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Guia de Bolso de NEONATOLOGIA 2ª Edição Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo José Luiz Egydio Setúbal Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP). José Carlos Ferrreira Villela Superintendente da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP). Marcelo Mercadante Diretor Clinico da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP). Rogério Pecchini Diretor Técnico do Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP). Valdir Golin Diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (FCMSCSP). José Eduardo Lutaif Dolci Diretor do Curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (FCMSCSP). Marco Aurélio P. Sáfadi Diretor do Departamento de Pediatria da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP). Mauricio Magalhães Chefe do Serviço de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP). Editores Mauricio Magalhaes Francisco Paulo Martins Rodrigues Clery Bernardi Gallacci Paulo Roberto Pachi Maria Renata Tollio Chopard Tabajara Barbosa Lima Neto Guia de Bolso de NEONATOLOGIA 2ª Edição EDITORA ATHENEU Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) MAGALHÃES, M.; RODRIGUES, F.P.M; GALLACCI, C.B; PACHI, P.R.; CHOPARD, M.R.T.; LIMA NETO, T.B. Guia de Bolso de Neonatologia – 2ª Edição ©Direitos reservados à Editora Atheneu – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, 2016. São Paulo — Rua Jesuíno Pascoal, 30 Tel.: (11) 2858-8750 Fax: (11) 2858-8766 E-mail: atheneu@atheneu.com.br Rio de Janeiro — Rua Bambina, 74 Tel.: (21)3094-1295 Fax: (21)3094-1284 E-mail: atheneu@atheneu.com.br Belo Horizonte — Rua Domingos Vieira, 319 — conj. 1.104 Guia de bolso de neonatologia / editor Mauricio Magalhães. -- 2. ed. -- São Paulo : Editora Atheneu, 2016. Bibliografia ISBN 978-85-388-0727-8 1. Neonatologia 2. Recém-nascidos - Doenças - Diagnóstico 3. Recém-nascidos - Doenças - Diagnóstico - Tratamento I. Magalhães, Maurício. 16-06082 CDD-618.9201 CAPA: Equipe Atheneu PRODUÇÃO EDITORIAL: MWS Design Índices para catálogo sistemático: 1. Neonatologia : Medicina 618.9201 2. Pediatria neonatal : Medicina 618.9201 Editores Mauricio Magalhães Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médico Neonatologista do Hospital Israelita Albert Einstein. Chefe do Serviço Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Francisco Paulo Martins Rodrigues Mestre e Doutor em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médico Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médico Neonatologista do Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha, São Paulo. Clery Bernardi Gallacci Doutora em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médica Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médica Responsável pelos Berçários Setoriais do Hospital e Maternidade Santa Joana. Paulo Roberto Pachi Mestre e Doutor em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.Médico Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médico Neonatologista da Maternidade Pro Matre Paulista. Maria Renata Tollio Chopard Mestre em Pediatria pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médica Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Tabajara Barbosa Lima Neto Médico Neonatologista pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Colaboradores Adriana Nishimoto Kinoshita Médica Residente de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Alexandre Netto Médico Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médico Neonatologista do Hospital e Maternidade São Luiz. Amanda Melhado Médica Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médica Neonatologista do Hospital Israelita Albert Einstein. Ana Luiza Teixeira Balloti Médica do Curso de Especialização de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Beatriz Helena de Morais Millioni Ex-Residente de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Daniella Gregoria Bonfim Prado da Silva Médica Assistente do Serviço de Infectologia Pediátrica da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Eliana Tiemi Maekawa Ex-Residente de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Eliane Redondo Especialista em Terapia Intensiva e Nefrologia pela UNIFESP. Docente da Escola de Enfermagem da Santa Casa de São Paulo. Élida Nicolau Silva Amorim Ex-Residente de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Erica Vince Marrara Ex-Especializanda de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Fernando Lamano Ferreira Ex-Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.Pós-graduado em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein. Fernando Perroud da Silveira Foresti Médico Residente de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Gabriel F. T. Variane Médico Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médico Neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana. Gabriela Pereira de Almeida Rossetti Médica Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médica Neonatologista do Hospital e Israelita Albert Einstein. Inez Carvalho Oliveira Médica Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médica Neonatologista do Hospital e Israelita Albert Einstein. Ivan Cese Marchetti Médico Residente do Serviço de Infectologia Pediátrica da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Juliana de Castro Maturana Ex-Especializanda de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Livia Vargas de Souza Orrico Poli Especialista em Fisioterapia Respiratória da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva Neonatal da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Mara Silvia Battaglini Sanchez Médica Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médica da UTI Pediátrica do Hospital Infantil Cândido Fontoura. Médica da UTI Pediátrica do Hospital São Luiz Unidade Morumbi. Marcela Chaves M. Pimenta Bosco Médica Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Marcelo Massanori Okuma Médico Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médico Neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana. Marco Aurélio P. Sáfadi Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Diretor do Departamento de Pediatria e Puericultura da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Mariana Werneck Costa Especialista em Fisioterapia Respiratória – ISCMSP. Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva Neonatal – ISCMSP. Marianna Corsante Monte Ex-Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médica Neonatoloistado Hospital Infantil Cândido Fontoura. Marilia Mira Gonçalves Ex-Especializanda de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Marta Lucas Teixeira Caldeirão Especialista em Enfermagem Neonatal pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Enfermeira Assistencial da UTI Neonatal da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Professora da escola de Enfermagem da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Nathalie Fonseca Thurler Médica Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Paulo Woon Ki Hong Médico Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Pedro Augusto Pereira do Amaral Ex-Especializando de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Rafaela Fabri Rodrigues Médica Residente de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Renata Pereira Condes Mestre em Psicologia Clínica pela PUC/SP. Especialista em Teoria, Pesquisa e Intervenção em Luto pelo 4 Estações Instituto de Psicologia. Psicóloga do Serviço de Psicologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Membro do Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Renato G. Gasperini Médico Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médico Neonatologista do Hospital e Israelita Albert Einstein. Rodrigo de Jesus Gonçalves Figueredo Médico Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Sabrina Boni Braga de Carvalho Médica Residente de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Sabrina Carreira Godoy Especialista em Fisioterapia Respiratória – ISCMSP. Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva Neonatal – ISCMSP. Sandra Yuriko Kanashiro Médica Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médica Neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana. Sara Neves de Souza Especialista em Cuidados Intensivos e Emergenciais à criança e ao Adolescente. Chefe de Enfermagem do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Silvia Rodrigues da Silva Médica Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Simone Dutra Rodrigues Santos Médica Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Tatiana Paula de Souza Pereira Fonoaudióloga do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Tiago Luna Lacerda Médico Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Médico Neonatologista da Maternidade Pro Matre Paulista. Victoria Catarina de Albuquerque Melo Médica Assistente do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Responsável Técnica pela Equipe de Neonatologia da Casa Amparo Maternal. Médica Neonatologista do Hospital e Maternidade São Luiz - Unidade Anália Franco. Prefácio à Segunda Edição É com muita alegria e satisfação que temos a honra de prefaciar a segunda edição do Guia de Bolso de Neonatologia, realizado sob a coordenação do grupo responsável pelo serviço de neonatologia da Santa Casa de São Paulo. As elevadas taxas de morbidade e mortalidade que caracterizam o período neonatal sempre foram um grande desafio aos pediatras neonatologistas, desde os primórdios da criação desta especialidade, no século passado. Nas últimas décadas, entretanto, obtivemos êxitos e avanços de fundamental importância para o aumento das taxas de sobrevida e especialmente para a diminuição das sequelas relacionadas com a prematuridade. Nesse contexto, vale destacar a importância do grupo de neonatologia da Santa Casa de São Paulo, que vem há décadas formando profissionais que hoje desempenham importante papel em nível assistencial, de ensino e pesquisa não só no Brasil, mas também em outros países. A contribuição científica dos neonatologistas que trabalham em nossa Instituição, em parceria com a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, é inequívoca e consagrada na literatura médica, desde os pioneiros trabalhos que culminaram no reconhecimento da importância da fototerapia para o tratamento da icterícia neonatal até os mais recentes avanços no uso da hipotermia para diminuição da mortalidade e das sequelas neurológicas do recém-nascido asfixiado. Com uma linguagem prática e concisa, este guia contempla em diversos capítulos as principais patologias do recém-nascido, com protocolos objetivos e didáticos que procuram orientar e atualizar os profissionais que trabalham em unidades neonatais. Nestes capítulos, o leitor irá encontrar um resumo dos cuidados fundamentais no manejo das situações clínicas mais frequentes do dia a dia do neonatologista. Esperamos, com esta publicação, poder dividir com os leitores um pouco da nossa experiência e, assim, promover uma melhor assistência aos recém-nascidos que exigem cuidados intensivos. São Paulo, agosto de 2016 Prof. Dr. Marco Aurélio P. Sáfadi A Neonatologia é uma especialidade médica que experimenta grandes avanços, passando pela utilização de incubadoras no início do século XX, introdução de ventilação mecânica com pressão positiva e sua evolução tecnológica, minimizando os efeitos deletérios decorrentes do seu uso. Outro, importante marco, foi o uso do surfactante exógeno, utilizado há mais de 20 anos e juntamente com o óxido nítrico inalatório diminuindo a mortalidade neonatal. E mais recentemente o uso da hipotermia corpórea reduzindo a mortalidade e as sequelas neurológicas nos asfixiados, associado a monitorização cerebral com o eletroencefalograma de amplitude integrada. Assim, o pediatra torna-se figura importante na diminuição da morbimortalidade infantil, neonatal precoce e tardia, que o Brasil vem apresentando. Com toda evolução do conhecimento fisiológico, fisiopatológico e da terapêutica, notamos cada vez mais que o médico pediatra e neonatologista necessita de ferramentas que o auxiliam no dia a dia, estando ao lado e cuidando do recém-nascido, seja na terapia intensiva, na sala de parto ou no alojamento conjunto. A partir daí, surgiu a ideia de escrevermos um livro com características específicas, onde o aluno de medicina, o médico residente ou o pediatra tivesse à sua mão ou no bolso do avental um manual para consulta, sobre os principais problemas que acometem os neonatos. Esgotada a primeira edição e necessitando atualizações, quase obrigatoriamente fizemos esta nova edição, atualizando e escrevendo novos capítulos, dando ainda uma nova diagramação, que tornará esta obra uma ferramenta mais valorizada. Nós, do Serviço de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de São Paulo e da Faculdade de Ciências Médicas, pela experiência, conhecimento e análise Apresentação à Segunda Edição da literatura, nos sentimos à vontade para elaborar, cuidadosamente, o presente livro, que auxiliará a todos que querem e se preocupam em oferecer o mais atual cuidado médico- humanizado ao pequeno paciente, que dependerá desses cuidados para se tornar um adulto melhor. São Paulo, agosto de 2016 Mauricio Magalhães Sumário Seção 1 – O Feto e o Parto 1 Nomenclaturas, Avaliação de Idade Gestacional e Curvas de Crescimento Neonatal, 3 Pedro Augusto Pereira do Amaral Tiago Luna Lacerda 2 Repercussões Fetais e Neonatais de Doenças Maternas, 13 Marianna Corsante Monte Pedro Augusto Pereira do Amaral 3 Reanimação Neonatal, 17 Francisco Paulo Martins Rodrigues Pedro Augusto Pereira do Amaral 4 Tocotraumatismo, 23 Francisco Paulo Martins Rodrigues Seção 2 – O Recém-nascido e Condições Especiais Parte 1 – Balanço Hídrico, Seus Distúrbios e Nutrição 5 Balanço Hídrico e Distúrbios Hidroeletrolíticos e Metabólicos, 29 Beatriz Helena de Morais Miioni Clery Bernardi Gallacci Mara SilviaBattaglini Sanchez Victoria Catarina de Albuquerque Melo 6 Nutrição Parenteral Prolongada (NPP), 39 Beatriz Helena de Morais Miioni Francisco Paulo Martins Rodrigues Victoria Catarina de Albuquerque Melo 7 Alimentação Enteral no RN, 43 Amanda Melhado Ana Luiza Teixeira Balloti Francisco Paulo Martins Rodrigues 8 Níveis de Recomendação de Fármacos para Tratamento de Condições Comuns durante a Amamentação, 47 Beatriz Helena de Morais Miioni Francisco Paulo Martins Rodrigues Marianna Corsante Monte Parte 2 – Neurologia e Seus Distúrbios 9 Asfixia Perinatal, 59 Erica Vince Marrara Francisco Paulo Martins Rodrigues Mauricio Magalhães 10 Hipotermia Neuroprotetora, 63 Erica Vince Marrara Francisco Paulo Martins Rodrigues Mauricio Magalhães 11 Eletroencefalograma de Amplitude Integrada (aEEG) Indicações e Interpretação, 67 Gabriel F. T. Variane Mauricio Magalhães Renato G. Gasperini 12 Convulsão Neonatal, 73 Gabriel F. T. Variane Mauricio Magalhães Renato G. Gasperini 13 Hemorragia Peri-intraventricular, 77 Erica Vince Marrara Mauricio Magalhães Parte 3 – Distúrbios Respiratórios 14 Distúrbios Respiratórios no Período Neonatal, 83 Mauricio Magalhães Paulo Roberto Pachi Rodrigo de Jesus Gonçalves Figueredo 15 Uso do Surfactante e Protocolo do Uso Minimamente Invasivo, 91 Marília Mira Gonçalves Mauricio Magalhães Victoria Catarina de Albuquerque Melo 16 Apneia de Prematuridade, 95 Ana Luiza Teixeira Balloti Tabajara Barbosa Lima Neto 17 Ventilação Mecânica em Neonatologia, 99 Maria Renata Tollio Chopard Paulo Roberto Pachi Rodrigo de Jesus Gonçalves Figueredo Parte 4 – Infecção 18 Prevenção e Tratamento da Doença Perinatal pelo Estreptococo do Grupo B, 107 Nathalie Fonseca Thurler Tabajara Barbosa Lima Neto 19 Sepse Neonatal, 111 Fernando Perroud da Silveira Foresti Silvia Rodrigues da Silva Tabajara Barbosa Lima Neto 20 Infecção Fúngica Neonatal, 117 Daniella Gregória Bonfim Prado da Silva Élida Nicolau Silva Amorim Gabriela Pereira de Almeida Rossetti Marco Marco Aurélio P. Sáfadi Tabajara Barbosa Lima Neto 21 Enterocolite Necrosante, 121 Fernando Lamano Ferreira Fernando Perroud da Silveira Foresti 22 Infecções Congênitas, 123 Francisco Paulo Martins Rodrigues Mauricio Magalhães Sabrina Boni Braga de Carvalho Simone Dutra Rodrigues Santos 23 HIV, 129 Fernando Perroud da Silveira Foresti Francisco Paulo Martins Rodrigues Ivan Cese Marchetti Simone Dutra Rodrigues Santos 24 Hepatites B e C, 133 Rafaela Fabri Rodrigues Simone Dutra Rodrigues Santos 25 Tuberculose, 135 Simone Dutra Rodrigues Santos 26 Prevenção da Infecção pelo Vírus Sincicial Respiratório – Palivizumabe, 137 Élida Nicolau Silva Amorim Marcelo Massanori Okuma Paulo Woon Ki Hong 27 Microcefalia: Conduta nos Casos Suspeitos de Infecção pelo Zika Vírus, 139 Francisco Paulo Martins Rodrigues Marco Aurélio P. Sáfadi Pedro Augusto Pereira do Amaral Parte 5 – Cardiologia e Distúrbios Hemodinâmicos 28 Hipertensão Pulmonar Neonatal e Protocolo do Uso de Óxido Nítrico, 145 Ana Luiza Teixeira Balloti Marcela Chaves M. Pimenta Bosco Mauricio Magalhães 29 Cardiopatias Congênitas, 147 Amanda Melhado Marcela Chaves M. Pimenta Bosco 30 Choque Neonatal, 151 Eliana Tiemi Maekawa Marcela Chaves M. Pimenta Bosco Mauricio Magalhães 31 Ecocardiografia Funcional, 155 Eliana Tiemi Maekawa Marcela Chaves M. Pimenta Bosco Rodrigo de Jesus Gonçalves Figueredo 32 Persistência do Canal Arterial , 159 Fernando Perroud da Silveira Foresti Rodrigo de Jesus Gonçalves Figueredo Parte 6 – Doenças Hematológicas no Neonato 33 Doenças Hematológicas no Neonato, 163 Juliana de Castro Maturana Maria Renata Tollio Chopard Victoria Catarina de Albuquerque Melo Parte 7 – Miscelânea 34 Icterícia Neonatal, 179 Clery Bernardi Gallacci Francisco Paulo Martins Rodrigues Sabrina Boni Braga de Carvalho 35 Doença Metabólica Óssea, 187 Alexandre Netto Sabrina Boni Braga de Carvalho 36 Patologias Cirúrgicas no Período Neonatal, 191 Marcela Chaves M. Pimenta Bosco Mauricio Magalhães 37 Doença do Refluxo Gastroesofágico no Período Neonatal, 195 Mauricio Magalhães Rafaela Fabri Rodrigues 38 Insuficiência Renal Aguda, 197 Amanda Melhado Fernando Lamano Ferreira 39 Retinopatia da Prematuridade, 203 Paulo Roberto Pachi Sabrina Boni Braga de Carvalho 40 Procedimentos em Neonatologia, 207 Ana Luiza Teixeira Balloti Sandra Yuriko Kanashiro Simone Dutra Rodrigues Santos 41 Principais Drogas Utilizadas em Neonatologia, 217 Alexandre Netto Erica Vince Marrara 42 Analgesia e Sedação no Recém-nascido, e Manejo da Síndrome de Abstinência, 223 Marcelo Massanori Okuma Paulo Woon Ki Hong Silvia Rodrigues da Silva 43 Valores Laboratoriais, 233 Alexandre Netto Élida Nicolau Silva Amorim 44 Triagem Auditiva Neonatal (TAN), 239 Clery Bernardi Gallacci Victoria Catarina de Albuquerque Melo 45 Índice Prognóstico em UTI Neonatal, 243 Inez Carvalho Oliveira Marianna Corsante Monte 46 Vacinação do Prematuro, 247 Mauricio Magalhães Parte 8 – Equipe