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Orientação Profissional e Mercado de Trabalho Autor João Carlos Barreto Indaial – 2021 1a Edição Indaial – 2021 OrientaçãO prOfissiOnal e mercadO de trabalhO Prof. João Carlos Barreto 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof. João Carlos Barreto Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: apresentaçãO Com a globalização e a revolução tecnológica em que atravessamos, se especializar cada vez mais é essencial para o alcance do chamado sucesso profissional. Para isso, é necessário conhecer o mercado de trabalho e entender como uma orientação profissional pode contribuir no desenvolvimento de pessoas mais preparadas para enfrentarem os diversos desafios existentes. Assim, vocês Alunos, saibam que uma série de fatores podem garantir uma melhor posição no mercado de trabalho. Conheçam algumas sugestões e estejam preparados! Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o ma erial base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE 9 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA Ensino e qualificação UNIDADE 1 PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – Qualificação e direcionamento profissional TÓPICO 2 – Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • Conhecer algumas profissões disponíveis no mercado de trabalho; • Estudar a história do ensino técnico; • Demonstrar a importância do ensino técnico para o desenvolvimento das pessoas e das empresas no Brasil; • Identificar as qualificações necessárias e as exigências do mercado de trabalho; • Compreender o conceito de ensino técnico e como isso contribui na qualificação e direcionamento profissional, destacando as habilidades e competências. • Disseminar as práticas empreendedoras e de gestão de pessoas. • Analisar as potenciais ações envolvendo empreendedorismo e inovação; • Conhecer o intraempreendedorismo para desenvolver suas ideias na empresa. 10 Desde sempre ouvimos falar que o aprendizado é fundamental para o crescimento profissional. Nossos pais e familiares incentivam que o estudo seja prioridade e, assim, devemos buscar nos qualificar. Acontece que, dependendo das condições financeiras da família e outros fatores, nem sempre é possível a dedicação apenas aos estudos, o que faz o indivíduo buscar uma colocação profissional. Figura 1 - Jovem em busca de emprego Fonte: Portal G1 (2020). Ao buscar uma oportunidade, o jovem se depara com uma situação comum: a falta de experiência, fazendo com que seja preterido nas vagas disponíveis e aumente o indicador de desemprego dessa faixa etária. Aliada à falta de experiência, a qualificação é uma barreira que precisa ser ultrapassada. Para se ter uma ideia da situação, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que mais de 75% dos brasileiros não se interessam por curso de qualificação profissional e apenas 2,2% das pessoas com 15 anos ou mais frequentavam algum tipo de curso de qualificação profissional (SILVEIRA, 2017). Segundo a reportagem, apesar do desinteresse, quem faz um curso profissionalizante se diz satisfeito e entende ser importante o aprendizado, apesar de quase metade nunca ter atuado na área em que se qualificou. 11 Figura 2 - Exemplo de curso de qualificação Fonte: Silveira (2017). E o que você, aluno, tem a ver com isso? Tudo! Se há interesse, há oportunidade! Se a qualificação profissional é essencial e muitos jovens não a buscam, os interessados no aprendizado podem ter mais oportunidades de emprego e, consequentemente, mais possibilidades de ingressar no mercado de trabalho na área de sua preferência, o que é, sem dúvida, o objetivo para qualquer profissional. Mas, para que tudo isso aconteça, é necessário começar e o ensino técnico é uma porta de entrada importantíssima para o mercado de trabalho para jovens que buscam uma qualificação. Então, vamos conhecer um pouco mais sobre o ensino técnico? 23 TÓPICO 2 UNIDADE 1 Qualificação e direcionamento profissional A qualificação é, sem dúvida, uma das principais necessidades de um profissional que pretende não só entrar no mercado de trabalho, mas se manter nele. Já sabemos que, quanto maior a nossa qualificação, mais oportunidades profissionais podemos ter. Entretanto, a qualificação passa pelo direcionamento profissional que pretendemos seguir, sendo essa decisão mais complexa do que podemos imaginar. Todas as decisões que tomamos ao longo da vida, sejam elas pessoais ou profissionais, passam por uma série de fatores até chegarmos à conclusão do que fazer. Algumas decisões parecem mais simples, outras nem tanto. Você já parou para analisar como as nossas decisões afetam o nosso dia-dia e até nosso futuro? Se ainda não fez isso, deveria. Vamos supor que você esteja empregado em uma empresa e surge uma nova oportunidade. Como decidir se é melhor permanecer onde você está ou mudar? Como saber se o novo emprego é melhor que o atual? Essas respostas são difíceis de se obter, o que faz o profissional decidir, muitas vezes, apenas pela variação salarial (se a nova empresa ofertar mais, a mudança acontece). Ao longo do tempo, percebe-se que o salário é um item importante para a decisão, mas não pode ser o único fator determinante. Quer ver como essa decisão é complexa? Faça um teste, considerando o que é importante para decidir permanecer no emprego ou mudar, baseado em duas partes: qualitativas (são as situações que não envolvem necessariamente valores, mas são fundamentais) e quantitativas (são as situações que envolvem valores). Imagineque você está muito bem empregado em uma empresa. Depois de alguns anos de trabalho na Empresa A, você é o coordenador administrativo, responsável por dezenas de empregados, com uma sala própria, as pessoas o respeitam e a empresa afirmar querer investir ainda mais em sua qualificação. Um amigo seu, também se considera bem empregado na empresa B em que trabalha. Ao abrir uma vaga gerencial, ele o convida para fazer uma entrevista para você conhecer um pouco mais sobre a oportunidade. Após algumas negativas, você aceita e vai. Ao final da entrevista, você separou o que considera importante para tomar a decisão. 24 UNIDADE 1 Ensino e qualificação Quadro 1 - Análise para tomada de decisão: Mudança de empresa Aspectos Quantitativos Aspectos Qualitativos Salário Cargo Benefícios (VA/VR/Ass. Médica) Peso da Marca (nome da empresa) Bônus Anual (por nr. salários) Responsabilidade Participação nos lucros (por nr. salários) Aprendizado Cursos (Exceto Idiomas) Qualidade de vida Idiomas Plano de Carreira Estacionamento Ambiente de Trabalho Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Agora, com essa separação, faça o seguinte procedimento: 1. Atribua um peso decrescente de 7 a 1 (quanto mais alto o peso, mais importância para você no atual momento de carreira) para cada um dos itens. Por exemplo, se você é solteiro e sem filhos, um benefício como assistência pode ser menos importante que o aprendizado. Por outro lado, uma pessoa casada e com filhos, pode dar maior peso a esse item. É importante ressaltar que, obviamente, o salário é importante, mas tente não se prender a isso, estabelecendo um critério para determinar o peso. Por exemplo, recentemente, uma profissional foi trabalhar em uma empresa multinacional com o salário menor que a empresa em que atuava, sendo a principal razão dessa decisão, a oportunidade que se apresentava. 2. Depois de atribuir o peso para cada um dos itens, faça o mesmo procedimento com as duas empresas. Por exemplo, se você colocou no item “Idiomas” o peso 7, você estabelece o peso considerando o que você percebe nas duas empresas. A atribuição de peso às empresas deve considerar a importância do item no dia-dia, o incentivo da empresa ou o quanto você está satisfeito. 3. Multiplique o desejado x percebido, chegando ao total de cada item. 4. Some todos os totais. 5. A empresa que alcançar a maior pontuação é a sugerida para ser escolhida. Lembre-se que é um apoio à decisão, não sendo uma certeza de que a escolha será a melhor opção ao longo do tempo. Qualificação e direcionamento profissional 25 Tabela 1 - Peso para tomada de decisão: Mudança de emprego Aspectos Quantitativos Desejado Percebido Empresa A Total Percebido Empresa B Total Salário 6 3 18 1 6 Benefícios (VA/VR/Ass. Médica) 5 4 20 2 10 Bônus Anual (por nr. salários) 3 7 21 4 12 Participação nos lucros (por nr. salários) 2 2 4 5 10 Cursos (Exceto Idiomas) 1 5 5 7 7 Idiomas 7 6 42 6 42 Estacionamento 4 1 4 3 12 Aspectos Qualitativos Desejado Percebido Empresa A Total Percebido Empresa B Total Cargo 7 3 21 7 49 Peso da Marca (nome da empresa) 6 5 30 4 24 Responsabilidade 5 1 5 3 15 Aprendizado 3 2 6 6 18 Qualidade de vida 4 4 16 1 4 Plano de Carreira 1 6 6 2 2 Ambiente de Trabalho 2 7 14 5 10 Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Nesse exemplo, temos o seguinte resultado: a. Empresa A: Quantitativo (114 pontos) + Qualitativo (98 pontos) = 212 pontos b. Empresa B: Quantitativo (99 pontos) + Qualitativo (122 pontos) = 221 pontos Considerando esse resultado, a empresa B deve ser a escolhida. Observe que a sua empresa atual teve melhor desempenho nos aspectos quantitativos e pior desempenho nos qualitativos. Isso pode explicar que você, como profissional, está buscando, além do salário, aprendizado, um ambiente de trabalho agradável e um cargo mais alto dentre outros fatores. Ao término desse teste é possível afirmar que a sua possível qualificação o permitiu ser disputado por duas oportunidades de trabalho (manter-se no atual emprego ou aceitar a oferta da empresa