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W BA 08 62 _V 1. 1 PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCOS EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES I 2 Joubert Rodrigues dos Santos Júnior São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2021 PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCOS EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES I 1ª edição 3 2021 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Lucas dos Santos Araujo Claudino Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_________________________________________________________________________________________ Santos Júnior, Joubert Rodrigues dos S237p Prevenção e controle de riscos em máquinas, equipamentos e instalações I / Joubert Rodrigues dos Santos Júnior, – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2021. 44 p. ISBN 978-65-89881-07-0 1. Controle de Riscos. 2. Máquinas e equipamentos. 3. NR-12. I. Título. CDD 363.11 ____________________________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 010289/O © 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Disposições gerais de segurança em máquinas ______________ 05 Sistemas de segurança em máquinas e equipamentos ______ 18 Categoria de segurança de máquinas e equipamentos ______ 33 Metodologias para aplicação da apreciação de risco ________ 48 PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCOS EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES I 5 Disposições gerais de segurança em máquinas Autoria: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Leitura crítica: Lucas dos Santos Araujo Claudino Objetivos • Apresentar uma breve contextualização com a questão de segurança em máquinas e equipamentos. • Aprimorar os conceitos de proteções para máquinas e equipamentos. • Discutir sobre a aplicabilidade das normas vigentes no Brasil. • Conscientizar sobre a importância da especificação correta de um sistema de segurança para máquinas e equipamentos. 6 1. Princípios gerais da NR-12 Os acidentes envolvendo máquinas e equipamentos são responsáveis por lesões graves, representando cerca de 25% dos acidentes de trabalho, de acordo com as estatísticas do Ministério da Previdência Social (2016). Máquinas obsoletas, falta de qualificação dos profissionais que interagem com essas máquinas, além da burla dos sistemas de segurança instalados potencializam ainda mais a probabilidade dos acidentes. O governo, preocupado com as estatísticas, busca, por meio da atualização das Normas Regulamentadoras, diminuir e/ou neutralizar os acidentes advindos da interação com máquinas e equipamentos. Desta forma, no esforço de buscar comprometimento do setor industrial, ele regulamenta requisitos técnicos obrigatórios visando padronizar os sistemas de segurança instalados em máquinas e equipamentos. No Brasil, a Norma Regulamentadora 12 (Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos) é a principal diretiva a ser observada pelos fabricantes e usuários de máquinas e equipamentos. O marco da segurança em máquinas e equipamentos no Brasil foi após a alteração da NR-12 pela Portaria do antigo Ministério do Trabalho, SIT n° 197, de 17 de dezembro de 2010 (BRASIL, 2019). 1.1 Conceitos básicos de proteção Eliminar, neutralizar ou reduzir os riscos de acidentes de trabalhos são as diretivas básicas dentro de um processo de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais em um ambiente laboral salubre. Levando em consideração estas diretivas, destacamos em ordem de prioridade as medidas de proteção adequadas para evitar acidentes em máquinas e equipamentos, sendo elas: 7 • Medidas de proteção coletiva. • Medidas administrativas. • Medidas de proteção individual. A Figura 1 representa os tipos de medidas de proteção previstos nas normas de segurança de máquinas e equipamentos. Figura 1 – Medidas de proteção por ordem de prioridade Fonte: elaborada pelo autor. A proteção coletiva deve ser especificada primeiramente, pois são mais eficientes, abrangendo todos os profissionais que interagem diretamente ou indiretamente com a máquinas. As medidas administrativas não devem ser a única medida de segurança. Devem estar associadas às medidas de proteção coletiva. São representadas pelos procedimentos de segurança e operacionais. De acordo com a NR-12, toda máquina deverá possuir seu procedimento de segurança e operacional, descrito passo a passo, levando em consideração todas as fases de utilização da máquina: operação, manutenção, ajustes e limpeza (BRASIL, 2019). As medidas de proteções individuais deverão ser especificadas se ainda existirem riscos residuais após implantadas as medidas de proteções coletivas e administrativas. 8 Mesmo existindo um conceito de prioridade, as medidas de proteção devem ser utilizadas de forma integrada, uma complementando a outra, garantindo, desta forma, a integridade física dos profissionais que interagirão com a máquina. 1.2 Capacitação profissional A NR-12 determina que a operação, manutenção, os ajustes e inspeções em máquinas e equipamentos devem ser realizados somente por profissionais habilitados, qualificados e/ou capacitados. Esta capacitação é de responsabilidade do empregador, devendo ser compatível com as atividades desenvolvidas, levando em consideração os riscos aos quais o trabalhador está exposto. O Quadro 1 descreve os requisitos estabelecidos pela NR-12, cujo cumprimento é parte integrante de um sistema de gestão de segurança voltado para prevenção de riscos de acidentes em máquinas e equipamentos. Quadro 1 – Requisitos para capacitação de acordo com a NR-12 Item Requisitos 1 Ocorrer antes que o trabalhador assuma a sua função. 2 Deverá ser realizada sem custo para o trabalhador. 3 Com carga horária compatível para assimilar todo o conteúdo e exercer a função com segurança. 4 Possuir conteúdo programático conforme o anexo II da NR-12. 5 Ministrada por profissional qualificado, com supervisão de profissional habilitado. Fonte: adaptado de Brasil (p. 26, 2019). Para as microempresas e empresas de pequeno porte, a capacitação poderá ser ministrada por trabalhador da própria empresa, desde que 9 ele tenha sido capacitado em entidade oficial de ensino de educação profissional; na prática, esse trabalhador será um multiplicador de conhecimento. Os profissionais que interagem com as máquinas e os equipamentos devem passar por reciclagem da capacitação sempre que houver modificações significativas das características construtivas das máquinas e dos processos. Do ponto de vista de capacitação técnica, visando o atendimento da NR- 12, podemos separar em duas etapas distintas: • Capacitação técnica: o profissional é treinado para operar e/ou realizar manutenções em máquinas e equipamentos. • Capacitação de segurança: os profissionais que interagem com máquina receberão treinamento específico sobre segurança em máquinas e equipamentos conforme conteúdo programático estabelecido pelo anexo II da NR-12. O Quadro 2descreve o conteúdo programático mínimo para a capacitação de segurança. A NR-12 (BRASIL, 2019) estabelece que capacitação para operação segura de máquinas deve abranger etapas teóricas e práticas, a fim de proporcionar a competência adequada do operador para o trabalho seguro, contendo, no mínimo: • Descrição e identificação dos riscos associados a cada máquina e equipamento e suas proteções. • Funcionamento das proteções. • Como e em que circunstância uma proteção pode ser removida e por quem. 10 • O que fazer caso uma proteção tenha sido danificada. • Princípios de segurança na utilização da máquina. • Segurança para riscos mecânicos, elétricos e outros igualmente relevantes. • Método de trabalho seguro. • Permissão de trabalho. • Sistema de bloqueio de funcionamento de máquinas durante operações de inspeção, limpeza, lubrificação e manutenção. Para operadores de máquinas injetoras, o conteúdo programático previsto pela NR-12 (BRASIL, 2019) é específico, devendo conter: • Histórico da regulamentação de segurança da máquina especificada. • Descrição e funcionamento. • Riscos na operação. • Principais áreas de perigo. • Medidas e dispositivos de segurança para evitar acidentes. • Exigências mínimas de segurança previsto na NR-12 e NR-10. • Medidas de segurança para injetoras elétricas e hidráulica de comando manual. • Demonstração prática dos perigos e dispositivos de segurança. • Proteções – portas e distâncias de segurança. 