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BNCC e o desenvolvimento de competências para ciências naturais Prof.ª Rayane Nogueira Alves Macedo Descrição A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), suas competências e aprendizagens essenciais para educação básica e a contribuição para um ensino de qualidade na área das ciências naturais. Propósito Compreender o papel da BNCC na educação básica e sua proposta para as ciências naturais é essencial para todos os profissionais dedicados à área. Objetivos Módulo 1 Por que ensinar ciências naturais na educação básica? Reconhecer a importância do ensino de ciências naturais na educação básica com foco nas possibilidades implementadas pela BNCC. Módulo 2 Ciências naturais: prática social e princípios éticos sustentáveis Identificar na BNCC as contribuições das ciências naturais no desenvolvimento de competências de prática social e princípios éticos sustentáveis. Módulo 3 Informação cientí�ca e tecnológica Relacionar informação científica e tecnológica e desenvolvimento do letramento científico com a aplicação das competências indicadas pela BNCC para a aprendizagem de ciências naturais. Introdução A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem como objetivo nortear os conteúdos abordados em sala de aula em âmbito nacional, dispondo de metodologias de ensino, propostas pedagógicas, entre outros. Esses materiais são adaptados de acordo com a etapa em que o aluno se encontra (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e essas normas devem ser igualitárias em todo Brasil, para todos os sistemas e redes de ensino, públicas ou particulares. A BNCC foi instituída no dia 6 de abril de 2017, e é a legislação que busca garantir uma base curricular igual em todo o território nacional, corrigindo as diferenças existentes nos currículos escolares dos sistemas de ensino públicos e privados no país. No caso das ciências naturais, de acordo com a BNCC, os profissionais da educação devem atuar para que seus alunos desenvolvam a capacidade associativa com o meio ambiente, aprimorem a capacidade de perceber, interpretar e entender os fenômenos naturais que os cercam, por meio do processo chamado de letramento científico, pois assim o aprendizado se torna mais eficaz. 1 - Por que ensinar ciências naturais na educação básica? Ao �nal deste módulo, esperamos que você reconheça a importância do ensino de ciências naturais na educação básica com foco nas possibilidades implementadas pela BNCC. Currículo, BNCC e ciências naturais Uma preocupação sempre presente na reflexão e no debate sobre a educação no Brasil foi o currículo escolar. São muitas as vertentes reflexivas e os apontamentos práticos sobre esse que é um dilema educacional. A escola é a instituição em que o indivíduo passa mais tempo de sua vida. Consequentemente, muito do que ele é constituiu-se no cotidiano escolar. Por isso, não pode ser breve e superficial a decisão sobre as bases que mantêm o cotidiano escolar. Uma das bases, talvez a mais importante, é o currículo. Muitas questões envolvem o currículo escolar, pois nele estão inúmeras dimensões da condição humana: conhecimento formal, conhecimento informal, cultura, relações humanas, formação profissional, formação cidadã, entre tantas. A fragmentação curricular e humana deve dar lugar à educação integral, conforme afirma a introdução do documento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC): Nesse contexto, a BNCC afirma, de maneira explícita, o seu compromisso com a educação integral. Reconhece, assim, que a Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto - considerando-os como sujeitos de aprendizagem - e promover uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades. Além disso, a escola, como espaço de aprendizagem e de democracia inclusiva, deve se fortalecer na prática coercitiva de não discriminação, não preconceito e respeito às diferenças e diversidades. (BRASIL, 2018, p.14) A criação da Base Nacional Comum Curricular impulsionou a reflexão acerca dos sentidos do currículo. Como autenticado pela própria definição da BNCC, o currículo envolve o cotidiano da vida, o conhecimento, a ciência e pode ser via de inclusão ou de exclusão. Um exemplo é a exigência dos órgãos de pesquisa para que os profissionais de diversas áreas tenham seus currículos cadastrados. Nesse sentido, podemos entender a relação entre o currículo e a vida do educando como o caminho de cada sujeito e suas experiências formativas e profissionais. No Brasil, a plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), abriga milhares de currículos de professores, estudantes, pesquisadores de todas as áreas, que relatam sua trajetória, expõem suas experiências e revelam as habilidades e competências. Todos os estudantes e profissionais devem registrar seus currículos. Os currículos registrados na plataforma Lattes, ainda que sejam grandes amostras curriculares, não contemplam outras dimensões essenciais quando o objeto de reflexão é currículo. Lembrando que a vida cotidiana, a cultura, os saberes diários, a política, a religião e tudo o que envolve a cotidianidade do sujeito se integram ao currículo. Mas o que essa re�exão tem a ver com ciências naturais e BNCC? Exatamente tudo. Humana e historicamente! Há uma relação direta entre as ciências naturais, a BNCC e o currículo Lattes, pois a BNCC se sustenta no currículo, tendo como bases a vida e a ciência. Nessa lógica, a BNCC respalda, incentiva, motiva e obriga que a educação básica forme integralmente e desenvolva o espírito da pesquisa, que pode ser traduzido em letramento científico, e tem como características a busca das respostas, a investigação e o desejo de superar o real imediato. O currículo Lattes, indicado pelos órgãos de pesquisa do Brasil, é um canal que expressa, divulga e externaliza a ação daqueles que desejam continuar essa busca. A educação básica - educação infantil, ensino fundamental e ensino médio - é o itinerário essencial por onde passaram os pesquisadores em potencial. Portanto, a vida cotidiana deve ser levada em conta e ser transformada em objeto de pesquisa recorrendo à cientificidade. A BNCC, ao traçar o currículo básico da educação nacional, pretendeu ser a equidade do conhecimento, o caminho para correção das distorções. Essa é uma forma para que mais brasileiros possam chegar à plataforma Lattes. Ao pensarmos na integralidade e plenitude da vivência escolar, é essencial que tenhamos em mente que a ciência também está presente nesse cotidiano. O ensino de ciências naturais, assim como as demais ciências de outras áreas do conhecimento, deve motivar para a constituição do pensamento científico, para a pesquisa. O aprendizado que não consegue intervir na realidade não cumpre a plenitude de seus sentidos. Logo, se a escola quer ter uma função integral de educação, deve organizar-se de sorte que a criança encontre aí um ambiente social em que viva plenamente. A escola não pode ser uma simples classe de exercícios intelectuais especializados. Assim, é a nova