Multiprofissional 47 Cateter Central de Inserção Periférica, 253 Marta Lucas Teixeira Caldeirão Sara Neves de Souza 48 Humanização em Neonatologia, 257 Eliane Redondo Renata Pereira Condes 49 A Psicologia na UTI Neonatal, 259 Renata Pereira Condes 50 Fisioterapia em Neonatologia, 261 Lívia Vargas de Souza Orrico Poli Sabrina Carreira Godoy 51 O Papel do Fonoaudiólogo em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Berçário de Risco, 267 Tatiana Paula de Souza Pereira Parte 9 – Alta e Seguimento 52 Critérios e Preparo de Alta do Prematuro, 273 Adriana Nishimoto Kinoshita Inez Carvalho Oliveira Paulo Roberto Pachi 53 Protocolo de Seguimento Ambulatorial do Prematuro, 275 Paulo Roberto Pachi Rafaela Fabri Rodrigues Parte 10 – Rotinas do Alojamento Conjunto 54 Rotinas do Alojamento Conjunto, 281 Amanda Melhado Mauricio Magalhães Victoria Catarina de Albuquerque Melo 0 Índice Remissivo, 291 O FETO E O PARTO Seção 1 _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 1 16/08/2016 11:12:51 _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 2 16/08/2016 11:12:51 3 Mortalidade infantil CoefiCiente de Mortalidade infantil (CMi) Mortalidade infantil • Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI) Número de mortes de menores de um ano de vida ´ 1.000 Número de nascidos vivos • Mortalidade neonatal precoce: 0-6 dias de vida; • Mortalidade neonatal tardia: 7-27 dias de vida; • Mortalidade pós-natal: 28-364 dias de vida. noMenClatura téCniCa • Nascido vivo: produto de concepção que, após expulsão ou extração completa do corpo materno, apresente qualquer sinal de vitalidade (respiração, batimento cardíaco, pulsação de cordão umbilical ou contra- ção muscular voluntária), estando ou não desprendida a placenta. Para indicar pro- cedimentos de reanimação neonatal, vale este conceito, independentemente da idade gestacional ou do peso; • Óbito fetal ou natimorto: produto de con- cepção com idade gestacional de 22 se- manas ou mais, ou peso de 500 g ou mais, que, após expulsão ou extração completa do corpo materno, não apresente qualquer sinal de vitalidade; • Aborto: produto de concepção com menos de 22 semanas completas de idade gestacio- nal ou peso menor que 500 g. Peso de nasCiMento Idealmente, pesar até a primeira hora de vida. É determinante direto da mortalidade neonatal. ClassifiCação • Baixo peso: < 2.500 g; • Muito baixo peso: < 1.500 g; • Extremo baixo peso: < 1.000 g. idade gestaCional ClassifiCação (oMs) • Termo: 37-41 semanas e 6 dias; • Pós-termo: a partir de 42 semanas; • Pré-termo: < 37 semanas; nomenclaturas, avaliação de idade gestacional e Curvas de Crescimento neonatal Pedro Augusto Pereira do Amaral Tiago Luna Lacerda 1 _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 3 16/08/2016 11:12:51 4 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 1 • Limítrofe: 36-36 semanas e 6 dias;• Moderado: 31-35 semanas e 6 dias; • Extremo: < 31 semanas; • Tardio: 34-36 semanas e 6 dias. Peso Para a idade gestaCional ClassifiCação • Adequado para a Idade Gestacional (AIG): p10 < peso < p90; • Grande para a Idade Gestacional (GIG): peso > p90; • Pequeno para a Idade Gestacional (PIG): peso < p10; • PIG simétrico: PC < p10; • PIG assimétrico: PC > p10. Usamos no Serviço de Neonatologia da Santa Casa as seguintes curvas: _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 4 16/08/2016 11:12:51 5 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 1 _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 5 16/08/2016 11:12:52 6 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 1 _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 6 16/08/2016 11:12:52 7 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 1 _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 7 16/08/2016 11:12:53 8 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 1 Outra Tabela de peso que pode ser usada é a seguinte: Tabela de Alexander TAbElA 1.1 – PercenTis de Peso Ao nAscer (g) PArA A idAde gesTAcionAL Idade gestacional (semanas) Percentis 5 10 50 90 95 20 249 275 412 772 912 21 280 314 433 790 957 22 330 376 496 826 1023 23 385 440 582 882 1107 24 435 498 674 977 1223 25 480 558 779 1138 1397 26 529 625 899 1362 1640 27 591 702 1035 1635 1927 28 670 798 1196 1977 2237 29 772 925 1394 2361 2553 30 910 1085 1637 2710 2847 31 1088 1278 1918 2986 3108 32 1294 1495 2203 3200 3338 33 1513 1725 2458 3370 3536 34 1735 1950 2667 3502 3697 35 1950 2159 2831 3596 3812 36 2156 2354 2974 3668 3888 37 2357 2541 3117 3755 3956 38 2543 2714 3263 3867 4027 39 2685 2852 3400 3980 4107 40 2761 2929 3495 4060 4185 41 2777 2948 3527 4094 4217 42 2764 2935 3522 4098 4213 43 2741 2907 3505 4096 4178 44 2724 2885 3491 4096 4122 _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 8 16/08/2016 11:12:53 9 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 1 Gráficos de Fenton – Para o seguimento do crescimento do prematuro. _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 9 16/08/2016 11:12:54 10 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 1 _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 10 16/08/2016 11:12:54 11 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 1 esCore de Maturidade – noVo Método de ballard Sinais Pontos Pontos -1 0 1 2 3 4 5 Postura Angulação do punho recuo do braço Ângulo poplíteo sinal do cachecol calcanhar à orelha Total neuromuscular score MATURIDADE FÍSICA Sinais Pontos Pontos -1 0 1 2 3 4 5 Pele Úmida, friável, transparente gelatinosa, vermelha, translúcida Homogêneo róseo, veias visíveis descamação super- fi cial e/ou erupções, poucas veias Áreas pálidas, rachaduras, raras veias Apergami- -nhada com sulcos Tipo “couro” enrugada Lanugem nenhuma esparsa Abundante diminuída Áreas desprovi- das de pelos Quase total- mente sem pelos superfície plantar calcanhar hálux 40-50 mm: 1 < 40 mm: 2 > 50 mm sem sulcos discretas mar- cas vermelhas somente sulcos transversais an- teriores sulcos nos 2/3 anteriores sulcos toda a planta do pé nódulo mamário, aréola imperceptível Pouco perceptível Aréola achatada, sem nódulo Aréola pontilhada, nódulo 1-2 mm Aréola saliente, nódulo 3-4 mm Aréola comple- ta, nódulo 5-10 mm olho e orelha Fenda palpebral fechada frouxa- mente -1 fi rme-mente -2 Pálpebras abertas, borda achatada, perma- nece dobrada Borda levemen- te curta, macia, com recuo lento Borda bem recur- vada, macia, com recuo rápido Formada e fi rme, com recuo instantâneo cartilagem espessa, orelha rígida genitália mascu- lino escroto plano e liso escroto vazio sem rugas Testículos no canal alto, raras rugas Testículos descen- do, poucas rugas Testículos na bolsa, mais rugas Testículos pen- dentes, rugas completas genitália feminina clitóris proemi- nente e lábios planos clitóris proemi- nente pequenos lábios reduzidos clitóris proeminente pequenos lábios aumentado grandes e pequenos lábios igualmente proemi- nentes grandes lábios proeminentes, pequenos lábios mais reduzidos grandes lábios recobrem clitóris e lábios menores Total physical maturity score Ballard JL, Khoury Jc, Wedig K, et al: new Ballard score, expanded to include extremely Premature infants. J Pediatrics 1991; 119:417-423. _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 11 16/08/2016 11:12:55 12 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 1 referênCias bibliográfiCas 1. Alexander, G. R.; Caunes, F.; Hulsey, T. C.; Cor- nely, D. A. Gestacional age reporting and pre- term and pretern delivery. Public Health Rep 1990.105:267-75. 2. Fenton R Tanis, Kim H Jae. A systematic re- view and meta-analysis to revise the Fenton growth chart for preterm infants. BMC Pedia- trics.2013, 13:59 3. Ballard JL, Khoury JC, Wedig K, et al: New Ballard Score, expanded to include extre- mely premature infants. J Pediatrics 1991; 119:417-423. 4. Ministério da Saúde – Datasus. IDB 2008 (Da- dos compilados até 2006) – www.datasus.gov.br 5. Olsen IE, Clark R, Zemel B. New intrauterine growth curves based on U.S. data. Pediatrics, Volume 125, Pages e214-244. _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 12 16/08/2016 11:12:55 13 Distúrbios gravídicos têm papel importante e fundamental no desenvolvimento e patolo gias do concepto que pode repercutir na saúde ao longo de toda a vida. Então, é importante conhecermos as principais doenças maternas gravídicas e sua relação ao concepto. Hipertensão materna A hipertensão complica cerca de 10% das gestações e é uma causa importante de morbi mortalidade materna e fetal. A hipertensão materna altera a adaptação circulatória maternofetal levando a um cres cimento prejudicado (RCIU – restrição de crescimento intrauterino) e aumento do risco de prematuridade, que são as principais con sequências neonatais da hipertensão materna e levam às demais manifestações. riscos da Hipertensão materna na gestação • Riscos fetais e neonatais: • Restrição crescimento intrauterino (RCIU) por insuficiência placentária; • Acidemia fetal; • Prematuridade; • Aumento morbidade perinatal geral; • Morte fetal (↑2 – 4 ´); • Trombocitopenia neonatal. A taxa mortalidade fetal é três vezes maior se PAD materna for > 95 mmHg e na presença de proteinúria. Alguns efeitos fetais refletem vasoespasmo na perfusão placentária levando a descolamento de placenta (maior risco nas pacientes com préeclampsia superposta em relação a pa cientes HAC), RCIU, oligoâmnio, cardiotoco grafia com padrão não tranquilizador. A hipertensão materna poderá trazer con sequências imediatas e a