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www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL O trato alimentar fornece ao organismo suprimento contínuo de água, eletrólitos e nutrientes. Para o desempenho dessa função, é necessário o movimento do alimento ao longo do tubo digestivo, a secreção de sucos digestivos e a digestão do alimento. BOCA A boca representa a primeira porção do trato digestivo. A cavidade oral é revestida, internamente, pela mucosa oral. É delimitada, anteriormente, pelos lábios; lateralmente, pelas mucosas jugais (bochechas); superiormente, pelo palato; e inferiormente, pelos músculos do assoalho da boca. A avaliação da boca de um paciente é um procedimento indispensável, avaliando o cuidado com a higiene e cuidado com esta estrutura. A cavidade bucal encontra-se dividida em duas regiões: vestíbulo (espaço entre os lábios e as gengivas e dentes) e cavidade oral propriamente dita. LÍNGUA A língua é a maior estrutura da cavidade oral. Órgão muscular recoberto por mucosa, de participação ativa na gustação, deglutição e na fala (articulação da palavra). Observa- se no dorso da língua uma divisão – o sulco terminal – que separa a língua em duas porções: corpo (parte anterior) e raiz (posterior, fixada na parede). Observam-se também as papilas linguais, onde se localizam os receptores gustativos. É através desses receptores que informações sobre o sabor dos alimentos são repassadas aos nervos facial (via nervo lingual), glossofaríngeo e vago (nervos cranianos relacionados com a gustação). A análise da língua dos pacientes pode revelar o desenvolvimento de certas doenças, como cânceres e infecções. O paladar é uma função desses botões gustativos com contribuição da olfação, uma vez que o centro do olfato e do paladar no SNC são próximos e interligados (isto justifica o fato de que nas gripes e resfriados ocorre uma diminuição da apreciação do gosto dos alimentos). O gosto é perceptível aos botões devido aos seus receptores químicos, ou seja, receptores de sódio, potássio, cloro, adenosina e enosina. A percepção química é diferenciada em estímulos nervosos para as respectivas sensações: doce, amargo, salgado e ácido. As células gustatórias propriamente ditas estão divididas nas seguintes partes: poro gustatório e fibras nervosas gustatórias, que vão transmitir o impulso nervoso da gustação. Na superfície de cada uma das células gustativas, observam-se prolongamentos finos como pelos, projetando-se em direção da cavidade bucal; são chamados microvilosidades. Para que haja a propagação do impulso nervoso, as células devem ser previamente despolarizadas e enviem o impulso nervoso para as vias de transmissão até o tronco encefálico e, daí, ao tálamo e córtex cerebral. Inicialmente, os estímulos captados pelas papilas gustativas passam, primeiramente, pelo nervo lingual, depois pela corda do tímpano, e alcançam o nervo facial, para por fim, chegar ao núcleo do trato solitário, localizado no bulbo (estrutura do tronco cerebral). Os nervos glossofaríngeo e vago também participam da sensação do paladar no terço posterior da língua. Em seguida, os estímulos são transmitidos ao tálamo; do tálamo passam ao córtex gustativo primário e, subsequentemente, às áreas associativas gustativas circundantes e à região integrativa comum que é responsável pela integração de todas as sensações. 1 Arlindo Ugulino Netto. FISIOLOGIA 2016 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA OBS1: Qualquer lesão em nível das estruturas nervosas relacionadas com a gustação (nervos facial, glossofaríngeo e vago; núcleo do trato solitário; tálamo; córtex gustativo), pode desencadear a diminuição na percepção dos gostos. PAPILAS LINGUAIS Com base em sua estrutura e função, as papilas linguais são divididas em quatro tipos: filiformes, fungiformes, foliadas e circunvaladas. Todas elas estão localizadas anteriormente ao sulco terminal. ● Papilas filiformes: estruturas delgadas que dão aspecto aveludado à superfície dorsal. Não possuem botões gustativos. ● Papila fungiforme: assemelha-se a um cogumelo. Possuem corpúsculos gustativos no aspecto dorsal de seu chapéu. ● Papilas foliadas: apresentam sulcos verticais que lembram páginas de um livro. Possuem corpúsculos gustativos apenas na infância. ● Papilas valadas: dispostas em V imediatamente anteriores ao sulco terminal. Possuem botões gustativos. DENTIÇÃO Os dentes são estruturas rígidas e esbranquiçadas implantadas na maxila e mandíbula responsáveis pela mastigação e por dar forma à porção inferior da face. Estão divididos em três partes: coroa, raiz e colo. No adulto, encontram-se 32 dentes, sendo eles divididos em quatro tipos, de acordo com as suas formas e funções: ●Incisivos: oito dentes, com margem cortante e raiz única. ●Caninos: quatro dentes, com coroa cônica terminando em ponta e raiz única. ●Pré-molares: oito dentes, com coroa apresentando dois tubérculos e raiz única ou bífida. ●Molares: doze dentes, coroa com três a cinco tubérculos e duas a três raízes. SALIVAÇÃO O volume diário de saliva produzida é cerca de 1000ml, com pH entre 6,0 a 7,0 (isto é: favorável a ação digestiva da ptialina). A saliva contém dois tipos principais de secreção proteica: ● Secreção serosa: contém ptialina (α-amilase), uma enzima responsável pela digestão de amidos. ● Secreção mucosa: contém mucina para lubrificação e proteção de superfícies. As glândulas parótidas secretam exclusivamente o tipo seroso, enquanto as glândulas submandibular e sublingual secretam tanto seroso quanto mucoso. ÍONS NA SALIVA A saliva possui quantidade particularmente grande de íons potássio e de íons bicarbonato. Por outro lado, a concentração de íons sódio e cloreto é consideravelmente mais baixa do que no plasma. Isso acontece pois os íons sódio são ativamente reabsorvidos a partir de todos os ductos salivares, que, por sua vez, secretam íons potássio ativamente em troca do sódio. Com isso, a concentração de Na+ na saliva fica reduzida, enquanto a de K+ aumenta. Porém, a reabsorção de sódio é bastante excessiva em relação a saída de K+ dos ductos, o que cria uma grande negatividade nesses ductos, fazendo com que haja absorção passiva de íons cloreto. Por isso que a concentração de Na+ e Cl- nos ductos é baixa, e na saliva, é alta. 2 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA Já os íons bicarbonato são secretados pelo epitélio ductal para o lúmen do ducto por um processo secretor ativo. Esses íons são, em parte, responsáveis por manter o pH estável. FUNÇÕES DA SALIVA ✔ O fluxo de saliva ajuda a remover as bactérias patogênicas, bem como partículas alimentares. ✔ Contém diversos fatores capazes de destruir bactérias: íons tiocianato, lisozimas e anticorpos (combatem, inclusive, bactérias que causam cáries). ✔ Participa no processo conhecimento como clareamento do esôfago, que consiste na lubrificação e limpeza da mucosa esofágica a partir da saliva deglutida. REGULAÇÃO NERVOSA DA SECREÇÃO SALIVAR A regulação da secreção salivar é feita por sinais nervosos parassimpáticos dos núcleos salivatórios superior e inferior no tronco cerebral (na ponte e no bulbo, respectivamente). Pode ser estimulada ou inibida por sinais nervosos que chegam aos núcleos salivatórios provenientes dos centros superiores do SNC. O núcleo salivatório superior envia fibras via nervo facial e nervo lingual para inervar as glândulas submandibular e sublingual; o núcleo salivatório inferior envia