psicologia da aprendizagem que obriga a transformar a escola em um centro onde se vive e não em um centro onde se prepara para viver. (TEIXEIRA, 2000, p. 46) Anísio Teixeira (1900-1971), um dos pioneiros da educação no Brasil, em 1930, já chamava atenção para o papel da escola como lócus da própria vida. Papel das ciências naturais na educação básica Aprender conteúdo de ciências naturais, a partir do que aponta a BNCC é intervir nos processos sociais modificando-os. Veja um exemplo: Um adolescente, nas aulas de ciências naturais, aprendeu quequalquer alteração nas características físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente é considerado um impacto, pois causa danos de pequenas a grandes dimensões que influenciam na qualidade de vida das espécies. Ele tirou 10 na prova integrada das disciplinas. Em determinada ocasião, ele e mais dois colegas, que também eram de sua turma na escola, tiveram a ideia de utilizarem terreno vazio do bairro para jogarem bola. Em uma iniciativa integradora, resolveram limpar o terreno. Pediram autorização ao dono e retiraram entulhos, pedras, madeiras, e demais empecilhos, colocaram tudo em carrinhos de mão e despejaram no rio que passa perto. Em muitas situações, o ensino de ciências naturais termina na nota da prova. Portanto, o aprendizado deve ser para além do aprender, deve ser apreender, superar a reação imediata do real, partindo para a compreensão científica do fenômeno nas situações da vida. No caso estudado, o conteúdo do currículo não transformou a realidade. Para que o conhecimento tenha toda a sua eficácia, é preciso que agora o espírito se transforme. É preciso que ele se transforme nas suas raízes para poder assimilar nos seus rebentos. As próprias condições da unidade da vida do espírito impõem uma variação na vida do espírito, uma mutação humana profunda. Em suma, a ciência instrui a razão. A razão deve obedecer à ciência mais evoluída, à ciência em evolução. A razão nada deve sobrevalorizar uma experiência imediata; deve pelo contrário, pôr se em equilíbrio com a experiência mais ricamente estruturada. Em todas as circunstâncias, o imediato deve ceder ao construído. (BACHAELARD, 1972. p. 45) Nesse contexto, vale reconhecer a importância do ensino de ciências naturais na educação básica pelas possibilidades implementadas pela BNCC. O currículo não é inerte, ao contrário, tem grande influência na vida, portanto, a BNCC preconiza a ligação direta entre conteúdo, competências, habilidades e cidadania. É possível verificar, de forma mensurada, no texto da BNCC, que ela tem como foco o currículo, ou seja, é um documento obrigatório com força de lei, que zela pela necessidade de que a educação nacional garanta o conhecimento necessário com equidade e levando em conta a cientificidade e a vida. Confirmando a importância, na BNCC: 86 É a quantidade de vezes que a palavra currículo aparece. 432 É a quantidade de vezes que a palavra curricular aparece. 85 É a quantidade de vezes que a palavra curriculares aparece. Vejamos como uma proposta de Base Curricular única pode superar a desigualdade presente no âmbito educacional: No Brasil, um país caracterizado pela autonomia dos entes federados, acentuada diversidade cultural e profundas desigualdades sociais, os sistemas e redes de ensino devem construir currículos, e as escolas precisam elaborar propostas pedagógicas que considerem as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes, assim como suas identidades linguísticas, étnicas e culturais. Nesse processo, a BNCC desempenha papel fundamental, pois explicita as aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver e expressa, portanto, a igualdade educacional sobre a qual as singularidades devem ser consideradas e atendidas. Essa igualdade deve valer também para as oportunidades de ingresso e permanência em uma escola de educação básica, sem o que o direito de aprender não se concretiza. (BRASIL, 2018, p. 15) Ensinar ciências naturais na educação básica visa desenvolver a capacidade no aluno, durante sua formação escolar, de sua atuação em diferentes áreas, de perceber e interagir com o ambiente, reconhecendo os fenômenos estudados, sejam relacionados ao conhecimento das áreas de biologia, química ou física, em fatores cotidianos. Abordar questões presentes na vida do aluno ajuda de maneira considerável para o ensino de ciências, utilizando técnicas de análises reflexivas e críticas: Com a homologação da BNCC, as redes de ensino e escolas particulares terão diante de si a tarefa de construir currículos, com base nas aprendizagens essenciais estabelecidas na BNCC, passando, assim, do plano normativo propositivo para o plano da ação e da gestão curricular que envolve todo o conjunto de decisões e ações definidoras do currículo e de sua dinâmica. (BRASIL, 2018, p. 20) Ensino das ciências naturais na educação básica Ciências da natureza e educação básica Neste vídeo, a especialista nos apresenta argumentos que mostram a urgência contemporânea de uma consciência ecológica, especialmente a partir dos estudos das ciências da natureza na educação básica. O processo de aprendizagem de ciências naturais para atuação docente deve ser motivado pela busca constante de explicações para fenômenos, para que o professor, conhecendo mais sobre si mesmo, sobre outros seres vivos e o mundo, possa estimular seus alunos a investigarem também. Para que a ciência objetiva seja plenamente educadora, é preciso que seu ensino seja socialmente ativo. É um alto desprezo pela instrução o ato de instaurar, sem recíproca, a inflexível relação professor-aluno. […] O ser vivo aperfeiçoa-se na medida em que pode ligar o seu ponto de vista, fato de um instante e de um centro, a durações e espaços maiores. O homem é homem porque seu comportamento objetivo não é imediato nem local. (BACHAELARD, 1972, p. 300) Para isso, deve ser incentivado o espírito científico nos alunos, para que elaborem ideias, saiam da posição passiva (zona de conforto), criem teorias, analisem hipóteses, mantenham abertas as interrogações e construam conhecimentos científicos, tornando-se pessoas capazes de absorver ideias já estabelecidas e de estimular novas ideias. Na introdução da BNCC, é estabelecido que as decisões pedagógicas devem visar ao desenvolvimento de competências. Para tal, é necessário indicar os conhecimentos e as competências esperadas dos alunos, sobretudo, o “saber fazer” voltado para a vida cotidiana, para a profissão e a cidadania. Dessa maneira, indicar as competências oferece referências para consolidar ações com foco nas aprendizagens essenciais estipuladas no documento normativo. A formação de alunos com consciência sobre o mundo desde cedo, com a habilidade para reconhecer e valorizar o meio ambiente e a vida em si, é o que buscamos, com o objetivo de formar um cidadão mais assertivo em suas decisões interpessoais e com a natureza. O ensino de ciências naturais pode colaborar de forma intensa para reconstruir a relação ser humano com natureza em outros termos, contribuindo para o