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UNIDADE 4 - Alternativas Socioambientais para a Sustentabilidade (AULA)

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Estudante, é uma alegria tê-lo conosco em uma nova unidade de ensino da disciplina de Responsabilidade 
Social e Ambiental. O nosso objetivo agora é apresentar as principais alternativas e possibilidades para a 
sustentabilidade. 
De início, consideremos o estudo sobre as novas configurações estatais diante dos desafios da emergência 
ecológica e climática. Historicamente, o constitucionalismo foi influenciado pelos valores liberais e sociais, 
e atualmente incorpora as exigências ecológicas. 
Nesse sentido, o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental de terceira dimensão, 
essencial para o cumprimento dos direitos de primeira dimensão (direitos civis e políticos) e de segunda 
dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais). Além disso, como dever estatal, são necessárias medidas 
para alcançar resultados efetivos na proteção dos processos ecológicos essenciais. 
Por essa conjugação, temos hoje a proposição de um Estado de Direito Ecológico, como aquele responsável 
pela dignidade ecológica e pela tutela jurídica dos direitos dos animais e da natureza. 
Vamos juntos no estudo dessa temática? 
 
Surgimento do estado de direito ecológico 
 
Na modernidade, o constitucionalismo passou pelas feições de Estado Liberal, de Estado Social e, 
atualmente, encontra-se como Estado Democrático de Direito. Com o advento do Antropoceno, novas 
abordagens têm sido suscitadas, tais como Estado Socioambiental de Direito, Estado de Direito Ambiental e, 
mais recentemente, Estado Ecológico de Direito. 
Cada uma dessas novas perspectivas possui características assentadas na ética das relações com a natureza. 
Apesar da multiplicidade terminológica, há um ponto de partida unificador: a incorporação do meio 
ambiente como marco fundamental do Estado contemporâneo. 
A primeira proposição é o Estado Socioambiental de Direito, que estabelece o esverdeamento constitucional 
pela inserção da variável ecológica em conjunto com os valores e conquistas das concepções liberais e 
sociais (SARLET; FENSTERSEIFER, 2017). O constitucionalismo socioambiental incorpora, diante do 
contexto atual, a dimensão ambiental, de garantia de proteção do meio ambiente sem desguarnecer o 
combate às desigualdades sociais, especialmente nos países do Sul Global. 
Quanto ao Estado de Direito Ambiental, que, em muitos pontos, se aproxima do modelo socioambiental, 
trata-se de uma construção teórica como 
“[...] aquele que faz da incolumidade do seu meio ambiente sua tarefa, critério e meta procedimental de suas 
decisões, o que não exclui, por óbvio, o âmbito social” (LEITE; SILVEIRA: BETTEGA; 2017, p. 68). 
O Estado de Direito Ambiental é a firme inserção do meio ambiente nos textos e discussões constitucionais. 
Ele está aprumado para a proteção do meio ambiente reciprocamente como um direito fundamental e como 
um dever estatal, norteador das políticas públicas. O dever estatal é cumprido por meio de uma atuação 
positiva e negativa. A atuação positiva ocorre mediante políticas públicas para a proteção e melhoria da 
qualidade ambiental; a negativa, pela ausência de interferências deletérias no meio ambiente. 
O Estado de Direito Ambiental reconhece a importância dos sistemas ecológicos, considerando os 
componentes naturais sujeitos à proteção jurídica intrínseca, isto é, com tutela independente das valorações 
humanas. Temos, ademais, a compreensão de uma ética biocêntrica, que, a propósito, é a fundamentação 
para a proteção aos direitos dos animais. 
Por fim, o Estado de Direito Ecológico, teorizado mais recente, por vezes é tido como sinônimo de Estado 
de Direito Ambiental. Uma primeira proposição para o Estado de Direito Ecológico é que se trata de uma 
ampliação da interpretação ética, por meio do qual é possível o reconhecimento dos direitos da natureza e, 
portanto, a possibilidade de uma tutela jurídica em sentido amplo. O Estado de Direito Ecológico dialoga 
com as tradições do Sul Global, como as cosmovisões do bem-viver, pachamama, sumak kaysay e outras. 
Essas são a compreensão dos povos originários sobre as suas relações com a natureza, em um paradigma de 
interdependência, segundo o qual homem e natureza não estão separados. O Estado de Direito Ecológico é 
uma construção teórica que, diante das complexidades suscitadas pelas questões ambientais no mundo 
contemporâneo, converge para uma finalidade de salvaguarda da vida e da natureza. 
Uma outra formulação do Estado de Direito Ecológico sustenta a justificativa da proteção ambiental ligada 
aos desafios do Antropoceno. Com o avanço do conhecimento científico sobre os complexos processos do 
sistema planetário, incluindo os impactos da influência humana nele, é exigido, como expõe Aragão (2017), 
um arcabouço de proteção mais rigoroso, porque há uma obrigação geral, para todos os atores e em todas as 
escalas, de não ultrapassarmos os limites biofísicos do planeta. O Estado de Direito Ecológico, portanto, 
atua em benefício de um espaço operacional seguro para a vida planetária. 
É preciso atentar, por fim, ao fato que não há um modelo único para as denominações Estado 
Socioambiental, Estado de Direito Ambiental e Estado Ecológico de Direito. Por isso, optamos por usar a 
expressão Estado Ecológico de Direito, por conjugar os aspectos de todas as concepções. 
 
Princípios estruturantes do estado de direito 
ecológico 
 
É possível falar na existência de um Estado de Direito Ambiental ou mesmo de um Estado de Direito 
Ecológico no Brasil? Entendemos que sim, porque a proteção da dignidade humana e dos processos 
ecológicos essenciais estão previstos na Constituição de 1988. 
O art. 225 da Constituição de 1988 traz como norma-matriz o direito fundamental ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. Esse direito deve ser entendido como um meio ambiente não poluído, saudável, 
com salubridade. A sadia qualidade de vida só é realizável com o meio ambiente ecologicamente 
equilibrado. A propósito, a Constituição de 1988 
“[...] associou o meio ambiente ecologicamente equilibrado ao direito à vida, em especial à sadia qualidade 
de vida, em direcionamento voltado para o princípio estruturante do texto constitucional: a dignidade da 
pessoa humana” (MELO, 2017, p. 45, grifo do autor). 
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental de terceira dimensão, 
diretamente relacionado ao cumprimento dos demais direitos fundamentais. Nesse sentido, 
[....] a efetivação dos direitos civis e políticos (direitos de primeira dimensão) e dos direitos econômicos, 
sociais e culturais (direitos de segunda dimensão) só é possível com um meio ambiente ecologicamente 
equilibrado. Afinal, como é possível garantir o direito à vida, à saúde ou ao trabalho em um ambiente 
poluído? O meio ambiente ecologicamente equilibrado reveste-se como indeclinável para a efetivação das 
demais dimensões de direitos humanos. (MELO, 2017, p. 45) 
Portanto, sem um meio ambiente ecologicamente equilibrado não há a dimensão ecológica da dignidade da 
pessoa humana. Por essa razão, a Constituição de 1988 estabelece um conjunto de deveres para o poder 
público, expressos no § 1º do art. 225. 
Um deles é a obrigação de 
“preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e 
ecossistemas” (BRASIL, 1988). 
Os processos ecológicos essenciais são os fiadores da vida. Por meio deles, temos a proteção da 
biodiversidade, incluindo a variabilidade genética de espécies e de ecossistemas. No caso da humanidade, 
esses processos ecológicos são os garantidores da produção de alimentos, da saúde e das condições 
climáticas de habitabilidade terrestre. Nota-se, assim, que processos ecológicos essenciais assumem a 
salvaguarda tanto da vida humana quanto da biodiversidade e da natureza. 
É importante destacar outras obrigações constitucionais de proteção ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, tais como (i)preservar a integridade e a diversidade do patrimônio genético e (ii) definir 
espaços territoriais especialmente protegidos (BRASIL, 1988). A preservação do patrimônio genético, 
entendido como a informação de origem genética de espécies vegetais, animais ou microbianas, é o dever de 
proteção à biodiversidade. No que se refere aos espaços protegidos, trata-se da instituição de unidades de 
conservação, que são áreas com características naturais relevantes, legalmente instituídas pelo poder público 
para fins de preservação ou conservação ambiental. 
Com essas observações, constata-se a dupla dimensão protetiva, a partir da norma-matriz, do meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, tanto em relação à dignidade da pessoa humana quanto em relação aos 
processos ecológicos essenciais. Em uma ou outra perspectiva, as nomenclaturas ambiental ou ecológica 
estão presentes no texto constitucional. Em síntese, a Constituição de 1988 permite, como decorrência das 
adversidades do Antropoceno, o alargamento conceitual-teórico para a salvaguarda ecológica. 
 