fibras para inervar a glândula parótida via nervo glossofaríngeo. Os sinais nervosos parassimpáticos que induzem a salivação copiosa também dilatam moderadamente os vasos sanguíneos. Por esta razão, o suprimento sanguíneo das glândulas afeta a secreção salivar, já que a secreção sempre requer umnutrição adequada. A escassez de saliva pode estar associada a lesões no sistema nervoso periférico ou lesões vasculares. A estimulação simpática também pode aumentar a salivação em grau moderado. Esses nervos simpáticos se originam dos gânglios cervicais superiores. MASTIGAÇÃO Os dentes são admiravelmente construídos para a mastigação. Nesse processo, o alimento é convertido em pedaços menores, porém permite uma maior atuação de enzimas digestivas, aumentando as áreas de contato. Além disso, a mastigação estimula o centro da saciedade. DEGLUTIÇÃO ● Fase voluntária: quando o alimento está pronto para ser deglutido, e é voluntariamente empurrado pela língua para a faringe. ● Fase faríngea da deglutição: o alimento é empurrado involuntariamente para o esôfago. Nesse processo, uma série de músculos é ativada para o fechamento das vias aéreas e abertura do esfíncter superior do esôfago (músculo cricofaríngeo). Esta estimulação é intermediada por receptores na faringe para os nervos glossofaríngeo, vago e acessório, controlado pelo centro da deglutição no bulbo (núcleo ambíguo). ESÔFAGO O esôfago é um tubo muscular com aproximadamente 25cm de comprimento, que transporta o bolo alimentar da faringe oral para o estômago. ESFINCTER SUPERIOR DO ESÔFAGO Está localizado na junção faringoesofagiana, tendo como base anatômica os músculos e a musculatura esofágica abaixo dele. Tem como função manter fechada a extremidade superior do esôfago, impedindo a passagem de ar para o mesmo e o refluxo do alimento para a faringe. A contração tônica do ESE é feita pela excitação de fibras somáticas vagais. O seu relaxamento é feita pela inibição transitória dos neurônios centrais. Tal excitação e inibição são coordenadas pelo centro da deglutição, localizado no bulbo. O M. constrictor inferior da faringe exibe uma atividade elétrica constante com a frequência de descarga proporcional ao tônus do M. em repouso. Quando ocorre o relaxamento, essas descargas cessam, possibilitando a passagem do alimento. O tônus é controlado pelas aferências neurais que coordenam o relaxamento do músculo, ocorrido com a deglutição. CORPO DO ESÔFAGO É limitado proximalmente pelo esfíncter superior do esôfago e distalmente pelo esfíncter inferior do esôfago. É inervado por plexos oriundos do nervo vago. É a porção responsável pelo transporte do bolo alimentar pela ação da gravidade e de ondas peristálticas. 3 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA ● Doença do refluxo: normalmente, o esfíncter cárdico (esofágico inferior), enquanto não nos alimentamos, ele permanece fechado. Pessoas que sofrem de refluxo (sensação de azia, pirose) não possuem controle no fechamento dessa válvula, podendo causar regurgitação. É uma doença crônica e multifatorial (aumento de peso – aumenta a pressão das vísceras sobre o estômago; genético; anatômico) de períodos de melhora e piora. ● Hérnia de hiato: é o deslizamento do estômago em direção ao esôfago, fazendo com que o estômago se projete sobre o diafragma. Esta alteração anatômica ocorre devido à diferença entre a alta pressão dentro do abdome em relação à baixa pressão dentro do tórax. ● Esofagite: inflamação causada devido aos ácidos do estômago quando há regurgitação. Apresenta grande vermelhidão no esôfago diagnosticado por endoscopia, que pode evoluir para o esôfago de Barret, que é uma condição pré-neoplásica. OBS2: Mecanismo Antirrefluxo. Refluxo gastroesofágico é o retorno do conteúdo do estômago, como o suco gástrico (ácido) e alimentos, para o esôfago. Quando este refluxo se apresenta de forma intensa e em vários episódios durante o dia, ele é chamado de refluxo gastroesofágico patológico. A doença do refluxo gastroesofágico ocorre devido ao funcionamento precário dos mecanismos antirreflexo. Esses mecanismos podem ser de natureza anatômica e fisiológica. ● Mecanismos funcionais ✔ Pressão do esfíncter inferior do esôfago: o tônus normal do esfíncter inferior do esôfago bloqueia o retorno de qualquer substância gástrica para o esôfago. O aumento acentuado da pressão intra- abdominal comprime o esôfago neste ponto. Esse fechamento tipo valvular da porção inferior do esôfago evita que a elevada pressão no estômago force o conteúdo gástrico na direção do esôfago. A pressão exercida pela musculatura diafragmática contribui no reforço deste esfíncter. ✔ Peristaltismo do esôfago: a peristalse primária é simplesmente a continuação da onda peristáltica que se inicia na faringe e se propaga para o esôfago durante a fase faríngea da deglutição. A peristalse primária, portanto, está diretamente ligada com a digestão. Se a onda peristáltica primária for insuficiente para movimentar todo o alimento que entra no esôfago em direção ao estômago, ondas peristálticas secundárias causam da distensão do esôfago pelo alimento retido. Estas ondas são idênticas às primárias, a não ser pelo fato de se originarem no próprio esôfago, e não na faringe. As ondas peristálticas secundárias mantêm-se até que todo o alimento tenha passado para o estômago. Doenças que afetem o peristaltismo do esôfago (como a esclerodermia ou o megaesôfago chagásico) predispõem ao desenvolvimento de DRGE. ✔ Ação da saliva e clareamento do esôfago: limpeza do tubo pela ação da saliva deglutida, permitindo a este órgão uma maior capacidade de empurrar o ácido através de suas contrações. O alto teor de bicarbonato e proteínas tamponantes neutraliza o ácido no esôfago. Doenças que afetem a produção de saliva podem influenciar de maneira negativa neste mecanismo (como a síndrome de Sjögren, doença reumatológica que influencia na produção e secreção de saliva). ✔ Volume e tempo de esvaziamento do conteúdo gástrico: deve acontecer rapidamente e com pouco volume. ✔ Resistência da mucosa do esôfago: A resistência tissular não é um fator isolado, mas representa um conjunto de estruturas e funções que se dispõem em camadas e interagem para formar uma barreira dinâmica. Desta forma, temos: ▪ Defesa pré-epitelial (muco esofágico): ação do muco produzido pelo próprio epitélio esofagiano, que reduz a ação do ácido clorídrico. O muco, com suas propriedades e viscoelasticidade, forma uma excelente barreira à penetração de macromoléculas, como pepsina (não bloqueia, contudo, a passagem de íons H+). ▪ Defesa epitelial (epitélio escamoso do esôfago): ação exercida pelo tecido epitelial de revestimento (T.E.R.) Estratificado Pavimentoso Não-queratinizado que reveste o esôfago, um epitélio bastante resistente. Este epitélio escamoso apresenta células firmemente aderidas entre si (por junções intercelulares muito firmes) que não permitem a passagem de íons entre as 4 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA células. Contudo, ele não é resistente à agressão contínua exercida por enzimas pancreáticas, sais biliares e ácido clorídrico. ▪ Defesa pós-epitelial (vascularização): função exercida pelo suprimento sanguíneo esofágico, responsável por carrear os radicais livres formados neste órgão. ● Mecanismos anatômicos: ✔ Entrada oblíqua do esôfago no estômago: tal fenômeno ameniza o impacto da deposição do bolo alimentar no estômago e promove o seu fechamento quando