatório, geralmente infeccioso, que envolve o 
parênquima pulmonar e que pode ser causado por bactérias, vírus, Mycoplasma ou por aspiração. A infecção 
geralmente ocorre a partir das vias aéreas superiores e raramente pela via hematogênica (OLIVEIRA, 2005). 
A maioria dos quadros de pneumonia acontece após uma infecção viral das vias aéreas superiores, mas 
apenas a minoria dos quadros de IVAS se complica com pneumonia (ALVIM; LASMAR, 2009).
 Observação
Uma criança com broquiolite, pode evoluir para pneumonia.
Uma criança com gripe poderá complicar e evoluir para pneumonia.
A maioria dos quadros de pneumonia acontece após uma infecção viral de vias aéreas superiores, 
mas apenas a minoria dos quadros de IVAS se complica com pneumonia.
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Quadro 19 – Principais sinais e sintomas da criança com pneumonia
Pneumonia em 
crianças > 4 
semanas e ≤ 1 
ano
Paciente COM doença cardíaca ou pulmonar de base com DUAS ou mais radiografias de tórax seriadas 
com um dos seguintes achados, persistentes, novos ou progressivos: infiltrado persistente novo ou 
progressivo, opacificação, cavitação, pneumatocele.
E piora da troca gasosa (dessaturação, como por exemplo PaO2/ FiO2 < 240) ou aumento da oferta de 
oxigênio ou aumento dos parâmetros ventilatórios).
E pelo menos TRÊS dos seguintes sinais e sintomas:
Instabilidade térmica.
Leucopenia (≤ 4.000 cel/mm3) ou leucocitose (≥ 15.000 cel/mm³) e desvio a esquerda (≥ 10% bastonetes).
Surgimento de secreção purulenta ou mudança das características da secreção ou aumento da secreção 
respiratória ou aumento da necessidade de aspiração.
Apneia, taquipneia, batimento de asa de nariz e tiragem intercostal.
Ausculta com sibilos, roncos ou estertores.
Tosse.
Bradicardia (< 100 bmp) ou taquicardia (> 170 bpm).
Pneumonia 
crianças > 1 ano 
e < 12 anos
Paciente COM doença cardíaca ou pulmonar de base com DUAS ou mais radiografias de tórax seriadas 
com um dos seguintes achados, persistentes, novos ou progressivos: infiltrado persistente novo ou 
progressivo, opacificação, cavitação.
E pelo menos TRÊS dos seguintes sinais e sintomas:
Febre (temperatura: > 38 ºC).
Leucopenia (≤ 4.000 cel/mm³) ou leucocitose (≥ 15.000 cel/mm³).
Surgimento de secreção purulenta ou mudança das características da secreção ou aumento da secreção 
respiratória ou aumento da necessidade de aspiração.
Início ou piora da tosse ou dispneia ou apneia ou taquipneia.
Ausculta com roncos ou estertores.
Piora da troca gasosa (como por exemplo PaO2/FiO2<240, ou aumento da oferta de oxigênio ou 
aumento dos parâmetros ventilatórios).
Fonte: Anvisa (2017, p. 60).
Os sintomas mais frequentes da pneumonia são febre, tosse, taquipneia (respiração rápida), 
sudorese, calafrios, perda de apetite e vômitos. Em crianças muito pequenas nem todos os sintomas 
são detectáveis devido à dificuldade que elas têm de expressarem sintomas como dores e náuseas, 
por exemplo. Os dados que levam à suspeita diagnóstica têm que ser percebidos e interpretados pelos 
familiares e/ou profissionais da saúde (PITREZ; PITREZ, 2003).
Da mesma forma que exposto anteriormente, o enfermeiro, ao identificar que a criança se encontra 
com infecção de vias aéreas respiratórias, deve acompanhar a evolução da doença, atentando‑se aos sinais 
de esforço respiratório: a tiragem intercostal, batimentos de aletas nasais, gemência, respiração paradoxal e 
retração do apêndice xifoide, cianose e apneia. E lembrar que se estiverem associados aos sinais e sintomas 
da desidratação, causados pela diarreia e vômitos, se tornarão potencialmente mais graves.
