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Depressão maior e transtorno bipolar O transtorno depressivo maior pode ser considerado unipolar, quando apresenta apenas a depressão ou bipolar quando associado a episódios maníacos ou episódios maníacos isolados, sem depressão associada. Episódios maníacos sem depressão associada são considerados bipolares e podem ser classificados em mania pura ou mania unipolar. Existem ainda a hipomania, ciclotimia e distimia que são consideradas subcategorias de transtorno de humor. A hipomania é um episódio maníaco que não se encaixa nos critérios pra mania. Ciclotimia é um episódio menos grave de transtorno bipolar. Distimia é um episódio menos grave de depressão maior. Depressão O transtorno depressivo maior não apresenta episódios maníacos, hipomaníacos e nem mistos. Geralmente está associado a pelo menos quatro sintomas de uma lista que inclui falta de energia, sentimentos de culpa, perda de peso e apetite, distúrbios do sono e de atividades, pensamentos recorrentes de morte e suicídio. Mania Mania se caracteriza por episódios que ocorrem por pelo menos uma semana caracterizados por autoestima inflada, necessidade menor de sono, aumento da atividade mental e física, envolvimento excessivo em atividades prazerosas, distratibilidade. A mania é caracterizada por episódios de humor expansivo, exagerado e as vezes irritativo, associado a quadros de impulsividade, aumento da atividade psicomotora com quadros de taquipsiquismo, taquilalia, logorreia, ideias grandiosas, aumento de energia e atividade, redução da necessidade de sono, aumento da libido, autoconfiança exagerada, perda de medo. Os pacientes podem ter quadros de doar seus bens ou começar atividades sexuais com várias parceiras, falar alto, interromper conversas, se perder nos pensamentos. A Hipomania é um quadro semelhante à mania, mas menos grave, não estando associada a quadros psicóticos, sem comprometimento do funcionamento social e ocupacional, e que dura pelo menos quatro dias, sendo relatado por outrem. Episódios mistos ocorrem quando há quadros de episódios maníacos-depressivos quase todos os dias, por pelo menos uma semana. Um transtorno bipolar I é caracterizado por quadros de mania e depressão pelo menos uma vez, mas não tão recorrentes. Um transtorno bipolar II é caracterizado por quadros de hipomania e depressão maior. Distimia é caracterizado por episódios depressivos de duração de pelo menos dois anos, mas que são menos graves que um transtorno depressivo maior. Ciclotimia é caracterizada por ciclos de hipomania e episódio depressivos menos graves que o depressivo maior, com duração de pelo menos dois anos. Epidemiologia Prevalência: o transtorno depressivo maior tem uma prevalência de 17% de todos os transtornos psiquiátricos. Dentre os transtornos bipolares, o mais prevalente é o bipolar II. Sexo: o transtorno depressivo maior ocorre 2x mais em mulheres, e os episódios maníacos são mais comuns em homens. Entretanto, mulheres com episódios maníacos geralmente apresentam associados episódios depressivos, e, além disso, as mulheres possuem mais chance de ciclagem rápida que são pelo menos 4 episódios maníacos em um anos. Idade: o transtorno bipolar I é mais precoce que o transtorno depressivo maior, com idade média de 30 anos. O transtorno depressivo maior tem idade média de 40 anos. Com 50% dos casos acontecendo entre 20-50 anos. Estado civil: tanto o transtorno bipolar I quanto o transtorno depressivo maior ocorrem em pessoas sem relacionamento conjugal intimo. Fatores socioeconômicos: o transtorno de depressão maior não evidenciou prevalências relacionadas a fatores socioeconômicos, enquanto o transtorno bipolar I demonstrou maior prevalência em classes mais altas e sem ensino superior. Comorbidade: pacientes com TDM apresentaram maior risco associado a transtornos comorbidos, como dependência de álcool, substâncias, ansiedade, TOC. Etiologia Fatores Biológicos: o sistema límbico se destaca dentre os fatores que são mais implicados nos transtornos do humor, gerando desequilíbrios na produção de aminas biogênicas. Nesse interim, encaixam-se os distúrbios de norepinefrina e de serotonina, tendo como auxiliares a dopamina e histamina. Associado a isso destacam-se os distúrbios tireoidianos, distúrbios do sono, distúrbios na morfofisiologia cerebral, anormalidades do sistema imunológico. Teoria das neurotrofinas: as monoaminas induzem a ativação do CREB que responde ao AMPc, gerando a produção de BDNF – fator neurotrofico derivado do cérebro – que induz a formação de mais espinhas dendríticas, melhorando os sinais depressivos. Fatores genéticos: estudos identificam que filhos cujo um dos pais possui transtorno de humor possuem 10% a 25% de risco de desenvolver, e quando os dois pais apresentam, o risco duplica. Irmãos gêmeos monozigóticos apresentaram uma concordância de até 90% para TH, enquanto irmãos gêmeos dizigóticos obtiveram uma concordância de até 35%. Fatores psicossociais: - Eventos de vida e ambientais: estresses de vida, perda conjugal, perda de emprego são um dos fatores