B), sendo a decisão meramente analisada de forma comparativa. Entretanto, para que decisões como essa aconteçam, o profissional deve ter passado, no início de sua trajetória, por um direcionamento (ou orientação) de carreira, analisando profundamente a individualidade, envolvendo expectativas e interesses, corroborando, tempos depois, em disputas de empresas pela sua prestação de serviço. A orientação profissional propõe o foco para três tempos: o curso, a profissão e a carreira. Essa última diz respeito à perspectiva futura, que, ao contrário do que muita gente pensa, não oferece qualquer trajetória profissional em linha reta. Isso porque, ao processar 26 UNIDADE 1 Ensino e qualificação uma escolha dessa natureza, o indivíduo é obrigado a privilegiar determinados aspectos de si mesmo em prejuízo de outros. Vejamos: a escolha profissional é uma ação continuada que se inicia antes da adolescência, culmina nesse período com a decisão quanto ao curso que levará a uma profissão, que é o primeiro degrau da carreira, e prossegue ao longo da vida. (LEITE, 2018, p. 16). Observe que a trajetória profissional citada pela autora tem seu início antes da adolescência e é um processo contínuo que pode sofrer alterações ao longo do tempo, seja pelas oportunidades que aparecem, seja pelo interesse da própria pessoa. Figura 7 - Assinatura da primeira carteira de trabalho Fonte: Governo do Brasil (2020). O jovem que busca a primeira oportunidade de emprego deve, necessariamente, ter uma orientação profissional. Por exemplo, recentemente, um jovem buscava seu primeiro emprego e, por mais que se esforçasse, não tinha êxito, deixando-o desmotivado a continuar. Ao longo dos meses seguintes, foi necessária uma orientação para que ele, mais do que encontrar uma oportunidade, não se sentisse preterido por incapacidade sua e sim por fatores como a alta competitividade de mercado, características pessoais que não se encaixaram nas empresas etc. Assim, após um período de orientação, esse jovem encontrou uma empresa que não só atendeu as suas ambições iniciais, como também foi considerada a melhor opção dentre todas. Entretanto, esse jovem já estava na fase adulta, o que faz gerar a seguinte pergunta: A quem se destina a orientação profissional? Vamos interpretar o que diz Leite (2018) sobre esse tema. O autor pontua que orientação profissional é dirigida prioritariamente ao adolescente por entender que é nessa fase que as dúvidas, anseios e desejos surgem, logo, é o momento mais adequado para analisar a vocação profissional. É interessante saber que, segundo o autor, no início dessa história de orientação profissional, Qualificação e direcionamento profissional 27 havia certa preocupação em estabelecer uma relação exata entre as características das pessoas e as profissões, dando a ideia de que um traço de personalidade sempre estaria relacionado à uma profissão. Com o tempo, isso foi mudando, passando a ser respeitada, como deve ser, a opinião da pessoa, mesmo em início de carreira. E agora? A autora cita a adolescência como o princípio ideal da orientação profissional e o jovem destacado no exemplo tinha acabado de ultrapassar os 20 anos de idade, um adulto. Onde, de fato, se encaixa a orientação profissional? Na verdade, a resposta está em um termo muito utilizado no ambiente das empresas, a “melhoria contínua”. Esse termo nos remete à capacidade que os processos dentro das empresas têm de se transformar em algo melhor o tempo todo, reduzindo custos, otimizando tempo, dentre outros fatores. E por que isso não pode acontecer com as pessoas? A resposta para sabermos onde se encaixa a orientação profissional está no próprio indivíduo e na sua capacidade de assimilar possíveis e potenciais melhorias em seu desenvolvimento profissional, ou seja, apesar de ser importante iniciar a orientação na adolescência (ou até antes), ela pode acontecer em qualquer momentocarreira, pois, com as mudanças de mercado e a revolução tecnológica, não há dúvidas que é necessário uma auto-avaliação contínua para que o profissional esteja adaptado ao meio em que está inserido. 28 TÓPICO 3 UNIDADE 1 Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências Já é possível entender que a orientação profissional é um processo contínuo que visa, dentre outros fatores, direcionar o profissional à máxima utilização da sua capacitação. Entretanto, em um ambiente altamente competitivo, as exigências do mercado de trabalho têm aumentado significativamente, fazendo com que os profissionais tenham que buscar aprendizado contínuo e, mais que isso, aplicação prática com resultado de acordo com a expectativa. Você deve estar se perguntando: Quais são essas exigências? Para responder essa pergunta, vamos analisá-la sob dois aspectos: as exigências para um gestor e para um profissional. Gestor Em mundo tão complexo e competitivo, tudo muda o tempo todo. Antes, um planejamento estratégico era realizado para 10 ou 15 anos. Atualmente, dois anos podem ser muito! Por que isso acontece? Pela revolução tecnológica e a busca constante de adaptação ao mercado. a. Os recursos tecnológicos têm ficado obsoletos em um curto espaço de tempo; b. As empresas cada vez mais têm acesso e necessitam da tecnologia para gerir seus negócios; c. Os consumidores desejam praticidade e a tecnologia tem proporcionado isso; d. Os produtos e serviços devem representar o que há de mais avançado para agregar valor ao comprador. Agregar valor parece ser a chave para o sucesso desde sempre. Mas, é necessário entender o que isso realmente significa ao consumidor. Então, imagine que você precisa saber a hora e percebe a necessidade de comprar um relógio. Como o seu objetivo é ter uma informação (a hora), o relógio a ser adquirido pode ter apenas essa funcionalidade. Ao entrar em uma loja, a vendedora oferece algumas opções com preços variados. Qual escolher? Considerando o seu objetivo original, o relógio mais barato serve. Entretanto, a vendedora, ao ofertar vários modelos, pode ter demonstrado alguma funcionalidade que chamou a sua atenção e, mesmo sem perceber, tornou-se algo relevante para você. É nesse momento que há o valor agregado, Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências 29 em que um produto ou serviço pode ser mais caro que outro, mas apresenta algo que é percebido pelo comprador, justificando a diferença de preço. É com essa percepção que um gestor deve analisar o mercado e os potenciais compradores dos produtos e serviços da empresa. Esse é um dos grandes desafios que o gestor do século XXI enfrenta no dia-dia, fazendo com que, muitas vezes, as empresas errem em sua estratégia. Sobre isso, Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 579) citam a necessidade de transformação em uma organização que aprende e que “os erros são corrigidos por meio de modificações nos objetivos, nas políticas e nas rotinas padronizadas da organização (...)”. Os autores, citam as características de uma organização que aprende: 1. Existe uma visão compartilhada com a qual todos concordam. 2. As pessoas abrem mão de suas velhas ideias e das rotinas padronizadas que utilizam para solucionar problemas ou para realizar seu trabalho. 3. As pessoas pensam todos os processos, atividades, funções organizacionais e interações com o ambiente como parte de um sistema de inter-relacionamentos. 4. As pessoas se comunicam de maneira aberta (vertical e horizontalmente), sem medo de críticas ou de punições. 5. As pessoas sublimam os seus interesses pessoais e os de seus departamentos fragmentados em prol do trabalho conjunto para alcançar a visão compartilhada da organização (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010, p. 580 apud SENGE, 1990). Nesse sentido, umas das exigências ao gestor do século XXI é entender que a organização em que atua deve estar diretamente alinhada com o aprendizado, ou seja, as mudanças existentes e a adaptação ao meio. Robbins, Judge e Sobral (2010) citam como os gestores devem criar organizações que aprendem: a. Estabeleça uma estratégia, explicitando o que deseja e onde se quer chegar; b. Redesenhe a estrutura da organização, fazendo achatamento e integração dos departamentos; c. Remodele a cultura da organização, demonstrando que acertos e erros fazem parte de um aprendizado. Esses pontos citados pelos autores demonstram que as ações dos gestores são responsáveis pela transformação das organizações, ao mesmo tempo em que o mercado exige tais iniciativas. O grande desafio do gestor é implementar as mudanças, seja pela resistência das pessoas, não aceitação dos clientes ou outro fator qualquer que possa dificultar a sua tomada de decisão. Sendo assim, podemos citar, ainda como exigências do mercado de trabalho para um gestor: 1. Saber colocar as pessoas nos lugares certos: Alguns anos atrás, o bom funcionário era, dentre outros fatores, o que cumpria adequadamente o horário de trabalho. Atualmente, é o que busca ter desempenho competitivo, ou seja, contribuir para a redução de custo ou aumento 30 UNIDADE 1 Ensino e qualificação de receita da empresa. Para Sharma (2007, p. 43) isso significa “contar todo o conhecimento e as habilidades dos funcionários para colocá- los nas funções certas – por meio de treinamento, ferramentas e orientação corretos, - além da compreensão de que compartilham a responsabilidade pelo sucesso da empresa”. Senge (1990) diz que, nas organizações que aprendem, os líderes possuem características como projetistas e professores, responsáveis por incentivar o desenvolvimento pessoal e das capacidades em entender cenários, ou seja, são os disseminadores da aprendizagem. 