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1 Leitura e Produção de Textos Filosóficos Prof. Wilson José Vieira Aula 5 Conversa Inicial Caros estudantes de Filosofia, nas próximas aulas procuraremos conhecer e compreender os seguintes elementos ou aspectos relativos à Filosofia Contemporânea: o contexto epistemológico da Filosofia Contemporânea; a relação entre método e produção do conhecimento; a relação entre as diferentes filosofias e os diferentes textos filosóficos; apropriar-se de diferentes métodos de leitura filosófica. Contextualizando A Idade Contemporânea compreende o período que vai do séc. XIX aos nossos dias; pelo fato de estar muito próximo a nós, é o período mais difícil de ser compreendido; não existe uma distância temporal suficiente para uma análise das principais questões; 2 a filosofia contemporânea é fortemente marcada pela ciência; a partir da Revolução Industrial ocorreu uma confiança plena no saber científico; a afirmação de Laplace demonstra a profunda confiança no poder da ciência e do intelecto humano em prever o futuro de todos os objetos do universo; para que isso fosse possível, bastava conhecer a posição e velocidade de todos os objetos do universo em um determinado momento. http://www.educadores.diaadia. pr.gov.br/arquivos/File/tvmultim idia/imagens/fisica/3pierre.jpg Pierre Simon Laplace (1749-1827) foi matemático, astrônomo e físico. Seus principais trabalhos: Mecânica Celeste, Equação de Laplace, Operador Diferencial de Laplace, Transformada de Laplace. 12 30 O contexto epistemológico da Filosofia Contemporânea 3 Epistemologia: significa, etimologicamente, um discurso sobre a ciência ou uma teoria da ciência (do grego episteme: ciência e logos: teoria). É o estudo dos princípios, dos conceitos, dos fundamentos e da metodologia das ciências. A preocupação explícita da filosofia contemporânea é relativa à ciência. Um dos principais filósofos contemporâneos é Thomas Samuel Kuhn (1922 - 1996). Kuhn representa uma posição teórica que nega a possibilidade de se avaliar uma teoria científica melhor que a outra. Para ele a atividade científica é sempre orientada por um paradigma. Estadunidense, seu trabalho contribuiu enormemente para a filosofia da ciência. Tornou-se marco importante no estudo do processo que leva ao desenvolvimento científico. Paradigmas são suposições, leis estabelecidas por uma determinada comunidade científica. São as concepções teóricas, as referências utilizadas pelos cientistas. 4 Se um determinado ramo do conhecimento não possuir um paradigma, este não pode ser reconhecido como ciência. E quando os problemas começam a fugir do controle, quando o paradigma não consegue resolver as situações de anomalia ocorre a crise. 20 30 Filosofia e Métodos de Produção do Conhecimento A declaração de Paris (1995) para a Filosofia apresenta a ideia de que os conhecimentos filosóficos são necessários para a formação plena do cidadão, de forma a torná-lo participativo, consciente e reflexivo. “[...] ação filosófica formando espíritos livres e reflexivos capazes de resistir às diversas formas de propaganda, fanatismo, exclusão e intolerância, ... ...contribui para a paz e prepara cada um para assumir suas responsabilidades face às grandes interrogações contemporâneas. [...] Consideramos que a atividade filosófica – que não deixa de discutir livremente nenhuma ideia, que se esforça em precisar as definições exatas das noções utilizadas, ... 5 ...em verificar a validade dos raciocínios, em examinar com atenção os argumentos dos outros – permite a cada um aprender e pensar por si mesmo […].” (UNESCO, 1995) Diferentes métodos para a produção do Conhecimento: - Método Fenomenológico; - Método Estruturalista; - Método Dialético. 27 30 Filosofias e textos filosóficos Diante das diferentes e divergentes visões teóricas presentes ao longo da história da Filosofia, pode-se falar em Filosofias, e não em Filosofia. Filosofar é, conforme afirma Severino (2009, p. 26), “[...] uma grande experiência coletiva, como, de resto, o é toda cultura humana.” O diálogo com a tradição filosófica, com os pensadores das diferentes épocas e lugares permite a indagação, a reflexão e a compreensão de nossa realidade atual. Só posso pensar pensando e pensar envolve recuperar aquilo que já foi pensado. 6 A competência de leitura significativa de textos filosóficos consiste, antes de mais nada, na capacidade de problematizar o que é lido, ou seja, apropriar- se reflexivamente do conteúdo do texto. 32 30 Diferentes métodos de leitura de textos filosóficos 34 30 Perspectiva de leitura estruturalista dos textos filosóficos O texto filosófico é reduzido a uma abordagem filológica, puramente exegética. Assim, a obra filosófica é tratada como “um ser”. Algo apartado do mundo, e o trabalho do leitor filósofo seria adentrar na obra pela análise textual; reconstrução da ordem interna ou da ordem das razões nas obras dos filósofos. 7 Para Porta, a produção de um texto tem como ponto de partida uma estrutura lógica que tenta se realizar numa forma literária. Produzir um texto é proporcionar uma formulação literária adequada a uma certa estrutura lógica Ler um texto é efetuar o movimento inverso, ou seja, partir de uma certa estrutura literária e tentar chegar a uma estrutura lógica. (PORTA, 2007, p. 51) A leitura é, segundo Severino, (2009, p. 11) a decodificação de uma mensagem, e a escrita, a codificação da mensagem. Para que a leitura de um texto ocorra, é necessária a compreensão do seu respectivo código linguístico e dos signos (significantes – aspectos materiais, significados – aspectos mentais). Síntese Apenas é possível adquirir um método de trabalho em Filosofia se antes for compreendido que o método é inerente à própria Filosofia. 8 Em Filosofia, elaborar uma metodologia já é fazer Filosofia, pois tal ação envolve uma concepção filosófica de Filosofia. Não existe uma metodologia filosófica em si ou uma autonomia em relação à disciplina, pois em Filosofia a metodologia se confunde com as diferentes perspectivas teóricas e especulativas do filosofar. Ao reducionismo empobrecedor da “onipotência do texto”, que não só faz do trabalho com o texto a modalidade privilegiada da atividade filosófica, ... ...mas que tende também a reduzir a esse trabalho [e a entender a partir dele] toda outra forma de atividade filosófica, de tal modo que ela perde sua especificidade e o original de sua oportunidade. (PORTA, 2007, p. 95) A presença dos textos clássicos de Filosofia nas aulas constitui mediação ou tecnologia fundamental para que se desenvolva o que é específico da filosofia, ou seja, a realização do filosofar. A utilização do texto clássico de forma dinâmica, significativa e articulada à realidade cotidiana do estudante possibilita a atualização dos mais diversos problemas filosóficos. Constitui mediação ou tecnologia fundamental. 9 REFERÊNCIAS ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 2 ed. São Paulo: Mestre Jou, 1982 BOCHENSKI, I. M. Diretrizes do Pensamento Filosófico. 6 ed. São Paulo: EPU, 2001. COSSUTA, F. Elementos para a Leitura dos Textos Filosóficos. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. FOLSCHEID, D.; WUNENBURGER, J.J. Metodologia Filosófica. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. GLEISER, M. A Dança do Universo: dos mitos da criação ao big-bang. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2006. PORTA, M. A. G. A filosofia a partir de seus problemas. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2007. SEVERINO, A. J. Filosofia. São Paulo: Cortez, 2007 SEVERINO, A. J. Como ler um texto de filosofia. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2009. VALESE,R. Aprendizagem filosófica a partir do uso de textos filosóficos nas aulas de filosofia no ensino médio. 183 f. Tese (Doutorado em Educação), Setor de Educação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013.
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