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UniAGES Centro Universitário Curso de Bacharelado em Direito Pessoas, Relações Familiares e Sucessórias GEISA DOS SANTOS, JOHANEES PEREIRA SOUZA, JULIANA ALMEIDA LIMA DE CARVALHO, LAÍS FERREIRA DA SILVA, MARIA EDVIRGENS SAMPAIO DE CASTRO PARENTE DIVÓRCIO CONSENSUAL - RESPONSABILIDADES COM O FIM DA SOCIEDADE CONJUGAL. JACOBINA - BA 2021.2 DIVÓRCIO CONSENSUAL - RESPONSABILIDADES COM O FIM DA SOCIEDADE CONJUGAL. Geisa Dos Santos1 Johanees Pereira Souza2 Juliana Almeida Lima De Carvalho3 Laís Ferreira Da Silva4 Maria Edvirgens Sampaio De Castro Parente5 RESUMO: O presente artigo tem como objetivo as responsabilidades que surgem com o fim da sociedade conjugal no divórcio consensual, tomando como base artigos do Código Civil, e leis complementares, trazendo também qual é o posicionamento da doutrina, e ainda como são tratadas essas questões pelos tribunais, qual sendo o entendimento em relação ao próprio divórcio, aos alimentos, e aos bens das partes. Desmistificando a ideia da impossibilidade de separação após a emenda constitucional nº 66. Traz inicialmente um breve relato histórico sobre o casamento e o surgimento do divórcio, assim como é tratado na sociedade atual. Serão abordados de forma concisa temas como: base legal, cláusulas de existência. Ainda, será discorrido sobre a atuação do Ministério Público quando há interesse do incapaz, quando e porque é importante a interferência do poder público envolvendo filhos menores. Apresentam também os regimes de Bens, observando a qual a importância de cada modalidade no acordo entre as partes. Ainda como se dá a questão dos alimentos para os filhos, prezando sempre pelo que seja melhor para a sua subsistência, e a pensão alimentícia também para os que necessitem em uma relação, como o de um cônjuge a outro ou irmão a outro, apontando as conseqüências do não pagamento da pensão, no âmbito civil e penal. Observado também os benefícios da modalidade de divórcio consensual para os nubentes, para a celeridade do processo e para a desobstrução do sistema judiciário e o mínimo de sofrimento para os envolvidos. Concluindo com a observação dos artigos usualmente usados para as tratativas dessa modalidade de divórcio. Palavras-chave: Divórcio Consensual; Dissolução conjugal; Atuação do Ministério Público; 1- INTRODUÇÃO: O primeiro grupo social, formado pelo homem, foi à família, mesmo quando este não era caracterizado, com regras, contratos e separações, vêm como a afirmação da necessidade do homem precisar se agrupar e com isto, constituir família, com pais e filhos, mesmo enquanto eram nômades, já existiam, e após a estagnação desses grupos, por encontrar 5 Bacharelanda em Direito na Faculdade AGES de Jacobina. mescpp@gmail.com 4 Bacharelanda em Direito na Faculdade AGES de Jacobina. lais.ferreira1204@gmail.com 3 Bacharelanda em Direito na Faculdade AGES de Jacobina. julisemprelembrealmeida@gmail.com 2 Bacharelando em Direito na Faculdade AGES de Jacobina. johanees.j@gmail.com 1 Bacharelanda em Direito na Faculdade AGES de Jacobina. geisadosantos.cg@gmail.com lugares, propícios à sobrevivência, se ratificaram em pequenos grupos, chamados famílias, com o passar do tempo e a evolução da sociedade, foi se comprovando que a família é o primeiro grupo social, e o mais importante para a evolução, segundo a Sociologia. Com interesses econômicos e religiosos foram sendo criadas regras para estas famílias existirem. O homem formulou o casamento, que é a união entre duas pessoas, que com o passar dos tempos, não foi constituído somente por amor, mas, com interesses religiosos e econômicos, ele foi criado e reformulado, estabelecendo a comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres, a compreensão e a extensão de família são os que mais se alteraram no curso dos tempos. A sociedade que se transforma em urbanizada, em globalizada, que se tornam bem distantes das famílias anteriormente exemplificadas, e a monogamia desempenham um papel de impulso social em benefício da prole, ensejando o exercício do poder paterno, e tentando controlar a promiscuidade, que como a Antropologia afirma que existiu, pois os homens sempre buscavam relações com outras mulheres de outras tribos, e os historiadores afirmam que o casamento foi “criado” para a construção deste controle. Com isto a família vem reformulada para controle religioso