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Economia Teoria e Política F r a n c i s c o M O C H Ó N Revisão Técnica e Adaptação CARLOS ROBERTO MARTINS PASSOS Tradução da 5a edição Visite nosso site: www.mcgraw-hill.com.br Economia: Teoria e Política colabora com o professor na tarefa de apresentar ao aluno a forma de raciocinar própria da Economia ao oferecer uma introdução clara e rigorosa dos princípios da Economia moderna. Para despertar o interesse desse aluno que entra em contato pela primeira vez com a Economia e abordar de forma intuitiva os conceitos econômicos, o autor recorre a exemplos e aplicações, evitando, na medida do possível, os argumentos baseados na teoria econômica formal. Revisada e adaptada pelo Professor e Economista Carlos Roberto Martins Passos, a obra de Francisco Mochón destaca-se pelas seguintes características: Inserções ao longo do texto e novos apêndices no final dos capítulos tornam o livro mais próximo da realidade brasileira. Texto agradável, de fácil leitura e compreensão, faz uma abordagem de todos os conceitos que um estudante de Economia deve conhecer, mas de uma forma relativamente concisa. Problemas de caráter econômico são apresentados tanto no nível do Estado, como no das atividades profissionais e empresariais, e até mesmo na vida cotidiana. Gráficos, quadros, figuras e notas complementares ilustram e enriquecem o conteúdo estudado. Aplicações Livro-texto para as disciplinas Introdução à Economia e Teoria Econômica dos cursos de graduação em Economia e Administração. Recomendado também para economistas e administradores que desejem atualizar seus conhecimentos na área. � � � � Economia: Teoria e Política MOCHÓN 5 a edição Francisco MOCHÓN MORCILLO Catedrático de Teoria Econômica Facultad de Ciencias Económicas Universidad Nacional de Educación a Distancia Tradução Fátima Conceição Murad Leila de Barros Sheila Clara Dystyler Ladeira Revisão Técnica e Adaptação Carlos Roberto Martins Passos Economista com graduação e pós-graduação pela Universidade de São Paulo – USP Lecionou nos cursos de graduação da PUC/SP, FMU e UNIP, na pós-graduação da FASP e da Faculdade São Luís, e no MBA em Finanças do Ibmec e no IbmesLaw, do Ibmec Educacional Bangcoc Beijing Bogotá Caracas Cidade do México Cingapura Londres Madri Milão Montreal Nova Delhi Nova York Santiago São Paulo Seul Sydney Taipé Toronto ECONOMIA TEORIA E POLÍTICA Tradução da 5a Edição Espanhola ECONOMIA: TEORIA E POLÍTICA - 139 A p ê n d i c e 7 . C A D e f e s a d a C o n c o r r ê n c i a n o B r a s i l 1 Introdução Examinamos, no capítulo anterior e neste, duas estru- turas mercadológicas distintas: a concorrência perfeita e o monopólio. Vimos também que as estruturas menos concorrenciais são setores compostos por poucos produ- tores, de tal modo que cada produtor tem algum grau de monopólio. Com maior poder de mercado, tais setores podem prejudicar potenciais compradores, pois estes aca- bam adquirindo bens a preços mais elevados que aqueles que prevaleceriam em mercados competitivos (acabam cobrando preços superiores aos custos marginais). Além de pagar mais pelo produto, nas estruturas com menor concorrência, o consumidor tem uma quantidade menor de produto à sua disposição. De fato, os mercados falham na presença da concorrência imperfeita. O poder monopólico se refl ete em dois grandes gru- pos de mercados imperfeitos: monopólios naturais e oli- gopólios. Deve-se, portanto, limitar o poder de mercado, evitando, assim, que ele seja usado de maneira anticon- correncial. Vamos inicialmente expor a Lei Antitruste no Brasil, para em seguida apresentar um esboço do funcio- namento do SBDC. 2 A Lei Antitruste no Brasil É interessante observar que a base de organização de um sistema de defesa da concorrência está presente na Constituição Federal de 1988, no Título VII, Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo 1, Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica. Nele encontramos, no Art. 170, a afi rmação de que a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho e na livre iniciativa, tem por fi m assegurar, entre outros princípios, o da livre concor- rência (inciso IV) e de defesa do consumidor (inciso V). A legislação que trata desses assuntos é a Lei no 8.884, de 11 de junho de 1994, que transforma o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em Autarquia, ampliando seus poderes. Ela dispõe