ambientais mais comuns na origem de TH. Além disso, a perda de um dos progenitores antes dos 11 anos de idade parece ser o evento de vida mais importante. - Fatores psicodinâmicos: são diversas teorias que envolvem a etiologia de depressão, como separação dos pais, anormalidades de convivência mae- bebe no período oral, violência física em relacionamentos, incapacidade de alcançar objetivos. Teoria cognitiva: se baseia em distorções cognitivas, baseadas em uma tríade: percepções do eu = autopercepção negativa; percepções do meio = hostil e exigente; percepções do futuro = sofrimento e fracasso. Teoria da impotência aprendida: se baseia no aceitar o que vier, pois nada vai mudar se eu fizer algo. Ocorre quando eventos incontroláveis produzem uma sensação aprendida de impotência e desmotivação. Quadro Clínico Alguns sintomas são fundamentais para o diagnóstico depressivo: anedonia, lentificação psicomotora (falta de energia física e mental), humor depressivo, falta de interesse e motivação. Em casos de crianças e adolescentes pode aparecer irritação e mal-humor no lugar do humor depressivo. Em alguns casos, aparecem apatia e falta de motivação. O deprimido se autoavalia de forma negativa, possui pensamenos negativos que preponderam na maior parte do dia, tem preocupações excessivas, cria problemas ou aumenta problemas reais, usa como justificativa sintomas depressivos para outros sintomas depressivos. Podem aparecer delírios, como o delírio de culpa (responsáveis por tragédias no mundo), delírio de ruina (arruinados financeiramente e por isso é culpado pela fome dos filhos), delírio de perseguição (perseguidos por algo que fizeram), delírio hipocondríaco (delírio de que foram acometidos por doenças graves), delírio niilista (negando a existência da vida, da morte, do mundo). Quinze porcento dos deprimidos cometem suicídio. Existem graus, o deprimido pode preferir estar morto e não pensar em se matar, pode imaginar o suicídio sem planejá- lo, e em casos graves arquiteta-lo detalhadamente. Resumidamente os sintomas depressivos incluem: letargia psicomotora, insônia/hipersonia, inapetência e perda de peso ou aumento de peso e de apetite, redução da capacidade hedônica, fadigabilidade, pensamentos e sentimentos negativos, humor depressivo ou irritável, dores difusas, falta de interesse e motivação, diminuição da libido. Critérios para o diagnóstico de depressão maior conforme o Manual diagnostico e estatístico dedoenças mentais: 1) Pelo menos cinco sintomas abaixo, que inclua humor depressivo ou perda de prazer ou interesse: - Humor deprimido a maior parte do dia e quase todos os dias, por relato pessoal ou de pessoas próximas; - Diminuição do interesse ou prazer na maior parte das atividades na maior parte do dia, quase todos os dias; - Perda ou aumento de peso sem dieta, ou perda e aumento de apetite quase todos os dias; - Insonia ou Hipersonia quase todos os dias; - Agitação ou retardo psicomotor observados por outrem, quase todos os dias; - Fadigabilidade; - Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva; - Capacidade diminuída de concentração, indecisão, pensamento; - Pensamentos de morte e ideação suicida; 2) Os sintomas não devem se enquadrar em quadros de mania ou mistos; 3) Os sintomas não devem estar associados ao uso de substâncias nem outras condições clinicas como o hipotireoidismo; 4) Os sintomas causam prejuízo ao funcionamento social e ocupacional, sendo clinicamente importantes; 5) Não são melhor explicados por luto, ou seja, persistem por mais de 2 meses ou então estão associados a ideação suicida e pensamentos de morte, quadros psicóticos, acentuados prejuízos funcionais. Subtipos depressivos Depressão melancólica: caracteriza- se por humor depressivo, anedonia absoluta, culpa, insônia terminal, diminuição do apetite, perda de peso, retardo/agitação psicomotora. Depressão atípica: o quadro se manifesta com inversão das atividades vegetativas, isto é, ganho de peso, ganho de apetite, capacidade de se alegrar a coisas positivas, hipersonia, fragilidade extrema a rejeição interpessoal, “paralisia de chumbo” que é a perda total da força. Depressão sazonal: é aquela que ocorre em épocas distintas do ano, geralmente começo do outono ou inverno, sendo comum em mulheres, caracterizada por sintomas atípicos. Depressão psicótica: caracteriza depressões graves, em que pode apresentar os delírios (de culpa, ruina, hipocondríaco, niilista), pode apresentar alucinações, principalmente auditivas, e ilusões como vultos. Depressão bipolar: quando associada a transtorno misto, maníaco ou hipomaníaco, no caso do TABI e TABII respectivamente. Distimia: a distimia é semelhante a uma depressão maior, mas é mais branda e persiste por pelo menos dois anos. É uma forma mais crônica, não apresenta muita aparência chorosa, a falta de interesse pelas coisas pode aparecer de maneira menos radical e alterações de peso podem também não aparecer. Não pode haver um período de 2 meses sem sinais ou sintomas. E o TBM pode aparecer, mas só após os dois anos.
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