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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA CÂMPUS LAGES INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA CÂMPUS LAGES GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA SÍNTESE E ANÁLISE ORGÂNICA 2° RELATÓRIO: SÍNTESE DA DIBENZALACETONA, ESTERIFICAÇÃO (ACETATO DE BUTILA) E SÍNTESE DO CORANTE ALARANJADO II MARIA EDUARDA SANTOS E SILVA NATÁLIA CRISTINA RAMOS LAGES, SC 2023 SUMÁRIO 1. SÍNTESE DA DIBENZALACETONA................................................................................... 3 2. ESTERIFICAÇÃO...........................................................................................................9 3. SÍNTESE DO CORANTE ALARANJADO II.......................................................... 15 1. SÍNTESE DA DIBENZALACETONA 1.1 INTRODUÇÃO A 1,5-difenilpenta-1,4-dien-3-ona, também conhecida como dibenzalacetona, é uma molécula orgânica de fórmula química C17H14O, sendo um sólido amarelo solúvel em etanol, porém pouco solúvel em água. Ela é uma cetona α,β insaturada, curvada e não aromática, obtida através de uma dupla condensação aldólica entre a acetona e o 4-hidroxibenzaldeído, reação explorada em aulas de química orgânica experimental na graduação. (MURTINHO; SERRA; PINHEIRO, 2010) Existem diversas aplicações para a dibenzalacetona devido a sua estrutura molecular, como antioxidante, anti-inflamatório, componente na composição de protetores solares (atua como fotoprotetor) e como catalisador e ligante em reações envolvendo Pd. O composto é sintetizado através de uma reação aldólica. A reação aldólica é realizada tradicionalmente misturando duas substâncias carbonílicas diferentes em um solvente prótico na presença de ácidos ou bases como catalisadores. A catálise básica, por sua vez, fundamenta-se na acidez acentuada apresentada pelos hidrogênios à carbonila, devido à formação de uma espécie enolato estabilizada por ressonância é gerada pela abstração do H por uma base apropriada (MARTINS, 2009). O objetivo desta prática foi realizar a síntese da dibenzalacetona através de uma condensação aldólica clássica em meio básico. 1.2 MATERIAIS E MÉTODOS 1.2.1 Materiais e Reagentes MATERIAIS QUANTIDADE REAGENTES Agitador magnético 1 Água destilada Balão de fundo redondo 250mL 1 Acetona Béquer 1 Benzaldeído Barrinha Magnética 1 Etanol Erlenmeyer 1 Hidróxido de sódio Funil Simples 1 Funil de Buchner 1 Pipeta de Pasteur 1 Papel de Tornassol 1 1.2.2 Métodos Num balão de fundo redondo de 250 mL foi adicionado 20 mL de solução aquosa de hidróxido de sódio 10% com o auxílio de um funil simples, em seguida foi acrescentada uma barrinha magnética. Neste mesmo balão, foi adicionado 15 mL de etanol 95%. A solução que se encontrava a 25 C foi resfriada até atingir 20 C. Com a solução devidamente resfriada, foi utilizada uma garra e um suporte universal para posicionar o balão de fundo redondo em um agitador magnético, a fim de conseguir agitar a solução vagarosamente. Em seguida, dentro de uma capela de exaustão foi preparada em um erlenmeyer uma mistura homogênea de 2,1 mL de benzaldeído e 1,5 mL de acetona. Posteriormente, com auxílio de uma pipeta de pasteur, metade da solução preparada na capela foi adicionada no balão que continha a solução alcalina. Agora, com o agitador magnético ligado, a solução foi agitada por 10 minutos em temperatura ambiente. A outra metade da solução de benzaldeído e acetona foi adicionada ao balão, permanecendo em agitação por mais 30 minutos. Deverá se formar um sólido amarelado, sendo este o produto da reação. O sólido foi filtrado com o auxílio de um funil de Buchner e transferido para um Béquer. Após a transferência do sólido para o béquer, foi adicionado 100mL de água destilada e posicionado no agitador magnético novamente, a fim de obter agora uma pasta fina. Por