e econômico e com o passar dos anos, através da Revolução Industrial, surge um novo tipo de família, que deixa de existir apenas esses interesses, mas, no interesse de instituir valores morais, afetivos, espirituais e de assistência de todos, para se ajudarem e não para serem controlados. Esta família, formada por pais e filhos, se alterou, mas, não muito, ela se difere das formas antigas nas suas finalidades, composição e papel de pais e mães. A escola e outras instituições entram nas responsabilidades com os pais, a educação vai caber ao Estado e as instituições privadas, a industrialização transformou drasticamente a composição da família, com todas essas mudanças, ela vêm também para restringir o número de nascimentos de filhos, em países desenvolvidos, a mulher também vai trabalhar e não só se subordinar, e no século XX, o papel da mulher se transforma profundamente, com fortes mudanças nas famílias, e com isto alcançamos os mesmos direitos do marido. A longevidade que também trouxe mudanças através do avanço da ciência, e das condições de vida, faz com que várias gerações da mesma família convivam umas com as outras, pais, filhos, avós, netos, bisnetos, e com isto faz também que aconteça os futuros problemas sociais e os conflitos, pelas pressões econômicas e ideológicas, com isto aumenta o número de divórcios, e coube a justiça acompanhar e legislar sobre isto, que se acentuaram no nosso país, após a metade do século XX, nos anos 70, as famílias foi se modificando, nos tipos de família, e também, a História do Direito das famílias, foi se aperfeiçoando a passos lentos, mas, se aperfeiçoando, para receber todas essas mudanças. Por isso, os institutos do casamento e do divórcio estão intimamente ligados, pois, neste momento não existe o conceito de inferioridade da mulher, que existia, a mulher apenas que era expulsa do lar conjugal, na legislação antiga, comparada na atualidade é observado que em maioria a tendência é legislar autonomamente a respeito da separação de corpos e do divórcio. O divórcio funda–se na idéia de que o cônjuge ou ambos tenha praticado um ou mais atos tidos como ilícitos, para o instituto casamento, assim definidos em lei, é por essa razão que a lei incentiva o divórcio por mútuo consentimento, que significa o divórcio por remédio, por isso foi conceituado o casamento como um contrato, mas, também, para resolver um conflito conjugal, que não encontra solução adequada e social, vem a seguridade do divórcio. O divórcio como um remédio, foi se desvencilhando nas legislações, foi executando o divórcio sem investigações, sobre culpados ou causadores de “sofrimentos”. A Lei número 6.515/77, que regulamentou o divórcio, revogou os artigos 315 a 328 do Código Civil de 1916, que cuidavam da dissolução do casamento, passando a denominar separação judicial ao instituto que o Código Civil rotulava como desquite. Essa lei estabeleceu outros princípios de Direito das Famílias, essa lei foi eliminada pelo vigente Código Civil em tudo que diz respeito direito à matéria e do divórcio, e persiste na natureza processual, o divórcio põe termo aos deveres conjugais recíprocos. No Artigo 1.571 do Código Civil, diz que a sociedade conjugal termina, pela morte, pela nulidade ou anulação do casamento, pela separação judicial e pelo divórcio. Até a introdução do divórcio em nossa sociedade, legislação, e a separação ou desquite era a única modalidade jurídica de rompimento do casamento, ficando os desquitados proibidos de consumirem novos casamentos, por isso é comprovado através de fatos históricos de que muitos iam se separar no exterior, em ato semqualquer repercussão jurídica em nosso país, buscando na verdade, uma justificativa social para uma nova união, que possuía o cunho de concubinato. O divórcio no Direito brasileiro tem seus tratados no planalto constitucional. A constituição de 1988 trouxe modificações ao instituto, no artigo 226, inciso 6. “O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos.” O Código Civil, como não poderia deixar de ser, absorveu a diretriz no artigo 1.580, e aferiu o que se torna possível o divórcio direto, sem necessidade de separação judicial anterior, com a comprovação da separação de fato por mais de dois anos, com isto o divórcio deixou de ser uma exceção no nosso sistema. A história do divórcio no Brasil traduz uma árdua e dolorosa batalha legislativa e