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Tratamento de doenças degenerativas do SNC ALZHEIMER Profª. Jucimara Baldissarelli UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA DISCIPLINA DE FARMACOLOGIA DISTÚRBIOS NEURODEGENERATIVOS Os tratamentos disponíveis atenuam os sintomas da doença, mas não alteram a evolução do processo neurodegenerativo. Perda progressiva e irreversível dos neurônios. DOENÇA DE ALZHEIMER (DA) Acúmulo de Aβ e tau, antes que apareçam sintomas; 1 - Estágio pré-clínico Morte geralmente em 6 a 12 anos depois do início da doença; Comumente em razão de alguma complicação da imobilidade. Estágio de demência com perda progressiva das capacidades funcionais: • Perguntas repetitivas, colocação dos objetos em locais inadequados, esquecimento de detalhes do cotidiano. • Déficit de memória perceptível pelo paciente e/ou familiares. 2 - Estágio de comprometimento cognitivo leve Processos moleculares e celulares possivelmente envolvidos na patogenia da DA DOENÇA DE ALZHEIMER (DA) NMDA ou AMPA Excitotoxicidade Atividade relativamente alta de NT excitatórios (glutamato) morte de neurônios pós-sinápticos. Mecanismo também explorado como alvo terapêutico. Hipótese amiloide Acúmulo das proteínas tau e Aβ: • Interferência direta com a transmissão sináptica e a plasticidade; • Excitotoxicidade; • Estresse oxidativo; • Neuroinflamação; Perda de neurônios no lobo temporal medial, inclusive hipocampo. • Quadro clínico sugestivo, sem outras causas: classificados como portadores de doença de Alzheimer provável. • Diagnóstico definitivo: somente com a presença de achados patológicos post-mortem. DIAGNÓSTICO - DA Progressos importantes nos últimos anos: Biomarcadores sanguíneos e liquóricos: níveis de Aβ e tau. Biomarcadores de imagem: atrofia do hipocampo nas imagens de RM. Detecção de deposição de Aβ por meio de imagens PET. NEUROQUÍMICA Atrofia e degeneração dos neurônios colinérgicos subcorticais. Antagonistas colinérgicos centrais podem provocar um estado confusional semelhante ao da demência associada à DA. Hipótese colinérgica: Deficiência de ACh fundamental à patogenia dos sintomas da doença. Transmissão colinérgica A ampliação da transmissão colinérgica é a base do tratamento para DA. Antagonistas reversíveis das colinesterases. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA branda a moderada. Donepezila Rivastigmina Galantamina Primeira opção para o tratamento sintomático dos déficits cognitivos Em geral melhora pequena nos sintomas Inexiste diferença entre os três medica- mentos Não existe tratamento capaz de alterar Fármacos Retardo da progressão Eficácia Evolução DONEPEZILA e GALANTAMINA Efeitos adversos: • Donepezila: cãibras musculares e fadiga, • Raros casos de rabdomiólise; • Galantamina: dor abdominal, tontura, cefaleia, depressão, fadiga, insônia e sonolência; • Monitorar as funções renal (creatinina) e hepática (ALT/AST). DONEPEZILA e GALANTAMINA Metabolizadas por enzimas hepáticas(CYP2D6 e CYP3A4): • Metabolismo aumentado por medicamentos que ↑ as enzimas: carbamazepina, dexametasona, fenobarbital, fenitoína e rifampicina. • Metabolismo diminuído por medicamentos que inibem as enzimas: Cetoconazol e Quinidina. • O uso concomitante pode ↑ [DON ou GAL] Maior ocorrência de efeitos adversos. RIVASTIGMINA • Efeitos adversos: tontura, cefaleia, náusea, vômito, diarreia, anorexia, fadiga, insônia, confusão e dor abdominal. • Apresentação transdérmica de Rivastigmina • Revisão sistemática da Cochrane: • Eficácia similar entre as formas de apresentação da rivastigmina • Menos EA com os adesivos transdérmicos. Donepezila, Galantamina e Rivastigmina • Agentes colinérgicos podem apresentar efeitos sinérgicos: • Inibidores centrais da AChE ↑ risco de sintomas piramidais relacionados aos antipsicóticos. • Devem ser usadas com cautela em: • Indivíduos com anormalidades supraventriculares da condução cardíaca • Em uso de fármacos que reduzam a frequência cardíaca • História de convulsão, asma ou DPOC • Com risco de úlcera -Adesivos transdérmicos: 5 cm2 (9 mg de rivastigmina com percentual de liberação de 4,6 mg/24 h) e 10 cm2 (18 mg de rivastigmina, percentual de liberação de 9,5 mg/24 h). -Na troca recomenda-se que a aplicação do primeiro adesivo seja feita um dia após a última dose oral. 1x/dia CRITÉRIOS DE