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PROFESSOR Esp. Roberson Vieira Machado Identificação e Realocação de Talentos ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/15192 EXPEDIENTE Coordenador(a) de Conteúdo Luciano Santana Pereira Projeto Gráfico e Capa André Morais, Arthur Cantareli e Matheus Silva Editoração Dario Claros Mercado Design Educacional Antonio Eduardo Nicacio Curadoria Fernanda Brito Revisão Textual Nágela Neves da Costa Ilustração Welington Oliveira Fotos Shutterstock DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie M.Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de Oliveira Mello Gerência de Planejamento Jislaine C. da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman Gerência de Tecnologia Educacional Marcio A. Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo R. Garcia Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. MACHADO, Roberson Vieira. Identificação e Realocação de Talentos. Professor: Roberson Vieira Machado. Maringá - PR: Unicesumar, 2022. 224 p. ISBN978-85-459-2128-8 “Graduação - EaD”. 1. Recursos humanos 2. Gestão 3. Talentos. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 658.3 FICHA CATALOGRÁFICA Reitor Wilson de Matos Silva A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diaria- mente para que nossa educação à distância continue como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre quatro pilares que consolidam a visão abrangente do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual. A nossa missão é a de “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, for- mando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio impor- tante para o cumprimento integral desta missão: o coletivo. São os nossos professores e equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma transforma- ção na forma de pensar e de aprender. É assim que fazemos juntos um novo conhecimento diariamente. São mais de 800 títulos de livros didáticos como este produzidos anualmente, com a distribuição de mais de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos- sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre os 10 maiores grupos educacionais do país. Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima história da jornada do conhecimento. Mário Quin- tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportu- nidade de fazer a sua mudança! Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Esp. Roberson Vieira Machado Provavelmente, você encontrará um resumo sobre a minha atuação profissional em vários lugares, incluindo minhas redes sociais e meu Currículo Lattes. Mas, afinal, quem é de fato o Prof. Adm. Roberson Vieira Machado? Diferente do que poderá encontrar em meu currículo ou na história so- bre a minha formação acadêmica e trajetória profissional, quero revelar para você que também sou o pai do Lorenzo e da Manuela. Dois presentinhos lindos que Deus resolveu dar a mim e à minha esposa Mayara e que, desde suas vindas, fazem parte do meu ser, do que me tornei e do que tenho sido. Minha base, aqui, na Terra é a minha família. Robertinho e Dona Rosa, meus pais, são os responsáveis pelos princípios e valores éticos e morais que tenho prati- cado e utilizado para nortear as minhas ações ao longo da vida. Aqui, entra o conceito de amor incondicional. Entre a educação e o mercado, tive a oportunidade de caminhar por várias organizações e diferentes setores e foi graças a trajetória que tenho a oportunidade de estar aqui, com você, compartilhando esse conteúdo fantástico da área de Recursos Humanos, por meio desse livro que, também, era uma meta, um objetivo de vida e de carreira. Espero que aproveite essa troca e experiência, ao longo da leitura do material. Forte abraço e a gente se vê, por aí! http://lattes.cnpq.br/6903670977942117 http://lattes.cnpq.br/6903670977942117 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11213 IDENTIFICAÇÃO E REALOCAÇÃO DE TALENTOS Ao longo de toda minha trajetória profissional, tive a oportunidade de vivenciar e expe- rimentar diferentes métodos e ferramentas aplicadas durante os processos que antece- dem o início de uma relação de trabalho, entre empregado e empregador. São várias as histórias de ambos os lados, tanto como novo colaborador quanto como selecionador ou contratante. Enquanto profissional em busca de uma colocação ou recolocação no mercado de trabalho, fui aprovado e reprovado em diversos processos seletivos e, entre alegrias e frustrações, com o tempo essas experiências possibilitaram compreender melhor o que os profissionais de RH esperavam encontrar em um potencial candidato à vaga ofertada e, consequentemente, aprendi a ajustar minhas competências técnicas e comportamentais, conforme as exigências e expectativas das organizações. Como gestor de equipes e tomador de decisões sobre a contratação de um novo colaborador, pude entender a importância de um bom planejamento, com objetivos claros, ao iniciar a busca por um profissional qualificado e que atenda às expectativas da empresa e às necessidades da vaga disponibilizada. E, ainda, como professor e pesquisador da área de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas, pude visualizar a relação entre a teoria e a prática no dia a dia do Recrutamento e Seleção bem como os impactos de suas ações na adaptação e resultados entregues pelo novo colaborador. Agora, eu lhe pergunto, caro(a) aluno(a), futuro(a) gestor(a) ou profissional já atuante na área de Recursos Humanos, quais são as ferramentas e técnicas utilizadas para uma adequada identificação ou, até mesmo, uma realocação de talentos na sua empresa, considerando as particularidades do seu negócio e a realidade do mercado? Pergunto, ainda, como realizar essa tarefa de modo que consigamos otimizar os recursos à nossa disposição, por exemplo: tempo, dinheiro, tecnologia etc., promovendo uma experiên- cia positiva tanto para a sua empresa quanto para os potenciais talentos que chegam até você, interessados em fazer parte do seu quadro de colaboradores? Pensando nessas provocações e com a intenção de trazer luz para estas e outras questões que possam surgir, caro(a) aluno(a), foi que decidi, junto à coordenação do curso e à equipe pedagógica, delinear todo o caminho pelo qual passa a identificação e realocação de talentos. Para isso, inicialmente, falarei desse tema nocontexto da Gestão de Pessoas (GP), logo na primeira unidade deste livro, de modo que você tenha a oportunidade de visualizar onde se encontra o conteúdo da disciplina entre os processos que fazem parte da Administração de Recursos Humanos (ARH). A partir da identificação dos processos básicos da Gestão de Pessoas, discutiremos sobre o processo de Provisão de Pessoas dentro da ARH, sobre a importância do planeja- mento de RH, sobre como o contexto do mercado de trabalho influencia nesse processo e, fechando a primeira unidade, falaremos sobre as pessoas como diferencial competitivo. Dando seguimento aos estudos, sobre o qual você entrará em contato com alguns conceitos e definições, conhecerá os tipos ou modalidades de recrutamento que poderá aplicar em seu dia a dia bem como os principais métodos utilizados na prática de atração de talentos. Conheceremos, também, os métodos aplicados ao processo de socialização bem como quais as vantagens e benefícios do Onboarding para o seu negócio. Imagino que, até aqui, já tenha ficado clara a importância de se passar por esta disciplina, já que os temas a serem discutidos, ao longo dos nossos estudos, fazem parte do dia a dia de todo profissional de RH e marca o início da história, envolvendo o indivíduo/profissional e a organização. Contratar a pessoa certa para o lugar certo é uma máxima muito conhecida pelos profissionais de Recursos Humanos, mas, para isso, é fundamental conhecer as me- lhores práticas para elaborar um Planejamento Estratégico de RH, executar com exce- lência os Processos de Recrutamento e Seleção de Pessoal bem como se fazer valer de técnicas assertivas de Integração e Ambientação de novos colaboradores. Ao pensar em colocar a pessoa certa no lugar certo, um dos aspectos norteadores desse ideal é a consideração das competências do indivíduo, as quais devem estar em sintonia com as competências exigidas pelo cargo ou vaga a ser ocupada pelo mesmo. Ao longo desta nossa conversa inicial, você se imaginou sendo um(a) especialista em identificação e realocação de talentos? Você está ciente de que as pessoas realizam as entregas, as entregas impactam nos resultados, os resultados determinam o sucesso da empresa e, nesta perspectiva, você seria um(a) dos(as) principais profissionais respon- sáveis por esse sucesso, uma vez que essa relação de parceria indivíduo/organização inicia-se a partir das ações de provisão de pessoas? Você acredita, estar preparado(a) para assumir tais responsabilidades ou está dis- posto(a) a desenvolver as competências necessárias para se tornar um profissional de excelência, especialista em identificação e realocação de talentos nas organizações? Pois é, eu imagino que tais questões são desafiadoras e podem balançar sua toma- da de decisão em relação ao caminho a seguir, dentro da área de Recursos Humanos. Mas gostaria de convidá-lo(a) a lançar-se em nossos estudos desta disciplina, pois esse será o seu primeiro grande passo para se tornar uma grande Profissional de Recursos Humanos, especialista em identificação e realocação de talentos. Bons estudos. IMERSÃO RECURSOS DE Ao longo do livro, você será convida- do(a) a refletir, questionar e trans- formar. Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS NOVAS DESCOBERTAS Enquanto estuda, você pode aces- sar conteúdos online que amplia- ram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tec- nologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experien- ce. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recur- sos em Realidade Aumentada. Ex- plore as ferramentas do App para saber das possibilidades de intera- ção de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o códi- go, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido. PÍLULA DE APRENDIZAGEM OLHAR CONCEITUAL Neste elemento, você encontrará di- versas informações que serão apre- sentadas na forma de infográficos, esquemas e fluxogramas os quais te ajudarão no entendimento do con- teúdo de forma rápida e clara Professores especialistas e convi- dados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discu- tido, de forma mais objetiva. Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881 APRENDIZAGEM CAMINHOS DE 1 2 3 4 5 IDENTIFICAÇÃO E REALOCAÇÃO DE TALENTOS NO CONTEXTO DA GESTÃO DE PESSOAS 11 PROCESSO DE RECRUTAMENTO DE PESSOAS 41 83 PROCESSO DE SELEÇÃO DE PESSOAS 149 ONBOARDING: A IMPORTÂNCIA DA SOCIALIZAÇÃO DE NOVOS TALENTOS 177 NOVAS PRÁTICAS NA BUSCA E MANUTENÇÃO DE TALENTOS 1Identificação e Realocação de Talentos no Contexto da Gestão de Pessoas Esp. Roberson Vieira Machado Seja muito bem-vindo(a) a esta primeira unidade do nosso livro, pre- zado(a) estudante. Por aqui, será possível visualizar a identificação e a realocação de talentos no contexto da Administração de Recur- sos Humanos (ARH). A partir da identificação dos processos básicos da Gestão de Pessoas, falaremos sobre o processo de Provisão de Pessoas dentro da ARH, entenderemos o planejamento de RH como ferramenta estratégica diante da realidade do mercado de trabalho e, por fim, estabeleceremos uma conversa sobre pessoas como dife- rencial competitivo no ambiente organizacional. UNIDADE 1 12 Muito bem, iniciamos a nossa primeira unidade com uma história de uma per- sonagem que se descobriu nessa área de identificação e realocação de talentos. Preparado(a)? Mayara é uma jovem de 17 anos que acaba de ingressar no mer- cado de trabalho como estagiária, na área de Recursos Humanos de uma grande indústria do ramo alimentício. Após cinco meses de estágio, ela está encantada com as vivências adquiridas no setor, principalmente, por meio das experiências com a realização de tarefas voltadas à identificação e realocação de talentos. O estágio realizado por Mayara lhe permitiu um contato com vários dos subsis- temas e processos da Gestão de Pessoas, e isso teve forte influência em sua tomada de decisão, ao optar por se tornar uma especialista em Recrutamento e Seleção de Pessoal, porém, ainda, possuía muitas dúvidas em relação ao Planejamento Estratégico de RH e às ações que envolvia a Integração e Socialização de novos colaboradores na empresa. Temos aí uma história e uma personagem fictícias, porém retratam a reali- dade de muitos profissionais no processo de tomada de decisão em relação ao rumo a ser seguido na carreira, quando se está inserido em uma área de trabalho com várias opções de atuação, como é, por exemplo, a área de Recursos Humanos. Para ilustrar melhor essas possibilidades e conseguir visualizar onde se encontra a nossa disciplina neste contexto, eu peço, prezado(a) estudante, para que ima- gine a ARH como uma grande árvore, uma árvore enorme composta por alguns galhos principais, galhos fortes, rígidos e que, por sua vez, possuem várias outras ramificações formadas por pequenos galhos, folhas etc. É com essa imagem que você criou mentalmente, neste exato momento, caro(a) aluno(a), que eu quero iniciar as nossas discussões a fim de facilitar a identificação da nossa disciplina no contexto da Administração de Recursos Humanos. E, assim, vamos entender como a ARH se desdobra em subsistemas e qual a sua relação com o que se conhece, hoje, por Gestão de Pessoas. Diante da ilustração inicial, caro(a) aluno(a), eu convido você a realizar uma pesquisa rápida, em sua região, sobre como está o mercado de trabalho em relação à oferta de vagas de emprego e disponibilidade de profissionais qualificadospara ocuparem essas vagas. Enquanto estiver pesquisando, observe as estratégias que as empresas utilizam para divulgar tais vagas, como: os requisitos exigidos, bene- fícios oferecidos, texto descritivo da vaga, arte e canais utilizados (redes sociais, sites especializados etc.). Fazer o levantamento desses dados e ter conhecimento desse tipo de informação são ações que estão diretamente relacionadas à nossa disciplina de Identificação e Realocação de Talentos e que impactam diretamente 13 nas ações do Planejamento de RH da organização, principal campo que a nossa personagem Mayara tem demonstrado dúvidas em sua experiência. Agora eu pergunto a você: qual é a base da identificação e realocação de ta- lentos no contexto da Administração de Recursos Humanos? Qual a importância desse estudo, do ponto de vista estratégico, para estabelecer uma relação produtiva e de parceria entre os indivíduos e as organizações? Utilize o espaço do seu diário de bordo para colocar suas reflexões sobre os questionamentos apresentados. DIÁRIO DE BORDO UNICESUMAR UNIDADE 1 14 PROCESSOS BÁSICOS DA GESTÃO DE PESSOAS Assim, prezado(a) estudante, damos início à nossa primeira unidade do livro, falando sobre os Processos Básicos da Gestão de Pessoas, mas, antes, vamos conhecer o que os principais estudiosos desse tema falam sobre o que vem a ser a Administração de Recursos Humanos (ARH) e qual a sua relação com a moderna Gestão de Pessoas (GP). Afinal, o que é essa tal ARH? Também, chamada de Gestão de Recursos Huma- nos (GRH), segundo Dessler (2014, p. 2), é “o processo de captação, treinamento, avaliação e remuneração dos empregados e de cuidar de questões de equidade nas relações, saúde e segurança no trabalho”. Em uma outra perspectiva, os professores norte-americanos Snell, Morris e Bohlander (2020, p. 2) definem a GRH como “o processo de gerenciar talentos humanos para atingir os objetivos da organização”. Tem aumentado, todavia, cada vez mais, o número de organizações que vem substituindo o termo Administração de Recursos Humanos por outros, como Gestão de Pessoas, Gestão de Talentos, Gestão de Parceiros, Gestão do Capital Humano, Gestão do Capital Intelectual, entre outros, a fim de acompanhar uma tendência global em que as pessoas passaram a ser reconhecidas como um dos mais importantes fatores que determinam o sucesso nos negócios. Neste sentido, vale ressaltar que a denominação que ganha espaço é Gestão de Pessoas, esta é a mais utilizada pelos autores brasileiros. O fato é que, embora as terminologias sejam diferentes, elas têm seguido a tendência do mercado em tratar as pessoas não mais como meros recursos, mas, sim, como parceiras do negócio (GIL, 2019). 15 Ao conceituar a GP, o autor Chiavenato (2020), que também a trata por Gestão do Talento Humanos (GTH), afirma que ela depende do contexto organizacional, das pessoas e de uma série de aspectos que variam de uma organização para outra e, por isso, a GP é única em cada organização. Corroborando com esta reflexão, vale destacar a definição de Gil (2019, p. 18, grifos nossos), o qual diz: “Gestão de Pessoas é a função gerencial que visa à cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais”, ou seja, é uma troca, uma parceria estabelecida entre as partes para alcance dos seus objetivos. Desse modo, ao longo de sua evolução histórica, a área de recursos humanos ganhou um novo perfil, uma nova roupagem, em que a gestão de pessoas surgiu como solução para as demandas de excelência organizacional. Toda essa mu- dança se deve ao fato de estarmos vivendo uma nova realidade, em que muitas práticas antigas da ARH foram questionadas e já não servem mais para resolver as exigências atuais (ARAÚJO; GARCIA, 2014). Não seria exagero afirmar que a mudança é a nossa única certeza e, portanto, estar sempre atualizado frente ao cenário de mercado e às técnicas, ferramentas e práticas de RH, passa a ser uma obrigação do profissional dessa área. Muito bem, agora que você já sabe o que é, vamos conhecer quais são os principais processos da Gestão de Pessoas, na concepção de vários autores, apresentados no Quadro 1, a seguir: Marras et al. (2010) Maximiano (2014) Pequeno (2018) Gil (2019) Chiavenato (2020) 1. Agregação. 2. Aplicação. 3. Recompensa. 4. Desenvolver. 5. Manter. 6. Monitorar. 1. Atração e retenção. 2. Desenvolvimento. 3. Administração do desempenho. 4. Manutenção. 1. Planejamento. 2. Recrutamento e Seleção. 3. Treinamento e desenvolvimento. 4. Remuneração. 5. Avaliação. 1. Planejam ento e avaliação. 2. Suprimento. 3. Compensação. 4. Desenvolvimento. 5. Saúde e segurança. 6. Relação de tra- balho. 7. Equalização de oportunidades. 1. Agregar. 2. Engajar. 3. Aplicar. 4. Recompensar. 5. Desenvolver. 