social, decorrente de longa e histórica tradição antidivorcista, sustentada pela igreja, as várias tentativas de admissão do divórcio no Brasil sempre esbarravam na oposição da Igreja Católica e o fato da indissolubilidade do matrimônio pertencer à constituição, dificultando sua emenda, o senador Nelson Carneiro, que dedicou quase três décadas de mandato parlamentar para a introdução do divórcio em nossa legislação. A emenda número 9 , de 28/06/77, e da Lei número 6.515/77, que a regulamentou, o divórcio foi admitido de forma tranquila pela sociedade brasileira, as modalidades de divórcio, através da Lei 6.515/77 admitira ambas as modalidades, coexistindo a possibilidade de divórcio com a separação judicial ,essas modalidades são, divórcio judicial e extrajudicial, O divórcio judicial será obrigatório quando existirem filhos menores ou incapazes. E o divórcio judicial, por sua vez, poderá ser consensual ou litigioso, o divórcio extrajudicial ocorre em cartório de notas via Escritura Pública. Para essa modalidade, são requisitos indispensáveis a ausência de filhos e a consensualidade das partes, ou seja, o divórcio deve ser amigável. O mais importante do divórcio é a nova oportunidade através da legalidade, contrair novas relações e resolver todas as dissoluções dos contratos feitos através do casamento. 2 – DIVÓRCIO CONSENSUAL Dentre as modalidades de divórcio, uma das que mais se destacam é o divorcio consensual. Este é conhecido comumente pela dissolução amigável do casamento. Para que seja empregado, é necessário que exista a concordância das partes em todos os termos propostos para a dissolução. Sendo considerado um dos melhores meios de divórcio, pois o mesmo possui a capacidade de acordo, o divorcio consensual traz como uma das suas principais vantagens o baixo custo de seu processo, além de ser mais célere e menos estressante, podendo apenas um advogado representar as duas partes. Para tanto ela possui duas modalidades: a judicial realizada pelo juiz e a extrajudicial pelo cartório. Contudo para ser extrajudicialmente deve atender os critérios: ● Não possuir filhos menores ou incapazes, se possuir é preciso provar que já está havendo a discussão judicial; ● A mulher não deve está gestante; ● É necessário o consenso entre as partes sobre todos os termos; Assim, respeitando esses requisitos o divorcio pode ser realizado em cartório conseguindo a dissolução o prazo torna-se de 3 dias úteis enquanto no judicial o processo deve levar em torno de 3 meses. Ainda sendo necessário definir outros aspectos que envolvem a separação, sendo eles: 2.1- DA SEPARAÇÃO DE BENS; Regime da separação de bens pode ser convencional com origem em pacto antenupcial ou em contrato de convivência –, ou legal e obrigatório – nos casos do art. 1.641 da atual codificação. Sem prejuízo de todas as polêmicas antes demonstradas sobre o regime da separação obrigatória, cabe agora comentar as suas duas regras específicas quanto à separação convencional de bens, aquela que decorre da autonomia privada dos consortes. O primeiro dispositivo traz a regra básica quanto ao regime, ou seja, a de que não haverá a comunicação de qualquer bem, seja posterior ou anterior à celebração do casamento, cabendo a administração desses bens de forma exclusiva a cada um dos cônjuges. Justamente por isso, cada um dos cônjuges poderá alienar ou gravar com ônus real os seus bens mesmo sendo imóveis, nas hipóteses em que foi convencionada a separação de bens. Esse preceito confirma a tese de que somente na separação convencional há separação absoluta, sendo livre a disposição de bens, sem a necessidade de outorga conjugal (art. 1.647, caput, do CC) e art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real. A incomunicabilidade dos bens não afasta a obrigação alimentar, nesse regime da separação de bens é onde de forma mais saliente se vê a possibilidade de serem estipulados alimentos compensatórios, que tem por justificativa o princípio da solidariedade familiar e dispõem de nítido caráter indenizatório. Destinam-se exatamente a compensar o desequilíbrio econômico que a separação pode ensejar. Mas o casamento estabelece comunhão plena de vida (CC 1.511), os cônjuges tornam-se responsáveis pelos encargos de família (CC 1.565) e existem obrigações recíprocas, como a vida em comum no domicílio conjugal e a de mútua assistência. Assim não há como reconhecer a