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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PÓS geisa

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO HOSPITALAR
MELHORIAS NA SAÚDE PÚBLICA: O Sistema Único de Saúde (SUS) como referência
Geisa Ferreira Gomes
Resumo
O Sistema Único de Saúde possui deveres e funções estabelecidas na Constituição Federal de 1988, no entanto, diversos pontos do texto constitucionais não são devidamente cumpridos. Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo apresentar melhorias para administração de saúde pública que sirva de exemplo de gestão administrativa para as demais unidades de saúde pública do Brasil. Para alcançar esse objetivo, foram utilizadas metodologias de caráter bibliográfico, documental e pesquisa de campo, com foco na verificação da eficiência e eficácia com base na política adotada e na qualificação dos gestores. Buscou-se como resultado desse trabalho, apontar uma possível solução para aproximar a realidade brasileira com a previsão constitucional prevista pelo legislador nas unidades de saúde públicas.
Palavras-chave: Saúde Pública. Sistema Único de Saúde. Gestão Governamental.	
1- INTRODUÇÃO
O presente estudo busca discorrer sobre o tema das Melhorias para saúde publica, tendo como base o Sistema Único de Saúde, trazendo à tona questionamentos relativos dos seus aspectos políticos, chamando a atenção para seus vínculos diretos com a organização governamental. 
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¹ Melhorias na Saúde Publica: O sistema Único de Saúde (SUS) como referência. Uniasselvi a Distância. Geiisaferreira2@gmailcom.
A saúde pública brasileira é uma área bastante abordada por diversos estudiosos, no intuito de aproximar o embasamento teórico proferido pela Constituição Federal de 1988 e a realidade encontrada nas organizações de saúde por todo território nacional. (RONCALLI, 2003; SOUSA, 2012; e COSTA, 2013, p. 48).
Devido a este fato é que essa pesquisa tem como problemática: Porque mesmo a saúde publica sendo uma demanda real, as políticas públicas direcionadas para a mesma não atende às suas peculiaridades? 
Uma abordagem qualitativa, pois a realidade não pode ser apenas quantificada.
 O que justifica a pesquisa qualitativa porque se expressa por meio de “um universo de significados, motivos, aspirações, crenças valores e atitudes que correspondem a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”.
Este trabalho justifica-se pela relevância de uma discussão que envolve a temática de Politicas Públicas direcionadas para as Melhorias na Saúde Pública, especialmente, depois da criação do SUS. Para isso faz-se necessário uma busca bibliográfica para compreendermos melhor essa temática.
Optamos por objetivo analisar as politicas direcionadas para saúde pública brasileira, dando relevância a criação do Sistema Único de Saúde.
2- A CRIAÇÃO DO SUS
A saúde pública brasileira é uma área bastante abordada por diversos estudiosos, no intuito de aproximar o embasamento teórico proferido pela Constituição Federal de 1988 e a realidade encontrada nas organizações de saúde por todo território nacional. (RONCALLI, 2003; SOUSA, 2012; e COSTA, 2013, p. 48).
Vivenciamos hoje um processo de construção de novas práticas na saúde que vem acompanhada por um conjunto de ações estratégicas realizadas pelo sistema Único de Saúde (SUS), junto ao Ministério da Saúde. Apesar de avanços e conquistas do SUS, ainda existem grandes lacunas nos modelos de atenção e gestão dos serviços no que se refere à humanização, principalmente no tocante ao acesso e ao modo como o usuário é acolhido na instituição hospitalar. (Neves, 2006).
Visando priorizar o atendimento com qualidade, o Ministério da Saúde propôs a Política Nacional de Humanização (PNH), através da implantação do Acolhimento, que vem a ser uma estratégia para a reorganização dos serviços em saúde.
Para Carvalho e Campos (2000), acolhimento é um arranjo tecnológico que busca garantir acesso aos usuários com objetivos de escutar todos os pacientes, resolver os problemas mais simples e / ou referenciá-los se necessário. A acolhida consiste na abertura dos serviços para a demanda e a responsabilização por todos os problemas de saúde de uma região. 
O acolhimento na saúde, para Bueno e Merhy (2002), deve construir uma nova ética, da diversidade e da tolerância aos diferentes, da inclusão social com escuta clínica solidária, comprometendo-se com a construção da cidadania. O acolhimento deve resultar das relações no processo de atendimento, o que ocorre depois de ultrapassada a etapa do acesso.