O tratamento da pneumonia na infância varia de acordo com sua severidade e o tipo de agente 
etiológico. Os antibióticos, se for o caso, devem ser escolhidos pelo médico de acordo com a ideia 
dos agentes etiológicos mais incidentes em cada faixa etária. Eles são capazes de tratar a maioria das 
formas de pneumonias bacterianas, mas a resistência das bactérias aos antimicrobianos tem aumentado, 
principalmente pelo uso incorreto de medicamentos (BRASIL, 2012a; PITREZ; PITREZ, 2003).
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Depois de apurada em laboratório a natureza do agente infeccioso e a sua sensibilidade aos 
diferentes antimicrobianos, o que demora alguns dias, o antibiótico inicial pode ser trocado. Além da 
antibioticoterapia, cuidados importantes devem ser considerados pelo enfermeiro, tais como:
• Manter a permeabilidade das vias aéreas através da aspiração 
frequente de secreções e desobstrução nasal.
• Promover a hidratação.
• Controlar os sinais vitais, a perfusão periférica, perfil do padrão respiratório.
• Realizar balanço hídrico.
• Pesar a criança diariamente.
• Evitar alimentar excessivamente a criança com desconforto 
respiratório pela possibilidade de vômitos e aspiração (OLIVEIRA, 
2005, p. 263‑271).
A introdução da vacinação contra Haemophilus influenzae tipo B e Streptococcus pneumoniae 
reduziu muito a incidência de pneumonias em crianças.
 Saiba mais
Conheça mais sobre as repercussões da vacina antipneumocócica 10 valente:
SILVA, S. R. et al. Impacto da vacina antipneumocócica 10ֳvalente 
na redução de hospitalização por pneumoniaadquirida na comunidade 
em crianças. Rev. Paul. Pediatr., São Paulo, v. 34, n. 4, p. 418‑424, out./
dez. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpp/v34n4/
pt_0103‑0582‑rpp‑34‑04‑0418.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2018.
8 A HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA E AS PRINCIPAIS TÉCNICAS DE ASSISTÊNCIA
8.1 A criança hospitalizada
A hospitalização durante a infância é um acontecimento estressante e traumatizante para a criança, 
pois ocorre ruptura com o seu meio social, suas atividades, seus hábitos e costumes. As crianças ficam 
imersas em um ambiente novo, repleto de restrições e rotinas, com pessoas desconhecidas e, além disso, 
são submetidas a procedimentos geradores de medo e dor (SOUSA et al., 2011).
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A criança hospitalizada vivencia inúmeros sofrimentos – separação, dor, desconforto físico decorrente 
da intensa manipulação e doença – que influenciam nas esferas afetiva, psicológica e emocional, 
sendo importante que o enfermeiro reconheça tais sofrimentos. Para tanto, é necessário ouvi‑las para 
apreender a dimensão da doença em sua vida e o modo como é vivida, sendo esses aspectos singulares 
para cada criança (VASQUES; BOUSSO; MENDES‑CASTILHO, 2011).
 Saiba mais
Conheça um pouco mais sobre a importância de ouvir a criança 
hospitalizada, e suas percepções sobre os cuidados de enfermagem lendo 
o artigo:
SANTOS, P. M. et al. Os cuidados de enfermagem na percepção da 
criança hospitalizada. Rev. Bras. Enferm., Brasília, v. 69, n. 4, p. 603‑609, 
jul./ago. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/
v69n4/0034‑7167‑reben‑69‑04‑0646.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2018.
As doenças carenciais aumentam a suscetibilidade das crianças a diarreias e infecções, além de 
poder comprometer a maturação do sistema nervoso, visual, mental e intelectual. Toda criança atendida 
em nível hospitalar deve ter de início, seu estado nutricional criteriosamente avaliado. As crianças 
com desnutrição grave devem ter atendimento e cuidado especializado imediatos, devido à sua maior 
susceptibilidade a complicações graves e risco de morte (BRASIL, 2005a).
O processo de hospitalização é marcado por insegurança, desconforto para a criança, combinação de 
anseios e medos por estar rodeada de pessoas desconhecidas em ambiente hostil.
