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UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO COMERCIAL PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR VII NATURA CASSIANO ALVES DA SILVA JUNIOR – RA 0580336 Arcos – MG 2023 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 2. DESENVOLVIMENTO .............................................................................. 4 2.1 Referencial Teórico .................................................................................... 4 2.1.1. Canais de distribuição e estoques ............................................................ 4 2.1.2 Capital de giro e controle de resultados .................................................... 5 2.1.3 Desenvolvimento sustentável .................................................................... 5 2.2 Dados da Organização ............................................................................... 6 2.2.1 Histórico relevante da organização. .......................................................... 6 2.2.2 Setor de atividade e negócio da organização ............................................ 7 2.2.3 Porte da organização ................................................................................ 7 2.2.4 Composição da força de trabalho .............................................................. 7 2.2.5 Principais produtos .................................................................................... 8 2.2.6 Principais mercados e segmentos em que a organização atua ................ 8 2.2.7 Principais concorrentes da organização .................................................... 8 3 DISCUSSÃO ............................................................................................ 9 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 17 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 18 3 1. INTRODUÇÃO Essa pesquisa foi elaborada com o objetivo de realizar uma análise da empresa Natura, por meio das disciplinas estudadas no semestre: Canais de distribuição e estoques; Capital de giro e controle de resultados e; Desenvolvimento sustentável. Para realizar essa análise, foi utilizada como metodologia a pesquisa bibliográfica, com base em livros, artigos acadêmicos, livros textos disponibilizados pela Instituição de Ensino e, principalmente, os Relatórios Anuais da empresa escolhida onde foi possível extrair uma quantidade significativa de dados. A pesquisa está dividida em capítulos, iniciando com um referencial teórico acerca das disciplinas mencionadas acima e na sequência, uma exposição de dados que caracterizam a Natura como empresa e seu posicionamento no mercado, além das práticas organizacionais relacionadas com as teorias estudadas. Por fim, um capítulo denominado como discussão, trará os pontos positivos e negativos dessa organização com base na análise feita pelas disciplinas, buscando mostrar de forma prática quais os focos de melhoria da Natura. Em Canais de distribuição e estoques serão abordados os conceitos de estoques e centros de distribuição e, ferramentas da qualidade. Já a disciplina de Capital de giro e controle de resultados os conceitos apresentados serão de: capital de giro financeiro e indicadores de liquidez. Os conceitos elencados na disciplina de Desenvolvimento sustentável buscam dar base à integração da empresa com os aspectos socioambientais, portanto, visam estabelecer o conceito de certificações na área de sustentabilidade e, responsabilidade social e empresarial. Todos esses conceitos tem como objetivo responder a questão de pesquisa proposta pelo projeto: Ao examinar os aspectos organizacionais relacionados às seguintes disciplinas: Canais de distribuição e estoques; Capital de giro e controle de resultados e; Desenvolvimento sustentável, como pode ser descrita a gestão na Natura? 