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1 Corticosteroides Os fosfolipídios de membrana são degradados pela fosfolipase A 2, formando o ácido aracdônico. Este, por sua vez, pode ser metabolizado pela ciclo- oxigenasse, formando prostaglandinas, tromboxano A 2. Os AINEs atuam inibindo essas ciclo-oxigenases. Entretanto, o ácido aracdônico também é metabolizado pela 5-lipoxigenase, dando origem aos leucotrienos. Assim, quando se inibe a via da COX, está se intensificando a geração de leucotrienos, que são importantes espamógenos. Esses metabólitos podem ser perigosos em algumas situações, já que, estimulam quimiotaxia de células inflamatórias e, no caso dos cistenil- leucotrienos, podem ocasionar quadros de vasoconstrição de algumas áreas, broncoespasmo, aumento da permeabilidade. Os corticosteroides, de forma geral, quando se trata dos naturais, eles podem apresentar atividade glicocorticoide, como a produção do cortisol, e atividade mineralocorticoide, com produção de aldosterona. Essas duas classes são importantes para controlar equilíbrio metabólico e eletrolítico. Esses glicocorticoides, de forma geral, atuam modulando o sistema de defesa e várias funções metabólicas. Os mineralocorticoides possuem ação de controle da homeostase de sódio, ou seja, volemia. Do ponto de vista inflamatório, a atividade glicocorticoide é mais importante. Assim, a maioria dos corticoides da clínica odontológica tentam amenizar a ação mineralocorticoide, para intensificar o efeito glicocorticoide. Todos os derivados glicocorticoides são sintetizados a partir da estrutura do cortisol, apresentando tempo de ação maior, atividade anti-inflamatória mais importante e propriedades mineralocorticoides menos importantes do que o cortisol endógeno. Os corticosteroides, de forma geral, são sintetizados pela glândula suprarrenal. Todos são sintetizados a partir do colesterol, como base de formação. Em cada região do córtex da suprarrenal, nota-se a produção de diferentes tipos de corticosteroides. O cortisol é o glicocorticoide de referência, sendo produzido endogenamente. Ele é conhecido como sendo o hormônio do estresse, sendo produzido em situações de estresse durante o dia, como no início da manhã. Esse glicocorticoide tem ação e efeito no eixo hipotálamo-hipófise, uma vez que, há liberação do hormônio secretor de corticotrofina, que vai estimular neurônios e induzir a liberação de glicocorticoides, pela suprarrenal. Entretanto, esses próprios glicocorticoides possuem mecanismo de feedback negativo, sendo autorregulados, a fim de obter um controle e equilíbrio. Os glicocorticoides tem ação anti-inflamatória, já que, inibem a síntese de eicosanoides, de forma atuar na inibição da fosfolipases A 2, inibindo toda a cascata do ácido aracdônico, tanto da via COX, quanto a LOX. Por essa razão, eles acabam sendo mais potentes do que os AINEs. 2 Corticosteroides No sistema imune, quando o cortisol é liberado pela suprarrenal, esse cortisol irá exercer mecanismo de feedback negativo. Além disso, eles possuem ação direta sobre linfócitos, neutrófilos e macrofilos, de forma a inibir a liberação de citocinas pró-inflamatórias, como IL-1 e TNF-alfa. Assim, entende-se que, as próprias citocinas pró-inflamatórias aumentam a produção endógena de glicocorticoide. Quando se faz o uso de corticoides exógenos ou quando há produção de cortisol, ocorre inibição do eixo hipotálamo-hipófise, que vai inibir a liberação de mais cortisol e inibição da ativação do sistema imune e liberação de mais citocinas pró-inflamatórias. Os corticoides ou glicocorticoides agem via receptores intracelulares, sejam eles solúveis ou nucleares, não estando expostos na membrana celular. Esses receptores possuem 3 domínios funcionais: ativação genica, ligação ao DNA e sítio para o ligante. Esse complexo receptor e corticosteroide se dirige ao núcleo, sendo enlaçado pelas cadeias genicas, podendo alterar a transcrição de determinados genes, como aumentar a produção de proteínas anti-inflamatórias e inibir citocinas anti-inflamatórias. Quando o corticoide atravessa a membrana e se liga ao receptor, tanto as proteínas de choque terminal, quanto a imunofilina, se desligam, possibilitando que esse complexo atravesse a membrana, encontrando o receptor inativado ele acaba se tornando ativo. Assim, esse complexo se dirige ao núcleo, aumentando proteínas anti-inflamatórias, como a interleucina 10. Os corticoides apresentam média meia vida e apresentam excelente efeito anti- inflamatório: prednisona, prednisolona e methylprednisolona (menor atividade mineralocorticoide); A betametasona, dexametasona e cortivazol possuem alta meia vida (perigo) e a atividade inflamatória é muito superior à atividade mineralocorticoide. Do mesmo jeito que o cortisol tem essa ação inibitória do eixo hipotálamo- hipófise, consequentemente, inibindo produção de pró-inflamatórios, os corticoides sintéticos também realizam essa ação de supressão de cortisol, deixando de produzir esse corticosteroide endógeno, o que faz com que o organismo fique dependente da ação do corticoide exógeno. Assim, não se suspende bruscamente o corticoide, já que, pode-se ficar