está cheio. ✔ Roseta da mucosa gástrica: pregas resistentes presente na porção inicial do estomago (a nível da cárdia) que dificulta o refluxo funcionando como uma engrenagem. ✔ Elementos de fixação do estômago: artéria gástrica esquerda e ligamentos frênico-esofágico (membrana fibroelástica que se origina de uma condensação da fáscia abdominal; quando lesado, pode haver hérnia de hiato), pilares diafragmáticos ao nível do hiato. ✔ Musculatura diafragmática: as fibras do diafragma auxiliam no mecanismo funcional de defesa exercido pelo esfíncter inferior do esôfago.OBS3: O esôfago não possui a última camada serosa, o que o deixa mais vulnerável a perfurações. OBS4: Ao se ingerir medicamentos via oral, deve tomar líquidos para que o comprimido, no caso, não fique aderido às paredes do esôfago, podendo irritá-las e perfura-las. PRINCÍPIOS GERAIS DA MOTILIDADE GASTRINTESTINAL As paredes do trato GI é composto, basicamente, por 5 camadas, sendo elas, de fora para dentro (luz): serosa, camada muscular longitudinal, camada muscular circular, submucosa (possui uma parte nervosa: plexo de Meissner) e mucosa. O esôfago não possui a camada serosa, e o estômago possui uma camada circular média a mais. Essas paredes têm funções motoras (por se tratar de órgãos responsáveis por motilidade e mistura do bolo alimentar) bem como função de sincício, isto é, quando um potencial de ação é desencadeado em qualquer parte no interior da massa muscular, percorre, geralmente, todas as direções pelo músculo. FUNÇÃO DE ATIVIDADE ELÉTRICA DO M. LISO O aparelho digestivo possui uma certa atividade elétrica intrínseca, ou seja, seu potencial de ação é gerado por si próprio, como ocorre no automatismo do coração. Essa atividade apresenta dois tipos básicos de ondas elétricas: ondas lentas (3/min) e ondas em ponta. As ondas lentas não se tratam de potencial de ação, mas sim, alterações lentas ondulantes no potencial de repouso da membrana. As ondas em ponta são verdadeiros potenciais de ação, que se dá pela abertura de canais lentos de cálcio-sódio, o que explica a longa duração dos potenciais de ação. Para que haja a contração, é necessário que aconteça uma alteração mínima na voltagem do potencial de repouso da membrana, como uma distensão muscular (chegada do alimento) ou estímulos parassimpáticos (acetilcolina) e simpáticos (norepinefrina). OBS5: Por isso, quando o indivíduo não se alimenta, acontecem as chamadas contrações de fome, pois, toda contração de um órgão oco, gera dor. OBS6: Quando uma pessoa está nervosa ou ansiosa, há uma descarga adrenérgica, fazendo com que o parassimpático estimule a produção de ácido clorídrico, gerando dores semelhantes a gastrites. Ou seja, o stress emocional pode 5 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA desencadear alterações na voltagem do potencial de repouso do M. liso, causando dispepsia (sintomas semelhantes à gastrite). OBS7: Não comer também engorda, por isso que é aconselhável a uma pessoa em regime se alimentar em períodos regulares. Isso acontece porque, caso o indivíduo passe muito tempo sem se alimentar, o organismo assimila a uma escassez, e quando o indivíduo se alimenta depois de um longo período, o ele retém nutrientes desnecessários para burlar essa “falta” de alimento. CONTROLE NEURAL DA FUNÇÃO GASTRINTESTINAL O trato gastrintestinal tem um sistema nervoso próprio, denominado de sistema nervoso entérico. Esse sistema localiza-se inteiramente na parede do intestino, começando no esôfago até o ânus. O sistema nervoso entérico é composto basicamente por dois plexos: ● Plexo de Auerbach (mioentérico): situado entre as camadas longitudinal e circular. ● Plexo de Meissner (submucoso): localizado na submucosa. ●Existem doenças que atacam primordialmente estes plexos. O Trypanossoma cruzi, de indivíduos portadores da doença de chagas, destrói os plexos nervosos, causando distúrbios motores como: a dilatação do esôfago, que perde a capacidade de se contrair, causando problemas de motilidade em todo tubo digestivo; doença do megacólon chagásico; problemas de constipação; etc. ÍONS CALCIO E CONTRAÇÃO MUSCULAR A contração do músculo liso ocorre em resposta a entrada de cálcio na fibra muscular. Os íons cálcio, ao atuarem através do mecanismo de controle da calmodulina, ativam os filamentos de miosina na fibra, gerando forças de atração que se desenvolvem entre os filamentos de miosina e os de actina, causando, assim, a contração muscular. As ondas lentas não são responsáveis pela entrada de cálcio na fibra muscular lisa (apenas a entrada de íons sódio). Em contrapartida, é durante os potenciais de ponta gerados nos picos das ondas lentas, que grande quantidade de íons cálcio penetra nas fibras, causando a maior parte de sua contração. TIPOS FUNCIONAIS DE MOVIMENTOS NO TRATO GASTRINTESTINAL O trato gastrintestinal apresenta dois tipos de movimento: propulsivo (movimentos peristálticos propriamente ditos) e mistura (ajudam os peristaltismos, mas tem uma função de misturar e homogeneizar o bolo alimentar). Além disso, a peristalse do esôfago pode acontecer de três formas: a peristalse primária, provocada pelo estímulo da deglutição; a peristalse secundária, que não está relacionada à deglutição; e a peristalse terciária, mais comum no idoso, caracterizada por contrações do esôfago não relacionada à deglutição nem a nenhum outro fenômeno de distensão ou de refluxo, de forma que as contrações são ineficazes, isto é, sem função alguma. As contrações terciárias estão bem relacionadas com algumas patológicas, mas podem acontecer sem que haja qualquer doença associada. ESTÔMAGO O estômago, região mais dilatada do canal alimentar, é uma estrutura semelhante a um saco que, no adulto médio, pode acomodar aproximadamente 1500ml de comida e suco gástrico, em sua distensão máxima. O bolo alimentar passa pela junção gastresofágica e penetra obliquamente no estômago onde é processado, transformando-se em um fluido viscoso denominado quimo. FUNÇÕES MOTORAS DO ESTÔMAGO O estômago é tido como um órgão de armazenamento a partir do momento que o alimento chega (por via reflexo vago vagal) ao esfíncter esofágico inferior, o qual relaxa, permitindo a entrada e o acúmulo de alimento no estomago, o qual se acomoda, progressivamente, ao volume recebido. OBS8: Quanto mais o indivíduo se alimenta em proporções cada vez maiores, mais o estômago cresce (dilatação receptiva), e maior será o tempo para alcançar a plenitude. 