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AULA 5 - Textos e contextos da Filosofia Contemporânea

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PRÁTICA PROFISSIONAL: 
LEITURA E PRODUÇÃO DE 
TEXTOS FILOSÓFICOS 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Wilson José Vieira 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá, caro aluno, a partir do século XIX ocorreu o 
desenvolvimento da Filosofia Contemporânea, que se 
caracterizou pelo surgimento de diferentes perspectivas filosóficas 
em razão principalmente do fecundo desenvolvimento científico. 
Nesta aula procuraremos conhecer os seguintes aspectos 
relativos à Filosofia Contemporânea: 
 O contexto epistemológico da Filosofia Contemporânea 
 A relação entre método e produção do conhecimento 
 A relação entre as diferentes filosofias e os diferentes 
textos filosóficos 
 Os diferentes métodos de leitura filosófica 
 
Vamos, agora, conhecer e compreender os elementos 
constituintes da Filosofia Contemporânea, a relação entre método 
e produção do conhecimento, as relações entre as diferentes 
filosofias e seus respectivos textos filosóficos e apropriar-se de 
diferentes métodos de leitura dos textos filosóficos. Vamos lá? 
 
CONTEXTUALIZANDO 
A Filosofia Contemporânea é o período da história da 
filosofia mais próximo de nós e, em razão disso, é o período mais 
difícil de ser compreendido – inclusive muitos compêndios de 
história da filosofia não a apresentam, pois o distanciamento 
temporal não permitiria a capacidade de analisar os filósofos 
contemporâneos. 
 
PROBLEMATIZANDO 
A partir do século XIX observam-se avanços extraordinários 
no campo da ciência. A eficiência ou poder do método científico 
pode ser observado quanto à compreensão do mundo físico e em 
razão disso constituiu-se no século XIX um otimismo excessivo 
 
 
3 
quanto aos desenvolvimentos científicos. A frase elaborada por 
Laplace a Napoleão exemplifica bem esse otimismo científico: 
NAPOLEÃO: Monsieur Laplace, por que o Criador não foi 
mencionado em seu livro Mecânica celeste? 
LAPLACE: Sua Excelência, eu não preciso dessa hipótese. 
A afirmação de Laplace demonstra a profunda confiança no 
poder da ciência e do intelecto humano em prever o futuro de 
todos os objetos do universo. Para que isso fosse possível, 
bastavria conhecer a posição e velocidade de todos os objetos do 
universo em um determinado momento. 
Todo movimento, pensamento, ou mesmo qualquer 
surpresa que ocorresse em nossas vidas, boa ou ruim, seria 
conhecido por essa inteligência gigante. O destino seria 
perfeitamente previsível, mera consequência das rígidas leis da 
mecânica. Nesse mundo-máquina, não existia espaço para o livre-
arbítrio. E, como Laplace orgulhosamente anunciou para 
Napoleão, também não existia espaço para Deus (GLEISER, 
2002, p. 198). 
A Filosofia Contemporânea é fortemente afetada pela 
ciência. Para algumas tendências ela é a única forma válida de 
conhecimento, pois o conhecimento verdadeiro apenas poderia 
ser fundamentado em enunciados empiricamente constatáveis ou 
verificáveis. 
A certeza inabalável, prevista pelos filósofos clássicos para 
as proposições científicas, que serviram de base para a filosofia 
moderna, ainda está longe de ser alcançada. O progresso 
científico sem precedentes, que permitiu espantosos 
desdobramentos tecnológicos, paradoxalmente acabou trazendo 
muita incerteza, paradigmas pouco estáveis e revoluções dentro 
do próprio conjunto de “certezas” científicas. A ciência 
contemporânea pauta-se na incerteza e rompe com o mito do 
cientificismo. 
O princípio de determinismo, por exemplo, foi abalado 
primeiramente pelo princípio da indeterminação da física quântica. 
 