A aplicação do paradigma ecológico 
 
Quais são os compromissos do Estado Ecológico de Direito? Quais as matrizes éticas para essa abordagem 
estatal? 
Em primeiro lugar, a diferença do Estado tradicional e do Estado de Direito Ecológico está na força jurídica 
das obrigações impostas para a proteção do meio ambiente (ARAGÃO, 2017). 
No Estado tradicional, o direito ambiental assenta-se na obrigação de evitar os danos ambientais e, 
conjuntamente, melhorar a qualidade ambiental, tudo baseado em “esforços” (ARAGÃO, 2017). Trata-se de 
um direito ambiental que, basicamente, fixa restrições para os empreendimentos na gestão dos recursos 
naturais (WINTER, 2017). 
No Estado Ecológico de Direito, por sua vez, o objetivo é alcançar resultados na proteção ambiental; ou seja, 
diante do cenário atual, em que temos conhecimento sobre as consequências dos impactos humanos no 
planeta, não podemos nos contentar com meros "esforços"; é hora de adotar medidas e políticas públicas 
efetivas para o enfrentamento das emergências do Antropoceno (ARAGÃO, 2017). 
Nesse sentido, 
[...] não é suficiente aplicar estas medidas ambientais se, ao mesmo tempo, não houver um acompanhamento 
permanente para saber se os efeitos das medidas correspondem ao que é necessário para alcançar os fins, ou 
se é necessário adotar novas e reforçadas medidas de proteção ou recuperação ambiental. (ARAGÃO, 2017, 
p. 33) 
É preciso respeitar o espaço operacional seguro, de forma que as interferências econômicas no ambiente não 
acentuem o desequilíbrio dos sistemas de sustentação planetária. Afinal, se conhecemos os limites, não é 
aceitável que atividades dissonantes sejam franqueadas. 
Por isso, há a necessidade de redimensionar o princípio da precaução, pois ele é decisivo nas avaliações e 
monitoramentos ambientais. Esse princípio tem como objeto o controle da incerteza científica e do perigo in 
abstrato, entendidos como a ausência de pesquisas e informações sobre a potencialidade lesiva ou não de 
uma determinada atividade para o meio ambiente e a saúde humana. Além desses aspectos, redimensionar o 
princípio da precaução implica inserir a variável social de modo que as avaliações sobre as atividades e 
empreendimento considerem os impactos e consequências sociais para as comunidades. Deve-se observar 
que essas intervenções não ocasionem situações de vulnerabilidades ou desigualdades socioambientais. 
No cerne do Estado de Direito Ecológico, está a superação de uma compreensão ética assentada no 
antropocentrismo utilitarista, da humanidade como o centro de todas as relações jurídicas. A dimensão da 
dignidade ecológica impõe a aceitação da matriz biocêntrica que, não obstante as diversas correntes de 
interpretação, manifesta-se por meio da proteção da biodiversidade e dos animais, considerados como 
valores intrínsecos. 
A propósito, o conceito de meio ambiente na legislação brasileira, previsto na Lei da Política Nacional do 
Meio Ambiente, é de matriz biocêntrica. Nesse sentido, o art. 3º, I, da Lei nº 6.938/1981, compreende por: 
“meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, 
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981). 
Nota-se que a proteção ambiental é para todas as formas de vida, não somente a humana. A ética biocêntrica 
é exemplificada em julgados do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiram práticas consideradas 
cruéis contra os animais não humanos, como no caso das rinhas de galo, da farra do boi e da vaquejada 
(MELO, 2017). 
Por fim, tratemos do reconhecimento dos direitos da natureza, em uma visão ecocêntrica. Essa matriz não é 
contemplada pelo direito e pelos julgados dos tribunais superiores brasileiros. Na América Latina, todavia, 
temos exemplos da matriz ecocêntrica nas Constituições do Equador e da Bolívia. No âmbito do Poder 
Judiciário, um dos casos paradigmáticos é uma sentença da Corte Constitucional da Colômbia, que, ao 
decidir sobre a proteção e conservação do Rio Atrato, o qual corta aquele país, o reconheceu como sujeito de 
direitos. O Tribunal Constitucional do Equador, por sua vez, em decisão de novembro de 2021, afirmou que: 
“Os direitos da natureza protegem os ecossistemas e processos naturais por seu valor intrínseco, 
complementando o direito humano a um meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado” 
(ECUADOR, 2021, p. 77, tradução nossa). 
Nota-se, assim, que a natureza como sujeito de direitos é uma dimensão que está em processo de aceitação 
nesses países, em um paradigma que poderá ser albergado por outros sistemas jurídicos. 
 
Esse vídeo tem como conteúdo as novas conformações estatais para enfrentar os desafios ecológicos. Para 
tanto, estudaremos os elementos estruturantes do Estado Ecológico de Direito, que tem o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado com um direito fundamental de terceira dimensão, que impõem deveres para a 
consecução da dimensão ecológica da dignidade e da proteção aos processos ecológicos essenciais. 
Além disso, estudaremos as dimensões éticas e sua interface com a proteção ambiental, incluindo a 
configuração no universo jurídico brasileiro. 
Vamos juntos? 
 
A configuração do Estado de Direito Ecológico é objeto de estudos por teóricos e pesquisadores. Uma 
entidade acadêmica que aprofunda as discussões sobre a temática é o Instituto O Direito por um Planeta 
Verde, que disponibilizou em seu site na internet uma obra coletiva sobre o Estado de Direito Ecológico, a 
saber: Planeta Verde. 
Procure baixá-la e acompanhar as principais discussões sobre o Estado Ecológico. Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.planetaverde.org/arquivos/biblioteca/arquivo_20221108171214_8395.pdf
Introdução 
 
Estudante, é uma alegria tê-lo conosco em um novo encontro, em que discutiremos a educação ambiental. 
Falar em educação ambiental é discutir os valores, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências para 
o exercício de uma cidadania voltada para a sustentabilidade. É por meio dela que tomamos consciência e 
refletimos sobre a importância da proteção do meio ambiente em nosso cotidiano. 
A educação ambiental é um dever não somente do poder público e das instituições de ensino, mas 
igualmente de empresas, entidades de classe, organizações privadas, órgãos de imprensa e da sociedade 
como um todo. 
Portanto, conhecer os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental poderá auxiliá-lo 
na sua atividade profissional, de forma a contribuir na formulação de projetos e iniciativas para a 
sustentabilidade. 
Vamos juntos no estudo dessa instigante temática! 
 
O conceito de educação ambiental 
 
O que é educação ambiental? Quais os princípios e objetivos da educação ambiental no Brasil? E de que 
maneira a educação ambiental poderá auxiliar na construção de uma sociedadesustentável? 
Na primeira conferência das Nações Unidas para o meio ambiente, em Estocolmo, 1972, a educação 
ambiental passou a ser uma temática central nas proposições ecológicas, ao envolver não apenas as escolas, 
mas os meios de comunicação, as empresas e toda a sociedade. Nesse sentido, a Declaração de Estocolmo 
sobre o Meio Ambiente Humano destacou em seu princípio 19 que: 
É indispensável um esforço para a educação em questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como 
aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as 
bases de uma opinião pública bem-informada, e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das 
coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio 
ambiente em toda sua dimensão humana. É igualmente essencial que os meios de comunicação de massas 
evitem contribuir para a deterioração do meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informação de 
caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo, a fim de que o homem possa desenvolver-
se em todos os aspectos. (ONU, 1972, p. 5) 
A Constituição de 1988, por sua vez, estabelece no art. 225, § 1º, VI, como dever do poder público “[...] 
promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação 
do meio ambiente” (BRASIL, 1988). Esse dever foi regulamentado pela Lei nº 9.795/1999, que instituiu a 
Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), inserindo a educação ambiental como componente 
essencial e permanente da educação nacional, e disciplinando os seus princípios, objetivos e 
responsabilidades para todos os atores públicos e privados. 
Para a PNEA, a educação ambiental é entendida como “[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a 
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a 
conservação do meio ambiente [...]” (BRASIL, 1999). Ademais, a PNEA, ao teor da Constituição de 1988, 
reconhece o meio ambiente como “[...] bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e 
sua sustentabilidade” (BRASIL, 1999). 
A educação ambiental “[...] é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar 
presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e 
não-formal” (BRASIL, 1999). Entende-se por educação formal aquela que ocorre nos sistemas oficiais de 
ensino, desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições públicas e privadas. A PNEA estabelece que 
a educação ambiental deve ser considerada como “[...] uma prática educativa integrada, contínua e 
permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal” (BRASIL, 1999). Já a educação ambiental 
não formal são “[...] as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as 
questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente” (BRASIL, 
1999). As práticas e vivências em ambientes como comunidades e entidades em geral são exemplos de 
iniciativas da educação não formal. 
O documento com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, aprovado pelo Conselho 
Nacional de Educação em 2012, estabelece que: 
[...] A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que deve 
imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e com os outros 
seres humanos, visando potencializar essa atividade humana com a finalidade de torná-la plena de prática 
social e de ética ambiental. (MEC, 2012, p. 2) 
Por meio da educação ambiental, é possível uma formação crítica e dialógica sobre o contexto, as 
complexidades e as exigências estabelecidas pelas questões ecológicas à sociedade contemporânea. 
Ademais, a educação ambiental permite o conhecimento dos mecanismos e instrumentos para o exercício de 
uma cidadania ecológica ativa. 
 