6 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA A função de mistura realizada pelo estômago, por intervenção das ondas constrictoras peristálticas fracas, faz com que a porção média da parede deste órgão se mova em direção ao antro no intuito de realizar uma maior homogeneização do quimo com as secreções gástricas. Esse movimento é associado aos movimentos de retropulsão, em que o piloro se fecha, fazendo com que o alimento não ultrapasse para o duodeno, retornando para cima, para continuar sofrendo mistura, até que o quimo esteja bastante homogêneo. OBS9: Contração de fome: sinal que o estômago envia ao sistema nervoso ao perceber uma baixa concentração de açúcar no sangue, gerando tônus gástrico. A função de esvaziamento se dá por contrações intensas justamente por ser responsável a expulsar o alimento do estômago. A maior parte das contrações estomacais é fraca, intensificando-se, justamente, no momento da evacuação. O esvaziamento é controlado por fatores: ● Gástricos: liberação de gastrina, hormônio produzido na mucosa do antro, que aumenta a produção de suco gástrico pelas glândulas fúndicas e estimula a ação da bomba pilórica. ● Duodenais: reflexo enterogastrico (quando o alimento sai do estomago para o intestino, começam as ondas peristálticas no intestino); liberação de hormônios intestinais, como o CCK, inibidor do esvaziamento; presença de gordura retarda o esvaziamento, para que haja tempo de assimilação desses nutrientes; grau de acidez do quimo. OBS10: A digestão deve ser feita calmamente, pois caso haja uma surpresa moral, todo sangue destinado à receber os nutrientes será desviado para a cabeça e músculos, paralisando o esvaziamento do estômago. OBS11: Quanto maior o volume do estômago, maior será retardado o esvaziamento deste órgão. Por isso não se deve ingerir muito líquido duranteas refeições. Há um provérbio chinês que dita: “Saia da mesa ainda com fome”. REGIÕES DO ESTÕMAGO DO PONTO DE VISTA ANATÔMICO Anatomicamente, a observação macroscópica mostra que o estômago tem quatro regiões: ● Cárdia: região estreita, situada na junção gastroesofágica. Possui glândulas responsáveis por produzir muco contra ação do ácido clorídrico. ● Fundo: uma região em forma de cúpula à esquerda do esôfago, frequentemente cheia de gás. Presença de células endócrinas produtoras de gastrina. ● Corpo: a maior região, responsável pela formação do quimo. Assim como o fundo, há um maior predomínio de células parietais (produtoras do HCl) e células principais (produção de pepsionogênio) situadas nas glândulas fúndicas. ● Antro: porção final do estômago, dotada do espesso esfíncter pilórico, que controla a liberação intermitente do quimo para o duodeno. Há predomínio de glândulas produtoras de muco que reveste a mucosa do estômago que o protege da autodigestão. CÉLULAS PARIETAIS Presentes, principalmente, no corpo do estômago, são as responsáveis pela produção de ácido clorídrico. Estas células possuem receptores diferenciados (figura ao lado) que estimulam a produção do ácido: receptores de histamina, gastrina e acetilcolina, que ativam essas células a secretarem ácido clorídrico. Na região basal dessas células, existe uma enzima chamada bomba hidrogênio-potássio-ATPase. Essa enzima, quando ativada, elimina o H+ na luz do canalículo em troca de K+. Esse H+ se une ao Cl- , previamente bombeado para fora da célula, onde se combinam em HCl. A água captada do líquido extracelular chega ao 7 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA canalículo devido à osmolaridade gerada nessa região. O HCl é importante por converter o pepsinogênio (inativo) em pepsina (ativo). OBS12: É possível realizar o bloqueio dessa bomba de prótons inibindo os receptores de histamina, gastrina ou acetilcolina por meio de medicamentos, porém não é aconselhável, pois, do ponto de vista fisiológico, existem outros receptores de histamina em variados tecidos mais importantes do corpo, que seriam inibidos também. Pode-se então utilizar medicamentos que inibam diretamente e temporariamente a bomba, como o Omeprazol, muito utilizado para doenças relacionadas à hiperacidez (ácido peptídico, como gastrite, úlceras gástricas ou duodenais, duodenites, doença do refluxo). OBS13: Anti-inflamatórios reduzem o número de prostaglandinas, responsáveis pela produção de muco e estimulação da irrigação sanguínea da parede gástrica, tornando o estomago vulnerável a ação do ácido clorídrico. A administração de anti-inflamatórios deve ser feita associada a inibidores bomba ácida. OBS14: Ulceras gástricas podem ser causadas pela bactéria H. pylori (considerado um carcinógeno tipo 1 pela OMS) presente em 70% da população mundial, mas que só se torna patogênica em pessoas com predisposição genética. Essa bactéria provoca um desequilíbrio fisiológico, resultando em uma produção desordenada de HCl, bem como na redução da produção de muco. Por isso, utilizam-se antibióticos e inibidores da bomba de prótons. Essa bactéria sobrevive a ação do ácido clorídrico por se esconder abaixo da camada de muco e por ter uma enzima urease que alcaliniza o meio. OBS15: As células parietais produzem ainda o fator intrínseco, glicoproteína produzida na mucosa gástrica, que se liga a vitamina B12 (responsável pela maturação de células da linhagem vermelha) para que ela não seja degradada no duodeno para ser absorvida no íleo. ●A Helicobacter pylori é considerada pela Organização Mundial de Saúde como um carcinógeno tipo 1, ou seja, dependendo da cepa dessa bactéria no estômago, relacionado a uma predisposição genética, o indivíduo está propenso a adenocarcinoma gástrico. Essa bactéria, nesses casos, provoca uma reação inflamatória, em que o organismo passa a se defender por meio de citotoxinas, substância tóxicas que tentam combater a bactéria, mas destroem as próprias células da mucosa, desenvolvendo gastrites crônicas e ulceras. Para combater essas patologias, deve-se combater primeiramente a bactéria com antibióticos. ● Gastrites crônicas, por levarem a degradação da mucosa estomacal, diminui a formação do fator intrínseco, o que prejudica a absorção da vitamina B12. Isso gera a anemia perniciosa, devido a falta de maturação e eritrócitos pela medula vermelha. REGIÕES DO ESTÔMAGO DO PONTO DE VISTA FISIOLÓGICO Fisiologicamente, o estômago está dividido em duas regiões apenas: porção oral (2/3 iniciais) e porção caudal (que corresponde ao corpo e antro). HORMÔNIOS RELACIONADOS AO FUNCIONAMENTO GASTRICO ● Gastrina: hormônio produzido pelas células G do estômago e intestino delgado. ✔ Estimula a produção de HCl pelas células parietais do estômago, que possuem um receptor específico para esse hormônio. ✔ Crescimento da mucosa gastrintestinal: a gastrina tem função trófica que estimula a proliferação e diferenciação celular. Isso justifica a razão de não usar medicamentos que poderiam bloquear os 8 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA receptores das células parietais para esse hormônio, uma vez que bloquearia a renovação da mucosa gastrica. ✔ Estimula a motilidade gástrica, especialmente a contração da região pilórica (bomba pilórica) e o relaxamento do esfíncter pilórico regulando o esvaziamento gástrico. ● Secretina: hormônio antagonista da gastrina, produzido pelas células S do intestino delgado. Sua secreção pode ser estimulada pela acidez do quimo. ✔ Estimula a produção de suco pancreático (solução alcalina, rica em bicarbonato) pelo pâncreas, que neutraliza, de certa forma, a acidez com que o quimo chega ao duodeno. ✔ No estômago, estimula a produção e secreção de pepsina (quebra proteínas) e inibe a secreção de ácido clorídrico. ✔ No fígado, estimula a produção da bile. ✔ No duodeno, estimula a produção de suco entérico. ● Colecistocinina (CCK): hormônio produzido pelas células I do intestino delgado (mucosa do jejuno) ✔ Estimula o crescimento celular do pâncreas e a secreção do suco pancreático. ✔ Provoca o esvaziamento da vesícula biliar. ✔ Ação inibitória no estômago. OBS16: O stress emocional pode estimular a secreção de HCl devido a sobrecarga do sistema nervoso simpático (reduz a vascularização da parede gástrica) e parassimpático (estimula a produção de acetilcolina), estimulando a secreção de acetilcolina e diminuindo a vascularização do estômago, podendo gerar gastrites nervosas que evoluem para ulceras. UNIDADE SECRETORA PANCREÁTICA O pâncreas, situado paralelamente abaixo do estômago, é uma grande