longo prazo para o RN caracteristicamente PIG e frequentemente prematuro. manifestações imediatas • Hipoglicemia; • Hipocalcemia; • Hiponatremia; • Hiperglicemia; • Hipermagnesemia (pelo uso materno com sulfato de magnésio); • Hipotermia; • Alterações hematológicas: repercussões fetais e neonatais de doenças maternas Marianna Corsante Monte Pedro Augusto Pereira do Amaral 2 _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 13 16/08/2016 11:12:55 14 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 2 • Hipoxia fetal: eleva eritropoetina, levando a hiperviscosidade, policitemia e hiperbi lirrubinemia; • Neutropenia; • Trombocitopenia; • Provas coagulação alteradas; • Alterações imunológicas; • Diminui a IgG; • Timo 50% menor em seu tamanho; • Diminui o número linfócitos periféricos. manifestações tardias • Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor nos primeiros anos de vida; • Diabetes tipo II: associado a sensibilidade dos receptores de insulina na vida adulta levando a resistência insulínica; • Doença cardíaca: baixo IMC ao nascimen to predispõe a doença coronariana na vida adulta; • Hipertensão arterial; • Dislipidemias; • Doenças psiquiátricas: principalmente alte ração do afeto e depressão. diabetes mellitus A diabetes gestacional complica quase 4% das gestações. • Repercussões fetais: • Risco de aborto espontâneo: principal mente nas gestantes com DM préges tacional. • RCIU: mãe com alteração vascular de vido diabetes prégestacional levando a uma insuficiência uteroplacentária. • Macrossomia: origem multifatorial com aumento da insulina fetal e fatores de crescimento (IGF I e II). • Polidrâmnio: etiologia desconhecida no DG, mas malformações fetais e mau con trole glicêmico podem estar relacionados. • Hipoxemia fetal em gestantes mal con troladas principalmente no último trimestre. Maior risco para hipervisco sidade, hiperbilirrubinemia e trombose vascular renal. • Anomalias Congênitas: associado a hi perglicemia nas primeiras semanas de gestação. As principais são as malfor mações do SNC como a síndrome de re gressão caudal e as cardíacas como CIV, TGA e PCA. Mais frequentes em pacien tes portadoras de DM prégestacional. • Repercussões neonatais: • Hipoglicemia: pelo hiperinsulismo e hiperglicemia fetal. O controle da hiper glicemia materna reduz chance de hipo glicemia neonatal. • Hipocalcemia: segundo distúrbio mais frequente surge entre 24 e 72 horas de vida. • Hipomagnesemia: comumente associa do à hipocalcemia. • Policitemia: associado ao estímulo da eritropoiese pela hipoxia tecidual. • Hiperbilirrubinemia: a patogênese é multifatorial (hemólise aumentada, eri tropoiese ineficaz e outros). • Alteração cardíaca: hipertrofia do septo ventricular e miocardiopatia hipertró fica que pode evoluir com insuficiência cardíaca congestiva e baixo débito. • Síndrome do colón esquerdo curto: as sociado à imaturidade intestinal. • Doença de Membrana Hialina: mais fre quente. A hiperinsulinemia bloqueia a maturação pulmonar. A diabetes gestacional diagnosticado no início da gravidez e com necessidade de dieta e in sulina para controle, evolui de maneira seme lhante ao diabetes prégestacional, com risco de malformações fetais e natimortos. Lúpus eritematoso sistêmico (Les) Associado a altas taxas de perda fetal: abortos espontâneos, RCIU, TPP, natimorto e morte _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 14 16/08/2016 11:12:55 15 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 2 perinatal. A sobrevida fetal é mais alta quando a doença está em remissão. Outros fatores preditivos de perda fetal são nefrite ativa, hipertensão, anticorpos antifos folipídes circulantes (fator mais importante). riscos para rn Síndrome de lúpus neonatal: associado a anor malidades cardíacas por transferência trans placentária de anticorpos. • BAVT congênito: anomalia cardíaca mais frequente: • Depósito de imunoglobulina (auto anticorpo IgG contra antígenos das nu cleoproteínas ribossômicas anti Ro ou SSA e, em menor grau, antiLa ou SSB no tecido cardíaco fetal; • Ac antiRo (maioria) e antiLa: 4050% pacientes com LES; • Ausência de defeitos estruturais; • Arritmia fetal; • USG: derrame pericárdico ou hidropisia por ICC ou miocardite; • Alta taxa de mortalidade; • Marcapasso neonatal nos sobrevi ventes; • Tratamento materno com plasmaférese e dexametasona: tentativa de reduzir anti corpos circulantes e assim, com menos passagem transplacentária, evitar LES neonatal – reversão BAV fetal e melhora na contratilidade cardíaca. • Pele: • Exantema maculoso difuso; • Exantema em asa de borboleta e lesões discoides nas primeiras semanas de vida e desaparecem espontaneamente até os 6 meses, concomitante ao desaparecimen to dos anticorpos maternos na circula ção fetal; • Anemia e trombocitopenia, glomerulo nefrite, hepatoesplenomegalia, sintomas neurológicos – incomuns. síndrome antifosfoLipídio (safL) • Complicações clínicas: efeitos sobre gravidez, trombocitopenia autoimune e trombose; • Anticorpos (Ac) contra fosfolipídeos de car ga negativa das membranas celulares, prin cipalmente plaquetas e células endoteliais; • Ac mais comuns: anticoagulante lúpico e anticardiolipina; • Complicações na gestação: • Perda fetal/embrionária recorrente; • RCIU; • Infarto placentário; • Prematuridade; • Préeclâmpsia grave de início precoce; • Padrões de FC não tranquilizadores • Síndrome pósparto incomum (doença cardiopulmonar, febre, síndrome hemo líticourêmica); • Efeitos incomuns já relatados: trombose fetal ou neonatal por transferência anti corpos maternos e por efeitos fetais do tratamento. distúrbios da tireoide Hipertireoidismo • 1 em 2.000 gestações: tireotoxicose; • Maioria (95%): doença de Graves; • Morbimortalidade fetal associada a hiperti reoidismo materno mal controlado; • Riscos fetais e neonatais: • Prematuridade; • Hipotireoidismo e bócio fetais por ex posição prolongada a iodeto após 10–12 semanas de gestação; • Tireotoxicose fetal: por passagem trans placentária de TSI podendo ocorrer morte fetal. Hipotireoidismo • Causas: após tireoidectomia ou terapia com iodo radioativo, tireoidite de Hashimoto, carcinoma, reposição insuficiente; _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 15 16/08/2016 11:12:55 16 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 2 • Maior risco para préeclampsia e descola mento prematuro de placenta; • Riscos fetais e neonatais: • Aumento da natimortalidade; • Baixo peso ao nascer; • Prematuridade; • Hipotireoidismo neonatal se mãe usou iodo radioativo. É fundamental observar manifestações clí nicas tanto de hipotireoidismo, quanto hi potireoidismo que o recémnascido pode apresentar logo nos primeiros dias de vida. A experiência tem demonstrado que a grande maioria dos RN não apresentam qualquer ma nifestação clínica durante o período neonatal. referências bibLiográficas 1. Landy, H.J. O impacto das doenças maternas no recémnascido. In: Macdonald; M.G.; Mul let, M.D.; Seshia, M.M.K. Neonatologia: Fisio patologia e Tratamento do RecémNascido. 6a Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; ano. p. 184197. 2. Silveira, R.C.; Procianoy, R.S. O recém nascido de mãe hipertensa. In: Procianoy, R.S.; Leone, C.R. Programa de Atualização em Neonatolo gia. Ciclo 4 Módulo 1. 1a Ed. Porto Alegre: Art med/Panamericana; 2006. p.115147. 3. Costa, H.P.F. Recémnascido de mãe diabética. In: Procianoy, R.S.; Leone, C.R. Programa de Atualização em Neonatologia. Ciclo 4 Módulo 3. 1a Ed. Porto Alegre: Artmed/Panamericana; 2006. p.946. _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 16 16/08/2016 11:12:55 17 O Programa de Reanimação Neonatal baseado no Consenso em Ciência e Re- comendações Terapêuticas do Internatio- nal Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR - publicado em 20 de outubro de 2015) e na Reunião de Consenso para as diretrizes da Sociedade Brasileira de Pe- diatria realizada em 25 e 26 de novembro de 2015, em São Paulo SP, com o Grupo Executivo e as Coordenações Estaduais do PRN-SBP publicou um documento de atu- alização em reanimação neonatal válido a partir de 2016. Principais tópicos de atualização neonatal: Clampeamento do Cordão umbiliCal • RN termo com boa vitalidade: 1-3 minutos; • RN pré-termo com boa vitalidade: > 30 se- gundos; • RN que precisa de reanimação: clampear imediatamente o cordão, pois as evidências são insuficientes para recomendar clampe- amento tardio nessa situação; • Ordenha de cordão: só no contexto de pes- quisa clínica. manutenção da temperatura Corporal • Manter normotermia: 36,5-37,5ºC; • RN termo e pré-termo: temperatura da sala de parto 23-26ºC; camposaquecidos e fon- te de calor radiante; • RN termo: secar e desprezar campos úmidos; • RN pré-termo: envolver o corpo no saco plástico sem secar; touca dupla cobrindo o couro cabeludo com plástico e, por cima, outra touca de lã ou algodão; colchão tér- mico no pré-termo < 1.000 g; • Lembrar que a aspiração está reservada aos pacientes que apresentam obstrução de vias aéreas por excesso de secreções. avaliação da frequênCia CardíaCa • A frequência cardíaca é o principal parâ- metro que determina a indicação e a eficá- cia da reanimação; • RN termo e pré-termo: avaliação inicial da frequência cardíaca com estetoscópio; • Após início da ventilação com pressão po- sitiva, considerar a monitoração da FC por ECG (3 eletrodos) – evidências indicam que a ausculta do precórdio e a oximetria reanimação neonatal Francisco Paulo Martins