fim, a mistura foi filtrada a vácuo novamente e o sólido retido lavado com água até que se obtesse um filtrado com PH neutro. Agora, seguiu-se para a segunda etapa do processo, a recristalização do produto. Primeiro, o produto obtido foi pesado. Após isso, em um béquer, o etanol foi adicionado ao produto até cobrir totalmente, cerca de 15 mL. O béquer foi disposto em um agitador magnético e agitado até a dissolução total do produto. Prontamente, a mistura foi posicionada em banho de gelo até se observar a formação de pequenos cristais. Em seguida, a solução com os cristais foi filtrada a vácuo com auxílio de um funil de buchner e levada para estufa em 40 °C para secar. Por fim, uma pequena quantidade da amostra foi posicionada dentro de um capilar posicionado junto com um termômetro e mergulhada em um béquer com óleo a fim de medir o ponto de fusão. A temperatura da primeira gota se deu aos 101° C e o ponto de fusão se deu aos 104 °C. Figura 1: filtração à vácuo da dibenzalacetona. Fonte: as autoras (2023) Figura 2: determinação do ponto de fusão da amostra recristalizada Fonte: as autoras (2023) 1.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A dibenzalacetona foi sintetizada através de uma reação de condensação aldólica, utilizando como reagentes a propanona (acetona) e o benzaldeído. As reações de condensação se relacionam a duas características: a presença de um composto carbonílico, que atua como eletrófilo, e de um ácido carbonado, a partir do qual se forma um nucleófilo, um carbânion. O mecanismo da reação envolve o ataque do íon enolato ao carbono de uma carbonila. Na prática em questão, a acetona atuou como o nucleófilo, e o benzaldeído como eletrófilo, utilizando uma base forte (NaOH) como catalisador. Formou-se um produto que sofre eliminação de água, a 1,5-difenil-1,4- pentadien-3-ona, a dibenzalacetona. Por esse motivo, ao se realizar a recristalização do composto, não se usou água destilada para lavá-lo na filtração a vácuo. Esse tipo de reação, a condensação aldólica, também ocorre em sistemas biológicos, que geralmente empregam enzimas como catalisadores. Figura 3: formas de ressonância do íon enolato. Ele é considerado estável devido a deslocalização da carga. Fonte: Barreiros e Machado (2010) Figura 4: reação entre o benzaldeído e a acetona em meio básico, caracterizando uma condensação aldólica clássica Fonte: Barreiros e Machado (2010) Garantiu-se a formação do produto esperado quando o pH do filtrado (da água da lavagem) apresentou-se neutro, entre 6 e 7. Através da estequiometria da reação, calculou-se o rendimento obtido na prática. Após a recristalização do composto obtido, determinou-se o ponto de fusão para conferir sua pureza. O ponto de fusão aconteceu aos 104°C. Sabe-se que o ponto de fusão da dibenzalacetona é entre 110 e 111°C. O produto obtido, portanto, não pode ser considerado puro, devido essa diferença entre os momentos de fusão do composto real e do composto sintetizado no laboratório. 1.4 QUESTIONÁRIO 1) O cinamaldeído, um constituinte aromático do óleo extraído da canela, pode ser sintetizado por uma reação de condensação aldólica mista. Indique os reagentes que você usaria para esta síntese e escreva a reação e as estruturas. O cinamaldeído (C₆H₅CH=CHCHO) pode ser sintetizado através de uma reação aldólica entre um aldeído aromático (e, portanto, não enolizável) e uma cetona. Nesse caso, não ocorre autocondensação da cetona, pois o aldeído é mais eletrofílico e, o enolato derivado da cetona prefere reagir com ele. Outro ponto a ser observado é que a cetona utilizada só tem um Ha e, por isso, somente um lado enolizável. Fonte: Brondani (2019) Alguns exemplos de reagentes carbonílicos que não são enolizáveis, porém são bastante eletrofílicos: CCl3, CF3, t-butila, alquenila e arila. Esses compostos serão eletrófilos eficientes para uma reação aldólica ou condensação cruzada dirigida. 