glândula composta cuja estrutura interna se assemelha à das glândulas salivares, apresentando um amplo sistema de ductos e ácinos pancreáticos (originam- se nas células acinares, completando-se nos ductos extralobulares), responsáveis pela produção e secreção das enzimas digestivas pancreáticas. SUCO PANCREÁTICO O pâncreas em atividade secreta soluções que vão agir sobre o quimo (bolo alimentar que já sofreu a ação de enzimas desde a boca ao estômago), que é extremamente ácido, e chega ao duodeno, podendo ter sua mucosa lesada por essa propriedade. É por esta razão que o suco pancreático é composto de uma grande quantidade de água, enzimas e grandes quantidades de bicarbonatos, com função de neutralizar a natureza ácida do quimo. FUNÇÕES O suco pancreático é responsável pela hidrólise da maioria das moléculas de alimento, bem como, continuar a digestão de carboidratos (através da ação da amilase pancreática, que fragmenta o amido em maltose) iniciada na boca pela amilase salivar; proteínas (enzimas proteases: quimiotripsina e tripsina); gorduras (lipases) e ácidos nucleicos (nucleases).A secretina é o hormônio pró-estimulante do pâncreas, que ativa sua função eletrolítica (bicarbonatos). Em contrapartida, é um hormônio inibidor do estômago: com o intuito de parar a função do estômago e iniciar a ação pancreática. COMPONENTES A secreção do suco pancreático consiste em dois componentes: ● Componente aquoso rico em HCO3- : neutraliza o H+ que chega ao duodeno. ● Componente enzimático: digere carboidratos, proteínas e lipídios, que são ativadas apenas na luz do intestino. Essas enzimas são recobertas com uma membrana lisossomal para se manterem inativas até a chegada no intestino. 9 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA INERVAÇÃO DO PÂNCREAS EXÓCRINO ● Estímulo parassimpático: estimula a secreção. ● Estímulo simpático: inibe a secreção. ● Indivíduos alcoolistas podem desenvolver um quadro de pancreatite aguda, pois o álcool estimula a ativação precoce das enzimas pancreáticas, causando necrose do tecido pancreático. Indivíduos que continuam bebendo, desenvolvem pancreatite crônica, com o tecido pancreático totalmente destruído. Desse modo, o indivíduo será incapaz de quebrar nutrientes e nem assimilá-los, gerando quadros de desnutrição proteico- calóricas graves. O tratamento é feito através de reposição de enzimas pancreáticas ou células tronco. AMILASE PANCREÁTICA (PH ENTRE 7,8 E 8,2) Continua a digestão dos carboidratos que foi iniciada na boca. Sua ação é semelhante ao da ptialina, transformando o amido (cana, frutas, leite, batata, arroz, trigo) em maltose e glicose. Essa etapa da digestão é importante pois esses carboidratos são fonte de energia em nosso organismo. OBS17: A digestão do amido é completada no intestino porque, como o alimento permanece pouco tempo na boca, a ptialina não é capaz de quebra-lo totalmente. TRIPSINA E QUIMIOTRIPSINA (PH 7,8 E 8,2) São enzimas proteolíticas produzidas em forma inativa (tripsinogênio e quimiotripsinogênio) para não atacar as proteínas do próprio órgão produtor (pâncreas). A atuação do tripsinogênio é ativada pela enteroquinase, enzima produzida pelo próprio duodeno, que por sua vez, já como tripsina, converte quimiotripsinogênio em quimiotripsina. Essas enzimas transformam as proteínas decompostas no estômago em substâncias mais simples – os aminoácidos. As fontes de proteínas são: carne, queijo, leite, ervilha, etc. LIPASE PANCREÁTICA Atua na digestão dos lipídios, transformando triglicerídeos em glicerol e ácidos graxos. Dissociado dessa maneira, os enterócitos podem absorver esses nutrientes. RIBONUCLEASES (RNASE) E DESOXIRRIBONUCLEASES (DNASE) Atuam na digestão inicial dos ácidos nucleicos que são adquiridos na alimentação. HORMÔNIOS REGULADORES DA SECREÇÃO PANCREÁTICA As células acinares, assim como as parietais gástricas, são estimuladas por três mediadoes: acetilcolina, secretina e CCK. Quando o quimo ainda está no estômago, há a secreção de gastrina para a realização das funções do estômago. Quando o quimo chega à luz do duodeno, a secretina é liberada, retardando a secreção da gastrina e estimulando a secreção de suco pancreático. A CCK, além de, juntamente a secretina, inibem a secreção de gastrina, estimula a secreção da vesícula biliar para que a bile seja secretada juntamente ao suco pancreático, fazendo com que ambas atuem simultaneamente no quimo. FASES DA SECREÇÃO PANCREÁTICA FASE ESTÍMULO SECREÇÃO Cefálica (pouco importante) Vagal Pequeno volume Rico em enzimas 10 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA Gástrica (média importância) Contrações gástricas Gastrina (já sinaliza a secreção de secretina para estimular o pâncreas) Volume médio Rica em enzimas Fase intestinal (muito importante) Ácido no duodeno Secretina CCK (contração da vesícula biliar) Grande volume Rica em HCO3- OBS18: É por isso que dizem que “a digestão começa na visão”, pois ao observar um alimento, por estímulo vagal, enzimas começam a ser secretadas, como ocorre com a salivação (“água na boca”). SECREÇÃO BILIAR A vesícula biliar armazena (no máximo 30 a 60ml), secreta e concentra (retira água) da bile, secreção digestiva produzida pelo fígado (600 a 1000ml por dia) . A bile possui importantes funções: ajuda a emulsificar grandes partículas de gorduras, bem como ajuda no processo de absorção dos produtos terminais dessa gordura digerida; serve como meio de excreção de vários produtos importantes de degradação de células sanguíneas: bilirrubina e excesso de colesterol. A primeira dessas funções não é realizada por meio de enzimas, uma vez que são inexistentes na bile, mas sim, pela ação dos ácidos biliares. ● Icterícia: excesso de bilirrubina no sangue devido a defeitos metabólicos. Os sintomas são pele e esclerótica amarelados. Pode ser causada por distúrbios ainda no metabolismo da bilirrubina (nas funções dos hepatócitos) ou por obstrução nos ductos de excreção (icterícia obstrutiva) ● Icterícia neonatal: recém-nascidos, geralmente, não conseguem excretar a bile, elevando os níveis de bilirrubina no sangue. É necessária a fototerapia, responsável por transformar a bilirrubina de uma forma pouco excretável para uma forma mais facilmente excretável. Se não for tratado, a bilirrubina trará problemas neurológicos, por ser tóxica e capaz de atravessar a barreira hematoencefálica. ● Cálculos biliares: o colesterol, que também é excretado pela bile, em condições anormais pode sofrer precipitação resultando na formação de cálculos biliares de colesterol. A concentração de colesterol presente na bile é determinada, em parte, pela quantidade de gordura ingerida pelo indivíduo (uma vez que o colesterol é um dos produtos do metabolismo das gorduras). Indivíduos que adotam dietas ricas em gorduras durante períodos de muitos anos, estão sujeitos à formação de cálculos biliares. OBS19: cálculos biliares podem se desenvolver a partir da cristalização do excesso de qualquer um dos componentes da bile concentrada (sais biliares, lecitina, bilirrubina e colesterol). OBS20: A bilirrubina é o produto da destruição do grupamento heme de hemácias velhas, e é excretada pelo fígado (onde é conjugada, sendo transformada de bilirrubina indireta não-excretável e insolúvel, em bilirrubina excretável e solúvel) e transportada junto à albumina (por ser tóxica) para ser excretada pela urina ou fezes (urobilina). SECREÇÃO DA BILE PELO FÍGADO Os hepatócitos captam a