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Estudo de Caso: Política Pública "Um Computador por Aluno (UCA)" ETEAD - Sociedade e Culturas Digitais Prof. Dr. Daniel Marques Nome da Estudante: Tamires Cordeiro Santana Data: 04 de outubro de 2023 1. Contexto e Implementação da Política UCA Durante o Fórum de Davos, em 2005, o pesquisador americano Nicholas Negroponte propôs um esforço global de universalização do acesso às tecnologias da informação e comunicação (TICs), a partir da meta de garantir a todas as crianças o direito ao seu próprio computador, tomando como lema a ideia de um laptop para cada criança (One Laptop per Child – OLPC). O governo brasileiro traduziu esse lema no propósito de garantir “um computador por aluno” (UCA) nas redes públicas de ensino, tendo como objetivo principal melhorar o acesso à tecnologia e à educação digital, capacitando os alunos a aprenderem de forma mais eficaz e a adquirirem habilidades tecnológicas desde cedo (Camilo et al, 2008). De acordo com Echalar & Peixoto (2017), o Projeto Um Computador por Aluno (Projeto UCA) foi proposto no Brasil em 2005, inspirado pelas ideias do programa da One Laptop Per Child (OLPC), que propõe a distribuição de um laptop para uso individual de crianças de países pobres ou em desenvolvimento. A implantação do Projeto UCA, também denominado por Fase I ou Pré-Piloto, voltou-se para a implantação dos laptops em cinco escolas-modelo no país, nos municípios de Brasília (DF), Palmas (TO), Piraí (RJ), Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Esta fase contou com a produção de três cartilhas referentes ao Suporte Técnico – Banda Larga nas Escolas, Suporte ao Laptop Educacional e Cartilha do UCA (RNP), disponibilizadas pelo MEC. De acordo com Camilo et al (2008), foi encontrado obstáculos para o uso dos computadores na escola, entre os quais cabem destacar: a formação insuficiente, a falta de tempo, a carência de pessoal especializado, falta de motivação, a escassez de recursos tecnológicos e o pouco conhecimento de como usar as TICs em sua própria disciplina. Ou seja, a implementação do programa enfrentou desafios, incluindo questões relacionadas à infraestrutura de Internet em áreas remotas, treinamento de professores e manutenção dos equipamentos. 2. Cultura da Convergência e Transmídia nas Redes Sociais Jenkins (2015) retrata que a cultura da convergência se refere à interseção de diferentes formas de mídia, como texto, áudio, vídeo e imagens, que são acessadas e compartilhadas por meio de tecnologias digitais. No contexto da UCA, os estudantes podem usar esses dispositivos para criar projetos de mídia que combinem texto, áudio e vídeo, incentivando uma abordagem multimodal para a aprendizagem. A convergência também pode se estender ao currículo, com a incorporação de recursos de mídia e tecnologias interativas para tornar o aprendizado mais envolvente e acessível. A abordagem transmídia envolve contar uma história ou transmitir informações por meio de várias plataformas de mídia, cada uma contribuindo com uma parte única para a narrativa geral (Arnaut et al, 2011). Dessa forma, o currículo pode ser projetado de forma a permitir que os alunos explorem um tópico ou conceito por meio de múltiplas mídias, como livros didáticos, vídeos, jogos educacionais e recursos online. As redes sociais, como o WhatsApp por exemplo, também podem ser usadas para envolver os pais e a comunidade na educação, permitindo que eles acompanhem o progresso dos alunos e participem ativamente do processo de aprendizagem. Ou seja, política UCA pode se beneficiar da cultura da convergência e da abordagem transmídia, incentivando o uso de dispositivos tecnológicos para criar e compartilhar conteúdo educacional em diferentes formas de mídia. 3. Proposta de Melhoria ou Complementação ● Objetivo da Proposta: Desenvolver um programa de formação para incentivar os educadores a incorporar as redes sociais no planejamento de aulas, promovendo a interação e o engajamento dos alunos, de forma responsável. ● Estratégias: a) Oferecer opções de treinamento presencial e online para acomodar diferentes estilos de aprendizagem e agendas dos professores. b) Criar espaços de compartilhamento onde os professores possam compartilhar suas experiências e melhores práticas no uso das redes sociais na educação. c) Promover uma recompensa no salário a partir da participação no programa de formação. ● Recursos Necessários: Utilizar recursos tecnológicos gratuitos, como plataformas de ensino a distância de código aberto, para minimizar os custos de desenvolvimento de programas de capacitação online. Além disso, poderia estabelecer parcerias com empresas de tecnologia, provedores de serviços de internet que podem fornecer dispositivos e acesso à internet, em troca de oportunidades de envolvimento com a comunidade escolar. ● Benefícios Esperados: A capacitação de professores pode resultar em uma série de benefícios para o sistema educacional, como por exemplo: melhoria na qualidade da educação, maior engajamento dos alunos, desenvolvimento de habilidades digitais dos professores e alunos, ampliação da comunicação, inovação pedagógica, enriquecimento do conteúdo, avaliação formativa, fortalecimento da comunidade escolar, alinhamento com as tendências atuais, valorização do corpo docente e aumento do acesso à educação. Tudo começa pelo professor, ou seja, a capacitação de professores pode ter um impacto positivo na qualidade da educação, no engajamento dos alunos e no desenvolvimento de habilidades digitais, preparando os alunos para o futuro e enriquecendo a experiência educacional de todos os envolvidos. 4. Conclusão A capacitação de professores é fundamental para garantir que esse programa seja aproveitado ao máximo para enriquecer a experiência de aprendizado dos alunos. É importante que essa capacitação seja contínua e adaptada às necessidades em constante evolução dos educadores e dos estudantes. 5. Referências Arnaut, R. D., Hipólito, L., Nogueira, F., Rodrigues, B., Uhieda, S., Bueno, M. J., ... & Siena, N. (2011). Era transmídia. Revista GEMInIS, 2(2), 259-275. Camelo, A. L., Queiroz Filho, A. P. D., Lustosa, P. H. R., Gomes, A. V. A., & Lopes, C. A. Um computador por aluno: a experiência brasileira. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2008. Echalar, Adda Daniela Lima Figueiredo; Peixoto, Joana. Programa Um Computador por Aluno: o acesso às tecnologias digitais como estratégia para a redução das desigualdades sociais. Ensaio: avaliação e políticas públicas em educação, v. 25, n. 95, p. 393-413, 2017. Jenkins, Henry. Cultura da convergência. Aleph, 2015.