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49 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO Unidade II 3 MÉTRICAS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS Em última análise, fazer pesquisa de marketing significa medir algo relevante para o planejamento mercadológico. Exemplos: • medir quantos clientes rejeitam determinada marca; • medir o potencial de serviços em uma cidade; • medir o comportamento dos clientes diante do produto; • medir o percentual de eleitores favoráveis ao meu candidato; • medir o entendimento e a percepção dos clientes diante de peças de comunicação. Para medir algo, precisamos de uma unidade de medida. Como você mede sua velocidade na estrada? Não é em km/h? E como você mede a participação de mercado de seu produto? Não é em uma razão entre vendas da empresa e vendas totais do mercado expressas em porcentagem (conhecido como market share)? Figura 11 A essa régua damos o nome de métricas. Farris et al. (2007) definem métricas como “um sistema de mensuração que quantifica uma tendência, uma dinâmica ou uma característica”. Vejamos então algumas métricas de marketing: • Taxa de conversão: já citada anteriormente, é a razão entre clientes que efetivamente compram versus os clientes que entraram na loja. Também pode ser calculada em função de uma campanha de vendas: clientes que compram dividido por total de clientes atingidos pela campanha. 50 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II • Taxa de retenção: razão entre clientes que saem/abandonam a empresa e total de clientes cadastrados. • Recência de compra: tempo decorrido desde a última compra do cliente. • Frequência de compra: tempo decorrido entre cada compra. Como as métricas são muito variadas, e muitas vezes específicas de alguns ramos de atividade, o caminho para chegar até elas passa pelo processo de medição oferecido pelas ferramentas de pesquisa. Mattar (2013) contribui dizendo que: o processo de medição consiste em associar números a um objeto que, segundo uma regra estabelecida, passa a representar as quantidades de suas características ou atributos. Segundo esse conceito, não se mede o objeto em si, mas suas características ou atributos. Por exemplo, não se mede uma pessoa, mas sua renda, idade, sexo, nível de escolaridade, estado civil, número de filhos, atitudes, comportamento etc. (MATTAR, 2013, p. 93). 3.1 Tipos de escalas – conceito Há quatro tipos básicos de escalas de medição: • escala nominal; • escala ordinal; • escala intervalar; • escala de razão. Escala nominal Nomeia, identifica e classifica variáveis, como sexo, usa/não usa, profissão etc., uma vez que são categóricas e qualitativas. Quando é expressa em números, estes só significam a identificação da pessoa ou do objeto associado ao número. Por exemplo, o RG é uma escala nominal e contém números. Essa escala, portanto, atribui um nome (ou categoria) que é associado a determinada característica. Exemplos: • Cor dos olhos: azul, castanho, verde etc. Note que os nomes são o conteúdo: azul, castanho, verde. Nada impede que se estabeleça azul piscina como cor dos olhos. • Sexo: masculino e feminino. Os nomes são feminino e masculino. Alongando o raciocínio, a questão de igualdade de gênero pode alterar os nomes e incluir transgênero, por exemplo. Note que o nome é uma atribuição. 51 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO • Tipo de loja: shopping, de rua, e‑commerce. Esses nomes identificam corretamente, e nada impede que outros tipos entrem na escala. • Gosta do produto: sim e não. Mas poderíamos incluir um “não tenho opinião”. • Faixa etária: até 18, de 19 a 30, de 31 a 45, de 46 a 60, mais de 60. Questões que utilizam escalas nominais só permitem contagem. Não é possível calcular a média em uma escala nominal. Ou será que você consegue dizer qual a média da faixa etária anterior? Na verdade, você só conseguiria contar as respostas de cada uma das faixas. Tabela 2 – Exemplo de contagem de escala nominal Faixa etária Contagem Até 18 147 19 a 30 173 31 a 45 208 46 a 60 152 Mais de 60 20 Total 700 Escala ordinal Utiliza variáveis qualitativas também. Os números servem para ordenar/categorizar em relação a determinada característica, ou seja, o respondente coloca em ordem sua avaliação da variável. Exemplo: uma pesquisa pede para os respondentes colocarem as marcas de café Melita, Do Ponto e Pilão em ordem de preferência de aroma, sabor puro e sabor com leite: Escreva as marcas em relação ao Aroma: 1º lugar ______________________________ 2º lugar ______________________________ 3º lugar ______________________________ Sabor puro: 1º lugar ______________________________ 2º lugar ______________________________ 3º lugar ______________________________ Sabor com leite: 1º lugar ______________________________ 2º lugar ______________________________ 3º lugar ______________________________ Figura 12 – Exemplo de questionário com escala ordinal 52 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II O resultado de ordenação de aroma, após a tabulação de 200 questionários, por exemplo, poderia ser assim: Tabela 3 – Exemplo de tabulação de escala ordinal – valores absolutos Ordem de preferência para aroma 1o lugar 2o lugar 3o lugar Total 50 80 70 200 100 70 30 200 50 50 100 200 200 200 200 Ao convertermos os valores absolutos das contagens por valores relativos (percentuais), o resultado de ordenação de aroma ficaria assim: Tabela 4 – Exemplo de tabulação de escala ordinal – valores relativos Ordem de preferência para aroma 1o lugar 2o lugar 3o lugar Total 25% 40% 35% 100% 50% 35% 15% 100% 25% 25% 50% 100% 100% 100% 100% Ao analisarmos os quadros anteriores, podemos perceber que o café Do Ponto teve uma avaliação melhor do que os outros no quesito aroma: além de 50% da amostra colocar Do Ponto em 1º lugar, os percentuais de 1º e 2º lugares somados dão 85%, enquanto a mesma soma de Melita dá 65% e Pilão 50%. Ainda há outras duas avaliações: a de sabor puro e a de sabor com leite. Claro que nesse nosso exemplo não precisamos demonstrar, uma vez que o procedimento é idêntico: tabulação/contagem absoluta e conversão em valores relativos. Veja que a escala ordinal sempre pede que o respondente coloque em ordem alguma característica ou atributo do produto em comparação com outros. Em Marketing, as utilizações mais frequentes de escalas ordinais estão no ordenamento de preferências, opiniões e percepções dos respondentes. Lembrete Profissionais de Marketing, até pela natureza competitiva, disputam posições com os concorrentes nas escalas de avaliação de produtos (meu 53 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO produto é o melhor da categoria, por exemplo). Escalas ordinais permitem exatamente esse tipo de conclusão. Escala intervalar As escalas intervalares são quantitativas, portanto, expressas em números que permitem extrair a média, por exemplo. Os intervalos entre os números nos dizem o quanto os objetos de estudo estão distantes entre si, mas não permitem estabelecer a magnitude absoluta. Opiniões e preferências medidas dessa forma podem revelar a distância entre cada opinião e preferência, mas não nos revelam a magnitude total dessas opiniões e preferências, pois são escalascujo ponto de partida é escolhido arbitrariamente e estabelecidas sem a existência de um zero absoluto. Por exemplo, uma escala de concordância: Avalie a frase e indique seu grau de concordância Prefiro ficar em casa a viajar Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Nem concordo, nem discordo ( ) Discordo parcialmente ( ) Discordo totalmente ( ) Figura 13 – Exemplo de questionário com escala intervalar Em pesquisa, zero absoluto significa um ponto em uma escala, que traduz a ausência do fenômeno. Pense numa quantidade de pessoas em determinada loja: zero pessoas significa ausência de pessoas. Por ser quantitativa, cada ponto dessa escala de concordância deve assumir um valor para a tabulação. Veja a seguir como é uma escala arbitrária e sem um zero absoluto: Pontuação possível na escala de concordância Opção a Opção b Concordo totalmente +2 5 Concordo parcialmente +1 4 Nem concordo, nem discordo 0 3 Discordo parcialmente ‑1 2 Discordo totalmente ‑2 1 Figura 14 – Exemplo de pontuação com escala intervalar Se o pesquisador escolher a pontuação da opção a, ao tabular 200 respostas (por exemplo) o número resultante da soma estará compreendido no intervalo entre ‑400 e +400 (‑2 x 200 numa ponta, e +2 x 200 na outra ponta do intervalo). Se a soma da tabulação der um número positivo, quanto mais perto 54 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II de 200, a concordância com a frase fica mais forte. Se der um número negativo, quanto mais perto de ‑200, a discordância fica mais forte. Porém, como a escala intervalar é arbitrária e não tem o zero absoluto, se o pesquisador escolher a pontuação da opção b, ao tabular as mesmas 200 respostas o número resultante da soma estará compreendido no intervalo entre 200 e 1.000 (1 x 200 numa ponta, e 5 x 200 na outra ponta do intervalo). A soma da tabulação será um número positivo e, quanto mais perto de 200, a discordância com a frase fica mais forte, sendo que, quanto mais próximo de 1.000, a concordância fica mais forte. Note que não há zero nessa escala. Escala de razão As escalas de razão também são quantitativas e apresentam um zero absoluto: qualquer pessoa compreende o zero nessa escala. Variáveis, como idade, altura, quantidade de cervejas consumidas, número de compras por semana etc., são escalas de razão. Um zero é compreendido como um zero, ao contrário da escala intervalar. Portanto, é