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AULA 6 Ciências da religião as escolas sociológicas

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Discplina: Ciências da Religião
Aula 6: Ciências da religião: as escolas sociológicas
Apresentação:
“O significado social da religião deve ser buscado na sua capacidade de oferecer
categorias e símbolos, que ao mesmo tempo facilitam a compreensão, por parte do
homem, da sua atuação e lhe dão a possibilidade de avaliá-la e enfrentá-la
emotivamente” (WILSON, 1985, p. 29)
Você já deve ter lido em bons jornais e revistas, por exemplo, notícias que expressam
relações estatísticas entre sociedade e religião ou entre fatos sociais e fenômenos
religiosos. Para efeito de ilustração, tomemos o Censo do IBGE no quesito religião.
Na década de 1970, em torno de 90% da população se assumia como católica. Em
2010, o catolicismo representou cerca de 64%. Houve mudanças em outras
expressões religiosas, por exemplo, as igrejas pentecostais que eram menos de 1%,
nas primeiras décadas do século XX, passaram para 15% e os que se consideram
sem religião, de 0% nas décadas de 1960, passaram a 8% no Censo de 2010.
Como interpretar esses dados?
Qual o sentido que esses dados apresentam?
Qual a relação entre a sociedade brasileira, suas mudanças e permanências e as
religiões, representadas por estes dados?
Note que são questões vinculando sociedade e religião. A Sociologia da Religião,
como uma das Ciências da Religião, vê religião e sociedade como indissociáveis.
Nesta aula, você irá compreender como se deu essa relação.
Objetivos:
Compreender as categorias sociológicas das Ciências da Religião.
Reconhecer as principais ideias das Ciências Sociais da Religião
Identificar fatos e contextos básicos para as Ciências Sociais da Religião
Introdução
O nascimento da Sociologia se dá em seu esforço de diferenciação das outras
ciências em duplo movimento, ao estudar a religião e os processos sociais
modernos.
Os sociólogos escolheram a religião como um meio de entender as profundas
transformações sociais em curso no mundo Ocidental.
Veja que a Sociologia da Religião constituirá um olhar específico sobre a
religião. O fenômeno religioso será visto como um produto social, resultado de
uma criação coletiva e constituído por estruturas simbólicas.
Houve um processo de crise radical da sociedade ocidental, na cauda das
revoluções burguesas (Francesa, em 1789; Americana, 1776). Antigas
estruturas e formas mentais tradicionais de compreensão foram desintegradas
e a velha explicação da Teologia não dava mais conta da nova realidade que
nascia do violento confronto de forças sociais, políticas e econômicas.
 Mão divina toca mão humana.
As escolas sociológicas clássicas
São três os objetivos da Sociologia da Religião, segundo Firolamo e Prandi
(2016):
01
Identificar e compreender os conteúdos sociais que constituem qualquer
sistema religioso.
02
Analisar os fenômenos religiosos, as suas mudanças e a sua composição,
como fator de conexão de estruturas sociais.
03
Entender as modalidades sociológicas por meio das quais e dentro das quais,
os sistemas religiosos constroem suas próprias estruturas simbólico-
institucionais (os papeis sociais, as ideologias religiosas, o aparato dos
poderes religiosos, as estruturas doutrinais).
Tendo isso em mente, reflita sobre autores e temas fundamentais da
Sociologia da Religião.
Os primeiros pensadores a pesquisar os laços entre
religião e sociedade foram influenciados por muitas
filosofias, por exemplo, o socialismo utópico, que buscava
pensar as injustiças sociais e possíveis soluções.
Claude-Henri Saint-Simon (1760-1825)
Reflita um pouco sobre August Comte (1789-1857), ligado à Saint-Simon.
Esse filósofo francês pouco escreveu sobre religião, mas deixou ideias
fundamentais.
Veja quais:
Criação de uma parábola cósmica
nas palavras de Firolamo e Prandi (2016), conhecida como a “lei dos três
estágios”:
religioso,
metafísico e
científico (positivo-industrial), que se sucederiam como se fossem
uma evolução “natural”.
Divisão interna no estágio religioso
fetichismo das sociedades etnológicas (tribais, de tradição oral),
politeísmo e
monoteísmo.
Resultado final
no qual a Sociologia, com métodos/critérios objetivos, seria a ciência
maior das estruturas sociais.
A religião é analisada em termo de funções, por exemplo, dar coesão aos
laços sociais e é vista como força moral, afeto, emoção, em ethos .
Comte começou a pensar em uma religião da humanidade, em que grandes
personalidades científicas, filosóficas e religiosas estão juntas. Veja que,
talvez por influência da paixão por Clotilde de Vaux (1815-1846), escritora
francesa, Comte criou a Igreja Positivista e elaborou o lema:
1
file:///W:/2018.2/ciencias_da_religiao__GON942/aula6_temp.html

O amor por princípio e a ordem por base, o progresso
por fim.
August Comte
Parte do lema ficou na bandeira republicana brasileira. O
positivismo foi acolhido por políticos e militares
brasileiros, influenciando o programa republicano, por
exemplo, a separação jurídico-política entre Igreja e
Estado (laicidade estatal).