 
4 
Posteriormente as geometrias não euclidianas levaram adiante 
tais questionamentos. 
Diante disso muitos filósofos elaboraram diferentes teorias 
para compreender esses novos modelos de ciência. 
Físico Estadunidense cujo trabalho contribuiu 
enormemente para a filosofia da ciência tornou-se marco 
importante no estudo do processo que leva ao 
desenvolvimento científico 
Thomas Samuel Kuhn representa uma posição teórica que 
nega a possibilidade de se avaliar uma teoria científica melhor que 
a outra. Para ele a atividade científica é sempre orientada por um 
paradigma. Paradigma são suposições, leis estabelecidas por 
uma determinada comunidade científica. É a concepção teórica, a 
referência utilizada pelos cientistas. 
Se um determinado ramo do conhecimento não possuir um 
paradigma, não pode ser reconhecido como ciência e quando os 
problemas começam a fugir do controle, quando o paradigma não 
consegue resolver as situações de anomalia, ocorre a crise. 
Penso que a este respeito a evidência histórica é 
totalmente inequívoca. A astronomia ptolomaica 
estava numa situação escandalosa antes dos 
trabalhos de Copérnico! As contribuições de Galileu 
ao estudo do movimento estão estritamente 
relacionadas com as dificuldades descobertas na 
teoria aristotélica pelos críticos escolásticos. A nova 
teoria de Newton originou-se da descoberta de que 
nenhuma das teorias pré-paradigmáticas existentes 
explicava o comportamento do espectro. A teoria 
ondulatória que substituiu a newtoniana foi anunciada 
em meio a uma preocupação cada vez maior com as 
anomalias presentes na relação entre a teoria de 
Newton e os efeitos de polarização e refração. 
[...] Além disso, em todos esses casos, exceto no de 
Newton, a consciência da anomalia persistira por 
tanto tempo e penetrara tão profundamente na 
comunidade científica que é possível descrever os 
campos por ela afetados como em estado de crise 
crescente. A emergência de novas teorias é 
geralmente precedida por um período de insegurança 
profissional pronunciada, pois exige a destruição em 
larga escala de paradigmas e grandes alterações nos 
problemas e técnicas da ciência normal. Como seria 
de esperar, essa insegurança é gerada pelo fracasso 
constante dos quebra-cabeças da ciência normal em 
produzir os resultados esperados. O fracasso das 
5 
regras existentes é o prelúdio para uma busca de 
novas regras (KUHN, 2006, p. 94-95). 
TEMA 1 - O CONTEXTO EPISTEMOLÓGICO DA FILOSOFIA 
CONTEMPORÂNEA 
Epistemologia: significa etimologicamente um discurso 
sobre a ciência ou uma teoria da ciência (do grego episteme: 
ciência e logos: teoria). É o estudo dos princípios, dos conceitos, 
dos fundamentos e da metodologia das ciências. 
Segundo Marcondes (2004, p. 251), a Filosofia 
Contemporânea é definida a partir da crise da modernidade 
(Séc. XIX). O pensamento moderno era caracterizado “[...] pela 
busca da fundamentação da possibilidade do conhecimento e das 
teorias científicas na análise da subjetividade, do indivíduo 
considerado como sujeito pensante, como dotado de uma mente 
ou consciência caracterizada por uma determinada estrutura 
cognitiva, bem como por uma capacidade de ter experiências 
empíricas sobre o real, tal como encontramos no racionalismo e 
no empirismo, embora em diferentes versões.” Esse projeto entra 
em crise a partir das críticas de Hegel e Marx, pois o “eu”, a 
subjetividade iniciada por Descartes passa a ser criticada por 
variados pensadores. 
Segundo Porta (2007, p. 157-158) ocorre uma 
indeterminação quanto ao que se entende por Filosofia 
Contemporânea. Existiria tanto para o leigo quanto para o 
especialista dificuldades em se definir o pensamento atual em seu 
todo, os especialistas não nos oferecem ajuda considerada, pois 
certos autores que aparecem em determinadas obras não são 
citados em outras, tal indeterminação decorre do fato de que a 
Filosofia Contemporânea não apresenta unidade e apresenta seu 
desenvolvimento de forma independente e heterogênea. 
Duas seriam as vertentes, surgidas a partir das primeiras 
décadas do século XX, que caracterizariam a Filosofia 
Contemporânea como a primeira pertencendo aos Analíticos e a 
segunda aos fenomenólogos-hermeneutas. Essas vertentes 
6 
apresentam dificuldades em dialogar uma com a outra. Se 
historicamente o que caracterizou a filosofia e suas variadas 
correntese filósofos foi a luta e a constante rivalização o mesmo 
não se deu com tais vertentes, embora nas últimas décadas 
mudanças tenham ocorrido. 
Os critérios mais utilizados para apresentar a sequência 
histórica da filosofia foram sempre externos, não filosóficos 
(históricos, sociais e políticos). Segundo o autor é necessário para 
a periodização da filosofia a partir de critérios internos, oriundos 
da própria filosofia. O autor apresenta dois critérios ou condições: 
 Que os critérios sejam filosóficos, “intra-sistemáticos”.
 Que possibilitem a compreensão da diferença essencial
entre os pensamentos dos diferentes períodos e o
princípio interno da passagem de um período para o
outro.
Segundo Porta (2007, p. 15), um dos grandes empecilhos 
quanto ao entendimento da filosofia é o de não se entender o 