possível estabelecer a magnitude, além da posição e distância entre outros indivíduos. Uma pessoa que consome três latas de cerveja por semana, comparada com outra que consome sete latas semanais, está quatro latas atrás. E compreendemos o conceito de zero latas sem problemas. Quadro 4 – Características das escalas básicas de medição Escala Características Uso em pesquisas de mercado Nominal Identidade Definição única de números Marcas, sexo, raças, cores, tipo de lojas, regiões, usa/não usa, gosta/não gosta, e toda variável a que se possa associar números para identificação Ordinal Ordem dos números Preferências, atitudes, opiniões, classes econômicas, ocupações Intervalar Comparação de intervalos Atitudes, opiniões, conscientização, preferências, números‑índices Razão Comparação de medidas absolutas, comparação de proporções Idade, preço, número de consumidores, volume de vendas, renda, patrimônio Adaptado de: Mattar (2013). Observação A escala de razão tem uso muito mais frequente no dia a dia das pesquisas do que a escala intervalar. 3.2 Tipos de escalas – aplicação As escalas básicas foram sendo adaptadas e transformadas ao longo do tempo tanto por praticantes quanto por acadêmicos, resultando num escopo maior de escalas passíveis de serem aplicadas na prática em pesquisas. As aplicações mais frequentes são: • escala nominal; • escala de avaliação; 55 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO • escala de ordenação; • escala comparativa; • escala de comparação pareada; • escala de diferencial semântico; • escala Stapel; • escala de Thurstone; • escala Likert. Escala nominal A aplicação da escala nominal é simples: basta nomear (categorizar) as respostas possíveis e aplicar as opções. Por exemplo, na variável estado civil, quais seriam as opções? Você poderia nomear (criar as categorias) dessa maneira: solteiro(a) – casado(a) – separado(a) – viúvo(a). Porém, você pode considerar que há outra categoria: pessoas que moram juntas, mas não são casadas oficialmente. Qual seria a categoria a ser criada? União sem casamento? Nesse caso, teríamos essa escala nominal: solteiro(a) – casado(a) – união sem casamento – separado(a) – viúvo(a). Veja que a escolha das respostas é arbitrária, ou seja, é dependente do arbítrio/julgamento do profissional que está desenvolvendo a questão. Claro que para as variáveis demográficas mais conhecidas já há uma praxe das escalas nominais. O caso específico de estado civil é normalmente tratado por essa escala nominal: solteiro(a) – casado(a) – separado(a)/divorciado(a) – viúvo(a) – outros. Note que essa escala de praxe não é obrigatória, mas é muito funcional. Ao agregar separado(a) com divorciado(a) juntamos os que se separaram de uma relação oficial com os que se separaram de uma união consensual, e o acréscimo de outros permite que pessoas que se julguem fora dos outros itens da escala possam se posicionar (imagine alguém que more com alguém e, por questões morais ou religiosas, não se considere casado). Há uma infinidade de escalas nominais prontas para uso: • Sexo: masculino, feminino. • Tipo de moradia: própria quitada, própria financiada, alugada/emprestada, mora com parentes, mora com amigos/companheiros. • Possui cartão de crédito (ou outro bem qualquer): sim, não. 56 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II • Gosta do produto X?: Sim, não, não tenho opinião formada. • Nível de escolaridade: analfabeto, fundamental, médio, superior, pós‑graduado. Perceba que a grande maioria de questionários utiliza algumas escalas nominais. São simples de usar/criar e há muitos exemplos disponíveis para facilitar a aplicação. Escala de avaliação Servem para medir a avaliação entre positiva e negativa de algo. Normalmente essas escalas são contínuas ou ordenadas. Podem ser aplicadas, como: • Escala de avaliação gráfica: apresenta opções de avaliação entre o extremo favorável ao extremo desfavorável utilizando símbolos gráficos de fácil entendimento. Exemplo: Qual é sua satisfação com nosso serviço de manobrista? ( ) ( ) ( ) Figura 15 – Exemplo de escala de avaliação gráfica • Escala de avaliação verbal: apresenta opções de avaliação entre o extremo favorável ao extremo desfavorável utilizando expressões verbais de fácil entendimento. Exemplo: Qual é sua satisfação com nosso serviço de manobrista? Muito satisfeito ( ) Razoavelmente satisfeito ( ) Nem satisfeito, nem insatisfeito ( ) Razoavelmente insatisfeito ( ) Muito insatisfeito ( ) Figura 16 – Exemplo de escala de avaliação verbal • Escala de avaliação itemizada: apresenta opções de avaliação opinativas com frases complexas, trabalhando itens referentes ao produto/serviço. 