Figura 90 – Mãe em contato com o filho internado em terapia intensiva
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Há várias maneiras que podem aliviar o stress da criança hospitalizada. Uma delas é fazer este 
pequeno ser sentir‑se confortável no processo de hospitalização, familiarizando‑o com o ambiente 
ao conduzi‑lo antes da internação, caso ela já esteja confirmada, conhecer o local para que entenda 
o funcionamento e procedimentos hospitalares. Há determinados hospitais que oferecem atividades 
lúdicas para as crianças em fase de hospitalização sentirem‑se acolhidas e confortáveis, tendo também 
a família no acompanhamento, observando a melhora do estado de saúde do filho e o empenho da 
equipe de enfermagem ao cuidar com atenção deste ser internado (GONÇALVES et al., 2017).
A legislação brasileira regulamenta o funcionamento das brinquedotecas nas unidades de saúde que 
ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação, determinando as seguintes diretrizes:
I – os estabelecimentos hospitalares pediátricos deverão disponibilizar 
brinquedos variados, bem como propiciar atividades com jogos, brinquedos, 
figuras, leitura e entretenimento nas unidades de internação e tratamento 
pediátrico como instrumentos de aprendizagem educacional e de estímulos 
positivos na recuperação da saúde;
II – tornar a criança um parceiro ativo em seu processo de tratamento, 
aumentando a aceitabilidade em relação à internação hospitalar, de forma 
que sua permanência seja mais agradável;
III – agregação de estímulos positivos ao processo de cura, proporcionando 
o brincar como forma de lazer, alívio de tensões e como instrumento 
privilegiado de crescimento e desenvolvimento infantil;
IV – ampliação do alcance do brincar para a família e os acompanhantes 
das crianças internadas, proporcionando momentos de diálogos entre os 
familiares, as crianças e a equipe, facilitando a integração entre os pacientes 
e o corpo funcional do hospital;
V – a implementação da brinquedoteca deverá ser precedida de um trabalho 
de divulgação e sensibilização junto à equipe do Hospital e de Voluntários, 
que deverá estimular e facilitar o acesso das crianças aos brinquedos, do 
jogos e aos livros (BRASIL, 2005b).
No ambiente hospitalar, a presença do familiar se configura em uma referência da vida da criança 
fora do hospital, trata‑se de alguém que ela conhece e reconhece o cheiro, o toque e a fisionomia. 
No familiar, a criança busca a força e a segurança necessárias para enfrentar o medo, a dor e os 
demais sentimentos gerados em função da doença e da hospitalização (RIBEIRO et al., 2017). Trata‑se, 
portanto, de um momento estressante tanto para criança quanto para os seus familiares.
Por outro lado, os pais estão ávidos de informação, valorizando todos os aspectos relativos ao estado de 
saúde da criança e o conhecimento das implicações que a doença pode ter no seu futuro. Os profissionais 
de saúde, ao terem uma perspectiva pouco clara daquilo que os pais valorizam, reduzem a possibilidade de 
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resposta efetiva às suas necessidades, o que sugere contribuir para aumentar a ansiedade e insegurança 
dos pais (MELO et al., 2014). Dessa forma, o enfermeiro deve acolher a família da criança para se estabelecer 
um vínculo, fundamental para potencializar a recuperação da criança.
Portanto, é previsto que o familiar tenha dificuldade em atender às necessidades da criança 
hospitalizada, já que ele próprio não sabe como agir no ambiente hospitalar e enfrentar a doença. 
No entanto, quando é orientado sobre as condições de saúde da criança, sobre a perspectiva do 
tratamento (duração, complicações) e convidado a colaborar/auxiliar no tratamento, ou seja, no cuidado 
compartilhado, não se sentirão excluídos da vida da criança e os resultados serão positivos.
Existem aspectos que dificultam o cuidado compartilhado, uma vez que o ambiente hospitalar exige 
da família condutas e comportamentos diferentes dos manifestados em casa, limitando suas ações de 
cuidado. Uma sala de convivência, pode ajudar ampliar a interação e coparticipação dos familiares no 
cuidado à criança por meio da realização de atividades cotidianas, facilitando o cuidado compartilhado 
entre enfermagem e família (RIBEIRO et al., 2017).