“problema” tratado por esta ou aquela filosofia. “[...] a 
compreensão do problema deve constituir o núcleo essencial, o 
eixo, tanto do ensino quanto da aprendizagem da filosofia. Não é 
possível ‘entender’ filosofia se não se entende ‘o problema’ 
abordado por um filósofo”. 
Esquema com os períodos da história da filosofia a partir 
dos critérios “intra-sistemáticos” e da “diferença essencial e do 
princípio interno de cada período”: 
Período 
Filosófico 
Correspondência 
ao período 
histórico 
Grandes 
nomes 
Disciplina-
chave 
Conceito-
chave 
1. Período
metafísico
Época antiga, 
medieval e início 
da moderna 
Platão, 
Aristóteles, 
Sto. Tomás 
(Descartes) 
Metafísica 
(Ontologia) 
Ser 
2. Período
epistemológico 
(ou 
transcendental) 
Época moderna 
(Descartes) 
Kant 
Epistemologia 
Teoria 
transcendental 
Verdade 
Objetividade 
Validez 
7 
Período 
Semântico-
hermenêutico 
Época 
contemporânea 
Husserl, 
Dilthey, 
Heidegger, 
Frege, 
Wittgenstein 
Teoria da 
significação 
Fenomenologia 
Hermenêutica 
Semântica 
(análise lógica 
da linguagem) 
Significado 
Semântica: 
análise 
lógica da 
linguagem 
PORTA, 2007, p. 159. 
TEMA 2 - FILOSOFIA E MÉTODOS DE PRODUÇÃO DO 
CONHECIMENTO 
A Filosofia possibilita o desenvolvimento de um modo de se 
colocar diante do mundo, pois trabalha com conteúdo que explica 
ou desvenda determinados setores da realidade. Ela é importante 
para a formação dos estudantes porque, ao ser ensinada, 
transfere a eles uma característica que lhe é específica. 
Na Grécia Antiga, quando o termo filosofia (philosophía) era 
utilizado, ele designava não apenas um campo específico do 
saber, mas uma atitude específica diante da realidade. É 
justamente esse o sentido que se encontra nos radicais que 
compõem a palavra. O primeiro, “phília”, significa amor, amizade 
ou tendência e indica, nesse sentido, uma disposição humana de 
querer algo, desejá-lo. O segundo, “sophía”, significa sabedoria e 
indica, assim, uma determinada forma de se relacionar com as 
coisas. “Philosophía” significa, assim, amor, amizade ou tendência 
a se relacionar de um modo específico com a realidade. 
No que consiste, contudo, essa especificidade? 
À “sophía” se opõe o modo cotidiano de lidar com a 
realidade. Ser “sophós”, sábio, significa ser diferente das pessoas 
comuns. Significa conhecer as coisas de um modo diferente do 
modo vulgar. Filósofo não é, dessa forma, alguém que tenha um 
conhecimento específico das coisas, tal como um químico; mas é, 
acima de tudo, aquele que ama uma relação de conhecimento 
com a realidade. “Filosofar” significa procurar, buscar, tender à 
sabedoria e, por isso, descreve uma atitude espiritual e não um 
conjunto de conteúdo. Nas palavras contemporâneas de Merleau-
8 
Ponty (1994, p. 19): “A verdadeira filosofia é reaprender a ver o 
mundo [...]”. 
Método é, para Lakatos (2008, p. 83), “[...] o conjunto das 
atividades sistemáticas e racionais que, com segurança e 
economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e 
verdadeiros –, traçando o caminho a ser seguido”. 
Na filosofia existem diferentes métodos para a produção do 
conhecimento. Destacam-se os seguintes: 
Método fenomenológico 
Trata-se de um método que busca apresentar ou descrever 
o fenômeno (“tudo o que é percebido, aquilo que aparece aos
sentidos e à consciência”) de forma puramente descritiva, tal como 
se apresenta à experiência humana. 
Método Dialético 
É o método empregado modernamente para se pensar as 
contradições da realidade, maneira de se utilizar a razão para se 
compreender a realidade como fundamentalmente contraditória e 
em constante transformação. 
TEMA 3 - FILOSOFIAS E TEXTOS FILOSÓFICOS 
Fernando Savater (2001, p. 03-05) apresenta uma série de 
questões acerca da importância de se ensinar Filosofia. O autor 
inicia sua discussão perguntando se haveria sentido manter a 
Filosofia enquanto disciplina no currículo. Não seria a Filosofia 
uma mera forma de sobrevivência do passado enaltecido pelos 
conservadores, mas que os progressistas, as pessoas práticas 
não veem sentido? 
[...] Podem os jovens, ou adolescentes, inclusive 
crianças, entender claramente algo que em sua idade 
deve parecer obscuro? Não se limitarão, na melhor 
das hipóteses, a memorizar algumas fórmulas 
pedantes que depois repetirão como papagaios? 
(SAVATER, 2001, p. 3). 
Savater continua citando uma série de repreensões à 
Filosofia que podem ser resumidas em quatro palavras: “não serve 
para nada” (Idem, p. 4) 
9 
“No momento atual, marcado por grandes descobertas 
científicas, pela Internet, TV digital, acelerador de partículas etc., 
que informação pode-se receber da Filosofia? Certamente 
nenhuma, pois não existem informações filosóficas. Mas é só 
informação que buscamos para entendermos melhor a nós 
mesmos e o que nos rodeia? Suponhamos que recebemos uma 
notícia qualquer, como por exemplo esta: um determinado número 
de pessoas morre diariamente de fome em todo o mundo. 
Recebida a informação, perguntamos (ou nos perguntamos) o que 
devemos pensar desse fato. Pediremos opiniões, algumas das 
quais nos dirão que essas mortes se devem a desajustes no ciclo 
macroeconômico global, outras falarão da superpopulação do 