57 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO Em relação à experiência gastronômica que você teve em nosso restaurante, qual das frases está mais deacordo com sua opinião: ( ) Eu não acreditava na qualidade da comida no início, mas me surpreendi favoravelmente. ( ) Eu não acreditava na qualidade da comida no início, e o resultado confirmou minha desconfiança. ( ) Eu acreditava que a qualidade da comida seria muito boa, mas fiquei frustrado com o resultado. ( ) Eu acreditava na qualidade da comida desde o início, e o resultado confirmou minha expectativa. ( ) Ainda não tive tempo de julgar a qualidade da comida. Figura 17 – Exemplo de escala de avaliação itemizada Observação Uma escala de avaliação itemizada exige dos respondentes capacidade de raciocínio e interpretação, e o público ao qual se destina deve ser cuidadosamente escolhido. Escala de ordenação Solicita ao respondente que ordene ou classifique os objetos de estudo em relação à sua atitude sobre eles. Essa escala é de simples concepção e aplicação e gera dados que apresentam a ordem de preferências. Quadro 5 – Exemplo de escala de ordenação Ordene as marcas de automóveis a seguir, segundo a sua opinião, em relação a cada um dos atributos listados à esquerda Utilize a legenda: Ford – FD; General Motors – GM; Volkswagen – VW; Fiat – FT Atributo 1º lugar 2º lugar 3º lugar 4º lugar Qualidade Economia de combustível Economia de manutenção Durabilidade Acabamento Desempenho Segurança Confiança na marca Valor de revenda Modelos modernos Qualidade de assistência técnica Adaptado de: Mattar (2013). 58 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II Escala comparativa A partir de um padrão de referência, os respondentes comparam características de produtos ou serviços no sentido de ser melhor, pior ou igual ao padrão. Esse padrão de referência pode ser: • o produto/serviço líder de mercado; • o produto/serviço habitualmente consumido; • o produto/serviço que o respondente imagina ser o ideal. Quadro 6 – Exemplo de escala comparativa Com relação às marcas de café A e B, qual sua opinião sobre a marca B, comparativamente à marca A, em relação aos seguintes atributos Atributos Pior que A Igual à A Melhor que A Não sei Pureza Sabor Aroma Qualidade Textura Torrefação Embalagem Marca Adaptado de: Mattar (2013). É interessante perceber que o resultado da tabulação vai posicionar as diversas características do produto vis‑à‑vis com a concorrência ou com o produto dos sonhos. Além de ser um poderoso insight na análise de pontos fortes do produto, também propicia uma antevisão das melhorias necessárias para atingir um nível de excelência aos olhos da clientela. Escala de comparação pareada Vai além no processo de comparação e permite a inclusão de ‘n’ concorrentes utilizando a mesma escala comparativa anterior. A técnica reside no pareamento, ou comparação de dois de cada vez. Assim, teremos comparações de todas as combinações dois a dois. Recomenda‑se cautela na escolha da quantidade dos produtos a comparar, uma vez que isso pode gerar um enorme número de pares afugentando o respondente. Quatro marcas geram seis pares de comparação, por exemplo, e cinco marcas geram dez pares. Escala de diferencial semântico É padronizada e também conhecida como escala Osgood em função do nome de seu criador, o psicólogo Charles Osgood. A padronização proposta envolve uma escala de adjetivos opostos (antônimos) 59 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO aplicados nos extremos de uma escala de sete posições. O respondente escolhe visualmente onde sua posição se localiza e marca um dos sete pontos. Sobre os automóveis da marca Ford, qual seu posicionamento sobre estas avaliações? Caro ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Barato Motor potente ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Motor fraco Econômico ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Gastão Confortável ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Desconfortável Bonito ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Feio Moderno ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Antigo Figura 18 – Exemplo de escala de diferencial semântico Osgood criou uma listagem de 50 adjetivos com os respectivos antônimos para aplicação. Como ele era psicólogo, essa lista era focada em aplicações voltadas ao estudo psicológico, com poucas delas realmente úteis em pesquisa de mercado. Porém, a imaginação é o limite para os profissionais de marketing, e elaborar uma lista de antônimos que descrevam produtos e suas características passou a ser bastante comum em termos de aplicação prática. Escala Stapel É uma variação da escala de Osgood e foi desenvolvida por um profissional de pesquisa de mercado holandês chamado Jan Stapel. A escala de sete pontos cresce para dez, e agora cada resposta gera uma pontuação entre ‑5 e +5, o que facilita a tabulação e a interpretação. Porém, em vez de utilizar adjetivos opostos, Stapel optou por utilizar os adjetivos dos atributos diretamente, ficando o respondente livre para avaliar entre ‑5 e +5. Tabela 5 – Exemplo de escala Stapel Avalie o café da marca A, segundo a sua opinião Atributos Avaliação Pureza ‑5 ‑4 ‑3 ‑2 ‑1 +1 +2 +3 +4 +5 Sabor ‑5 ‑4 ‑3 ‑2 ‑1 +1 +2 +3 +4 +5 Aroma ‑5 ‑4 ‑3 ‑2 ‑1 +1 +2 +3 +4 +5 Qualidade ‑5 ‑4 ‑3 ‑2 ‑1 +1 +2 +3 +4 +5 Textura ‑5 ‑4 ‑3 ‑2 ‑1 +1 +2 +3 +4 +5 Torrefação ‑5 ‑4 ‑3 ‑2 ‑1 +1 +2 +3 +4 +5 Embalagem ‑5 ‑4 ‑3 ‑2 ‑1 +1 +2 +3 +4 +5 Marca ‑5 ‑4 ‑3 ‑2 ‑1 +1 +2 +3 +4 +5 Adaptado de: Mattar (2013). 