As abordagens sobre a educação ambiental 
 
A implementação dos planos, programas e projetos de educação ambiental são orientados por oito 
princípios, estabelecidos no artigo 4º da PNEA (BRASIL, 1999). 
O primeiro princípio é o “enfoque humanista, holístico, democrático e participativo” (BRASIL, 1999). Ao 
contrário de uma leitura reducionista, fragmentada e de mero repasse de informações, esse princípio 
pressupõe uma perspectiva dialógica para a educação ambiental, por meio da problematização das causas e 
efeitos das temáticas ecológicas, com o chamamento à participação comunitária a partir de pressupostos 
democráticos. 
O segundo princípio é “a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência 
entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade” (BRASIL, 1999). 
Esse princípio refuta concepções estanques e supostamente independentes dos elementos que compõem o 
meio ambiente. Ao reverso, reconhece o meio ambiente como totalidade, com suas dimensões interligadas, 
em uma relação de interdependência; o meio ambiente é uno e indivisível. 
O terceiro princípio é “o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e 
transdisciplinaridade” (BRASIL, 1999). Não há uma única perspectiva pedagógica, mas olhares e 
possibilidades múltiplas na abordagem sobre o meio ambiente, que devem ser contempladas e conjugadas 
nas práticas educacionais. Por perspectiva multidisciplinar, temos o reconhecimento de que as questões 
ambientais envolvem saberes disciplinares distintos; por interdisciplinar, temos a interação e reciprocidade 
entre os princípios desses saberes disciplinares; por perspectiva transdisciplinar, a compreensão de que os 
conhecimentos disciplinares fazem parte de um mesmo “sistema” complexo e integrado. 
O quarto princípio, é “a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais” (BRASIL, 
1999); isto é, não há desvinculação entre essas práticas e valores e a proteção ao meio ambiente. 
O quinto princípio é “a garantia de continuidade e permanência do processo educativo” (BRASIL, 
1999). A educação ambiental não se resume a ações datadas ou transitórias e, conforme o sexto 
princípio, inclui a “permanente avaliação crítica do processo educativo” (BRASIL, 1999). Trata-se de 
reconhecer a educação ambiental como um contínuo de avaliações e reavaliações, de críticas e autocríticas, 
diante das dinâmicas e transformações ecológicas em curso. 
O sétimo princípio é “a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais” 
(BRASIL, 1999). As demandas ambientais estão em múltiplas escalas, do global ao local. Só podemos ser 
globais com as ações locais. Os programas e projetos de educação ambiental devem contemplar essas 
múltiplas escalas, sem perder, todavia, o contexto e os desafios do chão da vida, isto é, a escala da 
proximidade. 
Por fim, o oitavo princípio é o “reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e 
cultural” (BRASIL, 1999). É preciso levar em conta a pluralidade e a diversidade cultural de um país como 
o Brasil, com os saberes e conhecimentos dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Para 
tanto, faz-se necessária uma ecologia dos saberes, em que o conhecimento científico dialoga com as práticas 
populares, em uma abertura para as tradições e vivências dos povos originários, das comunidades 
tradicionais, das periferias e dos rincões do Brasil. 
A partir desses princípios, temos os objetivos fundamentais da educação ambiental no Brasil, previsto nos 
art. 5º da PNEA (BRASIL, 1999). Destacaremos três deles, que reputamos necessários para a compreensão 
da educação ambiental. 
O primeiro objetivo, “o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática 
ambiental e social” (BRASIL, 1999), é o compromisso da educação ambiental como um elemento críticopara a conscientização e a mobilização em face dos impasses contemporâneos. Sem contextualizar as 
estruturas que estão no cerne e que engendram a problemática ambiental, a educação ambiental perde a 
possibilidade de fomentar um sujeito e uma sociedade comprometidos com o exercício dos direitos 
socioambientais. 
O segundo objetivo é “o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na 
preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor 
inseparável do exercício da cidadania” (BRASIL, 1999). A proteção ambiental não se circunscreve a 
ativismos, com propagandas e discursos por mais e mais direitos. Ela requer ações políticas no encontro com 
a realidade, em uma cidadania contra a apatia e a passividade, de compromisso com a solidariedade entre as 
presentes e futuras gerações. 
O terceiro objetivo, por fim, é “o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e 
macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos 
princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e 
sustentabilidade” (art. 5º, V). Esse objetivo reúne os valores fundamentais de uma sociedade ecológica e 
democrática, em conformidade com os objetivos constitucionais da República Federativa do Brasil, 
previstos no art. 3º da Constituição Federal (BRASIL, 1988). 
 
A aplicação das educação ambiental nos contextos 
sociais e corporativos 
 
O art. 3º da PNEA estabelece as incumbências para que o poder público, as instituições educativas, os 
órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente, os meios de comunicação em massa, as 
empresas, as instituições públicas e privadas e a sociedade como um todo possam implementar os processos 
de educação ambiental (BRASIL, 1999). Essa conjugação de atores é um demonstrativo de que a educação 
ambiental, como processo integrante da cidadania, é um compromisso da sociedade brasileira. 
Em primeiro plano, cabe ao poder público, consoante as políticas de educação e meio ambiente 
“[...] definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em 
todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio 
ambiente” (BRASIL, 1999). 
A condução dessas políticas é de responsabilidade dos Ministérios da Educação e do Meio Ambiente, que 
devem se articular na incorporação da dimensão ambiental tanto no ensino formal quanto na formação e 
capacitação de docentes em todos os níveis educacionais. 
Já às instituições educativas cabe 
“[...] promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem” 
(BRASIL, 1999). 
Pontua-se que a autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos, nas 
redes pública e privada, dependem do cumprimento das prescrições sobre a educação ambiental. 
Os órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) devem 
“[...] promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e 
melhoria do meio ambiente” (BRASIL, 1999). 
Os órgãos do Sisnama, como indutores e fiscalizadores da proteção ambiental no país, não podem prescindir 
da execução de programas e projetos de educação ambiental. Afinal, entidades como o IBAMA, o Instituto 
Chico Mendes e os órgãos ambientais e municipais podem tanto promover quanto fomentar as dinâmicas de 
educação ambiental em suas áreas de atuação. 
A PNEA, consciente da importância e do papel dos meios de comunicação de massa na sociedade, 
estabeleceu para eles a incumbência de 
“colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio 
ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação” (BRASIL, 1999). 
É preciso destacar que alguns desses meios de comunicação, como emissoras de televisão e de rádio, são 
concessões públicas e nada mais pertinente que contribuírem para a conscientização da sociedade sobre a 
necessidade de proteção e promoção dos valores ecológicos. 
Já às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, foi estabelecida a atribuição de 
“promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo 
sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente” 
(BRASIL, 1999). 
Esse dispositivo conjuga dois aspectos. Primeiro, que o conceito de meio ambiente contempla questões 
laborais, ou seja, a preocupação com a saúde e a segurança dos trabalhadores. Segundo a conscientização 
dos trabalhadores sobre os efeitos da atividade produtiva sobre o meio ambiente, de modo a refletir em 
práticas sustentáveis. 
Por fim, à sociedade como um todo, é necessário 
“manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação 
individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais” 
(BRASIL, 1999). 
É o reconhecimento de que a educação ambiental possui dimensões individual e coletiva, que se refletem na 
participação cidadã nos processos de decisão e no exercício das atividades, valores e atitudes 
compromissados com a promoção de uma sociedade sustentável. 
 