desenvolvimento da consciência social e planetária. Você sabe o que isso signi�ca? Significa que o ensino de ciências naturais corrobora com a mudança de comportamento na relação com a natureza, superando a ideia de supremacia humana sobre o meio ambiente. Dessa maneira, a produção de consumo não será mais uma exploração desenfreada, mas uma relação de troca respeitosa, colocando-se como uma das partes do meio. Chegamos a uma dimensão urgente e inadiável, a educação pretendida integral tem como obrigação a formação da consciência planetária, e não uma suposta consciência do ser humano como dono ou dominador do planeta. Nesse sentido, ocorre uma mudança de paradigma. O ser humano deve se despojar de sua arrogância de explorador dos recursos do meio ambiente como se eles existissem somente para servi-lo. Esses recursos podem e devem ser utilizados na preservação da vida e das espécies, mas com profunda e comprometida integração e interação entre o ser humano e tudo o que compõe o planeta. A consciência planetária reinaugura as relações, apresentando a proposta de um salto do imediato e do micro para o perene e macro. A responsabilidade pela vida compreende todas e quaisquer dimensões, sejam elas ligadas: Aos espaços físicos do meio social Bairros, municípios, estados, países. Ao nosso ecossistema Terra, água, plantas, animais. A própria relação entre humanos precisa deatenção. Urge o restabelecimento da relação de respeito mútuo, o que pode ser traduzido na unidade na diversidade. A ação humana maltratou o meio ambiente, usou e abusou sem critérios e desrespeitou as espécies. As consequências são trágicas: enchentes, aquecimento, devastação, deslizamentos, banalização da vida em todas as instâncias, desagregação humanitária e tantas outras. É a consciência planetária, o caminho proposto para a retomada. Ou formamos alunos com essa consciência ou o�cializamos o caos. Bombeiros atuando em resgate após deslizamento de terra causado por fortes chuvas em Petrópolis/RJ. Precisamos nos libertar do poder destrutivo e garantir a sustentação do planeta nas ações solidárias. A terra grita! Não é tarefa fácil refletir questões tão complexas, mas é ainda mais complexo chegar à conclusão de que é o homem o grande responsável de impactos ambientais que colocam ele mesmo em risco. Talvez esse comportamento esteja respaldado pela ideia da efemeridade da vida, ou seja, “não verei as consequências futuras, portanto, aproveito de tudo no presente”. Na condição de cuidados e zelo pela integridade da vida, reside a necessidade de que o meio ambiente natural seja modificado com todas as condições para que a alteração humana não cause danos irreversíveis, prejudicando todas as vidas que nele habitam. Ao contrário, que a busca da implementação do ambiente físico para o bem-estar humano seja também um bem-estar para o meio ambiente. O conceito de consciência planetária pode ser encontrado no preâmbulo da Carta da Terra: Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações. (CARTA DA TERRA, 2000) Portanto, como todas as outras disciplinas, o ensino das ciências naturais não diverge dos objetivos e atividades da vida escolar. Por isso, abordar os temas utilizando a metodologia de interdisciplinaridade é fundamental, como indicado na introdução da BNCC. Decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem. (BRASIL, 2018, p.16) O processo de aprendizagem deve proporcionar a relação do assunto principal com outras matérias, pois na natureza os fenômenos nunca ocorrem individualizados, ou seja, tudo está interligado, e o aluno precisa compreender esta situação. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que foi instituído em 2017 e tem como foco as aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo da educação básica. Não é um documento de orientações, mas de caráter normativo. Entre os possíveis objetivos de ensino na área das ciências naturais, de acordo com a BNCC, na educação básica, pode-se desenvolver as seguintes competências: I. Motivar para a constituição do pensamento científico, para a pesquisa. II. Apreensão do aprendido intervir nos processos sociais, modificando-os. III. Além do aprender, apreender e superar a reação imediata do real. IV. Compreensão científica do fenômeno nas situações da vida. V. Reforçar a fragmentação entre conteúdo, competências, habilidades e cidadania. Parabéns! A alternativa E está correta. De acordo com a BNCC, o ensino de ciências naturais deve desenvolver o pensamento crítico, científico que leva à transformação da realidade, superando a ideia do aprendizado do real imediato. Também espera que a aprendizagem seja significativa e rompa com a compartimentalização do conhecimento e suas consequências práticas no cotidiano da vida. Questão 2 (Adaptado de AMEOSC - 2019 - Prefeitura de Iporã do Oeste - SC - Professor de Ciências) Na educação contemporânea, o ensino de ciências naturais é uma das áreas em que se pode reconstruir a relação ser humano/natureza em outros termos, contribuindo para o desenvolvimento de A Estão corretas somente as afirmativas I e II, V. B Estão corretas somente as afirmativas I, II e III. C Estão corretas somente as afirmativas III, IV e V. D Estão corretas somente as afirmativas II, IV e V. E Estão corretas somente as afirmativas I, II, III, IV. Parabéns! A alternativa A está correta. A proposta do ensino de ciências naturais contempla a relação do aluno com a natureza, ou seja, a reconstrução dessa ligação, por meio do desenvolvimento de consciência social e planetária, visando a uma transformação que combate a ideia de supremacia humana sobre a natureza. 2 - Ciências naturais: prática social e princípios éticos sustentáveis A uma consciência social e planetária. B interesses políticos e econômicos. C ciência. D uma herança biológica quanto às condições culturais, sociais e afetivas. E área espacial geométrica. Ao �nal deste módulo, esperamos que você identi�que na BNCC as contribuições das ciências naturais no desenvolvimento de competências de prática social e princípios éticos sustentáveis. BNCC e a prática social A Base Curricular Comum Nacional (BNCC) é enfática acerca das contribuições das ciências no desenvolvimento de competências da prática social e dos princípios éticos sustentáveis, com o foco nas ciências naturais. Em qualquer área, a BNCC aponta a necessidade da concepção do conhecimento curricular contextualizado, ou seja, a valorização da realidade local, social e individual da escola e dos alunos. A contextualização das ciências da natureza é tratada nas páginas 547 a 552 do documento. Há uma explícita preocupação com as questões globais e locais, visando à aplicação dos conhecimentos e procedimentos científicos na resolução de seus problemas cotidianos. Tal constatação corrobora a necessidade de a educação básica - em especial, a área de ciências da natureza - comprometer-se com o letramento científico da população. (BRASIL, 2018, p. 547). Atualmente, não é mais possível conceber a escola estanque, distante, neutra e aquém da realidade social. Dessa