autonomia privada da vontade em termos absolutos, pois é descabido o enriquecimento de um dos cônjuges à custa do outro, por ser contrário à essência do casamento. Em fase disso, passou a jurisprudência a admitir a divisão do acervo adquirido durante o casamento em nome dos cônjuges, invocando súmula do STF que visa a evitar o enriquecimento sem causa de um par. O esforço comum sempre foi presumido, por decorrer da vida em comum e da solidariedade que deve unir o casal. Os maiores questionamentos sobre o regime de separação de bens situam-se no âmbito do direito sucessório. O consorte sobrevivente pode ser inventariante quando do falecimento do outro (CC 1.845), o viúvo faz jus à herança se não houver nem descendente e nem ascendentes. No que diz ao direito de concorrência, como somente é excluído no regime da separação obrigatória de bens, quando o regime é eleito por convenção, o sobrevivente faz jus à fração do acervo sucessório (CC 1.829). Negar a partilha dos bens adquiridos pelo esforço patrimonial de um dos cônjuges, mesmo no regime de separação convencional de bens, viola o mandamento superior, que protege o direito subjetivo em questão. Concluindo existem muitos argumentos jurídicos para sustentar a possibilidade de existência de uma sociedade de fato dentro do regime de separação convencional de bens. Exatamente nessa linha, outro julgado do Superior Tribunal de Justiça, ano de 2019, que reconhece a viabilidade de uma sociedade de fato dentro separação convencional desde que seja construída prova escrita nesse sentido. Como se retira de parte da ementa do RPSn: O regime jurídico da separação convencional de bens voluntariamente estabelecido pelo ex-casal é imutável, ressalvada manifestação expressa de ambos os cônjuges em sentido contrário ao pacto antenupcial. A prova escrita constitui requisito indispensável para configurações de fatos perante os sócios e entre si. 2.2- A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO PROCESSO DE DIVÓCIO CONSENSUAL QUANDO HÁ FILHOS MENORES O Ministério Público assume papel de destaque na ordem jurídica brasileira, assim designada pela Constituição Federal de 1988 como instituição essencial à função jurisdicional do Estado. No seu perfil constitucional, o Ministério Público tem a atribuição de defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis, conforme a norma constitucional do artigo 127, caput, da Constituição Federal de 1988. Associadamente ao perfil constitucional do Ministério Público que direciona a defesa do queé essencial no contexto social, as relações familiares atuais passam a encontrar base no afeto, pela evolução dos valores éticos da sociedade e pelo novo conceito de família trazido pela Constituição Federal de 1988. E a intervenção judicial no divórcio em que haja discussão de direitos indisponíveis, não fica imune a esse contexto. A afetividade é o móvel propulsor da constituição e manutenção da família. A partir disso, veda-se ao Estado intervir nas relações conjugais para evitar a sua dissolução. Não havendo mais o afeto, o ideal da comunhão de vida, aos cônjuges é facultada a dissolução do vínculo conjugal, como decorrência do direito potestativo e do direito de autodeterminação afetiva, sem que isso possa ser impedido pelo interesse do Estado de suposta preservação da moral e da ordem públicas e do patrimônio adquirido pelo grupo familiar, pois se trata de direito inerente à dignidade da pessoa humana. Quanto à ação de divórcio consensual, a intervenção do Ministério Público tem previsão legal no art. 731 e seguintes do Código de Processo Civil, que aponta que o procedimento a ser seguido será de jurisdição voluntária. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam interesse de incapaz como está previsto no art. 178, inciso II do Código de Processo Civil. Desta forma, é necessária a intervenção do Promotor de Justiça nos processos de separação e divórcio de casais com filhos menores de 18 anos, manifestando-se inclusive a respeito da guarda compartilhada ou unilateral, a visita e definição da pensão alimentícia. O Promotor de Justiça pode, também, propor investigação de paternidade. Restou previsto que nessas ações o Ministério Público somente intervirá quando houver interesse de incapaz, devendo ser ouvido previamente à homologação de acordo como está disposto no artigo 698 do Código de Processo Civil. Assim, na ação de divórcio, somente deve ocorrer à atuação interventiva quando se dirige à defesa de interesses individuais indisponíveis. Por fim, confirma-se, então, a hipótese de atuação do Ministério Público prevista no Texto Constitucional e a completa disponibilidade atual do divórcio. Não deve ocorrer a intervenção do mesmo sem que haja a presença, no debate do divórcio, de interesses de incapazes, estes, sim, indisponíveis. Apenas estes interesses ensejam a atividade protetiva ministerial, o que acontece em diversos feitos judiciais relativos ao divórcio, diante da presença de interesses de filhos incapazes dos cônjuges, geralmente crianças e adolescentes. 