Os conhecimentos acerca das necessidades dos pais durante o acompanhamento da criança doente, 
em contexto hospitalar, permitem salientar o interesse e o envolvimento dos pais nos cuidados de saúde 
da criança internada, de modo a contribuir para a atenção à saúde qualificada e humanizada (FERREIRA 
et al., 2010).
Além disso, informar o familiar sobre o tratamento e a realização de procedimentos e exames, bem 
como esclarecer as dúvidas que emergem deles, transmite segurança e tranquilidade, propicia a sensação 
de respeito e valorização como coparticipante no cuidado. (RIBEIRO et al., 2017).
Por essa razão, o enfermeiro deve estimular uma relação salutar, estabelecida entre a família 
e a equipe, podendo conhecer melhor a criança, esclarecer as dúvidas familiares e construir uma 
rede de confiança. A confiança mútua é fundamental para as vivências que virão, podendo ser 
positivas, em casos de recuperação da saúde da criança, ou mesmo para um melhor entendimento 
e aceitação em casos de evoluções não muito satisfatórias, como a morte.
Figura 91 – Demonstração da família participante na internação da criança
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Considerando que a hospitalização da criança pode gerar mudanças na rotina e na relação familiar, 
muitas vezes, a família confere à enfermagem o papel de referência e apoio, inclusive, associando‑a 
à figura familiar. Assim sendo, os profissionais de enfermagem se encontram em lugar privilegiado 
para transformar o cuidado, valorizando o protagonismo dos familiares e contribuindo para que o 
cuidado compartilhado entre enfermagem e família se efetive, de forma respeitável, responsável e 
ética (RIBEIRO et al., 2017).
A crise da doença e da hospitalização da criança afetam todos os membros da família. 
Quando a assistência hospitalar está centrada nas necessidades da criança doente, e não 
apenas na doença, quando é permitido aos pais participarem do cuidado, eles sentem‑se mais 
tranquilos e confiantes.
 Saiba mais
Leia o artigo a seguir para conhecer mais sobre a criança hospitalizada 
e a família participante:
RIBEIRO, J. P. et al. Criança hospitalizada: perspectivas para o cuidado 
compartilhado entre enfermagem e família. Rev. Enferm. UFSM, v. 7, n. 3, 
p. 350‑362, jul./set. 2017. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/
reufsm/article/view/26333/pdf>. Acesso em: 29 jun. 2018.
Como já comentado, as crianças e a família necessitam de cuidados individualizados para 
minimizarem os potenciais efeitos negativos da internação, podendo ser trabalhada a preparação 
da criança para a internação, quando possível. Esse preparo pode ocorrer, com agendamentos de 
visita da família na unidade de internação que receberá a criança, com atividades lúdicas. Essa 
ação traz o benefício de que o medo do desconhecido (fantasia) não exceda o medo do conhecido 
(HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
O enfermeiro deve manter as condições de trabalho no ambiente hospitalar dentro de todos os 
critérios necessários para primar pela assistência à criança. Sendo assim, o enfermeiro pediátrico deve 
participar ativamente durante as construções e ampliações de serviços pediátricos da instituição onde 
trabalha, conhecendo o que será realizado e, se possível, opinando.
Deve organizar o trabalho de acordo com as diretrizes para a assistência direta à criança, no 
que se refere ao ambiente e aos recursos tecnológicos e insumos necessários. Esse planejamento 
é fundamental, respaldado por protocolos de atendimento à criança e à família participante, com 
ênfase na qualidade da assistência, evitando ao máximo expor a criança/família aos riscos que 
comprometam sua segurança.
A segurança da criança durante a internação dependerá da organização dos processos de trabalho.
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Unidade IV
 Saiba mais
Para se aprofundar sobre a segurança do paciente no cuidado à criança 
hospitalizada, leia:
WEGNER, W. et al. Segurança do paciente no cuidado à criança 
hospitalizada: evidências para enfermagem pediátrica. Rev. Gaúcha Enferm., 
Porto Alegre, v. 38, n. 1, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
rgenf/v38n1/0102‑6933‑rgenf‑1983‑144720170168020.pdf>. Acesso em: 
29 jun. 2018.
 Lembrete
Os recursos materiais devem atender à criança e não devem ser providos 
de adaptações de recursos disponíveis aos usuários adultos, pois a criança 
não é um adulto em miniatura.