Saiba mais
No Brasil, o primeiro templo da Igreja Positivista foi inaugurado no Rio
de Janeiro, em maio de 1881, por seguidores de Comte, sob a liderança
de Miguel Lemos (1854-1917).
O ativismo positivista também resultou no desenho da bandeira
republicana, projetado por Raimundo Teixeira Mendes (1855-1927), vice-
diretor da Igreja Positivista do Brasil.
2
file:///W:/2018.2/ciencias_da_religiao__GON942/aula6_temp.html
A posição de Karl Marx e os pensadores
marxistas.
Você viu, na aula 03, um pouco da crítica da religião. Duas obras nas quais
Marx fala de religião, de forma breve, foram:
Contribuição à crítica do direito de Hegel (de 1843);
Ideologia alemã (de 1845).
Ambas correspondem à duas concepções distintas que serão desenvolvidas
depois por outros pesquisadores:
Religião como alienação: Alienação é a dimensão daquele/daquilo que
deve sua natureza à outra ordem de existência;
Religião como ideologia: Ideologia, conceito múltiplo, mas que você pode
entender como um grupo de ideias ligadas a uma classe social, em
função de sua existência material-social, propostas/impostas a todas as
classes como se fosse uma ideia universal e natural.
 Karl Marx, Filósofo e revolucionário socialista.
Friedrich Engels
Os marxistas, observe, desenvolveram reflexões sobre a religião, embora
a ideia central, religião como algo derivado, continuou. Note que Engels,
por exemplo, deslocou o olhar da religião em geral para fenômenos
religiosos específicos e estudou o Cristianismo primitivo, do ponto de
vista da História e da Filosofia, que se tornou uma poderosa imagem
para todos os movimentos cristãos comprometidos com justiça e
igualdade social e para a tradição marxista.
No livro, Sobre a história do cristianismo primitivo (de 1894), Engels
comparou o Cristianismo ao movimento moderno da classe operária.
Noutro livro, A guerra camponesa na Alemanha (de 1850), o filósofo
analisou as revoltas camponesas, lideradas pelos anabatistas, corrente
protestante chefiada pelo teólogo alemão Thomas Müntzer (1490-1525)
contra a apropriação de suas terras comunitárias por parte de príncipes
protestantes dos vários reinos da Germânia.
Antonio Gramsci
Estudou e atuou na política (deputado pelo Partido Comunista Italiano),
tendo sido preso, sem julgamento, pelo ditador fascista Benito Mussolini
(1883-1945) e morrido na prisão.
Em termos teóricos, retomou a questão do Cristianismo primitivo, uma
poderosa força de resistência à dominação do Império Romano. O filósofo
italiano concentra seus estudos sobre a situação da Itália, em profunda
transformação, com a reunificação do século XIX, ascensão do fascismo,
a industrialização e ao forte papel da Igreja Católica na sociedade.
Veja que análises são pertinentes ainda hoje, por exemplo, nenhuma
religião ou igreja é um bloco unitário. Nas palavras de Gramsci:
Toda religião, em especial a católica é [...] uma multiplicidade de
religiões distintas e muitas vezes contraditórias: há catolicismo dos
camponeses, um catolicismo dos pequeno-burgueses e dos operários dascidades, um catolicismo das mulheres e um catolicismo dos intelectuais”
(LESBAUPIN, 2003, p.17-18, 13-35).
Considere uma das distinções: a Igreja-organização (regras, burocracia,
hierarquia) e a Igreja-comunidade dos fiéis, que possuem orientações
distintas e em conflito. A Igreja, e se pode dizer todas, não é um bloco
monolítico, pois possui contradições internas.
A Igreja, apesar de alguma autonomia, é um triplo reflexo da(s):
contradições sociais;
relação de força com outras ideologias e aparelhos ideológicos em
cada Estado;
contradição entre estratégias nacionais e internacionais.
Atividade
1. Leia um trecho de texto a seguir: “Este é o fundamento da crítica
irreligiosa: o homem faz a religião, a religião não faz o homem. E a
religião é de fato a autoconsciência e o autossentimento do homem, que
ou ainda não conquistou a si mesmo ou já se perdeu novamente.”.
(MARX, 2010. p. 145).
Tendo em vista a aula 06, e o texto acima, assinale a alternativa
correta:
 a) A vertente sociológica marxista enxerga a religião como ideologia.
 b) A vertente sociológica marxista enxerga a religião como protesto
real.
 c) A vertente sociológica marxista enxerga a religião somente como
ideologia.
 d) A vertente sociológica marxista enxerga a religião como alienação.
 e) A vertente sociológica marxista enxerga a religião somente como
alienação.
A Sociologia da Religião na área francófana
A busca pela interpretação da religião como força social, continuou. Emile
Durkheim (1858-1917) iniciou reflexões muito próximas do Positivismo,
marcada pela perspectiva empírico-quantitativa e funcionalista. Porém, ao
final de sua carreira, mudou sua visão sobre os fenômenos sociais e se tornou
atento às dimensões simbólicas e interpretativas.