4 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Referencial Teórico 2.1.1. Canais de distribuição e estoques Os Centros de Distribuição são estruturas capazes de armazenar produtos que ainda serão direcionados ao consumidor final por meio de intermediários. Segundo Ballou (2001) estoques são acumulações de matérias- primas, suprimentos, componentes, materiais em processo e produtos acabados que surgem em numerosos pontos do canal de produção e logística das empresas. Já conforme Assaf Neto (2009), os estoques são materiais, mercadorias ou produtos que são fisicamente mantidos disponíveis pela empresa, com expectativa de ingresso no ciclo de produção, de seguir ser curso produtivo normal, ou de serem comercializados. De acordo com Dias (2010) os principais tipos de estoque encontrados em uma empresa industrial, são: matérias-primas, produtos em processo, produtos acabados, peças de manutenção e materiais auxiliares. Em se tratando da estrutura básica que envolve todo o processo de armazenagem, o termo Centro de Distribuição é considerado moderno, ainda mais, se avaliado como um local com sensíveis diferenças em comparação aos antigos armazéns de estocagem. Segundo Ferreira (2013, p. 37) “nestes Centros de Distribuição ocorrem as seguintes operações de uma forma bem sistematizada para que se possa dar agilidade nos processos: as mercadorias vêm de diversos fornecedores em grandes quantidades (cargas consolidadas). Alves (2000, p.139) aponta uma grande diferença entre os depósitos e os CDs: os depósitos, operados no sistema “push, são “instalações cujo objetivo principal é armazenar produtos para ofertar aos clientes”; já os CDs, operados no sistema “pull”, são “instalações cujo objetivo é receber produtos “just-in-time” de modo a atender às necessidades dos clientes”. Com relação às ferramentas da qualidade, Juran (1999, apud COSTA et al., 2013), diz que qualidade significa adequação ao uso enquanto, para Deming (2000, apud COSTA et al., 2013), qualidade tem o significado de atender e, se 5 possível, superar as expectativas do consumidor. Bezerra e Tinoco (2019) apontam que a junção das ferramentas da qualidade é utilizada para prever, propor e visualizar soluções em sua gestão, tendo aplicabilidade em múltiplos contextos, podendo ser utilizada de forma correta e com confiabilidade nos dados extraídos. As ferramentas serão relevantes e úteis para a solução de problemas. As ferramentas básicas da qualidade são divididas em sete, são elas: Fluxograma, Diagrama de causa e efeito, Diagrama de Pareto, Histograma, Gráfico de Controle, Folha de Verificação e Diagrama de dispersão (Corrêa e Corrêa 2010). Para Bezerra e Tinoco (2019), ferramentas auxiliares como o Brainstorming e o 5w2h também são de grande utilidade. 2.1.2 Capital de giro e controle de resultados Quando se fala em capital de giro, remete-se ao subsídio necessário que qualquer empresa tem que possuir para fazer com que ocorra a movimentação financeira normal e que, assim, se cumpra com os acordos firmados. Chiavenato (2005, p. 223) identifica o capital de giro como: A quantidade de dinheiro que a empresa utiliza para movimentar seus negócios. Envolve estoques, dinheiro em caixa e em bancos, financiamentos a clientes por meio de contas a receber, salários e encargos, aluguel, contas de luz, água, telefone, etc. Há também os indicadores de liquidez que apontam a situação econômica de uma organização através de fórmulas matemáticas. Os indicares de liquidez mais utilizados pelas empresas são liquidez seca, corrente, geral e imediata. 2.1.3 Desenvolvimento sustentável A ISO 14000, visa resguardar, sob o aspecto da qualidade ambiental, não só os produtos, mas também os processos produtivos. Esse é um grande passo para uma produção sustentável. A Lei da Política Nacionaldo Meio Ambiente, em seu art. 3º, inciso I, tratou de definir o meio ambiente: 6 Art. 3º. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I – Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (BRASIL, 1981). Ainda segundo Valle (2000, p. 40), a série ISO 14000 é um conjunto de normas relacionadas a Sistemas de Gestão Ambiental que abrangem seis áreas bem‑definidas: Sistema de Gestão Ambiental; Auditorias Ambientais; Avaliação de Desempenho Ambiental; Rotulagem Ambiental; Aspectos Ambientais nas Normas de Produtos e Análise do Ciclo de Vida do Produto. As normas ISO 14000 não estabelecem níveis de desempenho ambiental, especificam somente os requisitos que um sistema de gestão ambiental deverá cumprir. De forma geral, referem o que deverá ser feito por uma organização para diminuir o impacto das suas atividades no meio ambiente, mas não prescrevem como fazer (VALLE, 2000, p. 43). Segundo Carpinetti (2016), o Inmetro, que coordena o sistema nacional de certificação no Brasil, é reconhecido internacionalmente como o organismo de credenciamento brasileiro, seguindo a tendência internacional atual de apenas um credenciador por país ou economia. Os certificados ISO 9001 e ISO 14001 têm validade de três anos, mas essa certificação é voluntária e não obrigatória, mas dá à empresa um status de qualificação diante de seus consumidores. 