Segundo as diretrizes para admissão hospitalar, sugeridas por Hockenberry e Wilson 
(2014, p. 597), na pré‑admissão, o enfermeiro deve designar o quarto com base na idade de 
desenvolvimento, gravidade de diagnóstico, transmissibilidade de enfermidade e duração prevista 
da hospitalização. Organize o prontuário e os materiais e insumos necessários para a admissão. 
Depois, receba a criança e se apresente, tornando‑se uma referência inicial para os pais/cuidador 
e a criança. Oriente sobre as principais rotinas e funcionamento do quarto: luz de chamada, 
banheiro, controles do leito, telefone, televisão, horários de funcionamento de serviços de apoio, 
como lanchonetes e livrarias, e apresente a unidade de internação, se possível, orientando sobre 
a brinquedoteca, áreas de sol, entre outros. Explique os regulamentos, como em relação às visitas 
médicas, horários de visitas e refeições.
Verifique se a criança está com a pulseira de identificação e se o nome e a unidade de internação 
estão corretos. Inicie a Sistematização da Assistência de Enfermagem, verificando os sinais vitais e o peso 
(deverá ser verificado diariamente, no mesmo horário, se possível), e fazendo a entrevista (detalhada 
anteriormente), mediante a coleta de dados (histórico e exame físico).
A prescrição de enfermagem da criança internada deve prever os valores de referência 
dos sinais vitais, de acordo com a idade e as condições clínicas. Esses valores devem ser 
consultados em tabelas de referências para peso, altura, frequências cardíacas e respiratórias, 
pressão arterial, temperatura e escalas de dor, e adotados individualmente, para cada criança 
em específico.
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8.2 Os cuidados de enfermagem na saúde da criança e do adolescente
8.2.1 Administração de medicamentos e a criança
A administração de medicamentos em crianças é um dos aspectos mais desafiadores e críticos 
da enfermagem pediátrica, pois, diferente da administração de medicamentos do adulto, no qual o 
princípio geral é que “uma dose é igual para todos “ se aplica, na enfermagem pediátrica ela precisa ser 
individualizada (BOWDEN; GREENBERG, 2005).
Os efeitos farmacocinéticos e farmacodinâmicos das drogas são previstos de acordo com a 
idade, ou seja, capacidades de desenvolvimento de cada faixa etária. Como já estudado, quanto 
menor a idade da criança, especialmente os prematuros, neonatos e lactentes, os efeitos são menos 
previsíveis. Crianças menores não são capazes de metabolizar drogas com a mesma facilidade que os 
adultos, devido à biotransformação dificultada em virtude da imaturidade dos sistemas enzimáticos 
hepáticos e a excreção retardada devido à imaturidade renal. A absorção (via gastrintestinal) é 
reduzida em menores de 6 meses devido à velocidade de esvaziamento ser maior. Esse aumento 
do trânsito intestinal é previsto até 2 anos de idade. A distribuição da droga é diferente em relação 
ao adulto, devido à maior quantidade de água relacionada à superfície corporal, principalmente no 
recém‑nascido (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Características de absorção, distribuição, metabolismo e excreção de drogas diferem do recém‑nascido 
ao adolescente, sendo, portanto, necessário que enfermeiras‑pediatras possuam conhecimentos 
científicos e técnicos específicos que possibilitem a realização segura e eficaz da terapia medicamentosa 
(PETERLINI; CHAUD; PEDREIRA, 2003).
Dessa forma, as medicações prescritas para crianças variam de doses, pois são prescritas de acordo 
com o peso e a idade.
Por exemplo, a Amicacina (aminoglicosídeo) tem apresentação em ampola com 2 ml: 50 mg/ml, via 
endovenosa. A dosagem recomendada é 15 mg/kg/dia (dividido em três doses no dia). Se a criança pesar 
5 kg, receberá 75 mg/dia, ou seja, 25 mg/dose, ou seja, 0,5 ml. Se a criança pesar 10 kg, receberá 150 mg/
dia, ou seja, 50 mg/dose, ou seja, 1,0 ml/dose.
 Observação
Essa medicação deverá ser rediluída: para cada 6 mg da solução, rediluir 
em 1 ml de Soro Glicosado 5% ou em Soro Fisiológico (0,9%).
