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Adolescência 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência é um período da vida 
no qual acontecem diversas mudanças físicas, psicológicas e comportamentais, que 
começa aos 10 e vai até os 19 anos. No Brasil, para o Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA), ela começa aos 12 e vai até os 18 anos, provavelmente para 
coincidir com a maioridade penal brasileira. A primeira mudança observada, geralmente, 
diz respeito às mudanças físicas. É o período de um acelerado crescimento da estatura. 
O corpo do adolescente muda tão rápido e tão radicalmente que não dá tempo para que 
ele se acostume com as modificações. O mais comum é encontrarmos adolescentes 
com posturas “desengonçadas”, movimentos pouco harmoniosos dos braços e pernas, 
resultando num caminhar “fora do ritmo”. 
Ao lado desse crescimento, uma série de outras modificações orgânicas começa a 
acontecer, com características que variam entre meninas e meninos. Começam a 
aparecer os chamados caracteres sexuais secundários: nas meninas, o surgimento das 
mamas; nos meninos, o aumento dos testículos; em ambos, o desenvolvimento dos 
pelos pubianos. A partir dessas modificações orgânicas, começa uma fase chamada 
puberdade. A puberdade, então, não é o mesmo do que adolescência, mas ocorre 
dentro da adolescência, e marca, organicamente, o início da preparação do sujeito para 
a procriação. A idade do início da puberdade também varia em função do sexo: nos 
meninos, ocorre em torno dos 12 aos 14 anos; nas meninas, entre os 10 e os 13 anos. 
Nos meninos: modificação no timbre da voz; aumento da largura dos ombros; 
aparecimento de pelos no rosto, axilas e região pubiana; crescimento do pênis e 
testículos; e o surgimento da primeira ejaculação. 
Nas meninas: desenvolvimento das glândulas mamárias; aumento dos quadris; 
aparecimento de pelos na região pubiana; e o surgimento da primeira menstruação, 
chamada menarca. Essas características, apesar de serem universais e de 
acontecerem em todos os seres humanos, podem sofrer variações, sendo aceleradas, 
retardadas e até interrompidas, dependendo de fatores ambientais, estresse, má 
nutrição, atividade física intensa. Por exemplo, a desnutrição pode retardar a menarca 
em meninas e a prática de atividade física intensa, como o trabalho infantil, pode 
acelerar esse processo. São conhecidos os estudos que mostram o surgimento da 
menarca aos 9 anos de idade em meninas habitantes de regiões de clima quente e, por 
outro lado, aos 15 anos em meninas que habitam regiões de clima frio. Todas essas 
mudanças na anatomia e na fisiologia são, geralmente, acompanhadas de mudanças 
comportamentais. A puberdade, como marca orgânica, é identificada pelo mundo dos 
adultos como o momento em que o adolescente precisa começar a assumir outro papel 
social, o que implica novas responsabilidades e posturas frente à vida. Como essas 
mudanças ocorrem de uma forma muito rápida, o adolescente pode se sentir bastante 
confuso, cheio de dúvidas e ansiedades com relação ao que a sociedade espera dele. 
Essa pode ser, então, uma fase marcada por perdas: ele perde seu corpo infantil e tem 
que passar a conviver com um “corpo novo” que ele ainda não sabe manejar muito bem; 
perde dos pais a proteção e o amparo dispensados na infância; perde a identidade e o 
papel dentro da família na qual mantinha uma relação de dependência natural. Essas 
perdas, dependendo do suporte dado pela estrutura social e familiar, podem ser 
vivenciadas como uma grande crise, que os autores costumam chamar de “crise da 
adolescência”. 
Mauricio Knobel é um dos estudiosos dessa questão. Ele definiu uma síndrome normal 
da adolescência, como uma representação esquemática do fenômeno. A definição de 
uma “normal anormalidade”, para ele, não significa que está identificando algo 
patológico, mas serve somente para facilitar a compreensão desse período da vida. 
Vamos analisar agora as suas características psicológicas: 
Busca de si mesmo e da identidade – Todas as modificações corporais e as expectativas 
da sociedade com relação ao jovem levam-no a perceber que está vivenciando uma 
situação nova, a qual muitas vezes é vivida com ansiedade pelo desconhecimento de 
que rumo tomar. A experiência de ter um corpo em mutação leva a conflitos com a auto-
imagem, fazendo com que ora sinta orgulho ora sinta vergonha do próprio corpo. Apesar 
de todas essas modificações, o adolescente precisa dar uma continuidade a sua 
personalidade, ou seja, precisa saber quem ele é, em que está se transformando, para 
assim reconstruir sua identidade. Os jovens passam horas e horas em frente ao espelho 
e comparam-se uns aos outros, buscando um padrão de normalidade e aceitação. Tais 
situações requerem momentos de isolamento e a assunção de identidades transitórias, 
ocasionais ou circunstanciais, no sentido de entender a sua intimidade e, assim, 
desenhar a sua própria identidade. 
Tendência grupal – A busca da identidade no adolescente faz com que ele recorra, como 
comportamento defensivo, à busca pela uniformidade, que pode lhe fornecer segurança 
e auto-estima. A partir daí surge o espírito de grupo. No grupo, há um processo massivo 
de identificação coletiva. Basta olhar para um grupo de adolescentes: as vestimentas 
são semelhantes, o modo de falar (às vezes, criando um “idioma” próprio), os lugares 
freqüentados, os interesses, tudo é absolutamente semelhante. Neste momento, o 
jovem se identifica muito mais com seu grupo do que com os familiares. No grupo, ele 
sente-se reforçado e apoiado em suas ansiedades. Daí porque a vivência grupal é de 
fundamental importância. O grupo se constitui na transição necessária entre o mundo 
familiar e o mundo adulto. 
 Necessidade de intelectualizar e fantasiar – A realidade impõe ao adolescente a 
necessidade de renunciar ao corpo infantil e à proteção familiar. Isso pode ser vivido 
como uma experiência de enorme desamparo e impotência, que o obriga a recorrer ao 
pensamento para compensar essas perdas. O adolescente, então, tende a fugir para 
seu mundo interior, como uma forma de buscar um reajuste emocional, e nessa tentativa 
de encontro consigo mesmo começa a demonstrar preocupações de ordem ética, moral, 
social. Neste momento, pode desenvolver grandes “teorias” sobre o mundo, nas quais 
vai misturar justificativas concretas com idéias fantasiosas infantis. 