60 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II Escala de Thurstone Criada pelo psicólogo americano Louis Thurstone para medir atitudes. Em marketing, a técnica utiliza uma lista de afirmações diretas e claras sobre produtos e marcas com duas opções de resposta: concordo e discordo. A tabulação é feita pela contagem de respostas concordantes para cada afirmação. Quadro 7 – Exemplo de escala de Thurstone Assinale nas colunas da direita se você concorda ou discorda de cada uma das afirmações a seguir em relação ao café A: Afirmações Concordo Discordo 1. É um café puro 2. É um café muito forte 3. É muito saboroso 4. Seu sabor é diferente e marcante 5. Seu aroma é delicioso 6. É feito com grãos de café de alta qualidade 7. É um café caro 8. É torrado no ponto certo 9. Sua embalagem protege o sabor 10. Sua embalagem é bonita 11. É um produto moderno Adaptado de: Mattar (2013). Escala Likert Outra escala oriunda da Psicologia foi criada pelo psicólogo Rensis Likert para medir atitudes e tem por base a escala de Thurstone. Entretanto, essa escala amplia as possibilidades de posicionamento do respondente e trabalha com uma escala de concordância de cinco pontos. 61 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO 5. Aprovo inteiramente 4. Aprovo 3. Indeciso (nem aprovo, nem desaprovo) 2. Desaprovo 1. Desaprovo inteiramente 5. Concordo inteiramente 4. Concordo 3. Indeciso (nem concordo, nem discordo) 2. Discordo 1. Discordo inteiramente 5. Concordo totalmente 4. Concordo em parte 3. Indeciso (nem concordo, nem discordo) 2. Discordo em parte 1. Discordo totalmente 5. Concordo muito 4. Concordo pouco 3. Indeciso (nem concordo, nem discordo) 2. Discordo pouco 1. Discordo muito Figura 19 – Conjunto de termos possíveis na escala LikertQuadro 8 – Aplicação de escala Likert em uma questão Concordo totalmente Concordo parcialmente Nem concordo, nem discordo Discordo parcialmente Discordo totalmente Esse comercial consegue atrair minha atenção na televisão Uma pessoa que esteja reformando ou construindo dá importância a esse comercial Esse comercial é diferente dos da concorrência O conteúdo desse comercial é adequado para o ramo de material de construção Ao assistir a esse comercial, fico com vontade de fazer reforma ou construção 62 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II 3.3 Critério de Classificação Econômica Brasil Quando falamos de coleta de dados através de entrevistas, é razoável supor que todos os entrevistados consigam responder sobre sua idade, estado civil, quantidade de vezes que compra determinado produto etc. São dados em que não há a possibilidade do respondente se equivocar (muito embora possa responder de má‑fé, mas, mesmo isso, é tratado estatisticamente). Porém, se alguém perguntar a você qual sua classe social ou econômica, perceba que a resposta deixa de ser inequívoca. As pessoas, para responderem sobre a classe socioeconômica, provavelmente vão utilizar um critério de julgamento próprio que não tem serventia em termos estatísticos, pois cada pessoa poderia responder pelos próprios critérios. Perceba que é necessário ter um critério único, entendido pelo mercado e aceito por todos, que possa estabelecer a questão da classe social/econômica. Esse critério existe há pelo menos 30 anos no Brasil e atualmente tem o nome de Critério de Classificação Econômica Brasil ou Critério Brasil. Antes de detalhar como funciona, precisamos ter em mente que a sociedade brasileira contém tantas discrepâncias e variações que o conceito de classe social foi abandonado. Na verdade, o conceito ao qual o Critério Brasil deve respeito é de classe econômica, ou seja, as classes discriminadas (separadas) em função do poder de compra. Veja que esse conceito é exatamente o que interessa em pesquisa de mercado. Conseguir separar determinadas populações em classes econômicas, que representam, cada uma, um poder de compra, atende aos mais básicos princípios de segmentação mercadológica e público‑alvo. O Critério de Classificação Econômica Brasil, que doravante vamos denominar somente de Critério Brasil – exatamente como o mercado faz –, é fruto do esforço de diversas entidades, como IBGE, Kantar Ibope, GFK, Nielsen e outros institutos de