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Orientação Profissional e Mercado de Trabalho Autor João Carlos Barreto Indaial – 2021 1a Edição Indaial – 2021 OrientaçãO prOfissiOnal e mercadO de trabalhO Prof. João Carlos Barreto 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof. João Carlos Barreto Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: apresentaçãO Com a globalização e a revolução tecnológica em que atravessamos, se especializar cada vez mais é essencial para o alcance do chamado sucesso profissional. Para isso, é necessário conhecer o mercado de trabalho e entender como uma orientação profissional pode contribuir no desenvolvimento de pessoas mais preparadas para enfrentarem os diversos desafios existentes. Assim, vocês Alunos, saibam que uma série de fatores podem garantir uma melhor posição no mercado de trabalho. Conheçam algumas sugestões e estejam preparados! Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o ma erial base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE 9 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA Ensino e qualificação UNIDADE 1 PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – Qualificação e direcionamento profissional TÓPICO 2 – Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • Conhecer algumas profissões disponíveis no mercado de trabalho; • Estudar a história do ensino técnico; • Demonstrar a importância do ensino técnico para o desenvolvimento das pessoas e das empresas no Brasil; • Identificar as qualificações necessárias e as exigências do mercado de trabalho; • Compreender o conceito de ensino técnico e como isso contribui na qualificação e direcionamento profissional, destacando as habilidades e competências. • Disseminar as práticas empreendedoras e de gestão de pessoas. • Analisar as potenciais ações envolvendo empreendedorismo e inovação; • Conhecer o intraempreendedorismo para desenvolver suas ideias na empresa. 10 Desde sempre ouvimos falar que o aprendizado é fundamental para o crescimento profissional. Nossos pais e familiares incentivam que o estudo seja prioridade e, assim, devemos buscar nos qualificar. Acontece que, dependendo das condições financeiras da família e outros fatores, nem sempre é possível a dedicação apenas aos estudos, o que faz o indivíduo buscar uma colocação profissional. Figura 1 - Jovem em busca de emprego Fonte: Portal G1 (2020). Ao buscar uma oportunidade, o jovem se depara com uma situação comum: a falta de experiência, fazendo com que seja preterido nas vagas disponíveis e aumente o indicador de desemprego dessa faixa etária. Aliada à falta de experiência, a qualificação é uma barreira que precisa ser ultrapassada. Para se ter uma ideia da situação, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que mais de 75% dos brasileiros não se interessam por curso de qualificação profissional e apenas 2,2% das pessoas com 15 anos ou mais frequentavam algum tipo de curso de qualificação profissional (SILVEIRA, 2017). Segundo a reportagem, apesar do desinteresse, quem faz um curso profissionalizante se diz satisfeito e entende ser importante o aprendizado, apesar de quase metade nunca ter atuado na área em que se qualificou. 11 Figura 2 - Exemplo de curso de qualificação Fonte: Silveira (2017). E o que você, aluno, tem a ver com isso? Tudo! Se há interesse, há oportunidade! Se a qualificação profissional é essencial e muitos jovens não a buscam, os interessados no aprendizado podem ter mais oportunidades de emprego e, consequentemente, mais possibilidades de ingressar no mercado de trabalho na área de sua preferência, o que é, sem dúvida, o objetivo para qualquer profissional. Mas, para que tudo isso aconteça, é necessário começar e o ensino técnico é uma porta de entrada importantíssima para o mercado de trabalho para jovens que buscam uma qualificação. Então, vamos conhecer um pouco mais sobre o ensino técnico? 23 TÓPICO 2 UNIDADE 1 Qualificação e direcionamento profissional A qualificação é, sem dúvida, uma das principais necessidades de um profissional que pretende não só entrar no mercado de trabalho, mas se manter nele. Já sabemos que, quanto maior a nossa qualificação, mais oportunidades profissionais podemos ter. Entretanto, a qualificação passa pelo direcionamento profissional que pretendemos seguir, sendo essa decisão mais complexa do que podemos imaginar. Todas as decisões que tomamos ao longo da vida, sejam elas pessoais ou profissionais, passam por uma série de fatores até chegarmos à conclusão do que fazer. Algumas decisões parecem mais simples, outras nem tanto. Você já parou para analisar como as nossas decisões afetam o nosso dia-dia e até nosso futuro? Se ainda não fez isso, deveria. Vamos supor que você esteja empregado em uma empresa e surge uma nova oportunidade. Como decidir se é melhor permanecer onde você está ou mudar? Como saber se o novo emprego é melhor que o atual? Essas respostas são difíceis de se obter, o que faz o profissional decidir, muitas vezes, apenas pela variação salarial (se a nova empresa ofertar mais, a mudança acontece). Ao longo do tempo, percebe-se que o salário é um item importante para a decisão, mas não pode ser o único fator determinante. Quer ver como essa decisão é complexa? Faça um teste, considerando o que é importante para decidir permanecer no emprego ou mudar, baseado em duas partes: qualitativas (são as situações que não envolvem necessariamente valores, mas são fundamentais) e quantitativas (são as situações que envolvem valores). Imagineque você está muito bem empregado em uma empresa. Depois de alguns anos de trabalho na Empresa A, você é o coordenador administrativo, responsável por dezenas de empregados, com uma sala própria, as pessoas o respeitam e a empresa afirmar querer investir ainda mais em sua qualificação. Um amigo seu, também se considera bem empregado na empresa B em que trabalha. Ao abrir uma vaga gerencial, ele o convida para fazer uma entrevista para você conhecer um pouco mais sobre a oportunidade. Após algumas negativas, você aceita e vai. Ao final da entrevista, você separou o que considera importante para tomar a decisão. 24 UNIDADE 1 Ensino e qualificação Quadro 1 - Análise para tomada de decisão: Mudança de empresa Aspectos Quantitativos Aspectos Qualitativos Salário Cargo Benefícios (VA/VR/Ass. Médica) Peso da Marca (nome da empresa) Bônus Anual (por nr. salários) Responsabilidade Participação nos lucros (por nr. salários) Aprendizado Cursos (Exceto Idiomas) Qualidade de vida Idiomas Plano de Carreira Estacionamento Ambiente de Trabalho Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Agora, com essa separação, faça o seguinte procedimento: 1. Atribua um peso decrescente de 7 a 1 (quanto mais alto o peso, mais importância para você no atual momento de carreira) para cada um dos itens. Por exemplo, se você é solteiro e sem filhos, um benefício como assistência pode ser menos importante que o aprendizado. Por outro lado, uma pessoa casada e com filhos, pode dar maior peso a esse item. É importante ressaltar que, obviamente, o salário é importante, mas tente não se prender a isso, estabelecendo um critério para determinar o peso. Por exemplo, recentemente, uma profissional foi trabalhar em uma empresa multinacional com o salário menor que a empresa em que atuava, sendo a principal razão dessa decisão, a oportunidade que se apresentava. 2. Depois de atribuir o peso para cada um dos itens, faça o mesmo procedimento com as duas empresas. Por exemplo, se você colocou no item “Idiomas” o peso 7, você estabelece o peso considerando o que você percebe nas duas empresas. A atribuição de peso às empresas deve considerar a importância do item no dia-dia, o incentivo da empresa ou o quanto você está satisfeito. 3. Multiplique o desejado x percebido, chegando ao total de cada item. 4. Some todos os totais. 5. A empresa que alcançar a maior pontuação é a sugerida para ser escolhida. Lembre-se que é um apoio à decisão, não sendo uma certeza de que a escolha será a melhor opção ao longo do tempo. Qualificação e direcionamento profissional 25 Tabela 1 - Peso para tomada de decisão: Mudança de emprego Aspectos Quantitativos Desejado Percebido Empresa A Total Percebido Empresa B Total Salário 6 3 18 1 6 Benefícios (VA/VR/Ass. Médica) 5 4 20 2 10 Bônus Anual (por nr. salários) 3 7 21 4 12 Participação nos lucros (por nr. salários) 2 2 4 5 10 Cursos (Exceto Idiomas) 1 5 5 7 7 Idiomas 7 6 42 6 42 Estacionamento 4 1 4 3 12 Aspectos Qualitativos Desejado Percebido Empresa A Total Percebido Empresa B Total Cargo 7 3 21 7 49 Peso da Marca (nome da empresa) 6 5 30 4 24 Responsabilidade 5 1 5 3 15 Aprendizado 3 2 6 6 18 Qualidade de vida 4 4 16 1 4 Plano de Carreira 1 6 6 2 2 Ambiente de Trabalho 2 7 14 5 10 Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Nesse exemplo, temos o seguinte resultado: a. Empresa A: Quantitativo (114 pontos) + Qualitativo (98 pontos) = 212 pontos b. Empresa B: Quantitativo (99 pontos) + Qualitativo (122 pontos) = 221 pontos Considerando esse resultado, a empresa B deve ser a escolhida. Observe que a sua empresa atual teve melhor desempenho nos aspectos quantitativos e pior desempenho nos qualitativos. Isso pode explicar que você, como profissional, está buscando, além do salário, aprendizado, um ambiente de trabalho agradável e um cargo mais alto dentre outros fatores. Ao término desse teste é possível afirmar que a sua possível qualificação o permitiu ser disputado por duas oportunidades de trabalho (manter-se no atual emprego ou aceitar a oferta da empresa B), sendo a decisão meramente analisada de forma comparativa. Entretanto, para que decisões como essa aconteçam, o profissional deve ter passado, no início de sua trajetória, por um direcionamento (ou orientação) de carreira, analisando profundamente a individualidade, envolvendo expectativas e interesses, corroborando, tempos depois, em disputas de empresas pela sua prestação de serviço. A orientação profissional propõe o foco para três tempos: o curso, a profissão e a carreira. Essa última diz respeito à perspectiva futura, que, ao contrário do que muita gente pensa, não oferece qualquer trajetória profissional em linha reta. Isso porque, ao processar 26 UNIDADE 1 Ensino e qualificação uma escolha dessa natureza, o indivíduo é obrigado a privilegiar determinados aspectos de si mesmo em prejuízo de outros. Vejamos: a escolha profissional é uma ação continuada que se inicia antes da adolescência, culmina nesse período com a decisão quanto ao curso que levará a uma profissão, que é o primeiro degrau da carreira, e prossegue ao longo da vida. (LEITE, 2018, p. 16). Observe que a trajetória profissional citada pela autora tem seu início antes da adolescência e é um processo contínuo que pode sofrer alterações ao longo do tempo, seja pelas oportunidades que aparecem, seja pelo interesse da própria pessoa. Figura 7 - Assinatura da primeira carteira de trabalho Fonte: Governo do Brasil (2020). O jovem que busca a primeira oportunidade de emprego deve, necessariamente, ter uma orientação profissional. Por exemplo, recentemente, um jovem buscava seu primeiro emprego e, por mais que se esforçasse, não tinha êxito, deixando-o desmotivado a continuar. Ao longo dos meses seguintes, foi necessária uma orientação para que ele, mais do que encontrar uma oportunidade, não se sentisse preterido por incapacidade sua e sim por fatores como a alta competitividade de mercado, características pessoais que não se encaixaram nas empresas etc. Assim, após um período de orientação, esse jovem encontrou uma empresa que não só atendeu as suas ambições iniciais, como também foi considerada a melhor opção dentre todas. Entretanto, esse jovem já estava na fase adulta, o que faz gerar a seguinte pergunta: A quem se destina a orientação profissional? Vamos interpretar o que diz Leite (2018) sobre esse tema. O autor pontua que orientação profissional é dirigida prioritariamente ao adolescente por entender que é nessa fase que as dúvidas, anseios e desejos surgem, logo, é o momento mais adequado para analisar a vocação profissional. É interessante saber que, segundo o autor, no início dessa história de orientação profissional, Qualificação e direcionamento profissional 27 havia certa preocupação em estabelecer uma relação exata entre as características das pessoas e as profissões, dando a ideia de que um traço de personalidade sempre estaria relacionado à uma profissão. Com o tempo, isso foi mudando, passando a ser respeitada, como deve ser, a opinião da pessoa, mesmo em início de carreira. E agora? A autora cita a adolescência como o princípio ideal da orientação profissional e o jovem destacado no exemplo tinha acabado de ultrapassar os 20 anos de idade, um adulto. Onde, de fato, se encaixa a orientação profissional? Na verdade, a resposta está em um termo muito utilizado no ambiente das empresas, a “melhoria contínua”. Esse termo nos remete à capacidade que os processos dentro das empresas têm de se transformar em algo melhor o tempo todo, reduzindo custos, otimizando tempo, dentre outros fatores. E por que isso não pode acontecer com as pessoas? A resposta para sabermos onde se encaixa a orientação profissional está no próprio indivíduo e na sua capacidade de assimilar possíveis e potenciais melhorias em seu desenvolvimento profissional, ou seja, apesar de ser importante iniciar a orientação na adolescência (ou até antes), ela pode acontecer em qualquer momentocarreira, pois, com as mudanças de mercado e a revolução tecnológica, não há dúvidas que é necessário uma auto-avaliação contínua para que o profissional esteja adaptado ao meio em que está inserido. 28 TÓPICO 3 UNIDADE 1 Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências Já é possível entender que a orientação profissional é um processo contínuo que visa, dentre outros fatores, direcionar o profissional à máxima utilização da sua capacitação. Entretanto, em um ambiente altamente competitivo, as exigências do mercado de trabalho têm aumentado significativamente, fazendo com que os profissionais tenham que buscar aprendizado contínuo e, mais que isso, aplicação prática com resultado de acordo com a expectativa. Você deve estar se perguntando: Quais são essas exigências? Para responder essa pergunta, vamos analisá-la sob dois aspectos: as exigências para um gestor e para um profissional. Gestor Em mundo tão complexo e competitivo, tudo muda o tempo todo. Antes, um planejamento estratégico era realizado para 10 ou 15 anos. Atualmente, dois anos podem ser muito! Por que isso acontece? Pela revolução tecnológica e a busca constante de adaptação ao mercado. a. Os recursos tecnológicos têm ficado obsoletos em um curto espaço de tempo; b. As empresas cada vez mais têm acesso e necessitam da tecnologia para gerir seus negócios; c. Os consumidores desejam praticidade e a tecnologia tem proporcionado isso; d. Os produtos e serviços devem representar o que há de mais avançado para agregar valor ao comprador. Agregar valor parece ser a chave para o sucesso desde sempre. Mas, é necessário entender o que isso realmente significa ao consumidor. Então, imagine que você precisa saber a hora e percebe a necessidade de comprar um relógio. Como o seu objetivo é ter uma informação (a hora), o relógio a ser adquirido pode ter apenas essa funcionalidade. Ao entrar em uma loja, a vendedora oferece algumas opções com preços variados. Qual escolher? Considerando o seu objetivo original, o relógio mais barato serve. Entretanto, a vendedora, ao ofertar vários modelos, pode ter demonstrado alguma funcionalidade que chamou a sua atenção e, mesmo sem perceber, tornou-se algo relevante para você. É nesse momento que há o valor agregado, Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências 29 em que um produto ou serviço pode ser mais caro que outro, mas apresenta algo que é percebido pelo comprador, justificando a diferença de preço. É com essa percepção que um gestor deve analisar o mercado e os potenciais compradores dos produtos e serviços da empresa. Esse é um dos grandes desafios que o gestor do século XXI enfrenta no dia-dia, fazendo com que, muitas vezes, as empresas errem em sua estratégia. Sobre isso, Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 579) citam a necessidade de transformação em uma organização que aprende e que “os erros são corrigidos por meio de modificações nos objetivos, nas políticas e nas rotinas padronizadas da organização (...)”. Os autores, citam as características de uma organização que aprende: 1. Existe uma visão compartilhada com a qual todos concordam. 2. As pessoas abrem mão de suas velhas ideias e das rotinas padronizadas que utilizam para solucionar problemas ou para realizar seu trabalho. 3. As pessoas pensam todos os processos, atividades, funções organizacionais e interações com o ambiente como parte de um sistema de inter-relacionamentos. 4. As pessoas se comunicam de maneira aberta (vertical e horizontalmente), sem medo de críticas ou de punições. 5. As pessoas sublimam os seus interesses pessoais e os de seus departamentos fragmentados em prol do trabalho conjunto para alcançar a visão compartilhada da organização (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010, p. 580 apud SENGE, 1990). Nesse sentido, umas das exigências ao gestor do século XXI é entender que a organização em que atua deve estar diretamente alinhada com o aprendizado, ou seja, as mudanças existentes e a adaptação ao meio. Robbins, Judge e Sobral (2010) citam como os gestores devem criar organizações que aprendem: a. Estabeleça uma estratégia, explicitando o que deseja e onde se quer chegar; b. Redesenhe a estrutura da organização, fazendo achatamento e integração dos departamentos; c. Remodele a cultura da organização, demonstrando que acertos e erros fazem parte de um aprendizado. Esses pontos citados pelos autores demonstram que as ações dos gestores são responsáveis pela transformação das organizações, ao mesmo tempo em que o mercado exige tais iniciativas. O grande desafio do gestor é implementar as mudanças, seja pela resistência das pessoas, não aceitação dos clientes ou outro fator qualquer que possa dificultar a sua tomada de decisão. Sendo assim, podemos citar, ainda como exigências do mercado de trabalho para um gestor: 1. Saber colocar as pessoas nos lugares certos: Alguns anos atrás, o bom funcionário era, dentre outros fatores, o que cumpria adequadamente o horário de trabalho. Atualmente, é o que busca ter desempenho competitivo, ou seja, contribuir para a redução de custo ou aumento 30 UNIDADE 1 Ensino e qualificação de receita da empresa. Para Sharma (2007, p. 43) isso significa “contar todo o conhecimento e as habilidades dos funcionários para colocá- los nas funções certas – por meio de treinamento, ferramentas e orientação corretos, - além da compreensão de que compartilham a responsabilidade pelo sucesso da empresa”. Senge (1990) diz que, nas organizações que aprendem, os líderes possuem características como projetistas e professores, responsáveis por incentivar o desenvolvimento pessoal e das capacidades em entender cenários, ou seja, são os disseminadores da aprendizagem. 