2.2 Dados da Organização 2.2.1 Histórico relevante da organização. A história da Natura teve início no ano de 1969, com a abertura de um laboratório e deu grandes passos em 1974, quando passou a realizar vendas diretas. Em 1983 a criação de refis de seus próprios produtos trouxe destaque ao propósito organizacional dessa empresa que é a sustentabilidade, cuidar do meio ambiente enquanto cuida das pessoas. A expansão da Natura pela América Latina se deu em 1994, por meio da inauguração de um moderno complexo industrial localizado na cidade de Cajamar, interior do estado de São Paulo. Como parte de seu propósito com o 7 meio ambiente, no na de 2006 a organização deixou de realizar testes em animais e passou a trabalhar com material sintético e, em 2007, aumentou ainda mais suas ações relacionadas ao seu propósito ambiental, lançando o Programa Carbono Neutro. A aquisição da marca australiana AESOP ocorreu no ano de 2012 e já em 2013, a Natura criou a linha SOU, com a finalidade de inovar e promover a reflexão sobre o consumo consciente. Muitos outros marcos fizeram parte da história dessa empresa no decorrer dos anos, como a compra de sua principal concorrente em 2020, a AVON, e a venda da THE BODY SHOP em 2023. Após tantas aquisições e fusões, a Natura passou a se chamar Natura&Co, por se tratar agora de um grupo de empresas, além de reverter um prejuízo financeiro muito grande em menos de dois anos, um verdadeiro marco em sua história. 2.2.2 Setor de atividade e negócio da organização A empresa Natura é uma empresa privada de bens de consumo que atua no setor comercial, com venda direta através de seus consultores que são pessoas que trabalham para a Natura de maneira autônoma, ou seja, se habilitam a vender os produtos da Natura porta a porta e também de forma digital através do site da Natura a fim de receber uma comissão sobre o valor vendido ao final de cada ciclo de catálogos. 2.2.3 Porte da organização De acordo com o BNDES a Natura é uma empresa grande porte, uma vez que seu faturamento anual ultrapassa os 300 milhões de reais. A estrutura da empresa Natura de Cajamar (SP) consiste em uma fábrica toda construída em placas modulares, o que permite expandir a empresa, sistemas de placas solares no estacionamento e nos bondes que fazem o transporte interno. 2.2.4 Composição da força de trabalho 8 De acordo com dados do Relatório Anual de 2022, a Natura&Co possui mais de 32 mil colaboradores, sendo que somente na liderança as mulheres marcam presença em 53% e 99% dos colaboradores da organização são remunerados dentro do parâmetro de salário digno. Além dos mais de 32 mil colaboradores, a organização conta com 7,7 milhões de consultoras e representantes. 2.2.5 Principais produtos Quando ainda era empresa solo, a Natura atuava com cosméticos para pele e cabelos, além de maquiagem e óleos. Hoje, como Natura&Co, um grupo formado por AVON, Natura, AESOP e The Body Shop, sendo que esta última já não estará mais presente no próximo relatório anual, a empresa atua no mesmo segmento de cosméticos, porém, com um mix de produtos muito maior e que atende consumidores de todas as faixas orçamentárias. 2.2.6 Principais mercados e segmentos em que a organização atua Os clientes alvo da empresa estão principalmente nas classes A e B, com ênfase na região sudeste onde há o maior crescimento de vendas nos últimos 5 anos. A faixa etária é variável, iniciando-se aos 15 anos através da linha de presentes e maquiagens e segue até os 60 anos com a linha de cremes para rejuvenescimento. Por possuírem uma alta margem de lucro, o diferencial de seus produtos está na qualidade e no reconhecimento de um programa sustentável. 2.2.7 Principais concorrentes da organização No Brasil, a principal concorrente do grupo Natura&Co é a BOTICÁRIO, que também trabalha pelo sistema de venda direta e distribui seus produtos às lojas de cosméticos, inclusive com rede de varejo com sua marca. Contudo, o BOTICÁRIO não possui a mesma força e representatividade que a Natura possui quando o assunto é venda direta e rede de revendedoras no país. 9 3 DISCUSSÃO A maioria dos produtos Natura, são produzidos no centro integrado de pesquisa, produção e logística em Cajamar e as instalações foram elaboradas de forma a propiciar uma expansão eficiente na medida em que as operações da empresa fossem crescendo, permitindo assim, uma