6. Monitorar. Quadro 1 - Processos Básicos da Gestão de Pessoas / Fonte: adaptado de Marras et al. (2010); Maxi- miano (2014); Pequeno (2018); Gil (2019) e Chiavenato (2020). UNICESUMAR UNIDADE 1 16 • Planejamento de RH • Recrutamento • Seleção • Integração e Socialização Processo de Prover Pessoas • Modelagem do trabalho • Avaliação do desempenho Processo de Aplicar Pessoas • Remuneração • Benefícios • Incentivos Processo de Recompensar Pessoas • Treinamento • Desenvolvi- mento • Aprendizagem • Gestão do conhecimento Processo de Desenvolver Pessoas • Higiene, saúde e segurança • Qualidade de vida • Relações com empregados e sindicatos Processo de Manter Pessoas • Banco de dados • Sistemas de informações gerenciais Processo de Monitorar Pessoas ARH / GP Descrição da Imagem: a Figura 1 apresenta um fluxograma sobre a ARH/Gestão de Pessoas e seus res- pectivos Processos e Subsistemas. O primeiro é o Processo de Prover Pessoas, formado pelos subsistemas de Planejamento de RH, Recrutamento, Seleção, Integração e Socialização. Já o segundo é o Processo de Aplicar Pessoas, o qual é formado pelos subsistemas de Modelagem do trabalho e Avaliação do desem- penho. O terceiro é o Processo de Recompensar Pessoas, formado pelos subsistemas de Remuneração, Benefícios e Incentivos. O quarto é o Processo de Desenvolver Pessoas, composto pelos subsistemas de Treinamento, Desenvolvimento, Aprendizagem e Gestão do conhecimento. O quinto é o Processo de Manter Pessoas, composto pelos subsistemas de Higiene, saúde e segurança, Qualidade de Vida e Relações com empregados e sindicatos. O sexto e último é o Processo de Monitorar Pessoas, formado pelos subsistemas de Banco de dados e Sistemas de informações gerenciais. Figura 1 – Processos e Subsistemas de Gestão de Pessoas Fonte: adaptada de Chiavenato (2020); Marras et al. (2010); Maximiano (2014); Gil (2019) e Pequeno (2018). Para melhor ilustrar como esses processos básicos se desdobram em subsistemas, em meio à grande área da ARH/GP, peço para que retome, caro(a) aluno(a), aquela imagem da árvore, enorme, cujos galhos principais, ligados diretamente ao tronco, são representados por esses processos. Cada um deles possui suas ramificações e folhas diversas, as quais vamos chamar, aqui, de subsistemas da ARH/GP. Veja a Figura 1, a seguir: 17 Observando a “árvore” da Figura 1, caro(a) aluno(a), você acredita estar apto(a) a apontar, com precisão, qual desses “galhos” norteia a nossa disciplina de Identificação e Realocação de Talentos? Posso lhe dar uma dica: tem a ver com estratégias utilizadas para agregar ou suprir a demanda de pessoal nas organiza- ções! Sim, é isso mesmo, a nossa disciplina está relacionada ao processo de prover pessoas, o qual vamos abordar, logo, a seguir. PROCESSO DE PROVISÃO DE PESSOAS Muito bem, caro(a) estudante, como vimos anteriormente, no contexto da Gestão de Pessoas, a nossa disciplina está inserida no Processo de Pro- visão de Pessoas, o qual, segundo Marras et al. (2010, p. 118), “é com- posto por políticas que determinam quem irá trabalhar na organizaçãoe representa a porta de entrada das pessoas no sistema organizacional”. Na obra do professor Maximiano (2014), o processo de prover pessoas é re- presentado pela Atração e Retenção ou, como também são conhecidos, captação de pessoas. Para o autor, trata-se do processo que procura, encontra, atrai e traz, para dentro das organizações, as pessoas com as competências necessárias para garantir a continuidade das operações bem como sua evolução. Também conhecido por Processo de Suprimento, tem como finalidade prover a organização de pessoas, ou talentos, aptos a preencherem seus postos de trabalho. É fundamental que as atividades inerentes a esse processo estejam alinhadas às estraté- gias da organização, uma vez que os subsistemas ligados à provisão de pessoas estão entre as mais tradicionais da Administração de Recursos Humanos (GIL, 2019). Além de ser conhecido como processo de provisão ou suprimento de pessoas, Chiavenato (2020) traz a denominação de Processo de Agregar Talentos e Compe- tências, o qual, segundo o autor, é utilizado para introduzir novas pessoas e com- petências na organização. Portanto, caro(a) aluno(a), embora possa ser tratado por outros nomes, por exemplo, processo de agregar, suprir ou captar pessoas, podemos observar que há certo alinhamento entre as afirmações dos autores sobre o que vem UNICESUMAR UNIDADE 1 18 a ser e para que serve o Processo de Provisão de Pessoas, o qual está diretamente ligado ao início da relação entre o indivíduo e a organização, ao mesmo passo que está diretamente ligado às atividades de identificação e realocação de talentos. NOVAS DESCOBERTAS Título: Gestão de Pessoas: o novo papel da gestão do talento humano Autor: Idalberto Chiavenato Editora: Atlas Sinopse: por que ter Gestão de Pessoas? Tão importante quanto o próprio negócio da empresa, o capital humano passou a ser elemento essen- cial para a preservação, consolidação, competitividade e sustentabilidade de uma organização. Além disso, uma vantagem competitiva da organização será aprender a utilizar corretamente o conhecimento e as competências das pessoas e colocá-los de maneira rápida e eficaz em ação na busca de soluções inovadoras na oferta de novos produtos e serviços. Comentário: nesta nova edição, o professor Idalberto Chiavenato parte dos novos desafios da gestão de pessoas e direciona a atenção do leitor para seis processos que se conectam em rede: agregar, recompensar, desenvolver, monitorar, manter e, por fim, aplicar pessoas. Juntos, esses tópicos consti- tuem a base estrutural do livro e a base da gestão de qualquer equipe dentro de uma organização. 19 PLANEJAMENTO DE RH E O MERCADO DE TRABALHO Continuando com a nossa analogia da “grande árvore”, sabemos, então, que, a partir desse “galho forte”, cha- mado de Processo de Prover Pes- soas, nós temos algumas “ramifica- ções e folhas” atreladas a ele, as quais representam alguns dos subsistemas da ARH/GP. Falaremos, então, sobre o Planejamento de RH e o Merca- do de Trabalho e, assim, prezado(a) estudante, vamos naturalmente compreendendo e adentrando a cada subsistema ligado ao processo de prover pessoas. Ao falar sobre o planejamento, é preciso considerar que essa é uma etapa pri- mordial nas áreas da gestão, quando o foco é o sucesso da ação empreendida. Isso porque o ato de planejar permite antecipar possíveis problemas que possam ocorrer no percurso e, assim, reduzir as chances de errar. Partindo da premissa de que toda organização almeja bons resultados e, consequentemente, o sucesso e sua permanência no mercado em que atua, a ação de planejar tem extrema importância nesse trajeto e passou a ser vista como uma ferramenta estratégica e de auxílio aos gestores nos processos de decisão; entre os quais, incluímos os gestores de Recur- sos Humanos e as ações de identificação e realocação de talentos. Mas, afinal, do que se trata o planejamento de recursos humanos? Segundo as autoras Hanashiro, Teixeira e Zaccarelli (2008, p. 120), “o planejamento de recursos humanos consiste em dimensionar quantas pessoas serão necessárias à empresa, ou a uma parte dela, para que possa desenvolver suas atividades e alcançar seus objetivos”. Observe que as autoras falam, em sua definição, sobre quantidade de pessoas necessá- rias para alcançar os objetivos da organização. E o que isso representa, na prática, para o profissional responsável pelo Planejamento de RH? PENSANDO JUNTOS UNICESUMAR UNIDADE 1 20 De maneira mais ampla, Lucena (2017, p. 86) afirma que o: “ PLANEJAMENTO DE RECURSOS HUMANOS compreende o processo gerencial de identificação e análise das necessidades or-ganizacionais de Recursos Humanos e o consequente desenvolvi- mento de políticas, programas, sistemas e atividades que satisfaçam essas necessidades, a curto, médio e longo prazos, tendo em vista assegurar a realização das estratégias do negócio, dos objetivos da Empresa e de sua continuidade sob condições de mudanças. Como está a nossa demanda de trabalho? De quantas pessoas precisamos para cumprir essa demanda? Esses são exemplos de questionamentos básicos que de- vem ser feitos, ao estabelecer uma previsão das necessidades de pessoal. Partindo desse pressuposto, vale destacar que a demanda de novos talentos, em uma empre- sa, inicia com a estimativa da demanda de seus produtos. É aí que entra o processo de decidir quais vagas a empresa terá de preencher e como preenchê-las, ou seja, o Planejamento de Recursos Humanos. Dessa forma, o planejamento de pessoal deve refletir os planos estratégicos da empresa, o que inclui planos de expansão do negócio ou de redução de custos, por exemplo (DESSLER, 2014). Falando em Planejamento Estratégico, Dessler (2014, p. 47) nos diz “que se trata do plano global da empresa para definir como ele conciliará suas forças e fraquezas internas com as oportunidades e ameaças externas, a fim de manter uma vantagem competitiva”. Análise SWOT ou FOFA: a sigla SWOT significa Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças). Trata-se de uma ferramenta da Admi- nistração Estratégica, utilizada pelas organizações a fim de conhecer o contexto em que está inserida. Dentro do conceito de Planejamento Estratégico, essa análise permite à organização conhecer seu ambiente interno, em que poderá observar seus pontos fortes e fracos, e, também, seu ambiente externo, o qual poderá observar as possíveis oportuni- dades e ameaças as quais poderia ser ou estar exposta. EXPLORANDO IDEIAS 21 Segundo Chiavenato (2020), o planejamento estratégico de Gestão do Talento Humano envolve muito mais do que a quantidade de pessoas necessárias às ope- rações da empresa. Para o autor, ele se inicia com a missão e visão da organização e a definição dos objetivos estratégicos que se pretende alcançar e, assim, precisa lidar com as competências disponíveis e aquelas necessárias para o sucesso alme- jado. Além disso, esse Planejamento Estratégico envolve um conjunto de ações que fazem parte de todos os processos e subsistemas da ARH/GP com o obje- tivo de construir um sistema integrado, em que os talentos humanos vão atuar de maneira favorável aos interesses da organização. Em suma, o planejamento estratégico de RH integra o planejamento estratégico organizacional e, portanto, deve envolver questões de ordem estratégica, tática e operacional. Nesse