2. Ser empreendedor e ter empreendedores: Apesar do pensamento de uma boa parte das pessoas que veem empreendedorismo apenas quando se desenvolve o próprio negócio, a prática empreendedora é muito utilizada por meio do empreendedorismo corporativo (EC). Para isso, os gestores devem combinar o seu jeito de atuar, às pessoas que fazem parte da sua equipe e as influências externas para desempenhar o empreendedorismo corporativo. Figura 8: Esquema integrativo para entendimento das competências do empreendedor AMBIENTE VALORES RESULTADOS A FE TI V O CO G N ITIV O / TÉCN ICO AÇÃO Perseverança Coragem Força de vontade Iniciativa Disposição para correr riscos Motiação pessoal Enfrentar desafios Paixão pelo negócio Fazer o que gosta Autonomia Autoconfiança Independência Liderar Fazer acontecer Criar alianças Gerar empregos Contribuir para o crescimento do país Gerar lucros Assumir riscos calculados Habilidade de estabelecer parcerias Definir metas Saber planejar Conhecer o negócio, mercado e produto Conhecer seus limites Eloquência Capacidade de comunicação FOCO SABER SER SABER FAZER SABER AGIR Fonte: Nassif, Ghobril e Silva (2004). Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências 31 É importante ressaltar que ser empreendedor corporativo é uma exigência atribuída ao gestor, mas também ao funcionário. Observe que, segundo os autores, há uma série de características que o capacita para lidar com o mercado e as mudanças constantes que acontecem nos negócios. Quadro 2: Competências do EC segundo os executi- vos das organizações Competências do EC Pontos fortes para selecionar Identificar oportunidades Conhecimento técnico Planejar execução Capacidade de articular-se para dentro e fora da organização Liderança Capacidade de mobilizar recursos e pessoas Saber envolver as pessoas com o projeto Questionador (que não aceita paradigmas) Responsabilidade com resultados e sustentabilidade do negócio Versatilidade Saber (conhecimento) e saber fazer Visão positiva do mundo Passar credibilidade Ambição de médio para longo prazo Saber identificar riscos Capacidade de relacionamento interpessoal Vender ideias Bagagem pessoal, profissional e cultural Fonte: Gomes e Nassif(2008). Dentre as diversas competências sugeridas pelos autores, podemos destacar: a. Identificar oportunidades, o que demonstra a necessidade de analisar e perceber situações em que há possibilidade de melhoria; b. Passar credibilidade, o que demonstra a necessidade de aprendizado contínuo; c. Vender ideias, o que demonstra a necessidade de inovar a partir das análises percebidas e do aprendizado adquirido. 3. Tomar decisões: Que um gestor sempre foi um tomador de decisões, todo mundo já sabe. Entretanto, com a necessidade de resposta rápida, mudanças contínuas e o aumento da concorrência, a decisão requer capacidade de análise do cenário e identificação das informações, contribuindo no caminho a ser seguido. Por exemplo, vamos supor que a decisão de um gestor está centrada em contratar um novo profissional para a empresa. 32 UNIDADE 1 Ensino e qualificação Figura 9: Interesse e poder na triagem de currículo CANDIDATOIN TE R ES SE PODER EMPRESA RECRUTADOR GESTOR DA ÁREA Fonte: Barreto (2020, p. 86). Nessa situação, há uma relação direta entre interesse e poder. O candidato é o principal interessado (e pode influenciar), mas não necessariamente quem tem mais interesse, pois, a empresa pode estar precisando urgentemente de um novo profissional. Por outro lado, o poder do candidato é mínimo, uma vez que não há qualquer envolvimento seu na avaliação de contratação. O gestor no exemplo é quem tem maior interesse (a necessidade de suprir a carência) e poder (a escolha do candidato). Apesar de todos estarem envolvidos no processo decisório, o gestor é quem dá a palavra final, solicitando ou não a contratação. 4. Ser inovador: Em um ambiente altamente competitivo, ser inovador é fundamental para qualquer gestor que busca melhorar o desempenho da sua área ou da empresa. Essa necessidade está relacionada ao fato de que a inovação é uma vantagem competitiva. Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências 33 Quadro 3: Inovação como vantagem estratégica Mecanismo Vantagem Estratégica Exemplos Ampliação da série de fatores competitivos Mudar a base de concorrência - por exemplo, de preço de produto para preço e qualidade, ou preço, qualidade, escolha. A fabricação de carros japoneses - que, sistematicamente, alteraram a agenda competitiva de preço para qualidade, flexibilidade e escolha, para prazos menores entre lançamentos de novos modelos. Senso de oportunidade Ter a vantagem de ser o primeiro. Isso pode valer significativa parcela de mercado na área de novos produtos. Amazon.com, Yahoo - outros podem surgir, mas a vantagem permanece com os primeiros. Ter a vantagem de aprender rápido - às vezes, ser o primeiro significa enfrentar grandes dificuldades inesperadas, e faz mais sentido ver outra pessoa enfrentá-las e depois seguir na mesma trilha, atualizando o produto. O Palm Pilot e outros assistentes pessoais digitais ocupam uma grande parcela do mercado em crescimento. Na verdade, o conceito e o design foram projetados no Newton, produto da Apple, descartado cerca de cinco anos antes devido a problemas de software. Design robusto de plataforma Oferecer algo que fornece a plataforma sobre a qual outras variações/gerações de produtos podem ser desenvolvidas. A arquitetura do walkman - passando por minidisk, cd, dvd, mp3, ipod. Boeing 737 - com mais de 30 anos, seu projeto ainda é adaptado e configurado para atender a diferentes usuários. Reescrita de regras Oferecer algo que representa um conceito completamente novo de produto ou processo, um jeito diferente de fazer as coisas, tornando os modelos anteriores obsoletos. Máquinas de escrever versus computadores com editores de texto. Gelo versus refrigeração. Lâmpadas elétricas versus a gás. Reconfiguração de partes do processo Repensar o modo como partes do sistema funcionam juntas - por exemplo, desenvolvimento de redes mais eficientes, terceirização e coordenação de uma empresa virtual. Zara e Benetton, no ramo de vestuários; Dell no de computadores; Toyota, quanto ao gerenciamento de sua cadeia de fornecimento. Transferência através de diferentes contextos de aplicação Recombinar elementos estabelecidos para mercados diversos. Rodas de policarbonato transferidas de mercado de aplicação, como o de malas de rodinhas, para o de brinquedos infantis, como micro-scooters leves. Outros ? Inovação é sempre encontrar novas maneiras de fazer coisas e de obter vantagem estratégica; assim, haverá lugar para novos modos de ganhar e de reter vantagens. Napster - essa empresa começou desenvolvendo software que permitiu aos fãs de música trocarem suas composições favoritas pela internet; o programa Napster ligou pessoa a pessoa (P2P) ao fornecer conexão rápida. O seu potencial para alterar a arquitetura e o modo de operação da internet era bem maior e, embora tivesse restrições legais, seus seguidores desenvolveram uma indústria imensa baseada em downloading e em compartilhamento de arquivos eletrônicos. Fonte: Bessant e Tidd (2009, p. 275) 34 UNIDADE 1 Ensino e qualificação 5. Ter propensão aos riscos: Em tudo que vamos fazer há risco, não importa se o assunto é profissional ou pessoal. Por exemplo, ao lançar um novo produto no mercado, o gestor se arrisca, pois, não há qualquer garantia de aceitação por parte do comprador. Dess e Lumpkin (2005) citados por Barreto (2011, p. 43) citam os riscos que uma empresa e os seus gestores enfrentam: a. Riscos de negócios, que envolvem arriscar no desconhecido sem saber a probabilidade de sucesso, como, por exemplo, entrar em mercados não testados; b. Riscos financeiros, que requerem que uma organização tome emprestado grande volume de recursos visando crescimento, o que repercute na dicotomia risco e retorno; c) Riscos pessoais, que se referem aos riscos que um executivo assume ao adotar um padrão em favor de uma ação estratégica. 6. Ser proativo: A proatividade foi pouco compreendida pelas pessoas no ambiente profissional. Para muitos, trata-se de uma ação a ser realizada a partir de um acontecimento (por exemplo, algo cai no chão e a pessoa, sem ser solicitada, começa a recolher). Entretanto, ser proativo no ambiente empresarial está em antecipar o problema e agir para que ele não aconteça (evitar que algo caia no chão). O gestor precisa estar antenado com tudo que acontece no ambiente interno e, principalmente, externo, analisando as diversas situações de mercado. 7. Dar e ter autonomia: Uma empresa é composta, essencialmente, por gestores e funcionários alocados em áreas e atividades diversas. Com a necessidade de tomada de decisão rápida, a exigência do mercado diz que um gestor deve ter a sensibilidade de delegar responsabilidades, proporcionando, principalmente, a um grupo de liderados, a possibilidade de assumir suas decisões no andamento dos processos. 8. Ter agressividade competitiva: Esse é um desafio dos mais complexos, pois, há uma interpretação errada sobre agressividade competitiva e o impacto nos negócios. É importante ressaltar que o termo aqui empregado não tem relação com hostilidade, agressão no sentido literal ou ainda algo depreciativo. A agressividade no ambiente de negócios está na capacidade do gestor atuar no mercado desafiando verdades prontas, assumindo riscos e tomando decisões que podem gerar resultados expressivos para a empresa (apesar do risco contrário também ser possível). Por exemplo, uma empresa fabricante de produto alimentício, certa vez lançou um novo produto no mercado e, como uma estratégia de agressividade competitiva, cortou os preços drasticamente, ficando em torno de 45% mais barato quando comparado com os concorrentes. Com isso, os consumidores começaram a migrar para esse produto, fazendo com que todo mercado se movimentasse em relação ao preço e condições. Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências 35 Para ratificar as exigências do mercado quantoao perfil de um gestor, lembre-se: a. Preciso alocar as pessoas nos lugares em que elas desempenham melhor resultado; b. Preciso ser empreendedor e incentivar o empreendedorismo; c. Preciso tomar decisões e, para isso, estar preparado para analisar cenários e ter respostas rápidas; d. Preciso inovar porque o mercado exige novos produtos e serviços continuamente; e. Preciso arriscar em algumas decisões, mesmo que elas não apresentem o resultado esperado; f. Preciso ser proativo porque é necessário entender o mercado e se antecipar frente à concorrência; g. Preciso dar autonomia aos funcionários para que eles se sintam mais motivados e contribuam na resolução dos problemas. h. Preciso ter agressividade competitiva para não permitir que a concorrência se sinta confortável no mercado. Profissional Você não é gestor e também tem dúvida sobre as exigências do mercado com relação ao seu perfil profissional? O CHA pode te ajudar, não aquele que tomamos, mas o termo que significa conhecimento, habilidades e atitudes, amplamente discutido no ambiente de negócios. Se você nunca tinha ouvido falar desse termo tão importante, vamos tentar entender a aplicação prática do conceito. 36 UNIDADE 1 Ensino e qualificação Figura 10 - CHA CONHECIMENTO HABILIDADE ATITUDE CONJUNTO DE DADOS INFORMAÇÃO TOMADA DE DECISÃO IN TER ESSETÉ CN IC A COMPETÊNCIA Fonte: Elaborada pelo autor (2020). O CHA, obviamente, é o conjunto de três comportamentos, definidos como conhecimento, habilidade e atitude, mas não é só isso, é o agrupamento de ações que o profissional deve coincidir com a técnica e o interesse disponíveis, fazendo com que a tomada de decisão esteja baseada na competência do indivíduo para determinada tarefa. Vamos supor a seguinte situação: Uma empresa tem recebido diversas reclamações sobre as entregas dos seus produtos, pois, ora chegam atrasados, ora com pedidos incompletos e até avariados. Com isso, uma reunião urgente foi convocada para a busca de soluções que possam minimizar a relação empresa-consumidor. Você é o primeiro a falar na reunião sobre as ações a serem realizadas. Para isso, você informa a sequência de ações realizadas até a tomada de decisão: a. Inicialmente, você recebeu um conjunto de dados. Nessa situação, é o relatório com todas as entregas realizadas e todos os problemas ocorridos. O conjunto de dados apresentado é idêntico para qualquer um que o lê, uma vez que está disponível para todos os presentes na reunião. b. Esse conjunto de dados transforma-se em uma informação, mudando a forma como as pessoas enxergam os dados. c. Essa informação direciona à competência que você desenvolve para a tomada de decisão. Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências 37 d. A competência está centrada no conhecimento para resolver (você tem larga experiência no atendimento ao consumidor e sabe dos principais motivos dos problemas), habilidade para resolver (cria um procedimento a ser utilizado) e atitude para resolver (o interesse de melhorar o indicador). Nesse exemplo, as exigências do mercado quanto ao perfil profissional adequado estão, desde a percepção de todos, quanto aos problemas existentes até a capacidade de se sugerir ações para minimizar as ocorrências. É a partir disso que o conhecimento e a habilidade são fundamentais para resolver (uso da técnica), mas sem a atitude não há provável solução (interesse). Figura 11: Atitude Fonte: Wkprisma (2020). Se você ainda não consegue compreender a importância do CHA como uma exigência do mercado de trabalho, vamos separar os três comportamentos para melhor compreensão e aplicação. A competência é caracterizada pelo conhecimento adquirido ao longo do tempo, capaz de torná-lo mais capacitado para executar determinada ação. Assim, quanto mais conhecimento, mais competência para se resolver algo. Por isso, estudar é tão importante, uma vez que, quanto mais se estuda sobre determinado assunto, mais competente o indivíduo fica. A competência adquirida é responsável por desenvolver novas tecnologias e promover mudanças na forma de condução dos negócios. Ainda não conseguiu responder em que você é competente? Talvez porque precise saber da sua habilidade. A habilidade é definida como a capacidade que temos (o grau) para resolver determinada situação apresentada. Um dos exemplos mais fáceis para entender a sua habilidade em relação a algo está em um pneu furado. Suponha que uma entrega precisa ser realizada dentro de uma hora e o pneu do seu carro furou. 38 UNIDADE 1 Ensino e qualificação O seu objetivo agora, antes da entrega, é fazer a troca do pneu. Entretanto, apesar da habilidade para resolver o problema (a troca de um pneu), você não tem competência para solucioná-lo antes de uma hora, o que faz com que outras decisões sobre o assunto sejam tomadas, tais como, a contratação de um terceiro para a realização do serviço. Isso quer dizer que o grau de habilidade é essencial na resolução dos problemas e execução das atividades. Tabela 2 - Grau de habilidade: Exemplo de troca de pneu Grau Habilidade Tempo de execução Custo 1 Iniciante Em até 3h Muito Alto, busque terceiros 2 Baixa Em até 2h Alto, dependendo do tempo disponível, busque terceiros 3 Média Em até 1h30 Médio, a escolha de terceiros é facultativa 4 Alta Em até 1h Baixo, a decisão e a conveniência formam a sua decisão 5 Expert Em até 20min Faça você mesmo! Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Um teste simples pode ser suficiente para você perceber o seu grau de habilidade e tomar decisões mais acertadas. A ideia é que, quanto mais habilidade você tem em determinada atividade, menos você gasta com ela (tempo e dinheiro). Em nosso exemplo da troca de pneu, considerando que a rapidez é essencial para não atrasar a entrega programada, apenas se você estiver nos graus 4 e 5 seria possível utilizar a sua habilidade. Entretanto, muitas vezes, perdemos muito tempo para executar uma atividade por não termos habilidade suficiente para executá-la. Será que vale a pena demorar mais de 1 hora para a troca de um pneu? Diante da situação apresentada, podemos definir a habilidade como a capacidade que temos em saber fazer, que vai se aperfeiçoando conforme o conhecimento adquirido (a prática). A nossa grande dificuldade está em entender o grau de habilidade que estamos em determinada atividade e o momento de optar por outra alternativa que, por muitas vezes, vai gerar mais custo. De qualquer maneira, repita: “NÃO vale a pena demorar mais de 1 hora para a troca de um pneu!”. Em alguns momentos, precisamos ser incisivos em nossas decisões e esse é um caso claro, não é verdade? Agora chegou o momento da atitude. Vamos entendê-la como a prática da competência, em que você desenvolveu conhecimento e habilidades suficientes para executar determinada atividade. Sem a atitude, é muito provável que a competência adquirida ao longo do tempo, seja irrelevante, por isso, é sempre recomendável buscar conhecimento e habilidades no que você tem interesse. Voltando à troca do pneu, vamos supor que você trabalhou em uma empresa em que tinha, como uma de suas atribuições, executar a troca de pneus dos veículos da frota. Com o tempo, você mudou de emprego e está em outra fase de carreira, quando o pneu aparece furado e precisa ser trocado. Apesar de ter conhecimento e habilidade suficientes, você escolhe repassar a um terceiro essa Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências 39 atividade. A sua decisão está baseada no nível de afinidade e não na competência e não há problema nenhum nisso. Atualmente, trocar pneu não te empolga, logo, a busca por serviços de terceiros torna-se essencial para a resolução do problema. Por outro lado, um reparo na sua casa, apesar de não ter experiência profissional sobre o assunto, mas tem conhecimento e habilidades suficientes, faz com que você mesmo realize a atividade, destacando a afinidade (gostar de fazer). Entretanto,a evolução dos negócios fez com que novas exigências (ou velhas exigências com novos termos) surgissem. Um dos termos utilizados no século XXI é o soft skills, um conjunto de habilidades e competências relacionado ao comportamento humano. Robbins, Judge e Sobral (2010) citam que todas as pessoas são estudantes de comportamento, desde sempre, ao observarem as ações dos indivíduos e tentar, de alguma forma, interpretá-lo ou até julgá-lo. Mas, há também o hard skill, que é a competência adquirida por meio de treinamento, cursos, etc. Figura 12 - Soft skill e hard skill na tomada de decisão COMPETÊNCIA HARD SKILL SOFT SKILL CONJUNTO DE DADOS INFORMAÇÃO IN TA N G ÍV EL TOMADA DE DECISÃO TA N G ÍV EL Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Nesse modelo, a combinação das duas características (hard e soft skills) colabora na tomada de decisão, envolvendo a sua capacidade em determinado assunto, ao mesmo tempo que o comportamento pode ser relevante no processo. 40 UNIDADE 1 Ensino e qualificação Podemos listar algumas soft skills que você pode desenvolver: a. Comunicação; b. Liderança; c. Criatividade; d. Empatia; e. Ética; f. Trabalho em equipe O que diferencia uma pessoa da outra é a capacidade de aplicação da soft skill no dia-dia e o atingimento do seu objetivo. Por exemplo, você pode fazer um curso sobre liderança (hard skill), mas, mesmo assim, não conseguir ser um líder na visão das pessoas que gerencia. A soft e hard skill têm sido cobradas cada vez mais no mercado de trabalho, principalmente a primeira, por ser algo desenvolvido pelo indivíduo. Como a soft skill é uma habilidade comportamental ou até competências que são difíceis de se medir pela subjetividade que a compõem, vale a pena buscar mecanismos para descobrir em você qual habilidade comportamental ou competências são mais percebidas pelas pessoas, o que é um ótimo caminho para o seu desenvolvimento. Algumas soft skills são mais procuradas pelo mercado de trabalho. Busque desenvolvimento nelas, que você pode ter melhor resultado. Elas foram citadas anteriormente. Algumas são para qualquer momento da carreira e da vida, como a ética, outras podem ser aprimoradas ao longo do tempo, como a comunicação. De qualquer maneira, todas são importantes para que você possa desempenhar sua hard skill (cursos e treinamentos) de forma mais eficaz. DICAS 41 RESUMO Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA • Demonstrou como o ensino e qualificação são fundamentais para desenvolvimento pessoal e profissional do indivíduo; • Contou a história de criação dos cursos técnicos e superiores; • Mostrou que desde o começo da trajetória profissional, a falta de experiência demonstra as dificuldades de ingressar no mercado de trabalho, ratificando a necessidade do desenvolvimento de estudos como o curso técnico e superior; • Afirmou que aliado à falta de experiência, as exigências do mercado de trabalho têm se voltado para características que o profissional deve desenvolver, apresentando as competências, habilidades e atitudes necessários para fazer parte de uma empresa. • Defendeu que para isso, fatores como o empreendedorismo corporativo vão se tornando cada vez mais relevantes e determinantes para se diferenciar um profissional do outro. 