Crises religiosas – A conduta do jovem pode ir do total ateísmo até comportamentos 
religiosos tão engajados que podem cursar do misticismo até o fanatismo. Entre essas 
condutas, há uma grande variedade de posições religiosas e mudanças muito 
freqüentes, tudo isso concordando com as mudanças e flutuações do seu próprio mundo 
interno. A questão da religiosidade emerge como decorrência dos questionamentos do 
adolescente sobre sua identidade, em uma tentativa de responder questões como 
“quem sou”, “o que estou fazendo aqui”, “qual o meu papel na vida”. 
Deslocamento temporal – A vivência temporal dos adolescentes pode ser observada em 
situações que provavelmente já presenciamos: há um trabalho escolar para ser feito e 
ele se envolve em outro tipo de atividade; a mãe insiste com a urgência do tempo e ele 
responde que “dá tempo, o trabalho é pra... amanhã”. Outra situação seria uma festa 
marcada para um mês depois, para a qual ele insiste em providenciar uma roupa 
“porque está em cima da hora”. As urgências do adolescente são tão grandes quanto o 
“deixar para depois”. Predomina uma visão sincrética do mundo, ou seja, uma visão 
indiferenciada dos aspectos que constituem a realidade que se quer compreender, a 
percepção do todo sem, porém, se compreender os seus aspectos constitutivos. O 
adolescente não possui ainda as características adultas de delimitar e discriminar, o que 
só vai adquirindo lentamente ao longo do seu desenvolvimento. À medida que vai 
elaborando suas perdas, começa a surgir o conceito de tempo, que implica as noções 
de passado, presente e futuro. 
Evolução sexual do auto-erotismo à heterossexualidade –Observa-se no adolescente 
uma oscilação entre a atividade do tipo masturbatória e o começo dos exercícios 
genitais, que se inicia se forma basicamente exploratória até evoluir para a verdadeira 
genitalidade procriativa. Ao aceitar a sua genitalidade, o adolescente começa a busca 
por um par. É a fase das grandes e “definitivas” paixões, que representa todos os 
aspectos dos vínculos intensos e frágeis das relações interpessoais do adolescente. A 
curiosidade sexual pode se manifestar pelo interesse por revistas pornográficas e 
mesmo por experiências de ordem homossexual. O exibicionismo e o voyerismo se 
manifestam nas vestimentas, nas maquiagens das meninas, nas atitudes durante jogos 
e festas. Começam os contatos superficiais, depois profundos e mais íntimos, que 
preenchem a sua vida sexual. 
Atitude social reivindicatória – Tais atitudes muitas vezes se configuram em respostas 
às restrições impostas pela sociedade. Elas são a consolidação do que vem ocorrendo 
no pensamento. As intelectualizações e fantasias conscientes que se reforçam nos 
grupos fazem com que essas atitudes se transformem em pensamento ativo, em uma 
verdadeira ação social, política, cultural. Muitas vezes, as perdas são vividas como não 
sendo deles, mas da sociedade, dos seus pais, de sua família. O resultado é que 
descarregam toda sua revolta nessas figuras e podem vir a desenvolver atitudes 
destrutivas, quando as perdas não são bem elaboradas. Essa particular característica 
do adolescente é aproveitada, em muitos casos, por certas seitas e grupos políticos ou 
religiosos para arregimentar seguidores. 
Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta – A conduta do 
adolescente está dominada pela ação, sendo esta a sua forma mais típica de expressão. 
Mas, o adolescente não pode manter uma linha de conduta rígida, permanente, mesmo 
que tente. Ele tem uma personalidade, no dizer de Spiegel, “esponjosa”, ou seja, 
permeável, absorvente, que recebe e também projeta tudo enormemente. Isso faz com 
que não possa ter uma conduta linear, o que só é observado em situações patológicas, 
como no autismo e nas neuroses. Na verdade, é o mundo adulto que não suporta as 
contradições dos adolescentes, não aceita suas identidades transitórias e exige deles 
uma atitude adulta para a qual ainda não estão capacitados. 
Separação progressiva dos pais – Esta é uma das perdas fundamentais que o 
adolescente necessita assumir internamente e que pode gerar uma ansiedade muito 
intensa. Muitas vezes, os pais não aceitam e negam o crescimento dos filhos, 
dificultando mais ainda a resolução dessa ansiedade. Daí a importância da 
internalização por parte dos adolescentes de boas imagens parentais, com papéis bem 
definidos, sem ambigüidades ou encobrimentos. Algumas vezes, os pais transmitem 
uma imagem de personalidades pouco consistentes, forçando o adolescente a buscar 
identificação com outras imagens adultas, como ídolos do esporte ou do cinema, ou 
mesmo com figuras negativas que prejudicam mais ainda sua formação. Um exemplo 
disso é a organização criminosa do tráfico de drogas, que alicia jovens e até crianças 
para o mundo da criminalidade. 
Constantes flutuações do humor – Além das modificações hormonais que já 
influenciariam as modificações do humor, o sentimento básico de ansiedade e 
depressão acompanha a adolescência, sobretudo devido às perdas que sofre. A 
maneira como o adolescente as elaborar determinará a maior ou menor intensidade 
dessas flutuações. A realidade nem sempre satisfaz suas aspirações, resultando em 
sentimentos de frustração e solidão. Mas, da mesma maneira que se sente isolado do 
mundo, um gesto simples pode fazer com que se sinta a mais feliz das criaturas. 
Jovem Adulto 
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei 8.069/1990), a fase 
jovem adulto tem início a partir dos 18 anos de idade, acompanhando o alcance da 
maioridade. Já a Política Nacional de Juventude - PNJ (Lei 11.129, 2005) atribui ao 
jovem adulto a faixa etária entre 25 e 29 anos. No campo da produção de conhecimento 
científico em Psicologia, Levinson (1977) situa a fase do jovem adulto entre 22 e 29 
anos, enquanto para Erikson (1976), os jovens adultos encontram-se na faixa etária 
entre 20 e 35 anos. 
A fase jovem adulto é considerada um marco, pois coincide com a busca de 
diferenciação do self em relação à família de origem, definida como a capacidade para 
adquirir equilíbrio entre funcionamento emocional, intelectual, intimidade e autonomia 
nas relações (Bowen, 1978). A transição da adolescência para a vida adulta, que retrata 
a passagem pela fase jovem adulto, exige, portanto, a reorganização da família e 
principalmente da relação parental, pois os filhos buscam por maior autonomia enquanto 
os pais precisam, gradualmente, substituir o controle pelo apoio, de modo que a relação 
se torne menos hierárquica (Carter & McGoldrick, 1995). Essa transição tende a ser 
acompanhada por estresse e ansiedade entre todos os membros (Aylmer,1995) e as 
famílias acabam ativando de forma mais perceptível os seus mecanismos de 
funcionamento (Minuchin, 1982). Ao considerar a condição dos pais, essa fase do ciclo 
de vida é comumente conhecida pelo termo "ninho vazio", pois condiz com o período 
em que o último filho deixa a casa da família de origem até a aposentaria dos genitores 
(Carter & McGoldrick,1995). 