2. Ser empreendedor e ter empreendedores: Apesar do pensamento de uma boa parte das pessoas que veem empreendedorismo apenas quando se desenvolve o próprio negócio, a prática empreendedora é muito utilizada por meio do empreendedorismo corporativo (EC). Para isso, os gestores devem combinar o seu jeito de atuar, às pessoas que fazem parte da sua equipe e as influências externas para desempenhar o empreendedorismo corporativo. Figura 8: Esquema integrativo para entendimento das competências do empreendedor AMBIENTE VALORES RESULTADOS A FE TI V O CO G N ITIV O / TÉCN ICO AÇÃO Perseverança Coragem Força de vontade Iniciativa Disposição para correr riscos Motiação pessoal Enfrentar desafios Paixão pelo negócio Fazer o que gosta Autonomia Autoconfiança Independência Liderar Fazer acontecer Criar alianças Gerar empregos Contribuir para o crescimento do país Gerar lucros Assumir riscos calculados Habilidade de estabelecer parcerias Definir metas Saber planejar Conhecer o negócio, mercado e produto Conhecer seus limites Eloquência Capacidade de comunicação FOCO SABER SER SABER FAZER SABER AGIR Fonte: Nassif, Ghobril e Silva (2004). Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências 31 É importante ressaltar que ser empreendedor corporativo é uma exigência atribuída ao gestor, mas também ao funcionário. Observe que, segundo os autores, há uma série de características que o capacita para lidar com o mercado e as mudanças constantes que acontecem nos negócios. Quadro 2: Competências do EC segundo os executi- vos das organizações Competências do EC Pontos fortes para selecionar Identificar oportunidades Conhecimento técnico Planejar execução Capacidade de articular-se para dentro e fora da organização Liderança Capacidade de mobilizar recursos e pessoas Saber envolver as pessoas com o projeto Questionador (que não aceita paradigmas) Responsabilidade com resultados e sustentabilidade do negócio Versatilidade Saber (conhecimento) e saber fazer Visão positiva do mundo Passar credibilidade Ambição de médio para longo prazo Saber identificar riscos Capacidade de relacionamento interpessoal Vender ideias Bagagem pessoal, profissional e cultural Fonte: Gomes e Nassif(2008). Dentre as diversas competências sugeridas pelos autores, podemos destacar: a. Identificar oportunidades, o que demonstra a necessidade de analisar e perceber situações em que há possibilidade de melhoria; b. Passar credibilidade, o que demonstra a necessidade de aprendizado contínuo; c. Vender ideias, o que demonstra a necessidade de inovar a partir das análises percebidas e do aprendizado adquirido. 3. Tomar decisões: Que um gestor sempre foi um tomador de decisões, todo mundo já sabe. Entretanto, com a necessidade de resposta rápida, mudanças contínuas e o aumento da concorrência, a decisão requer capacidade de análise do cenário e identificação das informações, contribuindo no caminho a ser seguido. Por exemplo, vamos supor que a decisão de um gestor está centrada em contratar um novo profissional para a empresa. 32 UNIDADE 1 Ensino e qualificação Figura 9: Interesse e poder na triagem de currículo CANDIDATOIN TE R ES SE PODER EMPRESA RECRUTADOR GESTOR DA ÁREA Fonte: Barreto (2020, p. 86). Nessa situação, há uma relação direta entre interesse e poder. O candidato é o principal interessado (e pode influenciar), mas não necessariamente quem tem mais interesse, pois, a empresa pode estar precisando urgentemente de um novo profissional. Por outro lado, o poder do candidato é mínimo, uma vez que não há qualquer envolvimento seu na avaliação de contratação. O gestor no exemplo é quem tem maior interesse (a necessidade de suprir a carência) e poder (a escolha do candidato). Apesar de todos estarem envolvidos no processo decisório, o gestor é quem dá a palavra final, solicitando ou não a contratação. 4. Ser inovador: Em um ambiente altamente competitivo, ser inovador é fundamental para qualquer gestor que busca melhorar o desempenho da sua área ou da empresa. Essa necessidade está relacionada ao fato de que a inovação é uma vantagem competitiva. Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências 33 Quadro 3: Inovação como vantagem estratégica Mecanismo Vantagem Estratégica Exemplos Ampliação da série de fatores competitivos Mudar a base de concorrência - por exemplo, de preço de produto para preço e qualidade, ou preço, qualidade, escolha. A fabricação de carros japoneses - que, sistematicamente, alteraram a agenda competitiva de preço para qualidade, flexibilidade e escolha, para prazos menores entre lançamentos de novos modelos. Senso de oportunidade Ter a vantagem de ser o primeiro. Isso pode valer significativa parcela de mercado na área de novos produtos. Amazon.com, Yahoo - outros podem surgir, mas a vantagem permanece com os primeiros. Ter a vantagem de aprender rápido - às vezes, ser o primeiro significa enfrentar grandes dificuldades inesperadas, e faz mais sentido ver outra pessoa enfrentá-las e depois seguir na mesma trilha, atualizando o produto. O Palm Pilot e outros assistentes pessoais digitais ocupam uma grande parcela do mercado em crescimento. Na verdade, o conceito e o design foram projetados no Newton, produto da Apple, descartado cerca de cinco anos antes devido a problemas de software. Design robusto de plataforma Oferecer algo que fornece a plataforma sobre a qual outras variações/gerações de produtos podem ser desenvolvidas. A arquitetura do walkman - passando por minidisk, cd, dvd, mp3, ipod. Boeing 737 - com mais de 30 anos, seu projeto ainda é adaptado e configurado para atender a diferentes usuários. Reescrita de regras Oferecer algo que representa um conceito completamente novo de produto ou processo, um jeito diferente de fazer as coisas, tornando os modelos anteriores obsoletos. Máquinas de escrever versus computadores com editores de texto. Gelo versus refrigeração. Lâmpadas elétricas versus a gás. Reconfiguração de partes do processo Repensar o modo como partes do sistema funcionam juntas - por exemplo, desenvolvimento de redes mais eficientes, terceirização e coordenação de uma empresa virtual. Zara e Benetton, no ramo de vestuários; Dell no de computadores; Toyota, quanto ao gerenciamento de sua cadeia de fornecimento. Transferência através de diferentes contextos de aplicação Recombinar elementos estabelecidos para mercados diversos. Rodas de policarbonato transferidas de mercado de aplicação, como o de malas de rodinhas, para o de brinquedos infantis, como micro-scooters leves. Outros ? Inovação é sempre encontrar novas maneiras de fazer coisas e de obter vantagem estratégica; assim, haverá lugar para novos modos de ganhar e de reter vantagens. Napster - essa empresa começou desenvolvendo software que permitiu aos fãs de música trocarem suas composições favoritas pela internet; o programa Napster ligou pessoa a pessoa (P2P) ao fornecer conexão rápida. O seu potencial para alterar a arquitetura e o modo de operação da internet era bem maior e, embora tivesse restrições legais, seus seguidores desenvolveram uma indústria imensa baseada em downloading e em compartilhamento de arquivos eletrônicos. Fonte: Bessant e Tidd (2009, p. 275) 34 UNIDADE 1 Ensino e qualificação 5. Ter propensão aos riscos: Em tudo que vamos fazer há risco, não importa se o assunto é profissional ou pessoal. Por exemplo, ao lançar um novo produto no mercado, o gestor se arrisca, pois, não há qualquer garantia de aceitação por parte do comprador. Dess e Lumpkin (2005) citados por Barreto (2011, p. 43) citam os riscos que uma empresa e os seus gestores enfrentam: a. Riscos de negócios, que envolvem arriscar no desconhecido sem saber a probabilidade de sucesso, como, por exemplo, entrar em mercados não testados; b. Riscos financeiros, que requerem que uma organização tome emprestado grande volume de recursos visando crescimento, o que repercute na dicotomia risco e retorno; c) Riscos pessoais, que se referem aos riscos que um executivo assume ao adotar um padrão em favor de uma ação estratégica. 6. Ser proativo: A proatividade foi pouco compreendida pelas pessoas no ambiente profissional. Para muitos, trata-se de uma ação a ser realizada a partir de um acontecimento (por exemplo, algo cai no chão e a pessoa, sem ser solicitada, começa a recolher). Entretanto, ser proativo no ambiente empresarial está em antecipar o problema e agir para que ele não aconteça (evitar que algo caia no chão). O gestor precisa estar antenado com tudo que acontece no ambiente interno e, principalmente, externo, analisando as diversas situações de mercado. 7. Dar e ter autonomia: Uma empresa é composta, essencialmente, por gestores e funcionários alocados em áreas e atividades diversas. Com a necessidade de tomada de decisão rápida, a exigência do mercado diz que um gestor deve ter a sensibilidade de delegar responsabilidades, proporcionando, principalmente, a um grupo de liderados, a possibilidade de assumir suas decisões no andamento dos processos. 8. Ter agressividade competitiva: Esse é um desafio dos mais complexos, pois, há uma interpretação errada sobre agressividade competitiva e o impacto nos negócios. É importante ressaltar que o termo aqui empregado não tem relação com hostilidade, agressão no sentido literal ou ainda algo depreciativo. A agressividade no ambiente de negócios está na capacidade do gestor atuar no mercado desafiando verdades prontas, assumindo riscos e tomando decisões que podem gerar resultados expressivos para a empresa (apesar do risco contrário também ser possível). Por exemplo, uma empresa fabricante de produto alimentício, certa vez lançou um novo produto no mercado e, como uma estratégia de agressividade competitiva, cortou os preços drasticamente, ficando em torno de 45% mais barato quando comparado com os concorrentes. Com isso, os consumidores começaram a migrar para esse produto, fazendo com que todo mercado se movimentasse em relação ao preço e condições. Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências 35 Para ratificar as exigências do mercado quantoao perfil de um gestor, lembre-se: a. Preciso alocar as pessoas nos lugares em que elas desempenham melhor resultado; b. Preciso ser empreendedor e incentivar o empreendedorismo; c. Preciso tomar decisões e, para isso, estar preparado para analisar cenários e ter respostas rápidas; d. Preciso inovar porque o mercado exige novos produtos e serviços continuamente; e. Preciso arriscar em algumas decisões, mesmo que elas não apresentem o resultado esperado; f. Preciso ser proativo porque é necessário entender o mercado e se antecipar frente à concorrência; g. Preciso dar autonomia aos funcionários para que eles se sintam mais motivados e contribuam na resolução dos problemas. h. Preciso ter agressividade competitiva para não permitir que a concorrência se sinta confortável no mercado. Profissional Você não é gestor e também tem dúvida sobre as exigências do mercado com relação ao seu perfil profissional? O CHA pode te ajudar, não aquele que tomamos, mas o termo que significa conhecimento, habilidades e atitudes, amplamente discutido no ambiente de negócios. Se você nunca tinha ouvido falar desse termo tão importante, vamos tentar entender a aplicação prática do conceito. 36 UNIDADE 1 Ensino e qualificação Figura 10 - CHA CONHECIMENTO HABILIDADE ATITUDE CONJUNTO DE DADOS INFORMAÇÃO TOMADA DE DECISÃO IN TER ESSETÉ CN IC A COMPETÊNCIA Fonte: Elaborada pelo autor (2020). O CHA, obviamente, é o conjunto de três comportamentos, definidos como conhecimento, habilidade e atitude, mas não é só isso, é o agrupamento de ações que o profissional deve coincidir com a técnica e o interesse disponíveis, fazendo com que a tomada de decisão esteja baseada na competência do indivíduo para determinada tarefa. Vamos supor a seguinte situação: Uma empresa tem recebido diversas reclamações sobre as entregas dos seus produtos, pois, ora chegam atrasados, ora com pedidos incompletos e até avariados. Com isso, uma reunião urgente foi convocada para a busca de soluções que possam minimizar a relação empresa-consumidor. Você é o primeiro a falar na reunião sobre as ações a serem realizadas. Para isso, você informa a sequência de ações realizadas até a tomada de decisão: a. Inicialmente, você recebeu um conjunto de dados. Nessa situação, é o relatório com todas as entregas realizadas e todos os problemas ocorridos. O conjunto de dados apresentado é idêntico para qualquer um que o lê, uma vez que está disponível para todos os presentes na reunião. b. Esse conjunto de dados transforma-se em uma informação, mudando a forma como as pessoas enxergam os dados. c. Essa informação direciona à competência que você desenvolve para a tomada de decisão. Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências 37 d. A competência está centrada no conhecimento para resolver (você tem larga experiência no atendimento ao consumidor e sabe dos principais motivos dos problemas), habilidade para resolver (cria um procedimento a ser utilizado) e atitude para resolver (o interesse de melhorar o indicador). Nesse exemplo, as exigências do mercado quanto ao perfil profissional adequado estão, desde a percepção de todos, quanto aos problemas existentes até a capacidade de se sugerir ações para minimizar as ocorrências. É a partir disso que o conhecimento e a habilidade são fundamentais para resolver (uso da técnica), mas sem a atitude não há provável solução (interesse). Figura 11: Atitude Fonte: Wkprisma (2020). Se você ainda não consegue compreender a importância do CHA como uma exigência do mercado de trabalho, vamos separar os três comportamentos para melhor compreensão e aplicação. A competência é caracterizada pelo conhecimento adquirido ao longo do tempo, capaz de torná-lo mais capacitado para executar determinada ação. Assim, quanto mais conhecimento, mais competência para se resolver algo. Por isso, estudar é tão importante, uma vez que, quanto mais se estuda sobre determinado assunto, mais competente o indivíduo fica. A competência adquirida é responsável por desenvolver novas tecnologias e promover mudanças na forma de condução dos negócios. Ainda não conseguiu responder em que você é competente? Talvez porque precise saber da sua habilidade. A habilidade é definida como a capacidade que temos (o grau) para resolver determinada situação apresentada. Um dos exemplos mais fáceis para entender a sua habilidade em relação a algo está em um pneu furado. Suponha que uma entrega precisa ser realizada dentro de uma hora e o pneu do seu carro furou. 38 UNIDADE 1 Ensino e qualificação O seu objetivo agora, antes da entrega, é fazer a troca do pneu. Entretanto, apesar da habilidade para resolver o problema (a troca de um pneu), você não tem competência para solucioná-lo antes de uma hora, o que faz com que outras decisões sobre o assunto sejam tomadas, tais como, a contratação de um terceiro para a realização do serviço. Isso quer dizer que o grau de habilidade é essencial na resolução dos problemas e execução das atividades. Tabela 2 - Grau de habilidade: Exemplo de troca de pneu Grau Habilidade Tempo de execução Custo 1 Iniciante Em até 3h Muito Alto, busque terceiros 2 Baixa Em até 2h Alto, dependendo do tempo disponível, busque terceiros 3 Média Em até 1h30 Médio, a escolha de terceiros é facultativa 4 Alta Em até 1h Baixo, a decisão e a conveniência formam a sua decisão 5 Expert Em até 20min Faça você mesmo! Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Um teste simples pode ser suficiente para você perceber o seu grau de habilidade e tomar decisões mais acertadas. A ideia é que, quanto mais habilidade você tem em determinada atividade, menos você gasta com ela (tempo e dinheiro). Em nosso exemplo da troca de pneu, considerando que a rapidez é essencial para não atrasar a entrega programada, apenas se você estiver nos graus 4 e 5 seria possível utilizar a sua habilidade. Entretanto, muitas vezes, perdemos muito tempo para executar uma atividade por não termos habilidade suficiente para executá-la. Será que vale a pena demorar mais de 1 hora para a troca de um pneu? Diante da situação apresentada, podemos definir a habilidade como a capacidade que temos em saber fazer, que vai se aperfeiçoando conforme o conhecimento adquirido (a prática). A nossa grande dificuldade está em entender o grau de habilidade que estamos em determinada atividade e o momento de optar por outra alternativa que, por muitas vezes, vai gerar mais custo. De qualquer maneira, repita: “NÃO vale a pena demorar mais de 1 hora para a troca de um pneu!”. Em alguns momentos, precisamos ser incisivos em nossas decisões e esse é um caso claro, não é verdade? Agora chegou o momento da atitude. Vamos entendê-la como a prática da competência, em que você desenvolveu conhecimento e habilidades suficientes para executar determinada atividade. Sem a atitude, é muito provável que a competência adquirida ao longo do tempo, seja irrelevante, por isso, é sempre recomendável buscar conhecimento e habilidades no que você tem interesse. Voltando à troca do pneu, vamos supor que você trabalhou em uma empresa em que tinha, como uma de suas atribuições, executar a troca de pneus dos veículos da frota. Com o tempo, você mudou de emprego e está em outra fase de carreira, quando o pneu aparece furado e precisa ser trocado. Apesar de ter conhecimento e habilidade suficientes, você escolhe repassar a um terceiro essa Exigências do mercado de trabalho, habilidades e competências 39 atividade. A sua decisão está baseada no nível de afinidade e não na competência e não há problema nenhum nisso. Atualmente, trocar pneu não te empolga, logo, a busca por serviços de terceiros torna-se essencial para a resolução do problema. Por outro lado, um reparo na sua casa, apesar de não ter experiência profissional sobre o assunto, mas tem conhecimento e habilidades suficientes, faz com que você mesmo realize a atividade, destacando a afinidade (gostar de fazer). Entretanto,a evolução dos negócios fez com que novas exigências (ou velhas exigências com novos termos) surgissem. Um dos termos utilizados no século XXI é o soft skills, um conjunto de habilidades e competências relacionado ao comportamento humano. Robbins, Judge e Sobral (2010) citam que todas as pessoas são estudantes de comportamento, desde sempre, ao observarem as ações dos indivíduos e tentar, de alguma forma, interpretá-lo ou até julgá-lo. Mas, há também o hard skill, que é a competência adquirida por meio de treinamento, cursos, etc. Figura 12 - Soft skill e hard skill na tomada de decisão COMPETÊNCIA HARD SKILL SOFT SKILL CONJUNTO DE DADOS INFORMAÇÃO IN TA N G ÍV EL TOMADA DE DECISÃO TA N G ÍV EL Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Nesse modelo, a combinação das duas características (hard e soft skills) colabora na tomada de decisão, envolvendo a sua capacidade em determinado assunto, ao mesmo tempo que o comportamento pode ser relevante no processo. 