planeta. E não faltará gente simples e cândida para comentar: ‘Em 
que mundo vivemos!’ Então nós, como um eco mas trocando a 
exclamação pela interrogação, nos perguntaremos: ‘Isso mesmo: 
em que mundo vivemos?’” (Idem, p. 05). 
Para aquele/a que se coloca em uma atitude filosófica não 
existe a busca de mais informações sobre acontecimentos, mas, 
sim, sobre o significado da informação, a interpretação e a relação 
com outras informações, em considerar a realidade como um todo, 
como podemos ou devemos agir em determinada situação. 
A pergunta “o que é Filosofia?” é, com certeza, uma das 
perguntas mais emaranhadas da história da filosofia e para a qual 
se apresentam variadas respostas e compreensões. Segundo 
Bochenski (2001, p. 19) “Essa é, infelizmente, uma das questões 
filosóficas mais emaranhadas. Poucas palavras conheço que têm 
tantas acepções como a palavra ‘filosofia’”. 
Diante das diferentes e divergentes visões teóricas pode-se 
falar em filosofias e não em filosofia. Basicamente o 
conhecimento filosófico pode ser caracterizado como sendo “[...] a 
consumação plena da racionalidade”, o ponto mais alto que a 
razão pode atingir. É um discurso racional, crítico, que busca 
pensar com rigor conceitual, intersubjetivo e reflexivo (PORTA, 
2007, p. 42-47). 
10 
A partir da leitura dos textos clássicos de filosofia é possível 
o diálogo com pensadores que nos precederam, com a tradição
filosófica. A relação com os textos clássicos de Filosofia é algo 
fundamental, pois apenas é possível desenvolver o pensar 
filosófico pela confrontação com outros pensamentos. 
Apesar da existência de diferentes estilos de textos 
filosóficos (diálogo, tratado, resumo, ensaio, poema, aforismo, 
confissão, carta etc.), podemos observar em todos eles a 
presença de alguns elementos gerais. 
O texto filosófico pode ser caracterizadopela busca da 
universalidade e, para chegar a isto, “[...] deve apagar as marcas 
de sua particularidade, a qual, no entanto, todo olhar dirigido à 
história atesta com evidência” (COSSUTA, 2001, p. 4). 
Toda obra filosófica, mesmo quando a perspectiva é 
singular (existencialismo), nunca “[...] deixa de generalizar seu 
ponto de vista” (Idem, p. 5). “[...] todo texto filosófico tenta 
mediatizar a relação do particular ao universal, e o que torna as 
filosofias contraditórias é o que as aproxima”. Ou ainda “[...] toda 
filosofia deve, implícita ou explicitamente validar sua própria 
possibilidade enunciativa” (Ibidem, p. 05). 
Nos textos filosóficos, segundo Folscheid e Wunenburger 
(2006, p. 14), “a forma está inteiramente submetida à mensagem 
a comunicar”, ou seja, a estrutura, a mensagem presente no texto 
está “inteiramente redutível a um pensamento racionalmente 
conduzido, que se move exclusivamente no universo conceitual”. 
Segundo Porta (2007, p. 52) em um texto de filosofia não 
se “contam coisas”, “notícias”. O objetivo “não é transmitir 
informações”, por isso o texto filosófico é sempre “objeto de 
análise” e não “fonte de informação”. É preciso ressaltar que o 
texto de filosofia possui como característica central a 
universalidade, e isto é o que o torna sempre atual, porém todo 
texto foi produzido em um determinado contexto e sempre 
carregará as marcas daquele ou daqueles que o construíram. 
11 
A leitura de textos filosóficos apresenta algumas 
peculiaridades. Existem diferentes tipos de textos e os de Filosofia 
são caracterizados pela universalidade, ou seja, “[...] todo texto 
filosófico tenta mediatizar a relação do particular ao universal, e o 
que torna as filosofias contraditórias é o que as aproxima” 
(COSSUTA, 2001, p. 5). Afinal, a Filosofia é a prática intencional 
de “[...] uma investigação do significado imutável das coisas [...]” 
(CUNHA, 2009, p. 50) e, por conseguinte, os textos filosóficos são 
os que buscam via argumentação responder a certas questões de 
ordem universal. 
TEMA 4 - DIFERENTES MÉTODOS DE LEITURA DE TEXTOS 
FILOSÓFICOS 
Para Abbagnano (1982), método é um procedimento de 
investigação ordenado, repetível e autocorrigível que garante a 
obtenção de resultados válidos. É o caminho pelo qual atingimos 
certo fim ou objetivo. No sentido aqui apresentado, método, para 
Cossuta (2001, p. 01), tem o significado de “[...] conselhos 
destinados à explicação do texto. O método, nesse caso, é 
constituído por um conjunto de receitas, de como fazer, que cada 
professor elabora ao generalizar seus próprios hábitos de leitura”. 
No caso da filosofia “só é possível adquirir métodos de 
trabalho se antes for compreendido que o método é inerente à 
própria filosofia. Elaborar uma metodologia, com efeito, já é fazer 
filosofia [...]” (FOLSCHEID e WUNENBURGER, 2006, p. VIII). 
Cossuta (2001, p. 03), seguindo aconselhamento de 
Wittgenstein, aponta que “toda obra filosófica elabora ou pretende 
elaborar as condições de sua própria validade e, portanto, enuncia 
as regras da leitura que se pode fazer dela”. 
Ou seja, cada texto tem sua característica própria para 
facilitar a leitura e interpretação, [...] “cada filosofia explicita as 
condições de possibilidade ou de impossibilidade de sua leitura” 
[...] (Idem, 2001, p. 03). 
 