Quando se trata do desenvolvimento psicossocial do jovem adulto, Erikson (1976) 
propõe uma sucessão de oito estágios, sendo a adultez jovem correspondente ao sexto. 
Uma das principais características dessa fase, de acordo com o autor, é a luta pelo 
desenvolvimento da identidade, sendo que nesse processo é possível que ocorra certa 
confusão de papéis que envolvem a relação com a família e com os amigos, além do 
início das relações amorosas e dúvidas sobre a identidade profissional. Alguns 
indicativos de uma transição bem-sucedida para a vida adulta são a construção de 
novos relacionamentos íntimos (Erikson, 1976), a aquisição de habilidades para 
desenvolver algum trabalho e o planejamento da carreira (Aylmer, 1995). 
Especificamente em relação ao desenvolvimento de carreira, Aylmer (1995) afirma que 
o jovem adulto na faixa dos 20 anos que ainda não tenha realizado uma escolha 
profissional, caracterizada, na maioria das famílias de classe média e alta, pelo ingresso 
na universidade, tende a ficar vulnerável à dúvida sobre si, à diminuição da autoestima, 
à ansiedade e até mesmo a uma possível depressão. Portanto, a fase do jovem adulto 
é significativamente atravessada por questões relacionadas ao desenvolvimento de 
carreira. 
Até a metade do século XX, as pesquisas sobre carreira eram fundamentadas nas 
concepções clássicas da Orientação Profissional, dado que o desenvolvimento de 
carreira era entendido enquanto uma dimensão à parte do desenvolvimento global do 
sujeito (Bardagi, Lassance, & Teixeira, 2012). A premissa subjacente, em tais 
concepções, considerava que o processo de escolha profissional era uma tarefa típica 
e exclusiva da adolescência. A partir da segunda metade do século XX, os estudos 
passaram a adotar pressupostos das teorias desenvolvimentistas (Super, 1980, 1990). 
O desenvolvimento de carreira passou, então, a ser gradativamente concebido como 
um processo dinâmico, que não se reduz ao período da adolescência, mas ocorre ao 
longo de toda a vida (Bardagi et al., 2012). 
As contribuições de Super (1980, 1990) estão entre as mais influentes no domínio da 
orientação profissional (Bardagi et al., 2012). O autor desenvolveu sua abordagem por 
cerca de 40 anos e reformulou suas premissas ao longo desse período. Dentre os 
principais refinamentos da teoria, pode-se citar a ênfase no papel do autoconceito 
(definido como a percepção a respeito de si) no processo de formação e implementação 
de escolhas profissionais. A partir da elaboração da "teoria ao longo da vida e dos 
espaços de vida" (life-span, life-space theory), o desenvolvimento de carreirapassou a 
ser concebido por Super (1990) como um processo sucessivo de estágios de 
crescimento e aprendizagem, que se convertem no aprimoramento progressivo do 
repertório de comportamentos profissionais. Segundo o autor, a fase jovem adulto 
corresponde ao estágio de exploração, descrito como um momento de autoanálise, 
experimentação e desempenho de diferentes papéis pessoais e profissionais, que 
fundamentam o autoconceito do jovem adulto. 
Em consonância com essa mudança paradigmática referente ao entendimento da 
carreira, as questões contex-tuais, incluindo elementos socioculturais, tecnológicos e 
relacionais, passaram a adquirir maior importância tanto no campo teórico quanto na 
prática. Os pesquisadores também passaram a investigar a relação entre família e 
carreira de forma mais enfática, além de abarcarem todos os estágios do ciclo de vida. 
A ampliação do foco nas investigações tem apontado que independentemente da 
abordagem adotada, a família é considerada um dos fatores de maior influência no 
desenvolvimento de carreira (Whiston & Keller, 2004). 
Quando se trata da relação entre desenvolvimento de carreira e aspectos familiares 
durante a transição para a vida adulta, Whiston e Keller (2004) pontuam que, embora 
exista uma produção científica considerável, pouco esforço tem sido feito no sentido de 
agregar as pesquisas e fornecer uma base empírica satisfatória. Bardagi et al. (2012) 
assinalam que a exploração dessa relação é bem menos expressiva na realidade 
brasileira, se comparada à internacional. Dentre as poucas constatações oriundas de 
pesquisas empíricas internacionais, a influência positiva da família no desenvolvimento 
de carreira de jovens adultos tem sido associada ao apoio parental em relação aos 
estudos, ao fornecimento de informações a respeito das profissões e do mundo do 
trabalho e ao incentivo referente à aquisição de autonomia dos filhos. Por outro lado, 
baixos níveis de apoio e comunicação familiar, expectativas dos pais por alto 
desempenho profissional dos jovens adultos e pressão para a escolha de profissões 
determinadas pela família têm sido identificadas como fatores negativos no processo de 
escolha de carreira (Bardagi et al., 2012). 
Ao refletir sobre as vicissitudes do ciclo vital das famílias brasileiras, é fundamental 
pontuar que as constantes mudanças no contexto socioeconômico e cultural impactam 
na forma como as famílias têm vivenciado o ciclo de vida e, consequentemente, as 
questões de cunho profissional. São exemplos dessas mudanças a diminuição dos 
índices de natalidade, o aumento da expectativa de vida, a ampliação dos divórcios e 
re-casamentos e as novas configurações relativas aos papéis de gênero (Vieira & Rava, 
2010). Especificamente na fase de transição para a vida adulta, a imprevisibilidade 
crescente do mercado de trabalho tem contribuído para o aumento da dificuldade de 
inserção profissional e certa instabilidade nas relações afetivas (Camarano, Mello, 
Pasinato, & Kanso, 2004). Essas mudanças vêm ampliando a permanência de jovens 
adultos na residência da família de origem, fenômeno designado como "ninho cheio" 
(Silveira & Wagner, 2006) ou "ge-ração-canguru" (Féres-Carneiro, Henriques, & 
Jablonski, 2004). Os jovens adultos contemporâneos experimentam certa ambivalência 
entre dependência e autonomia, fato que tem provocado o adiamento de compromissos, 
até então, típicos dessa fase do ciclo vital, a exemplo do casamento e da maternidade. 