40 UNIDADE 1 Ensino e qualificação Podemos listar algumas soft skills que você pode desenvolver: a. Comunicação; b. Liderança; c. Criatividade; d. Empatia; e. Ética; f. Trabalho em equipe O que diferencia uma pessoa da outra é a capacidade de aplicação da soft skill no dia-dia e o atingimento do seu objetivo. Por exemplo, você pode fazer um curso sobre liderança (hard skill), mas, mesmo assim, não conseguir ser um líder na visão das pessoas que gerencia. A soft e hard skill têm sido cobradas cada vez mais no mercado de trabalho, principalmente a primeira, por ser algo desenvolvido pelo indivíduo. Como a soft skill é uma habilidade comportamental ou até competências que são difíceis de se medir pela subjetividade que a compõem, vale a pena buscar mecanismos para descobrir em você qual habilidade comportamental ou competências são mais percebidas pelas pessoas, o que é um ótimo caminho para o seu desenvolvimento. Algumas soft skills são mais procuradas pelo mercado de trabalho. Busque desenvolvimento nelas, que você pode ter melhor resultado. Elas foram citadas anteriormente. Algumas são para qualquer momento da carreira e da vida, como a ética, outras podem ser aprimoradas ao longo do tempo, como a comunicação. De qualquer maneira, todas são importantes para que você possa desempenhar sua hard skill (cursos e treinamentos) de forma mais eficaz. DICAS 41 RESUMO Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA • Demonstrou como o ensino e qualificação são fundamentais para desenvolvimento pessoal e profissional do indivíduo; • Contou a história de criação dos cursos técnicos e superiores; • Mostrou que desde o começo da trajetória profissional, a falta de experiência demonstra as dificuldades de ingressar no mercado de trabalho, ratificando a necessidade do desenvolvimento de estudos como o curso técnico e superior; • Afirmou que aliado à falta de experiência, as exigências do mercado de trabalho têm se voltado para características que o profissional deve desenvolver, apresentando as competências, habilidades e atitudes necessários para fazer parte de uma empresa. • Defendeu que para isso, fatores como o empreendedorismo corporativo vão se tornando cada vez mais relevantes e determinantes para se diferenciar um profissional do outro. 42 1. É fato que a qualificação profissional do jovem que está entrando no mercado de trabalho deve ter uma orientação para que ele tenha um direcionamento. Entretanto, a sua vontade deve prevalecer, pois, já foi o tempo em que um comportamento estava necessariamente associado à uma profissão. Assim, como conciliar as duas ações? 2. Das exigências do mercado de trabalho para um gestor, quais podem ser encontradas em você? 3. Em uma entrevista de emprego para um cargo voltado à linha de produção, o recrutador solicitou que você apresentasse uma habilidade sua. Qual você destacaria? AUTOATIVIDADE 43 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA Gestão de pessoas UNIDADE 2 Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – Cultura organizacional TÓPICO 2 – Clima organizacional TÓPICO 3 – Gestão de pessoas A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • Identificar a gestão de pessoas, passando pela liderança e atingindo aspectos importantes como o recrutamento, a cultura e o clima organizacional; • Analisar os os subsistemas de gestão de pessoas, envolvendo administração de pessoal, a segurança no trabalho e as relações trabalhistas; • Debater o treinamento e desenvolvimento, etapas importantes tanto para a empresa, quanto para o profissional. 44 GESTÃO DE PESSOAS É fato que todas as empresas, sejam elas pequenas, médias ou grandes, precisam ter em seu quadro um gestor capaz de extrair o máximo de cada funcionário. Esse líder, em alguns momentos, é o dono da empresa, mas pode ser também um profissional de carreira, ou seja, uma série de promoções que o colocou nesse estágio. Acontece que, apesar de todas as empresas necessitarem de líderes, nem todas as empresas os têm. Isso acontece porque as pessoas podem alcançar cargos de lideranças, mas nem sempre são líderes, gerando possíveis conflitos com a equipe. Diante disso, como identificar um gestor de pessoas? Para começar a responder essa difícil questão, vamos observar o que a teoria nos mostra. Diversos autores tratam a gestão de pessoas como algo essencial aos negócios e apresentam perfis de gestores e ações que os mesmos fazem, para engajar sua equipe e alcançar os objetivos propostos. Vamos conhecer mais sobre a gestão de pessoas e alguns desses exemplos de liderança. Figura 13 - As variáveis que influenciam o comportamento humano nas organizações O homem: Personalidade, motivação interna, percepção, valores. A empresa Ambiente organizacional, regras, clima e cultura, políticas, métodos e processos, recompensas e punições. Comportamento do homem na empresa+ = Fonte: Knapik (2012, p. 17). Antes de se pensar em gestão de pessoas, deve-se entender que as pessoas se adaptam ao ambiente em que estão inseridas, afetadas pela cultura e clima organizacionais. Vamos conhecer um pouco mais sobre cada um deles. 45 TÓPICO 1 UNIDADE 2 Cultura organizacional Um tema bastante complexo dentro das empresas e que tem influência direta nos negócios trata da chamada cultura organizacional, que para ser entendida, se faz necessário estabelecer alguns conceitos: a. Cultura, aquela retratada por meio de uma comunidade, cidade e até país, é definida como um conjunto dos hábitos sociais e religiosos, das manifestações intelectuais e artísticas, que caracteriza uma sociedade: cultura inca; a cultura helenística. Está relacionada, ainda, às normas de comportamento, saberes, hábitos ou crenças que diferenciam um grupo de outro: provêm de culturas distintas (Dicionário online de português, 2020). b. Cultura, denominada de organizacional por tratar-se de uma empresa, seja ela pública ou privada, pequena, média ou grande, formal ou informal, é definida como o conjunto de hábitos, costumes e princípios dos líderes que é transmitido aos funcionários como uma rotina que deve ser entendida e praticada. De certa forma, uma complementa a outra, ou podemos afirmar que a primeira transforma a segunda, ou seja, a cultura social do profissional, ao tornar- se o dono ou gestor de uma empresa, causa influência na cultura organizacional. Por exemplo, os países mantêm negócios entre as empresas e a cultura social afeta a cultura organizacional. Observe o Brasil e o seu maior parceiro comercial, a China. Sob o pontode vista dos negócios, os brasileiros adotam algumas práticas culturais e comerciais. Podemos destacar algumas delas: As reuniões comerciais devem ser agendadas com antecedência, para que o cliente possa se programar. No Brasil, as reuniões de negócios são realizadas normalmente nos escritórios. Dificilmente um cliente irá marcar o local da reunião em um hotel ou em sua residência, como ocorre em outros países. Pontualidade é um item importante, pois o visitante deve levar em conta os problemas de trânsito que existem nas grandes metrópoles brasileiras. O importador brasileiro apreciará receber todas as informações técnicas e comerciais do produto e o preço, inclusive a classificação alfandegária, pois com esses dados terá condições de confeccionar uma planilha de importação que inclua os impostos, taxas, armazenagem, despesas portuárias, podendo chegar mais rapidamente à conclusão final sobre a compra. Dessa maneira, o exportador será beneficiado se tiver disponíveis todas as informações sobre o produto. Quando se percebe que não há interesse por parte do cliente, deve-se encerrar o encontro, pois dificilmente o empresário brasileiro é direto, a ponto de manifestar que não está disposto a comprar seu produto. Normalmente, ele vai levar a negociação ao seu UNIDADE 2 Gestão de pessoas 46 esgotamento natural, até que você repare que realmente não existe nenhuma possibilidade de fechar um pedido. Outro ponto cultural marcante no mundo dos negócios é a objetividade dos temas a serem tratados na reunião. Não se deve estranhar, contudo, se, antes de iniciar o encontro, sejam feitos comentários leves sobre algum acontecimento publicado pela mídia ou brincadeira social sobre o time de futebol dos presentes. Na hora de pagar a conta, tome a iniciativa de chamar o garçom e entregue seu cartão de crédito, mesmo com a insistência de o cliente querer assumir a despesa, pois sua atitude será bem vista não pelo aspecto financeiro, mas sim pela gentileza. Quanto às cores usadas no Brasil, não existem restrições de cunho cultural ou religioso (BRASIL, 2016, p. 105-108). Para os brasileiros, algumas situações citadas são consideradas “normais”, pois, fazem parte da cultura organizacional do país. As cores, restritas em outros países, não causam qualquer problema no Brasil, assim como a vestimenta. Por outro lado, segundo o Guia de Comércio Exterior e Investimento (BRASIL, 2016), algumas situações devem ser evitadas. a. Deixar de responder e-mails; b. Não ter capacidade de exportar o que se promete; c. Deixar de convidar para conhecer o país; d. Demonstrar receio de não pagamento; e. Falar mal do idioma e das cidades brasileiras; f. Criticar a gastronomia e os gostos; g. Exagerar no temor à violência urbana. Observe que o brasileiro tem certo orgulho ou amor ao país e não aceita que estrangeiros critiquem os problemas de trânsito, violência urbana etc. E na China, como é a cultura do país? Que há diferenças entre os países, já sabemos, mas vamos entender um pouco mais sobre o país asiático, o maior do continente, com mais de 9 milhões de km2 e uma população em torno de 1,3 bilhões de habitantes. Se o Brasil é relativamente