pesquisa. Coordenado pela Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa), o Critério Brasil é utilizado por agências de propaganda, veículos de comunicação, empresas anunciantes, institutos de pesquisa e instituições acadêmicas para discriminar, ou separar, determinadas populações em classes econômicas. As classes do Critério Brasil são: A; B1; B2; C1; C2; D/E. São seis classes econômicas (e não sociais, lembre‑se) que estimam de forma padronizada a capacidade de consumo de domicílios em diferentes regiões do País. Note que o objeto de estudo não é a pessoa, e sim o domicílio em que reside. Isso significa que qualquer pessoa do domicílio, ao responder às questões do Critério Brasil, terá uma classificação idêntica à de outras pessoas que residam no mesmo domicílio. Uma criança que more num domicílio de classe B2 está na mesma classificação que seus pais ou avós (desde que residam no mesmo domicílio). Uma limitação do Critério Brasil é sua abrangência exclusiva para áreas urbanas, ou seja, não se presta para aplicação junto a moradores de áreas rurais. Você provavelmente já respondeu a questionários com o Critério Brasil. A coleta de dados é baseada em posse/quantidade de determinados itens, escolaridade do chefe de família e acesso a serviços 63 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO públicos, como água encanada e rua pavimentada. São três tabelas para serem preenchidas, o que muitas vezes é um fator de recusa em participação em pesquisas. Cada resposta gera uma pontuação padronizada que vai se acumulando, sendo o total de pontos o indicador de qual classe econômica o domicílio do respondente pertence. Tabela 6 – Aplicação Critério Brasil – posse de itens Variáveis Quantidade 0 1 2 3 4 ou + Banheiros 0 3 7 10 14 Empregados domésticos 0 3 7 10 13 Automóveis 0 3 5 8 11 Microcomputador 0 3 6 8 11 Lava‑louça 0 3 6 6 6 Geladeira 0 2 3 5 5 Freezer 0 2 4 6 6 Lava‑roupa 0 2 4 6 6 DVD 0 1 3 4 6 Micro‑ondas 0 2 4 4 4 Motocicleta 0 1 3 3 3 Secadora de roupa 0 2 2 2 2 Fonte: Abep (2014, p. 2). O entrevistador começa a aplicação perguntando: “quantos banheiros você tem na sua casa?”. A resposta deve variar de zero a quatro ou mais banheiros. Note na figura anterior que a pontuação para cada resposta varia de acordo com a quantidade. Se o respondente, por hipótese, tiver três banheiros em casa, somará 10 pontos no score. A segunda pergunta, que versa sobre empregados domésticos, gera pontuação em função da quantidade. E assim segue até o final da tabela de posse de itens, tendo o respondente um score de pontuação acumulado que vai prosseguir com a próxima pergunta. Tabela 7 – Aplicação Critério Brasil – escolaridade do chefe da família Escolaridade do chefe da família Analfabeto/Fundamental I incompleto 0 Fundamental I completo/Fundamental II incompleto 1 Fundamental II completo/Médio incompleto 2 Médio completo/Superior incompleto 4 Superior completo 7 Fonte: Abep (2014, p. 2). 64 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II É preciso definir quem é o chefe da família para efeito de padronização. O responsável pela maior parte da renda do domicílio é considerado o chefe da família para efeito de pontuação. Note que os pontos obtidos devem ser acumulados com o score anterior. Tabela 8 – Aplicação Critério Brasil – acesso a serviços públicos Serviços públicos Não Sim Água encanada 0 4 Rua pavimentada 0 2 Fonte: Abep (2014, p. 2). A pontuação para acesso a serviços públicos é simples: se tem um dos serviços, pontua. Se não tem, não pontua. Os pontos devem ser acumulados com o score anterior e agora podemos estabelecer a classe econômica do domicílio do respondente: Tabela 9 – Aplicação Critério Brasil – escala de pontuação Pontos de corte A 45‑100 B1 38‑44 B2 29‑37 C1 23‑28 C2 17‑22 DE 0‑16 Fonte: Abep (2014, p. 3). Assim, um respondente que tenha obtido 50 pontos mora num domicílio considerado de classe econômica A. Saiba mais Para conhecer a Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) e saber mais sobre as atividades desenvolvidas, além do Critério Brasil, acesse: <http://www.abep.org>. 65 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO 3.4 Instrumento de coleta de dados Documento que apresenta as questões ou tópicos elaborados para resolver o problema de pesquisa. Assume algumas formas, porém as mais comuns, como já vimos, são o questionário e o roteiro de pesquisa. 