Saiba mais
Em 1912, o sociólogo francês escreveu o livro As formas elementares da
vida religiosa” e textos menores, por exemplo, La definition des
phénomenes religieux (A definição dos fenômenos religiosos, de 1899) e
O problema religioso e a dualidade da natureza humana, publicado no
Brasil na revista Religião & Sociedade, uma das mais importantes da
área.
Raimundo Teixeira Mendes (1855-1927), vice-diretor da Igreja Positivista
do Brasil. Acesso em: 15 fev. 2018.
 Símbolos religiosos.
Reflita sobre as ideias do sociólogo francês: A religião é uma poderosa força
moral porque é uma poderosa força social (fato social). O social é a fonte
última do fenômeno religioso. Por outro lado, os seres humanos possuem uma
dupla natureza, individual e social. Esta última é preponderante e influencia a
outra.
Segundo Durkheim:

Antes de tudo, a religião supõe a ação de forças sui
generis, que elevam o indivíduo acima dele mesmo, que
o transportam para um meio distinto daquele no qual
transcorre sua existência profana, e que o fazem viver
uma vida diferente, mais elevada e intensa. O crente
não é somente um homem que vê, que conhece coisas
que o descrente ignora: é um homem que pode mais.
Durkheim, 1977
Os seres sobrenaturais (divindades, espíritos, transcendente etc.), não
têm existência real (em si mesmos), mas são a representação simbólica
da consciência coletiva que toma conta do indivíduo, suscitando
sentimentos e moralidades.
O sagrado expressa a força do desejo coletivo de permanência da
sociedade ou grupo na história, sendo símbolo do social. Por isso, é
colocado à parte do restante e é objeto de interditos, proibições.
O profano está ligado a tudo o que não se coloca no centro do
simbolismo escolhido pela sociedade ou grupo (o comum, o cotidiano). A
passagem do profano ao sagrado ou deste ao profano comportam tabus,
ritos de consagração e purificação, por exemplo.
O sagrado e o profano são opostos e compõem todas as religiões, mas
simultaneamente.
Porque nós o usamos?
É um fato conhecido de todos que um leitor se distrairá com o conteúdo
de texto legível.
E como diferenciar o sagrado puro do
sagrado impuro?
Atente para a distinção entre sagrado puro e impuro (não pense em categoria moral
ou asséptica).
O sagrado impuro representa os simbolismos que inspiram adoração, medo, fúria
etc., por exemplo, a ideia de demônios e divindades maléficas. Note que o tabu, isto
é, coisas ou atos proibidos, fala da ambivalência do sagrado.

Exemplo
A antiga proibição de algumas sociedades, inclusive a hebreia, de que mulheres
menstruadas entrassem em contato com o grupo e deviam ser isoladas e, se
desobedecessem, sofrerem morte ou severa punição.
Assim, a religião poderia ser entendida como a forma institucionalizada do sagrado,
cuja fonte é a sociedade.
1
Mito
É como a sociedade se vê, se simboliza e como conta sua história para si mesma
(plano ideal).
2
Rito
É como a sociedade vive o mito (modelo de comportamento e de cognição) e,
portanto, reavivar as forças morais, confirmar e reconfirmar os laços sociais.
Nas palavras de Durkheim, o rito:

(...) é uma coleção dos meios pelos quais a fé se cria e se
recria periodicamente.
Durkheim
Há, portanto, uma dupla gênese do social e do religioso, ou seja, à gênese societária
da religião, corresponde uma gênese religiosa da sociedade. É por este movimento de
criação e recriação constante de seu “sagrado” que a sociedade se faz por existir, é
isso trazido à existência por meio dos rituais.
O sagrado e o social, em relação dialógica, existirão sempre e adquirirão novos
simbolismos. Por exemplo, na sociedade moderna, os símbolos tradicionais perderam
valor, mas novos símbolos foram eleitos: o indivíduo, a nação, a pátria, etc.
Durkheim propôs a ideia de que a religião da sociedade
moderna é o individualismo, e entenda-o como como
valorização dos direitos e das liberdades garantidos do
indivíduo, independentemente de cor, raça, credo e orientação
sexual;
Marcel Mauss (1872-1950) e Henri Hubert (1872-
1927)
As reflexões de Durkheim abriram caminhos continuados pelo sobrinho, Marcel Mauss
que escreveu os estudos:
1
As funções do sagrado
2
Representações coletivas e diversidade das civilizações
3
A prece
Junto com Hubert, publicou duas obras importantes:
Esboço de uma teoria geral da magia
Ensaio sobre o sacrifício.
Nessa última, embora não se possa fazer uma “história geral” do sacrifício, foi
proposto um esquema para compreender porque tantas religiões têm, no sacrifico, a
sua dinâmica, inclusive o Cristianismo, que assumiu um alto grau de abstração e
lógica racional.
E qual seria a lógica central do sacrifício? você se
perguntaria.
 Martelo, cravos e coroa de espinhos.
Estrutura geral do sacrifício
O sacrifício é um tipo de consagração em que algo, objeto ou realidade passa do
domínio comum, profano ao domínio religioso, sacral, causando efeitos no
sacrificante. Observe a estrutura geral:
01
Os agentes (sacrificante, sacrificar, vítima)
 Homem carregando uma cruz.
02
As etapas (entrada, destruição da vítima, saída e as variações específicas e concretas
do esquema geral e dos objetivos).