42 1. É fato que a qualificação profissional do jovem que está entrando no mercado de trabalho deve ter uma orientação para que ele tenha um direcionamento. Entretanto, a sua vontade deve prevalecer, pois, já foi o tempo em que um comportamento estava necessariamente associado à uma profissão. Assim, como conciliar as duas ações? 2. Das exigências do mercado de trabalho para um gestor, quais podem ser encontradas em você? 3. Em uma entrevista de emprego para um cargo voltado à linha de produção, o recrutador solicitou que você apresentasse uma habilidade sua. Qual você destacaria? AUTOATIVIDADE 43 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA Gestão de pessoas UNIDADE 2 Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – Cultura organizacional TÓPICO 2 – Clima organizacional TÓPICO 3 – Gestão de pessoas A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • Identificar a gestão de pessoas, passando pela liderança e atingindo aspectos importantes como o recrutamento, a cultura e o clima organizacional; • Analisar os os subsistemas de gestão de pessoas, envolvendo administração de pessoal, a segurança no trabalho e as relações trabalhistas; • Debater o treinamento e desenvolvimento, etapas importantes tanto para a empresa, quanto para o profissional. 44 GESTÃO DE PESSOAS É fato que todas as empresas, sejam elas pequenas, médias ou grandes, precisam ter em seu quadro um gestor capaz de extrair o máximo de cada funcionário. Esse líder, em alguns momentos, é o dono da empresa, mas pode ser também um profissional de carreira, ou seja, uma série de promoções que o colocou nesse estágio. Acontece que, apesar de todas as empresas necessitarem de líderes, nem todas as empresas os têm. Isso acontece porque as pessoas podem alcançar cargos de lideranças, mas nem sempre são líderes, gerando possíveis conflitos com a equipe. Diante disso, como identificar um gestor de pessoas? Para começar a responder essa difícil questão, vamos observar o que a teoria nos mostra. Diversos autores tratam a gestão de pessoas como algo essencial aos negócios e apresentam perfis de gestores e ações que os mesmos fazem, para engajar sua equipe e alcançar os objetivos propostos. Vamos conhecer mais sobre a gestão de pessoas e alguns desses exemplos de liderança. Figura 13 - As variáveis que influenciam o comportamento humano nas organizações O homem: Personalidade, motivação interna, percepção, valores. A empresa Ambiente organizacional, regras, clima e cultura, políticas, métodos e processos, recompensas e punições. Comportamento do homem na empresa+ = Fonte: Knapik (2012, p. 17). Antes de se pensar em gestão de pessoas, deve-se entender que as pessoas se adaptam ao ambiente em que estão inseridas, afetadas pela cultura e clima organizacionais. Vamos conhecer um pouco mais sobre cada um deles. 45 TÓPICO 1 UNIDADE 2 Cultura organizacional Um tema bastante complexo dentro das empresas e que tem influência direta nos negócios trata da chamada cultura organizacional, que para ser entendida, se faz necessário estabelecer alguns conceitos: a. Cultura, aquela retratada por meio de uma comunidade, cidade e até país, é definida como um conjunto dos hábitos sociais e religiosos, das manifestações intelectuais e artísticas, que caracteriza uma sociedade: cultura inca; a cultura helenística. Está relacionada, ainda, às normas de comportamento, saberes, hábitos ou crenças que diferenciam um grupo de outro: provêm de culturas distintas (Dicionário online de português, 2020). b. Cultura, denominada de organizacional por tratar-se de uma empresa, seja ela pública ou privada, pequena, média ou grande, formal ou informal, é definida como o conjunto de hábitos, costumes e princípios dos líderes que é transmitido aos funcionários como uma rotina que deve ser entendida e praticada. De certa forma, uma complementa a outra, ou podemos afirmar que a primeira transforma a segunda, ou seja, a cultura social do profissional, ao tornar- se o dono ou gestor de uma empresa, causa influência na cultura organizacional. Por exemplo, os países mantêm negócios entre as empresas e a cultura social afeta a cultura organizacional. Observe o Brasil e o seu maior parceiro comercial, a China. Sob o pontode vista dos negócios, os brasileiros adotam algumas práticas culturais e comerciais. Podemos destacar algumas delas: As reuniões comerciais devem ser agendadas com antecedência, para que o cliente possa se programar. No Brasil, as reuniões de negócios são realizadas normalmente nos escritórios. Dificilmente um cliente irá marcar o local da reunião em um hotel ou em sua residência, como ocorre em outros países. Pontualidade é um item importante, pois o visitante deve levar em conta os problemas de trânsito que existem nas grandes metrópoles brasileiras. O importador brasileiro apreciará receber todas as informações técnicas e comerciais do produto e o preço, inclusive a classificação alfandegária, pois com esses dados terá condições de confeccionar uma planilha de importação que inclua os impostos, taxas, armazenagem, despesas portuárias, podendo chegar mais rapidamente à conclusão final sobre a compra. Dessa maneira, o exportador será beneficiado se tiver disponíveis todas as informações sobre o produto. Quando se percebe que não há interesse por parte do cliente, deve-se encerrar o encontro, pois dificilmente o empresário brasileiro é direto, a ponto de manifestar que não está disposto a comprar seu produto. Normalmente, ele vai levar a negociação ao seu UNIDADE 2 Gestão de pessoas 46 esgotamento natural, até que você repare que realmente não existe nenhuma possibilidade de fechar um pedido. Outro ponto cultural marcante no mundo dos negócios é a objetividade dos temas a serem tratados na reunião. Não se deve estranhar, contudo, se, antes de iniciar o encontro, sejam feitos comentários leves sobre algum acontecimento publicado pela mídia ou brincadeira social sobre o time de futebol dos presentes. Na hora de pagar a conta, tome a iniciativa de chamar o garçom e entregue seu cartão de crédito, mesmo com a insistência de o cliente querer assumir a despesa, pois sua atitude será bem vista não pelo aspecto financeiro, mas sim pela gentileza. Quanto às cores usadas no Brasil, não existem restrições de cunho cultural ou religioso (BRASIL, 2016, p. 105-108). Para os brasileiros, algumas situações citadas são consideradas “normais”, pois, fazem parte da cultura organizacional do país. As cores, restritas em outros países, não causam qualquer problema no Brasil, assim como a vestimenta. Por outro lado, segundo o Guia de Comércio Exterior e Investimento (BRASIL, 2016), algumas situações devem ser evitadas. a. Deixar de responder e-mails; b. Não ter capacidade de exportar o que se promete; c. Deixar de convidar para conhecer o país; d. Demonstrar receio de não pagamento; e. Falar mal do idioma e das cidades brasileiras; f. Criticar a gastronomia e os gostos; g. Exagerar no temor à violência urbana. Observe que o brasileiro tem certo orgulho ou amor ao país e não aceita que estrangeiros critiquem os problemas de trânsito, violência urbana etc. E na China, como é a cultura do país? Que há diferenças entre os países, já sabemos, mas vamos entender um pouco mais sobre o país asiático, o maior do continente, com mais de 9 milhões de km2 e uma população em torno de 1,3 bilhões de habitantes. Se o Brasil é relativamente novo, a China teria surgido por volta de 221 a.C., considerando a formação do grande império da época. Sobre os negócios, é a partir da década de 1970 que a China se aproxima do capitalismo e sua economia começa a crescer exponencialmente. Uma das principais diferenças está na forma de conduzir uma compra e venda. Enquanto o brasileiro é receptivo ao estrangeiro, orientação ao curto prazo e utiliza-se do chamado “jeitinho”, o chinês utiliza-se do Guanxi ( Guānxì), que pode ser caracterizado como relacionamento no contexto oriental. Na tratativa dos negócios, Couto (2008) cita alguns exemplos de como se comportar: CULTURA ORGANIZACIONAL 47 a. Toque: O toque não é algo comum, ainda mais em se tratando com estrangeiros. b. Pontualidade: Se o brasileiro pode ter dificuldade com horário, na China, a pontualidade é regra. c. Palavra “Não”: A cultura do país abomina alguns termos e palavras por considerar que sugerem negatividade. Por isso, na China, a palavra “não” é evitada. Para isso, utilizam-se termos como “vou ver o que posso fazer”, “vou fazer o meu melhor” ou ainda “vou pensar no assunto”, não encerrando a possibilidade de qualquer negócio. d. Comunicação: Com a extrema diferença entre as línguas, é necessário que se fale de forma clara e pausada, evitando possíveis conflitos, pois, o chinês não tem costume de pedir para repetir o que foi dito. Percebe como há diferenças culturais entre os dois países? A cultura social afeta, de alguma forma, a cultura organizacional da empresa, moldando o comportamento e a forma de agir. Então, se uma empresa pretende negociar ou até manter uma filial em outro país, ela vai precisar se adaptar à realidade do local. Entretanto, quando falamos de cultura organizacional, há uma intensa relação com o dono ou gestor do negócio, transformando-a conforme suas preferências. Lück (2011) cita que, mesmo sem uma predefinição de como agir, um novo funcionário percebe o modo de ser e fazer e se ajusta a agir da mesma maneira. Assim, a cultura se desenvolve pela estrutura organizacional, que nada mais é que a forma como uma empresa está hierarquizada e assim dirige os seus negócios. Podemos citar alguns tipos de estrutura organizacional: a. Estrutura organizacional linear: talvez seja o formato mais antigo e tradicional, muito utilizado em empresas com poucos recursos de pessoas (micro e pequena empresa (MPE), por exemplo). Figura 14: Estrutura organizacional linear DIRETOR FINANÇAS COMERCIAL PRODUÇÃO RH Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Nesse modelo, apesar das diversas áreas que podem compor a estrutura da empresa, a hierarquia é centralizada no diretor, gestor ou dono do negócio. O Exército Brasileiro, apresenta algo similar à essa estrutura. UNIDADE 2 Gestão de pessoas 48 Figura 15: Estrutura organizacional – Exército brasileiro ORGÃO DE ASSESSORAMENTO SUPERIOR ORGÃO DE DIREÇÃO GERAL ORGÃO DE ASSISTÊNCIA DIRETA E IMEDIATA ENTIDADES VINCULADAS ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO VICE-CHEFE DO EME GABINETE DO EME ALTO COMANDO DO EXÉRCITO (CE) 1ª SUBCHEFIA PESSOAL, EDUCAÇÃO E CULTURA 2ª SUBCHEFIA INFORMAÇÃO E DEFESA CIBERNÉTICA 3ª SUBCHEFIA DOUTRINA MILITAR TERRESTRE 4ª SUBCHEFIA LOGÍSTICA, MOBILIZAÇÃO E C&T CONSELHO SUPERIOR DE ECONOMIA E FINANÇAS (CONSEF) CONSELHO SUPERIOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (CONTIEx) CONSELHO SUPERIOR DE RACIONALIZAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO (CONSURT) COMANDANTE DO EXÉRCITO 5ª SUBCHEFIA ASS ESPECIAIS E INTERNACIONAIS 6ª SUBCHEFIA ECONOMIA E FINANÇAS ESCRITÓRIO PROJETOS DO EXÉRCITO (EPEx) GABINETE DP COMANDANTE (GAB CMT) CENTRO DE INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO (CIE) CONSULTORIA JURÍDICA ADJUNTA DO COMANDO DO EXÉRCITO (CJACEx) CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO EXÉRCITO (CCOMSEx) SECRETARIA- GERAL DO EXÉRCITO (SGEx) CENTRO DE CONTROLE INTERNO DO EXÉRCITO (CCIEx) FUNDAÇÃO HABITACIONAL DO EXÉRCITO (FHE) INDÚSTRIA DE MATERIAL BÉLICO DO BRASÍL (IMBEL) FUNDAÇÃO OSORIO Fonte: Secretária-Geral do Exército (2020). b. Estrutura organizacional funcional: Como o modelo propõe uma especialização das áreas, há um potencial aumento no relacionamento entre elas. Por exemplo, a área de finanças pode responder pelas questões associadas ao tema sempre que uma outra área assim necessitar. O mesmo ocorre com outras atividades, como a contração de pessoal, a cargo da área de recursos humanos, as entregas sob responsabilidade da logística etc. Figura 16: Estrutura organizacional funcional DIRETOR FINANÇAS COMERCIAL PRODUÇÃO RH Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Nesse modelo, o especialista de cada área interfere em assuntos de sua competência, alternando a forma de hierarquização, pois, apesar de existente, ela não é exclusiva, uma vez que o gestor da área de recursos humanos, por exemplo, tem uma equipe de trabalho,mas não tem domínio total sobre esses funcionários. c. Estrutura organizacional linha-staff: É uma espécie de combinação das duas anteriores, com o incremento de um corpo externo às áreas para discussão dos assuntos, geralmente em ambiente tático e/ou estratégico. CULTURA ORGANIZACIONAL 49 Figura 17: Estrutura organizacional linha-staff DIRETOR CONSULTOR FINANÇAS COMERCIAL PRODUÇÃO RH Fonte: Elaborado pelo autor (2020). A participação de um consultor (com ou sem poder de decisão) cresceu ao longo dos anos como uma maneira de apresentar alternativas aos processos enraizados nas empresas. d. Estrutura organizacional matricial: Nesse modelo, é possível visualizar uma espécie de hierarquia paralela, geralmente relacionada aos projetos desenvolvidos pela empresa. Por exemplo, a área de produção está desenvolvendo uma nova linha na fábrica, criando uma estrutura própria para atender a sua demanda. Figura 18: Estrutura organizacional matricial DIRETOR CONSULTOR PROJETO ABC COMERCIAL PRODUÇÃO RH Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Como, por definição, um projeto tem começo, meio e fim, esse tipo de estrutura é híbrido, o que pode sugerir uma alteração constante conforme a necessidade da empresa, se estendendo aos níveis existentes, número de pessoas, áreas envolvidas etc. Uma vez entendida a estrutura, vamos agora entender os principais elementos da cultura organizacional. Nesse sentido, Judge e Sobral (2010) definem bem o ser humano: complexo e difícil de se entender. Isso acontece porque, segundo os autores, por sermos diferentes, fazer generalizações é sempre simplista demais e, claro, limitado, apesar da mudança de comportamento das pessoas em algumas situações. Os autores ratificam que nem todos são movidos por dinheiro, sendo os comportamentos similares ou completamente distintos dependendo da ocasião. UNIDADE 2 Gestão de pessoas 50 Se considerarmos que uma empresa é formada por pessoas e cada uma tem um comportamento, a cultura organizacional passa a ser um fator importante para alinhar as expectativas dos funcionários. Por exemplo, em um momento de crise, cada empresa reage de um jeito para se relacionar com seus empregados. Figura 19: Preocupação dos funcionários Fonte: Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 13). Por outro lado, a globalização fez com que a cultura organizacional também se adequasse às novas perspectivas de gestão. Robbins, Judge e Sobral (2010) citam alguns exemplos de como as atividades das empresas mudaram e, com isso, ocorreu a adaptação da cultura: a. Aumento das missões internacionais; b. Trabalho com pessoas de diversas culturas; c. Enfrentamento de políticas sociais e econômicas diferentes; d. Entendimento da opção de efficiency seeking; e. Administração da diversidade da força de trabalho. Dos exemplos citados, um deles chama a atenção e representa como a cultura organizacional é moldada de acordo com a gestão e as oportunidades que surgem. O termo efficiency seeking, ou busca de eficiência, significa que uma empresa procura no mercado um local (uma região, um país etc.), em que há uma eficiência para execução dos seus negócios. Por exemplo, a empresa encontra uma mão de obra mais barata em outro país com a mesma qualidade na fabricação de um produto e, como uma decisão, resolve fechar a fábrica no local atual e abrir no outro país. Obviamente, os gestores das empresas buscam disseminar os conceitos, cultura e outros aspectos aos seus liderados, para que eles entendam como a empresa em que atuam se comporta em diversos momentos. Por isso, a cultura organizacional é um conjunto de elementos que a define. CULTURA ORGANIZACIONAL 51 Figura 20: Elementos da cultura organizacional Histórias e mitos Crenças e pressupostos Comunicação Normas Ritos, rituais e cerimônias Tabus Valores Heróis Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Os oito elementos são amplamente destacados na literatura por diversos autores, demonstrando a importância para a gestão de pessoas, mobilizando as partes envolvidas. f. Valores: É a base da cultura, por ser desenvolvida geralmente pelo dono/gestor da empresa. Neles, repercutem o comportamento, a forma de atuar e outros fatores que, do ponto de vista de quem desenvolve, agrega valor. Por exemplo, em um supermercado de médio porte, todas as decisões estratégicas da empresa eram tomadas por uma pessoa que não estava presente no local. Essa maneira de atuar, por mais que possa gerar certa dúvida quanto à sua eficácia, era considerada essencial aos proprietários. Alguns exemplos de valores são repercutidos na própria marca, com o slogan difundido no mercado, associando automaticamente ao produto ou serviço adquirido. • “Amo muito tudo isso” • “A bebida número um para os atletas” • “Just do it” – em uma tradução, algo como “Só faça” ou “Simplesmente faça” • “Derrete na sua boca, não na sua mão” • “Ideas for life” – em uma tradução, algo como “Ideias para vida” • Porque você merece! UNIDADE 2 Gestão de pessoas 52 Figura 21: Valores estampados nas marcas Fonte: MSN” (2019). g. Heróis: Foi considerado a outra base do pilar que dá sustentação aos elementos porque representa a “cara” da empresa, ou seja, define pessoas e o comportamento a partir de exemplos internos. Alexandre cumpriu seus deveres de filho fiel e enterrou Felipe com honras reais em uma grande tumba em Vergina. O corpo de Felipe foi colocado em uma pira, depois cremado de acordo com o costume, em frente a todo o exército macedônio. Quando o fogo se extinguiu, os presentes reuniram os ossos de Felipe, banharam-nos em vinho e depois os embrulharam em um manto real roxo. Os restos foram colocados em um baú dourado deslumbrante, escorado em cima com uma estrela de dezesseis pontas, com rosetas de vidro azul nas laterais, e no fundo os pés esculpidos de um leão. O baú foi colocado dentro de um sarcófago de pedra, em uma magnífica tumba com taças de prata, armaduras, armas, uma coroa de ouro que agradaria ao próprio Zeus e muitos outros objetos de valor inestimável, dignos de um rei macedônio. Acima da entrada da tumba estava uma pintura colorida de uma cena de caça, uma das atividades favoritas de Felipe. Por fim, Alexandre ordenou a construção de um pequeno santuário, em frente à tumba, para cultuar seu pai como um herói divino. Ao menos Felipe conseguiu atingir na morte o que buscara em vida: um lugar entre os deuses. (FREEMAN, 2011, p. 45). CULTURA ORGANIZACIONAL 53 O interessante do herói é que ele pode ser visto sob aspectos