maneira, as ciências da natureza e o seu processo de ensino rompem com a mesmice, a estagnação, a fragmentação e com o desvinculamento entre ciência e realidade. Estamos diante da proposta de uma inseparável sintonia entre vida e ciência. O rompimento esperado não é entre ciência e vida, ao contrário, esse encontro deve ser ressignificado. As ciências da natureza fazem parte da condição humana, na constituição do mundo e na concepção da vida. Como as disciplinas biologia, física e química fazem parte do cotidiano, pelo letramento científico, os conhecimentos serão desvelados e aplicados na resolução dos problemas, dando significância à vida e a vida à ciência. Ora, se a vida não é mais que um tecido de experiência de toda sorte, se não podemos viver sem estar constantemente sofrendo e fazendo experiências, é que a vida é toda ela uma longa aprendizagem. Vida, experiência, aprendizagem - não se pode separar. Simultaneamente vivemos, experimentamos, aprendemos. [...] A experiência alarga, deste modo, os conhecimentos, enriquece o nosso espírito e dá, dia-a-dia, significação mais profunda à vida. E é nisso que consiste a educação. Educar-se é crescer,não no sentido puramente fisiológico, mas no sentido espiritual, no sentido humano, no sentido de uma vida cada vez mais larga, mais rica e mais bela, em um mundo cada vez mais adaptado, mais propício, mais benfazejo para o homem. (DEWEY, 1980, p. 115-116) A BNCC garante a base comum nacional dos conteúdos das disciplinas, e assegura as aprendizagens essenciais que valorizam o contexto histórico de seus sujeitos, com envolvimento e participação das famílias e da comunidade, considerando a autonomia dos sistemas ou das redes de ensino e das instituições escolares. Há especificidades que devem ser respeitadas, assim como há singularidades que não podem ser banidas, como é o caso da base comum do conhecimento nacional, assim como ressaltado na introdução da BNCC: Contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares, identificando estratégias para apresentá-los, representá- los, exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos, com base na realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens estão situadas. (BRASIL, 2018, p. 16) Para o processo de ensino e aprendizagem, necessitamos de etapas pedagógicas, nas quais estão inclusas partes práticas e teóricas, o método pedagógico histórico-crítica (SAVIANI, 2011), que inclui prática social inicial, problematização, instrumentalização, catarse e prática social final. A prática social inicial é o conhecimento prévio desse aluno, por isso é preciso que os profissionais da educação compreendam que cada aluno possui vivências, conhecimentos e experiência diferentes, adquiridos por meio de interações sociais. “Trata-se de se apropriar dos instrumentos teóricos e práticos necessários ao equacionamento dos problemas detectados na prática social” (SAVIANI, 1997, p. 81). Com a pessoa inserida na escola, o objetivo é a prática social final, alcançada por meio de conteúdos pedagógicos ensinados, somados a conhecimentos prévios de sua realidade. Dessa maneira, ocorrerá uma mudança na visão do aluno sobre o que o cerca e suas oportunidades, tendo uma transformação qualitativa de suas habilidades sociais, devido ao conhecimento científico adquirido em sala de aula. Muitas vezes, o resultado positivo da prática social em escolas exerce um papel em que minorias têm base para transformar sua realidade. Prática social em ciências naturais Na BNCC, o conteúdo da área de ciências da natureza está bem distribuído pelo ensino fundamental e pelo médio. Vejamos as principais diferenças: Ensino fundamental O conteúdo é apresentado como um único componente: ciência da natureza. Ensino médio O conteúdo está dividido entre os componentes curriculares: biologia, física e química. São quatro eixos estruturantes que fazem a organização dos componentes curriculares do ensino médio: conhecimento conceitual das ciências da natureza; contextualização histórica, social e cultural das ciências da natureza; processos e práticas de investigação em ciências da natureza; linguagens das ciências da natureza. Cada eixo estruturante tem objetivos específicos a serem alcançados. Ao mesmo tempo, a área de ciências naturais é privilegiada por conter uma diversidade grande de tópicos e de maneira de abordá-los, o que facilita o corpo docente e discente, com diferentes métodos de explicação, o que faz com que a aprendizagem se torne mais eficaz. Com a proposta da BNCC, o aprendizado de ciências naturais ganha ainda mais força na necessidade de contextualização e sintonia com o processo histórico social. A busca de um currículo alinhado à educação integral joga luz e areja os objetivos das ciências naturais. Mas o que vem a ser um currículo de educação integral? É a busca do desenvolvimento global. Essa concepção parte da ideia de que a educação básica deve ser o canal de desenvolvimento do sujeito em todas as suas dimensões. É essa a intenção firmada pela BNCC. Vale lembrar que essa intenção tem como foco os sujeitos que serão responsáveis pela vida social, portanto, deve sair da educação básica com as condições de cidadão que integra em si as competências e habilidades para vivenciar e promover o bem comum. Re�exão O que teria acontecido em nossa sociedade se, durante as décadas passadas, a educação escolar tivesse conseguido colocar em prática esses ideais? Quando se trata de aula de ciências naturais, é sempre interessante que o professor contribua de forma prática e teórica para melhor aproveitamento da aula, trazendo a teoria abordada durante a aula para aproximação na prática, às vezes, em coisas do cotidiano. As ciências naturais têm muito a contribuir com a educação integral, iniciando com a tarefa de ressignificar a intensa relação entre ciência e vida. Ao pensar em um currículo de educação integral, é necessário lembrar que o desenvolvimento científico e tecnológico deve estar presente em toda ação docente. Para isso, devem ser planejadas várias atividades que possam suscitar nos alunos o desenvolvimento das habilidades esperadas, conforme consta no quadro das situações que o ensino de ciências deve promover: definição de problemas; levantamento, análise e representação; comunicação; intervenção. São muitas as possibilidades de atividades que podem ser promovidas em ciências, entre elas, as inúmeras experimentações, que acabam sendo esvaziadas em seus sentidos, confundindo-se como atividade lúdica. A experimentação também promove ludicidade, mas não se encerra nela. Há um fenômeno que deve ser investigado e compreendido. Nenhuma atividade, por mais simples que seja, envolvendo experimento, será sem propósito. Basta se lembrar dos grãos de feijão germinando no algodão. Os laboratórios de escolas, guardando os devidos cuidados e as regras da faixa etária, devem ser frequentados pelos alunos e cumprir o seu devido sentido: não adianta ir para o laboratório e continuar com aulas expositivas ou mesmo apenas assistir a um vídeo de ciências. Em