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M E N I N G I T E N A I N F Â N C I A & C O N V U L S Ã O Monitoria 8°p – Khilver Doanne M E N I N G I T E N A I N FÂ N C I A Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES - INFÂNCIA Qual a diferença entre meningite em si e encefalite? MENINGITE inflamação exclusivamente das meninges ENCEFALITE inflamação exclusiva do parênquima encefálico sem envolvimento das meninges AMBAS as regiões anatômicas acometidas? Meningoencefalite! Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES - INFÂNCIA As infecções são as causas + comuns de meningites! Quanto ao tempo temos: 1. Meningites agudas: < 4 semanas de sintomas 2. Meningites crônicas: > 4 semanas de sintomas ----------------------- Vamos às etiologias, às principais no caso: As meningites podem ser de causa viral, bacteriano, fúngica, etc. Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES - INFÂNCIA ETIOLOGIA As + comuns são as MENINGITES VIRAIS – principalmente em crianças! NO ENTANTO, ao desconfiar de infecção meníngea, realizar avaliação URGENTE!!! Embora sejam as mais comuns, portanto as que mais ocorrem, as bacterianas são AS MAIS GRAVES! E preciso definir se inicio o uso de ATB o quanto antes! Obs.: nas bacterianas importante iniciar em < 1 hora do atendimento Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES - INFÂNCIA ETIOLOGIA (bacterianas)– avaliamos segundo a faixa etária NEONATOS Streptococcus agalactiae (grupo B) + (presente no leite!); Escherichia coli e Enterococcus spp. CRIANÇAS MAIORES (~2anos) Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis (meningococo) ; o H. influenzae ERA a etiologia + comum – deixou de ser com a vacinação (penta aos 2 meses) MAS QUEM É O 1° LUGAR MAIS COMUM AQUI?!? Segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE 1º lugar: N. meningitidis, 2° lugar: S. pneumoniae, 3º lugar: H. influenzae; Segundo o HARRISON –TRATADO DE MEDICINA 1° lugar: S. pneumoniae, 2° lugar: N. meningitidis, 3° lugar: H. influenzae Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES - INFÂNCIA ETIOLOGIA (bacterianas)– avaliamos segundo a faixa etária Embora estejamos falando sobre meningite na infância. . . Nos pacientes ACIMA DE 20 ANOS: pensar sempre em Streptococcus pneumoniae (pneumococo) IMPORTANTE! PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS: Imunossuprimidos, neonatos, gestantes, idosos, transplantados, HIV/AIDS, pacientes em quimioterapia, etilistas crônicos. . . ALTO RISCO DE CONTAMINAÇÃO POR Listeria monocytogenes! SEMPRE add ampicilina no esquema terapêutico aqui! Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES - INFÂNCIA ETIOLOGIA -VIRAL Meningite viral, pensar em: coxsackie, herpes vírus, varicela, caxumba, EBV Encefalite herpética (lobo temporal) – pode causar mudança comportamental! + Sinusite: Haemophilus influenzae (bactéria) + Se tem déficit motor: pensar em pus causada por infecção bacteriana + Otite / mastoidite: pensar em estreptococo Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES - INFÂNCIA QUADRO CLÍNICO Tríade clínica: Cefaleia + Febre + Rigidez de nuca Tríade da HIC: Papiledema + vômito em jato + cefaleia Tríade de Cushing: Hipertensão + bradicardia + bradipneia QUADRO CLÁSSICO: ×Febre / Cefaleia / Rigidez de nuca / Vômitos / Vômitos em jato / Convulsão / Torpor Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES - INFÂNCIA QUADRO CLÍNICO Este quadro clássico descrito é comum em > 2 anos Em crianças < 2 anos, o quadro é + inespecífico! Em <9 meses de idade adiciona-se