11 O material didático, escrito ou audiovisual, utilizado para a capacitação de segurança deverá ser elaborado em linguagem adequada e mantido à disposição da fiscalização, assim como a lista de presença, certificados e currículos dos instrutores. Por se tratar de item normativo, é importante o gestor da área de segurança e saúde ocupacional solicitar para o profissional que ministrou o treinamento os citados: currículo, material didático utilizado e lista de presença. Estes documentos deverão ser arquivados, pois poderão ser solicitados em auditorias ou fiscalizações. O instrutor do curso de capacitação para operadores de máquinas injetoras deverá possuir formação técnica em nível médio, conhecimento técnico de máquinas utilizadas na transformação de material plástico e conhecimento da normatização técnica de segurança. 1.3 Máquinas e equipamentos dispensados de adequação Não é permitido no Brasil a fabricação, venda, importação, locação, exposição e qualquer forma de cessão de máquinas e equipamentos que não atendem aos requisitos de segurança estabelecidos pela NR-12 (BRASIL, 2019). Máquinas comprovadamente destinadas à exportação estão isentas do cumprimento dos requisitos legais previstos pela NR-12. A NR-12 também não tem aplicabilidade para máquinas impulsionadas por força animal ou manual, máquinas expostas em museus e feiras para fins históricos, eletrodomésticos, máquinas com selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro, ferramentas portáteis e para equipamentos estáticos. Equipamentos estáticos são classificados em função de sua funcionalidade, utilizados para executar: 12 • Acondicionamento de materiais sólidos, líquidos ou gasosos, como exemplo, os tanques de armazenamento. • Condução de fluidos, como exemplo: tubulações industriais. • Transformações físico-químicas. • Aquecimento de fluidos. • Resfriamento de fluidos. A Figura 2 ilustra uma tubulação utilizada para condução de fluidos. Este tipo de instalação é muito comum no setor industrial. Estes fluidos podem ser água, produtos químicos em geral, gases, etc. Figura 2 – Tubulações industriais para condução de fluidos Fonte: DenoidEremeychuk/iStock.com. De acordo com a NR-12 (BRASIL, 2019), é obrigatória a elaboração de um documento que relacione todas as máquinas e os equipamentos instalados na unidade fabril. A relação das máquinas é o início do processo de um sistema de gestão da NR-12. 13 1.4 Arranjo físico Vários fatores que potencializam o risco de acidentes com máquinas e equipamentos podem ser suprimidos por meio de um leiaute adequado nas células produtivas. O arranjo físico muitas vezes é negligenciado em uma análise de risco, o espaçamento entre as máquinas não é respeitado, gerando riscos adicionais no ambiente de trabalho. Arranjo físico é relacionado à disposição dos recursos de produção: homem, máquina, matéria-prima e produto final, descrito na Figura 3. O correto planejamento de uma célula produtiva otimiza o processo e diminui a probabilidade de acidentes decorrentes da interação homem-máquina. Figura 3 – Recursos de produção Fonte: elaborada pelo autor. Adequações simples, como a otimização de distâncias entre máquinas e equipamentos, sinalização adequada e limpeza, tornam o local de trabalho agradável e seguro, reduzindo o afastamento dos profissionais em decorrência de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Desta forma, em uma análise de risco de máquinas e equipamentos, o leiaute é um ponto de observação. A Figura 4 exemplifica um arranjo inadequado, com falta de distanciamento entre máquinas e equipamentos, gerando risco de acidente. 14 Figura 4 – Exemplo de distanciamento errado entre máquinas Fonte: acervo do autor. A NR-12 (BRASIL, 2019) descreve que os locais onde as máquinas e os equipamentos estão instalados devem ser demarcados e sinalizados. Ressalta ainda que, nas áreas de circulação, os postos de trabalho devem ficar posicionados de modo que não ocorram transporte e movimentação aérea de materiais sobre os trabalhadores. É permitida a demarcação das áreas de circulação por meio de marcos, balizas ou outros meios físicos. As áreas de circulação não podem ficar obstruídas, o acesso deve ser livre e dimensionado adequadamente visando o acesso rápido em uma emergência. Os materiais utilizados no processo devem ser alocados em áreas específicas e sinalizadas. A falta de sinalização pode gerar equívocos, gerando riscos adicionais. A NR-12 (BRASIL, 2019) determina ainda que máquinas móveis que possuem rodízios devem ter travas em pelo menos dois rodízios. Já as máquinas estacionárias devem estar fixadas, de modo a evitar vibrações. 1.5 Meios de acesso Algumas máquinas e alguns equipamentos estão localizados acima do nível do solo, sendo necessário o uso de meios de acessos permanentes para acessá-los. Geralmente, em uma indústria, os meios de acessos são representados por elevadores, rampas, passarelas, plataformas e escadas. A Figura 5 ilustra um tipo de meio de acesso por meio de escada tipo marinheiro. 15 Figura 5 – Escada tipo marinheiro Fonte: acervo do autor. O emprego dos meios de acesso deve levar em consideração o ângulo de sua inclinação, conforme determina a NR-12. A Figura 6 ilustra a inclinação dos meios de acessos em função do modelo utilizado. Figura 6 – Meios de acesso conforme sua inclinação Fonte: elaborada pelo autor. 16 As passarelas são utilizadas com a finalidade de travessia dos trabalhadores entre um ponto e outro. Normalmente são instaladas acima do nível do solo, por este motivo exigem proteções por meio de guarda-corpo nas suas laterais. Em atendimento à norma NR-12, as proteções devem ser projetadas conforme os seguintes requisitos: • Travessões superiores de 1,10 metro a 1,20 metro de altura em relação ao piso ao longo de toda sua extensão. • Rodapé de, no mínimo, 20 centímetros de altura. • Travessão intermediário a 70 centímetros de altura em relação ao piso. As passarelas, plataformas e rampas devem possuir largura útil mínima de 60 centímetros. Se elas foram instaladas antes de 2010, devem possuir uma largura mínima de 50 centímetros. A Figura 7 ilustra as dimensões mínimas exigidas pela norma NR-12 para as proteções laterais de passarelas e rampas com objetivo de evitar quedas. Figura 7 – Sistema de proteção contra queda Fonte: elaborada pelo autor. 17 A prevenção de acidentes com máquinas e equipamentos vai muito além dos dispositivos de segurançainstalados na própria máquina. Devemos garantir a capacitação correta dos profissionais que interagem com as máquinas, procedimentos operacionais e de segurança, e ainda observar os meios de acessos e leiaute onde estas máquinas estão instaladas, desta forma os riscos residuais e adicionais podem ser mapeados e ações de prevenção definidas. Referências bibliográficas ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 13.857: segurança de máquinas: distâncias de segurança para impedir o acesso à zona de perigo pelos membros superiores e inferiores. Rio de Janeiro: ABNT, 2021. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria de Previdência. Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho: AEAT 2017. Brasília: MF; 2017. 996 p. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR 12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. Última modificação: Portaria SEPRT nº 916, de 30/07/2019, DOU 31/07/2019. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho- e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/ inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-12.pdf. Acesso em: 06 dez. 