novo, a China teria surgido por volta de 221 a.C., considerando a formação do grande império da época. Sobre os negócios, é a partir da década de 1970 que a China se aproxima do capitalismo e sua economia começa a crescer exponencialmente. Uma das principais diferenças está na forma de conduzir uma compra e venda. Enquanto o brasileiro é receptivo ao estrangeiro, orientação ao curto prazo e utiliza-se do chamado “jeitinho”, o chinês utiliza-se do Guanxi ( Guānxì), que pode ser caracterizado como relacionamento no contexto oriental. Na tratativa dos negócios, Couto (2008) cita alguns exemplos de como se comportar: CULTURA ORGANIZACIONAL 47 a. Toque: O toque não é algo comum, ainda mais em se tratando com estrangeiros. b. Pontualidade: Se o brasileiro pode ter dificuldade com horário, na China, a pontualidade é regra. c. Palavra “Não”: A cultura do país abomina alguns termos e palavras por considerar que sugerem negatividade. Por isso, na China, a palavra “não” é evitada. Para isso, utilizam-se termos como “vou ver o que posso fazer”, “vou fazer o meu melhor” ou ainda “vou pensar no assunto”, não encerrando a possibilidade de qualquer negócio. d. Comunicação: Com a extrema diferença entre as línguas, é necessário que se fale de forma clara e pausada, evitando possíveis conflitos, pois, o chinês não tem costume de pedir para repetir o que foi dito. Percebe como há diferenças culturais entre os dois países? A cultura social afeta, de alguma forma, a cultura organizacional da empresa, moldando o comportamento e a forma de agir. Então, se uma empresa pretende negociar ou até manter uma filial em outro país, ela vai precisar se adaptar à realidade do local. Entretanto, quando falamos de cultura organizacional, há uma intensa relação com o dono ou gestor do negócio, transformando-a conforme suas preferências. Lück (2011) cita que, mesmo sem uma predefinição de como agir, um novo funcionário percebe o modo de ser e fazer e se ajusta a agir da mesma maneira. Assim, a cultura se desenvolve pela estrutura organizacional, que nada mais é que a forma como uma empresa está hierarquizada e assim dirige os seus negócios. Podemos citar alguns tipos de estrutura organizacional: a. Estrutura organizacional linear: talvez seja o formato mais antigo e tradicional, muito utilizado em empresas com poucos recursos de pessoas (micro e pequena empresa (MPE), por exemplo). Figura 14: Estrutura organizacional linear DIRETOR FINANÇAS COMERCIAL PRODUÇÃO RH Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Nesse modelo, apesar das diversas áreas que podem compor a estrutura da empresa, a hierarquia é centralizada no diretor, gestor ou dono do negócio. O Exército Brasileiro, apresenta algo similar à essa estrutura. UNIDADE 2 Gestão de pessoas 48 Figura 15: Estrutura organizacional – Exército brasileiro ORGÃO DE ASSESSORAMENTO SUPERIOR ORGÃO DE DIREÇÃO GERAL ORGÃO DE ASSISTÊNCIA DIRETA E IMEDIATA ENTIDADES VINCULADAS ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO VICE-CHEFE DO EME GABINETE DO EME ALTO COMANDO DO EXÉRCITO (CE) 1ª SUBCHEFIA PESSOAL, EDUCAÇÃO E CULTURA 2ª SUBCHEFIA INFORMAÇÃO E DEFESA CIBERNÉTICA 3ª SUBCHEFIA DOUTRINA MILITAR TERRESTRE 4ª SUBCHEFIA LOGÍSTICA, MOBILIZAÇÃO E C&T CONSELHO SUPERIOR DE ECONOMIA E FINANÇAS (CONSEF) CONSELHO SUPERIOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (CONTIEx) CONSELHO SUPERIOR DE RACIONALIZAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO (CONSURT) COMANDANTE DO EXÉRCITO 5ª SUBCHEFIA ASS ESPECIAIS E INTERNACIONAIS 6ª SUBCHEFIA ECONOMIA E FINANÇAS ESCRITÓRIO PROJETOS DO EXÉRCITO (EPEx) GABINETE DP COMANDANTE (GAB CMT) CENTRO DE INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO (CIE) CONSULTORIA JURÍDICA ADJUNTA DO COMANDO DO EXÉRCITO (CJACEx) CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO EXÉRCITO (CCOMSEx) SECRETARIA- GERAL DO EXÉRCITO (SGEx) CENTRO DE CONTROLE INTERNO DO EXÉRCITO (CCIEx) FUNDAÇÃO HABITACIONAL DO EXÉRCITO (FHE) INDÚSTRIA DE MATERIAL BÉLICO DO BRASÍL (IMBEL) FUNDAÇÃO OSORIO Fonte: Secretária-Geral do Exército (2020). b. Estrutura organizacional funcional: Como o modelo propõe uma especialização das áreas, há um potencial aumento no relacionamento entre elas. Por exemplo, a área de finanças pode responder pelas questões associadas ao tema sempre que uma outra área assim necessitar. O mesmo ocorre com outras atividades, como a contração de pessoal, a cargo da área de recursos humanos, as entregas sob responsabilidade da logística etc. Figura 16: Estrutura organizacional funcional DIRETOR FINANÇAS COMERCIAL PRODUÇÃO RH Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Nesse modelo, o especialista de cada área interfere em assuntos de sua competência, alternando a forma de hierarquização, pois, apesar de existente, ela não é exclusiva, uma vez que o gestor da área de recursos humanos, por exemplo, tem uma equipe de trabalho,mas não tem domínio total sobre esses funcionários. c. Estrutura organizacional linha-staff: É uma espécie de combinação das duas anteriores, com o incremento de um corpo externo às áreas para discussão dos assuntos, geralmente em ambiente tático e/ou estratégico. CULTURA ORGANIZACIONAL 49 Figura 17: Estrutura organizacional linha-staff DIRETOR CONSULTOR FINANÇAS COMERCIAL PRODUÇÃO RH Fonte: Elaborado pelo autor (2020). A participação de um consultor (com ou sem poder de decisão) cresceu ao longo dos anos como uma maneira de apresentar alternativas aos processos enraizados nas empresas. d. Estrutura organizacional matricial: Nesse modelo, é possível visualizar uma espécie de hierarquia paralela, geralmente relacionada aos projetos desenvolvidos pela empresa. Por exemplo, a área de produção está desenvolvendo uma nova linha na fábrica, criando uma estrutura própria para atender a sua demanda. Figura 18: Estrutura organizacional matricial DIRETOR CONSULTOR PROJETO ABC COMERCIAL PRODUÇÃO RH Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Como, por definição, um projeto tem começo, meio e fim, esse tipo de estrutura é híbrido, o que pode sugerir uma alteração constante conforme a necessidade da empresa, se estendendo aos níveis existentes, número de pessoas, áreas envolvidas etc. Uma vez entendida a estrutura, vamos agora entender os principais elementos da cultura organizacional. Nesse sentido, Judge e Sobral (2010) definem bem o ser humano: complexo e difícil de se entender. Isso acontece porque, segundo os autores, por sermos diferentes, fazer generalizações é sempre simplista demais e, claro, limitado, apesar da mudança de comportamento das pessoas em algumas situações. Os autores ratificam que nem todos são movidos por dinheiro, sendo os comportamentos similares ou completamente distintos dependendo da ocasião. UNIDADE 2 Gestão de pessoas 50 Se considerarmos que uma empresa é formada por pessoas e cada uma tem um comportamento, a cultura organizacional passa a ser um fator importante para alinhar as expectativas dos funcionários. Por exemplo, em um momento de crise, cada empresa reage de um jeito para se relacionar com seus empregados. Figura 19: Preocupação dos funcionários Fonte: Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 13). Por outro lado, a globalização fez com que a cultura organizacional também se adequasse às novas perspectivas de gestão. Robbins, Judge e Sobral (2010) citam alguns exemplos de como as atividades das empresas mudaram e, com isso, ocorreu a adaptação da cultura: a. Aumento das missões internacionais; b. Trabalho com pessoas de diversas culturas; c. Enfrentamento de políticas sociais e econômicas diferentes; d. Entendimento da opção de efficiency seeking; e. Administração da diversidade da força de trabalho. Dos exemplos citados, um deles chama a atenção e representa como a cultura organizacional é moldada de acordo com a gestão e as oportunidades que surgem. O termo efficiency seeking, ou busca de eficiência, significa que uma empresa procura no mercado um local (uma região, um país etc.), em que há uma eficiência para execução dos seus negócios. Por exemplo, a empresa encontra uma mão de obra mais barata em outro país com a mesma qualidade na fabricação de um produto e, como uma decisão, resolve fechar a fábrica no local atual e abrir no outro país. Obviamente, os gestores das empresas buscam disseminar os conceitos, cultura e outros aspectos aos seus liderados, para que eles entendam como a empresa em que atuam se comporta em diversos momentos. Por isso, a cultura organizacional é um conjunto de elementos que a define. CULTURA ORGANIZACIONAL 51 Figura 20: Elementos da cultura organizacional Histórias e mitos Crenças e pressupostos Comunicação Normas Ritos, rituais e cerimônias Tabus Valores Heróis Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Os oito elementos são amplamente destacados na literatura por diversos autores, demonstrando a importância para a gestão de pessoas, mobilizando as partes envolvidas. f. Valores: É a base da cultura, por ser desenvolvida geralmente pelo dono/gestor da empresa. Neles, repercutem o comportamento, a forma de atuar e outros fatores que, do ponto de vista de quem desenvolve, agrega valor. Por exemplo, em um supermercado de médio porte, todas as decisões estratégicas da empresa eram tomadas por uma pessoa que não estava presente no local. Essa maneira de atuar, por mais que possa gerar certa dúvida quanto à sua eficácia, era considerada essencial aos proprietários. Alguns exemplos de valores são repercutidos na própria marca, com o slogan difundido no mercado, associando automaticamente ao