so- bre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica orientada pelos princípios constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico. A Lei no 8.884 veio sistema- tizar e aperfeiçoar a legislação antitruste. Ela previne os efeitos anticoncorrenciais de qualquer forma de concen- tração econômica (todos os atos, sob qualquer forma ma- nifestados, passíveis de limitar ou de qualquer maneira prejudicar a livre concorrência, ou resultar na dominação de mercados relevantes de bens ou serviços). A coletivi- dade é a titular dos bens jurídicos protegidos pela Lei. Já em seu Art. 1o fi ca estipulada a fi nalidade da lei: tratar da prevenção e da repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucio- nais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repres- são ao abuso do poder econômico. 2.1 Infrações Com relação às infrações, em seu Art. 20 a referida lei defi ne que “Constituem infração da ordem econômica, indepen- dentemente de culpa, os atos sob qualquer forma mani- festados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados: I – limitar, falsear, ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; II – dominar mercado relevante de bens e serviços; III – aumentar arbitrariamente os lucros; IV – exercer de forma abusiva posição dominante.” Por posição dominante entende-se quando a empresa ou grupo de empresas controla 20% de mercado relevan- te, podendo esse percentual ser alterado pelo Cade para setores específi cos da economia. Em seu Art. 21, a Lei no 8.884 caracteriza o que se entende por infração à ordem econômica, ao longo de 24 incisos: I – fi xar ou praticar, em acordo com concorrente, sob qualquer forma, preços e condições de venda de bens ou de prestação de serviços; 140 - CAPÍTULO 7 - O MONOPÓLIO II – obter ou infl uenciar a adoção de conduta comer- cial uniforme ou concertada entre concorrentes; III – dividir os mercados de serviços ou produtos, aca- bados ou semi-acabados, ou as fontes de abastecimento de matérias-primas ou produtos intermediários; IV – limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado; V – criar difi culdades à constituição, ao funcionamento, ou ao desenvolvimento de empresa concorrente ou de for- necedor, adquirente ou fi nanciador de bens ou serviços; VI – impedir o acesso de concorrentes às fontes de in- sumo, matérias-primas, equipamentos ou tecnologia, bem como aos canais de distribuição; VII – exigir ou conceder exclusividade para divulga- ção de publicidade nos meios de comunicação de massa. VIII – combinar previamente preços ou ajustar vanta- gens na concorrência pública ou administrativa; IX – utilizar meios enganosos para provocar a oscila- ção de preços de terceiros; X – regular mercados de bens e serviços, estabelecen- do acordos para limitar ou controlar a pesquisa e o desen- volvimento tecnológico, a produção de bens ou prestação de serviços, ou para difi cultar investimentos destinados à produção de bens ou serviços ou à sua distribuição; XI – impor, no comércio de bens ou serviços, a distri- buidores, varejistas e representantes, preços de revenda, descontos, condições de pagamentos, quantidades míni- mas ou máximas, margem de lucro ou quaisquer outras condições de comercialização relativos a negócios destes com terceiros;XII – discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços por meio de fi xação diferenciada de preços, ou de condições operacionais de venda ou prestação de serviços; XIII – recusar a venda de bens ou a prestação de ser- viços, dentro das condições de pagamentos normais aos usos e costumes comerciais; XIV – difi cultar ou romper a continuidade ou desen- volvimento de relações comerciais de prazo indetermi- nado em razão de recusa da outra parte em submeter-se a cláusulas e condições comerciais injustifi cáveis ou an- ticoncorrenciais; XV – destruir, inutilizar ou açambarcar matérias-pri- mas, produtos intermediários ou acabados, assim como destruir, inutilizar ou difi cultar a operação de equipamentos destinados a produzi-los, distribuí-los ou transportá-los; XVI – açambarcar ou impedir a exploração de direitos de propriedade industrial ou intelectual ou de tecnologia; XVII – abandonar, fazer abandonar ou destruir lavou- ras ou plantações, sem justa causa comprovada; XVIII – vender injustifi cadamente mercadoria abaixo do preço de custo; XIX – importar quaisquer bens abaixo do custo no país exportador, que não seja signatário dos códigos Antidumping e