Essas transformações geraram o conceito de "adultos emergentes", preconizado por 
Arnett (2006) e também conhecido pelo termo "prolongamento da adolescência" 
(Erikson, 1976). 
No contexto brasileiro, foi somente a partir de 2005 que as demandas de jovens adultos 
acima dos 18 anos entraram na agenda das políticas públicas, com a implantação da 
Política Nacional de Juventude - PNJ (Lei 11.129, 2005). No que diz respeito à produção 
de conhecimento científico com foco no público adulto jovem, Carlucci, Barbato e 
Carvalho (2011) pontuam que tem sido ampliada nas últimas décadas, devido ao 
aumento da complexidade do processo de transição para a vida adulta, gerado pela 
dificuldade de adequação entre as necessidades do mundo do trabalho e o processo de 
escolha profissional. 
O jovem adulto, por sua vez, passa por um momento de construção da identidade 
pessoal e profissional (Erikson, 1976), buscando explorar possíveis cenários de carreira 
e experimentando algumas escolhas iniciais (Super, 1990). Nesse momento de 
mudanças, os valores e mitos intrínsecos ao projeto de vida e de trabalho da família são 
transmitidos a eles, direta ou indiretamente, de forma transgeracional (Bowen, 1978). O 
sistema familiar pode atuar como uma instância fortalecedora na construção da 
identidade profissional, oferecendo apoio e incentivo à exploração profissional e às 
escolhas na carreira. Por outro lado, a família também pode potencializar a insegurança 
desses jovens adultos frente aos desafios pessoais e profissionais, quando não 
encontra recursos emocionais para enfrentar o processo de transição. 
De acordo com Kublikowski e Rodrigues (2016), as trajetórias de construção do jovem 
adulto na contemporaneidade são demarcadas pela multiplicidade de arranjos 
familiares, diante das possibilidades culturais e socioeconômicas de cada sistema 
familiar. O ninho cheio, ou seja, a permanência do jovem adulto na casa dos pais, não 
indica, por si só, se a família apresenta ou não um nível saudável de funcionamento, 
bem como se o impacto desse funcionamento no desenvolvimento de carreira dos filhos 
é positivo ou negativo. No que se refere à relação entre o ninho cheio e aspectos 
profissionais durante a fase dos jovens adultos, estudos internacionais têm confirmado 
a ausência de associação entre separação física e aspectos favoráveis ao 
desenvolvimento de carreira, como tomada de decisão profissional (Blustein, Walbridge, 
Friedlander, & Palladino, 1991) e maturidade de carreira (Lee & Hughey, 2001). 
Meia idade 
A classificação etária proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), considera 
na meia-idade pessoas com 45 a 59 anos . Para Santos e Knijnik (2006, p.24) “a meia-
idade tem sido pouco abordada nos estudos (...), os quais têm dado muita ênfase à 
terceira idade". 
Os anos da meia-idade são fundamentalmente caracterizados pela experiência psíquica 
interna de confronto com a morte (a morte de que a geração anterior se aproxima), e 
por um balanço e avaliação da vida vivida, aquela que a geração dos mais novos está 
agora a atravessar. 
rata-se de um período de desafio, cujo estudo é essencial, numa perspectiva de 
intervenção e prevenção, porque muito se pode ganhar para pôr a render nos últimos 
anos da vida. Entender a meia-idade permite não só ajudar a viver melhor este período, 
mas todos os anos futuros, pois há ainda suficiente capacidade de força e investimento 
na vida para que se possam operar reestruturações. Paralelamente, pela sua colocação 
de charneira entre duas gerações adultas, a intervenção no adulto de meia-idade terá 
naturalmente consequências na sua relação com a geração dos mais velhos, mas 
também com a geração dos filhos e netos. Os homens dessa idade também têm esse 
tipo de preocupação, mas admitem-na menos, provocando frustração nas esposas com 
a sua aparente indiferença frente às prescrições médicas. 
Finalmente, uma palavra sobre a especificidade da vivência feminina: a menopausa, 
enquanto marco biológico de finalização da atividade reprodutiva da mulher, limitação 
que o homem nunca irá experimentar, é o acontecimento mais marcante (e mais 
estudado) desta fase da vida da mulher. Do ponto de vista psicológico, ele foi abordado 
inicialmente pela psicanálise (desde Freud, se bem que muito pontualmente) e 
predominantemente por mulheres psicanalistas (para uma abordagem do tema na 
psicanálise, ver Laznik, 2003). No entanto, a menopausa só surgiu como área de estudo 
e investigação através do modelo médico que divulga a mensagem esperançosada 
Terapia de Reposição Hormonal no combate aos sintomas físicos e psicológicos, a ela 
frequentemente associados. Quando a psicologia (nomeadamente, a psicologia do 
desenvolvimento e os estudos femininos) e a antropologia se interessaram pelo estudo 
da menopausa, veio a perceber-se que o modo como ela é vivida em diferentes culturas 
e grupos sociais tem enormes diferenças, as quais influenciam a própria experiência 
dos sintomas físicos (inclusivamente os que decorrem das alterações hormonais) e 
psicológicos, experiência que, afinal, não é universal. Torna-se, então, evidente que a 
compreensão da vivência deste fenómeno biológico necessita integrar variáveis 
psicológicas, sociais e culturais. O estudo destas variáveis tem tido um enorme 
desenvolvimento na identificação das atitudes em relação à mulher (no seus papéis 
feminino e materno), nos seus hábitos de vida e saúde, na sua história relacional, 
nomeadamente na sua função muito particular de “gestora” e responsável das relações 
familiares e intergeracionais. Assim, todos os marcos associados ao relógio social, atrás 
referidos, têm sido estudados no modo particular como afetam a mulher (e.g., o 
síndroma do ninho vazio), tal como os que se associam ao relógio biológico – 
reveladores e sinalizadores do envelhecimento – que, nas culturas ocidentais, penaliza 
de modo diferente a mulher, em relação ao homem. Estes estudos têm permitido 
ultrapassar uma visão predominantemente negativa da mulher de meia-idade, ou seja, 
da mulher na menopausa ou que dela se aproxima (deprimida, irritável, emocionalmente 
instável, não atrativa sexualmente), para uma óptica compreensiva dos desafios que 
esta fase de vida vem colocar e que podem conter a promessa de novos investimentos 
e realizações nos muitos anos de vida ainda disponíveis. 
Jung (2003) notou existirem tendências entre homens e mulheres para uma troca de 
valores e papéis na segunda metade da vida: os primeiros tornam-se mais interessados 
em pessoas e mais emotivos; as segundas, tornam-se mais assertivas e decididas. 