maior economia de escala na planta física. O fator priorizado pela empresa é a qualidade do produto, sempre procurando o bem-estar do seu cliente e a garantia de satisfação para que dessa forma, o número de consumidores aumente e sua marca possa se expandir gradativamente. Já para os clientes, os fatores priorizados são a qualidade, rapidez e confiabilidade, fatores esses, que são gerados a partir da boa administração e gerenciamento da logística da empresa Natura, ou seja, todas as ações da empresa, com a finalidade de promover o melhor para o seu cliente, reflete na confiança que conseguem adquirir com o passar dos anos. Na empresa em análise, por ser um mercado varejista de grande porte, há um gerente voltado somente para o transporte. O profissional que administra esta área possui inúmeras responsabilidades e pressão diária para a tomada de decisões. O procedimento de recebimento e conferência da mercadoria é simples, no entanto, sua extensão é maior do que em empresas de pequeno e médio porte, afinal, não se recebe apenas um caminhão de fornecedor, mas sim dezenas a toda hora, a logística é intensa e precisa ser bem administrada. O procedimento comum para cada caminhão de fornecedor é estacionar na doca de recebimento, descarregar a mercadoria e aguardar o conferente fazer a conferência com o uso de coletor e depois repassa para o setor responsável por juntar os dados coletados com os da nota fiscal. Por fim, se tudo estiver em ordem o motorista é liberado e a mercadoria é enviada para o estoque. Em razão dos altos custos associados, um fator de preocupação nos negócios corresponde ao armazenamento e à manutenção do estoque de um produto até a sua distribuição final. Um dos maiores desafios é manter a visibilidade dos estoques e minimizar as incertezas que resultam em maiores níveis de estoque de segurança ou em práticas ineficientes. (CHURCHIL; PETER, 2003)10 Quando se fala em gestão da qualidade, não se deve focar apenas nos produtos fabricados por uma determinada organização, mas sim num todo que envolva desde o funcionário até o consumidor e todos os seus enlaces. A Natura compreende isso e trabalha a qualidade em todos os aspectos organizacionais, ou seja, há gestão da qualidade nos processos, nos produtos, nas relações internas e externas da empresa. Os colaboradores dessa empresa também sofreram com os impactos de suas mudanças organizacionais quando se implementou o sistema de gestão de processos em 2000. Foram demissões constantes e a rotatividade dos colaboradores aumentou consideravelmente no prazo de 2 anos (2006-2008), começando com 6,7% de rotatividade no ano de 2006 e terminando em 12,4% no ano de 2008. Porém, após esse processo de mudança no quadro organizacional a empresa tem feito procedimentos diversos para se aproximar cada vez mais dos colaboradores e com isso, aumentar a qualidade de vida deles por meio do ambiente de trabalho. Outra estratégia utilizada pela empresa para ter mais qualidade nesse aspecto foi a adoção de contratação de pessoas com deficiência e a diversidade de seus contratados. Os diretores sempre acreditaram que a comunicação e as boas relações são a chave para o sucesso do negócio, por isso se engajaram em criar o Instituto Ethos no ano de 2008 para desenvolver uma gestão de qualidade voltada para o público tanto interno quanto externo. Esse projeto trouxe bons resultados desde então e garante à empresa o feedback do consumidor, fazendo com que os processos possam se adequar e, consequente, tornar o produto cada vez melhor. A Natura também ficou em evidência ao apresentar sua gestão de processos em um Webcasting na Fundação Nacional de Qualidade. Foi essa mudança nos processos que elevou o patamar da empresa que não conseguia sair dos 8 milhões de rendimento anual até os anos 2000, mas desde então tem se superado todos os anos e mostrado para as outras organizações que não basta ter um produto de qualidade se as outras áreas da empresa também não se encontram em sintonia. 