de subsídios do GATT; XX – interromper ou reduzir em grande escala a pro- dução, sem justa causa comprovada; XXI – cessar parcial ou totalmente as atividades da empresa sem justa causa comprovada; XXII – reter bens de produção ou de consumo, exceto para garantir a cobertura dos custos de produção; XXIII – subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou subordinar a pres- tação de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem; XXIV – impor preços excessivos, ou aumentar sem justa causa o preço de bem ou serviço. Verifi ca-se, ao longo desses itens, restrições a: a) práticas que resultem em combinação objetivando evitar a competição entre empresas que estejam no mercado; b) práticas que impeçam a entrada de novas empresas no mercado; c) práticas que tenham por objetivo a expulsão de em- presas que já estejam no mercado; d) imposição de controles ao longo da cadeia produtiva. 2.2 Penas O Art. 23 da referida lei sujeita os responsáveis por práti- cas de infração da ordem econômicas às seguintes penas: “I – no caso de empresa, multa de um a trinta por cen- to do valor do faturamento bruto do seu último exercício, excluídos os impostos, a qual nunca será inferior à vanta- gem auferida, quando quantifi cável; ECONOMIA: TEORIA E POLÍTICA - 141 II – no caso de administrador, direta ou indiretamente responsável pela infração cometida pela empresa, multa de dez a cinqüenta por cento do valor daquela aplicável à empresa, de responsabilidade pessoal e exclusiva ao ad- ministrador. III – No caso das demais pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado, bem como quaisquer asso- ciações de entidades ou pessoas constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente, com ou sem per- sonalidade jurídica, que não exerçam atividade empre- sarial, não sendo possível utilizar-se o critério do valor do faturamento bruto, a multa será de 6.000 (seis mil) a 6.000.000 (seis milhões) de unidades Fiscais de referên- cia – UFIR, ou padrão superveniente.” Vale dizer que, em caso de reincidência, as multas se- rão aplicadas em dobro. 3 O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência O objetivo principal do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC) é a promoção de uma economia competitiva por meio da prevenção e da repressão de ações que possam limitar ou prejudicar a concorrência, com base na Lei de Defesa da Concorrência. O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência é composto pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), vinculada ao Ministério da Fazenda, pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ambos vinculados ao Ministério da Justiça. Para compreendermos o SBDC é preciso conhecer a atuação de cada uma das Secretarias e do Cade, e como a defesa da concorrência é tratada em nosso País. 3.1 Secretaria de Direito Econômico A Secretaria de Direito Econômico, do Ministério da Justiça, subdivide-se em dois departamentos: o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) e o Departamento de Proteção e Defesa Econômica (DPDE). O DPDC trata de questões pertinentes à Lei no 8.078/1990, e dispõe sobre a proteção do consumidor, não se confundindo com matéria de antitruste, que fi ca a cargo do DPDE. Este possui função analítica e investi- gativa. É função do órgão analisar as questões de defesa da concorrência, baseado na Lei no 8.884/1994, e instruir os processos, principalmente em seus aspectos jurídicos, para posterior decisão fi nal do Cade. 3.2 Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) A Secretaria de Acompanhamento Econômico, do Ministério da Fazenda, aborda as questões de defesa da concorrência sob o aspecto econômico da matéria e ela- bora parecer técnico que auxiliará a SDE na instrução do processo e o Cade na sua decisão fi nal. Da mesma forma que a SDE, tem função analítica e investigativa. Entretanto, o parecer técnico da SEAE e a nota técnica e o despacho da SDE não são vinculativos, podendo o Cade adotá-los em sua decisão ou não. 3.3 Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), criado em 1962 e transformado, em 1994, em Autarquia vinculada ao Ministério da Justiça, tem suas atribuições previstas na Lei no 8.884, de 11 de junho de 1994. Sua fi nalidade é orientar, fi scalizar, prevenir e apurar abusos de poder econômico, exercendo papel tutelador da pre- venção e repressão desse abuso. Ao Cade, última instância decisória na esfera admi- nistrativa, cabe julgar os processos em matéria concor- rencial, após análise dos pareceres da SEAE e da SDE. As decisões do Cade não comportam revisão no âmbito do Poder Executivo, sendo possíveis apenas no âmbito do Poder Judiciário. 