produto ou serviço adquirido. • “Amo muito tudo isso” • “A bebida número um para os atletas” • “Just do it” – em uma tradução, algo como “Só faça” ou “Simplesmente faça” • “Derrete na sua boca, não na sua mão” • “Ideas for life” – em uma tradução, algo como “Ideias para vida” • Porque você merece! UNIDADE 2 Gestão de pessoas 52 Figura 21: Valores estampados nas marcas Fonte: MSN” (2019). g. Heróis: Foi considerado a outra base do pilar que dá sustentação aos elementos porque representa a “cara” da empresa, ou seja, define pessoas e o comportamento a partir de exemplos internos. Alexandre cumpriu seus deveres de filho fiel e enterrou Felipe com honras reais em uma grande tumba em Vergina. O corpo de Felipe foi colocado em uma pira, depois cremado de acordo com o costume, em frente a todo o exército macedônio. Quando o fogo se extinguiu, os presentes reuniram os ossos de Felipe, banharam-nos em vinho e depois os embrulharam em um manto real roxo. Os restos foram colocados em um baú dourado deslumbrante, escorado em cima com uma estrela de dezesseis pontas, com rosetas de vidro azul nas laterais, e no fundo os pés esculpidos de um leão. O baú foi colocado dentro de um sarcófago de pedra, em uma magnífica tumba com taças de prata, armaduras, armas, uma coroa de ouro que agradaria ao próprio Zeus e muitos outros objetos de valor inestimável, dignos de um rei macedônio. Acima da entrada da tumba estava uma pintura colorida de uma cena de caça, uma das atividades favoritas de Felipe. Por fim, Alexandre ordenou a construção de um pequeno santuário, em frente à tumba, para cultuar seu pai como um herói divino. Ao menos Felipe conseguiu atingir na morte o que buscara em vida: um lugar entre os deuses. (FREEMAN, 2011, p. 45). CULTURA ORGANIZACIONAL 53 O interessante do herói é que ele pode ser visto sob aspectos distintos: alguns o consideram como herói, outros nem tanto. Alexandre, chamado de O Grande, também passou por essa percepção. Segundo Freeman (2011) e a história contada, Alexandre era visto como herói e vilão. Era considerado um nobre iraniano de linhagem real e também chamado de “o amaldiçoado”, por ter destruído os livros sagrados e encharcado a terra de sangue. h. Rituais, ritos e cerimoniais: Esse elemento se refere às atividades criadas para determinado fim, considerando os mais diversos objetivos. Eles preenchem várias funções: comunicam a maneira como as pessoas devem se comportar na organização, sinalizam os padrões de intimidade e decoro aceitáveis, exemplificam a maneira como os procedimentos são executados, liberam tensões e ansiedades, visto que geralmente têm um lado criativo ou lúdico, dramatizam os valores básicos e exibem experiências que poderão ser lembradas com mais facilidade ou como exemplos. (FREITAS, 2010, p. 17). i. Tabus: Esses são cada vez mais raros, mas ainda existem dentro das empresas. Tratam de situações (internas ou externas) que ainda permanecem enraizadas na cultura (por exemplo: preconceito por uma mulher motorista de caminhão). As empresas que adaptam suas comunicações enfrentam uma série de desafios. Em primeiro lugar, elas devem verificar se suas comunicações são legal e culturalmente aceitáveis. Cerveja, vinho e outras bebidas alcoólicas não podem ser anunciadosou vendidos em muitos países muçulmanos. Produtos de tabaco estão sujeitos a uma regulamentação rigorosa em muitos locais. Os fabricantes norte- americanos de brinquedos ficaram surpresos ao saber que em muitos países (como Noruega e Suécia) nenhum comercial de TV pode ser dirigido a crianças com menos de 12 anos. Para não correr nenhum risco, o McDonald’s se autodenomina um restaurante familiar na Suécia. (KOTLER; KELLER, 2012, p. 661). j. Crenças e pressupostos: Essas podem ser consideradas as verdades absolutas, com nenhum ou poucos questionamentos. Kotler e Keller (2012) citam alguns exemplos: • Na França, os cartões da Hallmark foram um fracasso pelo uso de mensagens sentimentais, uma característica não apreciada no país. • A Philips teve que reduzir o tamanho das cafeteiras no Japão para obter lucro, pois, as cozinhas do país são pequenas. • A Coca-Cola desistiu da garrafa de 2 litros na Espanha porque os refrigeradores espanhóis não tinham compartimento para esse tamanho. UNIDADE 2 Gestão de pessoas 54 • Tang, da General Foods, teve rejeição na França por ser associado como substituto ao suco de laranja, bebida pouco consumida pelos franceses. • A mistura de bolo da General Foods não alcançou o resultado desejado porque apenas 3% dos lares japoneses tinham forno. • Normas: Definem até onde cada pessoa pode ir, considerando o preestabelecido, gerando, em determinados momentos, punição por não cumprimento. A Apple avaliará a conformidade de seus fornecedores com este Código. Quaisquer violações deste Código podem colocar em risco a relação comercial do fornecedor com a Apple, chegando até ao rompimento. Este Código é válido para os fornecedores da Apple e suas subsidiárias, afiliadas, subcontratadas e terceirizadas (cada “Fornecedor”) que fornecem mercadorias ou serviços à Apple, ou para serem usadas nos (ou com) produtos Apple. Além disso, a Apple mantém normas (“Normas”) detalhadas que definem explicitamente nossas expectativas de conformidade dos Fornecedores com este Código (APPLE, 2020) k. Histórias e mitos: Algumas empresas tornam uma situação real em uma história adaptada (mito), com o objetivo de gerar maior proximidade com o consumidor. Em outros momentos, a situação real é exatamente a história contada. A ideia, nos dois cenários, é cativar o comprador, tornando-o fidelizado por meio das histórias e, claro, da qualidade do produto. Um dos maiores mitos é o que o homem veio dos macacos. O que Darwin disse, na verdade, é que os macacos e os homens têm um ancestral em comum, apenas isso. l. Comunicação: É o processo de troca de informação, fator essencial para qualquer empresa, seja interna ou externamente. As empresas devem então verificar suas estratégias criativas e abordagens de comunicação quanto à adequação. Anúncios comparativos, embora aceitáveis e até mesmo comuns nos Estados Unidos e no Canadá, são menos frequentes no Reino Unido, inaceitáveis no Japão e ilegais na Índia e no Brasil (no Brasil não é ilegal, mas existem restrições e regras para anúncios comparativos, definidas pelo Conar). A UE parece ter baixa tolerância à propaganda comparativa e proíbe criticar rivais em anúncios (KOTLER; KELLER, 2012, p. 661). Esses elementos vão ao longo do tempo sofrendo transformações e se expandindo quanto à abrangência. Souza (2014) fala sobre o exemplo de ritos que sofrem mudanças continuamente. CULTURA ORGANIZACIONAL 55 Quadro 4: Ritos organizacionais Tipos de rito Exemplos Consequências sociais Passagem Convocação e treinamento básico Facilita a transição de pessoas para papéis e status sociais novos. Reforço Noite anual de premiação Reforça as identidades sociais e aumenta o status dos funcionários. Renovação Atividades de desenvolvimento organizacional Renova as estruturas sociais e melhora o funcionamento organizacional. Integração Festa de Natal e eventos mensais de integração Incentiva e revigora os sentimentos comuns que unem e envolvem as pessoas. Fonte: Souza e Oliveira (2016, p. 33). Nesses exemplos citados pela autora, percebe-se que a adoção dessas práticas vão moldando a cultura organizacional da empresa. Por exemplo, se uma empresa promove todos os anos uma Festa de Natal, ao longo dos anos, os funcionários passam a tornar aquele evento como parte do processo da empresa, independentemente da situação financeira, momento dos negócios etc. Um outro elemento bastante comum e citado na literatura é o símbolo, geralmente representando um momento da história, mas que pode perder o sentido ao longo do tempo. Por exemplo, uma empresa pode ter um quadro que representa determinada situação, importante durante anos, mas que foi perdendo importância com novos símbolos aparecendo. Quando Alexandre subiu as escadas até a cidadela da cidade e entrou na sala de audiências real, olhou incrédulo para a gloriosa decoração e os despojos recolhidos durante dois séculos por todo o império. Ele percebeu de um lado as estátuas de dois jovens atenienses, Harmódio e Aristogíton, tomadas por Xerxes durante a invasão da Grécia. Os jovens tinham tramado para assassinar um tirano governante de Atenas, mas foram mortos e, posteriormente, elevados ao status de heróis. Alexandre ordenou que as estátuas fossem enviadas de volta a Atenas com seus cumprimentos – talvez como um comentário irônico sobre a visão ateniense que ele mesmo era agora o maior tirano de todos. No entanto, os cidadãos de Atenas eram gratos pelo retorno das estátuas e as colocaram ao lado do caminho que conduzia à sua Acrópole (FREEMAN, 2011, p. 156-157). Como a cultura organizacional é dinâmica, ou seja, pode ser aprendida, alterada e transmitida aos envolvidos, é possível afirmar que esses elementos devem contribuir para um equilíbrio interno. Para isso, Souza (2014) sugere algumas ações para se fazer a gestão de pessoas: a. A linguagem utilizada: Se na comunicação não é possível gerar compreensão, a existência do grupo é inviável. b. A definição de fronteiras: É o consenso de quem faz ou não parte do grupo. c. O poder e status: É a regra para direcionamento e entendimento do poder das pessoas. UNIDADE 2 Gestão de pessoas 56 d. A intimidade: Trata do relacionamento entre os indivíduos. e. As recompensas e punições: O que deve se atingir para alcançar determinados benefícios. f. A ideologia: É a adaptação de algum conceito para os membros do grupo. 