sentido, considerando o “galho” que abarca o conteúdo da nossa disciplina, o Processo de Provisão Pessoas, observe o Quadro 2, a seguir: Conselho de administração Interesse dos stakeholders Estratégia organizacional Negócio da organização Objetivos organizacionais Missão e visão organizacional Estratégia de Provisão de Talentos Agregar talentos Estratégias de: Atração Preferência Marca Imagem Reputação ES TR AT ÉG IC O Táticas e Políticas de: Atratividade Pipeline de talentos Propostas de valor Jornada do candidato TÁ TI CO UNICESUMAR UNIDADE 1 22 Conselho de administração Interessedos stakeholders Estratégia organizacional Negócio da organização Objetivos organizacionais Missão e visão organizacional Estratégia de Provisão de Talentos Melhores Práticas de: Recrutamento Seleção Integração O PE RA CI O N AL Resultados: competitividade e sustentabilidade da organização. Quadro 2 - Composição de uma estratégia de provisão de talentos Fonte: adaptado de Chiavenato (2020). Assim, na concepção de Chiavenato (2020, p. 62), para que a ARH/GP “contribua direta ou indiretamente para o negócio da organização, ela precisa ter seu plano estratégico intrinsecamente ajustado ao plano estratégico da organização”. Para melhor ilustrar essa relação entre o Planejamento de RH com o Planejamento Estratégico organizacional e como o planejamento de RH assume um papel es- tratégico neste contexto, vejamos as definições a seguir, apresentadas pelos pro- fessores Snell, Morris e Bohlander (2020, p. 38): ■ Planejamento estratégico: procedimento para a tomada de decisões sobre os objetivos e as estratégias de longo prazo da organização. ■ Planejamento de recursos humanos (PRH): processo de antecipar e fazer provisão para o movimento de pessoas para dentro, para fora ou no interior de uma organização. ■ Gestão estratégica de recursos humanos (GERH): o padrão das alo- cações e das atividades relativas a recursos humanos, que permite a uma organização realizar seus objetivos estratégicos. Assim, segundo Lucena (2017, p. 169-170), do ponto de vista de Planejamento de Recursos Humanos, a análise do ambiente e do mercado de trabalho poderá estruturar seus estudos, considerando as seguintes variáveis, confrontadas com as decisões estratégicas da empresa: 23 Variáveis políticas - Tendências de estabilidade ou instabilidade políticas. - Produção de leis sociais. - Militância sindical e de outros grupos, como agentes de pressão. - Militância em defesa da ecologia. - Processo de conscientização e participação política da comunidade. - Forças políticas atuantes. Variáveis econômicas - In�ação e seus impactos nos custos de pessoal. - Intervenções governamentais na economia que possam provocar desenvolvimento ou recessão, emprego ou desemprego. - Impactos da situação econômica em regiões onde a empresa pretende operar. - Principais atividades econômicas da região ou localidade. - Abastecimento para alimentação em regiões ou localidades onde a empresa pretende operar. - Abastecimento de ordem geral para consumo. - Tendências salariais. UNICESUMAR UNIDADE 1 24 Variáveis de mercado de trabalho - Segurança no emprego. - Mobilidade de mão de obra. - Disponibilidade ou não de mão de obra preparada. - Formação de mão de obra. - Competição de mão de obra. - Critérios de transferências e adaptação local. - Movimentação sindical local. - Reivindicações trabalhistas. - Benefícios especiais. - Regulamentos e práticas sobre disciplina, dispensa, rotatividade de mão de obra, horário de trabalho. - Assistência social. - Estilos de supervisão e gerência. - Critérios de participação dos empregados na vida da empresa. - Relacionamento entre as empresas locais. - Práticas adotadas pelas empresas locais (LUCENA, 2017, p. 169-170). Variáveis Sociais - Qualidade de vida da população. - Infraestrutura educacional. - Infraestrutura de saúde. - Infraestrutura habitacional. - Lazer e atividades culturais. - Padrões de vida comunitária: valores, crenças, religião, hábitos e costumes, tradições, comportamentos culturais, modos de vida, movimentos comunitários. - A participação das empresas na vida comunitária. 25 Diante do que vimos, até aqui, você consegue imaginar uma boa atuação de um RH que não realiza um Planejamento Estratégico de Pessoal? O que você faria para tornar essa prática parte estrutural da política de Gestão de Pessoas, em sua organização? PENSANDO JUNTOS Portanto, planejamento de RH não se faz sozinho, mas, sim, em conjunto com os demais gestores de linha e corpo estratégico da organização e, além disso, não se pode ignorar o cenário de mercado em que a organização está inserida. Mercado de Trabalho Falando em mercado, meu(a) caro(a) estudante, você sabe o que o mercado de tra- balho espera encontrar em um talento? Antes de responder a esta questão, vamos compreender alguns conceitos prévios. De maneira geral, pode-se dizer que o mer- cado é o espaço onde acontecem transações, negociações e relacionamentos entre aqueles que oferecem bens ou serviços e aqueles que os procuram, com a intenção de estabelecer trocas e intercâmbios. Dessa forma, a principal característica do mercado está pautada no mecanismo de oferta e procura (CHIAVENATO, 2020). Neste momento, imagino que você esteja se perguntando: mas, afinal, o que esse conceito de mercado tem a ver com Mercado de Trabalho? Seguindo essa linha de raciocínio, Dutra (2016) nos lembra que diversos autores têm tratado o mercado de trabalho como o conjunto de oportunidades de trabalho ofertado UNICESUMAR UNIDADE 1 26 pelas organizações e o conjunto de pessoas dispostas a oferecer sua força ou mão de obra. Para o autor, essa é uma definição muito simplista diante do que o mercado de trabalho representa e, por isso, pode nos levar a equívocos. Logo, é preciso entender o mercado de trabalho muito além das leis de oferta e procura. Vejamos, então, as definições do autor: “ O mercado de trabalho é constituído por relações complexas entre pessoas que ofertam sua capacidade de trabalho e por organizações que ofertam oportunidades de trabalho, em uma relação dinâmica e influenciada pelo contexto, tais como: mudanças tecnológicas; globalização e transformações econômicas, sociais, culturais e de- mográficas (DUTRA, 2016, p. 83). A partir dessa definição, podemos observar e identificar alguns pontos interes- santes, por exemplo, o quanto as organizações se tornam, cada vez mais, com- plexas em suas relações com as pessoas e com o meio em que estão inseridas, ao passo que as pessoas se tornam muito mais capacitadas e aptas para lidar com essas complexidades experimentadas pelas organizações. Além disso, as relações de trabalho passam por transformações contínuas que vão além do tradicional vínculo empregatício e tem se baseado na troca mútua de valor entre indivíduo/ organização (DUTRA, 2016). Idalberto Chiavenato (2020, grifos nosso), por sua vez, diferencia Mercado de Trabalho de Mercado de Talento, em que o primeiro se caracteriza pelas oportunidades de trabalho e vagas ofertadas pelas diversas organizações; e o segundo se constitui pelas pessoas que estão em busca de emprego, dispostas a trabalhar ou, mesmo estando trabalhando, dispostas a buscar outro emprego. No entanto, para o autor, o grande desafio é fazer com que o mercado de talentos e o mercado de trabalho caminhem de mãos dadas. Acredito que as nossas discussões, até aqui, tenham feito sentido para você, prezado(a) aluno(a), desde quando iniciamos com a ilustração da nossa “grande árvore” da ARH/GP e fomos desbravando o “galho” do processo de prover pessoas e, na sequência, dentro da nossa analogia, falando sobre a “ramificação” do plane- jamento de RH, certo? Por isso, uma análise profunda do ambiente e do mercado de trabalho pode determinar o sucesso desse planejamento e, consequentemente, 27 da organização que o aplica. A autora Maria Diva da Salete Lucena (2017) destaca que a análise do ambiente e do mercado de trabalho tem os seguintes objetivos: ■ Identificar aspectos da conjuntura econômico-político-social e de relações trabalhistas que possam afetar as ações estratégicas de Recursos Humanos. ■ Levantar alternativas para gerenciar situações delicadas ou sensíveis a variáveis conjunturais. ■ Identificar necessidades de desenvolvimento de programas ou atividades voltadas para atender às carências apresentadas pelo mercado de trabalho (LUCENA, 2017, p. 166). Ao falar sobre a influência do mercado de trabalho sobre os processos de captação e seleção de talentos, é preciso considerarque, independente do seu porte, a organização que contrata deve ter meios de analisar o contexto em que está inserida, as caracterís- ticas do mercado e o momento específico em que se encontra. Isso porque selecionar profissionais em um cenário em que existe, apenas, a sua empresa, em determinado segmento, e mão de obra abundante é muito diferente de selecionar em situações nas quais existem muitas empresas da mesma natureza, disputando um mesmo tipo de candidato (HANASHIRO; TEIXEIRA; ZACCARELLI, 2008). Neste sentido, é possível ter uma dimensão da responsabilidade dos profis- sionais de RH, sobretudo, daqueles que atuam diretamente com os processos de identificação e realocação de talentos, em relação à importância de estarem atentos às informações e situações ligadas ao mercado de trabalho, especialmente àquelas que se conectam diretamente com o negócio da sua empresa. Isso vai possibilitar melhor alinhamento de estratégias ao atendimento das necessidades da organização, diante das alternativas disponíveis. Vamos analisar, a seguir, duas situações em que o mercado de trabalho pode se deparar. A primeira delas é