3.4 A Atuação dos Órgãos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência A atuação dos órgãos do SBDC subdivide-se em três tipos: I – preventiva, por meio do controle de estruturas de mercado, via apreciação de atos de concentração (fusões, aquisições e incorporações de empresas); II – repressiva, mediante controle de condutas ou prá- ticas anticoncorrenciais, que busca verifi car a existência de infrações à ordem econômica, das quais são exemplos as vendas casadas, os acordos de exclusividade e a for- mação de cartel; e III – educacional, que corresponde ao papel de difusão da cultura da concorrência, via parceria com instituições para a realização de seminários, palestras, cursos e publi- 142 - CAPÍTULO 7 - O MONOPÓLIO cações de relatórios e matérias em revistas especializa- das, visando a um maior interesse acadêmico pela área, ao incremento da qualidade técnica e da credibilidade das decisões emitidas e à consolidação das regras antitruste perante a sociedade. 4 Mudanças no Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência O governo federal enviou ao Congresso Nacional o projeto de reforma do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC). O projeto altera a Lei no 8.884/1994, e traz mu- danças na estrutura e na forma de atuação dos órgãos do SBDC. O objetivo das mudanças é tornar o sistema mais racional, rápido e efi ciente. Pelo projeto, o SBDC será composto por apenas dois órgãos: Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) e Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade), deixando de existir as atribuições da Secretaria de Direito Econômico (SDE). As tarefas desempenha- das pelo Departamento de Proteção e Defesa Econômica (DPDE) da SDE, referentes à instrução de processos ad- ministrativos e análise de atos de concentração, deverão fi car sob a responsabilidade do Cade. As funções de investigação de condutas anticoncor- renciais e de análise de atos de concentração serão desem- penhadas pelo Cade, que, com isso, passará a ser compos-to por quatro órgãos: Superintendência Geral (que atuará como um promotor, investigando denúncias para, depois, submetê-las ao julgamento do tribunal); Departamento de Estudos Econômicos (que elaborará estudos e pareceres para auxiliar o trabalho dos conselheiros e da diretoria ge- ral); Procuradoria Geral; e Tribunal Administrativo (res- ponsável pelo julgamento). Hoje, SEAE e a SDE fazem a instrução dos casos, que são julgados ao fi nal pelo Cade. A SEAE passará a responder pela “advocacia da con- corrência”, analisando normas setoriais e medidas to- madas por outros órgãos de governo de forma a evitar distorções no ambiente concorrencial. Pela proposta do governo, a Secretaria não será mais obrigada a investigar condutas anticompetitivas ou fazer pareceres sobre fusões e aquisições, mas pode atuar se considerar necessário. A principal mudança é que a análise de fusões e aqui- sições passará a ser feita antes do fechamento do negócio e não depois, como é realizada hoje. Após essa breve apresentação a respeito das principais alterações na estrutura do SBDC, mostraremos, a seguir, uma síntese dos principais pontos do projeto, indicando como atua hoje e como fi cará após a reestruturação. Formação atual Após a reestruturação Estrutura A defesa da concorrência no País é feita por três ór- gãos: Secretaria de Acompanhamento Econômico (do Ministério da Fazenda), Secretaria de Direito Econômico e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (ambos do Ministério da Justiça). No formato atual, há uma duplicidade de atuação entre SDE e SEAE, principalmente na análise de atos de concentração, já que as duas secretarias fazem o mesmo trabalho de instrução e precisam emitir, cada uma, um parecer para cada caso. O Cade concentrará as atividades de investiga- ção, análise e julgamento da área de concorrên- cia. A SDE deixa de existir, mas o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) permanecerá na estrutura do MJ. A SEAE con- tinuará existindo, porém, passará a atuar princi- palmente na advocacia da concorrência. Estrutura do Cade Hoje, é formado pelo Conselho, que julga os ca- sos, e pela Procuradoria, que representa o Cade na Justiça. O