1.5 CONCLUSÃO O preparo da dibenzalacetona foi uma prática que exigiu maior cautela em sua elaboração, uma vez que, desde o início, precisou-se ficar atento ao realizar as soluções pedidas em sua preparação. Alémdisso, foi possível acompanhar de perto o controle do PH desta operação pelo filtrado produzido pela lavagem, ponto crucial da aula prática. A síntese foi concluída com sucesso, apesar da não-obtenção de um composto com 100% de pureza. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARREIROS, L. B. S.;MACHADO, S. M. F. Química Orgânica Experimental. Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2010. MARTINS, D. L. Reações Aldólicas; Rev. Virtual Quim., 2009, v. 1. MURTINHO, D. M. B.; SERRA, M. E. S.; PINEIRO, M. Síntese de fotoprotetores e sua imobilização em poli(metacrilato de metilo): um projeto integrado de química orgânica, química de polímeros e fotoquímica. Química Nova, v. 33, n. 8, p. 1805–1808, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/Qv5S5PcsLcMg5WYMFvpGgwd/?lang=pt. http://rvq.sbq.org.br/imagebank/pdf/v1n3a03.pdf 2. ESTERIFICAÇÃO 2.1 INTRODUÇÃO O acetato de butila ou etanoato de butila é um composto orgânico da família dos ésteres e apresenta a fórmula molecular C6H12O2. É um líquido incolor e límpido, inflamável, com odor frutal característico e tem sua síntese a partir da reação de esterificação entre o álcool n-butílico e o ácido acético na presença de ácido sulfúrico. Industrialmente, por ser um solvente ativo, é indicado na solubilização de nitrocelulose, resinas naturais, éteres celulósicos, borracha clorada, cloreto de polivinila, poliestireno, ésteres poliacrílicos, etc. Também existem aplicações do acetato de butila em couro artificial, tintas de impressão, esmalte para unhas, perfumes, cosméticos e na indústria farmacêutica. No esmalte associado ao acetato de etila, traz maior qualidade na secagem e fluidez do produto (VIANA, 2016). Segundo AQUINO e OLIVEIRA (2010), é necessário ter cuidado em relação ao contato prolongado e repetitivo com este composto, pois pode causar irritações graves na pele, vermelhidão, inchaço e destruição dos tecidos. No contato com os olhos pode causar forte irritação e caso ingerido ou inalado em altas concentrações, acarreta dor de cabeça, náuseas, diarreia, fraqueza e sonolência O objetivo da aula prática foi realizar a esterificação entre um álcool primário (álcool n-butílico) e um ácido carboxílico (ácido acético), usando uma catálise ácida (ácido sulfúrico), além de empregar uma técnica de neutralização do ácido para se obter um éster mais puro. 2.2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.2.1 Materiais e Reagentes MATERIAIS QUANTIDADE REAGENTES Pipeta graduada 2 Ácido acético glacial Balão de fundo redondo 1 Álcool n-butílico Béquer 1 Ácido sulfúrico Proveta 1 Bicarbonato de sódio Bastão de vidro 1 Manta de aquecimento 1 Condensador 1 Pipeta de Pasteur 1 Mangueira 2 2.2.2 Métodos O procedimento experimental deu-se início com a mistura de 5 mL de ácido acético glacial com 2,5 mL de álcool n-butílico P.A em um balão de fundo redondo, na capela. Adicionou-se cuidadosamente 0,5 mL de ácido sulfúrico à mistura, além de pedras de porcelana, para preparar o sistema para a próxima etapa. Para realizar a reação, montou-se um sistema de aquecimento em refluxo, com o objetivo de garantir o maior rendimento possível do produto final. A mistura reacional ficou 50 minutos sendo aquecida, até ser resfriada em temperatura ambiente. O líquido do balão foi, então, transferido com o auxílio de uma pipeta para uma proveta de 50 mL contendo 10 mL de água. Essa mistura foi agitada suavemente com um bastão de vidro, e determinou-se o rendimento aproximado do acetato de butila formado, que ficou na parte superior da proveta. Por fim, para aumentar o