escolas com ou sem laboratórios, é essencial motivar que os espaços, durante as aulas de ciências, sejam sentidos como laboratórios nos quais os alunos se sintam envolvidos para apresentarem suas interrogações, hipóteses, descobertas e resultados. Os recursos para o ensino de ciências da natureza são muitos, desde grandes inovações, até os mais tradicionais e corriqueiros. A ausência de recursos tecnológicos dificulta, mas não impede o letramento científico. Veja alguns exemplos de recursos audiovisuais e tecnológicos: Recursos audiovisuais Imagens, reportagens, recortes, revistas, jornais. Recursos tecnológicos Celulares e outros aparelhos, os jogos, os elementos do cotidiano, como, por exemplo, embalagens dos produtos químicos, observação e levantamento de dados vitais dos bairros, pequenas e grandes invenções. Na década de 1990, ainda quando não havia tecnologias digitais, surgiu a Coleção Jovem Cientista com dez volumes. Cada volume representava uma área das ciências da natureza, oferecendo variadas experiências: eletricidade, magnetismo, energia, som, gravidade, luz, máquinas, números, água, movimento, clima, quente/frio, sentidos, crescimento, cores. A discussão sobre letramento científico ainda não havia ganhado campo acadêmico, mas a coleção já trazia essa proposta, tornando o fenômeno científico uma condição cotidiana. Isso foi feito de maneira didática, divertida e com a superação da compreensão do real imediato para o real científico. A chave para o ensino das ciências da natureza é identificar as contribuições das ciências naturais no desenvolvimento de competências da prática social e os princípios éticos sustentáveis na BNCC, apesar de ser um grande desafio. A principal tarefa para construir um currículo é pensar a contextualização, a significância, a preocupação de uma formação crítica e cidadã, o que não significa, em hipótese alguma, abrir mão da cientificidade, da pesquisa, da teoria. A BNCC traz a educação integral partindo do conceito de competências. Em que as ciênciasnaturais podem contribuir para a formação de competências? A primeira delas, que será aprofundada mais a frente, é o letramento científico. A grande fragilidade das ciências da natureza está fundamentada na ausência desse letramento, ou seja, parece ter havido, ao longo das décadas, uma espécie de banalização da necessidade de compreensão do fenômeno científico. O ensino de ciências, muitas vezes, na tentativa de oferecer aos alunos uma aprendizagem significativa, com a realização das experiências, acaba se confundindo e tornando as tentativas de experiências científicas em práticas de ludicidade. Evidentemente, a ludicidade não deve ser excluída do ensino de ciências naturais, ao contrário, ela é aliada na significação e na promoção de um ensino mais prazeroso. No entanto, quando se consome em si mesma, acaba contribuindo para a banalização, já que o entendimento, aprendizado e a apreensão do fenômeno científico não terá sido alcançado. No compromisso de garantir o desenvolvimento de competências na área do conhecimento de ciências naturais, é possível obter um melhor entendimento de como ocorrem os fenômenos científicos e como eles têm ligação direta com o contexto social. Provavelmente, será mais fácil manter o interesse pela aula por meio das experimentações, da pesquisa e do aprofundamento nas ciências da natureza. Muitas vezes, os alunos já têm curiosidade sobre alguns fenômenos e veem a necessidade de resolver essas dúvidas, o que o professor deve estimular e desenvolver nos alunos que ainda não desenvolveram. O papel do professor não é somente daquele que ensina, mas também daquele que possibilita o desenvolvimento do interesse de aprender. Nos casos em que não é possível para o aluno chegar à solução observando seu cotidiano, constata-se a importância do letramento científico, muito incentivado pela experimentação. Veja como funcionaria uma experiência científica para o aluno, guiada pelo professor: O professor, quando se propõe a realizar uma experiência científica juntamente com seus alunos, utiliza ação pedagógica na qual a prática social está inserida. Mesmo antes de começar o l á f õ experimento, os alunos já fazem suas suposições e interpretações, com base em seus conhecimentos prévios, caracterizados por prática social inicial. É a sintonia entre a vida e a ciência, que se apresentam em uma simbiose perfeita. Durante todo o experimento, o aluno articula possíveis hipóteses e resultados. Quando os questionamentos são respondidos, novos conhecimentos científicos terão sido absorvidos por meio de uma problematização em forma de experiência no ambiente escolar, e essa informação será utilizada para outra matéria, aula, e em sua vida cotidiana. Dessa maneira, a escola se torna um centro de interesse para o aluno, absorvendo-o por meio de suas potencialidades, em diversas atividades educativas, sendo o principal instrumento da aprendizagem. Afinal, “ensinar bem é ensinar apelando para as capacidades que o aluno já possui” (DEWEY, 1980, p. 176). Dessa maneira, o letramento científico começa e continua, a partir da própria vivência, não reforçando o senso comum, mas elucidando os fatos do cotidiano com a explicação científica e aproveitando dos acontecimentos da vida, como objeto de pesquisa, de aprofundamento, de desvelamento. Princípios éticos sustentáveis em ciências naturais Ciências da natureza e cidadania Neste vídeo, a especialista demostra a importância de um planejamento sustentável do âmbito de políticas públicas somado ao necessário comprometimento individual para construção da cidadania. Segundo a BNCC, os alunos devem conhecer seu potencial como veículo de transformação da sociedade, pois ela está em constante evolução e renovação. É essencial que tenham consciência sobre os sentidos e significados da cidadania, e visem a uma sociedade justa, democrática e sustentável. É preciso desenvolver a compreensão de que são interessantes atitudes pessoais, porém também é importante agir em conjunto, com outras pessoas, tendo como objetivo tornar o mundo em que vivemos mais igualitário, ético, flexível, inclusivo, solidário entre outros. O art. 225, incisos I e VII, da Constituição Federal, com seus sete parágrafos definindo as incumbências do poder público acerca da proteção do meio ambiente, é rígido e claro ao legislar que: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988) A Constituição Federal tem competência para garantir as condições vitais dos cidadãos e nela estão contidas as responsabilidades daqueles que devem zelar pela integridade da vida. É evidente que as políticas públicas devem resguardar os direitos vitais pelo estabelecimento das legislações e ações concretas. No entanto, nessa reflexão, não é possível renunciar ao papel individual de cada pessoa, de cada cidadão. Essa é uma questão para todos. Nesse contexto de emergência, a BNCC recorda, apela e não deixa esquecer o legado da educação. A BNCC indica a educação integral e de caráter global, pois todos somos responsáveis pela