Rodrigues Pedro Augusto Pereira do Amaral 3 _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 17 16/08/2016 11:12:55 18 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 3 de pulso podem subestimar a FC nos pri- meiros minutos após o nascimento. ventilação • No RN em que foram realizados os passos iniciais da estabilização e a avaliação a se- guir mostrou respiração ausente ou irre- gular ou FC < 100 bpm, iniciar a VPP nos primeiros 60 segundos após o nascimento e acompanhar a FC pelo monitor cardíaco e a saturação de oxigênio (SatO2) pelo oxí- metro de pulso; • A ventilação pulmonar é o procedimento mais simples, importante e efetivo na rea- nimação do RN; • Balão autoinflável: baixo custo e não preci- sa de fonte de gás. Não dá PEEP confiável e não permite CPAP; • Ventilador Mecânico Manual em T: fácil de usar oferece PEEP e CPAP. Precisa de fonte de gás pressurizada e tem custo mais elevado; • Recomenda-se o uso do Ventilador Mecâ- nico Manual em T se o nascimento ocorrer em local com infraestrutura; • 40 a 60 movimentos/minuto; • Pressão suficiente para normalizar a FC; • Não usar insuflação sustentada (1ª ventila- ção > 5 segundos). oxigênio na ventilação • Considerar uso de oximetria de pulso para monitorar o uso de O2 suplementar; • RN termo: iniciar com ar ambiente; • RN pré-termo < 34 semanas: iniciar com 30%; • O uso de [O2] > 60% é extremamente raro e deve ser desencorajado; • Titular a fração inspirada de gás de acordo com a monitoração de SatO2 pré-ductal re- comendada; • Diante da não melhora com ventilação em 30%, SEMPRE corrigir a técnica antes de aumentar a [O2]; • Nos pacientes em que há necessidade de aumento de O2, fazer incrementos de 20% e aguardar cerca de 30 segundos para veri- ficar a SatO2 e indicar novos incrementos. intubação traqueal e Conduta no rn Com líquido meConial • Ventilação com máscara não efetiva/pro- longada; • Necessidade de massagem cardíaca; • Suspeita ou presença de hérnia diafrag- mática; • Não existem evidências para indicar de modo rotineiro a aspiração sob visualiza- ção direta do RN não vigoroso com líquido amniótico meconial (ILCOR/2015). Assim, no RN com líquido amniótico meconial que apresenta apneia, respiração irregular e/ou FC < 100 bpm, iniciar a VPP com máscara facial e ar ambiente nos primeiros 60 segundos de vida. Se após 30 segundos de ventilação efetiva, o neonato não melho- ra e há forte suspeita de obstrução de vias aéreas, pode-se indicar a retirada do me- cônio residual da hipofaringe e da traqueia sob visualização direta. A aspiração tra- queal propriamente dita é feita através da cânula traqueal conectada a um dispositivo para aspiração de mecônio e ao aspirador a vácuo, com uma pressão máxima de 100 mmHg. Nessa situação, aspirar o excesso de mecônio uma única vez. massagem CardíaCa • A massagem cardíaca é iniciada se a FC es- tiver < 60 bpm após 30 segundos de VPP com técnica adequada por meio da cânula traqueal e uso de concentração de oxigênio de 60-100%; • Massagem coordenada à ventilação – 3:1 (intubado); • A única situação em que se pode conside- rar a aplicação de 15 compressões cardíacas _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 18 16/08/2016 11:12:56 19 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 3 intercaladas com 2 ventilações é a do pa- ciente internado em unidade neonatal, cuja origem da parada cardiorrespiratória é pro- vavelmente cardíaca, como nos portadores de cardiopatias congênitas; • Terço inferior do esterno; • Técnica dos 2 polegares (sobrepostos) com as mãos envolvendo o tórax é a mais efetiva para manter o débito cardíaco; • Equipe: quem massageia fica atrás do RN e quem ventila se desloca para o lado; • Deve-se aplicar a massagem cardíaca coor- denada à ventilação por 60 segundos, antes de reavaliar a FC, pois este é o tempo míni- mo para que a massagem cardíaca efetiva possa restabelecer a pressão de perfusão coronariana. mediCações • O uso de adrenalina está indicado se FC < 60 bpm após 30 segundos de ventilação com insuflação pulmonar por cânula tra- queal e mais 60 segundos de massagem cardíaca coordenada com a ventilação e O2 a 100%; • Uma dose endotraqueal de adrenalina pode ser feita, mas se não houver melhora ime- diata, administrar a 2ª dose por cateter um- bilical venoso. O cateter venoso umbilical deve ser inserido de emergência e, assim que houver indicação do uso de medica- ções na sala de parto. Introduzir o cateter na veia e progredir apenas 1-2 cm após o ânulo, mantendo-o periférico, de modo a evitar sua localização em nível hepático; • Quando não há reversão da bradicardia com a adrenalina endovenosa, assegurar que a VPP e a massagem cardíaca estão adequadas, repetir a administração de adrenalina a cada 3-5 minutos (sempre por via endovenosa) e considerar o uso do ex- pansor de volume. transporte do rnpt da sala de parto à unidade neonatal • Para qualquer RNPT < 34 semanas, transfe- rir do centro obstétrico à unidade neonatal em incubadora de transporte de dupla pa- rede. Manter a temperatura da incubadora entre 35-37ºC. O saco plástico que envolve o corpo do paciente e a dupla touca (plás- tica e de algodão ou lã) devem ser manti- dos durante o transporte e retirados após a chegada ao destino, quando já houver esta- bilidade térmica, com a temperatura axilar entre 36,5 e 37,5ºC; • O RNPT, após sua estabilização ao nasci- mento, pode se encontrar em três diferentes situações em relação ao suporte respirató- rio: 1) O paciente está com FC > 100 bpm, respiração rítmica e regular e em ar am- biente, com SatO2 nos limites desejáveis. Nesse caso, não há necessidade de suporte respiratório, devendo-se ter cuidado com a permeabilidade de vias aéreas durante o transporte; 2) O paciente está com FC >100 bpm e respiração espontânea, mas com desconforto respiratório e/ou necessitan- do de oxigênio suplementar para manter a SatO2 nos limites desejáveis. Nesse caso, há indicação de transporte em CPAP por máscara facial; 3) O paciente está com FC > 100 bpm, mas com respiração irregular ou ausente ou, ainda, a equipe fez a opção de manter a cânula traqueal durante o trans- porte. Nesse caso, o suporte respiratório deve ser feito com ventilador mecânico/ ventilador mecânico manual em T conec- tado à cânula traqueal. Para as duas últimas situações, deve ser ofertada a menor con- centração possível de oxigênio, de manei- ra a manter a SatO2 nos limites desejáveis. O ventilador deve ser ajustado com fluxo de 5-10 l/minuto (ventilador mecânico) ou 5-15 L/minuto (ventilador manual em T), pressão inspiratória de 15-20 cmH2O, _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 19 16/08/2016 11:12:56 20 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 3 PEEP ao redor de 5 cmH2O, frequência res- piratória de 40-60 movimentos/minutos. reanimação prolongada – quando interromper • Apgar = zero aos 10 minutos é um forte preditor de mortalidade e morbidade em RN termo e pré-termotardio; • Em RN com Apgar = zero após 10 min. de reanimação, se a frequência cardíaca não é detectada, é razoável interromper a reani- mação; • Entretanto, a decisão de continuar ou in- terromper a reanimação precisa ser indi- vidualizada. aspeCtos étiCos da assistênCia ao rn na sala de parto • -No que concerne à prematuridade, uma das controvérsias mais importantes refere- -se à decisão de não iniciar a reanimação na sala de parto. Os dados disponíveis indicam que, em geral, recém-nascidos com menos de 23 semanas de gestação são muito ima- turos para sobreviver com a tecnologia atual e a oferta de cuidados para esse grupo de neonatos, que não sejam os de conforto, não parece ser razoável na maioria dos pa- íses desenvolvidos. Tais pacientes precisam ser recepcionados por uma equipe apta a fornecer cuidados paliativos ao concepto e apoio à mãe, ao pai e à família. Já os recém- -nascidos com 25 semanas ou mais de idade gestacional apresentam taxas significativas de sobrevida e, em grande proporção, sem sequelas graves, sendo justificada a máxi- ma intervenção nesse grupo em termos de reanimação na sala de parto. O problema maior se concentra naqueles que nascem entre 23 e 24 semanas de idade gestacional, sendo tal intervalo crítico e polêmico, pois suscita dúvidas éticas a respeito de como proceder. Esse período é referido como “zona cinzenta”, pois a sobrevivência e o prognóstico são incertos e há dúvida sobre qual a melhor conduta a ser adotada e so- bre o grau de investimento e intervenção a ser feito. Os desejos da família precisam ser ouvidos, de preferência e quando possível antes do nascimento, pela equipe multipro- fissional que atende à gestante, o que inclui a conversa do pediatra com a família. • Para o RN ≥ 34 semanas, o aspecto ético controverso só se coloca diante de mal- formações congênitas letais ou potencial- mente letais. Nesses casos, é necessário ter a comprovação diagnóstica antenatal e considerar a vontade dos pais e os avanços terapêuticos existentes para decidir quanto à conduta em sala de parto. A possibili- dade de reanimação deve ser discutida de preferência antes do parto, mas a decisão final, diante das incertezas acima mencio- nadas, é feita no momento do nascimento. Se não houver certeza quanto à decisão de não reanimar o RN, todos os procedimen- tos necessários devem ser feitos de acordo com o fluxograma da reanimação neonatal (Figura 3.1). Bicarbonato de sódio, naloxone e vasopres- sores não são recomendados na reanimação. Só administrar