rendimento da reação, preparou-se uma solução 10% de bicarbonato de sódio, que foi transferida para a proveta com o auxílio de uma pipeta de Pasteur, a fim de neutralizar o ácido sulfúrico que ainda restava no sistema. Deu-se a reação como finalizada quando não se observou mais a formação de bolhas no líquido, o que indica a presença de CO2. Figura 1: mistura reacional esfriando em temperatura ambiente, após ser retirada do sistema de refluxo Fonte: as autoras (2023) Figura 2: produto reacional após a adição da solução de bicarbonato de sódio Fonte: as autoras (2023) 2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A reação de esterificação ocorre entre um ácido carboxílico e um álcool, formando um éster e água. No caso dos álcoois primários, o grupo hidroxila do ácido carboxílico se une ao hidrogênio do álcool e forma a água, enquanto a outra parte das cadeias carbônicas dos reagentes se unem para formar o éster. Essa reação é reversível, sendo assim, o éster pode ser hidrolisado novamente para formar o álcool e o ácido carboxílico na presença de bases ou de ácidos fortes (o sulfúrico, na prática em questão), especialmente em temperaturas elevadas. O ácido sulfúrico funciona como catalisador da reação. O acetato de butila foi sintetizado através da esterificação do álcool n-butílico com o ácido acético glacial. Figura 3: reação de síntese do acetato de butila, uma esterificação que forma o éster em questão e água. Fonte: Viana (2016) Utiliza-se excesso de álcool para deslocar o equilíbrio da reação, aumentando a formação do produto de interesse, o acetato de butila. Após as etapas de síntese do éster, utilizou-se uma solução 10% de bicarbonato de sódio para garantir que não houvesse mais ácido presente no sistema, ou seja, ela foi utilizada como neutralizadora do ácido acético. Apesar disso, as esterificações realizadas em laboratório se caracterizam por apresentarem baixo rendimento, pois além do produto de interesse, gera-se água na reação, o que torna ainda mais difícil o isolamento do acetato de butila. Com o produto final em mãos, foi possível constatar o aroma característico do éster, que remete àqueles encontrados em esmaltes, já que tal composto é usado na fabricação deste produto. Através da estequiometria da reação, foi possível calcular o rendimento. 2.4 QUESTIONÁRIO 1) Escreva o mecanismo da reação de esterificação. Qual a função do ácido sulfúrico? É ele consumido ou não durante a reação? A reação de esterificação ocorre entre um ácido carboxílico e um álcool, formando um éster e água. No caso dos álcoois primários, o grupo hidroxila do ácido carboxílico se une ao hidrogênio do álcool e forma a água. Essa reação é reversível, sendo assim, o éster pode ser hidrolisado novamente para formar o álcool e o ácido carboxílico na presença de bases ou de ácidos fortes (o sulfúrico, na prática em questão), especialmente em temperaturas elevadas. O ácido sulfúrico funciona como catalisador da reação, tornando-a mais rápida, sem participar do processo de formação dos produtos, ou seja, não é consumido durante a reação 2) Mostre a reação do ácido acético com o bicarbonato de sódio e comente sua evidência experimental. Reação: NaHCO3 + H3CCOOH → H3CCOONa + H2CO3 O ácido carbônico ( H2CO3 ) é instável e se decompõe de acordo com a reação: H2CO3 → H2O + CO2 Essa reação foi evidenciada durante a aula no laboratório, pois foi possível observar a formação de bolhas de gás quando se adicionou o bicarbonato de sódio à proveta contendo o acetato de butila e os resquícios de reagentes e catalisador. Além disso, há a experiência com o balão: coloca-se bicarbonato de sódio no balão e vinagre em uma garrafa; ao encaixar o balão na garrafa, de forma que o bicarbonato caia no vinagre, observa-se que o balão começa a encher, devido a formação do gás carbônico. 