 
Nesse vídeo, estudaremos a educação ambiental como elemento indissociável para a construção de 
sociedades sustentáveis. Discutiremos o conceito, os princípios e os objetivos da Política Nacional de 
Educação Ambiental. 
Ademais, faremos uma abordagem das incumbências do poder público, das instituições educativas, dos 
órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente, dos meios de comunicação de massa, das 
empresas, das instituições públicas e privadas e da sociedade para a implementação dos processos de 
educação ambiental. 
Vamos juntos? 
Uma das formas de aprofundar o aprendizado sobre a educação ambiental está em conhecer e pesquisar no 
conjunto de publicações que o Ministério da Educação (MEC) disponibiliza em seu site na internet. Nele, 
temos as diretrizes para as políticas públicas e as orientações temáticas para a educação ambiental, como no 
caso do consumo, da mudança do clima e das transformações ecológicas. 
Bons estudos! 
 
Introdução 
 
Estudante, para pensar em alternativas para a construção de uma sociedade sustentável é fundamental 
discutir as relações de consumo. 
Se, por um lado, temos os benefícios proporcionados pela sociedade de consumo, por outro lado precisamos 
reconhecer os impactos sobre o meio ambiente, em especial a pressão sobre os recursos naturais e o descarte 
dos resíduos sólidos. 
É preciso refutar práticas econômicas prejudiciais, como é o caso da obsolescência planejada, que, de forma 
deliberada, reduz a durabilidade dos produtos como forma de estimular o consumo repetitivo. Por isso, a 
necessidade de estabelecer padrões de consumo sustentável e de aprofundar os instrumentos de gestão dos 
resíduos sólidos. 
Vamos juntos estudar as dinâmicas do consumo sustentável? 
 
http://portal.mec.gov.br/component/content/article/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/13639-educacao-ambiental-publicacoes
O conceito de consumo sustentável 
 
Somos uma sociedade de consumo. Trata-se de reconhecer que as relações de consumo constituem um 
elemento indissociável das expectativas da sociedade contemporânea. 
Com a modernidade, o crescimento econômico e o consumo foram os fiadores da superação dos níveis 
básicos de sobrevivência para uma parcela da população mundial, por meio do sistema de produção em 
massa. Porém, a partir da segunda metade do século XX a sua maximização nos trouxe aquilo que é 
chamado de sociedade consumista. O consumo deixou de ser uma condição importante para a melhoria da 
qualidade de vida e se transformou em um vetor para o hedonismo individual, deum consumo pelo 
consumo, em um mundo supostamente de abundância, sem preocupação com o descarte dos produtos e seus 
impactos. Tem-se, então, o consumismo, que é uma distorção do consumo (CRESPO, 2012). 
De forma mais grave, nas últimas décadas, o consumo assumiu contornos emocionais, com a aquisição de 
produtos e serviços para atender o prazer de possuí-los como significado de vida e reconhecimento social 
(CRESPO, 2012). Esse estágio é chamado de hiperconsumo, ou seja, a identificação do que somos e como 
vivemos é marcada pela satisfação de nossas pulsões e desejos por meio do consumo. No entanto, essa 
exacerbação não significou o aumento dos níveis de satisfação e felicidade pessoal. 
Os pressupostos do consumismo são uma ameaça para os predicados de sobrevivência global. Afinal, quanto 
mais consumo, mais produção e maior geração de resíduos sólidos. Nesse sentido, 
O problema da produção e do consumo realizados em bases não sustentáveis é simples de ser entendido: não 
podemos extrair mais recursos naturais do que a natureza é capaz de repor, quando se trata de recursos 
renováveis, e não podemos extrair indefinidamente recursos finitos, não renováveis. Também não podemos 
descartar mais resíduos do que a natureza é capaz de assimilar. (CRESPO, 2012, p. 81) 
É por esse cenário que devemos redefinir a dinâmica das relações de consumo, pois trata-se de fator 
indissociável para uma sociedade sustentável. Por isso, surgiram expressões como “consumo sustentável”, 
“consumo verde”, “consumo consciente” e outras. Optamos pela denominação consumo sustentável, por ser 
ampla e abarcar as demais, como o consumo verde, que confere ênfase ao papel do ato de compra do 
consumidor para as escolhas sustentáveis; e o consumo consciente, como aquele efetuado a partir de 
concepções éticas, a partir de definições como produção local, autossustentável e outras variantes. 
O consumo sustentável conjuga as obrigações de todos os atores da sociedade de consumo para com a 
sustentabilidade intergeracional. Isto é, adotar o consumo sustentável é respeitar a capacidade dos sistemas 
de sustentação da vida na terra e, por decorrência, garantir um mundo com disponibilidade de recursos 
naturais para as futuras gerações. Nessa perspectiva, a ênfase não está exclusivamente nas questões 
tecnológicas, mas também no desafio das mudanças dos valores socioambientais. Afinal, apesar da 
importância dos avanços tecnológicos, eles isoladamente não são suficientes para resolver os impasses da 
população, da poluição e do consumismo sem que determinações legais, econômicas e morais sejam 
estabelecidas para mudar a relação com a natureza (ODUM, 2001). 
Portanto, no paradigma do consumo sustentável, é estipulado um conjunto de obrigações para o poder 
público, o setor produtivo e os consumidores, como partícipes decisivos para as mudanças necessárias. Para 
o poder público, tem-se a exigência de normas de regulação e de incentivo para os processos de produção 
ecologicamente equilibrados. Para o setor empresarial, a adoção de processos de produção que respeitem a 
finitude dos recursos naturais, além de minimizarem o descarte dos produtos. Para o consumidor, o 
imperativo de mudança nos padrões de consumo, o que, é preciso reconhecer, não é uma tarefa das mais 
fáceis. 
Com esses apontamentos, podemos definir o consumo sustentável como os princípios, as políticas e as 
obrigações do poder público, do setor produtivo e dos consumidores para a definição de padrões de consumo 
compatíveis com a capacidade de suporte planetário e a garantia dos recursos naturais para as futuras 
gerações. 
 
Políticas para o consumo sustentável 
 
A legislação brasileira prevê políticas públicas com parâmetros para a produção e o consumo sustentáveis. 
Ambos estão correlacionados, isto é, a produção e o consumo são faces de uma mesma moeda. 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece os padrões sustentáveis de produção e consumo. 
Esses devem 
“[...] atender as necessidades das atuais gerações e permitir melhores condições de vida, sem comprometer a 
qualidade ambiental e o atendimento das necessidades das gerações futuras” (BRASIL, 2010). 
Portanto, produção e consumo são orientados para a sustentabilidade no diálogo ético entre as gerações. 
Contudo, algumas dinâmicas de mercado estão em dissonância com os pressupostos da sustentabilidade. 
Para exemplificar, uma prática sensível e altamente gravosa às exigências atuais: a obsolescência planejada. 
Trata-se de um conjunto de técnicas e procedimentos que, de forma artificial e deliberada, definem limites 
na durabilidade e/ou desejabilidade dos produtos, como forma de estimular o consumo repetitivo. Os 
produtos são feitos para serem trocados ou repostos após curto período de duração ou uso, antecipando de 
forma intencional a sua substituição, em um estímulo do consumo pelo consumo. Embora a obsolescência 
seja natural em qualquer produto, com a planejada temos uma estratégia de mercado perniciosa para que ela 
ocorra antes. 
Moraes (2015) menciona a existência de três modalidades de obsolescência: (i) de qualidade; (ii) de função 
ou funcional; e (iii) de desejabilidade ou psicológica. A obsolescência de qualidade é aquela em que o 
produtor, de forma deliberada, projeta o tempo de vida útil do produto, por meio de técnicas e materiais 
inferiores, com a redução da durabilidade (MORAES, 2015). A obsolescência de função ou funcional torna 
um produto obsoleto com o lançamento, no mercado, de outro ou do mesmo com ajustes e melhoramentos 
pontuais (MORAES, 2015). Por fim, há a obsolescência de desejabilidade ou psicológica, que consiste na 
estratégia de defasagem do produto em decorrência da aparência ou design, afetando o desejo por ele e, por 
consequência, colocando o consumidor em estado de ansiedade pela sua substituição (MORAES, 2015). 
A obsolescência planejada tem efeitos prejudiciais nas relações de consumo, quebrando a boa-fé objetiva, e 
danosos em matéria ambiental, especialmente no que se refere à geração de resíduos sólidos. 
Na primeira perspectiva, do direito do consumidor, o Superior Tribunal de Justiça possui julgado sobre os 
problemas da obsolescência, a saber: 
(...) independentemente de prazo contratual de garantia, a venda de um bem tido por durável com vida útil 
inferior àquela que legitimamente se esperava, além de configurar um defeito de adequação (art. 18 do 
CDC), evidencia uma quebra da boa-fé objetiva, que deve nortear as relações contratuais, sejam de 
consumo, sejam de direito comum. Constitui, em outras palavras, descumprimento do dever de informação e 
a não realização do próprio objeto do contrato, que era a compra de um bem cujo ciclo vital se esperava, de 
forma legítima e razoável, fosse mais longo. (BRASIL, 2012) 
 Na decisão, evidenciou-se a obsolescência em razão de qualidade, pois, ao se constatar duração inferior de 
produto com expectativa de vida útil maior, ocorreu um procedimento incompatível com as relações de 
consumo. Atualmente, por ausência de legislação sobre a obsolescência planejada no Brasil, o Código de 
Defesa do Consumidor é um importante instrumento para questionamento de práticas prejudiciais aos 
consumidores, impondo ação governamental no sentido de protegê-los, com a 
“[...] garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e 
desempenho" (BRASIL, 1990). 
Na segunda perspectiva, a de viés ambiental, temos que a obsolescência planejada é dissonante com as 
exigências ecológicas. O estímulo ao consumismo, por meio da substituição permanente de produtos, tem 
por correspondência a extração maior de recursos minerais e o aumento do consumo de energia, com 
impactos significativos sobre o meio ambiente, tanto na disponibilidade de recursos quanto na geração de 
resíduos sólidos, ou seja, de poluição por resíduos sólidos. 
 