11 Demonstrando as estratégias da gestão de qualidade na empresa Natura é fundamental falar dos fornecedores, afinal são eles os responsáveis por iniciar a cadeia de suprimentos com a matéria-prima. Para garantir a qualidade dos fornecedores a empresa criou um sistema chamado QLICAR e que consiste em seis pilares para a avaliação contínua de seus fornecedores. A ideia é que a empresa compre sua matéria-prima dos fornecedores que se enquadrem nos requisitos desse sistema e tenham, através da avaliação, um certificado de qualificação para o fornecimento. Os seis pilares correspondem às siglas do sistema: qualidade, logística, inovação, custo-contrato, atendimento e relacionamento. Os certificados conferem aos fornecedores uma espécie de pontuação que os qualificam em ordem decrescente e possibilitam aos compradores da Natura a melhor opção para aquisição de matéria-prima. Tratando da gestão da qualidade na relação com o consumidor, a Natura adotou uma Política para segurança de produtos e que tem por objetivo avaliar e garantir a segurança de uso de todos os produtos nas doses e modos de utilização recomendados, bem como nas condições razoavelmente previsíveis de uso. No ano de 2006 a Natura decidiu parar de testar seus produtos em animais como forma de enfatizar sua missão e visão, além de garantir o bem- estar social da população. Dessa forma, para avaliar a qualidade dos produtos a Natura utiliza modelos computacionais, pesquisa e revisão contínua dos dados publicados em literatura científica do mundo todo e testes in vitro. Além desses procedimentos, existe uma equipe de cientistas trabalhando para a empresa com tecnologia de ponta em busca de melhores procedimentos e precisão nos resultados das avaliações. Contudo, a Política de Segurança da Natura se preocupa em analisar todo o processo de consumo e por isso, amplia sua vigilância para o pós-venda e vigia todos os eventos anormais no mundo dos cosméticos, para verificar se há ou não envolvimento com os seus produtos. Todos esses procedimentos são feitos por um Comitê de Segurança de Produtos (CSP) e que é responsável por gerir e enviar relatórios para toda a organização sobre a segurança do consumidor. Com a crise econômico-política do país a Natura também teve seus momentos de queda, como por exemplo o primeiro trimestre de 2016 onde a 12 empresa teve um prejuízo de 69,1 milhões de reais devido a retratação de vendas no Brasil conforme apontou a Folha de São Paulo. Tentando sair da crise a empresa se viu diante de outro problema: a falta de aderência do presidente à cultura da organização. Para melhorar a situação e novamente levantar as vendas, a Natura trocou de presidente alegando a ausência de afinidade com a empresa, mas fica evidente que essa troca ocorreu após o prejuízo do primeiro trimestre em 2016, ou seja, o Presidente perdeu seu cargo em outubro do mesmo ano. Mais adiante em 2017, notícias veiculadas em jornais e revistas apontam que a empresa superou a crise e que seu lucro saltou 80% no segundo trimestre do mesmo ano. O Jornal do Comércio diz que todo o setor de beleza teve um aumento nos lucros, mostrando a superação da crise, mas não adere esse acontecimento às estratégias organizacionais e sim, ao efeito batom (fenômeno onde o consumidor gasta mais com cuidados pessoais mesmo em tempos de crise). Segundo Marshall Junior et al. (2007), a gestão de qualidade é um tema dinâmico, sendo sua evolução fruto da interação dos diversos fatores que compõem a estrutura organizacional e sua administração. Diante disso, não se pode conferir o sucesso de uma organização à um simples “efeito batom” conforme aponta o artigo. É necessário estratégia e conhecimento de mercado, logo, a Natura alavancou seus lucros por meio de vendas no exterior e não no Brasil, visto que a retração das vendas a nível nacional não permitiria que a organização almejasse esse lucro em um período tão curto. De acordo com Silva (2017), a padronização é um elemento imprescindível para a garantia dos processos e da qualidade dos produtos. Segundo Campos (2004 apud SILVA, 2017, p. 25): “nas empresas modernas do mundo, a padronização é considerada a mais fundamental das ferramentas gerenciais. Na qualidade total a padronização é a base para a rotina (gerenciamento da rotina do trabalho diário)”. Por isso em seu controle na gestão a Natura finaliza a solução de problemas ou surgimento de novas ideias com a padronização, pois dessa forma todos os seus processos estarão alinhados. Esse mesmo autor ressalta a importância da padronização, não apenas nos processos, mas também nos produtos e na própria empresa. A padronização consiste no processo de 13 desenvolvimento e implementação de normas técnicas, ou seja, uma normalização do processo que de acordo com Oliveira (2014, p. 94 apud SILVA, 2017), “é a atividade que estabelece, em relação a situações existentes ou potenciais, recomendações