2.3- PENSÃO ALIMENTÍCIA “Pais separados continuam pais e mães separadas continuam mães para o resto da vida”. Com essa frase, o Promotor de Justiça Leonardo Henrique Marques Lehmann visa mostrar que com o divórcio consensual, o casal que possui filhos menores de idade precisa tratar dos direitos e deveres destes. Assim, é preciso decidir sobre os alimentos. A pensão alimentícia é um direito, previsto nos artigos 1.694 a 1.710 do Código Civil de 2002, que garante a parentes, cônjuges ou companheiros a possibilidade de pedir ao alimentando o auxílio financeiro para que tenham condição de se alimentar, se vestir, estudar, cuidar da própria saúde, enfim, de satisfazer as suas necessidades básicas O dever alimentar dos pais está expressamente previsto na Constituição Federal, em seu artigo 229 que demonstra que os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores. Além da relação de parentesco, é imperativo que haja necessidade do alimentando, conforme preconiza o art. 1.695 do Código Civil que são devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclama, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. Assim, uma vez constatado o grau de parentesco e a necessidade, reconhece-se o dever de prestar alimentos. Quando se fala em pensão alimentícia, o cenário mais comum é o de um filho menor de idade ou a pessoa responsável pela sua guarda pedindo ao ex-companheiro a pensão para ajudar nos gastos do menor. Entretanto, a possibilidade de entrar com um pedido de alimentos não está restrita às crianças e adolescentes, de acordo com o que estipula o artigo 1.694 do Código Civil supracitado. Ou seja, é possível que um filho peça pensão alimentícia para os pais; que os pais peçam pensão alimentícia para os filhos; que ex-cônjuges e companheiros peçam pensão alimentícia para seus antigos parceiros e até que um irmão peça pensão alimentícia para o outro. Porém, deve-se lembrar de que, para entrar com o pedido de pensão alimentícia, é necessário o beneficiário comprovar que necessita daquela renda para sobreviver e suprir as suas necessidades mais elementares, como a própria alimentação. O pedido de pensão alimentícia deve ser feito pelo requerente assistido por um advogado ou Defensor Público (nos casos onde o requerente é hipossuficiente financeiramente), que ajuíza uma ação de alimentos em face do alimentante. Caso a ação seja consensual, e ambas as partes cheguem a um acordo homologado por um juiz, o beneficiário terá um título executivo judicial que representa a obrigação alimentar, seus valores e métodos de pagamento previamente estabelecidos. Caso a ação se torne litigiosa, a disputa judicial ocorre normalmente, até que a sentença de mérito do juiz seja proferida, apresentando os valores, métodos de pagamentos e datas estabelecidas. Embora a pensão alimentícia ainda seja regida pelos artigos 1.694 a 1.710 do Código Civil e pela Lei nº 5.478/68, o Novo CPC (Lei nº 13.105/15) trouxe algumas mudanças para a área. Em primeiro lugar, nas situações onde a pensão alimentícia é executada fundada em título extrajudicial, o Novo CPC exige que: “Art. 911. […] o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo”. Além disso, o Novo CPC previu que o alimentante que não paga o que deve pode ter seu nome negativado. Também especificou que o devedor que é preso deve cumprir regime fechado, o que não era explícito anteriormente. A possibilidade de o alimentado pedir que a pensão seja descontada diretamente da folha de pagamento do alimentante também foi uma mudança que o Novo CPC trouxe, conforme o artigo 529 aponta: 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação alimentícia. Nas ações de alimentos, o Magistrado deve, desde logo, fixar os alimentos