INCLUSÃO - INIBIDORES DA AChE • Diagnóstico de DA provável; • Mini exame de estado mental adequado; • Demência leve ou moderada; • TC ou RM do encéfalo e exames laboratoriais que afastem outras doenças frequentes nos idosos que possam provocar disfunção cognitiva: • Hemograma completo (anemia, sangramento por plaquetopenia); • Avaliação bioquímica (dosagem alterada de sódio, potássio, cálcio, glicose, ALT/AST, creatinina); • Avaliação de disfunção tireoidiana (dosagem de TSH); CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Identificação de incapacidade de adesão ao tratamento; Evidência de lesão cerebral orgânica ou metabólica simultânea não compensada; Insuficiência ou arritmia cardíaca graves; Hipersensibilidade ou intolerância aos medicamentos; Demência de Alzheimer grave (CDR = 3); MEMANTINA ↑ [glutamato]: ↑ despolarização da membrana pós-sináptica ↓ detecção dos sinais fisiológicos mediados pelo receptor de NMDA. Dano cognitivo Tratamento com o antagonista competitivo do receptor de NMDA – Memantina Memantina: comprimidos revestidos de 10 mg. • DA está também associada ao aumento da perda dos neurônios glutaminérgicos, com distúrbios nos receptores NMDA e AMPA no córtex cerebral e hipocampo. • Adjuvante ou alternativo aos inibidores das colinesterases, geralmente nos estágios avançados da doença. • Retarda a deterioração em pacientes com demência moderada a grave, mas não aparenta ter efeitos de neuroproteção. • EA: Cefaleia leve, cansaço e tontura. • ½ vida plasmática longa. • 20 a 30mg/dia, VO. • Excretada pelos rins: Doses devem ser reduzidas em pacientes com insuficiência renal grave. MEMANTINA COMBINADA AOS INIBIDORES DA AChE • Diagnóstico de DA provável; • Demência moderada; • Escores no MEEM entre 12 e 19, se escolaridade maior que 4 anos, ou entre 8 e 15, se escolaridade menor ou igual a 4 anos. EM MONOTERAPIA • Diagnóstico de DA provável e exames (igual aos anteriores) • Demência grave; • MEEM com escore entre 5 e 11, para escolaridade maior que 4 anos, ou entre 3 e 7, quando escolaridade menor ou igual a 4 anos. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO - MEMANTINA • Demência de Alzheimer de gravidade leve (CDR = 1); • Escores no MEEM muito baixos; • Incapacidade de adesão ao tratamento; • Hipersensibilidade ao fármaco ou aos componentes da fórmula. MONITORIZAÇÃO • Reavaliação após 3 a 4 meses do início do tratamento. • Após esse período deve ocorrer a cada 6 meses Benefício e necessidade de continuidade do tratamento (avaliação clínica e realização do MEEM e da Escala CDR). Tratamento dos sintomas comportamentais • Sintomas comportamentais e psiquiátricos da demência são comuns, principalmente nos estágios intermediários da doença. • Os inibidores de colinesterase e a memantina reduzem alguns desses sintomas. • Efeitos modestos e não controlam alguns dos sintomas mais incômodos, inclusive agitação. • Maioria dos pacientes já estão sendo tratados com esses fármacos; • Antidepressivos para ansiedade e agitação. Tratamento dos sintomas comportamentais • Agitação e psicose da DA: Antipsicóticos atípicos como a risperidona(1-6mg/dia), a olanzapina (10-20mg/dia) e a quetiapina (25mg/dia) são as opções eficazes.• Limitadas por seus efeitos colaterais, inclusive parkinsonismo, sedação e quedas. • A administração em pacientes idosos com psicose associada à demência foi associada a um risco mais alto de AVC e mortalidade global; Inclusão de um alerta nas bulas de todos os fármacos desse grupo. Haloperidol (Antipsic. Típico: + Efeitos extrapiramidais); BDZ Resumo clínico • Meta realista do tratamento: Retardar temporariamente a progressão ou, no mínimo, reduzir a taxa de declínio em vez de alcançar a recuperação completa da função cognitiva. • Estágios iniciais: geralmente tratado com um inibidor de colinesterase. • Avanço da doença: Memantina pode ser acrescentada ao esquema de tratamento. • Sintomas comportamentais: geralmente controlados com um antidepressivo serotonérgico ou, quando são graves a ponto de aumentar o risco de morte, um antipsicótico. • Importante: interromper o uso dos fármacos que tendem a agravar os déficits cognitivos, como anticolinérgicos, BDZ e outros hipnótico-sedativos. Eles podem não saber quem somos, mas nós sabemos quem eles são!
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