desprotegido e o anti-inflamatório endógeno ainda estará cessado, sendo necessário a retirada gradual do exógeno, para que o corpo volte a produzir o endógeno. Além dos efeitos anti-inflamatórios, também existem efeitos metabólicos, sendo eles: • Efeitos anti-insulínicos, dificultando a utilização de glicose pelos tecidos, com aumento a taxa de glicemia; • Estímulo da neoglicogênese; • Inibição da síntese proteica; • Aumento da glicemia, glicosúria e eliminação de nitrogênio urinário; 3 Corticosteroides Contraindicações: Paciente diabético, paciente diurético, que apresenta distúrbios no TGI, no primeiro trimestre de gravidez e que trata de doenças infecciosas, como herpes ou tuberculose. Efeito de corticoides sobre metabolismo de lipídios, como: • Inibição da síntese de ácidos graxos; • Redistribuição desigual de depósitos de gordura periférica; • Estrias: acúmulo de gordura em alguns locais, uma vez que, há inibição de produção de colágeno e elastina, que promovem elasticidade da pele; Efeitos mineralocorticoides: • Retenção de sódio, eliminação de potássio e hidrogênio, o que faz com que aumente a volemia e produz efeito sobre a pressão arterial; Efeitos sobre os diferentes níveis do processo inflamatório: • Citocinas: inibição da síntese de citocinas pró-inflamatórias; • Mediadores inflamatórios: redução da síntese do ácido aracdônico através da síntese de lipocortina-1, que irá inibir a ação de clivagem da enzima PLA2, que consegue desmembrar o ácido aracdônico das cadeias de fosfolipídios; • Moléculas de adesão: inibição da expressão, como a IL-1; • Fibroblastos: redução da proliferação e produção de fibras colágenas pelos fibroblastos; Em relação à cinética, entende-se que a maior parte é bem absorvida por VO, devido à boa lipossolubilidade. Ademais, devido à essa lipossolubilidade e o fato deles conseguirem penetrar a barreira mucosa, é possível a utilização de tópicos, com menor impacto sistêmico. Eles são conjugados no fígado e seus derivados eliminados na forma inativa na urina. Além disso, a meia vida dos sintéticos é maior do que o natural. Geralmente, o corticoide é utilizado para tratar tumores, doenças auto imunes, doenças do TGI, lesões assépticas e em casos de inflamações crônicas. Em relação às interações medicamentosa, os corticoides podem: • Aumentar o risco de hipocalemia, quando associado a diuréticos; • Potencializar o aumento dos níveis de glicose no sangue, agravando quadro de diabetes existente ou pré-existente; • Rifampicina pode alterar os efeitos dos corticoides; • Riscos que os AINEs possuem, já que, inibe toda a cascata, inclusive as vias COXs; • Se associado à AINEs podem fornecer risco de úlceragástrica aumentado; 4 Corticosteroides Vídeo aula Corticosteroides As adrenais são duas glândulas, em pares, que são localizadas acima de cada rim. Ela possui a região de córtex adrenal e medula adrenal, além de ser recoberta por capsula fibrosa, sendo uma região mais espessa, protegendo a adrenal. O córtex adrenal não é constituído pelos mesmos tipos celulares, sendo a parte glomerulosa, capaz de produzir mineralocorticoides; a zona fasciculada é responsável pela produção de glicocorticoides; e a região reticulada produz hormônios sexuais. Todos esses hormônios são sintetizados a partir do colesterol. Do ponto de vista clínico, os mais utilizados são os glicocorticoides, sendo o cortisol endógeno o mais importante. Ele é necessário para manutenção da vida e regula funções da imunidade, regulação do metabolismo intermediário... Os corticoides irão favorecer a gliconeogênese, aumento o nível de glicose plasmática e aumenta a pressão arterial. Além disso, os glicocorticoides reduzem a síntese de proteínas, aumentando sua degradação. Com isso, ocorre atrofia muscular, para fornecer aminoácidos para síntese de glicose ou de energia. Assim, glicocorticoides diminuem a massa muscular. Em relação ao tecido lipídico, sabe-se que os glicocorticoides irão ativar lipase, promovendo a queda de lipídios, ativando a redistribuição dos níveis de gordura. Ademais, outra ação é a alteração dos níveis de células sanguíneas no plasma, de forma a diminuir a quantidade de células de defesa e aumentar hemoglobinas e plaquetas. Um dos mecanismos anti-inflamatórios é a redução da ativação de neutrófilos e macrófagos, o que reduz a transcrição de genes de fatores de adesão e citocinas. Ademais, eles também reduzem a síntese de citocinas pró- inflamatórias e de células osteoblásticas. Os glicocorticoides inibem a PLA2, inibindo as COX e LOX, consecutivamente. Assim, ocorre redução da síntese de mediadores inflamatórios dos prostanoides e leucotrienos. E reduzirão o NO e a redução da histamina, que estão envolvidos no processo alérgico. Esses glicocorticoides aumentarão a produção de citocinas anti-inflamatórias. Pelo fato de inibir as prostaglandinas, os glicocorticoides podem aumentar o nível de ácido gástrico e aumentar o risco de úlceras no TGI. Os glicocorticoides irão reduzir a absorção do cálcio no TGI e aumentar a excreção nos rins, consequentemente, podendo ocorrer aumento dos casos de osteoporose. 5 Corticosteroides
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