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Portaria SIT n°197 de 17 de dezembro de 2010. Disponível em: http://www.normaslegais.com.br/legislacao/ portariasit197_2010.htm. Acesso em: 01 jan. 2021.. SANTOS JÚNIOR, J. R. dos; ZANGIROLAMI, M. J. NR-12 Segurança em máquinas e equipamentos: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Érica, 2020. https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho http://www.normaslegais.com.br/legislacao/portariasit197_2010.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/portariasit197_2010.htm 18 Sistemas de segurança em máquinas e equipamentos Autoria: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Leitura crítica: Lucas dos Santos Araujo Claudino Objetivos • Apresentar a contextualização dos sistemas de segurança em um ambiente fabril. • Apresentar e discutir sobre os tipos de dispositivos de segurança aplicáveis em máquinas e equipamentos. • Discutir sobre a aplicabilidade das normas vigentes no Brasil. • Conscientizar sobre os perigos de burlar o sistema de segurança das máquinas e dos equipamentos. 19 1. Sistemas de segurança Nos parques fabris, existem vários tipos de máquinas e equipamentos, dos mais variados modelos, tamanhos e funções, instalados nas diversas áreas do setor econômico, como indústria de alimentos, automobilística, farmacêutica, de papel, mineração, construção civil, entre outras. Toda essa diversidade, aliada a máquinas e equipamentos obsoletos, gera uma combinação de perigos e riscos que precisam ser gerenciados. Em uma indústria, a quantidade de máquinas e equipamentos pode variar muito, o problema é que cada um apresenta necessidades especificas de proteção, em função do seu tipo, modelo, procedimento de operação e manutenção. A necessidade de especificação correta do sistema de segurança de uma máquina ou equipamento, passa obrigatoriamente pela apreciação de risco e projeto. A Figura 1 ilustra um diagrama da correlação entre o sistema de segurança, a apreciação de risco e o projeto. Figura 1 – Correlação para especificar os dispositivos de proteção Fonte: elaborada pelo autor. Os sistemas de segurança são conjuntos de dispositivos de proteção que, combinados, tornam a máquina ou o equipamento mais seguro, com objetivo de garantir a integridade física dos profissionais que 20 interagem com a máquina, por meio da redução e/ou eliminação dos riscos. No mercado, existe uma quantidade razoável de dispositivos de segurança voltados para proteção de máquinas e equipamentos. É importante ressaltar que, para garantir que uma máquina seja segura, é necessário implementar os procedimentos operacionais e de segurança, além de fornecer treinamentos para os envolvidos, desta forma, o sistema de segurança é eficaz. 1.1 Dispositivos de segurança São mecanismos que, interligados ou associados, executam determinada tarefa com objetivo de cessar o risco e prevenir o acidente na interação homem-máquina. A Norma Regulamentadora 12 (BRASIL, 2019) considera os seguintes dispositivos: • Comandos elétricos ou interfaces de segurança. • Dispositivos de intertravamento. • Sensores de segurança. • Válvulas e blocos de segurança para sistemas pneumáticos e hidráulicos. • Dispositivos mecânicos. • Dispositivos de validação. Geralmente os comandos elétricos ou interfaces de segurança impedem a ocorrência de uma determinada falha por meio da verificação das ligações, posicionamento e do funcionamento do sistema, evitando a perda da função de segurança. 21 Os sensores possuem a finalidade de detectar as ações suspeitas, por exemplo, a aproximação de uma pessoa de uma zona de perigo da máquina. Uma vez detectado, eles enviam um sinal para que os dispositivos atuadores (alimentação elétrica, sistema de freios) desenergizem o local em perigo ou executem comandos de parada da máquina ou do equipamento. A Figura 1 representa os tipos de medidas de proteção previstos nas normas de segurança de máquinas e equipamentos. Na prática, o sistema de proteção atua em três estágios, representados pela Figura 2. Figura 2 – Estágios de um sistema de proteção por meio de dispositivos de segurança Fonte: elaborada pelo autor. Os dispositivos mais utilizados para o sistema de detecção são as cortinas de luz, escâner, dispositivos de intertravamento, chaves de segurança e sensores eletromagnéticos. Para o sistema de interface de segurança, o relé de segurança e/ou CLP (Controlador Lógico Programável) de segurança são as opções. Estes dispositivos de interface de segurança passaram a ser obrigatórios por meio da revisão em 2010 da Norma Regulamentadora nº 12. Eles 22 auxiliam principalmente na prevenção contra as burlas no sistema de segurança. Os atuadores são dispositivos, geralmente eletromecânicos, que têm como principal objetivo realizar a parada imediata do equipamento, geralmente é o utilizado relé para executar essa atividade. 1.2 Cortina de luz São dispositivos que apresentam um sistema de transmissão e outro de recepção, produzindo uma luz infravermelha, não detectável pelos olhos humanos, capaz de monitorar uma determinada zona de perigo. Figura 3 – Componentes de uma cortina de luz Fonte: elaborada pelo autor. Se um dos feixes emitidos pelo transmissor for interrompido, a cortina de luz entende que a área de proteção foi invadida, ou seja, alguém está se aproximando de uma zona de perigo. Assim o sistema de controle enviará um sinal para desligar a máquina e/ou o equipamento. Esse tipo de dispositivo é muito utilizado na proteção de prensas, esteiras e células com robô. 23 Figura 4 – Utilização de cortina de luz em uma prensa vertical. Fonte: adaptada de PKM1/iStock.com. Algumas cortinas de luz possuem um sistema chamado de muting, que é uma lógica aplicada para a desabilitação automática da cortina por um determinado tempo em função da necessidade de transportar materiais para fora ou dentro de uma zona de perigo sem que a máquina fique inoperante. 1.3 Escâneres São dispositivos com sensores eletroeletrônicos que emitem pulsos de laser na área de proteção. Eles fazem uma varredura em uma área predeterminada, criando uma barreira virtual; assim que um dos feixes 24 dessa barreira é interrompido, o escâner envia um sinal para neutralizar os movimentos da máquina. A Figura 5 ilustra um modelo de escâner em conjunto com um exemplo de utilização. Figura 5 – Dispositivo escâner e um exemplo de aplicação Fonte: Schmersal (2018, p. 36). O escâner é uma solução técnica eficaz, porém com custo elevado. Sua especificação deve levar em consideração o ambiente no qual o dispositivo será instalado,principalmente referente à vibração da máquina e se no local possui trânsito intenso de empilhadeiras, por exemplo. 1.4 Tapetes de segurança O tapete de segurança é composto por duas placas de aço separadas por material isolante. Quando pressionado, é gerada uma corrente de curto-circuito e, desta forma, é enviado um sinal para paralisar os movimentos da máquina. Na prática, são instalados próximos da zona de perigo; quando uma pessoa se aproxima e pisa em cima do tapete, o sistema de segurança é acionado. A Figura 6 demostra um fluxo funcional do tapete de segurança. 25 Figura 6 – Fluxo de operação do tapete de segurança Fonte: elaborada pelo autor. Para definir a localização de instalação do tapete de segurança, é necessário calcular a distância de segurança. 1.5 Dispositivos de intertravamento São dispositivos com ação de ruptura positiva que impedem o funcionamento dos elementos da máquina que geram risco de acidente. De acordo com a NR-12 (BRASIL, 2019), obrigatoriamente, os dispositivos de intertravamento devem possuir a ruptura positiva. Todos os dispositivos com ruptura positiva possuem impresso em seu invólucro o símbolo de um círculo com uma seta ao centro indicando a direção da ruptura. As chaves de segurança eletromecânicas são exemplos de dispositivos de intertravamento, além das chaves magnéticas. Nas chaves eletromecânicas, o contato é dado por meio do corpo da chave e o atuador (lingueta). Já nas chaves magnéticas, não existe contato físico entre os elementos que a compõem. 