3.4.1 Questionário Sem dúvida nenhuma, o instrumento de coleta mais utilizado em pesquisa de mercado é o questionário, cuja elaboração merece cuidado e atenção. Figura 20 O cabeçalho, tradicionalmente, contém o nome/logotipo da organização que está aplicando o questionário, campos para o entrevistador anotar seu nome, data e hora, campos para identificar o respondente (nome e telefone) e uma frase apresentando o projetoe solicitando a colaboração do respondente. A maior parte do questionário é composta pelas questões, que podem ser abertas ou fechadas. Questões abertas Mattar (2013) explica que são questões que permitem respostas com as próprias palavras do respondente. Por exemplo: 1 – Qual é seu cantor ou grupo musical favorito? ____________________ Perceba que numa amostra de 1.250 entrevistados, uma questão aberta pode hipoteticamente gerar 1.250 respostas diferentes! 66 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II As questões abertas, para serem tabuladas, precisam ser codificadas antes do início do processamento. Alguns autores defendem a tese de que a codificação é parte do processamento, mas, sendo parte ou não, é preciso codificar as respostas antes de iniciar a tabulação/contagem. A codificação de questões abertas nada mais é do que o agrupamento de respostas parecidas em categorias, que serão totalizadas. Por exemplo: Respostas abertas para a questão: Em qual bairro de São Paulo você mora? Mooca Parque da Mooca Vila Prudente Tatuapé Centro Vila Carrrão Freguesia do Ó Mooca Alto da Mooca Centro V. Prudente Pq. da Mooca Tatuapé Figura 21 – Exemplo de codificação de questões abertas – início Na figura anterior, temos um exemplo de respostas dadas a uma questão aberta. Note que há problemas de grafia (Vila Prudente e V. Prudente, Parque da Mooca e Pq da Mooca). Perceba também que, se considerarmos todas as versões de Mooca apresentadas (Mooca, Parque da Mooca, Alto da Mooca, Pq da Mooca) como sendo uma só categoria, teremos uma contagem de cinco respostas Mooca. O mesmo vale para Vila Prudente e V. Prudente, que somam duas respostas Vila Prudente. A codificação, portanto, vai analisar todas as respostas e agrupar todas que tenham teor ou sentido semelhante. Creio que você já percebeu que a codificação é bastante trabalhosa e delicada, pois um erro de interpretação no agrupamento pode criar desvios na análise. Observação Os institutos de pesquisa possuem um banco de dados contendo todas as codificações de questões abertas já feitas no passado e que cresce à medida que novos projetos com codificação desse tipo sejam finalizados. Esse banco de dados facilita muito quando a variável de questão aberta no novo projeto já tiver sido codificada anteriormente. 67 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO Questões fechadas As questões fechadas especificam previamente o rol de alternativas das respostas, ou seja, os respondentes têm uma pequena lista de opções de resposta e devem escolher. Esse tipo de questão assume três formas, segundo Malhotra (2012): múltipla escolha, dicotômica e de escala. • Múltipla escolha: o pesquisador oferece várias alternativas de respostas pré‑definidas e o respondente escolhe uma ou mais. Quando é possível responder a somente uma alternativa, temos o regime de Resposta Única (RU). Quando é permitido escolher mais de uma opção, o regime é de Resposta Múltipla (RM). Qual é sua satsifação com nosso serviço de atendimento? Estou muito satisfeito ( ) Estou razoavelmente satisfeito ( ) Estou razoavelmente insatisfeito ( ) Estou muito insatisfeito ( ) Figura 22 – Exemplo de pergunta de múltipla escolha de resposta única Identifique todas as marcas de impressoa que você conhece (RM) ( ) HP ( ) Okidata ( ) Epson ( ) Samsumg ( ) Lenovo ( ) Xerox ( ) Brother ( ) Lexmark ( ) Canon ( ) Sharp ( ) Ricoh ( ) Kyocera Figura 23 – Exemplo de pergunta de múltipla escolha de resposta múltipla • Dicotômicas: a questão oferece somente duas alternativas de escolha, e o respondente deve optar por somente uma. Na verdade, o conceito de dicotomia se refere a uma ocorrência em oposição a uma não ocorrência. O sim é a não ocorrência do não. O masculino é a não ocorrência do feminino. Uma questão que ofereça somente duas respostas possíveis forçosamente trabalha nesse conceito. Você assistiu à TV ontem à noite? ( ) Sim ( ) Não Figura 24 – Exemplo de pergunta dicotômica 68 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II • De escala: a questão utiliza nas alternativas de resposta uma escala (comparativa, Stapel, Likert etc.). A escolha da escala é derivada da intencionalidade da questão, ou seja, qual a intenção por trás dessa questão? Os exemplos de escalas podem ser encontrados em tópicos anteriores. Qualquer que seja a forma da questão fechada, é recomendável que as respostas sejam codificadas previamente. Essa recomendação se transforma em obrigação no caso de os questionários estarem previstos para serem digitados e processados em computador, já que a codificação prévia se presta a facilitar a digitação (data entry). O método mais comum de pré‑codificação de questões fechadas envolve numerar sequencialmente todos os campos de resposta. 