A implementação de instrumentos para o consumosustentável 
 
A definição das responsabilidades e a implementação dos instrumentos da Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (PNRS) são fundamentais para a construção de uma sociedade sustentável. Com efeito, a 
PNRS estrutura-se na conjugação de obrigações para as diferentes esferas do poder público, o setor 
empresarial e os segmentos da sociedade para a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental 
(BRASIL, 2010). 
Em primeiro lugar, destaca-se o papel do poder público, por meio dos planos de resíduos sólidos, articulados 
em vários níveis, como o plano nacional, os planos estaduais, os planos intermunicipais, os planos 
municipais e outros. Esses planos são instrumentos de diagnóstico, análise e planejamento para as políticas 
públicas de produção e consumo a longo prazo. No caso do plano nacional e dos planos estaduais de 
resíduos sólidos, o prazo de duração é de vinte anos com atualização a cada quatro anos (BRASIL, 2010). O 
plano nacional de resíduos sólidos traz em seu conteúdo as metas de redução, reutilização, reciclagem, entre 
outras, com vistas a minimizar a quantidade de resíduos e rejeitos produzidos no país (BRASIL, 2010). Os 
planos, em síntese, são os norteadores da gestão integrada e do gerenciamento de resíduos sólidos no 
Brasil. 
Com os instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, temos o compromisso de todos os atores 
com os padrões sustentáveis de produção e consumo e, ademais, com as dinâmicas do fluxo de gestão dos 
resíduos sólidos, notadamente a responsabilidade pós-consumo. Nessa perspectiva, dois instrumentos se 
destacam: a logística reversa e a coleta seletiva. 
A logística reversa é um instrumento econômico e social destinado a 
“[....] viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial [...]” (BRASIL, 2010) 
após o uso pelo consumidor. Esses resíduos poderão ser usados para reaproveitamento nos ciclos produtivos 
ou para destinação final ambientalmente adequada. A logística reversa é uma obrigação imposta aos 
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos que causem riscos à saúde humana e ao 
meio ambiente (BRASIL, 2010). 
Pela Lei nº 12.305/2010, a logística reversa é obrigatória para os seguintes produtos: (i) agrotóxicos, seus 
resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso: 
(ii) pilhas e baterias; (iii) pneus; (iv) óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; (v) lâmpadas 
fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; e (vi) produtos eletroeletrônicos e seus 
componentes (BRASIL, 2010). Outros produtos podem ser inseridos, de acordo com os riscos para a saúde 
humana e o meio ambiente, como é o caso de embalagens plásticas, metálicas ou de vidro etc. Os 
consumidores, por sua vez, deverão efetuar a devolução dos produtos e das embalagens após o uso, no caso 
aos comerciantes ou distribuidores (BRASIL, 2010). 
Outro instrumento relevante é a coleta seletiva, que é a 
“coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou composição” (BRASIL, 
2010). 
O ente federativo responsável pela implementação da coleta seletiva é o Município. Ele implementa a coleta 
seletiva por intermédio do órgão titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos 
sólidos. A coleta seletiva impõe duas obrigações para os consumidores: (i) acondicionar adequadamente e de 
forma diferenciada os resíduos sólidos gerados; e (ii) disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos 
reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução (BRASIL, 2010). 
Além da PNRS, é pertinente destacar a questão das compras governamentais. A Lei nº 14.133/2021, que é o 
novo diploma legal para as licitações, tem o desenvolvimento nacional sustentável como princípio e um de 
seus objetivos (BRASIL, 2021). O poder de contratação dos entes federativos é determinante para que 
padrões ambientalmente sustentáveis de produtos e serviços sejam produzidos e alocados não só na 
administração pública, como reflexamente em toda a sociedade. 
Em conjunto com as obrigações e procedimentos legais, como nós, consumidores, podemos articular as 
dinâmicas de consumo em uma perspectiva cidadã? Trata-se de uma questão sensível, mas é preciso destacar 
que o consumo ultrapassa a esfera individual e se constitui em conduta com impactos coletivos. Enquanto 
consumidores, as escolhas que são feitas no presente são determinantes para as disponibilidades futuras. 
Nisso, o imperativo de se atentar à solidariedade intergeracional, com o compromisso de legar às gerações 
futuras recursos e condições para a sobrevivência e mesmo para tentar algo diferente do rumo até hoje 
traçado. Por isso, um estilo de vida sem excessos ou desperdícios no consumo é requisito para as 
transformações requeridas. Sem repensar as relações e distorções do consumo, não há como acreditar na 
possibilidade de uma sociedade sustentável. 
 
Nesse vídeo, estudaremos os impactos do consumo sobre o meio ambiente e a importância de 
implementarmos políticas e iniciativas para o consumo sustentável. 
Será abordado, igualmente, a prática econômica da obsolescência planejada, que consiste em produzir 
produtos e serviços com durabilidade e existência menores. 
Por fim, serão analisados os padrões de produção e consumo sustentáveis, com destaque para os 
instrumentos que lidam com a responsabilidade pós-consumo, como é o caso da logística reversa e da coleta 
seletiva. 
 
Saiba mais 
 
O Instituto Akatu é uma referência da sociedade civil na formulação de propostas e iniciativas para o 
consumo consciente. Essa entidade traz em seu site na internet projetos, iniciativas e orientações sobre o 
consumo sustentável em áreas como moda, resíduos sólidos, água, alimentos e outras. Vale a pena conhecer 
e pesquisar as diversas publicações do Instituto Akatu. Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
https://akatu.org.br/
Introdução 
 
Estudante, uma discussão instigante é sobre a capacidade de a economia conferir alternativas para as 
questões postas pelas emergências ecológica e climática. Será possível, de fato, um desenvolvimento 
sustentável diante das exigências de governos e sociedade pelo crescimento econômico contínuo? 
Essa é, sem dúvida, a questão dos nossos tempos! 
Para tanto, nesta aula, estudaremos as duas grandes proposições que pretendem conferir uma resposta. Em 
primeiro lugar, o desenvolvimento sustentável no contexto de uma economia verde, que é a leitura 
dominante nas instâncias internacionais. Em seguida, a tese do pós-desenvolvimento, segundo a qual a 
economia ecológica vai ofertar alternativas, como é o caso dos defensores de uma economia estável ou, 
ainda, de forma mais assertiva, uma economia em decrescimento. 
Em qualquer dessas perspectivas, temos o inevitável desafio de enfrentar uma mudança no rumo das 
questões econômicas para conferir respostas às alterações ecológica e climática. 
Tenho certeza de que você vai gostar desse conteúdo! 
 