destinadas à atualização comum e repetitiva com objetivo de obtenção do grau ótimo em um dado contexto”. Quando uma empresa possui normas de padronização ela está realizando o controle de seus processos para reduzir o consumo de materiais de insumo, melhorar a qualidade, aumentar a produtividade e reduzir os desperdícios, além de garantir uma produção uniforme. Dentro da ISO 14000 encontram-se os requisitos que tornam uma organização apta a receber o certificado ISO 14001. A Natura atende a todos esses requisitos e possui declarações da política da qualidade e dos objetivos da qualidade; manual da qualidade; além de outros documentos e registros específicos trazidos pela própria norma. A Natura segue alguns princípios na área da qualidade que são: Cumprir a legislação, acordos e princípiosaplicáveis à organização, produtos, processos e serviços; Adotar princípios para tomada de decisões nas questões de qualidade que pautem pela produtividade, rapidez, flexibilidade, inovação e criatividade, para plena satisfação dos clientes; Prevenir problemas adotando controles rigorosos de qualidade; Buscar aperfeiçoamento, dentro da visão de sustentabilidade, em todos os processos, produtos e serviços; Adotar fundamentos de excelência pautando-se pelos compromissos da Natura com a sociedade e observando as melhores práticas organizacionais; Promover a qualidade das relações por meio do diálogo, ética e transparência. (NATURA, 2023) O controle de qualidade dessa organização compreende alguns pontos chave para sua eficácia. Entre esses pontos encontram-se o controle de documentos e registros; o controle de produto não conforme; rastreabilidade de lotes; planos de auditoria interna com frequência definida; controle de dispositivos de medição; plano de manutenção preventiva; qualificação do laboratório de análise; plano de treinamento estruturado; controle de fornecedores e subcontratados; controle de alterações e mudanças e objetivos com metas definidas. O processo de certificação, de acordo com Carpinetti (2016, p. 68): 14 [...] a) atesta que o sistema de gestão da empresa condiz com o modelo de sistema de gestão da qualidade (ISO 9001) ou ambiental (ISO 14001), ou ambos. Em outras palavras, avalia se o sistema de gestão da empresa contempla todos os requisitos estabelecidos pelas normas. Esse aspecto do processo de certificação é bem descrito pela expressão: “Diga o que você faz para garantir a qualidade ou o meio ambiente”. O objetivo, portanto, é atestar a aderência do sistema de gestão projetado pela empresa como modelo de sistema estabelecido pelos requisitos da ISO 9001 ou ISO14001; b) atesta que foram encontradas evidências de que a empresa implementa as atividades de gestão tidas como necessárias para atender aos requisitos dos clientes e outras partes interessadas. Esse segundo aspecto da certificação é bem definido pelo dizer: “Demonstre que você faz o que você diz que faz para garantir a qualidade”. A Natura faz controles frequentes em sua linha de produção para garantir a qualidade do produto, mas ainda assim, quando o produto acabado vai para o setor de qualidade ele passa por uma análise que verifica a padronização e caso esteja fora dos conformes, o produto é descartado e seu material reaproveitado pela linha de produção. O processo de certificação se inicia com a análise de documentos, passando para a auditoria e análise da organização. Logo após, é feita uma coleta de produtos para que sejam analisados e testados. A conscientização de sustentabilidade é muito clara e evidente em todos os processos da Natura Cosméticos, afinal, trata-se de uma empresa 100% sustentável. Uma de suas ações sustentáveis e que estão diretamente ligadas ao meio ambiente e bem-estar da sociedade é a gestão de efluentes e resíduos sólidos que a empresa faz para evitar que suas composições químicas afetem a natureza. Os efluentes são águas residuais provenientes de rejeições de origem doméstica, industriais ou efluentes gerados pelas atividades hospitalares. Na composição desses resíduos pode-se encontrar produtos químicos e radioativos, líquidos biológicos, excreções contagiosas de pacientes hospitalizados etc. Com relação aos resíduos sólidos, o solo tem a capacidade de decompor materiais e realizar a reciclagem dos mesmos, sendo a reciclagem conceituada como “o resultado de uma série de atividades, pelas quais materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, coletados separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos” (IPT/CEMPRE – 2000). 