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RESENHA CRÍTICA ARTIGO SUS . SUS, política pública de Estado seu desenvolvimento instituído e instituinte e a busca de saídas

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE SAÚDE
BACHARELADO EM FARMÁCIA
Ester Gomes Reis
Resenha crítica
FEIRA DE SANTANA
2021
ESTER GOMES REIS
ISABELLA OLIVEIRA FREITAS 
IVE CAROLINE
LAIS CAMPOS
	
Um olhar sobre SUS 
Atividade apresentada como requisito parcial para aprovação na disciplina de Farmácia Social do Curso de Farmácia da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS, ministrado pela Prof.ª Me. Inalva Freitas.
FEIRA DE SANTANA
2021
Um olhar crítico sobre a política pública de Estado: SUS
Graduado em medicina e doutor em medicina preventiva pela Universidade de São Paulo em 1961 e 1967, Nelson Rodrigues dos Santos foi professor de saúde coletiva na Universidade Estadual de Londrina e Consultor da Opas/OMS. No presente, encontra-se na Universidade Estadual de Campinas onde atua como professor colaborador e é presidente do Instituto de Direito Sanitário Aplicado (Idisa). Seu protagonismo na saúde e na política foi de suma importância tanto na luta pela democracia quanto na reforma sanitária, nas décadas de 1980 e 1990, as quais foram marcadas por grandes momentos de tensão na política brasileira. Todavia, vale ressaltar que sua entrada na saúde pública foi marcada pela militância política, embora enquanto estudante fez parte do antigo Partido Comunista Brasileiro, o PCB, afastou-se do partido pois acreditava que continuar partidarizado significava entrar numa clandestinidade e isso coloraria em risco o tipo de militância que ele gostaria de continuar praticando.
Dentro de seus artigos já publicados, tem-se o texto “SUS, política pública de Estado: seu desenvolvimento instituído e instituinte e a busca de saídas” publicado no ano de 2013 pela revista Ciênc. Saúde coletiva, o qual apresenta reflexões sobre a trajetória do Sistema Único de Saúde, conquistas e os desafios para sua consolidação efetiva na sociedade. 
Em uma primeira análise, o autor inicia o seu texto abordando sobre a força social e o processo histórico do SUS que decorreu de inúmeros movimentos sociais e políticos até a implantação do Sistema Único de Saúde no período em que o Brasil se redemocratizava mediante à reestruturação dos sistemas de saúde e a importância das leis 8080¹ e 8142² de 1990 no que tange a implementação do SUS. Nesse viés, ao lembrar do processo histórico deve-se levar em consideração que os movimentos sociais deram início a Reforma Sanitária, pois apesar de o direito à saúde ter sido difundido internacionalmente desde a criação da OMS, em 1948, foi somente quarenta anos depois que o Brasil reconheceu a saúde como direito social, uma vez que antes de 1988 era somente os trabalhadores com a carteira de trabalho em dia e com as contribuições pagas à previdência social tinha garantido por lei assistência, por meio de serviços prestados pelo Inamps.
Em uma segunda análise, o autor menciona também acerca do viés histórico que o momento de tensão social na história do Brasil, precisamente nos últimos anos do período ditatorial, foi marcado pela grande quantidade de pessoas que foram obrigadas a se instalar nas áreas periféricas e de risco. Diante da situação caótica e insalubre que se estendia no país, sobretudo nos espaços mais desfavorecidos e precarizados, inúmeros jovens sanitaristas marcaram uma grande atuação na qualificação dos serviços municipais de saúde, os quais também tinha a precarização como um dos principais sintomas na ineficiente assistência de saúde que deveria garantir à população. Assim, tem-se o movimento sanitário e o movimento Municipal da Saúde, os quais fortaleceram a prestação de serviços básicos e integrais de saúde à população, bem como o início de uma consolidação do papel social dos municípios brasileiros na erradicação da poliomielite e do sarampo.
Nesse contexto, embora os movimentos sociais carreguem grande importância no que tange a democratização da saúde e reestruturação do sistema de saúde, é importante salientar que os princípios e diretrizes do SUS só foram legitimados após a 8ªConferência Nacional de Saúde. Logo, de acordo com o autor, mesmo com a criação e implementação do SUS, tais princípios e diretrizes como universalidade, integralidade, equidade, descentralização, regionalização encontram-se ainda em consolidação e enfrentam alguns obstáculos que revelam o cenário caótico que o sistema de saúde brasileiro enfrenta com uma política hegemônica de Estado.
Nesse sentido, o autor cita em seu texto quatro obstáculos que o Sistema Único de Saúde enfrenta em um cenário que o Estado mostra a sua força política e descomprometida com os princípios e diretrizes estabelecidas constitucionalmente. Sendo assim, tais obstáculos evidenciados ao longo do texto são: o subfinanciamento federal, a subvenção crescente com recursos federais ao mercado dos planos privados de saúde, a rigidez e burocracia da estrutura administrativa do Estado bem como a privatização da gestão pública.
Desse modo, fica exposto que o autor busca analisar e criticar a trajetória, as conquistas e os desafios que o sistema de saúde brasileiro enfrenta diante de uma trajetória marcada pela desigualdade social frente ao peso dos interesses privados dentro do sistema público no processo da oferta dos serviços de saúde para a população. Assim, é urgente a necessidade de uma articulação política não só das pessoas periféricas mas também da classe média em exigir o direito à saúde, o qual é garantido constitucionalmente, a fim de demonstrar que apesar de todos os obstáculos que a política hegemônica de Estado impõe a sociedade não irá desistir e a resistência do corpo social será incessante na luta para que as diretrizes previstas na implantação do SUS tenham efetividade sobretudo nos estratos sociais mais pobres e pelo fim das desigualdades como forma de garantir efetivamente o direito à saúde. 
Como é citado no texto, uma boa parte da população com condições financeiras estáveis, recorrem a planos de saúde privados, mesmo que precários,”na verdade, esses segmentos da sociedade, na busca de atendimento às suas necessidades de saúde, foram compelidos para o lado dos planos privados, inclusive os mais baratos que submetem seus consumidores a grandes esperas nas consultas e exames e atendimentos de baixa qualidade.” Entretanto, essa reação é consequência de falhas no SUS, que passou a atender menos às necessidades e direitos da população, uma crítica coerente trazida no artigo.
Referências
COELHO, I. B. Os impasses do SUS. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 309-311, mar./abr. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232007000200004>. Acesso em: 27 Out. 2021.
SANTOS, N. R. SUS, política pública de Estado: seu desenvolvimento instituído e instituinte e a busca de saídas. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, p. 273-280, jan., 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232013000100028. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/vC78GwbjwNdfQpvLRLHFGZB/?lang=pt. Acesso em: 27 de outubro de 2021.

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