O enfermeiro é o profissional responsável pelo processo de administração de medicamentos, atuando 
na liderança da equipe de enfermagem e, portanto, amplamente responsável também em relação ao 
cuidado da criança que se encontra em terapia medicamentosa.
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Unidade IV
Embora a prescrição de fármacos seja de responsabilidade médica, os conhecimentos do enfermeiro 
são fundamentais, pois a equipedeve estar capacitada e apta para medicar a criança, verificando a 
dosagem correta, via, ação esperada, acessórios viáveis, efeitos colaterais e os sinais de toxidade 
(PETERLINI; CHAUD; PEDREIRA, 2003).
Para todas as medicações realizadas na criança, o enfermeiro deve registrar no prontuário, além da 
checagem da medicação, o local em que foi feita a aplicação (como músculo lateral da coxa esquerda), 
se houve algum motivo pelo qual a medicação não foi realizada, como em casos de rejeição, as queixas, 
intercorrências e providências adotadas, assinando o nome com os dados de registro no Conselho 
Regional de Enfermagem.
A quantidade que muitas vezes precisa ser administrada em crianças (já que a maioria 
da fabricação de fármacos é feita com base nas necessidades do adulto), exigem verdadeiros 
malabarismos para se obter as doses, que são muito fracionadas. Por exemplo: ao diluírem‑se 
1.000 miligramas (mg) de determinada medicação para administrarem‑se 40 mg; aspirarem‑se 
8 microgramas (mcg) de outra, cuja apresentação é de 500 mcg por mililitro de solução. Essas 
manobras geram maior demanda de tempo de trabalho de enfermagem, além da necessidade de 
manipulação exagerada das soluções, o que pode comprometer a qualidade do procedimento 
em vários aspectos, como quanto à estabilidade e possibilidade de contaminação (PETERLINI; 
CHAUD; PEDREIRA, 2003).
Assim, o enfermeiro deve se atentar aos cálculos das doses que serão previstas para a terapia 
medicamentosa e verificar se estão sendo realizadas pela equipe de enfermagem.
 Observação
É importante nunca administrar medicamentos que estejam 
em frascos sem rótulo, bem como verificar a data de validade do 
medicamento. Além disso, é preciso conhecer a ação farmacológica, 
o cálculo da dose e os sinais de toxidade e cuidados específicos para 
cada medicamento.
8.2.1.1 Via Oral (VO)
Como já descrito anteriormente, os fatores que interferem a absorção pelo trato gastrintestinal 
são: PH gástrico, tempo de esvaziamento gástrico, motilidade, área de absorção, atividade enzimática e 
fatores alimentares. Essa via de administração de fármacos em crianças é de fácil acesso, menos invasiva 
e menos traumática.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Quadro 20 – Principais cuidados na administração de fármacos pela via oral em crianças
Pontos de observação na administração de fármacos por VO Conduta
Risco de aspiração, principalmente em relação ao 
comprimidos, cápsulas e pílulas.
Oferecer sempre na posição sentado, sob supervisão.
Orientar a criança antes.
Risco de intoxicação endógena pelo motivo de a criança se 
sentir estimulada a ingerir, sem necessidade, pelo sabor e 
coloração da droga. 
Orientar o cuidador para deixar o medicamento em locais de 
difícil acesso e medicar somente sob supervisão.
Evitar a diluição, principalmente em grandes volumes de 
água.
Usar dispositivos adequados, que evitem desperdícios da droga, 
como as seringas para uso VO.
Evitar riscos de confundir a via de administração de drogas, 
usando o mesmo tipo de seringas para administração por via 
oral e vias hipodérmicas.
Usar seringas padronizadas e diferenciadas, exclusivas para uso 
VO, geralmente de coloração distinta para essa via.
Risco de administração de drogas VO em crianças 
inconscientes.
Avaliar grau de consciência antes de administrar o fármaco por 
VO, e somente administrar se a criança estiver consciente.
Drogas que não apresentem estabilidade em forma de 
solução.
Diluir em água no momento de administrar, calcular, fracionar.
Orientar a mãe como diluir em casa, a quantidade de diluente, 
a dose, os efeitos colaterais (se houver), respeitar o prazo e não 
reaproveitar depois do tempo de estabilidade da diluição.