1.6 Relé de segurança É o dispositivo que tem como principal objetivo identificar as falhas nos circuitos de proteção instalados nas máquinas e nos equipamentos, 26 permitindo o funcionamento da máquina somente após a falha ser reparada. A utilização do relé de segurança é obrigatória nas máquinas, salvo se a apreciação de risco apontar que não há necessidade. Eles devem possuir três requisitos básicos: redundância, diversidade e autoteste. O relé de segurança supervisiona as funções de segurança dos dispositivos de segurança instalados na máquina, como cortinas de luz, dispositivos de intertravamento, botão de emergência, sensores, entre outros. 1.7 CLP de segurança Os controladores lógico programáveis (CLP) de segurança são equipamentos eletrônicos compostos por hardware e software. Utilizam memória configurável e a lógica de programação depende de cada fabricante. Por meio dos sinais de entrada e saída, eles controlam e monitoram o sistema de segurança das máquinas e dos equipamentos. Conseguem, ainda, monitorar vários dispositivos de segurança ao mesmo tempo. Sua utilização é recomendável em máquinas e equipamentos com número considerável de dispositivos de segurança instalados. Eles não devem ser confundidos com o CLP convencional. O CLP convencional realiza ações relacionadas à automação do processo, mas não realiza o monitoramento e autoteste dos dispositivos de segurança. 1.8 Válvulas e bloco de segurança De acordo com a NR-12 (BRASIL, 2019), são componentes conectados à máquina ou ao equipamento com a finalidade de permitir ou bloquear, quando acionado, a passagem de fluidos líquidos ou gasosos, como ar comprimido e fluidos hidráulicos, de modo a iniciar ou cessar as funções da máquina ou do equipamento. Deve possuir monitoramento 27 para verificação de sua posição e de seu funcionamento, impedindo, desta forma, a ocorrência de falha que provoque a perda da função de segurança. 1.9 Barreiras ópticas São dispositivos compostos por transmissor, receptor e espelhos. Seu princípio de funcionamento é igual ao da cortina de luz, porém com número menor de feixes de luz. Uma vez interrompido o feixe de luz, o sinal é ativado, sendo acionado o comando para cessar os movimentos perigosos da máquina. 1.10 Dispositivos de parada de emergência As máquinas e os equipamentos devem possuir um ou mais dispositivos de emergência instalados. Normalmente são instalados nas proximidades onde existe a interação homem-máquina, em local de fácil acesso. Devem garantir a parada imediata da máquina ou do equipamento em caso de emergência. As máquinas manuais e as autopropelidas são dispensadas da instalação do dispositivo de parada de emergência. Existe uma má compreensão do dispositivo, visto que é comum o seu acionamento como dispositivo de parada, fato que descaracteriza o seu princípio de funcionamento, visto que ele somente poderá ser acionado em caso de emergência e não em ações operacionais comuns da máquina. Em geral, temos dois tipos de dispositivos de parada de emergência: botão de emergência e acionadores tipo cabo. 28 Segundo o item 12.6.3 da NR-12 (BRASIL, 2019), os dispositivos de parada de emergência devem: a. Ser selecionados, montados e interconectados de modo a suportar as condições de operação previstas, bem como as influências do meio; b. Ser usado como medida auxiliar, não podendo ser alternativa a medidas adequadas de proteção ou a sistemas automáticos de segurança; c. Possuir acionadores projetados para fácil atuação do operador ou outros que possam necessitar da sua utilização; d. Prevalecer sobre todos os outros comandos; e. Provocar a parada da operação ou processo perigoso em período de tempo tão reduzido quanto tecnicamente possível, sem provocar riscos suplementares; e f. Ter sua função disponível e operacional a qualquer tempo, independentemente do modo de operação. Botões de emergência normalmente têm forma de cogumelo e são vermelhos, com etiqueta de identificação na cor amarela. Uma vez acionados, devem manter o acionador travado. O rearme deverá ser manual e somente após a correção da falha. Ele deverá ser monitorado por um relé de segurança ou um CLP de segurança. A Figura 7 demonstra um botão de emergência instalado em uma máquina. Figura 7 – Botão de emergência Fonte: acervo do autor. 29 Os acionadores de parada de emergência tipo cabo geralmente são utilizados em linhas produtivas que contenham esteiras ou máquinas de grande porte. Devem ser mantidos tracionados de modo a cessarem por completo nas situações de perigo em caso de rompimento ou afrouxamento dos cabos. A Figura 8 ilustra os modos que o sistema de parada de emergência por cabo pode ser acionado. Figura 8 – Meios de acionamento do dispositivo de parada de emergência por cabo Fonte: elaborada pelo autor. 1.11 Dispositivos de segurança em prensas As prensas são equipamentos para moldar, conformar, furar e cortar diversos tipos de materiais. As NR-12 (BRASIL, 2019) aborda o sistema de segurança de prensas e similares em um capítulo à parte, pois são consideradas máquinas com alta periculosidade, responsáveis por várias mutilações, principalmente de braços e mãos dos trabalhadores. A norma considera similares os seguintes equipamentos: guilhotinas, dobradeiras, prensas enfardadeiras, cisalhadoras, entre outras. O movimento do martelo (punção) é proveniente de um sistema hidráulico (cilindro hidráulico), pneumático (ar comprimido) ou de um 30 sistema mecânico em que o movimento rotativo é transformado em linear por meio de sistemas de bielas, manivelas ou fusos. A Figura 9 mostra um exemplo de uma prensa. Figura 9 – Prensa vertical pneumática Fonte: acervo do autor. A zona de prensagem é o ponto de maior risco de uma prensa. A NR- 12 (BRASIL, 2019) aceita os seguintes sistemas de segurança na zona de prensagem: • Enclausuramento da zona de prensagem, frestas ou passagens que não permitem o ingresso dos dedos, mãos nas zonas de perigo. • Cortina de luz com redundância e autoteste, monitorada por interface de segurança, em conjunto com comando bimanual. A Figura 10 apresenta os componentes de segurança em uma prensa. 31 Figura 10 – Dispositivos de segurança instalados em uma prensa Fonte: elaborada pelo autor. O dispositivo de parada de emergência instalado em uma prensa ou similar deve estar preparado para atuar em conjunto com os sistemas de parada de emergência dos equipamentosperiféricos, ou seja, se o sistema for acionado em qualquer equipamento periférico ou na prensa, deverá haver parada imediata de todas as máquinas que compõem o processo. Referências bibliográficas BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR 12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. Última modificação: Portaria SEPRT nº 916, de 30/07/2019, DOU 31/07/2019. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho- e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/ inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-12.pdf. Acesso em: 06 dez. 2021. https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho 32 BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Portaria n° 197 de 17 de dezembro de 2010. Disponível em: http://www.normaslegais.com.br/legislacao/ portariasit197_2010.htm. Acesso em: 1 jan. 2021. CAMISASSA, M. Q. Segurança e saúde no trabalho: NRs 1 a 37 comentadas e descomplicadas. 6. ed. São Paulo: Gen, 2019. SANTOS JÚNIOR, J. R. dos; ZANGIROLAMI, M. J. NR-12 Segurança em máquinas e equipamentos: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Érica, 2020. SCHMERSAL DO BRASIL. Versatilidade na opto-electrónica segura. São Paulo, 2018. 62 p. http://www.normaslegais.com.br/legislacao/portariasit197_2010.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/portariasit197_2010.htm 33 Categoria de segurança de máquinas e equipamentos Autoria: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Leitura crítica: Lucas dos Santos Araujo Claudino Objetivos • Apresentar os fatores que deverão ser observados na escolha da categoria de segurança da máquina. • Apresentar os tipos de categoria de segurança. • Apresentar as características de segurança dos comandos de segurança. • Definir a metodologia de aplicação por meio da matriz de seleção. 