irritabilidade e abaulamento de fontanela como critérios de suspeição clínica! EXAMES FÍSICOS Rigidez de nuca Sinal de Brudzinski Sinal de Lasègue Kernig Bikele Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES - INFÂNCIA Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES - INFÂNCIA CONDUTA INICIAL MOVE + ABCDE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL/IMAGEM Hemograma: leucocitose a esquerda (se bacteriana) OU linfocitose; meningite meningocócica com meningococcemia= plaquetopenia; + PCR, eletrólitos Hemoculturas – se possível sempre antes de iniciar ATB e de 2 sítios; Punção lombar diagnóstica (logo após coletar hemocultura e ANTES de ATB, se possível) em todo paciente suspeito de meningite Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES - INFÂNCIA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL/IMAGEM Punção lombar diagnóstica (logo após coletar hemocultura e ANTES de ATB, se possível) em todo paciente suspeito de meningite OBS.: IMPORTANTE!!! NUNCA FAÇO punção do líquor se: sinais de HIC!!! Risco de herniação!!! NESTES casos, peço a TC de crânio antes da punção lombar; peço também se houver presente: imunossupressão, história de doença do SNC, convulsão inédita, papiledema, nível de consciência anormal, déficit neurológico focal! Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES - INFÂNCIA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL/IMAGEM Punção lombar diagnóstica REALIZADA? Interpretação do estudo quimiocitológico: ×Hiperleucorraquia: aumento de leucócitos no LCR – indica processo inflamatório inicial ×Hipoglicorraquia: diminuição dos valores normais de glicose no líquor – meningites infecciosas mt inflamatórias causam consumo da glicose! ×Hiperproteinorraquia: proteínas presentes no líquor – conseguem atravessar as junções de oclusão devido a inflamação Resumindo. . . Pediu LRC? Solicite: citologia, proteinorraquia, glicorraquia, cultura com gram! Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES - INFÂNCIA Monitoria 8°p – Khilver Doanne Na meningite bacteriana: glicorraquia baixa, proteinorraquia alta, neutrófilos aumentados + na meningite bacteriana há predomínio de NEUTRÓFILOS / na viral: LINFÓCITOS! Na meningite viral: glicose normal, proteínas aumentadas tb, e predomínio de linfócitos MENINGITES - INFÂNCIA TRATAMENTO EMPÍRICO Até 3M= Ampicilina + gentamicina; OU Cefotaxima + ampicilina Obs.: gentamicina e tobramicina causam toxicidade vestibular. > 3 meses e adultos= Ceftriaxona; OU cefotaxima entre 2-3 m Idosos (>60 anos), imunossuprimidos e gestantes= Ceftriaxona + ampicilina TRATAMENTO COM A CULTURA EM MÃOS: Meningococo (Neisseria meningitidis) / Hemófilo / Pneumococo (Streptococcus pneumoniae) em crianças? PENICILINA G CRISTALINA! Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES – INFÂNCIA – INDO ALÉM Infecção por Neisseria meningitidis (meningococo -): - Incidência bimodal (primeiro ano de vida / adolescência) - Clínica AGUDA + RÁPIDA! Exame físico clássico presente! IMPORTANTE a meningococcemia é agressiva! Infecção por Haemophilus influenzae (hemófilo -): - A do tipo B causa infecções GRAVES + potencialmente FATAIS! IMPORTANTE meningite HIPER-INFLAMATÓRIA causa edema cerebral! Portanto, TODA meningite por hemófilo deve ser tratada com ATB + CORTICOIDE!!! Outra que também posso utilizar corticoide? Streptococcus pneumoniae Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES – INFÂNCIA – INDO ALÉM Ainda sobre uso de corticoide nas meningites: Dexametasona: 10mg 6/6h por 4 dias em