quando as oportunidades de trabalho são mais abun- dantes do que a procura por elas, ou seja, tem muita vaga de emprego disponível e poucas pessoas em situação de procura por essas vagas. Nesse cenário, dizemos que o mercado de trabalho se encontra em situação de oferta. A segunda é quando as oportunidades de trabalho são mais escassas do que a procura por elas, ou seja, há poucas vagas de emprego disponíveis e muitas pessoas em situação de procura por essas vagas. Nesse cenário, nós temos um mercado de trabalho em situação de procura (CHIAVENATO, 2020). Veja a Figura 2, a seguir. UNICESUMAR UNIDADE 1 28 O fato é que ambas as situações trazem consequências, tanto para as organizações que contratam quanto para os potenciais talentos em busca de oportunidades no mercado de trabalho, como nos mostra o autor Idalberto Chiavenato (2020) nos Quadros 3 e 4, a seguir. Mercado de trabalho em oferta Mercado de trabalho em procura • Fortes e investimentos em recru- tamento para atrair candidatos. • Baixos investimentos em re- crutamento devido à oferta de candidatos. • Critérios de seleção mais flexí- veis e menos rigorosos. • Critérios de seleção mais rígidos e rigorosos para aproveitar a abundância de candidatos. • Investimentos em treinamento para compensar a inadequação dos candidatos. • Poucos investimentos em treina- mento para aproveitar candida- tos já treinados • Ofertas salariais estimulantes para atrair candidatos. • Ofertas salariais mais baixas para aproveitar a competição entre candidatos. Mercado de trabalho Oferta Abundância de oportunidades de emprego Procura Escassez de oportunidades de emprego Descrição da Imagem: a Figura 2 apresenta as situações em que o mercado de trabalho pode se encon- trar. Nos extremos de uma seta, nós temos, do lado esquerdo, a situação de “Oferta”, que representa “abundância de oportunidades de emprego”. Do lado direito, nós temos a situação de “Procura”, que representa a “escassez de oportunidades de emprego”. Figura 2 – Situações do mercado de trabalho / Fonte: Chiavenato (2020, p. 98). 29 Mercado de trabalho em oferta Mercado de trabalho em procura • Investimentos em benefícios sociais para atrair candidatos e reter funcionários. • Poucos investimentos em bene- fícios sociais, pois não há neces- sidade de mecanismo de fixação do pessoal • Ênfase no recrutamento interno, como meio de reter os funcionários atuais e dinamizar os planos de carreiras. • Ênfase no recrutamento exter- no, como meio de melhorar o potencial humano, substituindo funcionários por candidatos de melhor qualificação. Quadro 3 - Impacto do Mercado de Trabalho sobre as práticas de Gestão do Talento Humano das organizações / Fonte: Chiavenato (2020, p. 99). Mercado de trabalho em oferta Mercado de trabalho em procura • Excesso de vagas e de oportunidade de emprego no mercado de trabalho. • Escassez de vagas e de oportunidade de emprego no mercado de trabalho • Os candidatos escolhem e selecionam as organizações que ofereçam melhores oportunidades, salários e benefícios. • Os candidatos concorrem entre si para conseguir as poucas va- gas que surgem, apresentando propostas salariais mais baixas ou candidatando-se a cargos inferiores às suas qualificações. • As pessoas se predispõem a deixar seus empregos atuais para tentar melhores oportunidades em outras organizações, aumentando a rotatividade de pessoal. • As pessoas procuram fixar-se nos atuais empregos, com medo de engrossar as filas de candidatos desempregados. UNICESUMAR UNIDADE 1 30 Mercado de trabalho em oferta Mercado de trabalho em procura • Os funcionários sentem-se donos da situação e fazem reivindicações de melhores salários, benefícios e tornam-se mais indisciplinados, faltam e atrasam mais, aumentando o absenteísmo. • Os funcionários passam a não criar atritos em seus empre- gos, nem a propiciar possíveis desligamentos, tornam-se mais disciplinados, procuram não fal- tar e nem se atrasar ao serviço. Quadro 4 - Impacto do Mercado de Trabalho sobre os candidatos/ Fonte: Chiavenato (2020, p. 99). NOVAS DESCOBERTAS O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é uma forma de se manter atualizado em relação à taxa de emprego/desempenho bem como sobre o número de desempregados em nosso país. Saiba mais acessando o QR Code. Observe, meu(a) caro(a) estudante, que: “ Encontrar bons profissionais depende do mercado de trabalho, que pode estar favorável ora ao empregador, ora ao empregado, depen-dendo de variáveis como o momento econômico, a natureza das vagas oferecidas, a exigência de qualificação dos profissionais, a produtividade, etc. (KNAPIK, 2012, p. 191). Robbins e Judge (2014, p. 2), no entanto, afirmam que, “independentemente das condições do mercado de trabalho, funcionários de excelência são sempre difí- ceis de encontrar e manter”. Para os autores, as organizações que conseguem se posicionar como bons lugares para se trabalhar, acabam tendo maior vantagem em relação às outras no processo de atração e seleção de talentos. Na mesma linha de raciocínio, Dutra (2016, p. 84) fala sobre a relação que a imagem institucional da organização tem sobre o mercado de trabalho. Para o autor, “uma imagem positiva traz facilidades na captação de pessoas”. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11837 31 Retomando a nossa questão norteadora, lançada anteriormente, você sabe o que o mercado de trabalho espera encontrar em um talento? Quais são as característi- cas que as organizações empregadoras mais valorizam nos profissionais? Ter esse conhecimento é importante para você, futuro(a) profissional da área de Recursos Humanos, especialmente se optar por atuar com Recrutamento e Seleção de Pessoal. Para encontrar respostas para essa questão norteadora é preciso, antes, com- preender o que seria um talento, o qual, de acordo com Chiavenato (2020), tra- ta-se de um indivíduo que possui competências que o tornam um tipo especial de pessoa, ou seja, para ser um talento, é preciso ter um diferencial competitivo que o valorize em relação às demais pessoas e, justamente por isso, nem toda pessoa que faz parte da organização é, necessariamente, um talento. Chiavenato (2020, p. 42) destaca, ainda, que o talento se constitui a partir de quatro aspectos essenciais que compõem a competência individual: 1. Conhecimento: é o saber. Constitui o resultado de aprender a aprender, aprender continuamente e aumentar continuamente o conhecimento. O conhecimento é a moeda mais valiosa de hoje. 2. Habilidade: é o saber fazer. Significa utilizar e aplicar o conhecimento, seja para resolver problemas ou situações ou criar/inovar. Em outras palavras, habilidade é a transformação do conhecimento em resultado. 3. Julgamento: é o saber analisar a situação e o contexto. Significasaber obter dados e informação, ter espírito crítico, julgar os fatos, ponderar com equilíbrio, definir prioridades e tomar decisões. 4. Atitude: é o saber fazer acontecer. A atitude empreendedora permite alcançar e superar metas, assumir riscos, agir como agente de mudança, agregar valor, obter excelência e focar em resultados. É o que leva a pessoa a assumir a iniciativa e alcançar autorrealização do seu potencial. Analisando tais aspectos e conceitos apresentados por Chiavenato (2020) acerca do talento humano, podemos inferir que, ao buscar por profissio- nal diferenciado no mercado de trabalho, a organização espera que esse indivíduo, além de ter os conhecimentos teóricos sobre determinada atividade que faça parte das atribuições da vaga disponível, também saiba como aplicar esses conhecimentos bem como tenha capa- cidade para analisar, julgar e tomar decisão sobre as situações problemas que venham enfrentar e, principalmente, seja UNICESUMAR UNIDADE 1 32 propenso a se comportar de maneira favorável para que as entregas sejam feitas e os resultados alcançados. Neste contexto, caro(a) estudante, as organizações têm buscado captar talen- tos possuidores de um conjunto de competências técnicas e comportamentais ou, como também são conhecidas nos dias atuais, de hard e soft skills, que fazem sentido e estão alinhadas aos requisitos necessários para o atendimento dos ob- jetivos organizacionais. Veja as diferenças entre as competências no Quadro 5: Competências Conceito Exemplos Hard skills Competências do domínio técnico, adquiridas por meio de formação pro- fissional e acadêmica ou pela experiência adquirida; competências relacionadas com a profissão ou ativida- de exercida; procedimen- tos administrativos rela- cionados com a área de atividade da organização. Capacidade de operar/ manusear máquinas, apa- relhos e equipamentos; conhecimentos relativos a normas de segurança; co- nhecimentos de informáti- ca/programas; habilidades financeiras/contábeis; experiência profissional e técnica. Soft skills Habilidades universais/ transversais, não acadê- micas e não relacionadas com a formação ou com o desempenho de funções técnicas; traços de perso- nalidade; objetivos; pre- ferências e motivações; atributos de carreira. Capacidade de se comu- nicar, de dialogar, de res- ponder, de cooperar com os outros, de trabalhar em equipe/ grupo; capacidade de resolver problemas/ conflitos, de motivar, de estimular, de incentivar, de facilitar, de apoiar e de se adaptar; criatividade; iniciativa; capacidade de se comportar em diferen- tes situações; etiqueta. Quadro 5 - Conceitos e exemplos de hard skills e soft skills Fonte: adaptado de Swiatkiewicz (2014 apud BES et al., 2021, p. 21-22). 