34 1. Considerações iniciais sobre categoria de segurança Os sistemas de comando das máquinas e dos equipamentos são utilizados, na maioria das vezes, para garantir a segurança dos profissionais que interagem com o sistema. Seu desempenho é desenvolvido por softwares e hardware, estando agregado ao sistema de comando da máquina ou não. A norma NBR 14.153:2013 (ABNT, 2013) estabelece os critérios para garantir o desempenho das funções de segurança das máquinas e dos equipamentos, definindo cinco categorias de segurança, representadas pela Figura 1. A categoria de segurança deve ser definida na fase de projeto da máquina e do equipamento. Existe no parque fabril brasileiro uma quantidade significativa de máquinas e equipamentos em operação cujas categorias de segurança não foram estabelecidas pelo fabricante, normalmente são máquinas mais antigas. Desta forma, a categoria de segurança deverá ser definida pela apreciação de risco elaborado pelo engenheiro de segurança. Figura 1 – Categorias de segurança definidas pela NBR 14.153 (ABNT, 2013) Fonte: elaborada pelo autor. 35 As cinco categorias de segurança podem ser aplicadas para máquinas e equipamentos simples ou até mesmo em máquinas utilizadas em processos complexos, por exemplo: máquinas de fabricação de papel, sistemas de injeção, entre outros. A definição da categoria de segurança depende de fatores como: tipo de máquina, do processo, complexidade e do modo operante do sistema de segurança já instalado na máquina. O projetista da máquina deve informar as seguintes informações sobre o sistema de segurança projetado: • A categoria de segurança projetada. • Os limites de segurança. • Relação dos defeitos considerados para definição do projeto. • O estado funcional e o objetivo das medidas de segurança. • Referências de confiabilidade do sistema. • Descrição das tecnologias aplicadas. As informações são importantes para definir as características funcionais do sistema de segurança (comando) da máquina, levando em consideração todas as etapas de sua utilização: operação, manutenção, inspeção e limpeza. No Brasil, a aplicação da NBR 14.153 (ABNT, 2013) é obrigatória para definição dos sistemas de segurança a serem utilizados pelas máquinas e é definida pela Norma Regulamentadora nº 12 (BRASIL, 2019). A definição correta é importante, pois apresenta um impacto direto no custo da máquina, além de evitar futuros problemas em caso de auditorias e fiscalizações dos órgãos competentes. 36 1.1 Definições e termos utilizados Para definição da categoria de segurança de uma máquina ou um equipamento, é importante ressaltar alguns termos que serão utilizados em uma análise para determinar se a máquina é de categoria B, categoria 1, categoria 2, categoria 3 ou de categoria 4. No estudo de proteção de máquinas e equipamentos, o conhecimento de termos comumente utilizados, como categoria, sistema de comando, defeito, pausa, rearme, é importante para a elaboração de uma apreciação de risco, devido à necessidade da identificação do tipo de sistema de segurança já instalado na máquina. Inicialmente define-se categoria como classificação de um sistema de segurança utilizado para o comando da máquina ou do equipamento, considerando seu comportamento na condição de defeito. Segurança dos sistemas de comando é definida como a habilidade de desenvolvimento das funções para um determinado período, de acordo com sua categoria especificada, com base em seu comportamento no caso de defeito. Os sistemas de segurança geram sinais de entrada para o equipamento, que gera sinais de saída relacionados. A função de segurança dos sinais de saída permite que o sistema alcance um estado seguro, garantindo um sistema eficaz e confiável. Defeito pode ser expresso como um estado inoperante de uma determinada função, salvo durante as manutenções planejadas na máquina ou no equipamento. O termo pausa também é importante, pois representa uma suspensão temporária da segurança em função de tarefas específicas predeterminadas e monitoradas. O rearme manual é exercido pelo comando de segurança para recuperar manualmente as funções de segurança antes do reinício da operação da máquina. 37 2. Estratégia para os projetos As partes do sistema de comando específicas à segurança devem ser projetadas considerando: • Possível ocorrência de defeito. • Utilização correta da máquina e utilização incorreta, incluídos os seus limites. • Prever os erros dos profissionais que interagem com a máquina ou o equipamento durante sua utilização. O projetista deve analisar a redução do risco, verificando quais riscos devem ser suprimidos nas etapas de cada processo operacional da máquina. O objetivo é assegurar que o sistema de comando de segurança da máquina atinja o nível de risco tolerável. Caso necessário, poderão ser implantadas medidas de proteção complementares, estabelecendo uma hierarquia de segurança. De acordo com a NBR 14.153 (ABNT, 2013), quanto mais a redução do risco depender das partes de sistema de comando relacionadas à segurança, maior precisa ser a habilidade dessas partes em resistir a defeitos. A habilidade poderá ser parcialmente quantificada por meio de valores de confiabilidade e por uma estrutura à prova de defeitos. Existem várias formas de redução de riscos de uma máquina, além de muitas possibilidades de topologia de projetos, sendo assim necessária uma interação minuciosa da operação da máquina e do processo no qual ela está inserida. A Figura 2 descreve o processo interativo para o projeto. 38 Figura 2 – Processo interativo para o projeto Fonte: elaborada pelo autor. A análise do perigo e da apreciação de risco tem como objetivo identificar os perigos existentes nas máquinas durante todo seu processo operacional, incluindo as etapas de manutenção, ajustes e limpeza. Para isso é necessário conhecer o princípio de funcionamento e as limitações damáquina. A decisão de definir as medidas para redução do risco consiste em refletir sobre os pontos de melhoria identificados na apreciação de risco, discutir com os profissionais envolvidos no processo operacional da máquina e definir a melhor solução com menor impacto possível na produtividade da máquina, estabelecendo desta forma um custo-benefício satisfatório. Esta etapa envolve diretamente a elaboração do projeto das partes de segurança já com a categoria de segurança definida. A validação é uma reanálise do sistema projetado e implantado, com objetivo de atestar que os riscos inicialmente identificados foram suprimidos, neutralizados ou reduzidos em função das medidas de segurança definidas no projeto. 3. Generalidades das funções de segurança O projeto do sistema de comando de segurança das máquinas e dos equipamentos deve assegurar o funcionamento dos elementos de 39 segurança instalados na máquina. As funções descritas a seguir definem as generalidades que o projeto deve garantir: • Função de parada: uma vez iniciada por um dispositivo de proteção, deve, tão rápido quanto necessário após a sua atuação, colocar a máquina em condição segura. Esse tipo de parada deve ter prioridade sobre uma parada por razões operacionais. Considerando ainda um grupo de máquinas trabalhando dentro de um mesmo processo, devem ser previstos meios para sinalizar para as demais máquinas que o sistema de parada foi acionado. • Função de parada de emergência: tem prioridade sobre as demais funções da máquina. No caso de grupos de máquinas operando em conjunto, dependendo da configuração do processo, é possível aplicar a parada de emergência localmente ou para todo o processo, desde que não gere riscos adicionais. • Função rearme manual: iniciado um comando de parada da máquina, esta condição deverá ser mantida até o acionamento do dispositivo de rearme manual. Acionada a função de rearme manual, automaticamente ela cancela o comando de parada. Se a apreciação de risco determinar, o cancelamento da função de parada pode deixar de ser automático e passar a ser manual. A função somente será habilitada se todos os dispositivos de segurança instalados na máquina estiverem em conformidade. • Função de partida e reinício: somente será possível o reinício da operacionalidade da máquina quando não existir nenhum perigo ou risco no processo. • Tempo de resposta: o tempo de resposta do sistema deve ser especificado pelo projetista ou pelo fabricante dos dispositivos de segurança. Ação necessária para verificar existência de riscos residuais no processo. 