distintos: alguns o consideram como herói, outros nem tanto. Alexandre, chamado de O Grande, também passou por essa percepção. Segundo Freeman (2011) e a história contada, Alexandre era visto como herói e vilão. Era considerado um nobre iraniano de linhagem real e também chamado de “o amaldiçoado”, por ter destruído os livros sagrados e encharcado a terra de sangue. h. Rituais, ritos e cerimoniais: Esse elemento se refere às atividades criadas para determinado fim, considerando os mais diversos objetivos. Eles preenchem várias funções: comunicam a maneira como as pessoas devem se comportar na organização, sinalizam os padrões de intimidade e decoro aceitáveis, exemplificam a maneira como os procedimentos são executados, liberam tensões e ansiedades, visto que geralmente têm um lado criativo ou lúdico, dramatizam os valores básicos e exibem experiências que poderão ser lembradas com mais facilidade ou como exemplos. (FREITAS, 2010, p. 17). i. Tabus: Esses são cada vez mais raros, mas ainda existem dentro das empresas. Tratam de situações (internas ou externas) que ainda permanecem enraizadas na cultura (por exemplo: preconceito por uma mulher motorista de caminhão). As empresas que adaptam suas comunicações enfrentam uma série de desafios. Em primeiro lugar, elas devem verificar se suas comunicações são legal e culturalmente aceitáveis. Cerveja, vinho e outras bebidas alcoólicas não podem ser anunciadosou vendidos em muitos países muçulmanos. Produtos de tabaco estão sujeitos a uma regulamentação rigorosa em muitos locais. Os fabricantes norte- americanos de brinquedos ficaram surpresos ao saber que em muitos países (como Noruega e Suécia) nenhum comercial de TV pode ser dirigido a crianças com menos de 12 anos. Para não correr nenhum risco, o McDonald’s se autodenomina um restaurante familiar na Suécia. (KOTLER; KELLER, 2012, p. 661). j. Crenças e pressupostos: Essas podem ser consideradas as verdades absolutas, com nenhum ou poucos questionamentos. Kotler e Keller (2012) citam alguns exemplos: • Na França, os cartões da Hallmark foram um fracasso pelo uso de mensagens sentimentais, uma característica não apreciada no país. • A Philips teve que reduzir o tamanho das cafeteiras no Japão para obter lucro, pois, as cozinhas do país são pequenas. • A Coca-Cola desistiu da garrafa de 2 litros na Espanha porque os refrigeradores espanhóis não tinham compartimento para esse tamanho. UNIDADE 2 Gestão de pessoas 54 • Tang, da General Foods, teve rejeição na França por ser associado como substituto ao suco de laranja, bebida pouco consumida pelos franceses. • A mistura de bolo da General Foods não alcançou o resultado desejado porque apenas 3% dos lares japoneses tinham forno. • Normas: Definem até onde cada pessoa pode ir, considerando o preestabelecido, gerando, em determinados momentos, punição por não cumprimento. A Apple avaliará a conformidade de seus fornecedores com este Código. Quaisquer violações deste Código podem colocar em risco a relação comercial do fornecedor com a Apple, chegando até ao rompimento. Este Código é válido para os fornecedores da Apple e suas subsidiárias, afiliadas, subcontratadas e terceirizadas (cada “Fornecedor”) que fornecem mercadorias ou serviços à Apple, ou para serem usadas nos (ou com) produtos Apple. Além disso, a Apple mantém normas (“Normas”) detalhadas que definem explicitamente nossas expectativas de conformidade dos Fornecedores com este Código (APPLE, 2020) k. Histórias e mitos: Algumas empresas tornam uma situação real em uma história adaptada (mito), com o objetivo de gerar maior proximidade com o consumidor. Em outros momentos, a situação real é exatamente a história contada. A ideia, nos dois cenários, é cativar o comprador, tornando-o fidelizado por meio das histórias e, claro, da qualidade do produto. Um dos maiores mitos é o que o homem veio dos macacos. O que Darwin disse, na verdade, é que os macacos e os homens têm um ancestral em comum, apenas isso. l. Comunicação: É o processo de troca de informação, fator essencial para qualquer empresa, seja interna ou externamente. As empresas devem então verificar suas estratégias criativas e abordagens de comunicação quanto à adequação. Anúncios comparativos, embora aceitáveis e até mesmo comuns nos Estados Unidos e no Canadá, são menos frequentes no Reino Unido, inaceitáveis no Japão e ilegais na Índia e no Brasil (no Brasil não é ilegal, mas existem restrições e regras para anúncios comparativos, definidas pelo Conar). A UE parece ter baixa tolerância à propaganda comparativa e proíbe criticar rivais em anúncios (KOTLER; KELLER, 2012, p. 661). Esses elementos vão ao longo do tempo sofrendo transformações e se expandindo quanto à abrangência. Souza (2014) fala sobre o exemplo de ritos que sofrem mudanças continuamente. CULTURA ORGANIZACIONAL 55 Quadro 4: Ritos organizacionais Tipos de rito Exemplos Consequências sociais Passagem Convocação e treinamento básico Facilita a transição de pessoas para papéis e status sociais novos. Reforço Noite anual de premiação Reforça as identidades sociais e aumenta o status dos funcionários. Renovação Atividades de desenvolvimento organizacional Renova as estruturas sociais e melhora o funcionamento organizacional. Integração Festa de Natal e eventos mensais de integração Incentiva e revigora os sentimentos comuns que unem e envolvem as pessoas. Fonte: Souza e Oliveira (2016, p. 33). Nesses exemplos citados pela autora, percebe-se que a adoção dessas práticas vão moldando a cultura organizacional da empresa. Por exemplo, se uma empresa promove todos os anos uma Festa de Natal, ao longo dos anos, os funcionários passam a tornar aquele evento como parte do processo da empresa, independentemente da situação financeira, momento dos negócios etc. Um outro elemento bastante comum e citado na literatura é o símbolo, geralmente representando um momento da história, mas que pode perder o sentido ao longo do tempo. Por exemplo, uma empresa pode ter um quadro que representa determinada situação, importante durante anos, mas que foi perdendo importância com novos símbolos aparecendo. Quando Alexandre subiu as escadas até a cidadela da cidade e entrou na sala de audiências real, olhou incrédulo para a gloriosa decoração e os despojos recolhidos durante dois séculos por todo o império. Ele percebeu de um lado as estátuas de dois jovens atenienses, Harmódio e Aristogíton, tomadas por Xerxes durante a invasão da Grécia. Os jovens tinham tramado para assassinar um tirano governante de Atenas, mas foram mortos e, posteriormente, elevados ao status de heróis. Alexandre ordenou que as estátuas fossem enviadas de volta a Atenas com seus cumprimentos – talvez como um comentário irônico sobre a visão ateniense que ele mesmo era agora o maior tirano de todos. No entanto, os cidadãos de Atenas eram gratos pelo retorno das estátuas e as colocaram ao lado do caminho que conduzia à sua Acrópole (FREEMAN, 2011, p. 156-157). Como a cultura organizacional é dinâmica, ou seja, pode ser aprendida, alterada e transmitida aos envolvidos, é possível afirmar que esses elementos devem contribuir para um equilíbrio interno. Para isso, Souza (2014) sugere algumas ações para se fazer a gestão de pessoas: a. A linguagem utilizada: Se na comunicação não é possível gerar compreensão, a existência do grupo é inviável. b. A definição de fronteiras: É o consenso de quem faz ou não parte do grupo. c. O poder e status: É a regra para direcionamento e entendimento do poder das pessoas. UNIDADE 2 Gestão de pessoas 56 d. A intimidade: Trata do relacionamento entre os indivíduos. e. As recompensas e punições: O que deve se atingir para alcançar determinados benefícios. f. A ideologia: É a adaptação de algum conceito para os membros do grupo. 57 TÓPICO 2 UNIDADE 2 Clima organizacional 57 A gestão de pessoas passa pela condução do clima organizacional de uma empresa. O clima organizacional pode ser definido como a relação direta entre a expectativa que um funcionário tem sobre o local de trabalho e a experiência adquirida. a. experiência > expectativa = qualidade = clima organizacional apropriado; b. experiência = expectativa = qualidade = clima organizacional tolerável; c. experiência < expectativa = não qualidade = clima organizacional inapropriado. O grande objetivo de uma empresa na relação com o funcionário é gerar motivação e engajamento, o que é um grande desafio pelo comportamento individualizado que cada um de nós mantém. Assim, a busca por estabelecer normas e procedimentos que proporcionam um clima organizacional apropriado é, sem dúvida, uma das principais características da gestão de pessoas. Figura 22 - Etapas para gestão do clima organizacional Gestão do clima organizacional Investimento Diagnóstico Intervenção Acompanhamento Implementação Comunicação Fonte: Bedani (2006 apud SOUZA, 2014, p. 140). Nesse modelo, proposto pelo autor, observe que todas as ações estão direcionadas à gestão de pessoas, envolvendo a comunicação, o acompanhamento, a intervenção, dentre outros fatores, enfatizando que, para que as pessoas possam gerar melhores resultados, é necessário que a cultura e o clima organizacionais estejam de acordo com a perspectiva de cada indivíduo, tornando-o parte da empresa, motivado e interessado em contribuir cada vezmais. 58 TÓPICO 3 UNIDADE 2 Gestão de pessoas Agora que já sabemos que a cultura e o clima organizacionais influenciam na gestão de pessoas, é possível aprofundar mais sobre essa tão difícil tarefa, que é gerenciar os funcionários com o objetivo de atingir o máximo potencial de cada um. Limongi-França (2012) diz que o modelo de gestão de pessoas está relacionado com a maneira que uma empresa se organiza para gerenciar o comportamento humano na organização, incluindo os princípios, estratégias, políticas e práticas ou processos de gestão. É possível afirmar que tudo que interfere na relação organizacional é, de certa forma, um modelo de gestão de pessoas. Entretanto, quando se pensa em gerenciar pessoas, logo se imagina a liderança e a forma de conduzir a equipe. Seja na cultura ou no clima, o gestor tem papel fundamental no processo de condução dos negócios. Acontece que, assim como os funcionários têm comportamentos diferentes, os gestores apresentam diferentes maneiras de liderar. Vamos conhecer três exemplos: 1. O primeiro trata das características consideradas como essenciais segundo Kirkpatrick e Locke (1991): a. Força, caracterizada pela concretização, energia, tenacidade e iniciativa; b. Motivação para liderar, identificando como as atitudes compreendem a forma de liderar; c. Honestidade e integridade, composta pelas ações pessoais e com a equipe de trabalho; d. Autoconfiança e a habilidade cognitiva, no desenvolvimento da capacidade de tomada de decisão e análise do ambiente; e. Conhecimento do negócio, identificando os pontos positivos e negativos das atividades; f. Outros traços, caracterizados por carisma, criatividade, originalidade e flexibilidade. GESTÃO DE PESSOAS 59 Figura 23: Liderança – criatividade Fonte: Grobman (2019). Para entender um pouco mais sobre esse exemplo, faça essa sequência: I. Tente associar cada uma das características citadas a um líder (que faça parte da sua vida profissional ou pessoal ou não). II. Agora, faça a mesma situação anterior apenas com pessoas de seu convívio (considere as empresas em que já trabalhou e exclua aspectos pessoais como mãe, pai etc.). III. Por fim, faça o seu teste. Se as pessoas tivessem que escolher uma ou mais características das citadas, quais delas definiriam você? 60 UNIDADE 2 Gestão de pessoas 2. O segundo exemplo trata do comportamento do líder segundo Yukl, Gordon e Taber (2002): Quadro 5: Comportamento de liderança Comportamentos de Tarefas Comportamentos de Relacionamento Comportamentos de Mudança • Planeja atividades de curto prazo; • Explicita os objetivos das tarefas e as expectativas sobre cada papel; e • Monitora as operações e a performance. • Oferece suporte e encorajamento; • Reconhece realizações e contribuições; • Desenvolve habilidades e a confiança dos liderados; • Consulta os liderados quando toma decisões; e • Dá aos liderados empowerment para que esses tomem a iniciativa na solução de problemas. • Monitora o ambiente externo; • Propõe estratégias inovadoras ou novas visões; • Encoraja o pensamento inovador; e • Corre riscos para promover mudanças necessárias. Fonte: Yukl, Gordon e Taber (2002). O teste agora é associar a sua liderança a um dos comportamentos (o que mais poderia definir você) e do seu atual líder (ou de líderes anteriores). Tente observar se havia maior interação com líderes que pensavam como você (por exemplo, ambos tinham comportamento de relacionamento) e os possíveis conflitos com outros comportamentos distintos. Figura 24: Liderança – mudança Fonte: Canva (2020). GESTÃO DE PESSOAS 61 3. O terceiro exemplo trata de três características essenciais básicas que um bom líder deve combinar segundo Barreto (2012): a. Credibilidade: É conhecer sobre o negócio. Sobre isso, Barreto (2012, p. 135) cita que a credibilidade está [...] no processo operacional (saber fazer), mas também no processo tático e estratégico (saber estruturar e planejar), fundamentais na formação de sucessão de líderes dentro das organizações e importantes fatores dentro do ambiente pesquisado. Todo líder que demonstra conhecimentos sobre as tarefas desempenhadas por seus funcionários, adquire maior poder de conversação, reduzindo conflitos e problemas existentes. b. Responsabilidade: É o envolvimento com o negócio. Sobre isso, Barreto (2012, p. 135) cita o sentido de “[...] fazer acontecer e participar”, é a capacidade de tomada de decisão no momento em que ocorre algo, na velocidade que se faz necessária. Essa tomada de decisão pode estar atrelada aos riscos inerentes ao negócio, que podem ser tratados como atrasos na entrega, pressão por prazos apertados dentre outros fatores”. Figura 25: Liderança - responsabilidade Fonte: Canva (2020). c. Empatia: É o complemento das características anteriores. Segundo Barreto (2012, p. 135) “está relacionada ao complemento das duas variáveis anteriores, no que sugere a troca ou envolvimento mútuo das funções e ações desempenhadas”. 62 UNIDADE 2 Gestão de pessoas Essa é uma característica essencial ao gestor, pois, a maneira como os funcionários percebem o comportamento do gestor, faz com que o relacionamento seja mais próximo, o que pode gerar mais dedicação e empenho. É a junção das três características que torna o líder um exemplo aos liderados. Quanto mais essas características são percebidas, mais o gestor controla os processos e o desempenho das atividades exercidas pelos funcionários. Por outro lado, a ausência de uma ou mais características, faz com que conflitos e falta de alinhamento entre as partes sejam mais comuns. Você acha que acabou a gestão de pessoas? Claro que, precisamos falar ainda dos seus subsistemas. Figura 26 - Sistemas e subsistemas de gestão de pessoas GESTÃO DE PESSOAS SISTEMAS SUBSISTEMAS RECRUTAMENTO E SELEÇÃO CULTURA E CLIMA ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAL SEGURANÇA NO TRABALHO TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO RELAÇÕES TRABALHISTAS Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Os sistemas foram ou serão retratados nesse Material em liderança, recrutamento, cultura e clima organizacional. Agora, vamos falar um pouco sobre os subsistemas, pois, apesar de não se ter uma definição exata na literatura do que pode estar relacionado nessa fase, há um certo consenso ao tratar de atividades que complementam, de alguma maneira, os sistemas. A primeira delas é a administração de pessoal. Vamos considerar a área responsável por três fases: admissão, pagamento e desligamento. a. Admissão: É o conjunto de procedimentos conforme determina a Consolidação de Leis Trabalhistas (CLT), atribuindo os direitos e obrigações do empregado e empregador. E por que essa fase é importante? Observe que as partes do sistema são compostas pela liderança, recrutamento e clima. Então, vamos supor que você vai participar de um processo seletivo e tudo ocorre perfeitamente como gostaria, uma liderança que parece inspiradora pelas conversas na entrevista, um processo de recrutamento transparente e informações de que o clima organizacional na empresa é um dos GESTÃO DE PESSOAS 63 melhores. Ao ser contratado e chegar o momento da admissão, você se surpreende: perda de documentos, desorganização e até postergação do início do trabalho por erros internos. Qual seria a sua opinião nesse momento? Provavelmente como a maioria, algo está muito errado! É isso mesmo, as primeiras impressões podem gerar um desconforto que pode ser levado durante o período de trabalho, trazendo desconfiança e desmotivação, mesmo que não seja essa realidade da empresa. Além disso, qualquer pessoa se sente mais confiante quando chega em um novo local de trabalho e é recebido com tudo organizado e preparado. Voltando ao processo de admissão, o contrato de trabalho pode ser de diversas maneiras: por tempo determinado, indeterminado, temporário ou intermitente e os relacionados com jovens aprendizes e estagiários. Apesar de uma possível variação quantoà documentação exigida, os principais são: • Carteira de trabalho e Previdência Social (CTPS) • Carteira de identidade; • Cadastro de Pessoa Física (CPF); • Título de Eleitor; • PIS; • Certificado de Reservista, se menor de 45 anos; • Cópia do comprovante de residência; • Comprovante de escolaridade; • Cópia da certidão de casamento, se for o caso; • Foto 3×4; • Declaração de dependentes para fins de Imposto de Renda na fonte; • Declaração sobre uso de transporte público; • Atestado médico admissional Após essa entrega de documentos, com a validação, o próximo passo é fazer o registro do empregado nos órgãos competentes e nos controles internos da empresa. b. Relações trabalhistas: Vamos separar as relações de trabalho das relações trabalhistas. As primeiras tratam do processo interno da empresa, da gestão e clima, as segundas são todas as diretrizes que regem o processo na região onde existe um trabalho e, logo, uma relação entre empregado e empregador. Por exemplo, as empresas, devidamente organizadas, em acordo com a Lei, são obrigadas a pagar o décimo terceiro salário. Você sabia que em países como Estados Unidos e Alemanha ele não existe? 