Saiba mais
Leia o texto Magia e religião
<https://pt.aleteia.org/2015/05/11/magia-e-religiao-qual-e-a-
diferenca/> e veja as diferenças que as separam.
Atividade
2. Considere o trecho de texto a seguir: “Portanto, há na religião algo destinado
a sobreviver a todos os símbolos particulares nos quais o pensamento religioso
se envolveu sucessivamente. Não pode haver sociedade que não sinta a
necessidade de conservar e reafirmar, a intervalos regulares, os sentimentos
coletivos e as ideias coletivas que constituem a sua unidade e personalidade
[...]. Os antigos deuses envelhecem ou morrem, e não nascem outros [...]. Virá
dia em que as nossas sociedades conhecerão novamente horas de efervescência
criadora, durante as quais novas ideias surgirão, novas fórmulas aparecerão e,
por certo tempo, servirão de guia para a humanidade [...]”. (DURKHEIM, 2006)
Tendo em vista a escola francesa de Sociologia da Religião, a relação
entre o sagrado e a sociedade é:
 a) O sagrado é causado pelo social e gera novas ideias religiosas.
 b) À gênese societária da religião, corresponderia uma gênese religiosa dasociedade.
 c) O sagrado gera a necessidade de novas religiões de ideias sociais
 d) O social gera a necessidade de novas religiões de ideias sagradas.
 e) O social é causado pelo sagrado e gera novas religiões ideais e sagadas.
A Sociologia da Religião na área germânica
A religião foi um dos grandes temas da escola sociológica alemã. Diferente da escola
sociológica francesa, preocupada com a questão da relação entre sagrado e social,
laços sociais, coesão, moralidade, essa escola preocupou-se com o sentido e a forma
https://pt.aleteia.org/2015/05/11/magia-e-religiao-qual-e-a-diferenca/
das ações sociais e o papel e a importância da religião nesse campo.
1
2
3
01 - Max Weber
Pesquisador que escreveu em Direito, Sociologia, Economia, Política e Religião,
recusou as teorias marxistas que colocavam a religião como resultado da
alienação ou da ideologia.
Tenha em mente dois conceitos fundamentais:
o processo de racionalização e
a metodologia de tipo ideal.
O primeiro refere-se ao processo pelo qual a cultura e a sociedade, e a
religião, produzem ações e imagens racionais (cálculo entre meios e fins para
realizar um objetivo) que seguem organizando a vida social.
No mundo ocidental moderno, a partir do século XVI, três dimensões, a cultura,
a sociedade (Capitalismo, Estado centralizado e burocrata) e a religião
(Protestantismo) convergiram e produziram um processo singular de
racionalização: o desencantamento do mundo.
A realidade não precisava mais ser explicada, entendida e vivida de forma
mágica e religiosa. Ao olhar para o céu, o homem moderno não vê anjos ou
deuses, mas planetas, eclipses, poeira cósmica, elipses, tudo calculado
astronômica e matematicamente, conforme a bela imagem literária usada por
Weber.
Nasceria aí a ideia weberiana do mundo moderno como espaço do politeísmo de
valores e de seus conflitos resultantes. A realidade (irracional e infinita), e o
sentido (histórico e contextual) não coincidem, por isso os valores não possuem
fundamentos racionais e nenhuma ciência pode dar-lhes fundamento racional.
A modernidade, observe um pouco, constituiu um espaço político em que a
democracia pôde organizar melhor a convivência dos conflitos inconciliáveis
entre valores para garantir o direito dos diferentes grupos sociais (culturais,
religiosos, estéticos etc.).
02 - Ernst Troeltsch
Historiador, filósofo, teólogo e sociólogo. Refinou as categorias weberianas. Seu
tema principal foi a relação entre o Cristianismo, por meio dos desenvolvimentos
históricos e confessionais — das origens até as questões da Reforma —, e a
sociedade global.
Escreveu dois volumes da obra As doutrinas sociais da igreja e dos grupos
cristãos e um livro pequeno, O Protestantismo na formação do mundo moderno.
As investigações desse pensador se interessaram pela relação entre as seitas
protestantes e a formação do Estado Moderno. Vejamos as diferenças entre o
Protestantismo original (de Lutero) e as seitas puritanas e calvinistas.
03 - George Simmel
Esse filósofo-sociólogo trouxe algumas inovações ao estudo do fenômeno
religioso. Ele entende a realidade humana não como o mundo em si, mas como
um mundo formado, por exemplo, pela arte ou religião, sendo o mesmo material
colocado em moldes diferentes.
Dentre as principais obras está Die Religion (Da religião, de 1906). Na ideia
desse autor, certas formas de relações sociais se condensam ou se refinem em
um sistema de ideias religiosas. Por exemplo, a fé, expressão concreta e visível
da religião, também é uma relação entre seres humanos. É uma forma e forma
um sistema.