15 A disposição de resíduos sólidos como plástico, vidro e metal no solo, podem acarretar em erosões em grandes proporções, efeito que deve ser evitado ao máximo por se tratar de um fenômeno prejudicial à natureza. Como esses materiais são prejudiciais ao solo, então a reciclagem tornou-se uma alternativa para reaproveitar esses materiais. A prática de coleta seletiva consiste na segregação e recolhimento de materiais descartados por empresas e domicílios, potencialmente recicláveis como: papéis, plásticos, vidros, metais e biodegradáveis, reduzindo desta forma, o encaminhamento para locais impróprios e sem a mínima estrutura para a sua disposição final, como lixões a céu aberto ou terrenos baldios (PENATTI e SILVA 2008). Para um programa de coleta seletiva obter sucesso, visando à reciclagem, deve-se ter o envolvimento da população, através de um bom programa de comunicação e educação ambiental. Vale ressaltar que, muitas vezes faz-se necessário um gerenciamento dos resíduos sólidos, o que segundo Cussiol (2008), quer dizer que o gerenciamento de resíduos é o conjunto de atividades técnicas e administrativas aplicáveis ao manuseio, à minimização da geração, à segregação na origem, à coleta, ao acondicionamento, ao transporte, ao armazenamento, ao tratamento, ao controle, ao registro e à disposição final dos resíduos. No ano de 1983, a Natura passou a lançar produtos com a opção de refil como um meio de reduzir os resíduos sólidos ao final do ciclo operacional. A massa média de um refil é 54% menor que a da embalagem regular e depois que a empresa passou a adotar essa medida, as embalagens foram reduzidas em 2,2 mil toneladas. Além dessa ideia, a Natura também adotou o uso de uma tabela ambiental que é publicada nos produtos e fornece informações sobre o impacto ambiental de cada item, a não realização de testes em animais, a vegetalização dos produtos com a substituição de matérias-primas animal e mineral por vegetal, a utilização de álcool orgânico com a substituição do álcool comum pelo orgânico certificado e o Programa Carbono Neutro, com a redução e compensação das emissões calculadas com base na cadeia produtiva desde a extração da matéria-prima até o descarte final pelo consumidor. A Natura segue três pilares no seu gerenciamento de resíduos sólidos, sendo o primeiro “reduzir”, buscando amenizar o uso de recursos naturais; 16 “reutilizar”, como forma de aproveitar e reaproveitar o máximo de vezes que conseguir um determinado item ou matéria-prima, para que não sejam necessárias novas extrações; e “reciclar”, voltado especificamente para o plástico usado no refil e que pode se transformar em novos produtos. Para reduzir a emissão de resíduos sólidos, a empresa procura fazer uso de matérias-primas de origem vegetal em suas formulações, ampliando o uso de materiais recicláveis e reciclados pós-consumo e criando embalagens ecoeficientes. Há dez anos a Natura realiza pesquisas e investimentos no reaproveitamento do vidro na produção das linhas de perfumaria, sem perder a sofisticação que se espera para embalagens desse tipo. Esse é um desafio que a empresa enfrenta toda vez que lança um produto novo, pois são necessários diversos testes de misturas de vidro para garantir a qualidade e a cor do material reciclado. Em 2015, as embalagens de perfumes das linhas Ekos Frescor, Humor, Kaiak masculino e Essencial masculino usaram 20% de vidro reciclado pós-consumo. Com essa medida, deixou-se de emitir 539 toneladas de gases do efeito estufa no meio ambiente. A produção com vidro reciclado ocorre desde o início de 2015, com o uso equivalente a 600 mil de garrafas de 1 litro de refrigerante. Em 2015, foi feito o uso de vidro reciclado oriundo de resíduo da indústria de bebidas e, já em 2016, concretizou-se uma primeira produção incluindo o vidro recebido de cooperativas de reciclagem. Desde o início, a organização procura trabalhar com prestadores de serviço da cadeia de reciclado que são submetidos a um rígido processo de homologação, considerando rastreabilidade, formalizaçãoe atendimento de aspectos regulatórios. Em 2016, 4,3% dos insumos para a confecção de embalagens eram de origem reciclada pós-consumo, porcentagem que tem crescido continuamente. Até 2020, a meta da Natura é alcançar 10% de materiais pós-consumo na composição das embalagens. Uma das principais contribuições para esse avanço é a linha Ekos, relançada em 2016, que ampliou o uso de materiais reaproveitados. As embalagens utilizam material reciclado 100% pós-consumo ou 100% de PE verde. 