	O Sistema Único de Saúde (SUS) prevê uma nova atenção à saúde a partir da concepção que não compreende a saúde apenas como a ausência de doença, mas parte do entendimento e qualidade de vida. A Constituição Federal de 1988 (Brasil, 1988) é marco inicial para criação deste SUS em que um de seus artigos preceitua que a saúde é um direito de todos e dever do Estado. No SUS, as ações de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada segundo a complexidade de atenção, baseada nos princípios da universalidade, integridade e equidade. Este Sistema propõe uma mudança profunda no modelo de planejar, organizar e gerir as ações e serviços de saúde. O princípio de integralidade se assenta na compreensão de que as pessoas têm o direito de serem atendidas no conjunto de suas necessidades, e que os serviços de saúde devem estar organizados de modo a oferecer todas as ações requeridas por essa atenção integral. Dessa forma, o SUS deve desenvolver ações sobre o ambiente e sobre a pessoa destinados à promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como à reabilitação.
 Fato é que, com suas qualidades e defeitos, o SUS é reconhecido no país e fora dele como uma política pública importante e com grande potencial. Em 2011, a renomada revista científica internacional The Lancet publicou uma série de artigos com o intuito de apresentar à comunidade internacional a experiência brasileira, ressaltando que "o Brasil vive um período de transição, mas encontra-se em uma excelente posição para atingir suas ambiciosas aspirações, graças ao seu compromisso histórico com a saúde pública e a sua atual força política e econômica" (Paim, Travassos, Almeida, Bahia & Macinko, 2011, p.1795).
 Este trabalho foi desenvolvido metodologicamente por meio de levantamento bibliográfico, a partir da análise de documentos produzidos pelo Governo brasileiro, particularmente pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2010, 2011a, 2011b, 2011c, 2011d, 2011f, 2011g; IBGE, 2007, 2009a, 2009c), em relação às políticas direcionadas a saúde e o SUS, também foram pesquisados autores (Carvalho, 2001; Guareschi, N. M. F.; Bennemann, T.; Dhein, G.; Reis, C. & Machry, D. S., 2010; Machado, 2011; Paim, Travassos, Almeida, Bahia & Macinko, 2011) que vêm trabalhando as questões pertinentes a saúde e o SUS no Brasil.
 Nesse estudo, o presente trabalho tem como objetivo problematizar a política atual da saúde no Brasil, as melhorias na saúde, os impasses e desafios enfrentados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na sua trajetória pela sua concretização. O direito à saúde praticamente se confunde com o direito à vida. Ter saúde exige alimentação adequada, condições de trabalhos saudáveis, moradia digna, saneamento básico eficiente, meio ambiente protegido e bem conservado, possibilidade de lazer, informação. É, portanto, resultado de um conjunto de determinantes os quais o SUS apresenta-se como uma proposta nesta direção. Dessa forma, trata-se praticamente de um estudo bibliográfico, em que procuramos explorar artigos e documentos oficiais de entidades brasileiras e internacionais, que abordassem o tema melhorias na saúde e o SUS.
Com a Constituição de 88, os direitos sociais foram ampliados e a saúde ficou vinculada à Seguridade Social. Segundo Almeida (2002) a proposta de atenção universal baseia-se na concepção da saúde como direito de cidadania e dever do Estado, indo de encontro à dinâmica das reformas mundiais.
Até 1988, a saúde não era reconhecidacomo um direito público subjetivo, sendo tratadas, nos textos constitucionais anteriores, apenas como mais um serviço público (SANTOS; ANDRADE, 2006). Na organização do Estado, a atenção à saúde individual estava organizada com uma lógica distinta daquela com a qual se estruturavam e executavam as ações de saúde coletiva e, assim, instituições diferentes eram responsáveis pelas políticas e ações de saúde coletiva e de atenção individual. Nesse contexto, a assistência médica era entendida como um benefício previdenciário, ao qual tinham direito apenas aqueles trabalhadores que contribuíam para a Previdência Social.