sustentabilidade, pela inclusão, pela vida em todas as suas dimensões. Nesse cenário, as ciências naturais ganham destaque, pois circundam os fenômenos naturais e oferecem inúmeras formas de compreensão dos perigos que colocam a vida em risco, mas, igualmente, oferecem caminhos, estratégias e ações para preservá-la. Reside aí a significância de formar para a sustentabilidade, para os princípios éticos sustentáveis. Para aprimorar a sociedade, de maneira sustentável, ética, inclusiva, a BNCC traçou objetivos para os professores desenvolverem com os alunos até o final do ensino fundamental uma etapa obrigatória da educação básica: Direitos e responsabilidades Os alunos precisam conhecer seus direitos e suas responsabilidades, no sentido de que devem saber se impor quando necessário para defender seus direitos, assim como devem cumprir suas responsabilidades. E o julgamento de interesses de como se posicionar deve ser pensando no bem comum, além de suas vontades pessoais. Decisões Os alunos precisam ter o discernimento de analisar suas opções na hora de decidir algo, pensar no coletivo, como isso afeta a sociedade ou os envolvidos e se responsabilizar pelas suas escolhas. Consequências Analisar possíveis consequências, pensar antes de agir, refletir sobre como suas atitudes podem impactar os demais ou até a si mesmos no futuro. Valores Entender seus próprios valores, identificar quais valores são importantes para eles. Refletir sobre atitudes, levando seus valores em consideração, como será o reflexo neles e nos outros. Ética Saber identificar conflitos éticos, para se posicionar e tomar decisões de forma ética. Interação social e liderança Saber realizar projetos escolares em grupos, conseguir se comunicar com as pessoas passando a sua visão, saber se organizar para gerir recursos e pessoas. Problemas Lidar com problemas complexos, conseguir lidar com situações desagradáveis, muitas vezes com situações novas, e encarar o desafio, propondo possíveis soluções. A BNCC espera que, até o fim do ensino fundamental, uma etapa da educação básica obrigatória para todos, os alunos já tenham construído autonomia e saibam ponderar suas atitudes e decisões, aprendendo e aperfeiçoando com o passar do tempo, na prática e experiência da vida, de forma gradual. Os professores devem estar preparados para promover espaço para que os alunos desenvolvam suas competências. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (CISCOPAR - Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná- 2015 - Pedagogo) O método pedagógico da pedagogia histórico-crítica contempla as seguintes etapas: prática social inicial, problematização,instrumentalização, catarse e prática social final. O principal defensor dessa tendência pedagógica é Parabéns! A alternativa E está correta. O método pedagógico da pedagogia histórico-crítica é de Dermeval Saviani. O método conta com cinco etapas que devem nortear o processo de ensino-aprendizagem, ser significativas e contemplar a análise da realidade: prática social inicial, problematização, instrumentalização, catarse e prática social final. Vygotsky é o criador da proposta da aprendizagem pela zona proximal. John Dewey foi o criador da educação progressiva que defendia a escola como a própria vida e não como uma imitação da vida. Paulo Freire foi quem criou a pedagogia do oprimido e propôs uma educação como prática de liberdade. Piaget foi o criador do estágio do desenvolvimento. Questão 2 (Adaptada de VUNESP - 2011 - SAP-SP - Analista Sociocultural – Pedagogia) A nação brasileira, por meio de suas instituições, e no âmbito de seus entes federativos, vem assumindo responsabilidades crescentes para que a educação básica seja prioridade nacional como garantia inalienável do exercício da cidadania plena. A BNCC espera que, até o final do ensino fundamental, uma etapa obrigatória da educação básica para todos, os alunos já: I - Saibam impor-se quando necessário para defender seus direitos, assim como devem cumprir suas responsabilidades. II - Tomem decisões e possuam o discernimento de analisar suas A Lev Vygotsky. B John Dewey. C Jean Piaget. D Paulo Freire. E Dermeval Saviani. opções, opiniões na hora de decidir algo, pensar no coletivo. III - Saibam pensar antes de agir e reflitam sobre como suas atitudes podem impactar os demais ou até a si mesmo no futuro. IV - Reflitam sobre atitudes levando seus valores em consideração, compreendendo que escolhas pessoais não causam reflexos nos outros. V - Saibam identificar conflitos éticos, evitem se posicionar, e tomem decisões de forma ética, lidando com problemas complexos propondo possíveis soluções. Parabéns! A alternativa B está correta. A educação básica é obrigatória pela Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/1996 e pela Constituição Federal de 1988. Quatro dos tópicos apresentados fazem parte do que se espera do perfil do egresso do aluno do ensino fundamental, que dura nove anos, do 1º ao 9º ano. Está incorreta a opção que apresenta que as escolhas pessoais não causam reflexos nos outros, já que o exercício da cidadania nos exige pensar no bem comum e as ações pessoais não estão isoladas do todo social. A Estão corretas somente I, II, III, IV. B Estão corretas somente I, II, III, V. C Estão corretas somente I, II, IV, V. D Estão corretas somente II, III, IV, V. E Estão corretas somente III, IV, V. 3 - Informação cienti�ca e tecnológica Ao �nal deste módulo, esperamos que você relacione informação cientí�ca e tecnológica ao desenvolvimento do letramento cientí�co com a aplicação das competências indicadas pela BNCC para a aprendizagem de ciências naturais. Letramento cientí�co e tecnológico A prática para as ciências naturais de acordo com a BNCC pode ser compreendida na orientação para o desenvolvimento do letramento científico dos alunos. A aprendizagem, ao longo da educação básica, deve ser um itinerário de formação para a compreensão e intervenção do mundo, levando em consideração o conhecimento científico, o saber tecnológico, sintonizando ciência e vida nas mais variadas dimensões da existência. Juntando todos esses fatores e o “apetite” pelo saber, próprio da infância, da adolescência e da juventude, no sentido cronológico, mas também do sentido figurado, considerando que não há idade para o encantamento científico, podendo ocorrer também mais tarde, é o que faz destacar o trabalho na educação de jovens e adultos (EJA). O ensino das disciplinas da área de ciências da natureza deve levar o aluno a entender o dinamismo e a integração entre os conteúdos. Deve ser o grande motivador e incentivador da pesquisa e da construção do pensamento científico. O emprego de metodologias ativas pode facilitar o processo de ensino aprendizagem. O ensino-aprendizagem de ciências, que deveria levar à pesquisa e ao aprofundamento, à construção do pensamento científico e à aplicação desses aprendizados na vida, em muitos casos, termina na execução da experimentação, pois o entendimento do fenômeno científico não foi compreendido. Portanto, uma das essenciais