33 Ainda, falando sobre características que o mercado de trabalho valoriza no pro- fissional, Robbins e Judge (2014) abordam, em sua obra, algumas competências comportamentais, como: inteligência emocional, capacidade de tomar decisões assertivas com base em suas percepções, habilidade em trabalhar em equipe, comunicação, liderança, negociação, entre outras. Nesse caminho, Ribeiro (2019, p. 5) observa que “as pessoas necessitam ser cada vez mais flexíveis e adaptáveis, pois quanto maior a tecnologia, mais alta será a necessidade de contato humano”. Analisando as tendências do mercado, o Fórum Econômico Mundial divulgou em seu relatório intitulado “The Future of Jobs 2020”, as 10 principais competên- cias profissionais do futuro (2020-2025), sendo elas: 1. Analytical thinking and innovation (pensamento analítico e inovação). 2. Active learning and learning strategies (aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem). 3. Complex problem-solving (resolução de problemas complexos). 4. Critical thinking and analysis (pensamento crítico e análise). 5. Creativity, originality and initiative (criatividade, originalidade e iniciativa). 6. Leadership and social influence (liderança e influência social). 7. Technology use, monitoring and control (uso, monitoramento e controle de tecnologia). 8. Technology design and programming (projeto e programação de tecnologia). 9. Resilience, stress tolerance and flexibility (resiliência, tolerância ao es- tresse e flexibilidade). 10. Reasoning, problem-solving and ideation (raciocínio, resolução de prob- lemas e ideação) (WORLD ECONOMIC FORUM, 2020, on-line). NOVAS DESCOBERTAS O Relatório publicado em 2020, pelo World Economic Forum, sobre tendên- cias futuras para os próximos 5 anos traz muitas informações interessantes em relação a como o mercado de trabalho mundial se comporta. Saiba mais acessando o QR Code. Entre as competências apresentadas pelo Fórum Econômico Mundial, podemos observar que elas podem ser divididas em quatro tipos: UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11838 UNIDADE 1 34 Solução de problemas Autogerencia- mento Trabalhar com pessoas Uso e desen- volvimento de tecnologia • Pensamento analítico e ino- vação. • Resolução de problemas complexos. • Pensamento crítico e aná- lise. • Criatividade, originalidade e iniciativa. • Raciocínio, resolução de problemas e ideação. • Aprendizagem ativa e estraté- gias de apren- dizagem. • Resiliência, tolerância ao estresse e flexi- bilidade. • Liderança e in- fluência social. • Uso, moni- toramento e controle de tecnologia. • Projeto e pro- gramação de tecnologia. Quadro 6 - Top 10 das competências do futuro e seus respectivos tipos Fonte: adaptado de World Economic Forum (2020). Muito interessante todas essas abordagens sobre competências técnicas e com- portamentais, não é mesmo, caríssimo(a) aluno(a)? Neste momento, eu o(a) con- vido a fazer uma análise geral do que foi apresentado sobre o tema e observar quais dessas competências estão sempre na lista de desejos dos empregadores e profissionais de recrutamento e seleção de pessoal, quando decidem pela busca de um talento no mercado de trabalho. Imagine que você trabalha em uma empresa que está tentando se destacar no mercado em que atua. O que muda em relação aos concorrentes, quando o ramo de atuação é o mesmo, os bens e serviços são similares e até mesmo os preços são iguais? EXPLORANDO IDEIAS 35 PESSOAS COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO Uma vez feita a sua análise, vamos falar agora sobre pessoas como diferencial competitivo e entender o que muda quando o ramo de negócio é o mesmo, os pro- dutos ofertados são os mesmos ou, até mesmo, os preços praticados são os mesmos! Segundo Hanashiro, Teixeira e Zaccarelli (2008, p. 17), “a competitividade reflete-se na posição relativa de uma empresa perante seus concorrentes, deven- do ter fontes de vantagem competitiva que resultem em atratividade de clientes superior às de seus concorrentes”. As autoras trazem, ainda, alguns pontos em comum dos atributos que caracterizam uma fonte de vantagem competitiva sus- tentável, sendo: possibilidade de criação de valor e serem raros; difíceis de serem imitáveis; difíceis de serem percebidos; imperfeitamente substituíveis; duráveis (HANASHIRO; TEIXEIRA; ZACCARELLI, 2008). Na mesma linha de raciocínio, Snell, Morris, Bohlander (2020, p. 47-48) falam sobre como as organizações podem manter uma vantagem competitiva por meio das pessoas, mediante o atendimento dos seguintes critérios: 1. Os recursos devem ser valiosos. As pessoas são uma fonte de vantagem competitiva quando aumentam a eficiência ou a efetividade da empresa. O valor aumenta quando os funcionários encontram meios de diminuir os custos, de fornecer aos clientes algo único ou quando conseguem com- binar esses dois aspectos. UNICESUMAR UNIDADE 1 36 2. Os recursos precisam ser raros. As pessoas são uma fonte de vantagem competitiva quando seus conhecimentos, habilidades e capacidades não estão igualmente disponíveis para os concorrentes. 3. Os recursos devem ser difíceis de ser imitados. As pessoas se tornam uma fonte de vantagem competitiva quando suas capacidades e contri- buiçõesà empresa não podem ser copiadas por outras empresas. 4. Os recursos devem ser organizados. As pessoas se tornam uma fonte de vantagem competitiva quando seus talentos podem ser combinados e empregados em novas atribuições no momento em que as oportunidades forem detectadas. Outra fonte valiosa de vantagem competitiva é a capacidade de uma organização de se antecipar às necessidades do mercado em que atua, indo, assim, muito além de apenas se adaptar às mudanças que surgirem. Vale ressaltar, também, que, mesmo que a organização tenha a possibilidade de acessar e colocar em uso várias tecno- logias, a geração de vantagem competitiva sustentável depende de vários outros fatores, por exemplo, a compreensão das especificidades do mercado em que ela está inserida e isso depende das pessoas que fazem parte dessa organização. Neste sentido, a tecnologia, por si só, não se torna vantagem competitiva (HANASHIRO; TEIXEIRA; ZACCARELLI, 2008). Assim, nas palavras de Chiavenato (2020, p. 32): “ As pessoas talentosas passam a significar o diferencial competitivo que mantém e promove o sucesso organizacional: passam a consti-tuir a competência básica da organização, a sua principal vantagem competitiva em um mundo globalizado, instável, mutável e forte- mente competitivo. Essa competitividade, dinamismo e instabilidade do mercado teve início a partir da década de 90, com a chegada da globalização, e isso fez com que, até os dias de hoje, as exigências de que novas capacidades sociais e comportamentais fossem desenvolvidas pelos gestores das organizações para que eles pudessem tornar os objetivos estratégicos organizacionais palpáveis, obtendo resultados por inter- médio das pessoas (BES et al., 2021). 37 É na crise que as pessoas revelam seus talentos e competências como ferramentas estratégicas para obtenção de vantagem competitiva para as organizações que buscam sobreviver à concorrência acirrada desse mundo globalizado. Dessa forma, pessoas comprometidas e capacitadas, com foco em resultados, resistentes à pressão que um ambiente econômico instável pode cau- sar e dotadas de habilidades de relacionamento interpessoal são os alicerces e o conjunto de engrenagens que conferem à organização uma vantagem competitiva nesse contexto. E é aí que entra a necessidade de um olhar cuidadoso da organi- zação para essas pessoas (KNAPIK, 2012). NOVAS DESCOBERTAS Título: Suits (Homens de Terno) Ano: 2011 a 2019 Sinopse: mesmo sem se formar e sem licença para advogar, um jo- vem brilhante impressiona um importante advogado em um proces- so seletivo e consegue uma cobiçada posição em sua firma. Comentário: a série permite analisar situações que envolvem seleção de candidatos, uso de competências técnicas e comportamentais na busca por resultados, ética profissional, entre vários outros temas interessantes e que fazem conexão com a nossa disciplina. Posto em discussão a obtenção de vantagem competitiva, por intermédio das pessoas, chegamos ao final desta primeira unidade e, na Unidade 2, conheceremos o “Processo de recrutamento de pessoas”. Mais um subsistema do “galho central” que abarca a nossa disciplina. Que tal conversarmos um pouco sobre “Gestão de Pessoas e sobre Mercado de Trabalho”? Ao ouvir este podcast, nós vamos juntos mergulhar, ainda mais, nesse assunto. Acesse agora mesmo, vamos lá? UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11208 UNIDADE 1 38 Agora que já conheceu os principais Processos da ARH/GP ou Gestão de Ta- lentos, como alguns autores a chamam, e pôde se aprofundar um pouco mais no Processo de Prover Pessoas, como é que você, meu(a) caro(a) aluno(a), sentiu-se em relação a essa possibilidade de atuação na área de Recursos Humanos? Será que, a exemplo da nossa personagem fictícia Mayara, a estagiária que citamos no início desta unidade, você também demonstrou alguma tendência ou preferência em re- lação às atividades de identificação e realocação de talentos? Calma, porque ainda temos muito a discutir sobre isso ok. Aguardo você na próxima unidade. Até lá! A partir do que foi apresentado ao longo dessa Unidade 1, elabore um mapa mental demonstrando como a Gestão de Pessoas se desdobra até chegar às ati- vidades de Identificação e Realocação de Talentos. Observe que, até aqui, ainda, não vimos todos os subsistemas que fazem parte desse tema, portanto, seu mapa mental deverá se afunilar para o planejamento estratégico de RH e as influências do mercado de trabalho nesse processo. As palavras-chave que vão direcioná- lo(a) são: ARH, provisão de pessoas, planejamento de RH, mercado de