Desenvolvimento e pós-desenvolvimento 
 
Com o término da Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento, um conceito que foi associado ao 
crescimento econômico, tornou-se o objetivo social da comunidade internacional. 
A mensuração do sucesso e do insucesso de um país está na capacidade de crescimento da sua economia. 
Para tanto, a essência do crescimento é expressa pelo aumento do produto interno bruto (PIB), que é a soma 
de todos os bens e serviços produzidos por uma nação ou região durante o período de um ano. Aumentar o 
PIB tornou-se uma prioridade para governos e sociedade. Esse indicador, contudo, é criticado por conferir 
ênfase ao crescimento econômico e não contemplar outras variáveis. 
Por isso, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) estabeleceu o Índice de 
Desenvolvimento Humano (IDH), conjugando, ao lado dos parâmetros econômicos, indicadores como 
educação e saúde. Paraexemplificar, o país com melhor IDH do mundo é a Suíça, ao passo que o Brasil 
ocupa a 87ª posição no ranking global, tendo como referência o ano de 2021. 
Em qualquer das métricas utilizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), a ideia de 
desenvolvimento é central, de tal forma que a ONU editou em 1986 a Declaração sobre o Direito ao 
Desenvolvimento, em que pretende inserir o desenvolvimento no rol dos direitos humanos. Nesse sentido, 
O direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável em virtude do qual todos os seres humanos e 
todos os povos têm o direito de participar, de contribuir e de gozar o desenvolvimento económico, social, 
cultural e político, no qual todos os direitos humanos e liberdades fundamentais se possam plenamente 
realizar. (ONU, 1986, p. 3) 
A compreensão sobre o desenvolvimento passou por uma série de interpretações, sendo que, a partir do 
Relatório Nosso Futuro Comum, de 1987, recebeu o adjetivo sustentável (ONU, 1991). Assim, atualmente 
falamos em desenvolvimento sustentável, cujo maior exemplo da abrangência propositiva é o conteúdo da 
Agenda 2030, de 2015, com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para o ano de 2030 (ONU, 
2015). 
Mas é preciso problematizar o desenvolvimento sustentável diante das emergências ecológica e climática, 
notadamente pelo acelerado esgotamento dos recursos naturais e o aumento da poluição. Nesse sentido, 
como repensar as questões da economia com o meio ambiente? É possível articular uma economia 
ecológica? Existem alternativas para o desenvolvimento sustentável? Essas são perguntas para a prospecção 
de novos debates. 
Em que pese a expressão "desenvolvimento sustentável" ser dominante nas instâncias de deliberação em 
nível internacional e nacional, nos últimos anos surgiram correntes que articulam novas leituras e 
compreensões para o enfrentamento das emergências contemporâneas. Entre elas, estão os defensores do 
que é denominado como pós-desenvolvimento, que reúne os críticos à ideia de desenvolvimento. 
Na corrente do pós-desenvolvimento, destaca-se a teoria do decrescimento, que, a partir da crítica ao 
crescimento econômico como objetivo social e de seus malogros para o meio ambiente, defende ser preciso 
parar imediatamente a velocidade e a intensidade do consumo global, sobretudo pelos países ricos. O 
conceito de decrescimento, segundo Latouche, tem 
“[...] como objeto marcar fortemente o abandono do objetivo do crescimento pelo crescimento [...]” 
(LATOUCHE, 2006, p. 13). 
Para os defensores do decrescimento, o crescimento é antieconômico e ecologicamente insustentável 
(DEMARIA; KALLIS; D’ALISA, 2016). É antieconômico porque os problemas causados são o aumento 
das desigualdades e das injustiças; é ecologicamente insustentável porque está exaurindo com os recursos 
naturais e aumentando significativamente a poluição no planeta. Em razão disso, o decrescimento vai propor 
uma abordagem não paliativa, consistente na redefinição das relações econômicas e sociais como forma de 
sustentação da vida planetária. 
 
Economia e sustentabilidade 
 
Tanto o desenvolvimento sustentável quanto o pós-desenvolvimento terão de ser analisados à luz dos 
modelos e possibilidades da economia, com destaque para a economia verde e a economia ecológica. Ambas 
são estratégias para adequar a economia à sustentabilidade. 
A partir de 2008, o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (Pnuma) começou a defender o 
fomento de uma economia verde, de modo que a sustentabilidade é inserida no centro da formulação das 
políticas econômicas. Essa ideia ganharia relevância com a Conferência Rio+20, realizada no Rio de 
Janeiro, em 2012. Conforme o Pnuma, a economia verde pode ser definida como 
“[...] uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo 
tempo em que reduz significativamente riscos ambientais e escassez ecológica” (PNUMA, 2011, p. 2). 
Esse modelo tem como objetivos uma economia de baixa emissão de carbono, de redução do uso dos 
recursos naturais e de inclusão social. Uma das aplicações dessa perspectiva é a substituição de energias 
fósseis por renováveis (energias limpas) e a redução da extração dos recursos naturais por meio da 
reciclagem contínua. 
Para os seus críticos, a economia verde não traz novidades quanto à escala ecológica, ou seja, de limitar o 
crescimento. Além disso, ela estrutura-se em dois pressupostos sensíveis: i) a mercantilização dos recursos 
naturais; ii) a crença na tecnologia como solução para os problemas das externalidades negativas, isto é, a 
poluição das atividades industriais. A mercantilização, que consiste em atribuir valores monetários a 
recursos como ar, águas, fauna e flora em busca de lucro, desconhece o valor intrínseco desses recursos e 
procura inseri-los nas lógicas de mercado. Da mesma forma, há uma aposta fundamental nas inovações 
tecnológicas ambientais para a superação dos problemas atuais, sem considerar as disparidades entre países 
ricos e os em desenvolvimento. 
Em síntese, nesse modelo o esverdeamento não altera a posição da economia em relação aos ciclos da vida: 
a natureza continua como acessória às determinantes do mercado e, portanto, não há alteração na crença de 
que o crescimento contínuo é possível. 
A economia ecológica, por sua vez, reconhece os processos econômicos e os ecológicos como sistemas 
interdependentes (LEFF, 2021) e que, por isso, há limites de crescimento para as atividades econômicas, 
notadamente pela finitude dos recursos naturais. A premissa é 
“[...] que existem limites biofísicos à expansão da economia, principalmente de uma economia global 
fortemente ancorada na extração de minerais e queima de combustíveis fósseis [...]” (CECHIN, 2018, p. 51). 
O sistema econômico atual, diante do uso acelerado dos recursos naturais, com a consequente escassez, está 
com os dias contados. De forma mais direta, não há como o planeta manter os padrões atuais de produção e 
consumo, assim como não possui capacidade de absorver o nível de poluição decorrente. 
A partir das constatações da economia ecológica, uma parcela de economistas propõe uma economia do 
“estado estacionário”, mais recentemente denominada como “economia estável”, em que 
“[...] a quantidade de recursos da natureza seria suficiente para apenas manter constantes o capital e a 
população” (CECHIN, 2018, p. 45). 
Por outras palavras, uma economia que não cresça acima do capital natural, da regeneração dos recursos e 
da absorção dos seus resíduos (LEFF, 2021). Essa proposta pressupõe que os estoques de bens 
manufaturados sejam duráveis e a degradação decorrente deles seja sempre em níveis mais baixos, de acordo 
com a recomposição dos sistemas (MORAES, 2015). Uma economia de “estado estável” se desenvolve, mas 
não cresce. 
Cechin (2018) propõe uma analogia para compreender uma economia de “estado estável”: a de uma 
biblioteca lotada. Para ele, 
Numa biblioteca lotada, a entrada de um novo livro deve exigir o descarte de outro de qualidade inferior. A 
biblioteca melhora sem aumentar de tamanho. Transposta para a sociedade, essa lógica significa obter 
desenvolvimento sem crescimento material: a escala da economia é mantida constante enquanto ocorrem 
melhorias qualitativas. (CECHIN, 2018, p. 45) 
Por fim, há a corrente do decrescimento, cuja premissa é uma inversão ao que temos, isto é, de que não há 
como manter os níveis de produção e consumo atuais, especialmente aqueles dos países do Norte Global. A 
teoria do decrescimento propõe uma mudança de paradigma, da passagem do desenvolvimento sustentável 
para a autossustentabilidade, o que implica em uma mudança de escala na produção, privilegiando as 
características e demandas locais. Assim, essa concepção 
“[...] pretende construir formas de produção e de vida social e ecologicamente sustentáveis, justas e 
solidárias” (ACOSTA, BRAND, 2018, p. 117). 
 
