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Farmacologia dos Antivirais 1 Farmacologia dos Antivirais A classificação dos antivirais tem como base o ciclo de vida dos víros toxicidade seletiva é um desafio utilizam a célula hospedeira e seus mecanismos para replicação contudo, muitos víros usam enzimas próprias e a farmacologia se aproveita disso Diferenças entre proteínas virais e humanas: estrutura e função Farmacologia dos Antivirais 2 Alguns alvos: entrada do vírus - receptores da membrana plasmática canais iônicos na etapa de liberação do material genético replicação do DNA ou RNA (material genético) muitos fármacos que afetam na replicação são análogos de glicosídeos polimerases, integrase, protease neuraminidase ou seja: podem atuar na entrada, liberação do material genético, replicação viral, montagem, maturação e saída do vírus na célula Relembrar síntese de DNA precisa de nucleotídeos e a enzima polimerase faz a polimerização, ou seja, une os nucleotídeos Os desoxinucleotídeos precisam estar na forma trifosfato (enzima reconhece na forma de trifosforilação) para que esse processo ocorra para que ocorra replicação do DNA necessita de nucleotídeos trifosfatados Farmacologia dos Antivirais 3 Retrovírus DNA POLIMERASE DEPENDENTE DE RNA precisa de uma transcriptase reversa - alvo farmacológico OBS: A aula será dividida em estágios da replicação e alvos farmacológicos, seguindo a tabela acima. INIBIDORES DA FIXAÇÃO 2 fármacos: enfuvirtina e maraviroque Os dois impedem entrada do HIV HIV é envelopado e tentará entrar na membrana plasmática do hospedeiro HIV tem 2 glicoproteínas importantes no envelope (gp41 e gp120) para entrar ele precisa reconhecer o CD4 da hospedeira → reconhece pela proteína gp120 (fixação: CD4-gp120) gp120 também reconhece um correceptor (dois deles são: CCR5 e CXCR4 - depende do tipo viral qual deles possui, mas ambos são correceptores reconhecidos junto com CD4) gp41 fica ligada na membrana viral e gp120, seu papel é mudar conformação se ligando simultaneamente no envelope e membrana plasmática afim de juntá-las e realizar a fusão de membranas Farmacologia dos Antivirais 4 maraviroque é antagonista do CCR5 impede que gp120 se ligue no correceptor não permite fusão de envelope com membrana não fixa e não consegue entrar na célula em combinação com outros medicamentos antirretrovirais, é indicado para pacientes adultos, previamente experimentados a tratamento, e vivendo somente com o HIV-1 CCR5-trópico detectado ou seja, precisa garantir que o vírus da infecção seja sensível ao CCR5 e não ao CXCR4 enfuvirtida é semelhante a gp41 (se liga no gp41) atrapalha desdobramentos para vírus entrar na célula é um peptídeo e, por isso, não pode usá-lo por VO (não seria absorvida) administração subcutânea age no HIV-1 uso: adultos com falha aos outros esquemas de associação de antirretrovirais Farmacologia dos Antivirais 5 maraviroque x enfuvirtida maraviroque apenas usado em HIV que reconhecem o CCR5 enfuvirtida atrapalha remodelamento e por ser peptideo é administrado via subcutânea, atua apenas no HIV-1 (subtipos diferentes tem estruturas diferentes, no caso desse fármaco, precisa ter conformação parecida ao gp41) INIBIDORES DO DESNUDAMENTO VIRAL seu uso caiu nos ultimos tempos amantadina e rimantadina inibição do influxo de prótons no canal M2 canal M2 permite a acidificação do endossomo para liberação do material genético necessário para desnudamento viral INIBIDORES DA REPLICAÇÃO VIRAL maioria dos fármacos atuam aqui o que precisa saber? podem inibir as polimerases (usam nucleotídeos para polimerizar e sintetizar DNA) dois fármacos fazem isso: análagos nucleosídicos (base ligada à ribose: nucleosídeo - quando glicosilado vira nucleotídeo) e inibidores não nucleosídicos OBS: herpes possui DNA e HIV possui DNA polimerase dependente de RNA análogos nucleosídicos_____________________________________________ imitam um nucleosídio - é modificado quando se liga na cadeia para formação do DNA agentes anti-HIV e anti-herpes-vírus → antimetabólitos fármaco ativado por fosforilação → fármaco-PPP (nucleosídeo-trifosfato) fármaco parece um nucleosídeo, mas para se ligar precisa ser fosforilado para se tornar um trifosfato ativação = fosforilação Farmacologia dos Antivirais 6 só a partir disso ocorre incorporação ao DNA e inibição das polimerases aciclovir é um anti-herpes-vírus parece uma desoxiguanosina (dGTP), porém modificado (na ribose) na replicação, a polimerase pega o aciclovir no lugar da desoxiguanosina para isso acontecer, aciclovir é ativado por fosforilação pela primeira vez (recebe 1 fosfato) e vira um monofosfato de aciclovir depois recebe mais 2 fosfatos, virando um trifasfato de aciclovir (feita a partir de uma enzima própria do hospedeiro) primeira fosforilação é feita por uma enzima viral! → alta seletividade para ocorrer primeira fosforilação precisa ter contato com o vírus, ou seja, é ativado apenas em células infectadas. Impede que atinja células saudáveis. Menos tóxico. fanciclovir e penciclovir fanciclovir é pró-farmaco do penciclovir penciclovir tem uso tópico fanciclovir é sistêmico, maior biodisponibilidade menos seletivo às DNA polimerases virais ganciclovir útil em infecções por CMV (aciclovir não pode ser usado no CMV) tóxico para infecções por HSV elevada toxicidade: maior semelhança estrutural com nucleosídeo