Estudos mais recentes deram apoio à teoria de Jung (GUTMANN, 1977; NEUGARTEN, 
1968). 
A verdade é que é na meia-idade muitas pessoas conseguem atingir o máximo em suas 
realizações. É uma época de tensão, com novos desafios no trabalho e novas 
responsabilidades, a partida dos filhos do lar, novos compromissos emocionais. A 
maioria das pessoas costuma ter reações previsíveis para situações consideradas 
tensas. Os homens de meia-idade são mais propensos a se estimularem por tensão 
considerável, diferentemente dos mais jovens, enquanto que estes e os velhos preferem 
o mínimo de tensão. Quanto às mulheres, a relação é diferente: as jovens preferem a 
tensão como estímulo e as de meia-idade sentem-se melhor quando o nível de tensão 
é baixo (FISKE, 1981). Entretanto, gostando ou não delas, sem tensão não há vida 
(SÉLYÉ, 1975). 
O problema mostra-se muito sério para as mulheres de meia-idade: pesquisas feitas 
nos EUA mostraram que 93% delas, quando atingidas por um nível mais alto de tensão, 
sentem-se esmagadas (FISKE, 1981). Tudo indica que a causa dessa situação está no 
fato de parte das mulheres viverem protegidas dentro do lar, menos expostas que os 
homens aos desafios da vida, dificultando-lhes o crescimento e a instrumentalização 
diante de dificuldades maiores. 
Quanto às que trabalham fora e têm jornada de trabalho dupla, além do serviço externo 
ficam com a incumbência de cuidar do lar, fazer as compras, preparar o jantar, organizar 
as tarefas para o dia seguinte e, muitas vezes, precisam ainda cuidar dos pais ou dos 
sogros idosos. Essa sobrecarga de trabalho funciona como uma tensão adicional. 
Muitas pessoas, sejam elas de classe média ou média baixa, são ansiosas acerca de si 
mesmas ou do futuro. As estimuladas não desistem facilmente diante dos obstáculos, 
não culpam a sociedade nem o destino pelos insucessos ocorridos. Têm muitos 
interesses e acabam por desenvolver estilos de vida autônomos. Entretanto, é possível 
que mesmo assim apresentem alguns problemas físicos, geralmente brandos. Mas, seja 
qual for o caso, apresentam muito mais otimismo do que muita gente saudável. No 
conjunto, são muito menos sujeitas a doenças do que as esmagadas. Há, contudo, 
fatores de ordem cultural que influenciam para que pessoas estimuladas sofram um 
decréscimo em sua satisfação: são os preconceitos contra o envelhecimento. 
Quanto à crise do lar vazio, muitas mulheres ao superá-la desenvolvem um modo de 
viver mais autônomo. Embora o esvaziamento do lar possa parecer a causa da 
angústia, ele frequentemente é o evento disparador de emoções acumuladas há muito 
tempo, resultantes do sentimento de estarem sendo tolhidas devido ao papel social 
imposto a seu sexo. 
Entre as pessoas de meia-idade, as que possuem padrões de vida mais autônomos 
podem encontrar expressão no trabalho, no lazer ou em ambas as coisas. Via de regra, 
até a idade de trinta ou quarenta anos, os indivíduos do sexo masculino demonstram 
satisfação com o que fazem. Depois dessa época, pode acontecer de viverem anos de 
tédio. Para o grupo dos assalariados, em meio a suas mais frequentes preocupações 
estão a hipótese da perda do emprego e o enfrentamento da inevitável fase da 
aposentadoria temas que se tornam insistentes em suas conversas. Embora digam que 
a causa desse tipo de preocupação está relacionada com o sustento material, o cerne 
da angústia pode ser outro: o que farão dali para frente para se manterem socialmente 
produtivos e eficazes? 
Entre as mulheres, existem indícios de diferenças de classe. Na medida em que buscam 
auto-expressão no trabalho ou em outro setor, as representantes das classes médias e 
inferiores se preocupam menos com a esfera interpessoal. Já as profissionais, do tipo 
bem-dotado, não apresentam mudança como essa. Muitas estavam se tornando 
conscientes de saídas mais satisfatórias. 
Se em um casal, homem e mulher tomam consciência de suas necessidades 
simultaneamente, a situação entre ambos pode ficar difícil. Algumas mulheres, não 
podendo dar expansão às suas necessidades fora do lar, tornam-se assertivas ali. Por 
isso, frente à ameaça da possível violação por parte do marido do seu território, ela se 
torna agressiva. 
No entanto, os diferentes caminhos seguidos pelo homem e pela mulher na meia-idade 
podem se tornar expressão de competência e de criatividade, proporcionando saídas 
para compromissos interpessoais. 
Nessa fase da existência, a maioria das pessoas sabe o que as frustra ou as desafia. O 
que traz prazer pode tanto estar presente na vida profissional quanto no lazer. São os 
sentimentos e as atitudes acerca das atividades usuais que revelam os verdadeiros 
interesses dos indivíduos, mostrando como a vida familiar e a profissional podem se 
complementar. Assim, há quem necessite de um lazer oposto ao de seu trabalho (por 
exemplo, quem trabalha o dia todo em um escritório procura praticar esportes mais 
movimentados), mas há quem prefira continuar fazendo, no lazer, algo muito parecido 
com o que faz no trabalho (por exemplo, trabalha na cozinha de um restaurante e sente 
muito prazer em convidar pessoas para almoçar em sua casa nos fins de semana). 
A ampliação da expectativa de vida também está fazendo com que as pessoas da meia-
idade revejam seus valores e busquem alternativas para suas vidas futuras. 
 
Vida Adulta Tardia 
 O envelhecimento é definido como um conjunto de transformações que ocorrem com o 
avançar da idade. É um processo inverso no desenvolvimento humano. Enquanto que 
na infância é evolução, na senescência é involução. O declínio das capacidades 
funcionais e das aptidões inicia-se na fase adulta e se precipita no envelhecer. De 
acordo com Souza (1998) o envelhecimento se caracteriza por algumas perdas das 
capacidades fisiológicas dos órgãos, dos sistemas e de adaptação a certas situações 
de estresse. Tal fenômeno é universal, progressivo, na maioria das vezes irreversível e 
resultará num aumento exponencialda mortalidade com a idade, bem como mais 
probabilidade de doenças. No entanto, a ocorrência de uma alimentação balanceada, a 
prática regular de exercícios físicos, o viver em um ambiente saudável, além dos 
progressos da medicina, têm levado a subverter este conceito e aumentar a 
longevidade. Muitos dos problemas que eram considerados elementos inevitáveis da 
idade avançada, agora são vistos como parte do processo de envelhecer, resultantes 
do estilo de vida ou de patologias. 
