Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Oftalmologia: Doenças do Segmento Anterior Introdução O segmento anterior consiste em pálpebra, cílios, córnea, câmara anterior (preenchida pelo humor aquoso), íris e pupila e cristalino. Além dessas estruturas, os vasos da conjuntiva também fazem parte do segmento anterior. Nota: lembre-se que a esclera, córnea e cristalino são estruturas avasculares. Córnea Suas funções são: proteção e refração. A córnea é uma estrutura transparente, avascular e possui 5 camadas (epitélio, membrana de Bowman, estroma, membrana de Descemet e endotélio). O fato de ser avascular é o principal motivo de sua transparência, mas isso também é garantido pela disposição em lamelas das fibras colágenas do tipo I. Sua periferia é menos espessa, com 0,5 mm (ou 500 micras) e sua parte central possui 1 mm (ou 1.000 micras). Sua dioptria é de 40 (poder de refração) e seu maior aporte de oxigênio é proveniente das lágrimas (principalmente) e também do meio ambiente. Nota: quando dormimos, o olho entra em estado de hipóxia; as lentes de contato também promovem hipóxia, portanto se alguém dormir com lentes entrará em um estado praticamente de anóxia, o que explica a formação de neovasos nesses indivíduos. 1. Pterígio Trata-se de um tecido fibrovascular da conjuntiva bulbar sobre a córnea; sua aparência é de uma massa triangular com o ápice voltado para a córnea. É muito comum, especialmente em locais quentes, uma vez que sua principal causa é a irradiação solar. Quando são muito grandes, podem prejudicar a acuidade visual; mais comumente, levam a irritação, prurido, fotossensibilidade e sensação de corpo estranho. Quando de longa data, podem deixar uma espécie de “cicatriz” esbranquiçada nos olhos, denominada leucoma. Tratamento: lubrificante ocular, óculos de sol e exérese (remoção cirúrgica) como tratamento definitivo – apesar de “definitivo”, pode haver recidivas. 2. Catarata É a opacidade do cristalino, que se apresenta em níveis muito variáveis. Qualquer opacidade no cristalino, desde assintomática (acuidade 20/20) até cegueira total pode ser considerada catarata. O cristalino é uma estrutura avascular e transparente que cresce durante toda a vida. Sua forma é biconvexa, e é envolvida por uma cápsula elástica. É responsável por cerca de 20 dioptrias. Muito prevalente, especialmente em idosos. No entanto, existem outras etiologias senão a senilidade: congênita, medicamentosa, traumática e diabética. 2 Em termos de perda visual, pode afetar tanto a visão quantitativa (verificada pela tabela de Snellen) quanto a visão qualitativa, como prejuízo na distinção de cores. Apresenta indicação cirúrgica desde que haja prejuízo funcional. Termos ● Fácico: indivíduo que apresenta cristalino ● Afácico: indivíduo que não apresenta cristalino e sem lente que o mimetiza ● Pseudofácico: indivíduo que não apresenta cristalino, mas apresenta lente que o mimetiza ● Facoemulsificação: nome da cirurgia que consiste em remover a catarata por ultrassom ○ Principal cirurgia ● Extracapsular: extração da catarata por incisão ○ Pouco usada Tipos de catarata ● Catarata cortical: pode envolver o córtex anterior e posterior ● Catarata total madura: cristalino totalmente opaco ○ Pode ser muito dura ou liquefeita ● Catarata pós trauma: pode surgir no momento do trauma ou um período após (até após cerca de 2 anos) ○ Mais comum em jovens ○ Ferimentos penetrantes ○ Concussão ○ Choques elétricos ● Catarata diabética: sabe-se que o alto nível de glicemia no humor aquoso afeta o cristalino, entrando nesse órgão por osmose e aumentando a sua hidratação, o que aumenta o risco de catarata. Também pode afetar seu índice refrativo e apresentar uma situação chamada “miopização da catarata". ● Catarata por uso de corticóides: principal causa de catarata subcapsular posterior ○ Tanto tópico, quanto sistêmico ○ É um dos principais motivos de baixa visão em jovens ● Catarata por uso de amiodarona: causa catarata subcapsular anterior (muito menos frequente que o caso acima) Tratamento cirúrgico É o único método disponível. Pode ser feita com anestesia por colírios