bilirrubina e a elimina pelos canalículos biliares até a luz intestinal. Até chegar à vesícula biliar, a bile sofre modificações. Até na vesícula, haverá alterações estruturais e bioquímicas na bile como a sua concentração (retirada de água, Na+ e Cl- tornando-a mais espessa e osmótica) pela mucosa da vesícula, restando na bile os seguintes componentes: ✔ Sais biliares ✔ Lecitina (lisina, que forma micelas) ✔ Colesterol 11 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA ✔ Bilirrubina OBS21: Circulação Entero-hepática dos Sais biliares: Os sais biliares percorrem cerca de 18 vezes o circuito êntero- hepático antes de serem reabsorvidos para o sangue, ou seja, ao serem liberados na luz do intestino, são novamente reabsorvidos pelo sangue, retornando ao fígado, onde são devolvidos às células hepáticas e secretados novamente na bile. ● O aumento de qualquer um dos componentes acima pode causar cálculos na vesícula, inclusive o excesso de bilirrubina por meio de cálculos de bilirrunatos. Pacientes com anemia hemolítica, anemia falciforme, talassemia ou eristroblastose, por terem uma grande demanda de bilirrubina, passam a apresentar grandes concentrações de bilirrubina indireta gerando icterícia. Conclui-se, então, que indivíduos ictéricos estão propensos a desenvolver pedras na vesícula. ● Indivíduos com problemas de tireoide, por terem problemas no metabolismode cálcio, podem gerar cálculos. ● A ausência de sais biliares, responsáveis pela digestão de gorduras, também causam distúrbios metabólicos ao organismo: o colesterol é necessário para formação de hormônios; e os ácidos graxos são indispensáveis na formação das membranas celulares. ESVAZIAMENTO DA VESÍCULA BILIAR Quando o alimento começa a ser digerido na porção superior do TGI, a vesicular biliar também começa a se esvaziar, sobretudo quando alimentos gordurosos chegam ao duodeno, cerca de 30 minutos depois da refeição. O esvaziamento acontece pelas contrações rítmicas da parede da vesícula e pelo relaxamento simultâneo do esfíncter de Oddi. Toda essa série de acontecimentos é estimulada pela CCK. Trata-se da mesma colecistocinina que induz a secreção de enzimas digestivas pelas células acinares do pâncreas, para que ambas secreções ajam juntas no alimento. HORMÔNIOS REGULADORES DA SECREÇÃO BILIAR A secretina, assim como é estimulante do pâncreas, também vai atuar estimulando a secreção de bile, para neutralizar o quimo ácido pela ação do bicarbonato. A colecistocinina estimula o esvaziamento da vesícula biliar, cerca de 30 minutos depois da refeição, ocorre concentrações da parede da vesícula e o relaxamento do esfíncter de Oddi (do colédoco para o duodeno). O pico de CCK é atingido com a chegada de gordura no estômago. ESTÍMULO NERVOSO A vesícula é estimulada por fibras nervosas do sistema nervoso autônomo parassimpático, através da liberação de acetilcolina, dos nervos vagos e do sistema nervoso entérico. FISIOLOGIA HEPÁTICA O fígado, pesando cerca de 1500 g, trata-se da maior glândula do corpo. Está situado no quadrante superior direito da cavidade abdominal, logo abaixo do diafragma. Esta glândula apresenta inúmeras funções relacionadas ao metabolismo. Assim como o pâncreas, o fígado tem funções exócrinas e endócrinas; entretanto, ao contrário do pâncreas, a mesma célula (o hepatócito) do fígado é responsável pela sua secreção exócrina (a bile) e por seus diversos outros produtos endócrinos. Além disso, os hepatócitos convertem substâncias nocivas em materiais não tóxicos, que são secretados na bile, como a bilirrubina. OBS22: Do ponto de vista histológico, esses hepatócitos estão organizados em trabéculas distribuídas de forma radial, onde no centro do lobo hepático está presente a veia hepática central, e nas regiões angulares têm-se as artéria e veia hepática. Em certas patologias que acometam o fígado, incidem geralmente na região central ou na circulação portal. FUNÇÕES RELACIONADAS AO METABOLIMSO INTERNO 12 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA ✔ Metabolismo da bilirrubina: transformando-a em bilirrubina conjungada, que é mais solúvel e excretável. ✔ Metabolismo dos carboidratos: armazenamento de energia em forma de glicogênio; transformação desse glicogênio em glicose para ser usado pelo corpo. ✔ Metabolismo dos lipídios: produção de outros lipídios, fosfolipídios de membrana e colesterol para hormônios. ✔ Metabolismo das proteínas ✔ Metabolismo da bile ✔ Metabolismo de drogas e substâncias exógenas: toda substância exógena (que não é típica do corpo) é metabolizada por um complexo enzimático. Alterações nesse funcionamento hepático, o indivíduo apresentará quadros de intoxicação. ✔ Função de reservatório sanguíneo ✔ Função de manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico: manutenção da homeostase. ✔ Função de defesa imunológica: células de Kupffer. ✔ Propriedade de regeneração. METABOLSMO DA BILIRRUBINA As hemácias velhas vão passar por um sistema de hemólise (que pode ser no fígado, rins e ossos longos), sofrendo degradação de seu grupo heme, tendo como subproduto a bilirrubina, que vai ser transportada pelo sangue juntamente a albumina, por ser uma substância tóxica. Ao chegar aos hepatócitos, essa bilirrubina vai sofrer a ação dos seguintes processos: processo de captura (feito por uma proteína específica, que houver defeitos, pode desenvolver icterícia), sistema metabólico (convertendo-se em um metabólito conjugado e de fácil eliminação) e liberação nos canalículos para ser excretado para a vesícula, para depois ser enviado ao intestino pelo canal colédoco. METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS Na dieta humana normal, é ingerido na forma de polissacarídeos (amido) e dissacarídeos (sacarose, lactose). Esses açúcares sofrerão ação enzimática na luz do intestino transformando-se em monossacarídeos (glicose, frutose e ribose) de fácil absorção. A partir daí, atingiram os vasos mesentéricos, para que, por meio da veia porta, cheguem até o fígado para serem metabolizados em energia. Nos hepatócitos, ocorre a fosforilação (glicose sendo transformada em glicose-6-fosfato), sendo armazenada em forma de glicogênio. Com isso, dependendo das necessidades fisiológicas, o fígado comandará a glicogênese ou a glicogenólise. OBS23: Defeitos na mucosa do intestino causarão déficits de absorção de glicose. OBS24: Defeitos na enzima glicogênio-6-fosfatase comprometem o metabolismo adequado dessa glicose. METABOLISMO DAS GORDURAS Os triglicerídeos (ésteres do glicerol com ácidos graxos) sofrem hidrólise parcial na luz intestinal pela ação das lípases, com transporte do glicerol, que é hidrossolúvel, ao fígado. 