se o neonato estiver ventilado de maneira efetiva. Indicado de modo excep- cional quando não houver resposta às outras medidas terapêuticas. boletim de apgar Em 1953, a anestesista Virginia Apgar, desen- volveu um boletim para objetivar a condição de nascimento do concepto a partir de 5 pa- râmetros clínicos: frequência cardíaca, regula- ridade da respiração, tônus muscular, reflexos e coloração da pele. Estes parâmetros são até hoje utilizados mundialmente e expressam o grau de anoxia que o recém-nascido esteve submetido, classificando a anoxia em grave _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 20 16/08/2016 11:12:56 21 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 3 Figura 3.1 – Reanimação neonatal em sala de paRto. diRetRizes 2016 da sociedade BRasileiRa de pediatRia. Gestação a termo? Respirando ou chorando? Tônus muscular em flexão? Prover calor Posiconar cabeça Aspirar vias aéreas s/n Secar Cuidados de rotina junto à mãe: prover calor, manter vias aéreas pérvias e avaliar a vitalidade de maneira contínua FC < 100 bpm, apneia ou respiração irregular? Desconforto respiratório? FC <100 bpm? FC < 60 bpm? FC < 60 bpm? Ventilação com pressão positiva Monitorar SatO2 Considerar ECC para avaliar FC Monitorar SatO2 pré-ductal Considerar CPAP Garantir adaptação face/máscara Assegurar ventilação adequada com movimento do tórax Considerar intubação Intubação traqueal Massagem cardíaca coordenada com ventilação adequada (3:1) Considerar O2 a 100% Monitorar FC com ECG Considerar cateterismo venoso Adrenalina endovenosa Considerar hipovolemia Minutos de vida SatO2 pré-ductal até 5 70-80% 5-10 80-90% > 10 85-95% Nascimento 60 segundos (Golden minute) Manter normotermia Não Não SimSim Sim Sim Sim _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 21 16/08/2016 11:12:56 22 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 3 (Apgar 0,1,2,3), moderada (Apgar 4,5,6) e leve (Apgar 7). É importante salientar que o boletim de Apgar não deve ser utilizado para indicar o início das manobras de reanimação pois estas devem ser instituídas tão logo o recém-nascido não estabeleça movimentação respiratória eficien- te e regular. O boletim, entretanto é útil para avaliar a resposta do neonato às manobras de reanimação no 10 no 5 0 minutos de vida e se necessário no 10 0 , 15 0 e 20 0 minutos. referênCias bibliográfiCas 1. American Heart Association, American Acade- my of Pediatrics. Textbook of Neonatal Ressus- citation. 7. ed. USA, 2015. 2. Apgar V. A proposal for a new method of evalua- tion of newborn infant. AesthAnalg 32: 260, 1953. Tabela 3.1 – MEDICAçõES PARA REANIMAçãO NEONATAl NA SAlA DE PARTO adrenalina endovenosa adrenalina endotraqueal expansor de volume Diluição 1:10.000 1 ml adrenalina 1:1000 em 9 ml de SF 0,9% 1:10.000 1 ml adrenalina 1:1000 em 9 ml de SF 0,9% SF 0,9% Preparo 1 ml 5 ml 2 seringas de 20 ml Dose 0,1 - 0,3 ml/kg 0,5 - 1,0 ml/kg 10 ml/kg EV Peso ao nascer 1 kg 0,1 - 0,3 ml/kg 0,5 - 1,0 ml/kg 10 ml/kg EV 2 kg 0,2 - 0,6 ml/kg 1,0 - 2,0 ml/kg 20 ml/kg EV 3 kg 0,3 - 0,9 ml/kg 1,5 - 3,0 ml/kg 30 ml/kg EV 4 kg 0,4 – 1,2 ml/kg 2,0 - 4,0 ml/kg 40 ml/kg EV Velocidade e precauções Infundir rápido na veia umbilical e, a seguir, infundir 0,5-1,0 ml de SF 0,9% Infundir diretamente na cânula traqueal e ventilar a seguir. USO ÚNICO Infundir o expansor de volume na veia umbilical lentamente, em 5 a 10 minutos Tabela 3.2 – BOlETIM DE APGAR (MODIFICADO) Sinal 0 1 2 Frequência cardíaca Ausente < 100 >100 Respiração Ausente Irregular Choro forte Tônus muscular Flacidez Alguma flexão de extremidades Boa movimentação Reflexos (estímulo nasal) Ausente Algum movimento Espirros Cor Cianose e/ou palidez Corpo róseo e extremidades cianóticas Róseo _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 22 16/08/2016 11:12:56 23 ClassifiCação Tabela 4.1 – ClassifiCação quanto à gravidade Gravidade Traumatismo tipo i – leve escoriações, adiponecrose, ferimentos cortocontusos de partes moles, fratura de clavícula, hemorragia subconjuntival, Baudeloque (marca de fórcipe) tipo ii – moderado Paresia: braquial, facial, céfalo-hematoma, trauma do esternocleidomastoideo, paralisia unilateral de cordas vocais tipo iii - grave Hemorragia intracraniana, rotura de vísceras, fratura face, crânio, ossos longos, paralisia: diafragma, facial, braquial CaraCterístiCas ClíniCas e manejo Tabela 4.2 – lesões de Partes moles lesão Fatores de risco Quadro clínico Conduta atenção Hematomas Parto fórcipe, extração a vácuo, posição pélvica edema e hematoma se grandes, observar ↑ bilirrubina reavaliação de icterícia, após a alta Petéquias Posições defletidas face e pescoço, não progressivas observação afastar coagulopatias s/n adiponecrose Parto traumático nódulos/placas firmes e endurecidas, eritemato- sos ou azulados autolimitado; resolução em até seis a oito semanas Pode ocorrer hiper- calcemia lacerações Parto cesárea escalpo e face são mais comuns Curativo comum, com aproximação; plástica s/n se ocorrer em face ou periocular tocotraumatismo francisco Paulo martins rodrigues 4 _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 23 16/08/2016 11:12:56 24 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 4 Tabela 4.3 – lesões extraCranianas lesão Fatores de riscoQuadro clínico Conduta atenção Bossa expulsivo prolongado, extração a vácuo tumefação do escalpo sobre o periósteo, sobre as linhas de sutura observar se sanguinolenta, pode levar a ↑ bilirrubina Céfalo-hematoma Parto fórcipe ou extração a vácuo Coleção sanguínea subperiostal, que respeita as linhas de sutura regride em algumas semanas. Podem ocorrer calcificações, infecção as calcificações podem levar a deformidades ósseas. tC/rnm s/n Hemorragia subgaleal Parto traumático, parto fórcipe, extração a vácuo rotura venosa: sangra- mento entre o periósteo do crânio e a aponeurose. Progressivo, flutuante, pode ser móvel monitorar sinais vitais, seriar Ht e PC; afastar coagulopatias ↑ mortalidade se não controlado. tC/ rnm s/n lesões de face nasal Compressão contra a sínfise púbica materna narinas assimétricas e achatamento redução por otorrino ao terceiro dia desconforto respiratório obstrutivo ocular Parto traumático leve (hemorragia sub- conjuntival ou retiniana, edema palpebral) ou grave (hifema, hemorragia vítrea, fratura órbita) se leve, aguardar resolu- ção. se grave, avaliação oftalmológica Tabela 4.4 – lesões intraCranianas lesão hemorrágica Fatores de risco Quadro clínico Conduta atenção subdural (é a mais comum) Parto fórcipe, extração a vácuo entre a dura-máter e a m. subaracnóidea. sintomas nas 24 – 48 h: depressão respi- ratória, apneia e convulsões; irritabilidade, hipotonia, ↓ nível de consciência tC. Cirurgia se sinais de hipertensão intra- craniana. fenobarbital se convulsão Hipertensão intracra- niana pode ocorrer, principalmente, se fossa posterior (menor plasticidade local do crânio) subaracnóidea (segunda mais comum) Parto fórcipe, extração a vácuo rotura venosa no espaço subaracnóideo, sintomas nas 24 – 48 h: dep. respiratória, apneia, convulsões tC raramente hidrocefalia por obstrução (coágulos) epidural (rara) Parto fórcipe, extração a vácuo entre a dura e a tábua óssea, lesão arterial (meníngea mé- dia). Hipotonia e convulsões tC; monitorar sinais vitais e de hipertensão intracraniana. em geral, tratamento conservador Potencialmente letal, pelo sangramento arterial intraventricular Parto fórcipe, extração a vácuo em geral, assintomática, a não ser em prematuridade, asfixia ou distúrbio de coagulação observação. monitorar PC Hidrocefalia por obstru- ção (coágulos) Parenquimatosa (rara) Parto fórcipe, extração a vácuo Cerebral ou cerebelar, em geral, assintomática afastar distúrbios de coagulação Pode haver sequelas neurológicas tardias _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 24 16/08/2016 11:12:56 25 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 4 Tabela 4.5 – fraturas Fratura Fatores de risco Quadro clínico Conduta atenção Clavícula (mais comum) Parto fórcipe, extração a vácuo, distócia de ombro, macrossomia Completa (desviada) ou incompleta. assimetria, ↓ movimento, dor à palpação, crepitação rx. analgesia e imobilização (com malha tubular, ao longo do tórax, com flexão de cotovelo a 90 graus) s/n em geral resolução espontânea Úmero macrossomia, baixo peso ao nascer, distócia de ombro, parto cesárea Principalmente 1/3 proxi- mal, com ↓ movimentos, moro incompleto, dor, edema, crepitação rx, diferencial com lesão de plexo, usg s/n. imobilização (como na de clavícula) em todos os casos imobilização inadequa- da pode gerar deformi- dades de rotação fêmur (rara) gemelaridade, posição pélvica, prematuridade, osteoporose 1/3 Proximal, em espiral. inicialmente assintomática, evolui com dor progressiva rx. Pode ser usado suspensó- rio de Pavlik uso inadequado do suspensório pode gerar necrose da cabeça do fêmur Crânio Parto fórcipe em geral, assintomática se não estiver relacionada a sangramentos intra- cranianos rx e tC para avaliar extensão e sangramentos. intervenção cirúrgica se necessário atenção para sinais de lesão vascular associada Tabela 4.6 – lesões intra-aBdominais lesão Fatores de risco Quadro clínico Conduta atenção intra-abdominal fígado Baço adrenal Parto fórcipe, extração a vácuo na hemorragia subcap- sular leve, taquipneia, dificuldade alimentar e taquicardia usg (triagem). tC ou rnm s/n. afastar coagulopatias Perda sanguínea, pode evoluir para o choque. laparotomia