ou bloqueio retrobulbar/intraconal. ● A lente intraocular é colocada na câmara posterior. Complicações: perfuração ocular e hemorragia retrobulbar. Complicação pós-operatória tardia mais comum: opacidade da cápsula posterior Tratamento: YAG laser 3 Complicação pós-operatória tardia menos comum (e grave): endoftalmite (infecção por Staphylococcus epidermidis ou Staphylococcus aureus) Tratamento: vitrectomia (mais resolutivo) e injeção intravítrea de antibiótico (piores resultados) 3. Entrópio/ectrópio ● Entrópio: quando a pálpebra fica virada para dentro, causando muita irritação, ressecamento e lesão de córnea. A principal causa é senil (involutiva), cicatricial e congênita. O tratamento é cirúrgico. ● Ectrópio: quando a pálpebra fica virada para fora. Pode ter causas senis (involutivas), cicatriciais e paralítico (também chamado de lagoftalmo). Também leva a ressecamentos (olho fica aberto por muito tempo) e irritações (raspa ao dormir). O tratamento é cirúrgico. 4. Dermatocálase Excesso de pele, tanto na pálpebra superior quanto inferior. Quando pequena o tratamento é devido a estética, porém pode se tornar muito acentuada, provocando dificuldades de abrir os olhos e consequentes cefaléias ou mesmo prejudicando a visão. O tratamento é cirúrgico e se chama blefaroplastia. 5. Obstrução do canal lacrimal Em cada olho, existe um canalículo lacrimal superior e inferior, que drena as lágrimas produzidas pela glândula lacrimal. A partir daí, seguem para o saco lacrimal e ducto nasolacrimal, que como o nome sugere, apresenta uma conexão com a nasofaringe (a lágrima chega no meato inferior nasal). É muito comum nos bebês: apresentam secreção constante dos olhos devido a obstrução que impede a drenagem das lágrimas – há refluxo lacrimal e desidratação, tornando sua consistência mais “pegajosa”, simulando pus. O tratamento é a sondagem e precisa aguardar até o primeiro ou segundo ano de vida. 4 Até lá, os responsáveis são orientados a fazer massagens diárias e compressas com água morna; 95% dos casos apresentam canalização espontânea. Nota: a principal válvula comprometida é a válvula de Hasner. 6. Olho seco A glândula lacrimal é a responsável pela produção de 95% das lágrimas – o restante é produzido por glândulas acessórias. Essas estruturas produzem a porção aquosa (camada aquosa) da lágrima, que compreende a porção intermediária. A lágrima possui outras duas camadas: a camada lipídica evita a evaporação da lágrima e é produzida pelas glândulas Meibomianas. Já a camada mais interna, chamada de camada de mucina (camada mucosa), possui características das duas outras camadas – produzida principalmente pelas células caliciformes, criptas de Henle e glândulas de Manz – está em contato direto com a córnea. Deficiências: ● Sem camada lipídica: olho seco evaporativo ○ Causada por meibomite e blefarite ● Sem camada aquosa: glândula lacrimal pouco funcional leva ao olho seco hipossecretor ○ Comum na Síndrome de Sjögren ● Sem camada de mucina: associação das duas alterações anteriores Teste de Schirmer Um papel específico é colocado nos olhos, registrando a quantidade de lágrimas produzidas, sendo que o normal é acima de 7 a 10 milímetros. Teste Debut (tempo de quebra do fundo lacrimal) Feito na lâmina de fenda, avalia o tempo de quebra do filme lacrimal. Em outras palavras, avalia em quanto tempo o olho fica seco. 5 7. Estrabismo O olho normal apresenta ortotropia. O estrabismo divergente é chamado de exotropia e o convergente de esotropia, formas de estrabismo horizontal. Ainda existem os estrabismos verticais: hipotropia (o olho afetado desviado para baixo) e hipertropia (o olho afetado desviado para cima). ● Crianças abaixo de 6 anos com estrabismo devem ser encaminhados imediatamente para o oftalmologista, uma vez que a visão é desenvolvida até os 6 a 7 anos. ● Indivíduos mais velhos, em contrapartida, serão operados apenas porestética – a visão não será melhorada. ● Ainda existem também os casos de estrabismo alternante: quando o indivíduo foca em algum alvo, um dos olhos desvia. As cirurgias de correção podem também melhorar a visão.
Compartilhar