3) Que condições experimentais são empregadas para deslocar o equilíbrio para o éster? Usa-se excesso de um dos reagentes, do álcool n-butílico. Como a reação é reversível, ao se adicionar mais álcool do que a estequiometria da reação necessita para ocorrer, há o deslocamento do equilíbrio para direita, ou seja, para o lado de formação dos produtos. 2.5 CONCLUSÃO A esterificação do acetato de butila foi bem sucedida, apesar do baixo rendimento. Relembrou-se o mecanismo da reação de esterificação, e se relacionou o produto obtido no laboratório com a indústria de esmaltes, inclusive através de seu odor característico.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, Maria Luiza Andrade; OLIVEIRA, Mariana Gabriela de. SÍNTESE ORGÂNICA: Acetato de n-butila. 2010. 35 f. Curso de Técnico de Química, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. VIANA, Giselli Belli. Esmalte de unhas e o seu descarte. 81p. Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, São Paulo 2016 3. SÍNTESE DO CORANTE ALARANJADO II 3.1 INTRODUÇÃO O primeiro corante do mundo surgiu no ano de 1856, quando o químico William Perkin tentava preparar artificialmente a quinina em seu laboratório. Porém, por conta de uma falha no processo acabou resultando um corante sintético hidrossolúvel na cor roxa. O nome do corante ficou conhecido como Mauveína ou anilina púrpura. Atualmente, o corante mais utilizado é chamado de Índigo, que dá cor ao Jeans. Foi sintetizado pela primeira vez em 1880. O corante sintetizado em aula foi o alaranjado II, conhecido também como laranja ácido 7, laranja 2- naftol e orange II. É um corante do tipo azo, grupo mais importante dos corantes sintéticos, são usados em roupas, alimentos e tintas. A estrutura básica dos corantes azo é conhecida por Ar - N=N - Ar1, sendo Ar grupos aromáticos quaisquer. Os corante azo são caracterizados por seus inúmeros tons de cores, uma vez também que são sintetizados facilmente a partir de outros compostos. Ele é alvo de muitos estudos referentes ao seu descarte, visto que não é uma material biodegradável, e é muito utilizado na indústria. Segundo NETO, et al (2011), em solução aquosa, o corante laranja II existe predominantemente como um tautômero ceto, e o fato do grupo azo ser um forte retirador de elétrons faz com que este corante seja protegido do ataque das oxigenases. Desta maneira, os processos convencionais aeróbios de tratamento de águas residuais, em geral, não podem descolorir eficientemente efluentes de azo-corantes. O objetivo da aula foi realizar a síntese do corante alaranjado II, bem como o tingimento de um tecido com o corante produzido, para atestar sua funcionalidade. 3.2 MATERIAIS E MÉTODOS 3.2.1 Materiais e Reagentes MATERIAIS QUANTIDADE REAGENTES Agitador magnético 1 Ácido sulfanílico Béquer 2 Ácido Clorídrico Barrinha magnética 1 Cloreto de Sódio Papel Filtro 2 Hidróxido de Sódio Pipeta Graduada 1 alfa-naftol Nitrito de Sódio 3.2.2 Métodos Em um béquer de 50mL foi dissolvido 0,40 g de Ⲁ-naftol em uma solução de 10mL de hidróxido de sódio 10%, medida com uma pipeta graduada. A solução foi aquecida até a dissolução do m-naftol e após isso, levada até o banho de gelo para a próxima etapa. Em outro béquer limpo, foi dissolvido 0,5 g de ácido sulfanílico em 2 mL de solução de NaOH 10%, medida novamente com uma pipeta graduada. A mistura foi resfriada entre 0 e 5 °C em banho de gelo. Após ser resfriada, foi adicionado nesta solução 2 mL de NaNO2, preparado durante a aula. Com a temperatura próxima de 0 °C e agora com agitação utilizando um agitador magnético e barrinha magnética foi acrescentado 5 mL de HCL 5 N (normal). Com a mistura sob constante agitação, foi adicionado a solução alcalina resfriada de m-naftol. Foi mantida em agitação por 10 minutos e deixada atingir temperatura ambiente. Por fim, foi acrescentado 2 g de NaCl e filtrado por meio