64 UNIDADE 2 Gestão de pessoas Bom, falar que não existe é demais. Na verdade, nesses países, as relações trabalhistas podem ser acertadas entre as partes, então, um empregador pode negociar um bônus de fim de ano (algo similar ao décimo terceiro salário no Brasil) e outro, não. O importante é que você saiba que, com o avanço tecnológico e a globalização, em algum momento essas relações tendem a ser mais similares, ou seja, um país deve se adaptar à maioria. Geralmente, os chamados países desenvolvidos vencem nessas questões, então, você já sabe o que pode acontecer nos próximos anos no Brasil. Pense sobre isso, talvez seja uma boa ideia... c. Segurança no trabalho: Apesar de ser bem mais destacado em atividades que envolvem máquinas e equipamentos, a segurança no trabalho está (ou deveria estar) em qualquer ambiente de trabalho. A ideia é promover o conjunto de medidas de prevenção para proteger os funcionários da empresa, evitando acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Quem regula esse processo é a Norma Regulamentadora (NR). Por exemplo, a NR 11 trata de normas de segurança para o segmento de transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais. Abaixo, um trecho dessa NR: Os equipamentos utilizados na movimentação de materiais, tais como ascensores, elevadores de carga, guindastes, monta-carga, pontes-rolantes, talhas, empilhadeiras, guinchos, esteiras-rolantes, transportadores de diferentes tipos, serão calculados e construídos de maneira que ofereçam as necessárias garantias de resistência e segurança e conservados em perfeitas condições de trabalho (ENIT, 2020). d. Treinamento e desenvolvimento: Por que uma empresa treina e desenvolve um profissional? Para responder essa pergunta, volte aos sistemas de gestão de pessoas. É lá que está a resposta. A empresa busca um clima organizacional apropriado, com uma liderança inspiradora e motivadora para fazer com que você produza mais e contribua para o atingimento dos objetivos. Assim, surgem os treinamentos e desenvolvimentos. O treinamento pode ser caracterizado como algo de curta duração para execução de uma atividade. Por exemplo, você é contratado e há um treinamento sobre os sistemas utilizados. O desenvolvimento é algo para médio e longo prazos, pois trata-se de um conjunto de práticas que podem moldar o jeito de agir, pensar e executar. Por exemplo, uma formação na faculdade. Então, para você juntar treinamento e desenvolvimento, pense na seguinte situação: Você foi contratado e teve treinamento de como utilizar o sistema para cadastro de fornecedores. Com o desenvolvimento em um curso de graduação, você começou a analisar o sistema e como poderia reduzir o tempo de cadastro, apresentando um projeto à empresa. Assim, vamos estabelecer que no treinamento se aprende, no desenvolvimento, se analisa. 65 Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA RESUMO • Apresentou a gestão de pessoas como um conjunto de ações dentro das empresas com o objetivo de conquistar, reter e fazer com que o profissional contribua para as empresas atingirem seus objetivos; • Defendeu que a cultura organizacional é um dos principais fatores para a permanência de um profissional na empresa; • Mostrou como a empresa é percebida, incluindo o clima e a gestão de pessoas, que retrata o comportamento do líder na busca de motivar a equipe e inspirar pessoas; • Explicou que os subsistemas de gestão de pessoas precisa estar devidamente adequado às expectativas dos entrantes e dos já funcionários, incluindo os cuidados com a segurança no trabalho, incentivo ao treinamento e desenvolvimento, dentre outros fatores. 66 AUTOATIVIDADE 1. Muito se fala de cultura organizacional e a importância dela para uma empresa alcançar seus objetivos. Faça uma pesquisa sobre uma empresa que pode ser considerada referência em cultura organizacional. 2. Considerando os 8 elementos da cultura organizacional, tente associá- los à empresa em que você atua ou atuou. Como cada elemento pode ser exemplificado? Caso não tenha trabalho, utilize a sua casa (e a família) como exemplo. 3. Os autores Kirkpatrick e Locke (1991) destacou 6 características para definirem um líder (força, motivação para liderar, honestidade e integridade, autoconfiança e habilidade cognitiva, conhecimento do negócio e outros traços). Indique uma pessoa para cada uma das características citadas (pode ser uma pessoa para mais de uma característica, não importando se é do seu convívio profissional ou pessoal. Vale também pessoas conhecidas no mercado e na mídia). Escreva os motivos da escolha. 67 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA Currículo, empreendedorismo e negócios UNIDADE 3 Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – Currículo TÓPICO 2 – Seleção TÓPICO 3 – Empreendedorismo e negócios A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • Desenvolver competências, habilidades e atitudes para mostrar ao mer- cado as vantagens em sua contratação. • Entender que o currículo é um resumo das informações importantes que devem gerar interesse por parte do recrutador em entrevistá-lo. • Conhecer qual tipo de currículo se encaixa em seu momento profissional, o que pode gerar uma vantagem em relação aos demais candidatos. • Entender o processo de seleção, etapa fundamental na busca do profis- sional ideal. • Conhecer sobre o empreendedorismo, os negócios e as startups. 68 69 UNIDADE 3 Currículo TÓPICO 1 Apesar da rede de contatos, o chamado networking, ser uma poderosa ferramenta na busca de um emprego, o currículo ainda é o principal elemento de apresentação de um profissional ao mercado. O currículo, ao considerar a evolução tecnológica e empresarial, pode ser definido pelo conjunto de informações sucintas e relevantes da trajetória (profissional e/ou pessoal) de uma pessoa com o objetivo de gerar efetividade ao processo de seleção. O seu fim pode ser para uma vaga de emprego ou ainda para se determinar a capacitação de um profissional em um propósito previamente definido (BARRETO, 2020, p. 27). Com o desenvolvimento tecnológico, o currículo se apresenta de diversas formas, desde o tradicional modelo em uma ou poucas páginas até as informações constantes em redes sociais profissionais. Entretanto, especialistas sugerem que o currículo seja confeccionadoconforme o contexto profissional do indivíduo. Assim, vamos apresentar alguns modelos de currículos. Currículo, empreendedorismo e negócios 70 Figura 27 – Currículo: contexto profissional estudante Fonte: Pati e Gasparini (2020). O uso desse modelo é, segundo o especialista entrevistado pelas autoras da reportagem, direcionado para profissionais que pretendem entrar no mercado por meio de estágios e afins. Por isso, há destaque à formação acadêmica. Currículo 71 Figura 28 – Currículo: contexto profissional trainee Fonte: Pati e Gasparini (2020). A diferença desse modelo está na área de interesse, formação e idiomas. Como o profissional já pode estar direcionado à uma determinada área, há um destaque para essa informação. Currículo, empreendedorismo e negócios 72 Figura 29 – Currículo: contexto profissional estagiário ou trainee Fonte: Pati e Gasparini (2020). O especialista entrevistado pelas autoras afirma que, esse modelo serve para falar sobre aptidões e habilidades que o profissional adquiriu e que há relação com a área pretendida. Além disso, é possível apresentar trabalhos informais realizados e cursos de pós-graduação para os pretendentes ao cargo de trainee. Currículo 73 Figura 30 – Currículo: contexto profissional posições iniciais Fonte: Pati e Gasparini (2020). Esse modelo é apresentado, pelo especialista entrevistado como o mais enxuto, com destaque à informação sobre cursos complementares, eventos e palestras. Assim como em outros modelos, a sugestão é relatar sobre participação em ações sociais. Currículo, empreendedorismo e negócios 74 Figura 31 - Currículo: contexto profissional analista Fonte: Pati e Gasparini (2020). Como os analistas podem possuir alguma experiência profissional, a especialista entrevistada pelas autoras, sugere utilizar esse modelo, pois há espaço para as informações acadêmicas e a trajetória profissional. Currículo 75 Figura 32 – Currículo: contexto profissional especialista ou júnior Fonte: Pati e Gasparini (2020). Esse modelo é, segundo o especialista entrevistado pelas autoras, direcionado aos profissionais que já possuem experiência ou estão ratificando interesse em determinada área, destacando a especialização do profissional. Currículo, empreendedorismo e negócios 76 Figura 33 – Currículo: contexto profissional gerente Fonte: Pati e Gasparini (2020). Considerando que o profissional já tem uma qualificação e experiência de mercado, esse modelo destaca a sua trajetória. São sugeridos, segundo a especialista entrevistada pelas autoras, informações sobre os 10 últimos anos ou 5 passagens por empresas. Currículo 77 Figura 34 - Currículo: contexto profissional gerente/diretor Fonte: Pati e Gasparini (2020). Esse modelo é considerado uma transição consistente dentro do currículo dos assuntos operacionais para os resultados gerados. Segundo o especialista entrevistado pelas autoras, o foco está nos dados gerenciais. Currículo, empreendedorismo e negócios 78 Figura 35 – Currículo: contexto profissional vasta experiência Fonte: Pati e Gasparini (2020). Esse modelo considera que o profissional, ao ter diversas experiências profissionais para serem destacadas, deve consolidar em quadros para melhor interpretação e análise. Currículo 79 Figura 36 – Currículo: contexto profissional CEO Fonte: Pati e Gasparini (2020). Esse modelo, pelo contexto do cargo, não deve apresentar muitas informações, pois não é um requisito nesse momento. Currículo, empreendedorismo e negócios 80 Figura 37 – Currículo: contexto profissional carreira acadêmica Fonte: Pati e Gasparini (2020). Apesar do modelo acadêmico, ser o instituído pela plataforma Lattes para uma boa parte das instituições de ensino, a consultoria entrevistada pelas autoras cita esse modelo destacando a formação acadêmica, seguida pelos títulos e experiências profissionais. Currículo 81 Figura 38 – Currículo: design diferente Fonte: Abrantes (2016). Para a autora, a diferença desse currículo está na maneira como os dados são apresentados. A autora pontua que esse modelo deve ser apresentado conforme a empresa, com cores mais neutras se tratar-se de ambientes mais conservadores. Currículo, empreendedorismo e negócios 82 Figura 39 – Currículo: foto Fonte: Abrantes (2016). Apesar da foto não ser mais tão usual em currículos, ainda pode ser solicitada em funções específicas. Segundo a autora, o ideal é que a foto seja mais formal. E aí, qual o currículo que é mais o seu perfil? 83 TÓPICO 2 UNIDADE 3 Seleção A tecnologia mudou como nos relacionamos de diversas maneiras, incluindo aspectos profissionais e pessoais. Sob o ponto de vista profissional, para melhor adaptar-se às mudanças, as empresas necessitam de profissionais qualificados e preparados para enfrentar os diversos desafios apresentados no mercado. Sendo assim, é possível afirmar que a escolha pelo profissional deve ser tão importante quanto uma venda realizada. Romero (2013) afirma que, há uma troca de interesses entre as organizações e pessoas, as primeiras buscando resultados e as segundas, objetivos, o que deve gerar uma relação de vantagens para os dois lados. E tudo se inicia no recrutamento e seleção! Se alguns anos atrás, a forma de se candidatar à vaga passava pelo envio de currículo via postagem ou entregue na porta de uma empresa, a tecnologia proporcionou cadastros em sites de empresas, consultorias especializadas ou ainda o encaminhamento por e-mail ou qualquer outra forma interativa. Com isso, o acesso à candidatura aumentou exponencialmente o número de interessados e com ele a necessidade de aprofundamento da escolha do candidato. Figura 40 - Triagem de currículos TRIAGEM EFETIVIDADE VAGAS Fonte: Elaborada pelo autor (2020). 84 Currículo, empreendedorismo e negócios A evolução constante dos negócios permitiu a mudança do conceito das pessoas nas organizações, relacionando aos mais variados espaços organizacionais, como as novas tecnologias, reduções ou novas posições na empresa, comunicação com empregados, banco de talentos, contratação com recrutamento e seleção de pessoal etc. (LIMONGI-FRANÇA, 2010). Partindo dessa evolução, é possível afirmar que as empresas podem alcançar vantagem competitiva em relação às demais, antes mesmo da alocação de pessoas às atividades, se procederem com um processo de recrutamento alinhado com o seu comportamento organizacional. O recrutamento, e o seu desenvolvimento, pode ser definido como o primeiro estágio da relação direta entre profissional e vaga. A seleção é o afunilamento do processo identificando pontos importantes como as características do profissional, suas qualidades e conhecimentos acerca da função disponível. As práticas de recrutamento e seleção vêm sendo examinadas por diferentes autores. Impulsionadas pelo processo de transformações econômicas no mundo moderno, tais práticas terminaram por se constituir em elemento essencial das organizações. Atualmente têm como finalidade principal não mais o simples preenchimento do cargo, como em seus primórdios, estando especialmente voltadas para a contratação dos profissionais mais sintonizados com as necessidades estratégicas das empresas (CARVALHO, 2008, p. 5). Uma das formas de se fazer recrutamento e seleção é por meio de um processo interno. Bohlander et al. (2005, p. 76), preenchendo as vagas dessa maneira, “uma empresa pode capitalizar o investimento feito no recrutamento, na seleção, no treinamento e no desenvolvimento de seus atuais funcionários”. O uso de recrutamento interno promove vantagens e desvantagens. Como vantagens, Robbin, Decenzo e Wolter, (2014) citam o baixo custo, o aumento da autoestima do funcionário, além de estarem familiarizados com a organização. Como desvantagem, a falta de diversidade pode ser um “perigo” para a empresa, pois há uma estagnação no perfil do funcionário. Pelo processo externo, Chiavenato (2009) citaque esse tipo de recrutamento proporciona novas experiências, ideias e percepções para a empresa, enriquecendo o capital humano da empresa. Seleção 85 Figura 41 - Processo de recrutamento Emissão de requisição de pessoal NÃO NÃO SIM SIM Trata-se de aumento do quadro? Aprovação da diretoria ou outro órgão O recrutamento interno é suficiente? Acerto de promoção ou transferência Escolha das fontes de recrutamento externo Acionamento das fontes de recrutamento externo Seleção * Natureza e importância do cargo * Tempo e recursos disponíveis Diretrizes da política de recrutamento Fonte: Pequeno (2018, p. 75). Com o crescimento da necessidade de contratação, a automação proporcionou novas formas de avaliação do profissional e redução de tempo. Entretanto, seja interna ou externamente, encontrar o profissional adequado tem sido o grande desafio dos recrutadores. Dutra (2009, p. 71) destaca que “as organizações estão se tornando cada vez mais complexas, tanto em termos tecnológicos, quanto em termos de relações organizacionais”. O recrutamento e seleção, para se adequar à realidade dos negócios, passa por essa evolução, destacando-se: A inteligência artificial: Assim como no processo produtivo, a IA tem contribuído na área de recursos humanos com softwares que possam fazer a triagem dos candidatos; Testes online: Como um mecanismo que promove a redução de papel, além de possibilitar o acesso de mais pessoas aos resultados gerados, os testes são cada vez mais utilizados 86 Currículo, empreendedorismo e negócios pelas empresas; Entrevistas por vídeo: Com a facilidade dos recursos visuais, a entrevista em vídeo é uma forma de evitar deslocamentos (de profissionais e/ou recrutadores) e aumentar a efetividade no processo de seleção; O RH 4.0: Assim como na produção 4.0, o uso de tecnologias disponíveis agrega valor ao processo de recrutamento e seleção, proporcionando redução de custos, da burocracia e aumento de produtividade (BARRETO, 2020, p. 18). Além das técnicas citadas pelo autor, é possível destacar os sites de emprego, atraindo empresas para divulgação, ao mesmo tempo em que convoca profissionais para a busca das vagas disponíveis e as redes sociais, destacando-se as denominadas profissionais, principalmente o LinkedIn. Outro método de seleção que merece destaque é a dinâmica de grupo, um tipo de atividade utilizado pelos profissionais de recursos humanos capaz de identificar competências e habilidades de acordo com as necessidades da empresa. A ideia é, a partir da atividade em grupo, perceber como as pessoas se comportam com situações adversas, demonstrando capacidade de tomada de decisão, proatividade, dentre outros fatores. Figura 42 - Dinâmica de grupo Fonte: Canva (2020). Como a atividade vai depender do cargo disponível, do perfil dos candidatos e até da cultura organizacional da empresa, as dinâmicas de grupo variam bastante em processos seletivos, sem perder o mesmo objetivo: encontrar pessoas engajadas com as situações em que são apresentadas a elas. Seleção 87 Com a mudança tecnológica acerca da forma como as pessoas se apresentam à empresa, o uso de redes sociais profissionais é essencial para quem quer se manter ativo no mercado de trabalho, quer esteja buscando uma oportunidade de emprego ou não. Assim, busque estar em redes sociais profissionais. A principal delas é o LinkedIn, saiba como ela funciona e esteja sempre atualizado na plataforma. O emprego pode chegar por lá! UNI Qualquer que seja a empresa, a busca pelo profissional está centrada em encontrar pessoas que tenham a “cara” da organização, ou seja, estejam alinhadas com os ideais. Para isso, em um processo de seleção, esteja atento aos detalhes, que começam antes mesmo de você comparecer na empresa ou durante a entrevista. Busque informação sobre a empresa, entenda melhor sobre o negócio dela e, se possível, descubra quem é o entrevistador e o que ele gosta, como ele se comporta em ambientes profissionais etc. Isso faz toda diferença quando você estiver frente a frente com os recrutadores. DICAS 88 TÓPICO 3 UNIDADE 3 Empreendedorismo e negócios O termo empreendedorismo tem crescido ao longo dos anos e é considerado uma alternativa às pessoas que buscam, por meio de seus próprios negócios, crescerem profissionalmente. Mas, sabemos realmente o que é empreendedorismo? O empreendedorismo vem conquistando cada vez mais espaço no meio acadêmico, com grande interesse dos pesquisadores em entender melhor esse conceito. Barreto (2011, p. 17) reúne definições de diversos autores, conforme o Quadro abaixo: Quadro – Definição de Empreendedor Autor Definição de empreendedor Baron e Shane (2007) Uma pessoa que exerce atividades econômicas ao perceber as oportunidades de mercado e assim, busca meio para explorá-las Formaini (2001) Uma pessoa que assume riscos, aceita a incerteza, organiza e supervisiona a produção, introduz novos métodos e estratégias, sugere novos produtos e procurar difundir novos mercados Schumpeter (1959) Um profissional que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos materiais. É aquele que cria novos negócios, mas diz também que é possível inovar dentro de negócios já existentes, em empresas já constituídas. Degen (2009) É aquele que realiza coisas novas, coloca em prática ideias próprias, assume riscos e está presente nas atividades da empresa, que não se cansa de observar negócios, na constante procura de novas oportunidades. Kirzner (1973) É aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição positiva em um ambiente de caos. Está sempre atento às oportunidades de lucro, observando e identificando quando o mercado dá sinais de alguma demanda não atendida. Dornelas (2001 São visionários, tomadores de decisões, indivíduos que fazem a diferença, sabem explorar ao máximo as oportunidades, determinados e dinâmicos, dedicados, otimistas e apaixonados pelo que fazem, interdependentes e constroem o próprio destino, dentre outros fatores. Salim (2004) É um indivíduo bem-sucedido e afirma ter as seguintes características: assume riscos, identifica oportunidades, possui conhecimento sobre o ramo do negócio e seu estilo pode ser descrito como organizado, tomador de decisões, tem capacidade de liderança, dinâmico, independente, otimista e possui tino empresarial Fonte: Adaptado de Barreto (2011, p. 17). Pelas diversas definições, podemos sugerir que um empreendedor é aquele que busca oportunidades, assume riscos, são apaixonados pelo que fazem, dentre tantas outras características. Mas, sabemos diferenciar um empreendedor de um empresário? Empreendedorismo e negócios 89 Quadro 6: Diferenças entre empreendedor e empresário Conceito Um NOVO negócio Um negócio NOVO Abertura EMpresa Produto/Serviço Líder Empresário(a) Empreendedor(a) Liderado direto Empregado(a) Empoderado(a) Liderado indireto Emprestado(a) Emprestado(a) EM exemplo... Comércio/Indústria etc. Um produto ou serviço EMparelhados Um comércio/indústria que vende um produto ou serviço já existente Um produto ou serviço novo que é vendido por um comércio/indústria EM prática... Uma EMPRESA, aberta por um EMPRESÁRIO, para vender um PRODUTO. Um novo produto, criado por um EMPREENDEDOR, para vender no comércio/indústria. EMpenhando Venda e entrega de Pizza Venda e entrega de um novo conceito de Pizza (seja no produto, na embalagem ou no serviço prestado) ENvolvendo Tecnologia Uma EMpresa que recebe pedidos de pizza por meio de um aplicativo e entrega por meio de um ENtregador Um novo conceito de pizza, que é vendida por um EMpreendedor ao receber pedidos por meio de um aplicativo e entrega por meio de um ENtregador Conclusões EMpreender é inovar e implementar, os demais são empresários. Ambos têm a mesma importância. Prestador de serviço não é, necessariamente, um EMpreendedor.Ambos têm a mesma importância. O rótulo não diz quem você é, mas o que você quer... Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Ao apresentar as diferenças, é possível verificar que tanto um quanto o outro têm importância nos negócios. O empresário, aquele que desenvolve uma empresa com os mesmos produtos e serviços de outras empresas existentes, pode ter o mesmo objetivo do empreendedor, que desenvolve uma empresa com produtos e/ou serviços diferentes das empresas existentes. Apesar de um empresário ter a capacidade de inovar, é essa característica que pode definir a diferença entre eles. O empreendedor primeiro inova, depois empreende, ou seja, coloca a ideia no mercado. O empresário coloca a sua empresa no mercado e depois pode ou não inovar. Seja como for, a inovação é o grande destaque nos negócios! A inovação faz parte do nosso jeito de ser. O ser humano é movido por inovação e melhoria de processos desde sempre, seja para uma situação simples ou extremamente complexa. É por isso que a revolução industrial alcançou a quarta geração, com diversas máquinas e equipamentos capazes de criar, dentre outras coisas, maior interação entre o objeto e o ser humano. Entretanto, a inovação é sempre vista como o sucesso, não como uma sequência de possíveis fracassos até o objetivo ser alcançado. Por exemplo, Henry Ford, mundialmente conhecido 90 Currículo, empreendedorismo e negócios pelo seu veículo denominado modelo T, revolucionou a indústria automobilística, vendendo, anos após a chegada do veículo ao mercado, algo em torno de 2 milhões de unidades. O que poucos sabem é que Ford teve alguns fracassos até chegar ao modelo revolucionário. A situação era tão ruim que seu veículo chegou estar associado à morte, pois, espantava os animais por onde passava. Na verdade, o que causava repulsa pelos animais era o barulho ensurdecedor. Há até um comportamento de inovação atribuída. Roberto (2014) que a inovação pode ser percebida pelas sensações que temos em determinados momentos. O autor cita que, quando há uma emoção ao ver uma obra de arte, é como se a pessoa se sentisse que a criou, assim como acontece com uma música, um poema etc., ou seja, algo que ela própria poderia fazer. De qualquer maneira, o que faz a inovação acontecer de fato é a adoção de ao menos uma das três práticas abaixo: a. make old things in a new way (fazer coisas velhas de um jeito novo); b. make new things in a old way (fazer coisas novas de um jeito velho); c. make new things in a new way (fazer coisas novas de um jeito novo). Se fala do novo, mas se percebe a influência do velho. Mas, o que é velho para você? Se a questão estiver relacionada com idade, 60, 70 anos pode ser que velho se encaixe no contexto. Se estivermos falando de história de uma nação, por exemplo, pode ser novo. O que muda esse entendimento é o objetivo central. Então, se estivermos falando do mercado, anos podem ser muito tempo. Um produto pode durar dias até sua data de vencimento ser ultrapassada, um pãozinho na padaria pode ter um dia para ser consumido fresquinho do jeito que muitos gostam ou ainda um curso técnico pode durar três anos até ser concluído. Aliado ao tempo, está também a maior exigência dos consumidores, que buscam produtos compatíveis com preços acessíveis, qualidade e inovadores. Observe o caso das câmeras fotográficas: 1. As câmeras fotográficas surgiram por volta de 1840 e desde então passaram por uma evolução, alcançando os rolos de filmes que eram revelados após o uso. 2. Em meados da década de 2000, as câmeras digitais expandiram seu mercado, justamente ao trazer o benefício da ausência de rolos de filmes, eliminando de vez o produto antecessor. 3. Em meados da década de 2010, os celulares assumiram a funcionalidade das câmeras digitais, uma vez que agregam o serviço de fotografia em um mesmo ambiente de ligações, e-mails etc. A mudança do produto ao longo do tempo demonstra como a inovação é fundamental para as empresas, principalmente quando o valor agregado fica tão evidente. Ao não ter mais necessidade dos rolos de filmes, as pessoas perceberam Empreendedorismo e negócios 91 uma redução de custo, seguida da opção de deletar fotos que não agradaram, fato esse impossível no antigo modelo. Não é preciso ir muito longe para perceber a necessidade de inovação. Ela fica evidente nas milhares declarações de missão empresarial e seus documentos sobre estratégia, cada um deles enfatizando o quão importante é inovação para “nossos clientes / nossos acionistas / nosso negócio / no futuro” e, mais comumente, para “nossa sobrevivência e nosso crescimento”. A inovação aparece em diferentes anúncios de produtos, desde spray para cabelo até de serviços de saúde. É presença marcante no coração de nossos livros de história, mostrando até que ponto e por quanto tempo influencia nossas vidas. Também está nas declarações dos políticos, ao reconhecer que nosso estilo de vida é constantemente moldado pelo processo de inovação (BESSANT; TIDD, 2009, p. 20). Para que toda a inovação aconteça, é necessário que as empresas tenham predisposição para apoiar as pessoas ou departamentos que busquem desenvolver novos produtos e serviços. Figura 43: Questões chave para inovação Fonte: Pinchot e Pellman (1999, p.15). 92 Currículo, empreendedorismo e negócios As questões chave para que a inovação aconteça estão centradas em um conjunto de atitudes que a empresa precisa deixar acontecer: começa pelo clima organizacional, em que seja propício à inovação, passa pela abertura às ideias das pessoas, que se transformam nesse momento em possíveis empreendedores e alcança um grupo de pessoas para desenvolver a ideia e o patrocínio da empresa, seja por meio financeiro ou apenas motivacional. Um dos fatores chama a atenção e merece destaque: intraempreendedores ou os empreendedores corporativos. Esse é o profissional dentro da empresa que transforma as ideias em realidade, merecendo toda admiração, afinal, quem não gostaria de ter uma ideia e ser implementada por uma empresa? Isso acontece porque há liberdade de expressão e de ação na empresa. Hashimoto (2006) cita que a motivação que move o intraempreendedorismo está diretamente relacionada com essa liberdade de conduzir os projetos, o que traz maior dedicação e empenho em solucionar problemas. Por isso, é possível afirmar que o intraempreendedor tem propensão ao risco, pois, ele busca situações de crise e urgência e se expõe para criar alternativas que podem minimizar o problema ou até extingui-lo. Uma das definições bem interessantes para se entender o intraempreendedor é o de Pinchot (1989), em que o autor diz que esse profissional é uma combinação de visionário e executor insaciável, até que alcance o seu objetivo e as pessoas, ao menos em seu entorno, percebam os resultados. Obviamente, ao ter essas características, ele pensa como dono do negócio e como tal, não para de tentar inovar nunca! Quem ratifica essas características é Barreto (2011), quando afirma que a inovação é também a disponibilidade da empresa em apoiar tais iniciativas para que sejam testadas em novos produtos e serviços. As empresas com mais propostas de inovação no mercado são as que adotam parcial ou totalmente as questões chave, percebendo que o ganho financeiro e de competitividade é bem superior ao risco de possível fracasso. E como inovar? Sem dúvida, a maior contribuição para se desenvolver produtos e serviços é a diferenciação de mercado, tornando a empresa mais competitiva que as demais. Por outro lado, vários estudos tentam compreender os motivos que levam um produto inovador fazer mais sucesso que outros. Dentre os possíveis motivos, podemos destacar dois: 1. O produto é percebido pelo valor agregado; 2. A empresa conseguiu entender as necessidades e/ou desejos dos compradores. Empreendedorismo e negócios 93 Bessant e Tidd (2009) relacionam alguns pontos importantes na busca de fazer a inovação acontecer:a. Definição clara de produto: é o princípio, considerando a estratégia de posicionamento, possíveis exigências dos compradores e o que de fato será oferecido, tudo isso, antes do lançamento. b. Avaliação de riscos: a análise do mercado bem como a capacidade financeira da empresa e de atuação no mercado são importantes análises para se entender melhor a dinâmica dos negócios. c. Organização de projeto: a equipe de desenvolvimento com capacidade para enxergar os cenários que o produto vai enfrentar, corrigindo possíveis falhas. d. Recursos de projeto: o investimento em inovação deve ser capaz de apoiar a inovação durante um período. e. Proficiência de execução: é considerada nesse momento a qualidade assegurada e a tecnologia empregada, além das questões comerciais relevantes. f. Apoio da gerência de alto nível: é o patrocínio por meio da motivação e confiança no resultado. Até aqui, já entendemos que o empreendedorismo é dependente da inovação para que ele aconteça. Essa inovação pode estar relacionada ao produto ou serviço que se pretende atuar no mercado. Para que tudo isso aconteça, é necessário o apoio dos patrocinadores, pessoas e empresas que criam um ambiente facilitador de inovação. Por outro lado, a inovação pode simplesmente acontecer, sendo a empresa obrigada a se adaptar. Essa inovação compulsória é denominada inovação descontínua. Esse tipo de inovação acontece quando o mercado muda sua forma de atuar ou sua capacidade tecnológica não atende mais às expectativas. Por exemplo, suponha que sua empresa tem um tipo de produto voltado para o segmento infantil e, alguns meses após ao lançamento de um novo produto, uma nova tecnologia fica disponível no mercado. A empresa, ao perceber que a tecnologia vai ser uma referência em seu segmento, buscar inovar e se adaptar às tendências. 94 Currículo, empreendedorismo e negócios Figura 44: Inovação contínua e descontínua Fonte: Canva (2020). Sobre isso, Bessant e Tidd (2009) citam que, quando uma mudança tecnológica, um surgimento de mercado ou uma entrada de um novo modelo de negócio acontece, alterando as regras do jogo, as empresas que ingressam nesse momento são favorecidas, necessitando que as empresas estabelecidas se adaptem rapidamente. Os autores ressaltam que uma coisa é certa: ficar parado frente a mudança descontínua não é uma opção. Os autores citam algo curioso: as empresas que ingressam no momento da inovação descontínua podem ter vantagem competitiva. Então, adaptar-se (estando ou entrando no mercado) é o caminho. Mas, como fazer isso? Não existe uma regra para se empreender-inovar, seja pelo meio mais comum (a inovação) ou pelo meio descontínuo. O que se sabe é a necessidade de fazer algo diferente aos métodos tradicionais impostos no mercado. Assim, vamos considerar uma abordagem denominada como orientação empreendedora (OE), uma espécie de junção entre a inovação e a inovação descontínua. Barreto (2011) destaca a OE como a maneira de gerir um negócio, utilizando-se da gestão empreendedora, buscando inovação, assumindo riscos e tomando decisões que podem causar impacto no negócio e no mercado. Seja na inovação tradicional ou na inovação descontínua, a aplicação da OE pode ser adequada para permanência ou entrada no mercado. A OE é a combinação de cinco dimensões assim definidas por Barreto (2011, p. 36-37): 1. A inovação: se refere à disponibilidade da empresa em apoiar e gerar possibilidades, para que a criatividade e as experiências diversas sejam testadas em desenvolvimento de novos produtos e serviços, à introdução de novas tecnologias e a reengenharia de processos e procedimentos internos; Empreendedorismo e negócios 95 2. A proatividade: que é a capacidade de habilidade das empresas em desenvolver e buscar novas oportunidades e antecipar soluções e não simplesmente perseguir as opções de mercado disponíveis. Na prática, é buscar através da antecipação, enxergar a oportunidade ou antecipar a resolução de um problema iminente; 3. A propensão ao risco: que trata a percepção da empresa em lidar com projetos que tenham perspectivas de novos negócios e, consequentemente, agindo de forma ousada ao invés de cautela, com o intuito de atingir os objetivos da organização. O segredo de um bom desenvolvimento de produtos é então garantir que as incertezas sejam minimizadas por meio da qualidade das informações, e que a cada momento de decisão exista um controle constante dos requisitos a serem atendidos e uma vigilância das possíveis mudanças de mercado. As incertezas típicas dizem respeito não apenas à falta de informações relevantes sobre eventos previstos, mas também à existência de problemas tecno-econômicos cujos procedimentos de solução são desconhecidos e à impossibilidade de traçar precisamente as consequências das decisões e ações tomadas (ROZENFELD et al., 2012, p. 8). 4. A agressividade competitiva: que é caracterizada por ações que visam reduzir ou eliminar ações da concorrência. Em sua maioria, compete a métodos não tradicionais de competição para obtenção do resultado esperado; 5. A autonomia: considerando a liberdade de inovação e atuação dos funcionários. Entende-se que essas dimensões sejam capazes de promover maior competitividade às empresas, além da própria inovação. A proatividade (ter a capacidade de antecipar-se às demandas), a propensão ao risco (ter a capacidade de promover mudanças necessárias), a agressividade competitiva (ter a capacidade de adotar medidas que causam turbulência no mercado) e a autonomia (ter a capacidade de delegar atividades e decisões aos envolvidos) são importantes comportamentos e ações para garantir que a inovação e o consequente empreendedorismo aconteçam. Apesar disso, a inovação, em tempos de acentuada evolução tecnológica, preocupação ambiental, dentre outros fatores, ainda é o principal pilar do empreendedorismo. Sendo assim, um produto ou processo deve combinar a necessidade de agregar valor ao comprador ao mesmo tempo em que se preocupa com as questões ambientais de como ele é gerado. Surge aí um tema que passa a ser bastante recorrente na sociedade: a produção limpa. Na prática, um produto deve atender a expectativa a que ele se propôs ao mesmo tempo em que não agrida o meio ambiente. 96 Currículo, empreendedorismo e negócios Podemos citar como características de um produto sob o objetivo da produção limpa: a. Produtos mais limpos, com um impacto ambiental menor ao longo de seu ciclo de vida; b. Processos mais eficientes, para minimizar ou tratar resíduos, reutilizá- los ou reciclá-los; c. Tecnologias alternativas, para reduzir emissões e fornecer energia renovável; d. Novos serviços, para substituir ou reduzir o consumo de produtos; e. Inovações sistêmicas, para mensurar e monitorar o impacto ambiental e novos sistemas técnicos; f. Utilização de materiais não tóxicos e reutilizáveis; g. Processos limpos e com baixo consumo de energia; h. Mínima utilização de embalagens; i. Fácil de montar, desmontar, consertar e reciclar; j. Destinação final ambientalmente adequada gerida pelo fabricante. Se os consumidores já estão se acostumando em apoiar empresas que se mostram preocupadas com as questões ambientais, em um futuro próximo essa pode ser uma regra de mercado, acentuando a necessidade de inovação dos produtos e serviços existentes. E, claro, vai ganhar mercado, quem se antecipar com soluções que possam contribuir em redução do impacto ambiental ao mesmo tempo em que agrega valor ao produto. Não sabe por onde começar? Então, lembre-se: 1. Ter pessoas criativas ou ser criativo é o princípio; 2. Ter a ideia é o início; 3. Patrocinar a ideia ou ter patrocínio é o caminho; 4. Adaptar a ideia é a rota; 5. Aceitar o fracasso, seja ele definitivo ou momentâneo, faz parte do jogo; 6. Buscar o sucesso sempre por meio de novas inovações, é a regra; 7. Associar o novo produto ou serviço ao impacto ambiental, é a tomada de decisãoadequada. Empreendedorismo e negócios 97 Cases de empreendedorismo Muitas vezes para compreendermos melhor determinada situação ou até para acreditarmos, precisamos conhecer situações reais. No empreendedorismo, isso parece ser uma prática também. Então, que tal conhecermos alguns casos que podem contribuir para uma melhor compreensão e, quem sabe, motivação para que você também empreenda? São sete exemplos: 1. “Abílio Diniz, presidente do conselho administrativo do Grupo Pão de Açúcar: Ele é uma referência no país. Depois de se formar em Administração, seu pai propôs abrir um novo tipo de negócio na época: um supermercado. O primeiro Pão de Açúcar continua na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo. Em 1968, já contava com 40 lojas e mais de 1.500 funcionários. Mas não foi tão simples, Abílio também enfrentou diversos problemas, como uma grande reestruturação administrativa nos anos 1990. Recentemente, vendeu 10,5 milhões de dólares em ações da rede ao grupo francês Casino. 2. Luiz Seabra, sócio fundador da Natura: Uma das empresas mais conhecidas do país começou com uma fábrica, um Fusca e sete funcionários na Rua Oscar Freire, em São Paulo. Depois, com a entrada de Guilherme Leal e Pedro Passos, a Natura passou a mirar cada vez mais alto, crescendo assim no mercado nacional de cosméticos. Eles inauguraram uma forma especial de falar com o consumidor e o vendedor, que fez surgir um “jeito Natura” de ser. 3. Robinson Shiba, fundador do China in Box: O paranaense de Maringá abandonou a carreira, logo após se formar em Odontologia, para criar o primeiro delivery brasileiro de comida chinesa na caixinha. A ideia surgiu em uma viagem aos Estados Unidos e não foi muito bem recebida por sua família, com exceção de uma pessoa: seu pai, que nunca deixou de acreditar no potencial do filho e até hoje participa da administração da empresa. 4. Alexandre Costa, fundador da Cacau Show: A tradição empreendedora de sua família os levou a comprar e revender chocolates de um fornecedor. Com 14 anos, ele vendia de porta a porta, mas em um determinado feriado de Páscoa não recebeu o produto encomendado. A situação traumatizou sua mãe, que nunca mais quis tocar um negócio de chocolate. Aos 17, insistiu em recomeçar e criou a Cacau Show. “O que deu errado para vocês talvez não dê para mim agora”, assegurou. 5. Daniel Mendez, fundador da Sapore: Natural do Uruguai, ele veio para o Brasil ainda jovem, disposto a batalhar por seu lugar ao sol. Começou como garçom, passou por hotéis e foi subindo na vida até conseguir abrir o próprio negócio. O crescimento veio e os problemas também: anos depois, a Sapore chegou muito perto de quebrar. Neste momento, Daniel teve de dar a resposta mais importante da sua vida para a pergunta: “E agora, Mendez?!”, feita pelos stakeholders da empresa. 