13 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA Os ácidos graxos podem formar complexos hidrossolúveis com sais biliares e penetrar na parede intestinal, podendo haver nova síntese de TGs. Podem se ligar a lipoproteínas para ser transportado pelo sangue. É no fígado que os lipídios são destinados às suas funções nas diversas vias metabólicas do organismo, como a β-oxidação mitocondrial (via na qual a gordura é convertida em energia) ou na produção de colesterol (esteroides, ácidos biliares, corpos cetônicos). COLESTEROL É um esterol sintetizado em diferentes tecidos, inclusive no fígado, mucosa intestinal, suprarrenal e parede arterial, sendo excretado na bile como esterol neutro. Pode ser convertido em ácidos biliares primários; é armazenado no fígado na forma estratificada. OBS25: A aterosclerose pode ser desenvolvida pela ingestão excessiva de colesterol ou pela produção exagerada desse esterol na parede dos vasos. METABOLISMO DE PROTEÍNAS O fígado é a sede principal do metabolismo dos aminoácidos intermediários e de síntese de proteínas. Os AA existem na forma livre em diversos tecidos, a maioria dos AA no fígado não é essencial (que são produzidos pelo próprio corpo: alanina, ácido glutâmico, glutamina, glicina). Após a alimentação ocorrem picos de aminoácidos no sistema porta, que foram ingeridos na forma de proteínas, desintegradas pelo processo digestivo em aminoácidos. Ao chegar ao fígado, esses aminoácidos são transformados em novas proteínas para realizarem novas funções. OBS26: A amônia (substância tóxica) produzida por bactérias intestinais é absorvida pela mucosa do intestino, para ser excretado pelo trato digestivo ou pela respiração. OBS27: A ureia é o produto do metabolismo do nitrogênio, sendo facilmente excretável pelo rim. Pode ser hidrolisada para amônia no TGI, sendo um meio eficaz de detoxificação desta. Indivíduos podem ter intoxicação pelo aumento de amônia ou por ureia, no caso de insuficiência renal ou hepática. ● Pacientes com cirrose hepática em estado avançado apresentam distúrbios mentais (encefalopatia hepática), por não conseguir metabolizar e eliminar amônia, que atravessa a barreia hematoencefálica, deixando o indivíduo confuso mentalmente, podendo melhorar por uso de antibióticos, que vão atacar as bactérias intestinais que transformam ureia em amônia. A maioria das proteínas plasmáticas é sintetizada no fígado, como albumina, fibrinogênio, fatores de coagulação (como o V, VII, IV, X; dependentes de vitamina K), fator VIII (parcialmente),hepatoglobinas, transferrina (transporta o ferro no sague), ceruloplasmina (proteína que anula o efeito tóxico do cobre e excreta esse metal pesado), globulinas α-1 e α-2 (sistema imunológicos) e as lipoproteínas (HDL, LDL e VLDL) que transportam a gordura no sangue. OBS28: Insuficiência hepática que traga falta de albumina pode acarretar edemas devido o extravio de líquidos para o tecido. Além disso, a falta de fibrinogênio e os fatores ligados à vitamina K trará malefícios à coagulação sanguíena. METABOLISMO DE DROGAS E SUBSTÂNCIAS EXÓGENAS A maior parte do metabolismo das drogas e outros compostos exógenos ocorrem no fígado, através da ação de enzimas localizadas nos microssomos do retículo endoplasmático liso e de co-fatores, como o NADPH, citocromo P450 (liga-se a substância promovendo o seu metabolismo). Toda droga ingerida tem seu endereço certo para ser metabolizada no fígado pelo sistema P450, para que se torne uma substância não tóxica, apta para a eliminação. Esta desintoxicação está dividida em duas fases: ● 1ª fase: oxidação, redução, hidrólise. ● 2ª fase: conjugação com ácido glicurônico ou AA (glicina, glutamina), tornando a droga ou metabólito mais solúvel ou mais polar (mais facilmente eliminado), com diminuição da atividade biológica do composto. OBS29: Existem medicamentos que competem com o fígado, ou seja, o indivíduo pode estar fazendo uso de dois medicamentos em que um bloqueie a ação das enzimas, impedindo a desintoxicação do outro. Com isso, o segundo medicamento, será considerado tóxico. FUNÇÃO DE RESERVATÓRIO DE SANGUE As grandes dimensões do fígado, órgão ricamente vascularizado e localizado entre as circulações porta e sistêmica, conferem-lhe a propriedade de reservatório de sangue e líquido extra-celular, podendo aumentar ou diminuir a sua capacidade em resposta a situações patológicas e fisiológicas (Ex: insuficiência cardíaca congestiva, em que o coração não dá conta de bombear o volume de sangue a ser bombeado, gerando uma hepatomegalia). 14 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA OBS30: Indivíduos que sofrem hemorragias intensas, geralmente apresentam hepatomegalia e esplenomegalia, para manter a pressão sanguínea aproximadamente constante. FUNÇÃO DE MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO Considerando que toda água e eletrólitos ingeridos e absorvidos passam através do fígado, este órgão apresentará papel importante na manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico. Além disso, o fígado produz substâncias hormonais responsáveis pela homeostase. FUNÇÃO DE DEFESA IMUNOLÓGICA O fígado exerce função imunológica através de macrófagos nomeados de células de Kupffer (representantes do sistema retículo endotelial do fígado) que estão relacionados com a produção de gamaglobulinas, anticorpos e atividade fagocítica. Essa ação é importante por neutralizar bactérias e toxinas oriundas do sistema porta, vindas junto aos nutrientes. É por isso que o fígado é tido como um órgão de filtração. OBS31: Indivíduos com função hepática reduzida estão mais propensos ao desenvolvimento de infecções. PROPRIEDADES DE REGENERAÇÃO Os hepatócitos são células com elevada atividade metabólica, mesmo após a remoção de 70% de sua massa parenquimatosa. Após a hepatectomia parcial, observa-se aumento das mitocôndrias, da atividade lisossomal e intensa atividade mitótica. Essa propriedade é importante em ressecções tumorais, transplantes, etc. OBS32: Nódulo no fígado é uma elevação sólida, enquanto cisto é de conteúdo líquido. O hemangioma é um nódulo benigno de origem vascular hepático. INTESTINO DELGADO É o órgão mais longo do trato alimentar. O intestino delgado está divido em três regiões: duodeno (porção proximal do intestino delgado, que recebe secreções pancreáticas e biliares para neutralizar o quimo ácido do estômago e continuar o processo digestivo do alimento), jejuno (região média, mais longa e onde ocorre maior absorção de nutrientes) e íleo (porção final, em contato com o intestino grosso). Esse órgão digere material alimentar e absorve nutrientes resultantes do processo digestivo. FUNÇÕES Do ponto de vista digestivo, o intestino delgado é responsável por neutralizar a acidez do quimo proveniente do estômago, adicionar enzimas digestivas e bile a este quimo, quebrar proteínas, carboidratos e lipídios para a maior absorção desses materiais. 95% da absorção acontece nesse órgão. OBS33: A mucosa (T.E.R. Simples Cilíndrico com Vilosidades) intestinal é dotada de vilosidades altamente irrigadas especializadas na absorção dos alimentos. Indivíduos com falta de vilosidades, com mucosa lisa, apresentarão desnutrição devido à absorção deficiente. MOVIMENTOS DO INTESTINO DELGADO ● Movimentos segmentares (Contrações de Mistura): o quimo no ID provoca um tipo de contração chamada de segmentar, por ser ácido e hiperosmolar, que causa pequenas septações no intestino misturando o quimo com as secreções intestinais liberadas. ● Movimentos propulsivos (movimentos peristálticos): a distensão do ID pelo quimo desencadeia ondas peristálticas que se deslocam em direção ao ânus, numa velocidade de 0,5 a 2 cm/s. São contrações fracas, fazendo com que o quimo se desloque lentamente para ter o tempo necessário para absorção realmente efetiva, durante cerca de 3 a 5h do piloro até a válvula ileocecal. Este tipo de movimento é controlado de duas maneiras: o Mecanismo nervoso: o sistema nervoso autônomo parassimpático (estimula, por participar de um sistema pró-digestão) e simpático (retardando, através de adrenalina, desviando o sangue da digestão 15 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA para “órgãos nobres”: coração, músculos e cérebro) controlam