De acordo com Papalia (2010) o envelhecimento primário é um processo gradual e 
inevitável de deterioração física que começa cedo na vida e continua ao longo dos anos, 
não importa o que as pessoas façam para evitá-lo. Ocorre de forma semelhante nos 
indivíduos da mesma espécie, de forma gradual e previsível. O sujeito está dependente 
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da influência de vários fatores determinantes para o envelhecimento, como estilo de 
vida, alimentação educação e posição social, embora as suas causas sejam distintas. 
O envelhecimento secundário é o envelhecimento resultante das interações das 
influências externas, e é variável entre indivíduos em meios diferentes. É resultante de 
doenças, abusos e maus hábitos de uma pessoa, fatores que em geral podem ser 
controlados. 
Saúde e longevidade estão intimamente relacionadas à educação e outros aspectos do 
status socioeconômicos. Alguns estudiosos classificam os indivíduos idosos, situando-
os em categorias funcionais, que são: meia-idade; velhice; velhice avançada; e velhice 
muito avançada. Porém, segundo Papalia (2010), a classificação mais significativa é por 
idade funcional, que é a capacidade de uma pessoa interagir em um ambiente físico e 
social em comparação com outros da mesma idade cronológica. A diferença individual 
determina como cada ser humano irá envelhecer. Entretanto variáveis como sexo, 
herança genética e estilo de vida contribuirão determinando entre homens e mulheres 
as diferenças nos ritmos de envelhecimento que cada um apresentará. 
Segundo, ainda, Shephard (2003), a categorização funcional do idoso não depende 
apenas da idade, mas também de sexo, estilo de vida, saúde, fatores sócio-econômicos 
e influências constitucionais, estando provado, assim, que não há homogeneidade na 
população idosa. A idade funcional está estreitamente ligada à idade subjetiva do 
indivíduo. Várias áreas de pesquisa tem se debruçado sobre o estudo do 
envelhecimento, como a Gerontologia e a Geriatria. 
A expectativa de vida aumentou pragmaticamente desde 1900. Pessoas brancas 
tendem a ter mais longevidade de que pessoas negras, e as mulheres mais que os 
homens; por isso, o número de mulheres mais velhas ultrapassa o de homens mais 
velhos em uma proporção de três para dois. 
As taxas de mortalidade têm diminuído, doenças cardíacas, câncer e derrame são as 
três principais causas de morte para pessoas com mais de 65 anos. A senescência 
período do ciclo de vida marcado por mudanças físicas associadas ao envelhecimento 
começa em idades variadas para as diferentes pessoas. 
As teorias de envelhecimento biológico enquadram-se em duas categorias: teorias de 
programação genética, sugeridas pelo limite hayflick, e teorias de taxas variáveis, (ou 
teorias de erro), como aquelas que apontam para os efeitos dos radicais livres e da 
autoimunidade. 
As curvas de sobrevivência apoiam a ideia de um limite definido para o ciclo de 
prolongamento de vida através de manipulação genética ou de restrição calórica, alguns 
teóricos contestam essa ideia. 
As mudanças no sistema e nos órgãos corporais com a idade são altamente variáveis 
e podem ser resultado de doenças, o que, por sua vez, é influenciado pelo estilo de vida. 
As mudanças físicas comuns incluem perda de coloração, de textura e de elasticidade 
da pele, o branqueamento dos cabelos diminuição da estatura, comprometimento 
ósseo, tendência a dormir menos. A maioria dos sistemas corporais costuma continuar 
funcionando bem, mas o coração torna-se mais suscetível a doença a capacidade de 
reserva do coração e de outros órgãos diminui. 
Embora o cérebro mude com a idade, as mudanças variam consideravelmente, elas 
incluem perda ou redução das células nervosas e um retardo geral das respostas. O 
cérebro também parece ser capaz de produzir novos neurônios e formar novas redes 
neurais no decorrer da vida. Problemas visuais e auditivos pode prejudicar a vida 
cotidiana, mas, muitas vezes podem ser corrigidos. Transtornos visuais comuns são: 
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http://producao.virtual.ufpb.br/books/edusantana/fundamentos-psicologicos-da-educacao-livro/livro/livro.chunked/ch09.html#SHEPHARD03
catarata, e degeneração relacionada a idade, perdas no paladar e no olfato podem 
causar má nutrição. 
Com atividades físicas é possível melhorar a força muscular, o equelibrio e o tempo de 
reação. Muitos idosos são sexualmente ativos, embora a frequência e a intensidade da 
experiência sexual geralmente sejam menores do que para adultos jovens. 
Grande parte das pessoas mais velhas principalmente aquelas que vivem uma rotina e 
um estilo de vida saudável tem uma saúde estável, é fato também que a grande maioria 
das pessoas mais velhas tem doenças crônicas, principalmente artrite, essa geralmente 
não limitam outras atividades que usam a cognição ou o funcionamento de outros 
órgãos vitais, não interferindo de forma tão decisiva na vida cotidiana, para isso se faz 
necessário exercícios e uma dieta balanceada para influenciar positivamente sobre a 
saúde, a periodente que é a perda de dentes, pode afetar seriamente a alimentação e 
consequentemente a nutrição dos idosos. 
Existem transtornos mentais reversíveis e irreversíveis que acometem os idosos, 
lembrando que a maioria das pessoas mais velhas possui boa saúde mental. As 
doenças ou transtornos reversíveis são: depressão, alcoolismo entre outras doenças 
incluindo algumas formas de demência, e são reversíveis porque podem ser curadas 
através de um tratamento adequado. As doenças irreversíveis como: o mal de 
Alzheimer, mal de Parkinson ou demência de infarto múltiplo podem apenas serem 
amenizadas através de medicação adequada mas não há cura. Por isso são 
irreversíveis. 
O mal de Alzheimer é mais prevalecente com a idade, é caracterizado pela presença de 
Emaranhados Neurofibrilares e de Placa Amiloide no cérebro, pesquisas apontam 
fatores genéticos para este mal, mas suas causas ainda não foram definitivamente 
estabelecidas. Para que esse processo de deterioração possa ser retardado terapias 
comportamentais e medicamentosas se fazem necessárias. 