17 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo desse projeto era integrar as disciplinas cursadas no decorrer do semestre à uma organização e, com isso, trazer na prática tudo o que foi apresentado de teoria no decorrer do curso de gestão comercial. A empresa escolhida foi a Natura Cosmético S.A, atualmente conhecida como Natura&Co, de grande porte, com um imenso número de funcionários, clientes, fornecedores. A Natura foi escolhida para caracterizar os principais pontos da disciplina e do gerenciamento dentro de uma empresa. Outro diferencial dessa empresa, que foi responsável também pela sua escolha para o trabalho é a sua preocupação com a sociedade em todos os ângulos, inclusão social, meio ambiente, reciclagem, logística reversa entre outras ações, onde todas estão voltadas para o bem-estar das pessoas. Falando em ações sociais, o último capítulo desse projeto mostra como a Natura atua na parte de desenvolvimento sustentável, ganhando prêmios por suas ações e contribuições sociais e ambientais. A certificação ISSO 14001 é uma prova de que a Natura planejou e está executando suas projeções com perfeição, alcançando resultados que ficam evidentes em suas análises financeiras. Ao analisar o centro de distribuição localizado em Cajamar-SP, restou comprovado que a organização é adepta à planejamentos, tanto que se certificou de poder ampliar os galpões se for necessário futuramente. Suas técnicas de movimentação e armazenagem também refletem a importância que a empresa dá aos seus processos como meio de garantir a qualidade final do produto, reduzindo custos desnecessários. 18 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. Administração do Capital de Giro. 4ª ed. Editora Atlas, São Paulo, 2009. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento, Organização e Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. BEZERRA, I.M.D.; TINOCO, D.J.B. Aplicação das Ferramentas da Qualidade em Projetos Governamentais – Um Estudo de Caso do Projeto de Integração das Bacias do Rio São Francisco. ENEGEP – ABEPRO. Santos, 2019. CARPINETTI, L. R. Gestão da qualidade: conceitos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016. CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo, Saraiva – 2005. CORRÊA, H. L; CÔRREA, C. A. Administração de produção e operações. Manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2010. COSTA, A. F. B; EPPRECHT, E. K; CARPINETTI, L. C. R. Controle estatístico de qualidade. São Paulo: Atlas, 2013. CUSSIOL, N. A. M. Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde / Fundação Estadual do Meio Ambiente. Belo Horizonte: FEAM, 2008. 88 p DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: uma abordagem logística. 4ª edição. São Paulo: Atlas, 2010. FERREIRA, Wladmir. Gestão de logística, distribuição e trade marketing. 4ª ed. FGV Editora. São Paulo, 2013. MARSHALL JUNIOR, I. et al. Gestão da qualidade. 8. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2007. Natura e sua história. Disponível em <https://www.natura.com.br/a- natura/sobre-a-natura/historia>. Acesso em 30 de outubro de 2023. Natura é reconhecida com principal prêmio ambiental da ONU. 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Coleta seletiva como processo de implantação de programas de educação ambiental e empresas: caso da bioagri laboratórios. I Simpósio de Pós-Graduação em Geografia do Estado de São Paulo. Rio Claro-SP, 2008. Relatório anual meio ambiente Natura. Disponível em: http://www2.natura.net/Web/Br/ForYou/resp_corporativa_2006/ra/src/br/meio_a mbiente.asp#energia. Acesso em 30 de setembro de 2018. SILVA, R. A. da. Qualidade, padronização e certificação. Curitiba: Inter Saberes, 2017. Sustentabilidade da Natura. Disponível em: https://www.natura.com.br/a- natura/inovacao/sustentabilidade. Acesso em 13 de novembro de 2023. VALLE, C. E. Como se preparar para as normas ISO 14000: qualidade ambiental. 3. ed. São Paulo: Thomson‑Pioneira, 2000. BOWERSOX, D. J., CLOSS, D. J., & COOPER, M.B. Gestão Logística de Cadeias de Suprimentos. Porto Alegre: Bookman, 2001 e 2006. CHURCHIL, G. A. Jr., PETER, P.J. Marketing criando valor para os clientes. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 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