Cade passará a ser composto pela Superin- tendência Geral (atuará como uma espécie de promotoria, investigando empresas suspeitas de prejudicar concorrentes e fazendo a instru- ção dos casos), pelo Departamento de Estudos Econômicos (elaborará estudos e pareceres econômicos, de ofício ou por solicitação de con- selheiro relator ou do superintendente-geral), pelo Tribunal Administrativo (responsável pelo julgamento) e pela Procuradoria Geral (que terá sua atuação perante o Judiciário reforçada). (continua) ECONOMIA: TEORIA E POLÍTICA - 143 Formação atual Após a reestruturação Fusões e aquisições O negócio é aprovado depois de concretizado. A análise passa a ser prévia. Critério de submissão de atos de concentração Todas as operações em que uma das empresas tenha faturamento acima de R$ 400 milhões ou que resultem na concentração de 20% do merca- do precisam ser submetidas aos órgãos de defesa da concorrência brasileiros. O critério passará a ser mais seletivo e objetivo. Especifi ca-se que será considerado apenas o fa- turamento, no Brasil, das empresas envolvidas e deixa de haver critério com base na participação de mercado. Os valores poderão ser alterados para se adequarem à dinâmica econômica. Análise simplifi cada Para todos os casos apresentados ao SBDC, mes- mo os mais simples, SDE e SEAE precisam elabo- rar pareceres sobre a operação e encaminhar para julgamento do Cade. Casos que não representarem risco à concor- rência poderão ser aprovados apenas com uma determinação do superintendente-geral. A deci- são do superintendente-geral será passível de revisão, se requerida por conselheiros, terceiros interessados, SEAE, Ministério Público ou agên- cias reguladoras. Os casos mais complexos con- tinuarão a ser julgados pelo tribunal. Possibilidade de acordo Há incentivos para que as empresas não passem todas as informações necessárias para a análi- se das secretarias e inundem os conselheiros do Cade de dados antes do julgamento. Dessa forma, protela-se a decisão fi nal e cria-se um fato con- sumado, mais difícil de desinvestimento, um meio- termo entre a aprovação e a rejeição da operação, que é imposta pelos conselheiros e não negocia- da. Será criado o acordo em controle de concentra- ções, para que empresas e autoridades de con- corrência cheguem a uma proposta consensual nos casos mais complexos, a qual dependerá de aprovação do tribunal. Defi nição de papéis Não há uma defi nição explícita sobre os papéis de cada órgão, o que resulta em uma atuação em que ora os órgãos exercem função de juízes, ora promotores. Todo o projeto será estruturado no sentido de defi nir esses papéis. A Superintendência Geral exercerá o papel de promotoria e o tribunal é o juiz. Ênfase no combate a cartéis Tradicionalmente, o número de atos de concentra- ção submetidos à aprovação dos órgãos fez que o sistema tivesse como foco a análise de fusões e aquisições, o que passou a mudar a partir de 2000. Com a diminuição do número de fusões e aquisi- ções a serem analisadas, recursos humanos se- rão direcionados para a investigação de cartéis. O programa de leniência, adotado a partir da atual gestão da SDE, ganhará um capítulo específi co. Ficará explicitado que a assinatura de acordos de leniência impedirá a propositura de denún- cias criminais, o que dará mais segurança às empresas e dirigentes que quiserem assinar um acordo de leniência. A SDE precisará, a cada caso, conseguir o compromisso dos ministérios públicos de que não será oferecida denúncia. Penalidades Apesar de a lei prever penas mais rígidas, como a proibição de fazer contratações com instituições fi nanceiras ofi ciais e participar de licitações, em geral são aplicadas apenas multas de até 30% do faturamento da empresa. As penalidades previstas para os casos mais graves tornar-se-ão mais objetivas. A multa pas- sa a variar de R$ 6 mil a R$ 200 milhões. Mandato dos conselheiros Os conselheiros têm mandato de dois anos, pror- rogáveis por igual período. Os mandatos passarão a ser de quatro anos não coincidentes, evitando mudanças bruscas na composição do órgão, e será proibida a prorro- gação dos mandatos para o período seguinte. (continua) 144 - CAPÍTULO 7 - O MONOPÓLIO Formação atual Após a reestruturação Quarentena Nada impede que um conselheiro deixe o Cade e passe a advogar para uma empresa logo de ime- diato. Será instituída uma quarentena de 120 dias para os conselheiros e para o procurador-geral. Independência