40 Questões relacionadas a temperatura, velocidade, vibrações e pressão devem ser observadas no processo, pois podem interferir no funcionamento do sistema de segurança da máquina. 4. Categorias de segurança O comportamento do sistema de segurança é determinado para a categoria de segurança requerida. A categoria B é a mais básica. A identificação de um defeito pode levar à perda da função de segurança. Já na categoria 1, uma maior resistência a defeitos é solicitada pela seleção dos componentes de segurança. A categoria 2 realiza uma checagem periódica para verificar se a função de segurança está sendo operada corretamente. Para alcançar o nível de segurança das categorias 3 e 4, é necessário garantir que um defeito isolado não leve à perda da função de segurança. Obrigatoriamente na categoria 4, todos os defeitos deverão ser detectados. 4.1 Categoria B De acordo com NBR 14.153 (ABNT, 2013), as partes do sistema de comando de segurança, no mínimo, devem ser projetadas, construídas, selecionadas, montadas e combinadas de acordo com as normas relevantes, usando o princípio básico de segurança, de tal forma que resistam a: • Fadiga operacional, por exemplo, a confiabilidade com respeito à capacidade e frequência de comutação. • Influência do material processado ou utilizado no processo, como detergentes em máquinas de lavar. 41 • Outras influências externas relevantes, como vibrações mecânicas, campos externos, distúrbios ou interrupção do fornecimento de energia. Não há necessidade de medidas de segurança adicionais na categoria B. 4.2 Categoria 1 Os sistemas de comando são projetados e construídos por componentes ensaiados. Atendem aos requisitos da categoria B. O componente ensaiado é aquele que foi largamente empregado no passado, com resultados satisfatórios em aplicações similares, ou construído e verificado por meio de princípios de confiabilidade. 4.3 Categoria 2 Atende aos requisitos da categoria B, usando os princípios de segurança comprovados. Nesta categoria, as partes do sistema de segurança são projetadas e adicionalmente verificadas em intervalos de tempos; esta verificação deve ser efetuada: • Na partida da máquina e antes do início de qualquer situação de perigo. • Periodicamente durante a operação se a apreciação de risco determinar a necessidade. O início poderá ocorrer manualmente ou automático, sendo que a verificação das funções de segurança deve permitir a operação se nenhum defeito for identificado ou gerar um sinal de saída, que inicia uma ação se um defeito for identificado. A verificação não deve levar a uma situação de perigo. O dispositivo de verificação pode ser parte integrante do sistema. Se identificado algum 42 problema, o estudo seguro da máquina deve ser mantido até que este tenha sido eliminado. 4.4 Categoria 3 São projetadas de tal forma que um defeito isolado não leve à perda das funções de segurança. Já os defeitos comuns, como falha nos contatos dos dispositivos, aquecimento, falta de comunicação entre o dispositivo e a central de comando da máquina, devem ser considerados quanto à probabilidade da ocorrência. O defeito isolado deve ser identificado durante ou antes da próxima solicitação da função de segurança. A categoria 3 permite que, quando o defeito isolado ocorre, a função de segurança sempre será cumprida. 4.5 Categoria 4 A categoria 4 é a de maior segurança, sendo obrigada sua aplicação em máquinas do tipo prensas ou similares. Em nenhuma hipótese é permitida a perda das funções de segurança. A identificação das falhas deve ocorrer durante todo o ciclo operacional da máquina. 5. Parâmetros para categorizar uma máquina Para determinar na prática a categoria de segurança de uma máquina ou um equipamento, a NBR 14.153 (ABNT, 2013) estabelece três parâmetros, sendo eles: severidade (S), frequência de exposição ao perigo (F) e a possibilidade de evitar o perigo (P), ilustrados na Figura 3. Cada um desses parâmetros é subdividido em dois, com o objetivo de auxiliar na tomada de decisão e facilitar a escolha da categoria de segurança. Eles são combinados para fornecer uma graduação qualitativa do risco, como baixo ou alto. Sua utilização está prevista 43 no anexo da NBR 14.153 (ABNT, 2013) e deve ser aplicada pelos profissionais de segurança na etapa de apreciação de risco para identificar se o sistema de segurança atende ou não aos requisitos normativos. Figura 3 – Parâmetros para determinar a categoria de segurança Fonte: elaborada pelo autor. Para definir a localização de instalação do tapete de segurança, é necessário realizar cálculo da distância de segurança. 5.1 Severidade do ferimento (S1 e S2) Na estimativa da severidade do ferimento ocasionado pela máquina, os ferimentos leves são normalmente reversíveis, e os ferimentos sérios, normalmente irreversíveis, incluindo a morte, conforme representados na Figura 4. Para decidir qual fator utilizar, S1 ou S2, o engenheiro de segurança deve analisar qual será a consequência caso haja um acidente. Contusões, torções, lacerações sem complicações devem ser classificadas como S1. 44 Figura 4 – Resumo dos fatores de severidade Fonte: elaborada pelo autor. 5.2 Frequência de exposição ao perigo (F1 e F2) O período de exposição ao perigo deverá ser avaliado levando em consideração o valor médio de exposição do profissional aos perigosda máquina. F2 deve ser selecionado se a pessoa é continuadamente exposta ao perigo em seu turno de trabalho. Se a exposição for de tempos em tempos, por um período curto, deve-se selecionar F1. A Figura 5 ilustra os fatores de frequência. Figura 5 – Resumo dos fatores de frequência Fonte: elaborada pelo autor. 45 5.3 Possibilidade de evitar o perigo (P1 e P2) A seleção do parâmetro P1 ou P2 inclui observar se é possível evitar o perigo. Se uma situação de perigo ocorrer, P1 somente deve ser escolhido se existir uma chance real de evitar um acidente, por exemplo, se existe o risco de esmagamento, porém foi instalada uma proteção fixa que neutraliza o perigo e diminui o risco. O P2 deverá ser selecionado se não existir a possibilidade de evitar o perigo, por exemplo: se uma atividade requer a aproximação do operador próximo a uma zona de perigo que precisa estar em movimento para uma inspeção. A Figura 6 representa os fatores de evitar ou não o perigo. Figura 6 – Resumo dos fatores de possibilidade de evitar o perigo Fonte: elaborada pelo autor. 6. Matriz de seleção A matriz de seleção é a ferramenta que auxilia na determinação da categoria de segurança da máquina ou do equipamento. De forma simples e direta, ela permite a escolha dos parâmetros, realizando uma combinação entre eles e, como resposta, informa a categoria de segurança requerida para aquele equipamento ou aquela máquina. 46 A Figura 7 ilustra a matriz de segurança com todos os parâmetros de escolha. Figura 7 – Matriz de seleção Fonte: adaptada de ABNT (2013, p. 20). Matriz de seleção é mencionada na NBR 14.153 (ABNT, 2013) e possibilita a escolha da categoria de segurança levando em consideração três níveis, sendo eles: a categoria preferencial, a categoria que requer medidas de proteção adicional ou medidas que podem ser superdimensionadas de forma a agregar segurança ao sistema. A determinação da categoria de segurança de uma máquina ou um equipamento é o primeiro passo para especificar a topologia do sistema de segurança; sem a categoria de segurança não é possível concluir se o sistema de segurança instalado atende aos requisitos normativos. Referências bibliográficas ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14.153: segurança de máquinas: partes de sistemas de comando relacionados à segurança: princípios gerais para projeto. Rio de Janeiro: ABNT, 2013. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR 12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. Última modificação: Portaria SEPRT nº 916, de 30/07/2019, DOU 31/07/2019. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho- e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/ https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho 47 inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-12.pdf. Acesso em: 06 dez. 2021. CAMISASSA, M. Q. Segurança e saúde no trabalho: NRs 1 a 37 comentadas e descomplicadas. 6. ed. São Paulo: Gen, 2019. SANTOS JÚNIOR, J. R. dos; ZANGIROLAMI, M. J. NR-12 Segurança em máquinas e equipamentos: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Érica, 2020. https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho 48 Metodologias para aplicação da apreciação de risco Autoria: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Leitura crítica: Lucas dos Santos Araujo Claudino Objetivos • Apresentar os conceitos sobre apreciação de risco conforme ABNT NBR ISO 12.100. • Descrever sobre o método HRN para avaliação de máquinas. • Contextualizar a norma ABNT NBR ISO 12.100 com a NR-12. • Apresentar os métodos de avaliação da ABNT ISO/TR 14.121-2. 49 1. Apreciação de risco conforme ABNT NBR ISO 12.100 Todas as máquinas e todos os equipamentos instalados no Brasil devem ser avaliados por meio de uma apreciação de risco baseada na ABNT NBR ISO 12.100:2013 (ABNT, 2013). Ela tem como objetivo identificar os perigos e estimar os riscos gerados pela máquina ou pelo equipamento. De acordo com Santos Jr. e Zangirolami (2020), o conceito da apreciação de risco é mais amplo do que a análise de risco. A análise de risco é uma das etapas da apreciação de risco. Dentro do contexto de uma apreciação de risco, inicialmente, devem- se identificar o perigo e o risco. Em seguida, é feita a análise do risco utilizando os requisitos estabelecidos pela ABNT NBR ISO 12.100 (ABNT, 2013), levando em consideração os requisitos estabelecidos pela NR-12 (BRASIL, 2019). Feita a análise, o próximo passo é avaliar o risco, ou seja, determinar se é um risco alto, significativo ou baixo. Neste caso, é utilizado o método HRN – Hazard Rating Number, ou uma das metodologias previstas pela ABNT ISO/TR 14.121-2 (ABNT, 2018). Cumprindo essas etapas, é gerado um plano de ação para adequar a máquina em função das não conformidades identificadas na análise de risco. Em seguida, o sistema é reavaliado para verificar se o risco inicial apontado na primeira análise diminuiu, como consequência das ações tomadas. Caso positivo, a máquina é validada para operação. Caso contrário, novas ações devem ser tomadas e o sistema é reavaliado novamente. A Figura 1 exemplifica o processo de apreciação de risco. 50 Figura 1 – Processo de apreciação de risco Fonte: elaborada pelo autor. Os perigos e riscos devem ser identificados levando em consideração todo o ciclo operacional da máquina ou do equipamento. Isso significa que o profissional responsável pela apreciação de risco deve observar os riscos gerados nas etapas de operação, ajuste, limpeza, inspeções e manutenção. 1.1 Análise de riscos – etapas A ABNT NBR ISO 12.100:2013 (ABNT, 2013) estabelece etapas para a análise de risco, sendo elas: determinação dos limites da máquina, identificação dos perigos e estimativa e avaliação dos riscos. Inicialmente são verificados os limites de uso, considerando a utilização conforme recomendado pelo fabricante da máquina, bem como seu uso inadequado. Também devem ser analisados os limites de espaço e tempo que podem interferir na avaliação. Os Quadros de 1 a 4 expressam os requisitos que devem ser observados no levantamento em campo para elaboração da apreciação de risco conforme a ABNT NBR ISO 12.100:2013 (ABNT, 2013). 51 Quadro 1 – Limites de uso Aspecto Descrição a Os diferentes modos de operação e os diferentes procedimentos de intervenção para os usuários, incluindo intervenções exigidas pela má utilização da máquina. b O uso da máquina, por exemplo: industrial, não industrial, por pessoas identificadas por gênero, idade e com habilidades físicas limitadas. c Os níveis antecipados de treinamentos, experiência ou habilidade do usuário, incluindo operadores, equipe de manutenção ou técnicos, aprendizes, treinandos e público em geral. d Exposição de outras pessoas aos perigos associados à máquina. Pessoas que possuem uma boa noção dos perigos específicos, como operadores da máquina. Pessoas que possuem pouca noção dos perigos, mas que têm conhecimento dos procedimentos de segurança do local, pessoal do administrativo, por exemplo. Pessoas que possuem noção muito baixa dos perigos da máquina ou de procedimentos de segurança do local, exemplo: visitantes. Fonte: ABNT (item 5.3.2, p.14, 2013). Quadro 2 – Limites de espaço Aspecto Descrição a Cursos de movimento. b Espaços destinados a pessoas que interagem com máquina, tanto em operação como em manutenção. c Interação humana com máquina. d Conexão da máquina com as fontes de suprimento de energia. Fonte: ABNT (item 5.3.3, p.15, 2013). Quadro 3 – Outros limites Aspecto Descrição a Propriedade dos materiais a serem processados. b Limpeza e organização. c Meio ambiente – condições máximas e mínimas de temperatura recomendadas, possibilidade de operação da máquina em ambientes externos ou internos, clima seco, úmido, incidênciade luz solar, tolerância a poeiras e líquidos. Fonte: ABNT (item 5.3.5, p.16, 2013). 52 Quadro 4 – Limites de tempo Aspecto Descrição a A vida útil da máquina e/ou de seus componentes, levando em consideração o uso adequado da máquina e mau uso razoavelmente previsível. b Intervalos de serviços recomendados. Fonte: ABNT (item 5.3.4, p.15, 2013). Observados os limites, o próximo passo é a identificação dos perigos previsíveis que possam ocorrer durante o ciclo de vida da máquina. Necessariamente, esta análise passa pela observação das interações entre homem-máquina. Os Quadros 5, 6 e 7 transcrevem os pontos exigidos de observação conforme a ABNT NBR 12.100:2013 (ABNT, 2013). Quadro 5 – Identificação dos perigos: interação humana Tarefas a Ajuste. i Troca de ferramenta. b Testes. j Partida da máquina. c Programação, instrução. k Todos os modos de operação. d Alimentação da máquina. l Retirada do produto da máquina. e Parada da máquina. m Identificação de defeitos e intervenção do operador. f Parada em caso de emergência. n Limpeza e organização. g Retomada da operação. o Manutenção preventiva. h Nova partida após parada inesperada. p Manutenção corretiva. Fonte: ABNT (item 5.4, p.16, 2013). 53 Quadro 6 – Identificação de perigos: possíveis estados da máquina Aspecto Descrição a Máquina operando com sua função prevista. b Máquina não executando sua função prevista, em função de: • Variação de propriedades, bem como dimensões do material ou da peça. • Falha em um ou mais componentes, partes ou serviços. • Distúrbios externos (vibrações, interferência eletromagnética). • Distúrbios no suprimento de energia. • Condições no entorno da máquina (imperfeições na superfície do piso). Fonte: ABNT (item 5.4, p.16, 2013). Quadro 7 – Identificação de perigos: comportamento não intencional do operador ou formas de mau uso da máquina Aspecto Descrição a Perda do controle da máquina por parte do operador. b Comportamento instintivo de uma pessoa em caso de mau funcionamento, incidentes ou falhas durante o uso da máquina. c Comportamento resultante de falta de atenção, concentração ou descuido. d Comportamento resultante de adoção do caminho mais fácil para se realizar uma tarefa. e Comportamento resultante de pressões por manter a máquina operando em quaisquer circunstâncias. f Comportamento resultante de uso por pessoal não capacitado. Fonte: ABNT (item 5.4, p.16, 2013). Finalizada a etapa de identificação dos perigos, a ABNT NBR ISO 12.100:2013 (ABNT, 2013) determina que o risco deve ser estimado. Essa estimativa poderá ser realizada por meio de um dos métodos previsto na ABNT ISO/TR 14.121-2:2018 (ABNT, 2018) ou pelo método HRN. 54 2. Métodos de avaliação de risco conforme ABNT NBR ISO/TR 14.121-2:2018 A norma ABNT ISO/TR 14.212-2:2018 (ABNT, 2018) sugere alguns métodos para avaliação dos riscos com objetivo de mensurar a gravidade dos riscos identificados na etapa inicial, além de descrever a abordagem para identificação do perigo, denominada “abordagem de cima para baixo” e “abordagem de baixo para cima”. A abordagem de “cima para baixo” inicia a análise por meio de um possível dano, por exemplo, um corte, uma amputação, e determina o que poderia ocasionar o dano. A abordagem de “baixo para cima” inicia a análise por meio da identificação de todos os perigos, considerando tudo o que poderia dar errado, por exemplo, falha humana, falha de algum dispositivo da máquina, relacionando essas falhas com o tipo de dano. Entre os vários métodos de avaliação de risco abordados pela ABNT ISO/ TR 14.121-2:2018 (ABNT, 2018), podemos destacar: • Matriz de riscos. • Pontuação numérica. 