O sistema público de saúde de que dispomos hoje – o Sistema Único de Saúde ou SUS – foi instituído pela Constituição Federal de 1988, e decorre dos seus artigos 6º – que reconhece a saúde como direito social; 196 – que estabelece ser dever do Estado garanti-lo, mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde; 197 – que declara serem de relevância pública essas ações e serviços, cabendo ao poder público dispor sobre sua regulamentação, execução e fiscalização; e 198 – que determina a organização das ações e serviços públicos de saúde por meio de uma rede regionalizada e hierarquizada, constituindo um sistema único, sob diretrizes de descentralização, atendimento integral e participação da comunidade.
Esse sistema decorre de uma concepção de saúde como um direito fundamental e universal do ser humano e que atribui ao Estado o dever de prover as condições necessárias ao seu pleno exercício. Corresponde a uma visão de mundo que privilegia valores de cidadania e de solidariedade, em contraposição a concepções que valorizam o individualismo e o privado. Exige, para sua realização, que transformações importantes ocorram ao nível cultural, político, jurídico e institucional.
A construção desse novo sistema de saúde pressupunha, assim, não apenas a adoção de novos paradigmas e de um novo referencial, mas também a construção de um novo arcabouço institucional e de financiamento – por sinal, previstos pela Constituição de 1988 e que consistiram na criação do Sistema de Seguridade Social e do Orçamento da Seguridade Social. No entanto, essa concepção, esse modelo, esse arcabouço institucional e esse esquema de financiamento vêm sendo paulatinamente solapados desde sua instituição pela resistência da própria estrutura do Estado e do setor e, principalmente, pela implementação de um projeto político com objetivos exatamente opostos, quais sejam a restrição do papel do Estado e a expansão do setor empresarial e liberal privado de saúde.
	As primeiras dificuldades para a implantação efetiva do Sistema de Seguridade Social previsto no texto constitucional foram à fragmentação e ultra-setorialização da burocracia estatal nas áreas de previdência, saúde e assistência social; e o clientelismo, corporativismo e fisiologismo herdados do regime autoritário. Esses fatores constituíram – e ainda constituem – sérios obstáculos à plena integração funcional das áreas de saúde, previdência e assistência e, assim, o sistema de seguridade social não se estruturou. Não existem, até hoje, mecanismos nem vontade política de fazer cumprir os dispositivos constitucionais sobre a matéria, inclusive no que diz respeito à destinação dos recursos orçamentários, e o Orçamento da Seguridade Social constitui, hoje, uma peça inútil.
Apesar de todas as dificuldades para a sua implementação, o SUS tem, hoje, um impacto societário de grande importância, como sistema de proteção social, em razão dos resultados obtidos e da abrangência da cobertura alcançada.
Passados vinte anos de sua instituição, o SUS persiste como um capítulo à parte. Não da Constituição Cidadã, mas – e exatamente pelo seu caráter de grande conquista da nossa sociedade, construída sob a égide da cidadania e da solidariedade social (UGÁ, 2006) – da resistência à reforma liberal do Estado e pela reversão da lógica dominante nas políticas de Estado posteriores a 1988, que não reconhece o dever do Estado na materialização do direito constitucional à saúde.
2.1- As politicas públicas de saúde no Brasil
A história da Política de Saúde no Brasil é permeada por lutas e particularidades que dizem respeito à própria constituição brasileira. O Brasil apresenta uma sociedade marcada por sua herança colonialista, de base escravista e de economia dependente. Neste sentido, qualquer estudo que pretenda se debruçar sobre a conformação da política de saúde no Brasil precisa levar em consideração os fatores históricos, sociopolíticos e culturais que influenciaram e continuam influenciando os caminhos e a estrutura do sistema de saúde brasileiro.
No contexto atual, de grandes ameaças e de retrocessos às conquistas alcançadas ao longo dos anos, retomar o debate acerca do movimento histórico que trouxe o país até o ponto em que se encontra atualmente é de extrema relevância para que seja refirmado o compromisso e a defesa por um sistema de saúde público, universal, equânime e de qualidade. Embora o modelo de sistema de saúde brasileiro seja referência mundial, trata-se do resultado de lutas. 