É por meio da cognição que os seres humanos absolvem os conhecimentos, e que 
contribui para o desenvolvimento intelectual dos indivíduos, as habilidades cognitivas 
estão diretamente ligadas a fatores diversos como a linguagem, a percepção, o 
pensamento, a memória, atenção e o raciocínio dentre outro. 
Em pessoas mais jovens, os processos cognitivos acontecem com maior fluidez e isso 
se deve a vários fatores principalmente, ao vigor da juventude. Nas primeiras fases do 
desenvolvimento humano, fatores interligados a cognição, proporciona ao individuo 
maior agilidade tanto no que diz respeito aos aspectos psicoemocional quanto, aos 
físico-biológicos. 
Quando avaliado o nível cognitivo do sujeito que se encontra na última fase do 
desenvolvimento humano, fica evidente o seu declínio, principalmente nos aspectos 
ligados a atenção e a memória, influenciando o rendimento escolar, pois, os 
comprometimentos ocasionados pelas suas diminuições interferem diretamente no 
processo de aquisição de novos conhecimentos. Tal problemática se acentua atravésde comportamentos que contribui negativamente para o bom desempenho da cognição 
da pessoa idosa como, distanciamento do convívio social e familiar, depressão, 
estresse, o uso indevido de medicamentos e os problemas de ordem emocional, 
nutricional. 
Tendo em vista o comprometimento intelectual do idoso, faz-se necessárias sugestões 
de atividades onde possam ser trabalhadas as habilidades perceptivas e de 
memorização destes indivíduos. Estudos comprovam que estímulos diretivos e 
adequados têm demonstrado resultados positivos com o sujeito aprendente da terceira 
idade fazendo com que estes não só recupere competências cognitivas perdidas, mas 
até pra superar seus limites anteriores (Papalia, 2010). 
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Através de inúmeras pesquisas científicas pode-se perceber a complexidade do 
processo intelectual do ser humano. Papalia (2010) em seu livro “desenvolvimento 
humano” faz distinção entre habilidades (inteligência) fluida e cristalizada: 
A habilidade fluida depende muito da condição neurológica do sujeito aprendente 
enquanto que a habilidade cristalizada depende dos conhecimentos acumulados 
durante toda a vida do individuo. Esses dois tipos de inteligências seguem padrões 
diferentes. No padrão clássico de envelhecimento, entretanto, a tendência tanto na 
pontuação do desempenho como no verbal é de queda ao longo da maior parte da vida 
adulta; a diferença embora substancial é de grau (PAPALIA, 2010). 
A referida pesquisa mostra que quando comparada a inteligência fluida com a 
cristalizada, esta se apresenta muito mais encorajadora, pois, tal habilidade cognitiva 
mesmo com o passar do tempo tende a se aperfeiçoar por um período maior da vida do 
adulto idoso, independente do declínio que ocorre com a inteligência fluida. 
Diante das limitações psicológicas, físicas e neurológicas pelas quais passam a pessoa 
idosa, é importante uma melhor compreensão de seu ritmo, habilidades cognitivas e 
fragilidades características deste estágio do desenvolvimento humano, para que assim, 
possa ser feito intervenções diretivas e com objetividade tornando a pessoa idosa 
integrada dentro do processo de aprendizagem, não apenas no ambiente escolar, como 
também, em diferentes contextualizações socioculturais. 
É um estágio de desenvolvimento em que as pessoas reavaliam suas vidas, fecham 
situações deixadas em aberto e decidem como melhor canalizar suas energias e passar 
seus dias ou anos restantes. Alguns querem deixar aos descendentes ou ao mundo 
suas experiências ou corroborar o significado de suas vidas. Outros querem apenas 
curtir seus passatempos favoritos ou fazer coisas que não fizeram quando jovens. 
 
 
Morte 
As perdas vividas na velhice estão relacionadas à morte real de amigos e companheiros, 
ao corpo, ao fim das relações de trabalho, ao relacionamento social e familiar. Tais 
perdas perpassam tanto a dimensão do físico, em sua concretude, como os universos 
profissional, social e familiar. São vivenciadas, muitas vezes, concomitantemente. 
Carvalho & Coelho sustentam que uma implicação do envelhecimento é o 
enfrentamento de sucessivas perdas reais e simbólicas. É possível, também, a 
constatação de que o enfrentamento de uma perda pode acelerar e potencializar a 
vivência de outras perdas. O fenômeno da morte demonstra, portanto, a grande e 
imponente força da natureza sobre os homens e expõe os limites da condição humana. 
França (2006) afirmou que há duas formas básicas de mudanças que envolvem a fase 
de vida da velhice: a primeira, de maneira consciente e tranquila, reconhecendo o que 
há de importante nessa etapa de vida para desfrutá-la da melhor maneira, mesmo com 
limitações, surgindo imagens mais positivas da velhice e do envelhecimento; a segunda, 
com grande intensidade, quando associada à doença e incapacidade, quando os idosos 
tendem a representar imagens negativas da velhice. Tudo depende da relação que a 
pessoa estabelece com sua própria velhice. Soares, Silva, Rosa, Galvão e Ribeiro 
(2009), entrevistando idosos institucionalizados sobre sua compreensão da velhice, 
obtiveram respostas que apontavam para as formas básicas propostas por França 
(2013): uma maneira intensa e complicada (fase ruim ou triste); e outra, a tranquila 
(processo natural). Para os idosos, a incapacidade para realizar tarefas os entristece 
por estarem relacionadas à inutilidade. Para muitos, velhice era sinônimo de morte. 
Estes autores descreveram que a perspectiva da morte passava a ser mais decisiva 
com a chegada da velhice. O avanço da idade também poderia trazer a vivência de 
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perdas, pois muitas pessoas que morrem estão próximas ao idoso e pertencem à sua 
faixa etária, tais como cônjuge, amigos e familiares. 
Por isso, muitos velhos passam o tempo que lhes sobra olhando apenas numa direção, 
o passado, pois sabem que ali não vão encontrar o que temem e o que o futuro lhes 
reserva: a morte. Em nossa sociedade, morte e velhice são encaradas como sinônimas, 
ambas constituindo um tabu, uma ameaça à ilusão de imortalidade alimentada pelo 
mundo moderno. Visto que ainda existem muitos mitos envolvendo este tema, o primeiro 
a ser rompido é o da velhice ser sinônimo de morte. Embora tanto uma, quanto outra, 
sejam universais e democráticas, não escolhendo sexo, idade ou classe social, não 
estão condicionadas uma à outra (Loureiro, 2007). Os idosos, às vezes, reconciliam-se 
com uma velhice infeliz com o mote de que "é melhor ser velho do que ser morto”. A 
finitude humana passa a ser mais decisiva com a chegada da velhice. Frumi e Celich 
(2006), entrevistando idosos do Rio Grande do Sul, observaram que eles entendem que 
a morte é um fato; no entanto, têm muita dificuldade para assumi-la como algo 
pertencente à natureza humana. De acordo com Kastenbaum e Aisenberg (1983), o 
medo de morrer está inserido em duas categorias de sofrimento: sofrimento pessoal, 
associado ao sofrimento físico e à indignidade; e sofrimento vicário, relacionado ao 
desconforto de presenciar o sofrimento do outro. 
