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DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA @Mateus Mendes Página 1 DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Conceito: É um complexo de normas e princípios de regulação que, atuando nos diversos ordenamentos legais ou convencionais, estabelece qual o direito aplicável para resolver um conflito de leis ou sistemas, envolvendo relações jurídicas de natureza privada ou pública, com referências internacionais ou interlocais. Crítica: Direito nacional? Direito Público? PERSONALIDADE, CAPACIDADE, NOME E DIREITOS DE FAMÍLIA Art. 7º, caput, da LINDB. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. COMEÇO E FIM DA PERSONALIDADE – LEI DO DOMICILIO CAPACIDADE – LEI DO DOMICILIO NOME – LEI DO DOMICILIO DIREITOS DE FAMÍLIA – EXCETO PREVISÃO ESPECIAL NOS PARÁGRAFOS SEGUINTES, LEI DO DOMICILIO. Questão: Um cidadão estrangeiro, com 20 anos de idade, pretende casar-se no Brasil, onde está em viagem de turismo. O Oficial de Registro Civil brasileiro negou a habilitação, ao argumento de que, embora no Brasil a capacidade civil se alcance aos 18 anos, o habilitante é incapaz, segundo o direito de seu país de domicílio. Assinale a alternativa CORRETA: C) O indeferimento é legal, porque a capacidade civil para o casamento se rege pela lei do país do domicílio da pessoa; Art. 7º, §1º, LINDB – LEX LOCI CELEBRATION Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. §1º. Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. IMPEDIMENTOS DIRIMENTES RELATIVOS E ABSOLUTOS: (ARTS. 1.525-1.542 CC) FORMALIDADES DA CELEBRAÇÃO VALIDAÇÃO DE CASAMENTOS CELEBRADO NO EXTERIOR Tradução juramentada – APOSTILADA Consularização (Mercosul) – APOSTILADA Registro de nacionais e (i)migrantes – Art. 1.544 CC – Prazo de 180 dias. - APOSTILAMENTO – Convenção sobre eliminação da Exigência de legalização dos Documentos Públicos Estrangeiros (2016) - “Convenção da Apostila”. STJ. CASAMENTO NO EXTERIOR. REGISTRO. Para fins de prova de casamento celebrado no exterior, o reconhecimento de sua validade no Brasil independe de registro local. Desse modo, é nulo o segundo casamento de cônjuge brasileiro já casado no exterior com estrangeiro divorciado, quando ainda vigente o primeiro matrimônio, mesmo que não averbado no Brasil. CASAMENTO NO CONSULADO – Art. 7º, §2º e art. 18 da LINDB: NACIONALIDADE Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. §2º. O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. TRANSCRIÇÃO NO BRASIL – CARTÓRIO Para nacionais: Para (I) migrantes: Art. 1.544 do CC – Prazo de 180 dias. DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA @Mateus Mendes Página 2 INVALIDADE DO CASAMENTO Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. §3º. Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. Nulo – art. 1.548 do CC Anulável – art. 1.550 do CC REGIME DE BENS Art. 7º, §4. O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. Questão: Em janeiro de 2003, Martin e Clarisse Green, cidadãos britânicos domiciliados no Rio de Janeiro, casam-se no Consulado-Geral britânico, localizado na Praia do Flamengo. Em meados de 2010, decidem se divorciar. Na ausência de um pacto antenupcial, Clarisse requer, em petição à Vara da Família do Rio de Janeiro, metade dos bens adquiridos pelo casal desde a celebração do matrimônio, alegando que o regime geral vigente no Brasil é o da comunhão parcial de bens. Martin, no entanto, contesta a pretensão de Clarisse, argumentando que o casamento foi realizado no consulado britânico e que, portanto, deve ser aplicado o regime legal de bens vigente no Reino Unido, que lhe é mais favorável. Com base no caso hipotético acima e nos termos da Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro, assinale a alternativa correta. B) Clarisse tem razão em sua demanda, pois o regime de bens é regido pela lex domicilli dos nubentes e, ao tempo do casamento, ambos eram domiciliados no Brasil. Art. 7º, §5. O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. INDEPENDE DA NATURALIZAÇÃO E DO REGIME LEGAL Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. §2º. É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. DIVÓRCIO Art. 7º, §6. O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O STJ, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. - DIVÓRCIO DIREITO/INDIRETO - DIVÓRCIO JUDICIAL/CONSENSUAL DIVÓRCIO CONSENSUAL PURO Sentença estrangeira de divórcio consensual averbada diretamente em cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais, sem a necessidade de homologação judicial do STJ. Provimento nº 53, de 16 de maio de 2016, editado pela corregedoria nacional de Justiça que atende o artigo 961, §5º, do CPC: “A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo STJ. DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA @Mateus