A década de 1980 representou um período de grandes mudanças políticas, econômicas e sociais para o Brasil. A Assembleia Nacional Constituinte convocada no final da década de 80, se configurou como um espaço de disputa de interesses distintos. No caso da saúde, essa disputa foi expressiva, visualizando-se, de acordo com Bravo (2006), dois blocos polares: de um lado os grupos empresariais e de outro as forças defensoras da Reforma Sanitária. Ao final, os interesses adotados pela Carta Magna atenderam em grande parte às propostas do movimento sanitário, que alcançou esta conquista graças à “capacidade técnica de formular, com antecipação, um projeto de texto constitucional claro e consistente; à pressão constante sobre os constituintes; à mobilização da sociedade” (BRAVO, 2006, p.10), em detrimento dos interesses do empresariado hospitalar. Dos movimentos sociais, bem como de trabalhadores das diversas áreas da saúde.
A análise do caminho percorrido pela Política de Saúde no Brasil é fundamental para a compreensão de sua atual conformação. Muitos foram os avanços conquistados ao longo dessas quase três décadas, desde a promulgação da Lei Orgânica da Saúde, no sentido de materialização das propostas do Movimento de Reforma Sanitária.
 É assim que vem sendo construído gradativamente o Sistema Único de Saúde Brasileiro. Suas origens, desenvolvimento e continuidade estão diretamente relacionados à luta da sociedade em busca de melhores condições de vida e saúde, e sua conquista tornou-se o ápice da luta por uma política de saúde de direito de todos e dever do Estado. Porém, torna-se impossível não atentar para os constantes e persistentes desafios que fazem com que este sistema público de saúde ainda não seja um real instrumento de cidadania.
	 Chegar a essas considerações não seria possível sem o esforço de compreender o caminho percorrido pela Política de Saúde no Brasil. Esta é condição indispensável para a compreensão do formato atual adquirido por esta política, considerando as especificidades próprias da sociedade brasileira. Assim, são percebidas, ainda hoje, na nossa Política de Saúde, as marcas de um sistema que foi por muito tempo caracterizado pela lógica do “não direito”, do favor e do clientelismo. Por outro lado, os avanços na área da saúde, no sentido de concretização das lutas instituídas pelo o Movimento de Reforma Sanitária, são expressivos.
A institucionalização do Sistema Único de Saúde (SUS) pela Constituição Federal de 1988 representa uma conquista indiscutível. Foi somente a partir do SUS que se tornou possível visualizar a saúde a partir de um conceito amplo que engloba outras dimensões da vida social como parte do campo da saúde e a determina enquanto um direito de cidadania, universal e integral. Não se pode perder de vista também aconquista que significou a instituição do Sistema de Seguridade Social no Brasil, formado pelas políticas de Saúde, Previdência e Assistência Social. A luta pela real implementação deste sistema, com a articulação das políticas que o compõem, constitui ainda uma bandeira de luta.
 É notável também o quanto ainda precisamos avançar. A herança de uma política historicamente excludente, fragmentada e condicionada, aliada ao próprio contexto atual – marcado pelas investidas da política neoliberal, que ameaça os direitos sociais – reflete-se nos obstáculos encontrados hoje para a implementação do SUS conforme previsto na Constituição, nas dificuldades para fazer acontecer seus princípios e diretrizes, e oferece empecilhos para a realização plena desta conquista. Porém, não podemos perder de vista a história de resistência que a política de saúde tem no Brasil e o quanto de luta têm imprimido no SUS de hoje. Aos defensores do SUS e da saúde enquanto direito de todo cidadão e dever do Estado, aos defensores da saúde como uma política integral que atenda às reais necessidades dos usuários, para além das demandas que chegam aos serviços de saúde, cabe continuar a luta iniciada pelos atores protagonistas do Movimento de Reforma Sanitária. Vale ressaltar que muito se avançou até aqui. O SUS hoje não é mais uma possibilidade, mas uma realidade concreta. Uma realidade que está sendo construída gradativamente e que precisa constantemente ser reafirmada.
3 – O SUS DEPOIS DA CONSTITUIÇÃO DE 88 (Momento Atual)
 Ao longo desses 20 anos de existência, o SUS avançou historicamente com medidas como a descentralização e a municipalização de ações e serviços, o fortalecimento da atenção básica; a ampliação de ações de prevenção a doenças; o investimento em pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico de equipamentos e insumos estratégicos, como vacinas e medicamentos; o desenvolvimento de sistemas de informação e de gestão para monitorar resultados; a ampliação no número de trabalhadores em saúde, e a maior participação e controle social por meio da atuação efetiva dos Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde.