natural - depressão da medula óssea (neutropenia) uso em infecções graves, principalmente em imunossuprimidos fosforilado por uma proteinoquinase viral OBS: a herpes usa seu próprio DNA polimerase para se replicar - aciclovir inibe a DNA polimerase viral (possui maior afinidade com a polimerase viral em comparação à humana, ou seja, apesar da alta seletividade não elimina a possibilidade de algumas células saudáveis terem ação farmacológica). análogos nucleosídicos anti-HIV____________________________________ Farmacologia dos Antivirais 7 alvo é a transcriptase reversa efeito parecido com aciclovir no sentido de serem fosforilados para conseguir atuar e inibir a replicação zidovudina e estavudina - análogos da timidina; lamivudina e entritabina - análogos da citosina; tenofovir - análogos da adenosina (análogo nucleotídio) Zidovudina (AZT) → fosforilação → inibição competitiva da incorporação de nucletídeos nativos → inibição do alongamento do DNA pró-viral AZT é fosforilado pela célula do hospedeiro não há seletividade na fase de ativação do fármaco AZT acumula-se em células infectadas e naquelas em divisão (elas que precisam de nucleotídeos para replicar) tóxico pela não seletividade → pode causar supressão da medula óssea (neutropenia e anemia) pode agir tanto na transcriptase reversa quanto na DNA polimerase humana, porém, é mais potente para transcriptase reversa (TR) do que para as DNA polimerases humanas Farmacologia dos Antivirais 8 inibição da DNA polimerase mitocondrial → anemia, granulocitopenia, miopatia, neuropatia periférica e pancreatite lamivudina - 3TC menor inibição da DNA polimerase mitocondrial e estrutura química atípica: menor toxicidade potente inibidor da olimerase do HBV entricitabina - FTC associação com outros fármacos anti-HIV inibe tanto TR quando DNA polimerase, porém, seletividade é maior para TR viral Aciclovir x AZT Aciclovir mais ativada em célula infectada devido a primeira fosforilação ser por enzima viral (mais seletivo) AZT passa por fosforilação com enzima celular, por isso, pode ser ativado em célula infectada ou não inibidores não-nucleosídicos________________________________________ fármacos com afinidade para polimerase, ao se ligar nela inibe não é análogo tentativa de aumentar a seletividade para enzimas virais Farmacologia dos Antivirais 9 local de ligação diferente dos análogos nucleosídicos → inibe DNA polimerase e transcriptase reversa mimetiza o pirofosfato → inibição enzimática direta na polimerase, não precisa passar por fosforilação → maior sensibilidade da enzima viralfoscarnete uso para HSV e CMV quando há resistência ao aciclovir e ganciclovir, respectivamente uso IV OBS-recaptulando: Na inibição da replicação viral temos: 1. Análogos nucleosídicos: anti-HIV e anti-herpes; 2. Inibidores não nucleosídicos: INNTR, inibidores da integrase (integração), inibidores da protease (maturação) inibidores não-nucleosídicos-INNTR________________________________ fármacos que inibem diretamente a TR efavirenz, nevirapina e delavirdina anti-HIV nevirapina - ótima penetração no SNC uso somente com associação → evita mecanismo de resistência inibidores da integrase______________________________________________ TR ge no DNA hospedeiro → faz DNA viral e a integrase une o DNA viral com o DNA hospedeiro dolutegravir e raltegravir VO raltegravir inibe a formação de ligações covalentes entre DNA do hospedeiro e DNA viral → bloqueio da atividade catalítica da enzima integrase bem tolerado inibidores da protease____________________________________________ maturação e montagem das partículas de HIV: protease → faz clivagem da poliproteína (gap/pol do HIV) gerando proteínas estruturais para montagem viral Farmacologia dos Antivirais 10 anti-HIV ritonavir, dorunvir e atazanavir grande interação medicamentosa por ser metabolizado pelo CYP450 ritonavir é potente inibidor e é metabolizado pela enzima CYP3A4 do complexo enzimático citocromo P-450 inibidor metabolizado pelo citocromo p3A4, outros fármacos que atuam junto com ele faz com que aumente a potência (pode ser usado como adjuvante) INIBIDOR DE NEURAMINIDASE - INIBIDOR DA INFLUENZA atua na liberação viral Proteína hemaglutinina do influenza se liga no ácido siálico presente na membrana plasmática para entrar na célula Hemaglutinina se liga no ácido sialico para sair da célula igualmente → Enzima Neuraminidase cliva ligação da hemaglutinina no ácido siálico para que influenza consiga sair, caso contrário, ficaria preso ali dentro da célula. Farmacologia dos Antivirais 11 inibidor da neuraminidase → impede saída do influenza da célula que entrou, impede infecção em outras células zanamivir baixa biodisponibilidade oral: uso de inalador tentativas de melhorar a farmacocinética do zanamivir → oseltamivir oseltamivir Biodisponibilidade oral maior reduz infecção por influenza em populações susceptíveis administração indicada cerca de 2 dias do aparecimento de sintomas: reduz duração dos sintomas gripais (em média, 1 dia) - zanamivir e oselmivir eficácia na prevenção de infecção por H5N1 e H1N1 rendesevir - COVID-19_______________________________________________ análogo nucleosídico inibidor da RNA polimerase dependente de RNA fosforilado a trifosfato de rendesevir - análogo de ATP - terminação da cadeia na replicação de RNA viral
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