Segundo Yalom (2008), o conhecimento da própria finitude mobiliza o quantum de 
ansiedade necessária à estabilidade do funcionamento psíquico, pois a ideia da morte 
não pode ser conscientemente tolerada por tempo indefinido pelo ser humano, sob a 
pena de ameaçar a integridade de sua organização psíquica. A angústia da morte é um 
sentimento onipresente, com influência sobre a autoestima, não devendo ser confundida 
com o medo da crueldade, do abandono ou da destruição, embora esteja na raiz 
profunda desses medos. Desse modo, visando a garantir a sobrevivência, o organismo 
sabiamente efetua a repressão do sentimento que o atormenta desde tempos 
imemoriais: o pavor da aniquilação, o medo da morte (Py, Pacheco & Oliveira, 2009). O 
medo da morte está presente no psiquismo humano de diversas maneiras, a saber: 
fobias, neuroses, crises e inseguranças. Para evitar pensar na morte como uma 
ocorrência pessoal possível e factível, expurgamos da consciência o medo de morrer 
através da realidade ilusória de que a vida seguirá sempre o seu curso, da mesma 
maneira e com as mesmas pessoas. Quando, porém, a consciência desperta em meio 
à anestesia do cotidiano para o fato de que nunca estaremos em absoluta segurança, o 
temor da morte poderá irromper, até sob a forma de surtos psicóticos (Becker, 1973). 
Jung (1964) afirmou que “são os mesmos jovens que têm medo da vida, que mais tarde 
terão medo da morte”. Kovács (2009) comentou que, com a idade, a morte vai sendo 
mais aceita, por ser este o caminho natural de todos. Os sujeitos vão envelhecendo e a 
tendência é a aproximação da morte, sendo issouma certeza. Assim, os idosos teriam 
menos medo da morte do que os jovens. Seriam as condições da própria morte que os 
preocupam, muito mais que a morte propriamente dita. O que muitos temem é a agonia 
de uma doença terminal ou de ficarem sozinhos e desamparados quando doentes 
(Gomes, 2004). Entretanto, Oliveira (2008) mostrou que o temor e a angústia 
vivenciados por idosos pernambucanos são muito grandes diante da morte. Segundo a 
autora, não existe, entre os idosos, maior aceitação desse acontecimento, porque eles 
não o consideram um evento bom. Essa angústia é maior ainda porque esses sujeitos 
afirmam que antes eram as crianças que morriam mais, mas agora são os velhos. Eles 
associam a velhice à morte, porque são eles que mais adoecem e mais morrem. 
Segundo eles, é preciso aceitar essa morte que vem sem esperar e de forma 
imprevisível. O medo de deixar sozinhos os filhos ou netos que são dependentes 
também é aterrorizante. Por isso, preferem não pensar na morte, “para que não morram 
mais cedo”. A autora verificou que falar da morte lhes causava desconforto, pois ela era 
associada a sentimentos de caráter pejorativo, como se fosse um golpe de traição. 
Soares et al. (2009), ao pesquisarem o significado da morte em idosos 
institucionalizados, observaram que a maioria mostrou-se incomodada, associando a 
morte à tristeza. Poucos entendiam a morte com naturalidade, ou seja, um evento que 
se faz presente na vida de todo ser humano. A sociedade, marginalizando os velhos 
que deixam de ser funcionais em relação ao seu projeto e os abandonando em 
Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPI), muitas vezes provoca, nos 
mesmos, desejo de sua própria morte, visto que se sentem inferiorizados, humilhados 
e imprestáveis (Loureiro, 2000). Há a possibilidade de que muitas das doenças 
somatizadas pelos velhos nada mais sejam do que resultado da solidão, abandono e 
carência emocional, fatores que os conduzem a um estado depressivo e que aceleram 
sua deterioração física e mental, levando-os à morte. A reação dos velhos ao tratamento 
desumano muitas vezes a eles dispensado, leva-os a não ingerir os remédios, a não 
seguir os preceitos médicos, a desobedecer às proibições de fumo e bebida, a recusar 
os alimentos e a enfrentar situações que sabem lhes serem maléficas (Carvalho, Gomes 
& Loureiro, 2010). Para eles, a velhice é encarada como a “sala de espera” ou a “ante-
sala da morte” (Morais, 1977). Muitas vezes, se revoltam e autodestroem, o que não é 
percebido como tal, pelo fato de que, nesta faixa etária, a morte acidental confunde-se 
com a natural. Há sujeitos idosos que pedem que se termine com seu sofrimento e sua 
agonia de espera. Se a pessoa não vê nenhum sentido em sua vida, sentindo-se apenas 
uma carga e uma preocupação para os entes queridos, acha que até está fazendo um 
ato heroico e um sacrifício imolando a própria vida. Entretanto, é preciso considerar que, 
mesmo sem adotar nenhum princípio religioso, o ato de eliminar a própria vida é 
rejeitado, estando associado à interdição do suicídio e assassinato (Novaes e Trindade, 
2007). Preparar-se para consentir em morrer é diferente, refletindo sobre a passagem 
da morte, dando um sentido próprio e verdadeiro à mesma. 
O envelhecer e a morte se constituem num processo natural da existência humana, 
porém nem sempre aceito pelos seres que o vivenciam. Mas, quando a morte estiver 
bem próxima à espreita, quando alguma situação limite o coloca de frente com a 
realidade insofismável da impermanência, o homem comumente desperta para a 
reestruturação de sua vida. Uma vez deflagrada a crise da descoberta real da morte, 
como possibilidade pessoal e tangível, o período que se segue à notícia será vivido não 
somente de acordo com as particularidades de cada história de vida, mas também, e 
sobretudo, de acordo com os mecanismos de enfrentamento de cada indivíduo. E será 
o momento de reviver e revisitar as experiências da vida, encontrando novos sentidos 
para iluminá-las, conferindo-lhes dimensões apropriadas para a dignidade, 
descortinando um novo mundo íntimo e sublimando a existência com uma nova espécie 
de maturidade.

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