            Em setembro de 2000, foi editada a Emenda Constitucional nº. 29, também conhecida como a Emenda da Saúde. O texto assegurou a coparticipação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no financiamento das ações e serviços de saúde pública. A nova legislação estabeleceu, ainda, limites mínimos de aplicação em saúde para cada unidade federativa. Nos Estados, por exemplo, os investimentos em saúde devem ser de 12% da receita bruta corrente. Já os Municípios têm o índice de 12%.
            Porém, apesar dos avanços que o SUS representou ao país, o processo de financiamento está entre os principais problemas enfrentados desde a sua criação. A instabilidade dos parâmetros sobre gastos em saúde coloca em risco uma das maiores conquistas da sociedade brasileira, comprometendo a prestação de um serviço de qualidade e acessível a todos.
            Neste momento, todos os atores da saúde pública do Brasil trabalham em prol da aprovação de projeto de lei complementar já está em debate no Congresso Nacional. O novo texto definirá quais tipos de gastos são da área de saúde e quais não podem ser considerados gastos em saúde.
            O Conselho Nacional de Saúde (CNS), que tem como compromisso representar a sociedade brasileira na formulação, no acompanhamento e na fiscalização das políticas públicas de saúde, participa deste movimento e trabalha constantemente para que o SUS supere os desafios e continue garantindo o direito à saúde de todos os brasileiros.
A todos que vivemos diuturnamente a questão saúde em nosso país, preocupa sobremaneira o momento presente. Nunca estivemos em situação tão difícil e com chances de saída tão estreitas. O investimento em saúde decrescente. A universalização do atendimento. A miséria atingindo a 32 milhões de brasileiros. O descontrole acumulado de quase uma década de transição na busca de saídas viáveis, não politicamente assumidas pelos que dirigiram o país. Tudo isto e muito mais alicerçou o atual cenário em que vivemos.
3.1 O Financiamento do SUS
 Impossível pensarmos um concretizar o SUS sem que, urgentemente discutamos com a sociedade a questão do financiamento do SUS. Com financiamento decrescente e custo crescente a matemática, de antemão, garante que não vai dar certo. O que aconteceu nos últimos anos é que os princípios constitucionais do financiamento do SUS não se concretizaram.
 A primeira falha existente é o baixo investimento do governo federal em saúde (menos de 1% de seu orçamento fiscal), ainda que tenha ficado claro na Constituição que cada esfera de governo deva colocar recursos fiscais para sustentar o orçamento da Seguridade Social. A segunda falha é em relação aos demais componentes de receita da Seguridade Social. O que todos nós pensávamos, quando da implantação da idéia de Seguridade Social, é que o Orçamento da Seguridade Social fosse se constituírem num grande fundo onde três parceiros iriam buscar recursos indiscriminadamente de acordo com os percentuais históricos de sua necessidade (Saúde 30%, Previdência 65% e Assistência Social 5%). Isto não se deu. A fonte de contribuição de empregados e empregadores foi mais destinada à previdência ficando a saúde com apenas 15% dela.
 A fonte questionada (dinheiro podre) do FINSOCIAL foi mais alocado à saúde numa proporção de mais de 50%. E assim por diante. Quem definiu assim? baseado em que princípios? De outro lado quem deveria administrar este fundo e distribui-lo seria o Conselho Nacional da Seguridade Social, mas isto não aconteceu e quem administra é o Ministério da Previdência que se acha na autoridade de reter percentuais da saúde e de até mesmo, publicamente, anunciar que nos próximos meses não repassará nada da contribuição de empregados e empregadores à saúde.
 Acima do bem e do mal, e da própria constituição! Isto confirma o que sabíamos: a fragilidade do setor saúde sempre contabilizado à conta das despesas e não do maior dos investimentos: a vida e saúde do homem. Nunca a saúde gozou de prestígio e sempre foi deixada para trás nas negociações essenciais. A última novidade por mim "cantada" há meses atrás está para acontecer: recursos do FINSOCIAL pagos por nós cidadãos, pois incluídos em todas as planilhas de custo e sonegados ou recolhidos em juízo pelos empregadores, são alvo hoje de negociação com estes mesmos empregadores para abaterem nos recolhimentos atuais. Uma terceira questão: a alocação de uma série de despesas outras que antes nunca tinham sido alocadas em saúde, para usufruírem das receitas da seguridade social, transformando nossos insuficientes 30% em praticamente apenas 20%. Foi assim que nos últimos anos se colocou na conta da saúde recursos para o IBAMA, CIACs, Hospitais Universitários, Sistemas de Saúde próprios dos trabalhadores federais de outros ministérios, saneamento básico do Ministério de Ação Social e outros.