adultos, ou 0.4 a 0.6mg/Kg/dia em crianças Infecção por Listeria monocytogenes (+) - Transmissão: fecal-oral - + prevalente em extremos de idade E/OU imunossupressos E/OU gestantes IMPORTANTE: a Listeria tem RESISTÊNCIA intrínseca às cefalosporinas! PORTANTO, é necessário adicionar aminopenicilinas em seu tratamento (ex.: Amoxicilina e Ampicilina) Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES – INFÂNCIA – INDO ALÉM Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES – INFÂNCIA PROFILAXIA Haemophilus influenzae e Neisseria meningitidis (meningococo) contaminam pelo contato com gotículas (tosse, fala próxima, beijo, etc.). Portanto, deve-se aplicar a precaução de gotículas para funcionários que estejam assistindo estes casos Estes MESMOS agentes etiológicos tem indicação de PROFILAXIA em casos de pessoas/profissionais em contato próximo do paciente Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES – INFÂNCIA PROFILAXIA Haemophilus influenzae e Neisseria meningitidis Qualquer caso de meningite? Rifampicina 2 dias Meningococo? Rifampicina 2 dias - Neonatos: 5mg, 12/12h 2 dias; Crianças e adultos: 10mg/kg/dose, 12/12h 2 dias (dose máx=600mg); ALTERNATIVA dose única? Ceftriaxona: <12 anos 125mg, >12 anos 250mg; Ciprofloxacino: 500mg (Ñ UTILIZAR em gestantes e <18 anos); Hemófilo B? Rifampicina 4 dias - Neonatos: 10mg/kg/dose diária, 4 dias; 1 mês a 10 anos: 20mg/kg/dose diária, 4 dias;Adultos: 600mg/dose diária, 4 dias + Todos os contatos não vacinados devem receber vacinação p/ meningocócica conjugada C (Meningo C) e para H. influenzae tipo B (Hib) + demais atualizações no calendário vacinal! Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES – INFÂNCIA Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES – INFÂNCIA PROFILAXIA E quanto à proteção física? MÁSCARAS?!? Gotículas: prevenir com máscara cirúrgica p/ ambos Aerossóis: máscara cirúrgica para o pcte e a N-95 para os 2 Obs.: TB, sarampo e varicela Realizar proteção contra aerossóis! Obs.: TODAS as outras Realizar proteção contra gotículas Monitoria 8°p – Khilver Doanne MENINGITES – INFÂNCIA E AS MENINGITESVIRAIS? Ag etiológico + comum= Enterovírus – transmitido via fecal-oral Em populações não vacinadas: caxumba (Paramixovírus) Ademais: TODOS os herpes-vírus e arbovírus Tratamento?!? No geral são autolimitadas e benignas, necessitando apenas de manejo de sintomáticos A família herpes vírus responde de forma geral à: Ganciclovir e Valganciclovir! Monitoria 8°p – Khilver Doanne C O N V U L S Ã O Monitoria 8°p – Khilver Doanne CONVULSÃO Antes de mais nada. . . Definir de forma geral as diferenças EPILEPSIA: preciso ter 2 ou + convulsões num período > 24h entre as crises; Não pode haver causa secundária, epilepsia é PRIMÁRIA! CRISE EPILÉPTICA: sinais e sintomas de uma atividade neuronal anormal ESTADO DE MAL EPILÉPTICO: 2 possibilidades - Crises repetidas com duração de 5 minutos entre elas, sem retorno do nível de consciência OU - Crise prolongada com duração de 30 minutos no mínimo Monitoria 8°p – Khilver Doanne CONVULSÃO ETIOLOGIA Genética; Estrutural; Metabólica; Imune; Infecciosa; idiopática... TIPOS Focal; Generalizada; Generalizada e focal desconhecido Obs.: se é generalizada tem perda de consciência! São TODAS disperceptivas! LOGO, as crises perceptivas são focais; as crises de ausência são generalizadas; MASSS, as crises focais podem generalizar! Monitoria 8°p – Khilver Doanne CONVULSÃO Monitoria 8°p – Khilver Doanne Classificação expandida dos tipos de crises da ILAE de 2017 CONVULSÃO A