Mendes Página 3 Divórcio Consensual Puro – A regra vale apenas para divórcio consensual simples ou puro, que consiste exclusivamente na dissolução do matrimônio. Havendo disposição sobre guarda de filho, alimentos e/ou partilha de bens – o que configura divórcio consensual qualificado -, continua sendo necessária a prévia homologação pelo STJ. Questão: Lúcia, brasileira, casou-se com Mauro, argentino, há 10 anos, em elegante cerimônia realizada no Nordeste Brasileiro. O casal vive atualmente em Buenos Aires com seus três filhos menores. Por diferenças inconciliáveis, Lúcia pretende se divorciar de Mauro, ajuizando, para tanto, a competente ação de divórcio, a fim de partilhar os bens do casal: um apartamento em Buenos Aires/Argentina e uma casa de praia em Trancoso/Bahia. Mauro não se opõe à ação. Com relação à ação de divórcio, assinale a afirmativa correta. B) Caso Lúcia ingresse com a ação perante a Justiça Argentina, poderá inclusive partilhar a casa de praia, com posterior execução de sentença no Brasil. UNIDADE DOMICILIAR Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. §7º. Salvo o caso de abandono, o domicíliodo chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. §8º. Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. BENS Art. 8º. Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. REGRA: LEX REI SITAE Exceção: BENS MÓVEIS EM TRANSPORTE §1º. Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. BENS MÓVEIS EMPENHADOS §2º. O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. DAS OBRIGAÇÕES Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. §1º. Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. Contratuais: LEX LOCI CELEBRATIONES Extracontratuais: LEX REGIT ACTUM Exceções: Contratos com reflexos sociais §2º. A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. - Teoria Voluntarista – Convenção de Roma de 1980 - Teoria Objetivista – Convenção Interamericana sobre direito aplicável aos contratos internacionais 1994 – OEA. EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO NO BRASIL - Art. 9º, §1º. Forma extrínseca: locus regit actum Forma intrínseca: lex loci executiones DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA @Mateus Mendes Página 4 Exceções: Contratos sociais – consumidor/trabalhista DIREITO DAS SUCESSÕES Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. Princípio da Unidade Sucessória: §1º. A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. Art. 1.829, CC. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II – aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III – ao cônjuge sobrevivente; IV – aos colaterais; Art. 10, §2º. A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. A capacidade sucessória – possuem capacidade postulatória as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão, art. 1.798, CC. Tem capacidade sucessória para fins de sucessão testamentária, art. 1.799, CC: os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. Herdeiro deserdado (arts. 1.691-1.693 CC) e indigno (art. 1.814 CC). DAS PESSOAS JURÍDICAS Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem. §1º. Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. §2º. Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que ele tenha constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou suscetíveis de desapropriação. §3º. Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares. PROVA DOS FATOS OCORRIDOS NO EXTERIOR Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. PROVA DO DIREITO MATERIAL ESTRANGEIRO Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL A) COMPETÊNCIA CONCORRENTE/RELATIVA: Art. 12, caput, art. 21 e ss do CPC. Requisitos: Art. 21 CPC DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA @Mateus Mendes Página 5 a) Réu domiciliado no Brasil; b) No Brasil tiver que ser cumprida a obrigação; c) O fato ocorreu no Brasil; Ação de alimentos: art. 22, I, CPC – credor domiciliado no Brasil/réu tiver vínculos Brasil – Convenção Interamericana sobre obrigação alimentar. Relação de consumo (art. 22, II, CPC) – consumidor domiciliado no Brasil Eleição de foro (art. 22, III, CPC) expresso ou tácito. B) CONCORRÊNCIA ABSOLUTA/EXCLUSIVA: art. 12, §1º, art. 23 CPC Requisitos: art. 23 CPC a) Imóveis situados no Brasil b) Inventário, partilha de bens, confirmação testamento particular (validação-jurisdição voluntária – art. 1.876, CC). c) Partilha bens situados no Brasil em divórcio, separação, dissolução união estável. LITISPENDÊNCIA INTERNACIONAL – Art. 24 CPC Não haverá litispendência internacional – Prevalece a lógica coisa julgada (exceto previsão em tratado). Art. 24, CPC. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordo bilaterais em vigor no Brasil. Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. ELEIÇÃO DE FORO – Art. 25, CPC Admite-se eleição de foro nos contratos internacionais, exceto competência absoluta do judiciário brasileiro. Eleição pode ser expressa ou tácita. Se houver, caráter obrigatório. Art. 25, CPC. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL – Art. 12, §2º LINDB – art. 26 a 41 CPC 3 modalidades: Homologação de sentença estrangeira/exequatur carta rogatória/auxílio direto COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL PASSIVA (solicitada por autoridade judiciária estrangeira) Art. 26, CPC – depende de tratado de cooperação ou acordo de reciprocidade e respeita: I – respeito devido processo legal do Estado requerente II – respeito ao tratamento igualitário entre nacionais e estrangeiros (justiça gratuita) III – publicidade processual – exceto segredo de justiça. IV – autoridade central (MJ) para efetuar a recepção e transmissão dos pedidos de cooperação V – espontaneidade informações (reciprocidade na ausência de tratados). Autoridade Central: Ministério da Justiça (MJ) - Departamento de Estrangeiro (DEEST) e Departamento Recepção de Ativos e DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA @Mateus Mendes Página 6 Cooperação Jurídica Internacional (DRCI). Fundamento Jurídic. Dec. 6061/07 Homologação de sentença estrangeira não exige-se reciprocidade: procedimento específico, CPC Juízo de Delibação: somente homologação sentença estrangeira – art. 26, §3º CPC – art. 17 LINDB. Objeto, pedidos de diligências da Cooperação Internacional – art. 27 CPC. Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto: I – Citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial; II –colheita de provas e obtenção de informações; III – homologação e cumprimento de decisão; IV – concessão de medida judicial de urgência; V – assistência jurídica internacional; VI – qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. AUXÍLIO DIRETO Pedido efetuado por órgão administrativo para produção de diligências no Brasil. Art. 28, CPC. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil. Não se submete ao juízo de delibação - Autoridade Central (MJ) – pode ser determinado cumprimento em via judicial pela AGU (Advocacia Geral da União) ou MPF (Ministério Público Federal, na Justiça Federal (JF). Se fosse Carta Rogatória, enviada pelo judiciário, passaria pelo juízo de delibação. Art. 29, CPC. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro interessado à autoridade central, cabendo ao Estado requerente assegurar a autenticidade e a clareza do pedido. Art. 30, CPC. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os seguintes objetos: I – obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso; II – colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira; III – qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. Art. 31, CPC. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas congêneres e, se necessário, com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela tramitação e pela execução de pedidos de cooperação enviados e recebidos pelo Estado brasileiro, respeitadas disposições específicas constantes de tratado. Previsão em tratado. Prevê comunicação direta entre órgãos, sem passar pela Autoridade Central. Art. 32, CPC. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as providências necessárias para seu cumprimento. Auxílio direto sem intervenção judicial: cumprimento fundado em tratado ou acordo de reciprocidade. Art. 33, CPC. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida solicitada. Parágrafo único. O MP requererá em juízo a medida solicitada quando for autoridade central. DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA @Mateus Mendes Página 7 Art. 34, CPC. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida apreciar de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional. AUXÍLIO DIRETO JUDICIAL Auxílio Direto que envolve a atuação de Juiz Nacional, como, por exemplo, os atos de comunicação processual ou atos de natureza probatória. AUXÍLIO DIRETO ADMINISTRATIVO Auxílio Direto que envolve a atuação de órgão da Administração Pública, a exemplo de investigações conjuntas do Ministério Público ou de autoridade policiais. CARTA ROGATÓRIA ATIVAS E PASSIVAS Ativas: Enviadas para cumprimento no exterior Passivas: Recebidas para cumprimento no Brasil (Requisitos). CARTA ROGATÓRIA ATIVA – art. 38, CPC Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira competente e os documentos anexos que o instruem serão encaminhados à autoridade central, acompanhados de tradução para a língua oficial do Estado requerido. CARTA ROGATÓRIA PASSIVA – art. 36, CPC Art. 36. O procedimento da carta rogatório perante o STJ é de jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do devido processo legal. §1º. A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para que o pronunciamento judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil. §2º. Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento judicial estrangeiro pela autoridade judiciária brasileira. Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo de autoridade brasileira competente será encaminhado à autoridade central para posterior envio ao Estado requerido para lhe dar andamento. Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se configurar manifesta ofensa à ordem pública. Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão estrangeira dar-se-á por meio de carta rogatória ou de ação de homologação de sentença estrangeira, de acordo com o art. 960. Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido de cooperação jurídica internacional, inclusive tradução para a língua portuguesa, quando encaminhado no Estado brasileiro por meio de autoridade central ou por via diplomática, dispensando-se ajuramentação, autenticação ou qualquer procedimento de legalização. Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando necessária, a aplicação pelo Estado brasileiro do princípio da reciprocidade de tratamento. CARTA ROGATÓRIA PASSIVA Origem: Exterior Passa pelo crivo do STJ DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA @Mateus Mendes Página 8 Se admitida, há a concessão de exequatur Enviada para cumprimento na Justiça Federal CARTA ROGATÓRIA ATIVA Origem: Brasil Tribunal Rogante Ministério da Justiça (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional) Após análise de requisitos legais, procederá o envio ao exterior HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA Art. 15, LINDB, art. 960 a 965, CPC Art. 960. A homologação de decisão estrangeira será requerida por ação de homologação de decisão estrangeira, salvo disposição especial em sentido contrário prevista em tratado. § 1º A decisão interlocutória estrangeira poderá ser executada no Brasil por meio de carta rogatória. § 2º A homologação obedecerá ao que dispuserem os tratados em vigor no Brasil e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. § 3º A homologação de decisão arbitral estrangeira obedecerá ao disposto em tratado e em lei, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições deste Capítulo. Homologação e Exequatur – Art. 961 Art. 961. A decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil após a homologação de sentença estrangeira ou a concessão do exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição em sentido contrário de lei ou tratado. § 1º É passível de homologação a decisão judicial definitiva, bem como a decisão não judicial que, pela lei brasileira, teria natureza jurisdicional. § 2º A decisão estrangeira poderá ser homologada parcialmente. § 3º A autoridade judiciária brasileira poderá deferir pedidos de urgência e realizar atos de execução provisória no processo de homologação de decisão estrangeira. § 4º Haverá homologação de decisão estrangeira para fins de execução fiscal quando prevista em tratado ou em promessa de reciprocidade apresentada à autoridade brasileira. § 5º A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. § 6º Na hipótese do § 5º, competirá a qualquer juiz examinar a validade da decisão, em caráter principal ou incidental, quando essa questão for suscitada em processo de sua competência. Execução de Sentença Estrangeira – art. 962 Art. 962. É passível de execução a decisão estrangeira concessiva de medida de urgência. § 1º A execução no Brasil de decisão interlocutória estrangeira concessiva de medida de urgência dar-se-á por carta rogatória. DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA @Mateus Mendes Página 9 § 2º A medida de urgência concedida sem audiência do réu poderá ser executada, desde que garantidoo contraditório em momento posterior. § 3º O juízo sobre a urgência da medida compete exclusivamente à autoridade jurisdicional prolatora da decisão estrangeira. § 4º Quando dispensada a homologação para que a sentença estrangeira produza efeitos no Brasil, a decisão concessiva de medida de urgência dependerá, para produzir efeitos, de ter sua validade expressamente reconhecida pelo juiz competente para dar-lhe cumprimento, dispensada a homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. Art. 964. Não será homologada a decisão estrangeira na hipótese de competência exclusiva da autoridade judiciária brasileira. Parágrafo único. O dispositivo também se aplica à concessão do exequatur à carta rogatória. ORDEM PÚBLICA Art. 17, LINDB. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bens costumes. Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do consulado. §1º. As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição a à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. §2º. É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da escritura pública.
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