Saiba mais
Assim, reflita, deve-se operar uma distinção entre o conteúdo objetivo da
religião e a religião considerada como um processo humano subjetivo. São
dimensões distintas e não coincidentes entre si.
Leia o texto Filósofos da escola sociológica alemã <> para aprofundar seu
conhecimento.
file:///W:/2018.2/ciencias_da_religiao__GON942/aula6_temp.html
Atividade
3. Considere o trecho de texto a seguir: “Um dos componentes do espírito do
moderno Capitalismo, e não apenas deste, mas de toda cultura moderna: a
conduta racional baseada na ideia de vocação, nasceu — segundo tentou se
mostrar nesta discussão — do espírito da ascese cristã. Basta reler o trecho de
Franklin, transcrito no início deste ensaio, para perceber que os elementos
fundamentais do que lá se denominou o ‘espírito do Capitalismo’ são justamente
os que ora apresentamos como conteúdo da ascese vocacional do puritanismo,
apenas sem a sua fundamentação religiosa, já desaparecida no tempo de
Franklin”. (WEBER, 2004)
Tendo em vista a escola alemã de Sociologia da Religião e o texto acima,
assinale a alternativa correta.
 a) O Protestantismo puritano, com a ideia de vocação, criou o espírito
moderno do Capitalismo.
 b) O espírito moderno do Capitalismo criou a ideia de vocação no
Protestantismo puritano.
 c) A ideia de vocação, do Protestantismo puritano, criou o espirito do
Capitalismo moderno.
 d) O espirito do Capitalismo moderno criou a ideia de vocação do
Protestantismo puritano.
 e) A ideia puritana de vocação teve como resultado indireto o “espírito”
capitalista moderno.
Escolas Sociológicas Contemporâneas
 Close up de uma vela acesa.
A Sociologia da Religião, note atentamente, continuou abrindo novas temáticas,
autores e trilhas fecundas de subjetividade, secularização, memória, identidade,
campo religioso, capital simbólico, laicidade, entre outros.
Sociologia da religião francófona
Gabriel Le Bras (1891-1970)
Progressivamente, os estudos sobre religião foram retomados com Le Bras e
agregaram a preocupação estatístico-quantitativa. A religião, como dimensão social
que se transforma ao largo do tempo, foi questionada quanto à ideia da prática
religiosa.
Jean Séguy (1925-2007)
Continuador da sociologia francesa, fala sobre a importância do pluralismo
metodológico e do diálogo com a Psicologia, Antropologia e História.
O estudo de grupos religiosos não hegemônicos ajudou esse sociólogo francês a
entender as dinâmicas do religioso no mundo moderno.

Saiba mais
Para saber um pouco mais da discussão do pluralismo metodológico nas ciências
da religião, veja o artigo Uma metodologia para as ciências da religião
<https://goo.gl/aLzT4X> . Acesso em 15 fev. 2018.
Séguy analisou, observe com atenção, as seitas protestantes na França católica e o
ecumenismo, a partir do estudo dos conflitos e das vivências práticas e cunhou
diversas categorias:
https://goo.gl/aLzT4X
1
Ecumenismo de fato (além das fronteiras confessionais).
2
Ecumenismo teórico (Igrejas ou seitas), ecumenismos práticos (ações).
3
Ecumenismos intraconfessionais (grupos provenientes da mesma tradição).
4
Interconfessionais (diferentes tradições cristãs),
5
Inter-religiosos (diferentes religiões),
6
Não cristãos (entre diferentes religiões, exceto o cristianismo)
7
Não religiosos (grupos, movimentos, encontros, informais ou não, institucionais ou
não, com temáticas amplas, como paz, meio-ambiente, fome etc.).
Para Séguy, os modos divergentes de viver e professar a fé representam uma
tentativa, por parte de uma sociedade, de refletir sobre si mesma e de reinserir-se no
conjunto de transformações sociais em andamento.
A dissidência é uma forma de responder melhor a uma nova realidade rejeitada pelo
grupo religioso original. Os pobres, os excluídos ou as minorias de todo tipo (sexuais,
étnicas, raciais) são mais sensíveis ao não conformismo do que os ricos, poderosos,
bem-instituídos etc.:

Saiba mais
Intolerância religiosa
Representa as dificuldades em lidar com as mudanças sendo o contraponto do
não conformismo estudado por Séguy. Veja o artigo Hermenêutica trágica da
intolerância religiosa: algumas notas teóricas.
<https://goo.gl/6JV4vG> Acesso em 15 fev. 2018.
Danièle Hervieu-Léger (1947)
A questão da memória e da modernidade religiosa, seus impactos sobre as religiões,
dentre outras temáticas (Cristianismo e Ecologia, Cristianismo e feminismo), será
analisada por Hervieu-Léger.
No Brasil, uma de suasobras é O peregrino e o convertido. A religião em movimento,
pela Editora Vozes. A religião se define por meio da transmissão e perpetuação da
memória de um acontecimento fundador, um evento considerado único e assim
definido por uma religião.
Como forma de mobilização da memória coletiva de eventos fundadores, as grandes
religiões históricas inauguram uma tradição que passa a ser interpretada em uma
sequência temporal e no cotidiano dos seguidores como se fosse uma totalidade
plena de sentido.
Veja que o presente encontra-se orientado pelo passado que
situa a tradição como uma “totalidade” imutável (fora da
história e do espaço) e à qual se agarra um grupo religioso que
desenvolve a “linha crente”, ou seja, a crença de que entre o
evento inaugural e o presente vivido, há uma continuidade que
se estenderá pelo futuro.
https://goo.gl/6JV4vG
A continuidade de uma tradição religiosa não implica na
imutabilidade, mas no mascaramento de rupturas entre o
evento originador e o presente.
As instituições religiosas mudam, mas, ao mesmo tempo, procuram manter a
imagem de imutabilidade. A memória religiosa mantém a linhagem crente e possui
poder de imposição de normas (normatividade) expressa de dois modos:
01
Por meio da estrutura de grupos, movimentos e instituições religiosas.
02
Por meio de uma memória “verdadeira ou autorizada”, que é uma das versões, aquela
que ganhou a disputa com outras memórias.
 Freiras nas ruas.
A memória religiosa é transmitida de formas distintas (Igreja, seita, rede mística),
conferindo e dando legitimidade à estrutura de poder que comanda sua transmissão
(sacerdotes, profetas contestadores, reformadores etc.). Essa memória é objeto de
disputas entre os grupos religiosos que defendem a versão oficial e aqueles que
almejam reformas ou mudanças, mas com a ideia de “retorno às origens”.
Para Hervieu-Léger, as sociedades modernas não precisam de um passado religioso
fundador por vários motivos:
01
A autonomia e o fortalecimento do indivíduo.
02
A racionalização, que demole a plausibilidade do passado religioso como ato de
fundação.
03
O crescente processo de diferenciação e pluralização social e das religiões.
04
A superabundância de informações e redes de comunicação que aumentam a
dispersão da memória.
05
A crise da tradição e do passado como referência normativa e explicativa do presente.
Considere que a secularização da sociedade e da cultura — isto é, o recuo da
normatividade religiosa na consciência individual, nos aparelhos do Estado e nas
demais esferas de valor —, dissolveu a tradição e a memória religiosa da forma como
eram antes.
A modernidade ocidental desregulou o religioso e, com
isso, se produziu secularização e dessecularização,
inaugurando a modernidade religiosa: as quatro
lógicas - lógica cultural, lógica emocional, lógica
comunitária, lógica moral-ética - se fragmentarão, se
desligarão entre si, ficarão independentes uma da
outra e formarão com mais exclusividade a identidade
do crente moderno.
Observe as consequências:
Crer sem o recurso à tradição e a memória autorizada e tradição sem crença (a
memória religiosa não mais mobiliza uma fé comum).
Superestimação do sentimento de comunidade e a formação de comunidades
emocionais, baseadas exclusivamente no sentir.
A continuidade de uma tradição religiosa não implica na imutabilidade, mas
no mascaramento de rupturas entre o evento originador e o presente.
Pierre Bourdieu (1930-2002)
Observe que a religião, como memória, é um poder social e quem faz uma boa
análise é este sociólogo francês.
Apesar de escrever pouco sobre religião, ele publicou textos influentes. Por exemplo,
Gênese e estrutura do campo religioso, que faz uma leitura original das ideias de
Marx, Durkheim e Weber, articuladas entre si para compreender o fenômeno
religioso.
Veja os pontos principais:
A religião é um conjunto de práticas e representações de caráter sagrado, é um
sistema simbólico de comunicação.
A religião produz sentido e tem uma singularidade, absolutizar o relativo e
legitimar o arbitrário, um poder de consagrar, indicando a ação do religioso
sobre as instituições sociais.
A força da religião reside no fato de ela transfigurar as instituições sociais
(construções humanas, condicionadas pela cultura e história) e transformá-las
em instituições supostamente divinas ou naturais, é a ‘alquimia ideológica”.
Para Bourdieu, toda religião exerce a função política de eternizar uma dada ordem
hierárquica entre grupos, gêneros, classes ou etnias.
 Pierre Bourdie, Sociólogo Francês.
Como seria essa resolução?
Dar-se-ia pela proposição dos conceitos de:
Trabalho religioso 
 
Refere-se ao processo de produção de práticas, discursos e
bens simbólicos sagrados que atendem a uma necessidade
de expressão de uma classe, grupo ou sociedade.
Campo religioso 
 