contribuições das ciências da natureza na formação de competências é fazer com que as experiências, teóricas e práticas superem a reação imediata do real representado, partindo para a compreensão científica do fenômeno. Há especificidades para cada área do conhecimento na BNCC, e as ciências da natureza têm sua essência, sua contribuição formativa para a educação integral. Cada área tem um conjunto de métodos, códigos e campos que são propriamente dela. Atenção! Devemos ter cuidado para que a área seja respeitada em suas especificidades, em seus direcionamentos teóricos e práticos. Não se trata de uma compartimentalização do conhecimento, tampouco de fragmentação. Esses são problemas que a própria BNCC critica e almeja superar. A área do conhecimento é uma garantia das competências específicas e dos componentes curriculares essenciais, base comum curricular para a formação integral. Essas competências e componentes curriculares serão aliados para a formação de competências da prática social e de princípios éticos sustentáveis. O uso de metodologias ativas e recursos didáticos variados é essencial no processo de ensino-aprendizagem, de maneira que colabora com o aluno no entendimento do problema e o auxilia a pensar de forma ativa no desenvolvimento de hipóteses. Aprendizagem significativa e metodologias ativas têm feito parte com frequência do cotidiano da educação escolar. A aplicação das metodologias ativas está pautada no processo ensino-aprendizagem, tendo o aluno como protagonista do processo, portanto, não está centrada na figura do professor. Além disso, é fundamentada pelo desenvolvimento das habilidades e das competências, promovendo aprendizagem que viabilize a capacidade de desenvolver problemas, motivando a busca de informações, a autoavaliação, a avaliação grupal, entre outras possibilidades, ressignificando o interesse dos alunos pela vida escolar. As metodologias ativas propiciam ao aluno um aprendizado mais participativo e como sujeito ativo, passando a ser o centro do processo de ensino-aprendizagem. A tecnologia muito colabora para a implementação de metodologias ativas. O uso de jogos em sala de aula durante o processo de ensino- aprendizagem é muito positivo, por desenvolver nos alunos discussões e conversas sobre o assunto tratado por meio de uma competição. A gamificação é uma das metodologias ativas e é colaborativa, pois promove a condição do aluno como protagonista de sua aprendizagem. Ciências naturais e educação infantil Letramento cientí�co Você sabe o que é letramento científico? Neste vídeo, entenderemos seu conceito e também a importância de inseri-lo no contexto da educação básica o mais cedo possível. A educação básica compreende: A educação infantil Creche, pré-escolar. O ensino fundamental 1º ao 5º ano; 6º ao 9º ano. O ensino médio 1º ao 3º ano. Para a educação infantil, primeira etapa da educação básica, a BNCC é pensada pela ótica de aprendizagens, e o desenvolvimento tem como eixos estruturantes as interações e a brincadeira. Os verbos (ações) que definem e asseguram esses direitos são: conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se. Para atingir tais metas, a BNCC para educação infantil está estruturada em cinco campos de experiências que definem os objetivos e desenvolvimento: o eu, o outro e o nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e formas; escuta, fala, pensamento e imaginação; espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. A BNCC instrumentaliza e organiza o que estápreconizado nas diretrizes curriculares nacionais da educação infantil (DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009). Entre as páginas 35 e 53, a BNCC trata especificamente da etapa da educação infantil. Comentário Na educação infantil, as ciências naturais têm igualmente um essencial e relevante papel e lugar, pois nas atividades dos cinco campos de experiências deve estar implícito e explícito o letramento científico. Há uma gama de possibilidades para que as crianças experimentem as interrogações acerca dos fenômenos que envolvem as ciências da natureza e sua descoberta. Não se conhece a infância: com as falsas ideias que dela temos, quanto mais longe vamos, mais nos extraviamos. Os mais sábios apegam-se ao que importa que sabiam os homens, sem considerar que as crianças se acham em estado de aprender. Eles procuram sempre o homem na criança, sem pensar no que esta é antes de ser homem. (ROUSSEAU, 1995, p.76) A BNCC possibilita a compreensão de que a educação infantil é a etapa privilegiada da imaginação, da ludicidade e da brincadeira. No entanto, a BNCC não retira, não minimiza, não reduz a educação infantil a uma não etapa de letramento científico, ao contrário, potencializa essa etapa tão favorável para explorar a busca, o desejo de saber, a liberdade da criação e da interpretação. É a fase da curiosidade natural, da interrogação investigativa e observadora que deve ser motivada, cultivada. É o cientista que já se apresenta. A BNCC indica uma prática pedagógica que relacione experiências e saberes das crianças com uma intencionalidade educativa e promova situações para a produção científica. Na educação infantil, as condições para que as crianças aprendam em situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nos quais possam construir significados sobre si, os outros e o mundo social e natural. (BRASIL, 2018 p. 35) Competências: ensino fundamental e médio A BNCC traça competências específicas para a área de ciências da natureza no ensino fundamental e no ensino médio. As competências especificas para o ensino fundamental, que podemos interpretar como a prática na área de ciências naturais propostas pelo BNCC (BRASIL, 2018, p. 321), são: 1. Compreender as ciências da natureza como empreendimento humano, e o conhecimento científico como provisório, cultural e histórico. 2. Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das ciências da natureza, bem como dominar processos, práticas e procedimentos da investigação científica, de fato a sentir segurança no debate de questões científicas, tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho. Portanto, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 3. Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social e tecnológico (incluindo o digital), como também as relações que se estabelecem entre eles. Ou seja, exercitando a curiosidade para fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das ciências da natureza. 4. Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho. Já para o ensino médio, encontramos na BNCC (BRASIL, 2018, p. 554): 1. Verificar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global. 2. Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da vida, da Terra e do cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis. 3. Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das ciências da natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais. Ou seja, comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC). A BNCC aborda diferentes matérias em conjunto, no caso das ciências naturais, a união com disciplinas envolvendo tecnologia, como engenharia, física, entre outras. A forma metodológica é a transdisciplinaridade, adotada com o objetivo de solucionar problemas e desenvolver novos projetos que acrescentem algo positivo à população com seus resultados. A transdisciplinaridade é o viés para que sejam rompidas as barreiras entre as disciplinas e seja possível uma intercomunicação por meio de tema comum, conhecido como tema transversal. Para colocar essa ideia na prática, cinco passos devem ser seguidos: Investigação Nesta etapa, o estudante precisa fazer uma pesquisa sobre o tema escolhido para seu projeto, pois ele não deve receber essas informações, mas buscá-las para ser o mais ativo possível em sua pesquisa. Descoberta Nesta etapa, conforme o projeto anda, o aluno absorve o conteúdo sobre seu projeto, aumentando sua curiosidade e já começando a elaborar possíveis soluções. Conexão Nesta etapa, o aluno trabalhará de forma transdisciplinar; após suas pesquisas e a elaboração de possíveis hipóteses, ele deve uni-las, passando a trabalhar utilizando o conhecimento de cada conteúdo de forma integrada. Criação Nesta etapa, hipóteses sobre como solucionar o tema central de seu projeto devem ser levantadas, com todos os conteúdos unificados. Assim, diversas maneiras distintas para se experimentar surgirão, com isso, devem ser filtradas; e as que melhor responderem ao problema em questão devem ser selecionadas para experimento. Re�exão Nesta etapa o objetivo é estimular o pensamento crítico por meio da reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Em 2017, foi instituído um documento normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais a serem desenvolvidas ao longo das etapas e modalidades da educação básica. A partir do previsto na BNCC, é possível afirmar que o ensino-aprendizagem de ciências deve: I. Fazer com que as experiências, teóricas e práticas, superem a reação imediata do real representado, partindo para a compreensão científica do fenômeno. II. Levar à pesquisa e ao aprofundamento, à construção do pensamento científico e à aplicação dele na vida. III. Reforçar a reação imediata do real e a construção do pensamento pelas bases do senso comum, compreendendo com mais clareza os fenômenos. A Somente I, II estão corretas. Parabéns! A alternativa A está correta. Está previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino de ciências naturais que o aprendizado supere a reação imediata do real e desenvolva o letramento científico, o que possibilita a aplicação do conhecimento à vida e que a vida seja levada para a reflexão. Questão 2 (AMEOSC - 2021 - Prefeitura de Mondaí - SC - Professor de Ciências) Das competências específicas para o ensino de ciências da natureza para o ensino fundamental, para comunicar, acessar e divulgar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das ciências da natureza de forma crítica, obrigatória, reflexiva e ética, a BNCC recomenda que o aluno B Somente I, III estão corretas. C Somente I está correta. D Somente II está correta. E Somente III está correta. A utilize diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação. B construa argumentos com base em dados, evidênciase informações confiáveis. C compreenda as ciências da natureza como empreendimento humano. Parabéns! A alternativa A está correta. Por meio do uso de diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação, é possível acessar e divulgar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das ciências da natureza de forma crítica, obrigatória, reflexiva e ética. Considerações �nais Como vimos durante nossos estudos, a BNCC destaca o ensino de ciências naturais desde a educação básica, por estar presente na vida do aluno desde sempre, visto que a ciência está em tudo o que nos cerca, desde a natureza, a eletricidade, o remédio etc., por isso valorizando o letramento científico. Também abordamos que a BNCC, nas ciências naturais, prega habilidades sobre o entendimento dos recursos naturais que temos disponíveis em nosso planeta e por que devemos usá-los com sabedoria, assim como enfatiza a sustentabilidade. Para a BNCC, a construção da autonomia é um evento importante que deve ser trabalhado pelo corpo docente, com intuito de orientar os alunos sobre quais prioridades devem ser lembradas na hora de se fazer uma escolha. Por fim, vimos as informações científicas evidenciadas pela BNCC no ensino fundamental e médio, juntamente com as informações tecnológicas. D compreenda o conhecimento científico como provisório, cultural e histórico. E compreenda o conhecimento científico como imutável, cultural e histórico. Podcast Fique agora com a entrevista da especialista Cínthia Hoch, que compartilha sua trajetória pessoal e profissional no âmbito da pesquisa. Explore + O Canal Ciência em Show, no YouTube, traz uma série de experiências científicas, a maioria fundamentada teoricamente, que podem ser facilmente replicadas no âmbito da educação escolar. O site Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações traz não somente atualização no âmbito nacional acerca do desenvolvimento da pesquisa científica no país, como também possibilidade de bolsas e concurso, cujo objetivo é valorização do saber científico. O portal Plataforma BNCC, em parceria com Ministério da Educação, traz inúmeras possibilidades de aplicação e discussão da BNCC em diversas áreas do conhecimento. Leia o artigo História do ensino de ciências na educação básica no Brasil (do Império até os dias atuais), de Inara Carolina da Silva- Batista e Renan Rangel Moraes, publicado na Revista Educação Pública, que apresenta um panorama simplificado mas relevante sobre o tema. O Programa de Rádio Tome Ciência, disponível no Portal Domínio Público, permite baixar uma série de programas, agrupados por temas, a fim de resgatar o áudio como ferramenta de ensino. Referências ARCE, Alessandra; SILVA, Debora A. S. M. da; VAROTTO, Michele. Ensinando ciências na educação infantil. Campinas: Alínea, 2011. 133 p. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Casa Civil, 1988. Consultado na internet em: 2 mar. 2022. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Carta da Terra. Consultado na internet em: 1 mar. 2022. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, DF: MEC/CEF, 1997. BACHAELARD, G. A formação do espírito científico. Rio de Janeiro: Contraponto, 1972. CURRÍCULO. In: DICIONÁRIO Michaelis. Consultado na internet em: 26 fev. 2022. DEWEY, John. Coleção Os Pensadores. São Paulo, Abril Cultural, 1980. ROUSSEAU. J. Emílio ou Da Educação. São Paulo, Martins Fontes, 1995. SAVIANI, D. Escola e democracia. 31. ed. Campinas: Autores Associados, 1997. SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 11. ed. Campinas: Autores Associados, 2011. TEIXEIRA, Anísio. Pequena Introdução à Filosofia da Educação - A Escola Progressiva ou a Transformação da escola. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()
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