 
12 
Assim, quando se trata do ensino de filosofia, constatam-se 
diferenças em relação a outras disciplinas, pois no caso da 
filosofia não existe um único método que possa orientar os 
variados filósofos. Afinal, não existe filosofia e sim filosofias. 
Alguns teóricos apontam compreensões importantes 
acerca do método de leitura dos textos filosóficos COSSUTA 
(2001), FOLSCHEID & WUNENBURGER (2006), PORTA (2007), 
GUEROULT e GOLDSCHMIDT (2000), SEVERINO (2009). 
Os primeiros autores propõem um método de leitura de 
textos analítico, próximo ao que se denomina exegese de texto. 
Gueroult e Goldschmidt apresentam uma leitura 
estruturalista, uma leitura do texto a partir da ordem interna do 
texto, uma leitura da história da filosofia que enfatiza os aspectos 
da estrutura do texto. 
Severino propõe um momento posterior denominado pós 
interpretação (problematização, reflexão e debate e reflexão 
pessoal). 
 
TROCANDO IDEIAS 
Segundo Valese (2013, p. 111) se existe a pressuposição 
de que não existe “filosofia” e sim “filosofias”, seria possível pensar 
em um método válido para as variadas filosofias? Se cada filosofia 
prescreveria seus próprios meios de compreensão, qual seria o 
método adequado diante da diversidade existente no campo 
filosófico? 
 