de filtração comum, a fim de obter o corante. Após isso, o corante foi lavado com 30mL de água gelada e deixado secar. Agora prosseguindo com a segunda etapa, o tingimento. Foi disposto um pedaço de tecido dentro de um béquer contendo 50 mL de água e mantido em aquecimento por 10 minutos. Em outro béquer limpo, contendo 100 mL de água foi preparado um banho de tingimento dissolvendo 0,25 g de alaranjado II e 0,4 g de sal de Glauber (sulfato de sodio) e 0,25 mL de ácido acético. O banho foi aquecido a 50 °C. Com o auxílio de um bastão de vidro, o tecido foi transferido para o béquer contendo o banho e a temperatura foi elevada até atingir o ponto de ebulição mantendo-a por 10 minutos. Posteriormente, o tecido foi removido do banho de tingimento, lavado, espremido e deixado secar. Por fim, a amostra foi exposta à radiação UV. Figura 1: mistura reacional após a adição do HCl, no agitador magnético. Já é possível identificar a cor alaranjada característica Fonte: as autoras (2023) Figura 2: tingimento do tecido de algodão com o corante produzido na prática Fonte: as autoras (2023) 3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os compostos azo contém o grupo –N=N-. Compostos do tipo RN=N-H são muito instáveis e decompõem rapidamente RNH2 . A estabilidade do composto dissubstituído R-N=N-R é dependente da natureza do grupo R. Assim como os alcenos, as substâncias azo podem existir nas formas cis e trans. Em virtude da tensão estérica, o isômero trans é consideravelmente mais estável do que o isômero cis. A síntese começa utilizando sais de diazônio através da nitração de um composto aromático, isto é, substituindo o –H pelo –NO2 e então por –NH2. Chama-se esse processo de desanimação por diazotação. Para sintetizar o alaranjado de metila, composto parecido com o sintetizado na prática, o sulfanilato de sódio (sal do ácido sulfanílico) reage com nitrito de sódio na presença de ácido clorídrico (i.e., com a formação de cátion nitroso) para formar um "sal de diazônio" instável. Figura 3: formação do sal de diazônio para síntese do alaranjado de metila Fonte: Scientia (2021) Os íons arenodiazônio são eletrófilos fracos; eles reagem com compostos aromáticos altamente reativos – com fenóis e arilaminas terciárias – para produzir compostos azo. Essa substituição eletrofílica aromática é frequentemente chamada uma reação de acoplamento diazoO segundo passo é a reação de "acoplamento diazônico" ou "cópula". O íon diazônio é usado in situ (na mistura da reação),e reage com a N,N-dimetilanilina para formar o corante azo ácido. Figura 4: acoplamento diazônico para síntese do corante alaranjado de metila Fonte: Scientia (2021) Na prática em questão, utilizou-se o alfa-naftol porque ele possui o grupo hidroxila mais reativo do que os fenóis. Figura 5: síntese do alaranjado II, de forma simplificada. Fonte: Jesus (2022) Os compostos azo geralmente são intensamente coloridos porque a união de azo (diazenodiila), -N=N-, faz a conjugação dos dois anéis aromáticos. Isso fornece um sistema estendido de deslocalização de elétrons ð e permite a absorção da luz na região do visível. Os compostos azo, por causa da cor intensa deles e porque eles podem ser sintetizadas a partir de compostos relativamente baratos, são utilizados extensivamente como corantes. Os corantes azo quase sempre contêm um ou mais grupos –SO3 - Na+ para conferir solubilidade em água ao corante e ajudar na aderência do corante às superfícies de fibras polares (lã, algodão ou náilon). Muitos corantes são preparados através das reações de acoplamento de naftilaminas e naftóis (como a prática em questão). Figura 6: estrutura química do corante alaranjado II Fonte: Aquino, et al. (2011) O espectro de absorbância do corante laranja II apresenta uma banda de absorbância na região do visível em 480 nm e por isso sua determinação pode ser realizada com facilidade por meio de um espectrofotômetro. 