se instabilidade Tabela 4.7 – lesões neurológiCas lesão neuro- lógica Fatores de risco Quadro clínico Conduta atenção Plexo braquial (mais comum) obesidade, diabetes gestacional, macrosso- mia, posição pélvica, distócia ombro ↓ movimentos, reflexo de moro incompleto, síndrome de Horner pode estar presente afastar fraturas. reso- lução espontânea na maior parte dos casos 15 – 20% persistem, mesmo com fisioterapia. discutir cirurgia facial Parto fórcipe, macrosso- mia, prematuridade ↓ movimentos unilateral, perda do sulco nasolabial, fechamento parcial do olho afetado, “boca caída”, desvio de rima para o lado são diferencial com síndro- mes. em geral, resolução espontânea em duas semanas. assegurar aos pais da benignidade laríngeo Parto fórcipe, extração a vácuo Paralisia de cordas vocais – uni ou bilateral –, com choro fraco ou ausente, disfagia nasofibrolaringoscopia ou laringoscopia direta para diagnóstico fisioterapia, fonoaudio- logia, cirurgia s/n frênico Parto fórcipe, extração a vácuo desconforto respiratório, respiração paradoxal rx de tórax. afastar cardio ou pneumopatia associação: lesão de plexo braquial medula espinhal Parto fórcipe, apresenta- ção pélvica em geral, mais proximal, pela rotação usg (triagem), rnm _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 25 16/08/2016 11:12:56 26 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 4 referênCias bibliográfiCas 1. Alexander, J.M.; Leveno, K.J.; Hauth, J. et al. Fetal injury associated with cesarean delivery. Obstet Gynecol 2006; 108:885. 2. Borgia, F.; De Pasquale, L.; Cacace, C. et al. Sub- cutaneous fat necrosis of the newborn: be awa- re of hypercalcaemia. J Paediatr Child Health 2006; 42:316. 3. Gomella, T.L.; Cunningham, M.D.; Eyal, F.G.; Zenk, K.E. Parto traumático. In: Neonatologia: manejo, procedimentos, problemas no plantão e farmacologia neonatal. Tradução Oliveira, M. G. 5. Ed. Porto Alegre: Artmed; 2006, p. 384-91. 4. Rosenberg, A. Traumatic birth injury. NeoRe- views 2003; 4:270. 5. Uhing, M.R.; Management of birth injuries. Pe- diatr Clin North Am 2004; 51:1169. _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 26 16/08/2016 11:12:56 O Recém-nascidO e cOndições especiais Parte 1 – Balanço Hídrico, Seus Distúrbios e Nutrição seção 2 _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 27 16/08/2016 11:12:56 _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 28 16/08/2016 11:12:56 29 O balanço hídrico no RN está relacionado ao conteúdo de água corporal, intensidade de perda hídrica e volume de líquidos adminis- trados. Essas variáveis se alteram de acordo com a idade gestacional e pós-natal. Perda hídrica insensível (PHI): perda de água por evaporação da pele e trato respirató- rio; expressa em relação à superfície corpórea e ao peso; inversamente proporcional ao peso de nascimento e idade gestacional. • Devemos acrescentar 10 mL a 20 mL/kg/ dia até 150-170 mL/kg/dia. • Iniciar aporte proteico e lipídico dentro das primeiras 24 hs de vida. • Umidificação da incubadora: Indicada nos prematuros, manter em torno de 80 a 90% na primeira semana de vida, sendo re- duzida gradativamente a partir da segunda semana conforme controles de DU, diurese, peso e balanço hídrico chegando ao basal em torno de 50 a 60%. Balanço Hídrico e Distúrbios Hidroeletrolíticos e Metabólicos Beatriz Helena de Morais Miioni Clery Bernardi Gallacci Mara Silvia Battaglini Sanchez Victoria Catarina de Albuquerque Melo 5 Fatores que aumentam a pHi Fatores quediminuem a pHi · Aumento da ventilação-minuto (cardiopatia congênita, disfun- ção pulmonar, acidose metabólica) · Temperatura ambiental acima da zona térmica neutra e temperatura corpórea elevada · Perda da continuidade cutânea · Defeitos congênitos (gastrosquise, onfalocele) · Fototerapia · Aumento da atividade motora e choro · Perda de líquor · Perda pelas fezes · Sonda gástrica aberta · Aumento da umidade ou pressão de vapor de água no gás inspirado · Aumento da umidade ambiental · Cobertura plástica · Membrana semipermeável e agentes tópicos Tabela 5.1 – ESquEMA DE HiDrATAção no 1o DiA DE ViDA idade gestacional aporte de líquido Glicose sódio potássio rnT 70 mL/kg/dia 4 a 6 mg/kg/min - - rnPT 80 mL/kg/dia 3 a 5 mg/kg/min - - _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 29 16/08/2016 11:12:57 30 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 5 ElEtrólitos sódio potássio · rn > 1.500 g: 3 a 5 mEq/ kg/dia a partir de 48 hv · rn < 1.500 g: somente oferecer 2 a 3 mEq/kg/ dia quando na sérico se aproximar a 130 mEq/L · 1 a 3 mEq/kg/dia após 48 hv · Prematuros extremos: risco de hipercalemia; retardar a infusão desse íon · Aumentar a oferta se K < 3 mEq/L · reduzir a oferta se K > 5,5 mEq/L HipoglicEMia nEonatal DEfinição Não existe um valor pelo qual definimos hipo- glicemia. O ideal é que a glicemia plasmática nas primeiras 4 horas de vida esteja acima de 40 mg/dL (fase de adaptação do RN) e entre 4 e 24 horas de vida acima de 45 mg/dL. ManifEstaçõEs clínicas · Apneia · Taquipneia, taquicardia · Tremores · Hipotonia, letargia, estupor · Sucção débil · Hipotermia · irritabilidade · Crises de cianose · Choro débil · Convulsões · Apatia · Sudorese causas Diminuição da produção de glicose Prematuridade, rCiu, PiG, ingestão calórica insuficiente, demora no início da ali- mentação Aumento na utilização e/ou na diminuição da produção Estresse perinatal: asfixia sepse, choque, hipotermia e desconforto respiratório. Exsanguineotransfusão com sangue heparinizado, erro inato do metabolismo de carboidrato ou aminoácidos, deficiência endócrina, policitemia, uso materno de betabloqueadores QuEM E QuanDo triar rn filho de mãe DMG e GiG 1ª, 3ª, 6ª hora de vida e após de 8/8 h pré-mamada Manter por mais de 24 hs se Dx < 45 mg/dL rnPT tardio, PiG, filho de mãe usuária de betabloqueador 3ª, 6ª hora de vida e após de 8/8 h pré-mamada Manter por mais de 24 hs, se < 45 mg/dL nos PiG manter controle por 48 h nos PT tardios avaliar mamadas e Dx para suspensão do mesmo trataMEnto Iniciar aleitamento materno o mais precoce possível, de preferência na primeira hora de vida. Objetivo é manter controle glicêmico acima de 45 mg/dL. RN sintomáticos Considerar hipoglicemia quando Dx < 40 mg/ dL e iniciar infusão contínua de glicose (VIG 6-8 mg/kg/min). Checar glicemia capilar após 30 min, se persistir sintomático aumentar VIG de 2 em 2 mg/kg/min. Após estabilização, manter controles de glicemia a cada 8 horas. Nos casos de crises convulsivas realizar push de glicose a 10% 2 mL/kg em bolus. RN filho de mãe com DMG Considerar hipoglicemia quando Dx < 40 mg/ dL, estimular o aleitamento materno e ofere- cer complemento, repetir dextro em 30 min. Encaminhar a UTI neonatal se mantiver Dx < 40 mg/dL e iniciar infusão de glicose endove- nosa (VIG 6-8 mg/kg/min). Realizar controle de glicemia após 30 min, se Dx < 40 mg/dL, aumentar VIG de 2 em 2 mg/kg/min. Após estabilização, manter controles de glicemia a cada 8 horas. Nos casos de diabetes insulinodependentes ini- ciar a correção da hipoglicemia com glicose EV. _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 30 16/08/2016 11:12:57 31 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 5 Hipoglicemia persistente Duração maior que 5 a 7 dias, com impossibi- lidade de retirada da glicose endovenosa. Investigar hiperinsulismo, desordens endócri- nas e erros inatos do metabolismo. Quando houver a necessidade de administrar infusão de glicose acima de 12 a 14 mg/kg/ min, colher glicemia, cortisol, GH, insulina séricas e solicitar avaliação endocrinológica. Se, mesmo com essa infusão, não se obtiver elevação da glicemia, iniciar: corticostEroiDEs • Hidrocortisona: 5 mg/kg/dia EV cada 8 a 12 h. • Prednisona: 1 a 2 mg/kg/dia VO cada 12 h. Não havendo resposta, pode-se utilizar, na sequência: • Glucagon: 0,3 mg/kg EV ou IM. Pode-se repetir após 6 a 12 h (máx 1 mg). • Epinefrina: utilização limitada devido a alterações cardiovasculares; 0.1 mL/kg (1:10.000) SC. • Diazóxido: reservado pela sua potente ação hipotensora, 10 a 25 mg/kg/dia VO a cada 8 a 12 h. Efeito colateral: hirsutismo, edema, náuseas. • Somatostatina (octreotide): utilizado em hiperinsulinismo persistente, 20 a 50 mcg SC a cada 6 a 8 h. Efeito colateral: vômitos, hepatite, diarreia. Se Dx > 45 mg/dL, manter VIG 12 mg/kg/min e corticosteroide por 24 h. Reduzir a VIG 1 ponto cada 12 h até VIG 6, após passar para VIG 4 e reduzir gradualmente nas 4 a 6 h se- guintes. Obs.: se a insulina tiver valores maiores que 10 mcU/mL em vigência de hipoglicemia e/ou a relação insulina/glicose for maior que 0.3 a 0.5 sugerem hiperinsulinemia. Fórmula para o cálculo da VIG (velocidade de infusão de glicose): Quantidade de glicose (g) = VIG ´ peso (kg) ´ 1.440 (n° de minutos do dia) 1.000 HipErglicEMia nEonatal DEfinição Glicemia plasmática > 150 mg/dL. ManifEstação clínica • Glicosúria com diurese osmótica e desidrata- ção podem ser observadas em alguns casos. RN assintomático FiGuRa 5.1 – Fluxograma - tratamento no rn assintomático. Do nascimento até 4 hs de vida iniciar amamentação na 1ª hv realizar 1º Dx 30 min após primeira mamada Dx < 25 mg⁄dL → amamentar e novo dextro em 1 hora se Dx < 25 mg⁄dl Glicose EV (ViG 4-6 mg/kg/min) Aumento da ViG 2-2 mg/kg/min, se Dx < 40 mg/dL se Dx 25-40 mg⁄dl Manter aleitamento e complemento Controle de sintomas e Dx 3/3 h pré-mamada se Dx < 35 mg⁄dl Glicose EV (ViG 4-6 mg/kg/min) Aumento da ViG 2-2 mg/kg/min, se Dx < 40 mg/dL se Dx 35-40 