Remete a um campo de forças em que agentes e instituições
disputam capital simbólico — dando legitimidade, poder,
prestígio —, produzindo e consumindo bens religiosos de
salvação (rituais, discursos, valores etc.).
Note que Bourdieu pensa em duas polaridades ideais:
01
Todo mundo produz os bens religiosos e todo mundo consome, sem distinção
e hierarquia.
02
Um grupo monopoliza radicalmente a produção (especialistas/profissionais do
sagrado) e outro grupo, numeroso, consome bens simbólicos (leigos ou não
especialistas).
Na prática, essas polaridades não se realizam, mas são balizas teóricas que ajudam a
pensar a situação real que gangorra entre esses dois extremos.
Talvez tenha ficado uma questão em sua mente:
Quem são os agentes e as instituições que disputam espaço e
capital simbólico no campo religioso?
Bourdieu propõe três pares de modelos teóricos:
Sacerdote/Igreja
Agente/instituição responsável pela manutenção do status quo, burocratizado,
normatizado. O conceito de Igreja é próximo do sentido weberiano, possuem
hegemonia, atravessa as classes, possui compromisso com o mundo a sua volta.
Profeta/seita
Agente/instituição que contesta o status quo, propõe reformas. No caso da
seita/profeta, a adesão se dá por escolha/vontade própria das pessoas, o grupo
possui regras estritas de seguimento, mantém distância ou mesmo se opõe aoo
mundo a sua volta, é minoritário em relação à igreja, propõe reforma ou revolução e
a volta ao suposto estado original.
Mago ou feiticeiro/magia
Caracterizado por agentes autônomos/independentes que, com base em tradições
(orais, escritas, simbologias), oferta um serviço individualizado e pessoal – com base
em rituais mágicos – para a resolução de problemas práticos, ligados ou não à saúde,
ao emprego, ao amor.
Esses pares concorrem entre si no campo religioso.
Atividade
4. Leia o trecho a seguir: “Na medida em que consegue impor o reconhecimento
de seu monopólio (extra ecclesiam nulla salus) e também porque pretende
perpetuar-se, a Igreja tende a impedir de maneira mais ou menos rigorosa a
entrada no mercado de novas empresas de salvação (como por exemplo as
seitas, e todas as formas de comunidades religiosas independentes), bem como
a busca individual da salvação (por exemplo, através do ascetismo, da
contemplação e da orgia)”. (BOURDIEU, 1974, p. 5-59)
Tendo em vista a escola contemporânea de Sociologia da Religião e o
texto acima trata:
 a) Do campo religioso como campo de competição e disputas por capital
simbólico religioso.
 b) Do trabalho religioso como estrutura de competição e disputa por capital
material religioso.
 c) Do trabalho religioso como estrutura de competição e disputa por capital
simbólico religioso.
 d) Do trabalho religioso como estrutura de competição e disputa por capital
econômico religioso.
 e) Do campo religioso como campo de competição e disputas por capital
econômico religioso.
Sociologia da Religião da área anglo-
alemã
Peter Berger (1929-2017)
O nome de maior destaque. Poucos sociólogos da religião construíram uma trajetória
acadêmica em que o livro que abre é complemente revisto pelo livro que fecha.
No caso de Berger, O dossel sagrado: elementospara uma teoria sociológica da
religião (de 1967) e Os múltiplos altares da modernidade: rumo a um paradigma da
religião numa época pluralista (de 2017).
No primeiro livro, o sociólogo austro-americano, construiu uma teoria da
secularização, isto é, do recuo das influências e do poder da religião (institucional,
especialmente) sobre as consciências individuais e coletivas, leis e aparatos estatais,
instituições da cultura, arte, ciência.
 Relação de oposição entre fé e razão.
Em Berger, a realidade é um processo dialético que se dá continuamente em:
Três
momentos:
O homem jorra para fora, na realidade, sua expressão subjetiva
porque não se encerra em seus instintos e aparato biológico-
genético, mas o ultrapassa.
O jorro institucionaliza-se em sistemas e instituições (língua, família,
religião) que se impõem.
Para manter a realidade, o homem internaliza as regras, normas e
instituições, traz para dentro de si, por meio da socialização.
Para que a realidade se estabilize dentro do indivíduo e na sociedade, é preciso
plausibilidade, ou seja, estruturas que garantam que determinada ordem de coisas
seja vista como “natural”.
A religião foi/é uma das mais poderosas estruturas de plausibilidade. Ou seja, o que é
social, construído historicamente, a partir dos dados naturais/biológicos, aparece
como divino, sacralizado. Por vários motivos, alguns inscritos na própria religião,
como no caso do Judaísmo e Cristianismo, conjugado com mudanças
sociais/históricas (pluralismo de valores, modos de viver, produzir, criar família etc.),
a religião perdeu plausibilidade e, no mundo ocidental moderno, a partir do século
XVI, recuou de importantes áreas da vida humana (Estado, cultura, arte, ciência,
política).
A secularização, processo social, cultural e subjetivo, colocaria a religião em recuo
completo, subjetivando-a, ou seja, restringindo-a ao cunho da escolha pessoal, ao
âmbito do privado, subjetivo.
É com a modernidade que o pluralismo institucional instabilizou as velhas estruturas
religiosas de plausibilidade. O mundo religioso perdeu a evidência de natural, pois
com as profundas mudanças sociais, o fim da separação burguesa entre público e
privado, os novos meios de comunicação, etc. a religião passou a ser símbolo de
identidade e poder.
A religião readquiriu novos sentidos, inclusive públicos, políticos e sociais, mobilizou
massas, lutas reacionárias (voltar ao antigo esquema, especialmente o moral-sexual)
e revolucionárias (mudar completamente as condições sociais, culturais e
econômicas). Há uma forma particular de secularização: a perda do poder da igreja e
da religião nas estruturas estatais (Estado), de laicização ou laicidade estatal.
Veja que o sociólogo austro-americano reformula as ideias ao publicar seu último
livro. O que ele reformula: a modernidade, com o pluralismo, trouxe, definitivamente,
a necessidade de coexistência entre religiões e discursos seculares. Aliás, mais do
que uma necessidade, é um fato a coexistência, nem sempre pacífica, entre credos
religiosos e comportamentos seculares em todas as dimensões da vida humana.
 O homem diante do pluralismo.
Mas isso traz desafios, leia um trecho de Berger:

O pluralismo religioso produz dois problemas políticos [...]:
como o Estado define a sua própria relação com a religião, e
como o Estado faz para regular as relações de diferentes
religiões umas com as outras
Berger, 2017, p.159
Atividade
5. Leia o pequeno trecho a seguir: “Quando a Umbanda, o Espiritismo, o
Pentecostalismo, o Candomblé curam, suprimindo o mal físico ou a loucura,
aplainando a crise existencial, repondo a certeza na ação, ainda que a ciência
possa constatar tal mudança, podendo até comprovar a eficácia terapêutica, não
pode essa ciência interromper o sentido da experiência religiosa da cura. Estas
religiões que curam são plurais e estão em constante transformação,
manipulando símbolos culturais de uma espantosa diversidade. E essa
diversidade mais se alarga e se alastra quanto mais se ampliam as distâncias
sociais, econômicas e culturais no interior da sociedade brasileira”. (PIERUCCI;
PRANDI, 1987.)
Sobre a relação entre religião e sociedade, é possível afirmar:
 a) Que as religiões curam e que o divino tem existência verdadeiramente
social.
 b) Que as religiões não curam e que o divino não tem existência social
verdadeira.
 c) Que as religiões que buscam a cura, sendo plurais, estão em constante
transformação.
 d) Que as religiões curam e que o divino tem existência verdadeira na
sociedade.
 e) Que as religiões não curam e que o divino não tem existência social
verdadeira.
6. A atividade consiste em ler o artigo indicado para leitura, “Da crítica à
Sociologia da Religião uma viragem e seu impacto sociocultural” e assistir aos
dois vídeos pequenos indicados.
A partir disso, responda:
1) como nasceu a Sociologia da Religião;
3) como a Sociologia da Religião vê os fenômenos religiosos? Cite dois autores
clássicos.
Notas
Ethos
Conjunto de disposições, visões e práticas que orientam um grupo.
Igreja Positivista 
A Igreja Positivista do Brasil, fundada em 19 de César de 93 - 11 de maio de 1881 -
por Miguel de Lemos, está localizada à Rua Benjamin Constant, 74 - Glória, Rio de
Janeiro. Sua sede, também é conhecida como Templo da Humanidade. Foi o primeiro
edifício construído, no mundo, para difundir a Religião da Humanidade, em 08 de
Abril de 1876, dia 08 de Arquimedes do ano 88, de acordo com o calendário
Positivista. Por iniciativa do Sr. Oliveira Guimarães, Professor de Matemática,
simpatizante do grupo Laffittista, propõe uma fusão entre os dois grupos, aceita pela
totalidade dos positivistas. Surgia a sociedade estabelecida nos padrões da filosofia
positivista, passando a denominar-se em 1878, Sociedade Positivista do Rio de
Janeiro, filiada à Igreja Positivista da França, sob a direção de Pierre Laffitte,
passando a imprimir um ritmo de ampla divulgação do positivismo. Teve como
primeiros sócio-fundadores, Oliveira Guimarães, Benjamin Constant, Álvaro de
Oliveira, Joaquim Ribeiro de Mendonça, Oscar Araújo, Miguel Lemos e R. Teixeira
Mendes. Entre as teses do Apostolado Positivista estavam a instalação e manutenção
da ditadura republicana, a elaboração de um projeto constitucional, a separação da
Igreja do Estado, uma ampla reforma no ensino e a liberdade como princípio
universal ,fundamentado na idéia de Ordem e do Progresso.
1
2
Verbete elaborado por João Carlos da Silva
Referências
BERGER, Peter. Os múltiplos altares da modernidade: rumo a um paradigma
da religião numa época pluralista. Petrópolis: Vozes, 2017, p. 159.
BOURDIEU, Pierre. Função própria do campo religioso. In: BOURDIEU, Pierre. A
economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 1974, p. 5-59.
DURKHEIM, Emile. O problema religioso e a dualidade da natureza humana. In:
Religião & Sociedade, Rio de Janeiro: Iser, n. 2, nov. de 1977.
________. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins Fontes:
2006
FIROLAMO, Giovanni; PRANDI, Carlo (orgs.). As Ciências das Religiões. 8. ed. São
Paulo: Paulinas, 2016.
LESBAUPIN, Ivo. Marxismo e religião. In: TEIXEIRA, Faustino (org.). Sociologia da
Religião. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 17-18, 13-35.
MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel, 1843. São Paulo: Boitempo,
2010 p. 145.
PIERUCCI, Antônio F.; PRANDI, Reginaldo. Assim como não era no princípio: Religião
e ruptura na obra de Procópio Camargo. In: Novos Estudos, CEBRAP, São Paulo, n.
17, maio de 1987.
SIMMEL, Georg. Religião: ensaios. São Paulo: Olho d'Água, 2009, volumes 1 e 2.
TEIXEIRA, Faustino (org.). Sociologia da Religião. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
USARSKI, Frank (org). O espectro disciplinar da Ciência da Religião. São Paulo:
Paulinas, 2007.
WEBER, Max. A ética protestante e o “espírito” do Capitalismo. São Paulo:
Companhia das Letras, 2004.
WILSON, Brian. La religione nel mondo contemporaneo. Bologna: Il Molina,
1985, p. 29
TOCCHETTO, Domingos; STUMVOLL, Vitor. Criminalística. 6. ed. Campinas, SP:
Millennium,2014, cap. 3.
Próximos Passos
Escolas antropológicas clássicas;
Escolas antropológicas contemporâneas;
Mito, magia, religião e rito.
Explore mais
Pesquise na internet, sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto.
Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos
disponíveis no ambiente de aprendizagem.
Leia os textos:
Da crítica à Sociologia da Religião uma viragem e seu impacto
sociocultural <https://goo.gl/fzcH9z>
Ciências Sociales y Religión/Ciências Sociais e Religião
<https://goo.gl/iw724i>
O futuro não será protestante <https://goo.gl/KBzNqA>
Assista aos vídeos:
O surgimento da Sociologia e a Religião
<https://www.youtube.com/watch?v=rrnl8ocB6q0>
Sociologia e religião: visões de Weber, Marx e Durkheim
<https://www.youtube.com/watch?v=ENvpUEN3bBI>
https://goo.gl/fzcH9z
https://goo.gl/iw724i
https://goo.gl/KBzNqA
https://www.youtube.com/watch?v=rrnl8ocB6q0
https://www.youtube.com/watch?v=ENvpUEN3bBI

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