Alternativassistêmicas 
 
Os principais modelos discutidos, da dominante economia verde às prospectivas derivadas da economia 
ecológica, se quiserem ser implementadas em um processo de transição, terão que passar por uma série de 
políticas e ações que requerem a participação de todos os atores da escala global à local, incluindo 
organismos internacionais, Estados, comunidades e pessoas. 
Em qualquer perspectiva, é uma tarefa desafiadora, porque, de um lado, há a necessidade de se controlar a 
produção de bens e serviços em nível global, com os desafios ecológicos e climáticos cada dia mais 
evidentes; e, de outro lado, os riscos de um decrescimento com consequências imprevisíveis sobre os 
pressupostos da sociedade contemporânea. 
Em razão disso, articular-se-ão algumas medidas e iniciativas de transição tanto na perspectiva do 
desenvolvimento sustentável quanto do pós-desenvolvimento. Afinal 
“[...] a contradição entre crescer e decrescer não deve ser entendida como uma disjuntiva sobre a qual se 
deva optar tão somente por um dos lados” (VEIGA, 2012, p. 13). 
Uma pauta importante entre essas leituras é a proteção dos serviços ecossistêmicos, que são aqueles 
benefícios diretos e indiretos gerados pelos ecossistemas. São exemplos de serviços ecossistêmicos 
“[...] o solo fértil, a qualidade do ar, a qualidade da água, os produtos provenientes das funções 
ecossistêmicas, com os frutos, a madeira, as sementes, as plantas medicinais, os cultivos agrícolas, etc.” 
(JODAS, 2021, p. 138). 
Os serviços ecossistêmicos podem ser estimulados por meio dos serviços ambientais que, segundo a Lei nº 
14.119/2021, são as 
“atividades individuais ou coletivas que favorecem a manutenção, a recuperação ou a melhoria dos serviços 
ecossistêmicos” (BRASIL, 2021). 
Essas atividades, no Brasil, se dão por intermédio de uma transação voluntária, chamada de pagamento por 
serviços ambientais (PSA), 
“[...] mediante a qual um pagador de serviços ambientais transfere a um provedor desses serviços recursos 
financeiros ou outra forma de remuneração, nas condições acertadas [...]” (BRASIL, 2021). 
Assim, um pagador, que poderá ser o poder público, uma organização da sociedade civil (ONG) ou um 
agente privado, pessoa física ou jurídica, proverá o pagamento de serviços ambientais para uma pessoa física 
ou jurídica, ou a um grupo familiar ou comunitário que se comprometam a manter, recuperar ou melhorar as 
condições ambientais dos ecossistemas. De forma mais simples, um agricultor ou uma comunidade será 
responsável por prover serviços ambientais, de forma a garantir a melhoria dos ecossistemas, recebendo, 
ademais, recursos financeiros ou outra forma de remuneração. O PSA é um instrumento econômico que 
contribui para o reconhecimento de pessoas ou comunidades que adotam serviços ambientais que, em última 
análise, proporcionam benefícios ecológicos para todos. 
Sob a perspectiva do decrescimento, as proposições são mais assertivas. O mais importante teórico dessa 
corrente, o economista Nicholas Georgescu-Roegen (2012), defende um processo mais intenso de adequação 
das estruturas econômicas e sociais para atender as equações planetárias. Ele elenca oito pontos 
fundamentais para o decrescimento, que são estruturantes para a formulação de um programa bioeconômico 
mínimo. 
O primeiro ponto é o fim da guerra e da produção de armamentos (GEORGESCU-ROEGEN, 2012). Para o 
autor, deve ser interditada a estrutura da máquina bélica, com o fim da mortandade em massa e, doravante, 
será possível traçar os novos rumos da humanidade. 
O segundo ponto é que, com o bloqueio dos conflitos bélicos, a produção de bens poderá ser usada para que 
nações subdesenvolvidas cheguem a um nível mais rápido de condições dignas de vida, mas sem luxo 
(GEORGESCU-ROEGEN, 2012). 
O terceiro ponto é que 
“a humanidade deveria reduzir progressivamente a sua população até um nível em que uma agricultura 
orgânica bastasse para alimentá-la adequadamente” (GEORGESCU-ROEGEN, 2012, p. 133). 
O quarto ponto é o de evitar cuidadosamente todo desperdício de energia, enquanto o uso direto da energia 
solar não estiver totalmente implementado (GEORGESCU-ROEGEN, 2012). Compreende-se aqui a defesa 
do uso de energias limpas e renováveis. 
O quinto ponto é parar com a produção de “engenhocas extravagantes” ou “mamutes”, expressões que o 
autor usa para aqueles bens de utilidade duvidosa ou desnecessária, como é o caso de carrinhos de golfe e 
carros possantes (GEORGESCU-ROEGEN, 2012). 
O sexto ponto é abandonar a moda. Nas palavras do autor: 
“[...] é, de fato, um crime bioeconômico comprar um carro "novo" a cada ano e remodelar a casa a cada dois 
anos. Outros autores já afirmaram que as mercadorias deveriam ser fabricadas para durarem” 
(GEORGESCU-ROEGEN, 2012, p. 133). 
Ele vai consignar ainda que os próprios consumidores se eduquem, de forma a não levar em conta os 
excessos da moda (GEORGESCU-ROEGEN, 2012). 
O sétimo ponto, em conjunto com o anterior, aborda a necessidade de durabilidade das mercadorias em 
geral, devendo ser reparadas ao invés de descartadas. Aqui temos a proposição de um consumo sustentável, 
que privilegia o uso e o reaproveitamento em oposição à obsolescência e ao consumo pelo consumo. 
Por fim, o oitavo ponto, de que 
“[...] temos de nos acostumar com a ideia de que toda existência digna de ser vivida tem, como pré-requisito 
indispensável, um tempo de lazer suficiente, usado de maneira inteligente” (GEORGESCU-ROEGEN, 
2012, p. 134). 
Trata-se da defesa de uma vida saudável, em que o tempo livre seja um pré-requisito para uma vida plena. À 
guisa de conclusão, quanto mais cedo começar o decrescimento, maior será a sobrevida das atividades 
econômicas (CECHIN, 2018). 
 
Nesse vídeo, estudaremos uma das questões mais instigantes do nosso tempo: a relação da economia com os 
desafios do Antropoceno. Em um primeiro momento, faremos uma abordagem sobre o desenvolvimento 
sustentável no contexto da economia verde, que é a principal orientação para as políticas públicas globais. 
Em seguida, adentraremos nas teses de pós-desenvolvimento, como a economia ecológica, a economia 
estável e, em especial, a teoria do decrescimento. 
Para aprofundar as discussões sobre as alternativas frente aos desafios das emergências ecológica e 
climática, a sugestão é conhecer relatórios e artigos das principais alternativas. Com relação à economia 
verde, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente é responsável pelas principais publicações. 
Destacamos duas: o relatório Descobrindo Caminhos para uma Economia Verde e Inclusiva e o 
relatório Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação 
da Pobreza”. 
Já no que se refere à teoria do decrescimento, o site Ecodebate traz um conjunto de artigos e matérias sobre 
as possibilidades do decrescimento. Além disso, a Fundação Heinrich Böll disponibiliza gratuitamente o 
https://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/9838/uncovering_pathways_green_economy_PT.pdf?sequence=4&isAllowed=y
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2514705/mod_resource/content/1/economia_verde_pnuma.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2514705/mod_resource/content/1/economia_verde_pnuma.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2514705/mod_resource/content/1/economia_verde_pnuma.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2514705/mod_resource/content/1/economia_verde_pnuma.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2514705/mod_resource/content/1/economia_verde_pnuma.pdf
https://www.ecodebate.com.br/2020/08/19/o-que-e-o-decrescimento-e-por-que-pode-ser-a-unica-solucao-para-a-crise-pandemica-e-climatica/?cn-reloaded=1
livro “Decrescimento: o vocabulário para um novo mundo”, que traz um conjunto de possibilidades para o 
decrescimento. 
 