mg⁄dl Manter aleitamento e complemento Controle de sintomas e Dx 3/3 h pré-mamada De 4 hs até 24 hs de vida iniciar amamentação na 1ª hv Amamentar cada 2-3 h Dx < 35 mg⁄dL → amamentar e novo dextro em 1 hora _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 31 16/08/2016 11:12:57 32 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 5 fatorEs DE risco para HipErglicEMia · iatrogenia (excesso de oferta de glicose) · Prematuridade extrema · rCiu · BP principalmente <1000g · Diabetes mellitus neonatal: geralmente transitório · Sepse · Ausência de alimentação en- teral (↓ secreção de incretina – ↓ secreção de insulina) · uso de teofilina, corticosteroi- des, metilxantinas · Defeitos do metabolismo (galactosemia, frutosemia) · Pós-operatório (estresse, dor) trataMEnto • Reduzir a infusão de glicose (2 mg/kg/min) a cada 4 a 6 h, progressivamente, com con- troles de glicemia plasmá tica e/ou capilar; redução mais rápida se glicose > 200 mg/ dL. Caso persista hiperglicemia (> 250 mg/ dL), avaliar o uso de: • Insulina regular – 0,1 UI/kg EV em 15 a 20 min (se hi- perglicemia com glicosúria e desidra- tação); – 0,01 a 0,1 UI/kg/hora EV contínua ou 0,1 a 0,2 UI/kg SC a cada 6 a 8 h; – Diluir a insulina em soro fisiológico. • Administração precoce de aminoácidos (NPP) em RNMBP logo ao nascimento - ↑ liberação de insulina. coMplicaçõEs • Alterações no balanço hidroeletrolítico (glicosúria e diurese osmótica). • Hemorragia peri e intraventricular (devido ao aumento da osmolaridade sérica). HipocalcEMia DEfinição • Ca total sérico < 8 mg/dL recém-nascido de termo; • Ca total sérico < 7 mg/dL recém-nascido pré-termo; • Ca ionizável < 4,4 mg/dL em RNT e RNPT. ManifEstaçõEs clínicas · Tremores · Apneia · Cianose · Letargia · recusaalimentar · Vômitos · Distensão abdominal · Hiperatividade neuromuscular · Convulsões · Espasmos · Choro estridente fatorEs DE risco · início precoce - Prematuridade - rn de mãe diabética - Asfixia · início tardio - Hipoparatireoidismo secundário: hiperparatireoidismo mater- no, hipocalciúria hipercalcêmica materna, hipomagnesemia - Hipoparatireoidismo primário: hipoparatireoidismo congênito transitório, sd. de Di George, familiar, pseudo- -hipoparatireoidismo - Deficiência de vitamina D: terapia anticonvulsivante materna, dieta, má absorção, insuf. renal, hepatopatia - Hiperfosfatemia: fórmula a base de LV, administração ↑ fosfato trataMEnto sintomática com convulsões ou apneia assintomática e/ou manutenção · GluCa 10%: 1 a 2 mL/kg (100 a 200 mg/kg = 0,5 a 1 mEq/kg) EV em 5 a 10 minutos · Manutenção com 200 mg/ kg/dia até normalização · Alimentação enteral precoce · GluCa 10%: - 1 a 2 mL/kg/dia EV diluído no soro de manutenção ou - Vo dividido em 4 tomadas · Hipoparatireoidismo: cálcio oral + vitamina D *Evitar infusão de cálcio em veia periférica. HipErcalcEMia DEfinição • Ca total sérico > 11 mg/dL (2.7 mMol/L); • Ca ionizável > 5,5 mg/dL (1.2 mMol/L). QuaDro clínico · Letargia · irritabilidade · Dispneia · Poliúria · Vômitos · Hipertensão · Convulsão · nefrocalcinose · Desidratação · Constipação _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 32 16/08/2016 11:12:57 33 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 5 Etiologia · Hiperparatireoidismo neonatal (transitório /permanente) · Hipoparatireoidismo materno · Suplementação excessiva de cálcio · Suplementação excessiva de vitamina D · Síndrome de Willliams · Hipercalcemia hipocalciúrica familiar · Depleção de fosfato · Hipervitaminose A · uso de diuréticos tiazídicos · Hipertireoidismo · insuficiência adrenal · necrose de gordura subcutânea · intoxicação por alumínio · Hipofosfatemia · Condrodistrofia primária (displasia metafisária) trataMEnto · Controle das causas subjacentes específicas · Suplementação de fosfato: 0,5 a 1 mMol de fósforo elementar/kg/dia ou 30 a 50 mg/kg/dia · Casos agudos: expansão do extracelular com SF 0,9% 10 a 20 mL/kg seguido da infusão EV de diurético cíclico (por exemplo, furose- mida 2 mg/kg), podendo ser repetida a cada 4 a 6 horas HipErcalEMia DEfinição Potássio sérico > 6 mEq/L ManifEstaçõEs clínicas Arritmias cardíacas - onda T apiculada, QRS alargado, bradicardia, taquicardia, TSV, TV e FV. Etiologias · Acidemia · Hipertonicidade · Deficiência de insulina · necrose celular · ingestão aumentada de potássio · Disfunção renal · rn prematuros com asfixia · Hipoaldosteronismo · não resposta tubular a aldosterona · Trombocitose, leucocitose, amostra sanguínea com lise celular · Hemorragia intracraniana · Transfusão sanguínea · Hiperplasia adrenal congênita trataMEnto droga dose início ação duração Observações Glucona- to de Ca 10% 1 a 2 mL/kg ime- diato Minutos EV em 5 min com monitori- zação ECG naHC03 1 a 2 mEq/kg 15 a 30 min Horas EV 10 a 30 min Glicose (insulina) 0,5 a 1 g/kg (0,1 u/kg) 30 a 60 min Horas EV 15 a 30 min (EV ou SC) Furose- mida 1 a 4 mg/kg 15 min a 1 h resinas trocado- ras de K (kayexa- late ou sorcal) 1 a 2 horas 4 a 6 horas Vo ou enema, diluído em SG 5% (dilui- ção: 15 g/60 mL): 2 a 4 mL/ kg com 1 a 2 h de reten- ção, 6/6 h HipocalEMia DEfinição K sérico < 3,5 mEq/L. ManifEstaçõEs clínicas (QuanDo K < 2,5 mEq/l) · Sonolência, irritabilidade, confusão mental, podendo até entrar em coma · Fraqueza muscular, diminui- ção dos ruídos hidroaéreos e distensão abdominal · Depleção do segmento ST e diminuição da amplitude da onda T. quedas mais se veras: aumento da amplitude da onda P, prolon- gamento Pr e alargamento do qrS Etiologia · Diuréticos · Diarreia · Disfunção renal · Drenagem por SnG · Baixo aporte de K · Alcalose · digoxina _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 33 16/08/2016 11:12:57 34 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 5 trataMEnto · Hipocalemia leve ou preventiva: KCl xarope 6% (0,8 mEq/mL) via oral na dose de 3 mEq/kg/dia a cada 6 horas · Correção rápida: não ultrapassar a velocidade de infusão de 0,3 a 0,5 mEq/ kg/h de KCl 19,1% em 4 a 6 horas · Manutenção no soro: 3 a 3,5 mEq/kg/dia em concentração máxima de 80 a 100 mEq/L HipoMagnEsEMia DEfinição Mg sérico < 1,5 mg/dL. ManifEstaçõEs clínicas (QuanDo Mg sérico < 1,2 mg/dl) · Hiperexcitabilidade neuro- muscular · Hipertonia muscular · Convulsões tônicas focais ou generalizadas · Cianose · Apneia fatorEs DE risco · rn de mãe diabética (hipo- calcemia neonatal e redução da função paratireoide). · rn com rCiu/PiG/prematuro · rn com hipocalcemia · rn submetido à exsangui- neotransfusão com sangue citratado · uso de anfotericina · Atresia de vias biliares · Hepatite neonatal · Diuréticos de alça e altas doses de aminoglicosídeos · Hiperfosfatemia · Hiperparatireoidismo materno · Hipoparatireoidismo · ressecção intestinal, principalmente jejunoileal trataMEnto assintomático sintomático · reposição oral ou aumento do aporte venoso · Sais de sulfato, gluconato, cloreto ou citrato – 100 a 200 mg/kg/dia a cada 6 a 8 h · MgSo4 50% – 0,25 mL/kg EV ou iM a cada 8 ou 12 h · MgSo4 50% – 25 a 50 mg/kg EV em 1 minuto se fibrilação ventricular, tetania ou convulsões Antídoto: GluCa 10% – 100 a 200 mg/kg se houver hipo- tensão ou arritmia cardíaca durante infusão do Mg HipErMagnEsEMia DEfinição Mg sérico > 2,8 mg/dL (1,15 mMol/L). ManifEstaçõEs clínicas · na maior parte das vezes, é assintomática · Depressão neuromuscular com letargia, flacidez, déficit sucção, depressão respiratória e atraso na eliminação de mecônio Etiologia · Prematuridade · Asfixia neonatal · Administração de sulfato de Mg à mãe (eclâmpsia/pré-eclâmpsia) · Terapia neonatal com Mg: nPP prolongada, reposição no soro, enemas, antiácidos trataMEnto · GluCa 10% 100 a 200 mg/kg EV: funciona como antídoto · Diurético de alça + hidratação adequada para aumentar a excreção de Mg · Diálise peritoneal/hemodiálise em casos graves refratários · Assistência cardiorrespiratória HiponatrEMia DEfinição Na sérico < 130 mEq/L. fatorEs DE risco · Administração excessiva ou retensão de água livre · Síndrome do desconforto respiratório · Hiperbilirrubinemia · necrose tubular aguda · Policitemia · Baixo aporte de na na alimentação · Drogas: furosemida, dopamina, tolazolina, PGE2 e aminofilina · injúria ao SnC causando SSiHAD (síndrome da secreção inapropriada de hormônio antidiurético) · Diarreia e vômitos · Hidrocefalia com derivação externa · Hiperplasia congênita de adrenal trataMEnto Se sintomatologia ou se Na< 120 mEq/L. _Guia de Bolso de Neonatologia – Magalhães.indb 34 16/08/2016 11:12:57 35 G u i a d e B o l s o d e N e o N at o l o G i a | c a p í t u l o 5 Déficit de Na (mEq ) = peso (kg) ´ 0,6 ´ (130 - Na desejado) • Agudos Na desejado = 130. • Crônicos Na desejado = 120. • Usar NaCl 3%; velocidade infusão de 5 mEq/kg/H (10 mL/kg/h) nas agudas e 2,5 mEq/kg/h (5 mL/kg/h) nas crônicas. Cor- rigir de 4 a 6 h. coMplicaçõEs Aumento brusco pode causar desmielinização osmótica da ponte à mielinólise central ponti- na: paraparesia, quadriplegia, disartria, disfa- gia e alte rações da consciência e coma. • Não elevar o Na mais que 12 mEq/L nas primeiras 24 h. • Diálise, se as medidas anteriores não forem eficientes. Diagnóstico DifErEncial DE HiponatrEMia no rn · insuficiência renal · insuficiência adrenal · Variante de Barther. no período intrauterino, ocorre polidrâmnio. no período neonatal, ocorre alcalose metabólica hipocalêmica, natriurese e hipercalciúria, podendo associar- -se a nefrocalcinose e osteopenia) HipErnatrEMia DEfinição Na sérico >
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