NA PRÁTICA 
Na palestra a seguir, Douglas Rodrigues, do projeto 
Universo Racionalista, abordará questões importantes como: qual 
a importância da filosofia na ciência? Como distinguir a ciência da 
pseudociência? Por que o critério de demarcação é importante 
para a ciência? Qual postura filosófica descreve melhor a atividade 
científica? 
https://www.youtube.com/watch?v=1eiX5RYvZZw 
https://www.youtube.com/watch?v=1eiX5RYvZZw
 
 
13 
SÍNTESE 
Nesta aula que acabamos de finalizar procuramos conhecer 
e compreender os elementos constituintes da Filosofia 
Contemporânea, a relação entre método e produção do 
conhecimento, as relações entre as diferentes filosofias e seus 
respectivos textos filosóficos. 
 
REFERÊNCIAS 
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. 2. ed. São 
Paulo: Mestre Jou, 1982 
BOCHENSKI, I. M. Diretrizes do Pensamento Filosófico. 
6. ed. São Paulo: EPU, 2001. 
COSSUTA, F. Elementos para a Leitura dos Textos 
Filosóficos. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 
FOLSCHEID, D.; WUNENBURGER, J. J. Metodologia 
Filosófica. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. 
GLEISER, M. A Dança do Universo: dos mitos da criação 
ao big-bang. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 
JAPIASSÚ, H. & MARCONDES, D. Dicionário Básico de 
Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. 
KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São 
Paulo: Perspectiva, 2006. 
LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Fundamentos de 
Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 
MARCONDES, D. É possível ensinar Filosofia? E, se 
possível, como? In: KOHAN, W.O. (Org.). Filosofia: caminhos 
para seu ensino. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. 
PORTA, M. A. G. A filosofia a partir de seus problemas. 
3. ed. São Paulo: Loyola, 2007. 
SEVERINO, A. J. Filosofia. São Paulo: Cortez, 2007 
SEVERINO, A. J. Como ler um texto de filosofia. 2. ed. 
São Paulo: Paulus, 2009. 
VALESE, R. Aprendizagem filosófica a partir do uso de 
textos filosóficos nas aulas de Filosofia no ensino médio. 183 
 
 
14 
f. Tese (Doutorado em Educação), Setor de Educação, 
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013.

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