Administrar a medicação lembrando do desenvolvimento 
cognitivo da criança.
Lactentes: posição semi‑reclinada.
Período em que houver a protrusão da língua, administrar na 
parte lateral da boca.
O choro de crianças medicadas por VO pode levar à 
broncoaspiração. 
Evitar administrar medicações VO quando a criança estiver 
chorando.
Fonte: Bowden e Greenberg, 2005, p. 112.
Se a criança estiver internada, os registros de dificuldade de deglutição e presença de vômitos devem 
ser registrados e discutidos com a equipe interdisciplinar sobre a conduta a ser tomada, pois a VO deverá 
ser interrompida imediatamente.
8.2.1.2 Via endovenosa (EV) ou intravenosa (IV)
A terapia EV é amplamente usada em pediatria e deve ser planejada sobre o aspecto multidisciplinar, 
porém, na sua execução, as funções da enfermeira pediatra apresentam contínuos e desafiantes avanços. 
O enfermeiro precisa se atentar aos diferentes métodos e períodos de administração, formas e agentes 
utilizados para a diluição e problemas relacionados à incompatibilidade medicamentosa, decorrente 
tanto da associação de drogas, como de drogas e soluções (PETERLINI; CHAUD; PEDREIRA, 2003).
Para alguns fármacos, a única via de administração é a IV e é indicada em situações de expansão do 
LEC (nos casos de diarreias com desidratação, por exemplo), quando precisam de concentrações altas 
de determinada medicação, em casos de infecções resistentes que necessitam de antibióticos sobre 
um tempo maior, precisam de um contínuo alívio da dor e, em emergência, na introdução de drogas 
potencialmente irritantes para as demais vias, quando se trata de infusão de volumes maiores, em 
tempos mais curtos, possibilitando uma rápida absorção.
O acesso venoso é feito através de punção venosa, com cateteres intermitentes, com inserção periférica 
ou cateter de longa duração, podendo ser de inserção periférica de acesso central (BOWDEN; GREENBERG, 
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Unidade IV
2005). Possui algumas desvantagens, pois apresentam risco aumentado de infecção e repercussão imediata 
e fulminante em caso de alergias, pois seu efeito é quase instantâneo.
O enfermeiro deve se atentar à quantidade de medicamento a ser administrado, ao tipo de solução 
na qual a droga pode ser diluída e ao tempo indicado para a infusão (algumas drogas não podem ser 
realizadas em bolus). O enfermeiro deve verificar a prescrição médica, planejando os horários das doses 
prescritas, de forma a evitar as interações medicamentosas e que haja uma melhor resposta terapêutica.
A técnica para realizar o procedimento foi embasada nas recomendações de Nascimento (2001):
Quadro 21 – Procedimento de aplicação de medicamento IV
Etapas Observações
Consultar a prescrição, conferindo o nome da criança e a 
medicação a ser preparada.
Em pediatria, a ocorrência de homônimos é muito frequente, 
assim como nomes nos quais uma única vogal é que faz a 
diferença. Deste modo, é importante consultar quem está 
acompanhando a criança.
Consulte a pulseira de identificação. A pulseira deverá conter o número do prontuário da criança e dados, como nome e leito de internação.
Confeccione o rótulo da solução/medicamento, 
atentando‑se para os percentuais de diluição dos mesmos.
Preencher de forma a fornecer todas as informações 
necessárias com relação à solução.
Essa etapa permitirá planejar a atividade de acordo com os 
medicamentos que serão necessários.
É importante que constem algumas informações com relação à 
solução, tais como: nome e número do leito da criança, componentes 
da solução e seus respectivos mililitros, total da solução, tempo 
previsto para o seu fluxo, data e assinatura de quem preparou.
Converse com a criança e avalie sua rede venosa periférica, 
compatibilizando‑a à solução a ser infundida.
A eleição criteriosa do vaso deverá priorizar a sua 
ascendência, pois no caso de infiltração, o mesmo vaso 
poderá ser puncionado mais acima.
Essa conversa inicial tem como objetivo apresentar‑se e 
estabelecer confiança.
Essa avaliação tem a finalidade de planejar o calibre do cateter 
venoso de inserção periférica a

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