provisórios, nos termos do art. 4º da Lei 5.478/68: Art. 4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita. No caso de processos litigiosos, o advogado ou defensor público precisa sinalizar a necessidade de fixação de tal provisão legal, face à dificuldade financeira enfrentada pelo requerente do menor. Assim, visto que é de extrema necessidade a alimentação dos Requerentes, deve-se fixar imediatamente os alimentos provisórios, na exata proporção do binômio necessidade do alimentado e capacidade econômica do alimentando, nos termos do §1º do art. 1.694 do Código Civil de 2002. No diapasão, o Tribunal de Santa Catarina entendeu que há a necessidade de adequação do quantum alimentar. Vejamos: “A fixação dos alimentos provisórios deve atender ao binômio necessidade x possibilidade. Comprovado que o Alimentante possui elevado padrão de vida, com sinais exteriores de riqueza, a majoração do quantum alimentar é medida que se impõe, adequando-se o binômio necessidade/possibilidade, devidamente conjugadocom a proporcionalidade.” (TJ-SC – AG: 20140018323 SC 2014.001832-3 (Acórdão), Relator: João Batista Góes Ulysséa, Data de Julgamento: 12/11/2014, Segunda Câmara de Direito Civil Julgado). Nesse caso, a pensão alimentícia deverá atender as necessidades básicas do alimentado e as possibilidades do alimentante, conforme o seu padrão de vida. Importante ressaltar que não há uma fórmula específica para estipular o valor que será cobrado em uma ação de alimentos. No entanto, o cálculo da pensão alimentícia leva em consideração as variáveis “necessidade, possibilidade e proporcionalidade”. Leva-se em conta a necessidade financeira do requerente, ou seja, quanto dinheiro é necessário para que a pessoa consiga viver de acordo com os seus gastos; a possibilidade financeira do alimentante, quanto ele pode pagar; e a proporção de rendimentos entre os alimentantes (caso sejam pai e mãe pagando para o filho, por exemplo). Isso para que dividam as contas da forma mais igual possível, levando em consideração a possibilidade de ambos. Lembrando que o objetivo da pensão alimentícia não é de dar o suficiente para cobrir a subsistência do indivíduo requerente, mas sim possibilitar que essa pessoa mantenha o mesmo padrão de vida que tem. A pensão alimentícia não possui um prazo determinado de pagamento. O que se leva em consideração para determinar quanto tempo o requerente receberá a pensão é a sua necessidade financeira e a possibilidade da parte pagante continuar pagando. Para pensão alimentícia para filhos menores de idade, é comum que a pensão seja paga até a maioridade. Entretanto, a pensão pode ir mais longe, contando que seja provada a necessidade da mesma e a impossibilidade do requerente de ser financeiramente independente. A falta de independência financeira também vale para a pensão de alimentos para ex-companheiros e ex-cônjuges. É importante ressaltar que a pensão alimentícia, no geral, tem caráter temporário. Ela é necessária enquanto a pessoa necessita daquele dinheiro para viver e se organizar financeiramente para não depender mais do valor. Em casos onde a pessoa é incapaz de ser financeiramente independente, como em casos de doenças, deficiências ou idade, a pensão alimentícia pode ser vitalícia. 2.4- LEGISLAÇÃO E POSICIONAMENTO JURÍDICO ACERCA DO DIVÓRCIO CONSENSUAL; As tratativas do ordenamento jurídico brasileiro acerca do divórcio consensual foram acompanhando as mudanças da sociedade, até ter seu ápice na recente emenda constitucional nº 66 de 2010. Hoje temos a proteção em forma de lei nos ritos descritos no Novo Código de Processo Civil de 2015 nos artigo 731 e 732, onde determina o seguinte procedimento: Art. 731. A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os requisitos legais, poderá ser requerida em petição assinada por ambos os cônjuges, da qual constarão: I – as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns; II – as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges; III – o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e IV – o valor da contribuição para criar e educar os filhos. Parágrafo único. Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-se-á esta depois de homologado o divórcio, na forma estabelecida nos arts. 647 a 658 . Art. 732. As disposições relativas ao processo de homologação judicial de divórcio ou de separação consensuais aplicam-se, no que couber, ao processo de homologação da extinção consensual de união estável. (Artigo 731 e 732 da Lei nº 13.105 de 16 de Março de 2015) Assim também se encontra pacificado no artigo 40 da Lei 6.515/77, embora seja essa considerada letra morta seu caput por estabelecer prazo de carência, o qual fora revogado pela supracitada emenda constitucional nº 66, sendo esse (divórcio) considerado direito potestativo. Nessa temática o posicionamento jurídico do Superior Tribunal de Justiça entendeu haver uma facilitação ao direito a possibilidade de que os pares possam efetivar suas demandas sem o ônus de uma árdua e onerosa peregrinação judicial, sabendo existir um consenso por parte dos interessados: A entrada em vigor da Emenda Constitucional 66, que modificou o artigo 226 da Constituição Federal para deixar de condicionar o divórcio à prévia separação judicial ou de fato, não aboliu a figura da separação judicial do ordenamento jurídico brasileiro, mas apenas facilitou aos cônjuges o exercício pleno de sua autonomia privada. Ou seja: quem quiser pode se divorciar diretamente; quem preferir pode apenas se separar. (anagarciaoabdf.jusbrasil.com.br/artigos/445075835/o-divorcio-sob-a-egide-do-nov o-cpc, acesso em 05/12/2021) Em relação à discussão sobre o equívoco da supressão da separação, a Ministra Isabel Galloti pontuou que a única mudança proveniente da EC 66 foi a desobrigação do requisito temporal para a efetivação do divórcio. 3- CONCLUSÃO: Quando um casamento acontece é perceptível que ambos os cônjuges buscam levá-lo adiante e buscam o transformar no mais duradouro possível, mas infelizmente essa união sofre desgastes intensos que resultam na dissolução do casamento. O divórcio por muitos anos sendo tabu virou um assunto sério e necessário de discussão na modalidade jurídica, já que o casamento tem o sinônimo de família, e esta está sendo dissolvida. Portanto engloba vários aspectos e entidades, possuindo várias modalidades. O presente estudo buscou tratar de todos os fatores que podem ser afetados com o divórcio, em especial o consensual. Para tanto foi preciso detalhar como a separação de bens, a atuação do Ministério público no processo quanto à guarda dos filhos menores, a pensão alimentícia e a legislação e posicionamento jurídico vigente. Todos esses pontos foram necessários para definir e mostrar a responsabilidade que o divorcio acarreta mesmo que sua dissolução seja dada de forma amigável. Para tanto é notório que o mesmo possui o maior resguardo e cuidado possível para que se tenha um melhor encerramento de matrimônio, mas que este fim também consiga preservar a relação familiar por ser um dos melhores métodos de dissolução. Portanto o divórcio consensual mesmo sendo o mais célere e menos oneroso ele evita assim o estresse e o desgaste emocional que um processo longo irá trazer, além de preservar https://anagarciaoabdf.jusbrasil.com.br/artigos/445075835/o-divorcio-sob-a-egide-do-novo-cpc https://anagarciaoabdf.jusbrasil.com.br/artigos/445075835/o-divorcio-sob-a-egide-do-novo-cpc ao máximo o bom relacionamento entre as partes, por conseguinte preservar uma boa convivência, principalmente em casos de filhos envolvidos. 4- REFERÊNCIAS: ANDERSON, SCHREIBER,. Código Civil Comentado - Doutrina e Jurisprudência. Grupo GEN, 2021. 9786559640720. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559640720/. Acesso em: 06 dez. 2021. ALVES, Leonardo B. M. “O Reconhecimento legal do conceito moderno de família: o artigo 5º, parágrafo único, da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha”.) In: Revista Brasileira de Direito de Família. Porto Alegre: Síntese, IBDFAM, v.8, n.39, dez./jan. 2007, p.133-153. Artigo publicado na Revista Justitia, do Ministério Público do Estado de São Paulo, n. 197,p. 287-292 (jul.-dez. 2007). Disponível em: http://www.mazzilli.com.br/pages/artigos/obrigajus.pdf. Acesso em: 06 dez. 2021. BARSTED, Leila L. “Permanência ou mudança? O discurso legal sobre a família”. In: Pensando a família brasileira: da colônia à modernidade. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo/ UFFRJ, 1987, p. 103-113. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 06 dez. 2021. BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 06 dez. 2021. BRASIL, Lei nº 13.105,de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência da República. 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