trabalho, diferencial competitivo. Para isso, não se limite ao que foi dito até aqui e explore ao máximo as possibilidades que essa ferramenta permite. Para auxilia-lo (a), eu já iniciei o Mapa. Agora é com você! Vamos continuar? Provisão de pessoas Planejamento de RH Recrutamento Seleção Integração e Socialização Mercado de trabalho ARH / GP 2Processo de Recrutamento de Pessoas Esp. Roberson Vieira Machado Olá, estimado(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a) a esta segunda uni- dade do nosso livro. Por aqui, será possível compreender a captação de talentos, a partir da apresentação de conceitos e definições do recrutamento de pessoas. Em seguida, conheceremos e discutiremos os tipos de recrutamento que podem ser utilizados para atrair profis- sionais interessados em uma vaga e sobre os principais métodos uti- lizados nesse processo. Por fim, falaremos a respeito da importância e, também, como deve acontecer a triagem e análise de currículos. UNIDADE 2 42 Lorenzo acaba de assumir a gestão do setor de Recursos Humanos de uma pequena fábrica de sorvetes que está passando por um momento de pleno crescimento e ex- pansão no mercado. Junto com o novo cargo veio o desafio de iniciar um processo de captação de mão de obra para assumir as vagas de trabalho abertas para uma nova filial da fábrica que será inaugurada daqui a noventa dias, em outro município. Com o prazo estabelecido para o início das atividades da nova fábrica de sorvetes, Lorenzo iniciou uma pesquisa de mercado naquela região e, também, um estudo e análise para decidir sobre os melhores métodos de recrutamento de talentos que correspondessem às expectativas e atendessem as necessidades da empresa. A narrativa traz um cenário comum na vida de um profissional de Recursos Humanos, em menor ou em maior proporção, quando se fala sobre a busca por mão de obra qualificada no mercado de trabalho, mediante a abertura de vagas na empresa. Como vimos ao longo da Unidade 1 deste livro, caro(a) aluno(a), seguimos com nossos estudos, abordando mais uma “ramificação” daquele “galho”, intitulado Processo de prover pessoas, que faz parte da nossa “grande árvore” chamada Ad- ministração de Recursos Humanos. Após abordarmos o Planejamento de Recursos Humanos nos estudos anteriores, a partir do desafio vivenciado pelo personagem fictício Lorenzo, vamos seguindo, naturalmente, o caminho da Identificação e Rea- locação de Talentos, falando, agora, do subsistema de Recrutamento de Pessoas. Ainda que não tenha tido a oportunidade de trabalhar na área ou vivenciar, na prática, toda a elaboração de um processo de captação de talentos, ouso ar- riscar em afirmar que, certamente, você já deve ter visto ou tido contato com algumas divulgações de vagas de emprego por aí, não é mesmo? Partindo desse pressuposto, meu(a) caro(a) aluno(a), durante esses contatos com tais ações de captação de mão de obra, você tinha, ou tem, o hábito de analisar as estratégias utilizadas pelo recrutador? De analisar o texto, as imagens ou os canais utilizados para a divulgação da vaga? Conseguia enxergar possíveis erros e acertos e, ainda, apreciar a criatividade que alguns desses profissionais possuem ao realizar esse trabalho? Pois é, se a minha suposição inicial estiver correta, esteja certo que essas experiências têm relação com o conteúdo que será trabalhado ao longo desta unidade. Dessemodo, gostaria de convidar você para uma busca rápida de vagas de empregos em alguns sites de recrutamento e para que leia a descrição dessas vagas. Avalie os elementos que compõem a descrição de cada vaga e avalie as similaridades e diferenças entre uma vaga e outra. 43 Diante dessa discussão inicial eu lhe pergunto, futuro(a) Gestor(a) de Re- cursos Humanos(a), você sabia que o recrutamento é uma das principais ativi- dades realizadas pelo RH? Mas, afinal, o que deve ser considerado ao iniciar um processo de recrutamento de pessoal? Qual é a finalidade desse subsistema da Administração de Recursos Humanos/Gestão de Pessoas (ARH/GP)? Quais são as possibilidades de realização desse processo? Como garantir uma atração de qualidade durante o processo? E o que fazer para poder facilitar e avançar para a próxima etapa? Utilize o espaço do seu diário de bordo para colocar suas reflexões sobre os questionamentos apresentados. DIÁRIO DE BORDO UNIDADE 2 UNIDADE 2 44 RECRUTAMENTO DE PESSOAS Dessa forma, prezado(a) estudante, seguimos com a nossa segunda unidade, fa- lando sobre Recrutamento de Pessoas, o qual, segundo Ribeiro (2012, p. 40), “é um sistema de informações que visa atrair candidatos potencialmente qualifica- dos, dos quais serão selecionados futuros funcionários da organização”. Observe que o autor fala sobre a atração de candidatos com potencial de serem contrata- dos, a partir da análise de suas qualificações. Na mesma linha de pensamento, Chiavenato (2020, p. 102) diz que “o recru- tamento corresponde ao processo pelo qual a organização atrai candidatos no mercado de talentos para abastecer o seu processo seletivo e suas necessidades de competências”, e as autoras Hanashiro, Teixeira e Zaccarelli (2008, p. 126) afirmam que “o processo de recrutamento consiste em atrair candidatos de acordo com um determinado perfil previamente estabelecido”. 45 Milkovich e Boudreau (2018, p. 162) referem-se ao mesmo como sendo “o processo de identificação e atração de um grupo de candidatos, entre os quais se- rão escolhidos alguns para posteriormente serem contratados para o emprego”, ou seja, a partir das concepções desses autores, podemos inferir que o recrutamento precede o processo de seleção e, também, que ele visa atrair potenciais talentos com determinadas características e competências específicas, previamente esta- belecidas para ocuparem uma vaga na organização. Lacombe (2021, p. 38, grifo nosso), todavia, afirma que “o recrutamento abrange o conjunto de práticas e processos usados para atrair candidatos para as vagas existentes ou potenciais”, ou seja, vagas ou postos de trabalho, ain- da, não disponíveis e, por isso, na concepção do autor, ele deve ser realizado permanentemente pelas organizações, devendo ser intensificado nos momentos em que vagas são disponibilizadas ou ofertadas. Segundo as autoras Erika G. Lotz e Jocely A. Burda (2015, p. 62, grifos das autoras), “este é o objetivo primeiro do processo de recrutamento: abastecer o processo de seleção da organização”. Neste sentido, meu(a) caro(a) aluno(a), o recrutamento tem como objetivos básicos não só comunicar e divulgar opor- tunidades de emprego, mas também atrair, simultaneamente, com essa comuni- cação, candidatos qualificados para o processo seletivo (CHIAVENATO, 2020). Logo, essa divulgação deve ser feita de modo que as pessoas interessadas na vaga ofertada sejam alcançadas e respondam à organização. Da mesma forma, a co- municação utilizada deve ser clara, fornecendo informações suficientes para que apenas os candidatos potencialmente aptos sejam atraídos, ao passo que aqueles não aptos desistam de se candidatarem. O que, porém, fazer para assegurar que tais objetivos sejam alcançados? Para ajudar você a encontrar respostas a esse questionamento, estimado(a) aluno(a), quero trazer a lembrança o que estudamos na Unidade 1 deste livro, sobre o Planejamento de RH. Qualquer que seja o modelo de planejamento direcionado a recursos humanos utilizado pela organização, ao realizar atividades de recruta- mento de pessoal, algumas perguntas básicas precisam ser respondidas, conforme nos apontam os autores Araújo e Garcia (2014): UNIDADE 2 UNIDADE 2 46 Por quê? Há realmente necessidade de recrutamento? Como? Em que circunstâncias as pessoas serão recrutadas e, de que forma isso será feito? Quem? Qual é o perfil profissional desejado e quais são os requisitos necessários para ocupar o cargo? Onde? Quais são os locais em que os talentos se encontram disponíveis e que a organização deverá buscá-los, considerando suas necessidades. Depois de percebida a necessidade de uma nova competência a ser desempenha- da por uma pessoa, competência essa necessária às atividades da organização, é que se deve iniciar um processo de captação. Tal processo compreende as etapas de definição estratégica do perfil do candidato desejado, decisão sobre o tipo de recrutamento a ser utilizado, planejamento de onde encontrar os talentos e a esco- lha do meio e o processo de divulgação. Dessa forma, responder questões — como “De quem precisamos?”, “Para que precisamos?” e “Por que precisamos?” — faz-se indispensável (HANASHIRO; TEIXEIRA; ZACCARELLI, 2008). Vale observar que, em um processo de recrutamento, existe uma bilateralida- de, na qual, não só a empresa escolhe as pessoas para ocuparem certo cargo, mas também o contrário, ou seja, as pessoas se candidatam às vagas ou às empresas em que acreditam ou que possuem certa afinidade (HANASHIRO; TEIXEIRA; ZACCARELLI, 2008; ARAÚJO; GARCIA, 2014). Todavia, para que esse encontro Descrição da Imagem: a Figura 1 apresenta as perguntas básicas que devem ser respondidas, segundo os autores Araújo e Garcia (2014), ao iniciar um processo de captação de pessoas. Nos quatro cantos da figura, nós temos quatro balões de pensamento com as questões: Por quê? (no canto superior do lado esquerdo) Quem? (no canto inferior do lado esquerdo) Como? (no canto superior do lado direito) Onde? (no canto inferior do lado direito) e, ao centro da figura, nós temos um ponto de interrogação. Figura 1 – Questionamentos básicos para a captação de talentos Fonte: adaptada de Araújo e Garcia (2014). 