98 Currículo, empreendedorismo e negócios 6. Edivan Costa, fundador da SEDI: A vida às vezes parece colocar obstáculos em nossa frente, mas ela não quer que desistamos. O ex- morador da favela de Belo Horizonte abandonou a carreira como jogador de futebol no Palmeiras para retornar à sua cidade para trabalhar como office-boy. Sua dedicação e excelência lhe renderam promoções e a confiança dos que estavam ao seu redor. Edivan viu uma oportunidade no setor de regularizações e, hoje, é o empreendedor por trás de uma gigante no ramo. 7. Pedro Chiamulera, fundador da ClearSale: Ele nunca deixou de acreditar em seus sonhos e de mirar alto. Ex-atleta olímpico, Pedro representou o Brasil em duas Olimpíadas. Depois de abandonar as pistas de atletismo, encontrou Bernardo Lustosa, um estudioso que complementava perfeitamente o seu perfil. Juntos criaram a ClearSale e tornaram-se uma referência na área digital com seu sistema de gestão de fraudes para grandes varejistas (VICTORINO, 2020). Embora esses casos sejam bem interessantes, eles abordam as pessoas e não seus produtos e serviços, o que pode ainda gerar certa desconfiança. Por outro lado, são empresas grandes e consolidadas no mercado, muitas vezes vistas como impossíveis de se alcançar. Diante disso, vamos conhecer um pouco mais sobre duas dessas empresas. Empreendedorismo e negócios 99 Quadro 7 – Histórico: Grupo Pão de Açúcar 1948 – Valentim dos Santos Diniz, pai de Abílio, inaugura a primeira Doceira Pão de Açúcar, na avenida Brigadeiro Luís Antônio, 3.138, em São Paulo. A loja era inspirada no principal marco da cidade do Rio de Janeiro. 1959 – A família Diniz inaugura a primeira loja de supermercado da empresa ao lado da doceira. 1981 – Nasce a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), criada a partir da fusão de diversas empresas de varejo 1990 – A companhia passa por um processo de reestruturação, orquestrado por Abílio Diniz. Sob as diretrizes “corte, concentre e simplifique”, o grupo vende tudo o que não se relaciona ao varejo 1991 – A CBD torna-se a segunda rede do país e fecha o ano com 262 lojas. 1993 – Abílio torna-se o acionista majoritário do grupo Pão de Açúcar, tendo ao seu lado os filhos Ana Maria Diniz e João Paulo Diniz. Os irmãos são afastados da empresa 1995 – A CBD abre capital, lançando ações no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. Abílio assume a presidência 1999 – O grupo francês de varejo Casino torna-se sócio minoritário do grupo Pão de Açúcar, com 25% do total das ações 2000 – O Pão de Açúcar ultrapassa a cadeia francesa Carrefour e assume a liderança do mercado no Brasil, com faturamento de R$ 9 bilhões 2003 – Augusto Marques da Cruz Filho assume a direção do grupo como seu primeiro presidente profissional e Abílio passa à presidência do Conselho de Administração 2005 – O Casino amplia sua participação no grupo, com a criação da holding Vieri Participações. O capital da nova holding é dividido entre Abílio e o grupo francês 2006 – Cássio Casseb, ex-presidente do Banco do Brasil, substitui Cruz na presidência do Pão de Açúcar e comanda o processo de profissionalização da direção 2007 – O Pão de Açúcar perde a liderança de mercado depois que o Carrefour compra a rede Atacadão, por R$ 2,2 bilhões. Casseb deixa a presidência e Abílio convida o consultor Claudio Galeazzi para o cargo 2010 – Enéas Pestana assume a presidência do grupo. Apesar da formação na área financeira, Pestana faz uma gestão marcada pelo foco nos colaboradores do grupo 2011 – Com apoio do BTG Pactual e com promessa de aporte do BNDES, Abílio Diniz tenta costurar uma fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour Brasil. A transação criaria um gigante brasileiro do setor de distribuição, com vendas anuais de 40 bilhões de dólares. julho/2011 - O conselho de administração do Casino rejeita a oferta de fusão. O BNDES também não confirma seu apoio, o que impediu o avanço do negócio. Para o Casino, a fusão teria o objetivo de impedir que o grupo assumisse o controle do Pão de Açúcar, conforme acordo assinado em 2005. junho/2012 – O Casino assume o controle da Wilkes, dona do GPA. A oficialização é um marco no início da passagem de bastão da família Diniz ao Casino, já que, a partir de hoje (22/06), Abílio terá 60 dias para decidir como deve deixar o controle do GPA Fonte: Revista Época (2012). 100 Currículo, empreendedorismo e negócios Nos últimos anos, a empresa se consolidou como uma das maiores do país, com aquisições de empresas varejistas e até uma briga entre Abílio Diniz, muito identificado com a companhia e os novos proprietários da empresa. Em 2020, a empresa teve a expansão do e-commerce como pontos a serem destacados. Quadro 8 – Histórico: Natura 1969: Luiz Seabra funda a Indústria e Comércio de Cosméticos Berjeaut. Meses depois, a empresa passa a se chamar Natura. 1970: abrimos nossa primeira loja, na rua Oscar Freire, em São Paulo. Luiz Seabra atende pessoalmente as clientes. 1974: a venda direta é adotada como modelo de negócios, uma aposta na força das relações. A loja da Oscar Freire é fechada. 1979: lançamos a linha Sr. N, inaugurando o segmento de produtosmasculinos, uma novidade na época. 1980: com a expansão para diferentes regiões do Brasil, alcançamos 200 colaboradores e 2.000 consultoras. 1982: primeira incursão da Natura no mercado internacional, por meio de um distribuidor local no Chile. 1983: nós nos tornamos a primeira marca de cosméticos no Brasil a oferecer refil. Lançamos Sève, óleo de banho inédito no mercado. 1984: surge o sabonete Erva Doce, que se transforma em um clássico do nosso portfólio. 1986: criamos Chronos, produto antissinais que valoriza a beleza da mulher em cada fase da vida. 1989: atingimos a marca de 50 mil Consultoras de Beleza. 1990: adotamos a rosácea como nosso símbolo. 1993: lançamos a linha de produtos Mamãe e Bebê, com a proposta de fortalecer o vínculo entre mães e filhos. 1994: iniciamos nossas operações na Argentina e no Peru. 1995: criamos nossa única linha de produtos não cosméticos, Crer Para Ver, cujo lucro é revertido para ações de melhora da educação. 1996: Kaiak, uma das fragrâncias mais vendidas da perfumaria brasileira, chega ao mercado. 2000: lançamos a linha Ekos, que incorpora ativos da biodiversidade brasileira à formulação de seus produtos. 2001: inauguramos o mais avançado centro integrado de pesquisa e produção de cosméticos da América do Sul, em Cajamar (SP). 2004: realizamos a abertura de capital na Bolsa de Valores de São Paulo. 2005: inauguramos nossa primeira loja em Paris. Lançamento do Natura Musical, programa de divulgação da música brasileira. 2006: banimos os testes de produtos e de ingredientes em animais. 2007: criamos o Programa Carbono Neutro, com metas de redução das emissões de gases de efeito estufa em toda a cadeia produtiva. 2009: ao completar 40 anos, atingimos a marca histórica de 1 milhão de consultoras. 2010: criamos o Instituto Natura para gerir os recursos de Crer Para Ver. Começamos a produzir na Argentina, na Colômbia e no México. 2011: lançamos o Programa Amazônia, com o objetivo de direcionar investimentos para a região. 2012: começa o processo de aquisição da marca australiana de cosméticos Aesop pela Natura (concluído em 2016). Empreendedorismo e negócios 101 2013: reduzimos em um terço as emissões de gases de efeito estufa. Lançamos a linha Sou, com 70% menos plástico. 2014: inauguramos o Ecoparque, centro industrial em Benevides (PA), e nos tornamos a primeira companhia de capital aberto a se tornar uma Empresa B. 2015: o Rede Natura, nossa primeira plataforma de vendas on-line, alcança todo o território brasileiro e chega ao Chile. 2016: inauguramos lojas em diversas regiões do Brasil e também a primeira delas em Nova York. 2017: adquirimos a marca britânica de cosméticos The Body Shop. 2018: é criado o grupo Natura &Co, união de Natura, Aesop e The Body Shop. 2020: Natura &Co conclui a aquisição da Avon, criando o quarto maior grupo do mundo do segmento de beleza. Fonte: Natura (2012). Sem dúvida, a grande mudança nos últimos anos, nessa empresa está na aquisição de uma das maiores concorrentes de mercado, tornando-se um dos maiores grupos do mundo no segmento. Uma outra forma de ver o empreendedorismo acontecer é por meio de produtos e serviços disponíveis e/ou sugeridos para o mercado. Por exemplo, vamos analisar as ações empreendedoras por meio de um dos maiores problemas enfrentados pela sociedade em geral: o trânsito nas grandes cidades. Quadro 9 - Frota de veículos Região Automóvel Caminhão Motocicleta Ônibus Norte 1.897.485 158.830 2.181.411 46.270 Nordeste 7.364.662 484.658 7.058.873 132.359 Sudeste 31.361.986 1.269.224 9.093.004 309.881 Sul 12.329.477 681.996 3.271.562 110.289 Centro-Oeste 4.899.353 278.555 2.183.221 60.547 Fonte: Brasil, 2020. Os dados, apesar de não constar toda a frota, demonstram o quanto a frota de veículos no Brasil é relevante, independentemente do tipo. Apenas de motocicletas, temos mais de 23 milhões de unidades rodando pelo país. Entretanto, considerando a importância dos caminhões no abastecimento de mercadoria nas cidades, vamos entender um pouco mais sobre esse veículo. Nas informações publicadas, existem outros tipos de veículo que, informalmente, até os classificamos como caminhões, o que aumentaria a quantidade disponível. Apesar disso, vamos considerar apenas a informação publicada quanto ao veículo denominado caminhão. No Brasil, são mais de 2,8 milhões de caminhões, oriundos de todas as regiões do país e transitando por todas as regiões. Apenas na região sudeste, são mais de 1 milhão de unidades. 102 Currículo, empreendedorismo e negócios Figura 45 - Caminhão Fonte: Canva (2020). Com todo esse volume de caminhões, é comum, principalmente nas capitais e grandes cidades, um grande fluxo e, com isso, a geração de trânsito, causando transtornos diversos aos moradores, frequentadores e da sociedade em geral. Com isso, algumas alternativas foram implementadas na busca da redução desse problema. Figura 46 - VUC Fonte: SETCESP (2019). O VUC (veículo urbano de carga) foi uma das alternativas para a tentativa de redução do trânsito. Na prática, até houve uma melhora, pois, veículos menores necessitam de espaços menores para manobra, carga e descarga, o que reduz o impacto na via. Entretanto, apesar de ter melhorado, o problema não foi solucionado e muito menos percebido o ganho de fato pela população em geral. Empreendedorismo e negócios 103 A outra proposta também bastante conhecida é a zona de rodízio, ou seja, nesses locais há restrição de fluxo de veículo, considerando a placa e o dia da semana. Figura 47 - ZMRC Fonte: CETSP (2020). A ZMRC (zona máxima de restrição da circulação), direcionada aos caminhões, acontece de segunda à sexta-feira, das 5h às 21h e aos sábados das 10h às 14h. Durante esse período, “somente os caminhões devidamente cadastrados e autorizados poderão transitar nos horários de restrição, se previstos na legislação vigente” (CETSP, 2020). 104 Currículo, empreendedorismo e negócios Nessa área escura do mapa, entende-se que, com menor fluxo de caminhões, há uma grande redução no trânsito da região, facilitando a locomoção da população. Novamente, há uma melhora, mas ainda são várias as reclamações quanto ao, ainda intenso, trânsito e na dificuldade de abastecimento de mercadorias. É isso mesmo, quando restringimos os caminhões, estamos restringindo a chegada de mercadorias nos supermercados, açougues, lojas, o que significa falta de produto para ser adquirido pelo consumidor. Além disso, é bem provável que o custo para abastecimento aumente, pois, horários alternativos ou veículos menores tendem a ser mais caros. Diante de tudo isso, não há dúvida que o empreendedorismo (uma ideia e sua implementação) precisa acontecer! O Brasil precisa de alternativas para a redução dos trânsitos nas capitais e grandes cidades. Então, a pergunta é: O que fazer? Antes de falarmos de uma proposta sugerida por um empreendedor, vamos observar as propostas em outros países. Se você pensa que o trânsito nas grandes capitais é uma realidade apenas brasileira, está enganado. Em países europeus, há uma grande preocupação quanto a essa situação e várias propostas empreendedoras são sugeridas e até implementadas. Por lá, existe até um termo para definir ações de melhoria do trânsito e outras questões: city logistic. Figura 48- Exemplo de veículo de carga urbana Fonte: Civitas (2020). Nesse modelo, a ideia é reduzir o tamanho do veículo, mas ao mesmo tempo aumentar a capacidade de carga, o que garante mais entregas por saída do veículo. Empreendedorismo e negócios 105 Figura 49 - Exemplo de veículo elétrico Fonte: BSR-ELETTRIC (2020). Esse modelo, por ser bem pequeno, é conduzido facilmente por qualquer pessoa e consegue estar em locais que veículos maiores sofrem restrição. Outras propostas europeias podem ser apresentadas. Figura 50 - Transporte urbano: modelo francês Fonte: Barreto (2015, p. 65). Segundo Barreto (2015, p. 65), os benefícios são a “redução naemissão de poluentes como CO2 (dióxido de carbono); redução na poluição atmosférica; redução no barulho e engarrafamentos; e percepção da melhoria da imagem corporativa da empresa que utiliza esse tipo de veículo”. Ainda segundo o autor, o processo é assim definido: Entre as cidades de Paris e Toulose, uma frota de veículos equipadas com energia elétrica ou gás, está pronta para o processo de distribuição das cargas. Um veículo de transporte fluvial (barcaça) faz cinco paradas e distribui as entregas via rio Sena. Em cada uma das paradas, uma equipe de bicicleta recebe e entrega as mercadorias em torno de 1 hora e meia. Após isso, encontra a barcaça novamente duas paradas adiante. Enquanto isso, a equipe da embarcação faz a roteirização da carga (BARRETO, 2015, p. 65). 106 Currículo, empreendedorismo e negócios Figura 51 - Transporte urbano: modelo sueco Fonte: Barreto (2015, p. 67) Nesse modelo, há também a redução de poluentes e a aceitação das partes envolvidas, o que fez com que muitos comerciantes adotassem esse tipo de veículo. Figura 52 - Transporte urbano: modelo austríaco Fonte: Barreto (2015, p. 69). Nessa proposta, segundo Barreto (2015), o modelo é um tipo de trem sobre rodas, acionado por um sistema eletrônico que segue a trajetória do primeiro trailer, o que é possível, como benefício, acoplar o veículo em um trem comum. Figura 53 - Transporte urbano: modelo italiano Fonte: Barreto (2015, p. 71). Empreendedorismo e negócios 107 A ideia desse projeto foi reduzir a quantidade de veículos no centro da cidade. Para isso, foi necessário o aumento da eficiência do processo, fazendo com que mais empresas entrassem no processo. Figura 54 - Transporte urbano: modelo espanhol Fonte: Barreto (2015, p. 73). Essa iniciativa está baseada em uma parceria público-privada, com atuação de vários segmentos de negócios, fazendo com que os resultados gerados alcançassem redução de multas de trânsito e maior satisfação dos moradores da região. Figura 55 - Transporte urbano: modelo holandês Fonte: Barreto (2015, p. 76). Esse modelo era aplicado em várias cidades holandesas, em que um centro de consolidação de carga gerencia as cargas dos varejistas, sendo entregues posteriormente às lojas do centro da cidade. Diante de tantos exemplos de empreendedorismo considerando a melhoria do trânsito em centros urbanos, você deve estar se perguntando: e o Brasil, não tem ação empreendedora nesse segmento? Obviamente, muitas ações empreendedoras podem ainda não ser de conhecimento público, não ter sido propagada em larga escala ou ainda estarem em fase de testes e ajustes. De qualquer maneira, considerando a situação existente, o Brasil tem sim propostas empreendedoras para resolver ou, ao menos, minimizar esse problema dos grandes centros urbanos. 108 Currículo, empreendedorismo e negócios O projeto do Baú Móvel surge em meados de 2003 com uma nova proposta de maximizar os recursos disponíveis principalmente relacionados à utilização do baú. A partir de 2007, com o pedido de patente protocolado e a alteração da sua concepção de operacionalização, reduzindo a necessidade de pessoas na condução do processo, o projeto ganha status de negócio. Em 2013, com a publicação de legitimidade da patente pelos órgãos competentes, o Baú Móvel pode buscar sua expansão no centro urbano da cidade paulista (BARRETO, 2015, p. 59). A proposta considera que o principal elemento no transporte é o baú, o que faz necessário gerar flexibilidade para esse equipamento. Com isso, o veículo é adaptado para receber vários baús alternadamente, aumentando a sua produtividade e eficiência. Figura 56 - Transporte urbano: modelo brasileiro - Baú Móvel Fonte: Barreto (2015, p. 59). Além dessa proposta de flexibilizar o baú no momento da carga e descarga, não sendo necessária a permanência do veículo no local, o modelo brasileiro propõe ainda a facilitação da comunicação entre o veículo que transporta e o armazém de destino da mercadoria. Entende-se que, dessa maneira, há maior produtividade no processo ao integrar as duas atividades. Empreendedorismo e negócios 109 Figura 57 - Modelo de integração transporte-armazém Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Lembre-se sempre que, em um processo empreendedor, é necessário, além de uma boa ideia, demonstrar que o produto ou serviço ofertado é realmente mais adequado que o processo tradicional. Nesse modelo brasileiro, esse é o grande desafio, envolver os setores público e privado no entendimento dos possíveis resultados que ratificam a implementação desse processo. Agora, responda: Das ações empreendedoras citadas para melhorar o trânsito nos grandes centros urbanos, caso você fosse um gestor público ou privado com o poder de decisão, qual escolheria? Startups Apesar de ainda se ter certa divergência quanto à definição, uma startup pode ser definida como uma empresa recém-criada (ou jovem, com no máximo 3 anos) que desenvolve e implementa um novo produto ou serviço no mercado, independentemente para qual seja a finalidade. Esse tipo de empresa está relacionado com tecnologia, mas não é só isso. Basta ter uma inovação e implementar, que uma empresa jovem é caracterizada como uma startup. Claro que com o avanço tecnológico é mais fácil expandir uma empresa no mercado. Qualquer que seja o objetivo, esse tipo de organização pode se encaixar. Anteriormente, falamos que um empreendedor é alguém que inova (tem a ideia) e a implementa no mercado, logo, podemos afirmar que um empreendedor 110 Currículo, empreendedorismo e negócios é parte essencial de uma startup. Assim, afirmamos que toda startup tem um ou mais empreendedores, mas nem todos os empreendedores estão em uma startup. Na prática, enquanto uma startup é dependente de um empreendedor, o empreendedor pode estar alocado em um negócio próprio já consolidado no mercado ou ainda como um empregado (chamado de intraempreendedor ou empreendedor corporativo) em uma grande empresa, por exemplo. De qualquer maneira, uma empresa startup é, em sua grande maioria, uma MPE (micro e pequena empresa). E por que é preciso saber que uma startup é uma MPE? A resposta está na importância desse tipo de empresa nos negócios. Mais de 97% das empresas no Brasil são MPEs. Desse total, alguns dados são motivadores e outros nem tanto. Figura 58 - Pequenos negócios por setor (São Paulo) Fonte: Sebrae (2018). No Brasil, existem 6,4 milhões de estabelecimentos, sendo 99% de MPEs, respondendo por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado, conforme dados do Sebrae (2020). Os dados menos motivadores estão relacionados ao fracasso da empresa, muitas vezes por falta de planejamento: a. 39% não sabiam o capital de giro necessário; b. 38% não sabiam o número de concorrentes; c. 61% não procuraram ajuda de pessoas ou instituições para abertura do negócio; d. 55% não planejaram como a empresa funcionaria em sua ausência; e. 42% não calcularam o nível de vendas para cobrir os custos e gerar o lucro pretendido. Empreendedorismo e negócios 111 Figura 59- Fracasso nos negócios Fonte: Canva (2020). A pergunta que fica é: Como não fracassar com uma startup? Para tentar responder essa pergunta, vamos separá-la em duas partes. A primeira trata de apresentar as opções, principalmente tecnológicas, disponíveis para inovar e posteriormente o uso dessa tecnologia para buscar e alavancar negócios. 