2.1 Método matriz de risco De acordo com a ABNT ISO/TR 14.121-2:2018 (ABNT, 2018), a matriz de risco é determinada por meio de uma tabela multidimensional que associa o dano com a probabilidade de ocorrência. A matriz de risco tem como principal atrativo a facilidade e rapidez da análise, resultando em uma análise eficiente. A matriz de risco é representada pelo Quadro 8. 55 Quadro 8 – Matriz de risco Probabilidade de ocorrência do dano Gravidade do dano Catastrófica Grave Moderada Baixa Muito provável Alto Alto Alto Média Provável Alto Alto Médio Baixo Improvável Médio Médio Baixo Desprezível Remota Baixo Baixo Desprezível Desprezível Fonte: ABNT (item 6.2.2.2, p.10, 2018). A situação “catastrófica” deve ser escolhida no caso de risco de morte ou lesão permanente (impossibilita a volta ao trabalho). A situação “grave” é relacionada a lesões graves debilitantes, mas que permitem a volta à vida laboral após algum tempo. O nível “moderado” é uma lesão significativa que requer cuidados especiais, mas, após o tempo de recuperação, é possível a volta ao trabalho sem nenhuma redução na capacidade laboral. A gravidade do dano “baixa” é quando a lesão é leve, um arranhão, por exemplo. Para determinar a probabilidade de ocorrência do dano, alguns fatores deverão ser levados em consideração. A observação desses fatores é que resultará na probabilidade de ocorrência. O Quadro 9 relaciona esses fatores. Quadro 9 – Estimativa da probabilidade a Frequência e duração da exposição ao perigo. f Características do ambiente de trabalho. b Número de pessoas expostas ao perigo. g Fatores humanos. c Qualificação das pessoas que interagem com a máquina. h Possibilidade de burlar o sistema de segurança da máquina. d Histórico da máquina. i Riscos adicionais no entorno da máquina. e Confiabilidade da máquina. j Características do processo. Fonte: ABNT (item 6.2.2.4, p.11, 2018). 56 A associação desses fatores é que determina se a probabilidade será remota ou muito provável. O fator decisório é subjetivo, por este motivo é importante se aprofundar no conhecimento do processo do qual a máquina ou o equipamento faz parte. A Figura 2 define os fatores de escolha. Figura 2 – Definição dos fatores de probabilidade de ocorrência Fonte: Santos Jr. e Zangirolami (p.31, 2020). 2.2 Método de pontuação numérica O método de pontuação numérica se restringe em dois parâmetros distintos que, quando associados, resultam na avaliação do risco. Ele é considerado um método eficaz para avaliação de máquinas e equipamentos, porém sua utilização é recomendada para máquinas e equipamentos de pequeno porte. Os parâmetros associados ao método são: • Gravidade (SS). • Probabilidade de ocorrência de danos (PS). 57 Figura 3 – Parâmetros da metodologia pontuação numérica Fonte: ABNT (p.15, 2018). O método define uma escala de pontuação para o parâmetro de gravidade (SS) e para a probabilidade de ocorrência. A escala de pontuação é descrita nos Quadros 10 e 11., Quadro 10 – Pontuação da gravidade Classificação Pontuação Catastrófica SS = 100 Grave 90 ≤ SS ≤ 99 Moderada 30 ≤ SS ≤ 89 Baixa 0 ≤ SS ≤ 29 Fonte: ABNT (item 6.4, p.15, 2018). Quadro 11 – Pontuação da probabilidade de ocorrência Probabilidade PS Descrição Muito provável PS = 100 Provável ou certo de ocorrer. Provável 70 ≤ PS ≤ 99 Pode ocorrer, mas não é provável. Improvável 30 ≤ PS ≤ 69 Não é suscetível de ocorrer. Remota 0 ≤ PS ≤ 29 Ocorrência de forma remota, próximo de zero. Fonte: ABNT (item 6.4, p.15, 2018). 58 A combinação da probabilidade de ocorrência de danos e da gravidade é expressa pela Equação 1. RS = PS =SS (1) (Equação 1) Onde RS é a pontuação dos riscos, definida pela Quadro 12. Quadro 12 – Categoria usadas da pontuação dos riscos. Limite inferior Categoria Limite superior 160 ≤ Alta - 120 ≤ Média ≤ 159 90 ≤ Baixa ≤ 119 0 ≤ Remota ≤ 89 Fonte: ABNT (item 6.4, p.15, 2018). Exemplificando a utilização do método de pontuação numérica, imaginando uma lesão grave, à qual foi designada a pontuação da gravidade em SS = 94 e identificado que o fator da probabilidade é considerado como improvável, sendo alocado a pontuação de PS = 54, temos: RS = PS + SS = 54 + 94 RS = 148 Verificando no Quadro 12, concluímos que o risco é médio. 2.3 Método gráficode risco Este método tem como premissa a utilização da chamada árvore de decisão, levando em consideração os parâmetros da severidade, frequência da ocorrência e probabilidade, representada por um nó da árvore de decisão, conforme ilustra a Figura 4. 59 As ramificações da árvore de decisão representam uma combinação de fatores, em que os parâmetros já são predefinidos, conforme a Figura 5. O gráfico de risco é utilizado com frequência nas apreciações de risco, em função de sua rapidez de diagnóstico, sendo utilizado para definir as ações de neutralização do perigo identificado. Figura 4 – Parâmetros da árvore de decisão Fonte: adaptada de ABNT (2018). Figura 5 – Árvore de decisão Fonte: ABNT (item 6.3, p.13, 2018). 60 De acordo com Santos Jr. e Zangirolami (2020), para aplicar o método, inicialmente seleciona-se um ponto de partida e, em seguida, em cada junção, o caminho é percorrido na ramificação de acordo com a classe que for selecionada. A última ramificação representa o nível ou o índice de risco. Sendo classificado como: • Risco baixo: índice de 1 a 2. • Risco médio: índice de 3 a 4. • Risco alto: índice de 5 a 6. A escolha do método para avaliação de risco de máquinas e equipamentos deve ser pautada por meio da disponibilização de dados da máquina e do processo, cabendo ao profissional da área de segurança do trabalho identificar o método mais eficaz em função da realidade presenciada na vistoria em campo. Referências bibliográficas ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT ISO/TR 14.121- 2:2018: segurança de máquinas: apreciação de riscos: parte 2: guia prático e exemplos de métodos. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12.100: segurança de máquinas: princípios gerais de projeto: apreciação e redução de riscos. Rio de Janeiro: ABNT, 2013. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR 12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. Última modificação: Portaria SEPRT nº 916, de 30/07/2019, DOU 31/07/2019. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho- e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/ inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-12.pdf. Acesso em: 06 dez. 2021. SANTOS JÚNIOR, J. R. dos; ZANGIROLAMI, M. J. NR-12 Segurança em máquinas e equipamentos: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Érica, 2020. https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho 61 BONS ESTUDOS! Sumário Disposições gerais de segurança em máquinas Objetivos 1. Princípios gerais da NR-12 Referências bibliográficas Sistemas de segurança em máquinas e equipamentos Objetivos 1. Sistemas de segurança Referências bibliográficas Categoria de segurança de máquinas e equipamentos Objetivos 1. Considerações iniciais sobre categoria de segurança 2. Estratégia para os projetos 3. Generalidades das funções de segurança 4. Categorias de segurança 5. Parâmetros para categorizar uma máquina 6. Matriz de seleção Referências bibliográficas Metodologias para aplicação da apreciação de risco Objetivos 1. Apreciação de risco conforme ABNT NBR ISO 12.100 2. Métodos de avaliação de risco conforme ABNT NBR ISO/TR 14.121-2:2018 Referências bibliográficas