FAIXA ETÁRIA É CRUCIAL! Obviamente uma idade não fecha o diagnóstico por si só, mas orienta a definição dele! Cada faixa etária tem etiologias + comuns, esperadas! - RN: encefalopatia hipóxico-isquêmica (antes ou durante o parto) - Lactentes e Crianças: convulsão febril - Adultos / jovens: TCE - Adultos + velhos / idosos: doenças cerebrovasculares OBS.: PARALISIA DE TODD! Essa paralisia é uma fraqueza pós-ictal provocada pelo esgotamento das reservas de glicose do cérebro, causada pela crise – melhora com o tempo. Monitoria 8°p – Khilver Doanne CONVULSÃO FEBRIL É o distúrbio neurológico + comum em lactentes Para ser considerada convulsão febril, é NECESSÁRIO: 1. Estar associada à temperatura corporal elevada (>38°C) 2. Criança entre 3 meses e 6 anos (pelo tratado de pediatria) 3. Ausência de infecção/inflamação do SNC 4. Ausência de anormalidade metabólica sistêmica que possa ser causa 5. Não pode haver histórico de convulsões afebris ou doenças neurológicas prévias Obs.: as crises ocorrem nas primeiras 24 horas da febre! LEMBRAR que o cérebro em desenvolvimento tem BAIXO limiar convulsivo Monitoria 8°p – Khilver Doanne CONVULSÃO FEBRIL A convulsão febril pode ser dividida em: Monitoria 8°p – Khilver Doanne SIMPLES (70-75%) COMPLEXA (20-25%) Tônico-clônica generalizada Crises focais Duração <15 min Duração > 15 min Não recorre em 24h Pode recorrer em 24h Não manifesta sintomas pós-ictal (há recuperação completa) Alterações neurológicas pós-ictais (paralisia de Todd por exemplo) Não preciso investigar alteração neurológica SEMPRE investigar em <18m ; nos >18, considero investigação CONVULSÃO FEBRIL As causas para convulsão febril incluem: ×FEBRE ×INFECÇÕES (+ associados: herpes vírus humanos 6 – roséola e exantema súbito -, influenza e Shigella dysenteriae) ×IMUNIZAÇÃO ×SUSCETIBILIDADE GENÉTICA ABORDAGEM / TRATAMENTO Anamnese SEMPRE Punciono líquor? Não em todos! Monitoria 8°p – Khilver Doanne CONVULSÃO FEBRIL ABORDAGEM / TRATAMENTO Punciono líquor? Não em todos! reservo à casos: <6m (tratado ped) ou <1 ano segundo a Academia Americana de Pediatria, recuperação lenta pós-ictal, sintomas compatíveis com infecção do SNC, uso prévio de ATB. NÃO PRECISO realizar EEG! Como sempre, se tem sinais de HIC, realizo uma TC e NUNCA punção liquórica p/ investigação! Monitoria 8°p – Khilver Doanne CONVULSÃO FEBRIL ABORDAGEM / TRATAMENTO Tratamento medicamentoso? SIM, se o menor chegar em VIGÊNCIA DA CRISE! Ou seja, é realizado em quadros AGUDOS! 1° LINHA – benzodiazepínicos: Diazepam (5mg/ml) 0,2-0,3 mg/kg EV ou 0,5mg/kg/dose via retal posso repetir até 3x; dose máxima: 10mg/dose; OU Midazolam (5mg/ml) 0,2 mg/kg EV, nasal ou IM. Repetir a cada 10 min, por até 3x. Dose máxima: 6-10mg/dose 2° LINHA: Fenitoína (50mg/ml) dose ataque: 15-20mg/kg/EV, se crise durar + 10-15 min; dose máxima: 300mg/dia; Fenobarbital (100mg/ml) 15-20 mg/kg EV; se persistir repetir com dose de 5-10mg/kg após 15-20 min Monitoria 8°p – Khilver Doanne CONVULSÃO FEBRIL ABORDAGEM / TRATAMENTO PROFILAXIA Obs.: primeira coisa uso contínuo de antitérmico não diminui risco de nova crise febril! Não é indicado em crise febril simples! 1° LINHA p/ TTO profilático intermitente: benzodiazepínico via oral / retal SOMENTE durante período febril opções: diazepam, clonazepam ou midazolam; 2° -TTO profilático CONTÍNUO? Gera mais riscos que benefícios, PORTANTO, deve ter seu uso bem selecionado! Utiliza-se aqui: ácido valpróico OU fenobarbital Monitoria 8°p – Khilver Doanne
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