3.4 QUESTIONÁRIO 1) Justifique o porquê de os compostos azo serem estruturalmente adequados para serem utilizados como corantes. Por conta da facilidade com que os compostos azo podem ser sintetizados a partir de compostos baratos e também por conta da possibilidade da união de azo (N=N) fazendo a conjugação de dois anéis aromáticos. 2) Comente acerca da relação conjugação/absorção/emissão de luz. A luz visível tem comprimentos de onda entre 400 nm e 700 nm. A emissão de luz pode ser classificada em dois processos: luminescentes e termoluminescentes. O primeiro tem a emissão de luz dada pela excitação térmica e o segundo não tem a emissão dada por essa excitações térmicas. Já a absorção de luz é um processo onde a luz que incide sobre um corpo é transformadaem energia. 3) Apresente o mecanismo de formação de um sal de diazônio. Os sais diazônio são quase sempre preparados através da diazotação de aminas aromáticas primárias. As arilaminas primárias podem ser sintetizadas através da redução de compostos nitro que são facilmente disponíveis através das reações de nitração direta. A reação do nitrito de sódio com a amina aromática e o ácido clorídrico forma um cloreto de diazônio, cloreto de sódio e água, por exemplo: C6H5.NH2 + NaNO2 + 2 HCl → C6H5-N=N-Cl + NaCl + 2H2O O mecanismo da reação, de forma simplificada, ocorre da seguinte forma: Geração do cátion nitrosilo: NaNO2 + 2HCl → NO+ + Na+ + 2Cl− + H2O E, posterior, ataque eletrófilo por parte do cátion nitrosilo sobre o grupo amino que conduz a formação do cátion diazônio: Ar−NH2 + NO+ → Ar−N2+ + H2O https://pt.wikipedia.org/wiki/Cloreto_de_s%C3%B3dio https://pt.wikipedia.org/wiki/Anilina https://pt.wikipedia.org/wiki/Nitrito_de_s%C3%B3dio https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_clor%C3%ADdrico https://pt.wikipedia.org/wiki/Cloreto_de_benzeno_diaz%C3%B4nio https://pt.wikipedia.org/wiki/Cloreto_de_s%C3%B3dio https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua_(qu%C3%ADmica) https://pt.wikipedia.org/wiki/Eletr%C3%B3filo 4) Escreva o mecanismo para todas as etapas Obtenção do sal de diazônio: Síntese do corante a partir do sal: 5) Justifique o controle da temperatura (0 a 5°C) neste experimento. Aminas primárias aromáticas são capazes de estabilizar o sal de diazônio abaixo de 5ºC para permitir seu uso na síntese orgânica. 6) O acoplamento entre o sal de arildiazônio e o m-naftol ocorre mais rapidamente em solução ligeiramente alcalina. Justifique. A solução deve estar levemente alcalina para que o equilíbrio ácido não seja deslocado no sentido de transformar o fenol em seu respectivo íon, o que atrasaria o ataque nucleófilo do alfa-naftol ao nitrogênio do sal de diazônio, que forma o corante. 3.5 CONCLUSÃO Diante do exposto, a síntese do corante alaranjado II foi concluída sem que houvesse grandes dificuldades, uma vez que já havíamos feito algumas outras sínteses que exigiam maior cautela em sua elaboração. Além disso, foi possível aprendermos como se dá a síntese dos corantes que são muito utilizados atualmente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO NETO, S. D., MAGRI, T. C., SILVA, G. M. D., & ANDRADE, A. R. D. (2011). Tratamento de resíduos de corante por eletrofloculação: um experimento para cursos de graduação em química. Química Nova, 34(8), 1468-1471. GARRET, R. Mauveína, C26H23N4. Disponível em: <https://qnint.sbq.org.br/qni/popup_visualizarMolecula.php?id=CYblB13EwwkwPVfPprtBH7F XtzFtlas4EZiu6m14nwabljG9SXFQ0qdJzIULk4Nzyug3VjYfBbZrHIKnIujBxQ%5C(mauve%5C 303%5C255na> O Mundo da Química - Aminas Aromáticas: Reações, https://www.omundodaquimica.com.br/academica/org2_aminas_arom_reacoes SCIENTIA. Alaranjado de metila (2021). Disponível em: https://sites.google.com/site/scientiaestpotentiaplus/alaranjado-de-metila