57 TÓPICO 2 UNIDADE 2 Clima organizacional 57 A gestão de pessoas passa pela condução do clima organizacional de uma empresa. O clima organizacional pode ser definido como a relação direta entre a expectativa que um funcionário tem sobre o local de trabalho e a experiência adquirida. a. experiência > expectativa = qualidade = clima organizacional apropriado; b. experiência = expectativa = qualidade = clima organizacional tolerável; c. experiência < expectativa = não qualidade = clima organizacional inapropriado. O grande objetivo de uma empresa na relação com o funcionário é gerar motivação e engajamento, o que é um grande desafio pelo comportamento individualizado que cada um de nós mantém. Assim, a busca por estabelecer normas e procedimentos que proporcionam um clima organizacional apropriado é, sem dúvida, uma das principais características da gestão de pessoas. Figura 22 - Etapas para gestão do clima organizacional Gestão do clima organizacional Investimento Diagnóstico Intervenção Acompanhamento Implementação Comunicação Fonte: Bedani (2006 apud SOUZA, 2014, p. 140). Nesse modelo, proposto pelo autor, observe que todas as ações estão direcionadas à gestão de pessoas, envolvendo a comunicação, o acompanhamento, a intervenção, dentre outros fatores, enfatizando que, para que as pessoas possam gerar melhores resultados, é necessário que a cultura e o clima organizacionais estejam de acordo com a perspectiva de cada indivíduo, tornando-o parte da empresa, motivado e interessado em contribuir cada vezmais. 58 TÓPICO 3 UNIDADE 2 Gestão de pessoas Agora que já sabemos que a cultura e o clima organizacionais influenciam na gestão de pessoas, é possível aprofundar mais sobre essa tão difícil tarefa, que é gerenciar os funcionários com o objetivo de atingir o máximo potencial de cada um. Limongi-França (2012) diz que o modelo de gestão de pessoas está relacionado com a maneira que uma empresa se organiza para gerenciar o comportamento humano na organização, incluindo os princípios, estratégias, políticas e práticas ou processos de gestão. É possível afirmar que tudo que interfere na relação organizacional é, de certa forma, um modelo de gestão de pessoas. Entretanto, quando se pensa em gerenciar pessoas, logo se imagina a liderança e a forma de conduzir a equipe. Seja na cultura ou no clima, o gestor tem papel fundamental no processo de condução dos negócios. Acontece que, assim como os funcionários têm comportamentos diferentes, os gestores apresentam diferentes maneiras de liderar. Vamos conhecer três exemplos: 1. O primeiro trata das características consideradas como essenciais segundo Kirkpatrick e Locke (1991): a. Força, caracterizada pela concretização, energia, tenacidade e iniciativa; b. Motivação para liderar, identificando como as atitudes compreendem a forma de liderar; c. Honestidade e integridade, composta pelas ações pessoais e com a equipe de trabalho; d. Autoconfiança e a habilidade cognitiva, no desenvolvimento da capacidade de tomada de decisão e análise do ambiente; e. Conhecimento do negócio, identificando os pontos positivos e negativos das atividades; f. Outros traços, caracterizados por carisma, criatividade, originalidade e flexibilidade. GESTÃO DE PESSOAS 59 Figura 23: Liderança – criatividade Fonte: Grobman (2019). Para entender um pouco mais sobre esse exemplo, faça essa sequência: I. Tente associar cada uma das características citadas a um líder (que faça parte da sua vida profissional ou pessoal ou não). II. Agora, faça a mesma situação anterior apenas com pessoas de seu convívio (considere as empresas em que já trabalhou e exclua aspectos pessoais como mãe, pai etc.). III. Por fim, faça o seu teste. Se as pessoas tivessem que escolher uma ou mais características das citadas, quais delas definiriam você? 60 UNIDADE 2 Gestão de pessoas 2. O segundo exemplo trata do comportamento do líder segundo Yukl, Gordon e Taber (2002): Quadro 5: Comportamento de liderança Comportamentos de Tarefas Comportamentos de Relacionamento Comportamentos de Mudança • Planeja atividades de curto prazo; • Explicita os objetivos das tarefas e as expectativas sobre cada papel; e • Monitora as operações e a performance. • Oferece suporte e encorajamento; • Reconhece realizações e contribuições; • Desenvolve habilidades e a confiança dos liderados; • Consulta os liderados quando toma decisões; e • Dá aos liderados empowerment para que esses tomem a iniciativa na solução de problemas. • Monitora o ambiente externo; • Propõe estratégias inovadoras ou novas visões; • Encoraja o pensamento inovador; e • Corre riscos para promover mudanças necessárias. Fonte: Yukl, Gordon e Taber (2002). O teste agora é associar a sua liderança a um dos comportamentos (o que mais poderia definir você) e do seu atual líder (ou de líderes anteriores). Tente observar se havia maior interação com líderes que pensavam como você (por exemplo, ambos tinham comportamento de relacionamento) e os possíveis conflitos com outros comportamentos distintos. Figura 24: Liderança – mudança Fonte: Canva (2020). GESTÃO DE PESSOAS 61 3. O terceiro exemplo trata de três características essenciais básicas que um bom líder deve combinar segundo Barreto (2012): a. Credibilidade: É conhecer sobre o negócio. Sobre isso, Barreto (2012, p. 135) cita que a credibilidade está [...] no processo operacional (saber fazer), mas também no processo tático e estratégico (saber estruturar e planejar), fundamentais na formação de sucessão de líderes dentro das organizações e importantes fatores dentro do ambiente pesquisado. Todo líder que demonstra conhecimentos sobre as tarefas desempenhadas por seus funcionários, adquire maior poder de conversação, reduzindo conflitos e problemas existentes. b. Responsabilidade: É o envolvimento com o negócio. Sobre isso, Barreto (2012, p. 135) cita o sentido de “[...] fazer acontecer e participar”, é a capacidade de tomada de decisão no momento em que ocorre algo, na velocidade que se faz necessária. Essa tomada de decisão pode estar atrelada aos riscos inerentes ao negócio, que podem ser tratados como atrasos na entrega, pressão por prazos apertados dentre outros fatores”. Figura 25: Liderança - responsabilidade Fonte: Canva (2020). c. Empatia: É o complemento das características anteriores. Segundo Barreto (2012, p. 135) “está relacionada ao complemento das duas variáveis anteriores, no que sugere a troca ou envolvimento mútuo das funções e ações desempenhadas”. 62 UNIDADE 2 Gestão de pessoas Essa é uma característica essencial ao gestor, pois, a maneira como os funcionários percebem o comportamento do gestor, faz com que o relacionamento seja mais próximo, o que pode gerar mais dedicação e empenho. É a junção das três características que torna o líder um exemplo aos liderados. Quanto mais essas características são percebidas, mais o gestor controla os processos e o desempenho das atividades exercidas pelos funcionários. Por outro lado, a ausência de uma ou mais características, faz com que conflitos e falta de alinhamento entre as partes sejam mais comuns. Você acha que acabou a gestão de pessoas? Claro que, precisamos falar ainda dos seus subsistemas. Figura 26 - Sistemas e subsistemas de gestão de pessoas GESTÃO DE PESSOAS SISTEMAS SUBSISTEMAS RECRUTAMENTO E SELEÇÃO CULTURA E CLIMA ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAL SEGURANÇA NO TRABALHO TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO RELAÇÕES TRABALHISTAS Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Os sistemas foram ou serão retratados nesse Material em liderança, recrutamento, cultura e clima organizacional. Agora, vamos falar um pouco sobre os subsistemas, pois, apesar de não se ter uma definição exata na literatura do que pode estar relacionado nessa fase, há um certo consenso ao tratar de atividades que complementam, de alguma maneira, os sistemas. A primeira delas é a administração de pessoal. Vamos considerar a área responsável por três fases: admissão, pagamento e desligamento. a. Admissão: É o conjunto de procedimentos conforme determina a Consolidação de Leis Trabalhistas (CLT), atribuindo os direitos e obrigações do empregado e empregador. E por que essa fase é importante? Observe que as partes do sistema são compostas pela liderança, recrutamento e clima. Então, vamos supor que você vai participar de um processo seletivo e tudo ocorre perfeitamente como gostaria, uma liderança que parece inspiradora pelas conversas na entrevista, um processo de recrutamento transparente e informações de que o clima organizacional na empresa é um dos GESTÃO DE PESSOAS 63 melhores. Ao ser contratado e chegar o momento da admissão, você se surpreende: perda de documentos, desorganização e até postergação do início do trabalho por erros internos. Qual seria a sua opinião nesse momento? Provavelmente como a maioria, algo está muito errado! É isso mesmo, as primeiras impressões podem gerar um desconforto que pode ser levado durante o período de trabalho, trazendo desconfiança e desmotivação, mesmo que não seja essa realidade da empresa. Além disso, qualquer pessoa se sente mais confiante quando chega em um novo local de trabalho e é recebido com tudo organizado e preparado. Voltando ao processo de admissão, o contrato de trabalho pode ser de diversas maneiras: por tempo determinado, indeterminado, temporário ou intermitente e os relacionados com jovens aprendizes e estagiários. Apesar de uma possível variação quanto
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