 A quarta questão: os recursos fiscais de Estados e Municípios não estão entrando suficientemente na conta. Os municípios que assumiram sua responsabilidade têm investido até 30% de seus orçamentos próprios em saúde. Outros Estados e municípios, ao receberem recursos federais deixam quase que automaticamente de recolher seus próprios recursos.
A saída financeira depende de aumento dos recursos pelas vias acima descritas e um melhor aproveitamento dos poucos e parcos recursos existentes. A corrupção tem consumido, por estimativa, entre 30 e 40% dos recursos. Ainda se perde por mau uso, por uso indevido, por um modelo assistencial inadequado, por baixo investimento em recursos humanos (encarece a assistência pelo descompromisso de horário, tarefa, uso errado de equipamentos e medicamentos).
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Acreditamos que no decorrer dessa pesquisa conseguimos apresentar os resultados encontrados sobre as melhorias na saúdepublica brasileira, e assim tivemos como problemática: Porque mesmo a saúde sendo uma demanda real, as políticas públicas direcionadas para a mesma não atende às suas peculiaridades?
 Esta pesquisa teve como objetivos analisar as políticas públicas na saúde pública em especial o SUS, as metodologias e as práticas utilizadas no Sistema. Todos estes itens estão organizados neste trabalho.
 Buscamos nos referencias teóricos os fundamentos sobre a saúde pública estabelecendo um contexto com a nossa realidade. Constatamos que a realidade não é diferente da realidade encontrada nos referenciais teóricos que deram suporte para essa pesquisa.
Os objetivos dessa pesquisa foram atingidos. A pesar de não ter sido fácil, mas foi gratificante e enriquecedor. Depois que entramos em contato com a realidade e com os referenciais, aos poucos conseguimos amenizar nossas angústias. 
Acreditamos que seja possível proporcionar uma saúde de qualidade, já que e um direito estabelecido pela constituição, mas precisam que elas sejam adequadas para cada realidade. Apesar de todos os problemas que existem, há sim como realizar um trabalho eficaz junto a essa modalidade.
 Em fim, temos certeza de que não esgotamos as possibilidades de reflexões acerca da saúde no Brasil. E que muitos profissionais que atuam nessa organização almejam um sistema que seja condizente com a realidade de cada lugar. Que favoreça reconhecimento a todos os povos dentro de suas particularidades e que os consideram sujeitos pertencentes à sociedade merecedores dos mesmos direitos. 
REFERÊNCIAS
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BRASIL, Ministério da Saúde. Norma Operacional Básica SUS. Portaria GM/ MSn. 2.203, de 05 de Nov. 1996.
CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 8ª. Brasília. Anais. Brasília: Centro de documentação do Ministério da Saúde, 1987.
_____. Ministério da Saúde. Pacto pela Saúde: Política Nacional de Atenção Básica. Disponível em: . Acesso em: 12 jan. 2011.
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______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria nº2439/GM de 08/12/2005. Política Nacional de Atenção Oncológica. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005b. 
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação em Saúde. Saúde Brasil 2006: uma análise da situação de saúde no Brasil. Brasília, DF, 2006. (Série G. Estatística e informação em saúde). 
______. Ministério da Saúde. Programa de Saúde da Família. Disponível em: Acesso em: 10 dez. 2009.
RONCALLI, Angelo Giuseppe. O desenvolvimento das políticas públicas de saúde no Brasil e a construção do Sistema Único de Saúde. In: Antonio Carlos Pereira (Org.). Odontologia em Saúde Coletiva: planejando ações e promovendo saúde. Porto Alegre: ARTMED, 2003. Cap. 2. p. 28-49.
SOUSA, Rafael da Cruz; BATISTA, Francisco Eduardo Bastos, Política Pública de Saúde no Brasil: História e perspectivas do Sistema Único de Saúde – SUS. VII CONNEPI, Palmas, 2012.

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