esses movimentos. Os reflexos gastrentéricos, desencadeados pela distensão do estômago, estimulam o plexo mioentérico aumentando a intensidade dos movimentos peristálticos. o Mecanismo hormonal: reflexo da gastrina, CCK, serotonina, insulina; os quais estimularão, da mesma forma, o plexo mioentérico. OBS34: Caso haja uma maior necessidade metabólica de gorduras, proteínas e carboidratos, as vilosidades do ID aumentam para acontecer uma maior absorção de nutrientes. ● Amebíase: a ameba é um protozoário que atravessa a mucosa do ID recobrindo as vilosidades, impedindo a absorção eficaz dos nutrientes. Os indivíduos acometidos apresentarão diarreia e desnutrição. SECREÇÕES DO INTESTINO DELGADO A mucosa do intestino delgado secreta o suco entérico, solução rica em enzimas e de pH aproximadamente neutro. Uma dessas enzimas é a enteroquinase. Outras enzimas são as dissacaridases, que hidrolisam dissacarídeos em monossacarídeos (sacarase, lactase, maltase). No suco entérico há enzimas que dão sequência à hidrólise das proteínas. INTESTINO GROSSO Está subdivido em ceco, cólon (ascendente, transverso, descendente e sigmoide), reto e ânus; tendo aproximadamente 1,5m de comprimento. Ele não está ligado a absorção de micronutrientes, mas sim, pela maior absorção de água e íons do quimo provenientes do intestino delgado, compactando o quimo em fezes que serão eliminadas. Além da produção de vitamina K e B por bactérias simbióticas. As funções do cólon são: ✔ Absorção de água e de eletrólitos do quimo – cólon direito. ✔ Armazenamento da matéria fecal até que possa ser excretada (colon esquerdo). OBS35: O vibrião colérico produz uma toxina que bloqueia a absorção de água e sódio pelos enterócitos, gerando uma diarreia volumosa. MOVIMENTOS DO INTESTINO GROSSO ● Movimentos de mistura (haustrações): é semelhante aos movimentos do ID, porém de forma mais lenta. ● Movimentos propulsivos (de massa): quando o colo fica excessivamente cheio, ocorre contração de um segmento do colo forçando o conteúdo fecal a deslocar-seem massa colo abaixo em 30 segundos, com relaxamento de 2 a 4 minutos até um novo movimento. Esse movimento de massa perdura por apenas 10 a 30 minutos, e se não houver defecação, um novo movimento virá em torno de 12 a 24h. ESTÍMULOS PARA OS MOVIMENTOS DE MASSA Existem alguns estímulos intrínsecos do aparelho intestinal que fazem com que a massa fecal seja deslocada. 16 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA ● Reflexo gastrocólico: Desencadeado pela distensão do estômago após uma refeição. Caso o indivíduo receba um sinal gastrocólico, percebendo a necessidade de defecar, e tente regula-lo voluntariamente, esse reflexo pode ser perdido ao longo do tempo, causando constipação. ● Reflexo duodenocólico: Desencadeado pela distensão do duodeno após uma refeição, que ocorre em sequência do reflexo gastrocólico. ● Estimulação parassimpática DEFECAÇÃO Normalmente, o reto não contém fezes, uma vez que o esfíncter funcional (junção do colo sigmóide e do reto) está a 20 cm do ânus. Quando o movimento de massa força a passagem de fezes para o reto, ocorre um tipo especial de reflexo – o reflexo da defecação – que provoca: ✔ Contração reflexa do reto: encurtam-se as fibras do reto ✔ Relaxamento do esfíncter anal ✔ Prensa abdominal: pressão do diafragma e vísceras abdominais. OBS37: A defecação pode ser inibida até certo ponto devido a contração da musculatura estriada esquelética do esfíncter anal externo. O controle da defecação é feita justamente pela constrição do esfíncter anal interno (músculo liso) e esfíncter anal externo (músculo estriado). REFLEXO DA DEFECAÇÃO O enchimento das porções finais do intestino grosso estimula terminações nervosas presentes em sua parede, através da distensão da mesma. Impulsos nervosos parassimpáticos são, então, em intensidade e frequência cada vez maior, dirigidos a um segmento da medula espinhal (sacral) e acabam por desencadear uma importante resposta motora que vai provocar um aumento significativo e intenso nas ondas peristálticas por todo o intestino grosso, ao mesmo tempo em que ocorre um relaxamento no esfíncter interno do ânus. Desta forma ocorre o reflexo da defecação. Se, durante este momento, o esfíncter externo do ânus também estiver relaxado, as fezes serão eliminadas para o exterior do corpo, através do ânus. Caso contrário, às fezes permanecem retidas no interior do reto e o reflexo desaparece, retornando alguns minutos ou horas mais tarde. CÉLULAS ENTEROENDÓCRINAS O tubo gastrointestinal contém um número pequeno de células endócrinas ou endocriniformes, denominadas células enteroendócrinas ou argentafins, concentradas especialmente no estômago e no intestino delgado. Essas células enteroendócrinas recebem nomes individuais de acordo com a substância produzida. Em geral, um único tipo de célula secreta somente um agente, apesar de tipos celulares ocasionais poderem secretar dois agentes diferentes. Há pelo menos 13 tipo de células enteroendócrinas, das quais alguns estão localizados na própria mucosa gástrica. São classificadas quanto a presença de microvilosidades ou não no seu ápice: ◦ Tipo aberto: ápice com microvilos (fariam a secreção exócrina). ◦ Tipo fechado: ápice recoberto com células epiteliais (fariam à secreção endócrina) sendo elas a grande maioria no TGI. Órgão Célula Hormônio Produzido Ação do Hormônio Estômago e Intestino Delgado A Glucagon (enteroglucagon) Estimula a glicogenólise pelos hepatócitos, elevando assim, os níveis de glicose do sangue Estômago, intestinos delgado e grosso Enterocromafim Serotonina Aumenta os movimentos peristálticos Estômago Semelhante à Enterocromafim Histamina Estimulação e secreção de HCl Estômago, intestinos delgado e grosso D Somatostatina Inibe a liberação de hormônios pelas células DNES em sua vizinhança Estômago e Intestino delgado Produtora de gastrina Gastrina Estimula a secreção de HCl, a motilidade gástrica (especialmente a contração da região pilórica e o relaxamento do esfíncter pilórico regulando o esvaziamento gástrico) e a proliferação das 17 395.533.748-08 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● FISIOLOGIA células regeneradoras do corpo do estômago Estômago, intestinos delgado e grosso Produtora de glicentina Glicentina Estimula a glicogenólise pelos hepatócitos, elevando os níveis de glicose do sangue. Estômago e Intestino Grosso Célula produtora de polipeptídio pancreático Polipeptídio pancreático Estimula a liberação de enzimas para as células principais. Diminui a liberação do HCl pelas células parietais. Inibe a liberação do pâncreas exócrino. Estômago, intestinos delgado e grosso Produtora de peptídeo intestinal vasoativo Peptídeo intestinal vasoativo Aumenta a ação peristáltica dos intestinos delgado e grosso e estimula a eliminação de água e íons pelo trato GI Intestino delgado I Colecistoquinina (CCK) Estimula a liberação do hormônio pancreático e a contração da vesícula biliar. Intestino delgado K Peptídeo inibidor da gastrina Inibe a secreção de HCl Intestino delgado Célula produtora de motilina Motilina Aumenta o peristaltismo intestinal Intestino delgado Célula produtora de neurotensina Neurotensina Aumenta o fluxo sanguíneo para o íleo e diminui a ação peristáltica dos intestinos delgado e grosso Intestino delgado S Secretina Estimula a liberação de fluido rico em bicarbonato pelo pâncreas 18 395.533.748-08
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