1. A revolução tecnológica e as opções para uma startup: Precisamos entender que a busca por melhores produtos e serviços sempre existiu, desde os primórdios, seja no Brasil ou em qualquer outra nação. Ao longo do tempo, com o avanço tecnológico e a globalização, novos produtos e serviços surgem no mercado continuamente, propiciando maior concorrência, qualidade e opções de compra. Diante desse cenário, algumas situações percebemos de imediato: a. Concorrência mundial e não local: qualquer um pode competir nos mais variadosmercados; b. Tomada de decisão baseada no conhecimento e informação: com as notícias chegando no momento que o evento acontece, a informação ontime passa a ser um fator relevante para qualquer empresa; c. Novos produtos e serviços: a exigência dos compradores receberem novidades continuamente; d. Concorrência baseada no tempo: rapidez é a palavra de ordem mundial nos negócios, seja na entrega de um produto vendido, no desenvolvimento e lançamento de um novo produto ou ainda na resolução de um problema percebido pelo consumidor; 112 Currículo, empreendedorismo e negócios e. Vida mais curta do produto: a entrada e saída de um produto no mercado tem acontecido cada vez mais rápido. Kotler e Keller (2012, p. 163) ao falarem sobre o ciclo de vida, destacam que é importante “(...) assegurar que os produtos certos estão sendo comercializados para os clientes certos da maneira certa”. Figura 60 - Ciclo de vida e tecnologia Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Toda essa configuração do mercado atual e a necessidade tecnológica é caracterizada na chamada indústria 4.0, uma revolução dos processos de fabricação, criando maior interação entre pessoas e objetos, dentre outras soluções. Figura 61 - Indústria 4.0 Fonte: Brasil (2020). Empreendedorismo e negócios 113 A proposta dessa nova fase da revolução tecnológica está baseada na interação, mas também na maior efetividade dos processos, redução de erros e de custo e, claro, a busca pela mínima interferência humana. A startup que busca se manter no mercado, precisa integrar seus negócios às opções disponíveis tecnológicas. Figura 62 - Principais tecnologias: indústria 4.0 Fonte: Brasil (2020). Para você entender um pouco mais sobre cada tecnologia, há um breve resumo a seguir: a. Manufatura ava nçada: I. Objetivo? Substituir a manufatura convencional, flexibilizando o processo produtivo de tal forma a ser parte integrante da sociedade. II. Como? Por meio de tecnologias digitais estruturadas como o uso de inteligência artificial. III. Quando? Na linha de produção. IV. Onde? Em produtos diversos. b. Internet das coisas IoT: I. Objetivo? Facilitar a conexão e interatividade de objetos no ambiente cyber-físico. II. Como? Com o uso de tecnologia como micros controladores, processadores (com capacidade de realizar processamentos autônomos em tempo real ou programado). III. Quando? Na rastreabilidade do processo produtivo, interligando a internet com a gestão remota. IV. Onde? Em serviços wi-fi, bluetooth e comunicação de objetos. 114 Currículo, empreendedorismo e negócios Figura 63 - IoT Fonte: Canva (2020) c. Big data: I. Objetivo? Além de processar dados, deve ter a capacidade de avaliar informações essenciais para a produção e para a gestão, contribuindo na tomada de decisão. II. Como? Por meio de velocidade, volume, variedade, veracidade e valor aplicados com ferramentas para processar grande volume de dados. III. Quando? Na aplicação de tecnologia com fibra óptica ou links dedicados IV. Onde? Em vídeos, imagens, mensagens, serviços online, etc. Conheça mais sobre a internet das coisas: https://www.youtube.com/watch?v=JVYL3aFapHc UNI Empreendedorismo e negócios 115 Figura 64: Big data Fonte: Canva (2020). d. Computação em nuvem: I. Objetivo? Armazenar dados infinita e irrestritamente em ambiente virtual externo facilitando o acesso. II. Como? Por meio de provedores e de acordo com a necessidade. III. Quando? Em backups e proteção de segurança. IV. Onde? Sistemas da empresa, sites corporativos. Conheça mais sobre big data: https://www.youtube.com/watch?v=LsMt5jp1a9k UNI 116 Currículo, empreendedorismo e negócios Figura 65: Computação em nuvem Fonte: Canva (2020). e. Ambiente cyber-físico I. Objetivo? Criar um sistema colaborativo em que elementos cibernéticos controlam máquinas e equipamentos em ambiente físico. II. Como? Envolvendo áreas de informática, engenharia e gestão criando soluções integradas. III. Quando? Em diversas aplicações e processos produtivos. IV. Onde? Semáforo, fábrica inteligente, etc. f. Manufatura aditiva – Impressão 3D I. Objetivo? Sair do conceito de usinagem (limar, cortar) para a manufatura da sobreposição. II. Como? Por meio de um modelo virtual tridimensional gerando informações digitalizadas (geração de protótipos). III. Quando? Em diversas aplicações e processos produtivos. IV. Onde? Em diversos produtos. Conheça mais sobre ambientes cyber-físicos: https://www.youtube.com/watch?v=9PZb6MlYGlo UNI Empreendedorismo e negócios 117 Figura 66: Impressora 3D Fonte: Canva (2020). A pergunta a ser respondida é: 1. A sua startup está preparada para o uso de uma dessas tecnologias? Se a sua resposta é “não”, por entender que ainda esse tipo de tecnologia pode ser financeiramente inviável para uma empresa que está entrando ou tentando se manter no mercado, não desanime, uma startup pode também utilizar outros meios tecnológicos disponíveis, alguns deles, bem difundidos no mercado. Sobre esse recurso, Maia (2016) cita que “a importância das redes sociais para o desenvolvimento de novas firmas pode ser observada, com clareza, nos estudos dedicados às indústrias de tecnologia (...). O aspecto crucial do Vale do Silício são suas redes sociais”. Essa força das redes sociais tem base no fluxo de informações, recursos e pessoas que elas movimentam e na possibilidade de inovação que essas redes dispõem. Assim, o chamado marketing digital é um dos maiores propulsores de uma startup, havendo a necessidade de cada vez mais se conhecer sobre esse mercado. Conheça mais sobre ambientes cyber-físicos: https://www.youtube.com/watch?v=TdZjRfrD8e8 UNI 118 Currículo, empreendedorismo e negócios Entretanto, vender no mundo digital parece fácil, mas não é. As principais dificuldades estão centradas no número de concorrentes e no engajamento (a capacidade de gerar alguma ação do potencial comprador). Para uma empresa, principalmente as iniciantes, conhecer e aplicar adequadamente as ferramentas disponíveis torna-se essencial para o mercado online. Assim, vamos dividir a necessidade virtual de uma startup em duas partes: marketing digital e SEO: Marketing digital: Uma empresa que vende seu produto ou serviço virtualmente está praticando, de alguma forma, marketing digital. Assim, vendem-se produtos para entrega posterior, treinamentos, livros digitais dentre tantas outras opções. O mais comum é a criação de lojas virtuais e afins. E como uma startup deve se comportar nesse mercado? Temos aqui algumas sugestões: 1. Defina a persona: assim como no ambiente físico, definir o público- alvo é inerente ao planejamento e, como consequência, ao processo de venda. Para criá-la, busque as respostas para as seguintes questões: a. Como meu produto é visto no mercado (preço e qualidade)? b. Quais são os problemas enfrentados no segmento do meu produto? c. Qual o perfil (idade, sexo, região etc.) dos meus compradores? Essas três perguntas são de certa forma básicas, mas abrem um horizonte de análise muito grande. Por exemplo, é possível definir classe social, sexo, idade dentre outras informações relevantes para a oferta do produto ou serviço. 2. Faça call to action: esse termo define uma chamada para ação, ou seja, o vendedor convida o comprador a fazer algo para ter uma experiência de venda. Tradicionalmente, está associado a um botão ou algo similar, com os tradicionais “clique aqui” ou “acesse”. A principal ideia dessa ação é a conquista da atenção do comprador, o tal engajamento. Ao clicar, é possível gerar um relacionamento até quem sabe, a venda do bem. 3. Desenvolva marketing de conteúdo: É a prática de criar conteúdo e disseminar informação nas redes virtuais. Quanto mais as pessoas vão lendo, assistindo e ouvindo sobre seu produto ou serviço, mais se cria engajamento e os denominados leads (interessados captados com informações que permitem maior aproximação). Um blog, por exemplo,é um meio de se criar marketing de conteúdo. 4. Divulgue nas redes sociais: As redes sociais são a segunda opção de busca por um produto ou serviço, logo após os sites de busca. Dependendo do que se procura, as redes sociais tornam-se o principal contato do interessado com os ofertantes. Para isso, é possível citar algumas ações necessárias: Empreendedorismo e negócios 119 a. Ao criar a página profissional (seja um vendedor ou uma empresa), ela precisa ser abastecida de informações relevantes continuamente. b. É necessário criar relação entre as redes sociais e outros canais da empresa, tais como, uma loja virtual ou site institucional. c. Promover a página por meio de investimento é maneira mais prática de ser mais visto (quanto maior o investimento, maior a visibilidade). Figura 67: Gerenciador de anúncios – redes sociais Fonte: Facebook (2020). Para uma pequena startup que está iniciando seus negócios, as redes sociais são uma ótima solução para uma análise mais aprofundada sobre os resultados dos negócios virtuais. Essa possibilidade está disponível e tem se tornado um dos principais indicadores para as empresas. Figura 68 – Audiência: redes sociais Fonte: Facebook (2020). Apesar de ser bem completa a análise das redes sociais, é possível também se buscar indicadores básicos para avaliar os resultados gerados. Dentre eles, o ROI (retorno sobre o investimento) é o principal. Ele é a soma dos investimentos 120 Currículo, empreendedorismo e negócios realizados em determinada campanha comparados com o resultado gerado. Por exemplo, uma empresa apresenta as seguintes informações após mais uma campanha em redes sociais: a. Investimento: R$200 b. Venda (retorno): R$600 Considerando que a fórmula para cálculo é: (retorno – investimento) / investimento, temos: (600-200)/200=2 Isso significa que, para cada R$1 investido, R$2 retornaram, ou seja, 100% do investimento. A função de gerir a reputação das empresas começou a ganhar ainda mais destaque com as novas formas de interação propiciadas pela web. As métricas específicas – que levam em consideração, entre outros critérios, engajamento, influência, alcance e interatividade – para sua mensuração envolvem geralmente os públicos que tiveram contato direto com o objeto de estudo, as redes sociais (VERGILI, 2014, p. 20). Além do ROI, podemos citar outros indicadores: Quadro 10: Indicadores de mídia digital Indicador Conceito Connect rate % de visitas que se tornaram cliques. Visualização Quantidade de vezes que um vídeo foi visualizado. O tempo mínimo considerado pode ter variação por plataforma. Retenção % de visualizações até o fim do vídeo / visualizações totais realizadas. Impressões Quantidade de vezes que o anúncio foi carregado na página/acesso do usuário. Conversão É a relação direta entre os leads e a venda efetivada. A fórmula para cálculo é: venda efetiva / lead. Pós-venda Nessa situação, é a avaliação do serviço prestado ou do produto disponibilizado. A medição pode variar de empresa para empresa, mas geralmente está relacionada com o grau de satisfação do comprador. Fonte: Quadro do autor. 5. Agrupe as informações on e off: Essa interação é importante para se entender o quanto uma loja física influencia (caso ela exista) a loja virtual e vice-versa. Ter um histórico contribui para a análise dos acertos e erros no processo. SEO: Apesar das ações de SEO estarem dentro do marketing digital, essa separação serve para criar duas linhas de raciocínio: a primeira, já apresentada, trata da venda em si, com as lojas virtuais e redes sociais. A segunda trata de como os buscadores da internet podem contribuir em maior venda. Nesse caso, seriam um meio e não o fim. O search engine optimization ou otimização para mecanismos de busca nada mais é que a estratégia realizada em sites para que eles estejam bem posicionados Empreendedorismo e negócios 121 em buscas pela internet. Na prática, estar na primeira página dos buscadores de site ou bem próximo disso, facilitando a visualização dos potenciais compradores. Para isso, algumas ações são necessárias: • definir onde quer aparecer: o principal buscador do mundo proporciona três opções básicas: shopping (aparece com informações de preço e produto e link de acesso), links patrocinados (em que as empresas pagam para serem posicionadas) e resultado orgânico, em que aparece na página automaticamente. Figura 69: Anúncio em buscador de site Fonte: Google (2020). Além disso, é necessário ter a presença digital, que começa com os dados básicos da empresa e outras informações disponíveis. 122 Currículo, empreendedorismo e negócios Figura 70: Informação de empresa Fonte: Google (2020). Para uma startup, estar em um buscador significa muito por duas motivações: 1. A plataforma é a mais utilizada quando se pretende conhecer, comprar ou avaliar um produto ou serviço; 2. A decisão de compra está baseada, quase que exclusivamente, no item anterior. De uma forma geral, para que o site possa ser posicionado na primeira ou nas primeiras páginas, se faz necessário: 1. Ser responsivo. O site precisa conversar em todas as plataformas que ele possa ser aberto (celular, computadores ou tablets). 2. Ser rápido. Quanto mais tempo demora para carregar uma página, maior a chance de desistência de compra. 3. Ter fotos e vídeos leves. Um site que as fotos não carregam ou o vídeo trava frequentemente, perde oportunidade de negócio. 4. Adequar as configurações do site. Para isso, é necessário algum conhecimento de programação. Para finalizar, uma startup deve entender que as boas práticas de vendas para ganho de vantagem competitiva estão centradas em alguns aspectos: 1. Ser digital sem deixar de ser físico. 2. Vender passou da negociação para a preparação de como anunciar e se relacionar. Empreendedorismo e negócios 123 3. Conhecer as ferramentas disponíveis e aplicá-las adequadamente, pode gerar mais vendas. Agora que você já sabe o que é uma startup, quais tecnologias ela pode utilizar para desenvolver seus produtos e serviços e onde e como ela pode atuar para divulgar e vender seus produtos, vamos complementar com mais algumas informações sobre esse tipo de empresa: a. O termo startup talvez tenha sido gerado na época da chamada “bolha da internet”, em que várias empresas de tecnologia despontaram no mercado. De qualquer maneira, a sua tradução está muito próxima do empreendedorismo, pois, ambos têm a mesma ideia de desenvolver algo novo no mercado. b. A atuação de uma startup está centrada em diversos mercados, tais como, o B2B (business to business – empresa para empresa), B2C (business to consumer – negócios para consumidores) e B2B2C (business to business to consumer), esse último quando há uma empresa que faz parceria com outra para alcançar o consumidor final (aplicativos que ofertam serviços de restaurante, por exemplo). c. Os segmentos de atuação são os mais diversos. Nesse caso, a startup pode ser definida como uma fintech (mercado financeiro), healthtech (saúde e medicina), edtech (educação), lawtech (direito), logtech (logística) etc. d. O risco é inerente ao negócio e em uma startup não é diferente. Entretanto, há formas de captar recursos externos com as denominadas “empresas anjo”, que aplicam recursos nos mais variados segmentos e outros tipos de investimentos. e. A dedicação, empenho e planejamento são partes fundamentais para qualquer empresa e, em ambiente turbulento e dinâmico, são peças- chave para uma startup sobreviver no mercado. 124 Currículo, empreendedorismo e negócios Se você tem uma ideia e tem interesse em desenvolver uma startup, saiba como começar com um bom planejamento do negócio. A captação de dinheiro externo é possível, mas nem sempre alcançável, assim como o tempo até o seu produto ou serviço ser reconhecido no mercado. Procure se aprofundar e adotar os 14 princípios de Deming, um professor americano muito conhecido:• O foco é o cliente; • Não tolere erros ou mau desempenho; • Aperfeiçoe os processos; • Busque a melhor relação custo/benefício; • Não deixe de melhorar seus processos continuamente; • Delegue apenas após treinamento; • Institua a liderança; • Remova o medo; • Cuide das interfaces entre os vários departamentos; • Evite objetivos puramente numéricos; • Elimine o que não funciona; • Acredite na capacidade de seus funcionários; • Eduque e treine constantemente; • Planeje sua estratégia e defina suas diretrizes de qualidade. UNI Figura 71: Fintech Fonte: Canva (2020). Empreendedorismo e negócios 125 A falta de recursos financeiros não pode ser uma desculpa para não empreender. Existem vários programas que buscam constantemente empresas iniciantes e suas ideias que podem revolucionar o mercado ou ao menos atrair compradores para o seu produto ou serviço. Basta uma simples busca por programas de investimento que você pode encontrar um que se encaixe em seu negócio. DICAS 126 RESUMO Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA • Apresentou diversos modelos de currículo disponíveis e como eles podem contribuir no interesse do recrutador; • Defendeu que tanto o currículo, quanto o processo de recrutamento e seleção, passam por um momento de transição contínua, motivados pelo desenvolvimento tecnológico, valendo-se de vantagem competitiva o profissional que consegue se destacar na triagem inicial de um processo seletivo, a análise de currículo; • Discutiu sobre a prática do empreendedorismo e a sua importância nos negócios; • Explicou o intraempreendedorismo; • Apresentou o local que tem se tornando apropriado para a inovação e o empreendedorismo acontecerem, uma startup. 127 AUTOATIVIDADE 1) Com base nos exemplos apresentados, apresente o seu currículo. 2) Agora, se você pudesse apresentar ao recrutador esse currículo e com apenas poucos segundos para isso, o que você destacaria? 3) Inovar é preciso! Faça um teste de inovação. Observe um negócio qualquer, seja físico como um estabelecimento comercial ou virtual como um curso e proponha algo inovador ao mercado. 128 129 REFERÊNCIAS 57 marcas e seus slogans famosos. MSN. 2019. Disponível em: https://www. msn.com/pt-br/dinheiro/economia-e-negocios/57-marcas-e-seus-slogans- famosos/ss-BBLRQvt#image=2. Acesso em: 14 dez. 2020 ABRANTES, T. 10 modelos de currículos para todos os gostos e perfis. 2016. Disponível em https://exame.com/carreira/10-modelos-de-curriculo-para- todos-os-gostos-e-perfis/. Acesso em 18 dez. 2020. BARNEY, J. A. Administração Estratégica e vantagem competitiva. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. BARRETO, J. C. A contribuição da orientação empreendedora na liderança dos gestores de MPEs na região de Barueri-SP. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação da Faccamp. Campo Limpo Paulista, 2011. BARRETO, J. C. Agente e empreendedor logístico: Formação e desenvolvimento de profissionais. 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