47 aconteça, é necessário que as organizações comuniquem e divulguem suas opor- tunidades de trabalho, de modo que as pessoas interessadas e aptas saibam como procurá-las e como iniciar uma relação de troca e reciprocidade para atingirem objetivos próprios e coletivos (CHIAVENATO, 2020). Consideremos, ainda, prezado(a) estudante, que não é possível recrutar po- tenciais talentos sem definir a função ou o cargo a ser preenchido. Por isso, é imprescindível que as informações sobre as funções desse cargo bem como os requisitos necessários para o bom desempenho do mesmo estejam muito claros. Isso vai permitir alcançar o propósito de uma boa seleção, que é colocar a pessoa certa na função certa (RIBEIRO, 2012). Nesse sentido, é preciso conhecer ao máximo a pessoa que vai ocupar o cargo disponível, e a melhor forma de obter um perfil completo do candidato é con- versando diretamente com o responsável imediato pelo setor onde esse futuro colaborador irá trabalhar e, às vezes, inclusive, pode ser interessante conversar até mesmo com a equipe que irá trabalhar com o novo colaborador. Além disso, é necessário, também, conhecer o negócio da empresa e saber qual o resultado esperado de cada indivíduo (HANASHIRO; TEIXEIRA; ZACCARELLI, 2008; RIBEIRO, 2012). Segundo Maximiano (2014, p. 280): “ O processo de recrutamento tem cinco componentes (ou etapas) principais: (1) definir os objetivos, (2) definir o perfil do cargo e os requisitos dos candidatos, (3) escolher as fontes e (4) os meios de comunicação e (5) planejar e executar as atividades de recrutamen- to, integradas com as do processo de seleção. Análise de cargos: procedimento para a determinação dos requisitos e competências ne- cessárias para a realização de um trabalho e do perfil dapessoa que deve ser contratada. Descrição de cargos: detalhamento de requisitos, responsabilidades, relações de subordi- nação, condições de trabalho e responsabilidades de supervisão — resultante da análise de cargos. Especificações de cargos: detalhamento das “necessidades humanas”, treinamento neces- sário, habilidades, perfil e, assim, por diante — também resultante da análise de cargos. Fonte: adaptado de Dessler (2014, p. 74). EXPLORANDO IDEIAS UNIDADE 2 UNIDADE 2 48 Para melhor ilustrar a afirmação do autor, essas etapas estão representadas na Figura 2, a seguir. Atividades de recrutamento Meios de recrutamento Escolha das fontes Cargos e candidatos Objetivos Formam um projeto integrado com as atividades de seleção. Escolha dos meios de comunicação com os candidatos potenciais. Especificação das fontes internas e externas nas quais os candidatos serão recrutados. Descrição dos cargos a preencher e definição do perfil dos candidatos desejados. Definição das vagas a serem preenchidas e das justificativas para preenchê-las. Ok, tudo certo até aqui, mas quais são os tipos de recrutamento que podemos utilizar em um processo de atração e captação de talentos? É possível utilizarmos mais de um tipo de recrutamento em um mesmo processo? PENSANDO JUNTOS Descrição da Imagem: a Figura 2 apresenta as etapas do processo de recrutamento, na concepção de Maximiano (2014, p. 280). Na lateral esquerda da figura, temos um fluxograma de 5 etapas, composto por caixas retangulares seguidas por setas, no sentido de baixo para cima, do lado direito da figura, para cada etapa há um texto explicativo. Nós temos a primeira etapa que trata sobre os Objetivos, em que deverão ser definidas as vagas a serem preenchidas e as justificativas para preenchê-las. A segunda etapa refere-se aos Cargos e Candidatos, em que deverão ser descritos os cargos a preencher e definido o perfil dos candidatos desejados. Na terceira etapa, o autor fala sobre a Escolha das Fontes de recrutamento, em que deverão ser especificadas as fontes internas e externas nas quais os candidatos serão recrutados. A quarta etapa trata dos Meios de Recrutamento, em que deverá ser feita a escolha dos meios de comu- nicação com os candidatos potenciais. E a quinta e última etapa fala das Atividades de Recrutamento, as quais formam um projeto integrado com as atividades de seleção. Figura 2 - Etapas do processo de recrutamento / Fonte: Maximiano (2014, p. 280). 49 TIPOS DE RECRUTAMENTO Agora que você já sabe do que se trata esse subsistema, vamos falar sobre os Tipos de Recrutamento e, de antemão já lhe adianto, meu(a) caro(a) estudante, que te- mos três alternativas, do ponto de vista de sua aplicação, sendo os recrutamentos Interno, Externo e Misto, os quais deverão ser escolhidos em razão das caracte- rísticas preestabelecidas em relação ao posto de trabalho a ser preenchido e ao perfil do candidato desejado para ocupar essa vaga (ARAÚJO; GARCIA, 2014). As pessoas aptas a ocuparem o cargo vago poderão ser encontradas dentro ou fora da organização, possibilitando um recrutamento interno, por meio de promoção, progressão ou reclassificação, e/ou um recrutamento externo, via con- tratação. Dessa forma, considerando o contexto organizacional, pode-se decidir pela utilização de um tipo de recrutamento ou dos dois, de modo simultâneo ou sucessivo (PAIVA, 2019). Vamos conhecer cada uma dessas modalidades de recrutamento utilizadas pelas organizações. UNIDADE 2 UNIDADE 2 50 Recrutamento interno Segundo Araújo e Garcia (2014, p. 17), “o recrutamento é considerado interno quando a organização utiliza seus próprios recursos humanos sem recorrer ao mercado externo”. Na mesma linha de raciocínio, as autoras Hanashiro, Teixeira e Zaccarelli (2008, p. 126) se referem ao recrutamento interno sobre “quando procuramos dentro da empresa o candidato mais adequado a um determinado perfil necessário para agregar valor a uma competência organizacional”. Alguns autores indicam o recrutamento interno como a primeira opção para a captação de talentos, partindo para o recrutamento externo somente quando não se tem, dentro da empresa, pessoas capazes de atender ao perfil desejado. Mas, ainda que a maioria das empresas tentam seguir uma política de preenchimento das vagas para cargos superiores aos de base, por meio de promoções e transfe- rências, nem sempre é o que acontece, uma vez que isso depende da cultura dessa organização (HANASHIRO; TEIXEIRA; ZACCARELLI, 2008; RIBEIRO, 2012; SNELL; MORRIS; BOHLANDER, 2020). Nesse sentido, Lacombe (2021) afirma que, em qualquer processo de recru- tamento, a prioridade deve ser dada ao recrutamento interno. Porém, o autor observa a necessidade de uma boa avaliação do pessoal disponível para evitar promoções ou transferências malsucedidas por falta de conhecimento adequado das qualificações dos indivíduos, implicando na perda de bons profissionais. O recrutamento interno costuma envolver transferências, promoções, pro- moções com transferências, programas de desenvolvimento de pessoal e plano de carreira. É, também, recomendável que só seja feito sob a condição de que um potencial candidato da casa tenha condições de, no mínimo, igualar-se ao antigo ocupante dentro de determinado prazo (RIBEIRO, 2012). Esse tipo de recrutamento privilegia os atuais colaboradores para oferecer- -lhes oportunidades melhores dentro da organização, por meio da oferta de promoções a cargos mais elevados, mais complexos e mais motivadores, ou de transferências para cargos que envolvam outras competências do indivíduo (CHIAVENATO, 2020, grifos nosso). Assim, somos levados a pensar a respeito das vantagens e desvantagens que o uso do recrutamento interno pode oferecer. Vejamos, sob o olhar de alguns autores, o que temos no Quadro 1: 51 VANTAGENS DESVANTAGENS Ribeiro (2012, p. 46): • É mais rápido. • É mais barato. • Oferece oportunidades de cresci- mento para o “pessoal da casa”. • Motiva o funcionário aproveitado e os demais funcionários. Araújo e Garcia (2014, p. 17 e 18): • Necessidade de investimentos de menor ordem. • Rapidez no processo. • Disponibilidade de investimento para outras atividades. • Segurança em relação aos seus recursos humanos. • Motivação das pessoas. Chiavenato (2020, p. 104 e 105): • Aproveita melhor o potencial humano da organização. • Motiva e encoraja o desenvol- vimento profissional dos atuais colaboradores. • Incentiva a permanência e a fidelidade dos colaboradores à organização. • Ideal para situações de estabilidade e pouca mudança ambiental. • Não requer socialização organi- zacional de novos membros. • Probabilidade de melhor sele- ção, pois os candidatos são bem conhecidos. • Custa financeiramente menos do que fazer recrutamento externo. Ribeiro (2012, p. 46): • Impede a “injeção de sangue novo”. • Não permite renovação dos re- cursos humanos. • Não permite absorção do know- -how de empresas concorrentes ou outras empresas. • Nem sempre você encontra pes- soas realmente em condições de assumir as novas funções. Araújo e Garcia (2014, p. 18-20): • Pessoas conectadas com a cul- tura. • Relacionamentos em conflito. • Excesso nas promoções. • Protecionismo. • Baixa racionalidade no processo. Chiavenato (2020, p. 104 e 105): • Pode bloquear a entrada de no- vas ideias, experiências e expec- tativas. • Facilita o conservantismo e favo- rece a rotina atual. • Mantém quase inalterado o atual patrimônio humano da organi- zação. • Ideal para empresas mais buro- cratizadas e mecanísticas. • Mantém e conserva a cultura organizacional existente. • Funciona como um sistema fe- chado de reciclagem contínua. Quadro 1 - Vantagens e desvantagens do recrutamento interno / Fonte: adaptado de Ribeiro (2012); Araújo e Garcia (2014); Chiavenato (2020). UNIDADE 2 UNIDADE 2 52 A partir dos conceitos e definições apresentados sobre o recrutamento interno, podemos inferir, prezado(a) estudante, que as fontes desse
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