nas investigações Os responsáveis pela investigação de condutas anticoncorrenciais, os secretários da SEAE e da SDE são demissíveis a qualquer tempo. Assim como os conselheiros, o superintenden- te-geral, responsável pelas investigações, terá mandato de dois anos, para garantir a indepen- dência nas investigações. Carreira Não há carreira e quadro de pessoal permanente para os órgãos. Será criado um corpo técnico para o Cade e são disponibilizados mais cargos DAS. Federalização dos crimes contra a ordem econômica A competência é da justiça comum. A competência para processar e julgar crimes contra a ordem econômica será transferida para a Justiça Federal. Fonte: SEAE – Ministério da Justiça. 5 Glossário Básico de Defesa da Concorrência* Acordo de exclusividade: ocorre quando compradores de um determinado bem ou serviço se comprometem a adquiri-lo com exclusividade de determinado vendedor (ou vice-versa), fi cando assim proibidos de comercializar os bens dos rivais. O efeito econômico é similar ao efeito da restrição territorial. Em ambos os casos a competição via preços é limitada. O estabelecimento de um acordo de ex- clusividade pode elevar os custos de entrada de competido- res potenciais ou elevar os custos de rivais efetivos no mer- cado do provedor, aumentandoa possibilidade de exercício de poder de mercado no setor correspondente. Os acordos de distribuição exclusiva aumentam o poder de mercado do provedor na medida em que conseguem restringir o acesso de rivais potenciais ou efetivos aos sistemas de distribuição, obrigando-os a constituir canais próprios. Acordo de Leniência: programa de redução de penas para os infratores à ordem econômica que se apresentarem es- pontaneamente às autoridades antitruste, instituído pela Lei no 10.149/2000 e regulamentado pela Portaria MJ no 849/2000. Mediante o programa, aqueles que cooperarem com o Governo, identifi cando os demais co-autores da infra- ção e apresentando provas concretas, poderão ser poupados de processo administrativo ou ter as suas penas reduzidas de um a dois terços. A Lei no 10.149/2000 garantiu sua ex- tensão à esfera penal, signifi cando que o cumprimento do acordo de leniência extingue a punibilidade criminal das in- frações à ordem econômica, caso se constituam em crime de ação penal pública. Agente econômico: qualquer pessoa física ou jurídica (empresa privada ou pública, com fi ns lucrativos ou não, indústria, comércio, profi ssional liberal etc.) que partici- pa, independentemente, como sujeito ativo na atividade econômica. Averiguação Preliminar: investigação que a SDE pro- move, de ofício ou à vista de representação escrita e fun- damentada de qualquer interessado, quando os indícios de infração à ordem econômica não são sufi cientes para a instauração de um Processo Administrativo. Aquisição (incorporação): Aquisição do controle de um agente econômico por outro, no qual o agente econômico adquirido desaparece como pessoa jurídica, mas o adqui- rente mantém a identidade jurídica anterior ao ato. Barreiras à entrada: Qualquer fator em um mercado que ponha um potencial competidor efi ciente em desvanta- gem com relação aos agentes econômicos estabelecidos. Entre os fatores que constituem importantes barreiras à entrada, destacam-se: a) custos fi xos elevados; b) custos afundados; c) barreiras legais ou regulatórias; d) recur- sos de propriedade das empresas instaladas; e) economias de escala ou de escopo; f) grau de integração da cadeia produtiva; g) fi delidade dos consumidores às marcas es- tabelecidas; e h) a ameaça de reação dos competidores instalados. Barreiras legais ou regulatórias: As barreiras legais e regulatórias são exigências criadas pelo governo para a instalação e o funcionamento de uma empresa, tais como as licenças comerciais. As barreiras legais podem repre- sentar, na prática, um incremento nos custos afundados, quando sua superação implicar custos elevados ou quan- * Fonte: SDE – Ministério da Justiça. Capa A Defesa da Concorrência no Brasil Intordução A lei Antitruste no Brasil Infrações Penas Os sistema brasileiro de defesa da concorrência Secretaria de direito econômico Secretaria de acompanhamento econômico (SEAE) Conselho administrativo de defesa econômica (CADE) A atuação dos órgãos do sistema brasileiro de defesa da concorrência Mudanças no sistema brasileiro de defesa da concorrência
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