Governança para a sustentabilidade 
 
Os riscos sistêmicos das emergências ecológica e climática constituem a motivação para umperíodo de 
redefinições nas estruturas estatais e econômicas contemporâneas. Isso porque, no estágio atual de 
conhecimento científico sobre os sistemas de suporte da vida no planeta, não há como manter os padrões de 
crescimento e consumo. 
Em primeiro plano, o constitucionalismo e as exigências estatais devem ser reposicionados, incorporando a 
proteção e a promoção do meio ambiente. Uma nova conformação estatal exige um Estado Ecológico de 
Direito, que conjugue os ideários liberais e sociais com a dimensão ecológica da pessoa humana e os 
processos ecológicos essenciais. O meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental e 
um dever estatal. Na primeira perspectiva, é um direito fundamental de terceira dimensão, essencial à sadia 
qualidade de vida e a dignidade humana. Na segunda perspectiva, há deveres estatais, positivos e negativos, 
para a salvaguarda de um meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
Não há mais espaço para normas programáticas ou sem efetividade na proteção do ambiente, muito 
menos para a aceitação da irresponsabilidade na gestão dos processos ecológicos. O Estado tem um dever de 
se orientar pela precaução nas intervenções ambientais, diretas ou autorizadas, e pelos resultados da 
execução das políticas públicas. Ademais, o Estado Ecológico de Direito é uma viragem na dimensão ética, 
reconhecendo a concepção biocêntrica e os direitos da natureza. 
Para tanto, novas concepções ecológicas demandam a implementação do direito à educação ambiental como 
um vetor para que indivíduos e coletividade construam valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes 
e competências para a sustentabilidade. A educação ambiental conjuga a compreensão humanista, holística, 
democrática e participativa, de forma a estimular a consciência crítica sobre o contexto ambiental e social, 
estando diretamente ligada à participação social e ao exercício da cidadania. 
https://br.boell.org/sites/default/files/decrescimento_brazil.pdf
https://br.boell.org/sites/default/files/decrescimento_brazil.pdf
https://br.boell.org/sites/default/files/decrescimento_brazil.pdf
Outra dinâmica a ser reposicionada são as dinâmicas e impactos das relações de consumo. Se, em um 
primeiro momento, a sociedade de consumo proporcionou a melhoria da qualidade de vida, hoje ela se 
transformou numa sociedade de hiperconsumo, cuja distorção é o consumismo. Os níveis de produção e 
consumo são insustentáveis tanto no processo de uso dos recursos naturais quanto no de descarte dos 
resíduos sólidos. Por isso, exige-se hoje reciprocamente um consumo sustentável, com a tomada de 
consciência do consumidor, e a produção sustentável, evitando práticas como a obsolescência programada, 
que reduz a durabilidade e a vida útil de produtos. Ademais, há a responsabilidade de todos no ciclo de 
gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, por meio de instrumentos para a proteção da qualidade 
ambiental e da saúde humana. 
Por fim, no que tange às estruturas econômicas, a dimensão do crescimento econômico como objetivo social 
de governos e sociedade deverá ser repensada. Trata-se do reconhecimento de que não é possível manter as 
taxas de crescimento econômico atuais sem comprometer a vida no planeta. Diante disso, surgem as 
prospectivas, tanto reformistas, cujo o maior exemplo é o desenvolvimento sustentável por meio de uma 
economia verde, quanto aquelas mais assertivas, como a tese do pós-desenvolvimento, notadamente a 
corrente do decrescimento. 
 
Nesse vídeo, faremos uma abordagem sobre as principais perspectivas e alternativas para os desafios do 
Antropoceno. Em um primeiro momento, a proposição de uma nova conformação estatal: o Estado de 
Direito Ecológico. Trata-se de uma construção teórica para um Estado que dialogue efetivamente com as 
emergências ecológica e climática. Em seguida, uma discussão sobre a importância da educação ambiental. 
Falaremos também das questões de consumo em nível global. Por fim, uma leitura sobre as principais 
proposições entre economia e ambiente, com as teses do desenvolvimento e do pós-desenvolvimento. 
 
Estudo de caso 
 
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você, como especialista na resolução de demandas 
ambientais, foi contratado para elaborar um plano de ação com um conjunto de soluções para os desafios e 
problemas ecológicos do Município “X”, no Estado de Minas Gerais. 
Neste sentido, o Município em questão atravessa um ciclo de crescimento das atividades industriais. Por 
consequência, em paralelo com o retorno na geração do número de empregos e da arrecadação tributária, 
registrou-se um aumento demográfico significativo, com novos bairros e complexos residenciais, 
estimulando, ademais, o surgimento de pequenos empreendimentos, como comércios, restaurantes, bares e 
outros. Trata-se de um cenário desejável e positivo para o Município “X”. 
Contudo, como a expansão econômica e urbana ocorreu sem o devido planejamento territorial, o Município 
“X” está enfrentando uma série de problemas estruturais, em especial de natureza ambiental. 
Em primeiro lugar, tanto as atividades industriais quanto os empreendimentos do comércio são geradores 
significativos de resíduos sólidos, em quantidade e escala crescentes. Além disso, os moradores não têm 
observado parâmetros com relações aos resíduos sólidos residenciais, com lançamento nas encostas das vias 
terrestres e nos cursos d’água. Isso tem ocasionado enchentes no período das chuvas e questões de natureza 
epidemiológica, como o alastramento de pequenos animais roedores e insetos peçonhentos. 
Em segundo lugar, diante da ausência de uma política municipal para o gerenciamento dos resíduos sólidos, 
o Município “X” tem sido obrigado a fazer a coleta de resíduos sólidos sem a segregação adequada, sem 
diferenciar produtos orgânicos de inorgânicos. Esse fato tem causado problemas tanto no transporte quanto 
na recusa de recebimento dos resíduos na cidade vizinha, já que o Município “X” não possui aterro próprio. 
A recusa tem sido feita pelo aterro com a alegação que certos resíduos são passíveis de reciclagem e 
reaproveitamento. 
Diante desse cenário, o Município “X” precisa de um plano de ação, com orientações e procedimentos para 
enfrentar os problemas no gerenciamento dos resíduos sólidos. Ele deve contemplar, ademais, uma 
alternativa para os resíduos que podem ser reciclados. Por fim, o plano de ação deverá contemplar medidas 
para conscientizar a população do Município ‘X” sobre a destinação dos seus resíduos domiciliares. 
Reflita 
Procure refletir sobre a importância da ética e da transparência nas relações empresariais com o mercado e 
os consumidores finais. Note como procedimentos e práticas em sentido contrário causam desgastes e 
prejuízos a uma empresa, comprometendo a sua imagem e a sua credibilidade, além de gerar prejuízos de 
ordem financeira. 
 
Passamos agora para a análise dos principais instrumentos e procedimentos para a resolução do estudo de 
caso. 
Em primeiro lugar, é necessário contextualizar que o cerne do estudo de caso se encontra na sistemática da 
Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010). 
Considerando o reconhecimento que a dinâmica de expansão do Município “X” ocorreu sem a observância 
do planejamento territorial, antes de adentrar nas questões relacionadas, uma orientação fundamental está na 
necessidade de elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, previsto nos artigos 
18 e 19 da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010). A propósito, em qualquer análise 
ou parecer sobre temáticas setoriais, em qualquer âmbito, federal, estadual ou municipal, é recomendável 
que se verifique a existência de políticas públicas correspondentes. 
Nesse sentido, por meio do plano municipal teremos o diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados 
no Município; os procedimentosoperacionais e especificações mínimas para os serviços públicos; a 
definição dos instrumentos aplicáveis, como é o caso da coleta seletiva; dentre outros aspectos. Portanto, 
toda a dinâmica da gestão e do gerenciamento de resíduos sólidos do Município em questão passará pelo 
plano municipal. 
No que se refere ao lançamento de resíduos sólidos domiciliares pelos moradores, o plano municipal de 
gerenciamento poderá estabelecer a instituição da coleta seletiva. Por meio desse instrumento, os moradores 
deverão acondicionar de forma adequada e diferenciada os resíduos sólidos gerados e, ademais, 
disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução 
(BRASIL, 2010). Mas a coleta seletiva demanda um processo de informação e orientação da população. Por 
isso, torna-se interessante e desejável programas de educação ambiental, que poderão ser implantados nas 
escolas sob responsabilidade do Município e nas empresas, por meio de parcerias. 
Os meios de comunicação do Município “X” poderão desempenhar um papel fundamental para a educação 
ambiental. Ressalta-se que a própria Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos relaciona a sua articulação 
com a educação ambiental (BRASIL, 2010). Em conjunto com esses aspectos, o Município pode fomentar a 
coleta seletiva por meio de incentivos econômicos aos consumidores, mediante a aprovação de lei 
municipal, ao teor do art. 35 da Lei nº 12.305 (BRASIL, 2010). 
A questão da coleta seletiva tem reflexos imediatos em outro aspecto do estudo de caso: a segregação e a 
destinação dos resíduos sólidos. Afinal, por meio da segregação, ficará mais fácil o Município “X” 
identificar os resíduos passíveis de transporte para o aterro na cidade vizinha. 
Um outro instrumento da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos que pode contribuir para que o 
Município “X” reduza os resíduos é a instituição da logística reversa. Assim, todos os fabricantes, 
importadores, distribuidores e comerciantes de produtos como agrotóxicos, embalagens perigosas, pneus, 
pilhas, baterias, produtos eletroeletrônicos e outros deverão, após a entrega desses produtos pelo 
consumidor, conferir a destinação final ambientalmente adequada, fomentando a reciclagem, de forma a 
minimizar a geração de resíduos sólidos. A logística reversa traz às empresas e a outros setores econômicos 
do Município “X” a responsabilidade pós-consumo. 
Com esse conjunto de medidas, por meio da adoção de uma política municipal de gerenciamento de resíduos 
sólidos que contemple a coleta seletiva, a logística reversa e a educação ambiental, o Município “X” poderá 
reduzir os problemas ambientais.

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