1. Você normalmente compra aqui para: 1 Consumo próprio (vá para a 4) 2 Meu negócio ‑ Restaurante 3 Meu negócio ‑ Padaria 4 Meu negócio ‑ Dogueiro 5 Meu negócio ‑ Bar/lanchonete/cafeteria 6 Meu negócio ‑ Pizzaria 7 Meu negócio ‑ Ambulante 8 Meu negócio ‑ Mercearia/mercado 9 Meu negócio ‑ Buffet 10 Meu negócio ‑ Pousada/hotel 11 Meu negócio ‑ Outro: __________________________________________ Figura 25 – Exemplo de codificação de questão fechada Na figura anterior, os números de 1 a 11 que aparecem dentro dos quadrados de resposta são os códigos a serem digitados posteriormente. Após a digitação, todo 1 corresponde à resposta “Consumo próprio” da questão “Você normalmente compra aqui para”. Assim, o trabalho de digitação do questionário se resume a: • digitar os números (códigos) das respostas marcadas com x. • digitar as respostas das questões abertas do jeito que estão. Material de apoio ao questionário Questionários permitem a utilização de vários materiais de apoio como cartões de resposta, amostras de produtos, mock‑ups de embalagens, vídeos e outros. Cartões de resposta dão apoio nos casos em que uma questão tenha muitas respostas fechadas e com isso o respondente pode perder o foco na hora de responder. Um cartão é impresso com as respostas da questão e plastificado para ser reutilizado enquanto o campo estiver ocorrendo. Veja um exemplo de questão que requer um cartão de resposta e, a seguir, um exemplo desse cartão de resposta: 69 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO Quadro 9 – Exemplo de questão com uso de cartão de resposta Dessas atividades, (cartão 2) Comprar bilhetes de metrô Comprar ingresso de cinema Recarregar crédito de celular Revelar e imprimir fotos Tirar cópias xerox 3. quantas vezes por mês você faz? 4. quais já precisou e não encontrou na hora que precisava? 5. quais seria bom ter acesso a qualquer hora (24 horas)? 6. quais faria numa máquina automática do tipo “põe dinheiro e aperta botão”? Cartão 2 Comprar bilhetes de metrô Comprar ingressos de cinema Recarregar créditos de celular Revelar e imprimir fotos Tirar cópias xerox Figura 26 – Exemplo de cartão de resposta Veja que nesse exemplo o entrevistador entregaria o cartão de resposta ao respondente e perguntaria: “quantas vezes por mês você...” e apontaria para o cartão, explicando que as respostas deveriam ser quantas vezes por mês compra bilhete de metrô,quantas vezes por mês compra ingresso para cinema etc. Depois, passaria para “quais desses você já precisou e não encontrou na hora que precisava?” e apontaria para o cartão repetindo os procedimentos, indo depois para as outras questões até o fim do uso do cartão de resposta, recolhendo‑o para a próxima entrevista. Amostra de produtos podem ser utilizadas na entrevista apoiando o pesquisador. Por exemplo, uma pesquisa sobre capinhas de celular poderia ter as próprias capinhas para avaliação na hora da pesquisa. Claro que utilizar amostras de produtos é arriscado para ser feito na rua, sendo indicado para ambientes controlados e seguros, como lojas e quiosques. Mock‑ups de embalagens são embalagens vazias ou representações das embalagens reais. São práticas para avaliação de diferentes designs e, a exemplo de amostras de produtos, não são indicadas para utilização em rua. Vídeos, fotos e imagens podem apoiar pesquisas referentes a esses itens. Testar um comercial de TV, um anúncio de revista ou o layout da fachada de uma loja exige apresentá‑lo para a amostra. Com tablets é possível fazer tudo isso na rua, mas vídeos normalmente exigem mais atenção e a distração não pode ocorrer. Mais uma vez, ambientes controlados e tranquilos são mais indicados para essa situação. 70 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II Pré‑teste Imagine criar um questionário, contratar e treinar entrevistadores, montar toda a operação de campo e começar a receber de volta relatos de problemas com o questionário. Tempo e dinheiro se foram! Uma das boas práticas de pesquisa de mercado, portanto, é realizar um pré‑teste com dez ou vinte questionários. A ideia é realizar entrevistas a título de teste do instrumento de coleta. Mattar (2013) explica os objetivos do pré‑teste: • Se os termos utilizados nas perguntas são de compreensão dos respondentes. • Se as perguntas estão sendo entendidas como devem ser. • Se as opções de respostas nas perguntas fechadas estão completas. • Se a sequência de perguntas está correta. • Se não há objeções na obtenção das respostas. • Se a forma de apresentar a pergunta não está causando viés. • O tempo para aplicar o instrumento (MATTAR, 2013, p. 125). Encontrando problemas, há tempo para saná‑los sem dispêndio de tempo e dinheiro. 3.4.2 Roteiro de pesquisa Um roteiro de pesquisa é um instrumento de coleta não estruturado, ou seja, apresenta tópicos/frases curtas em vez de perguntas, e esses tópicos podem ser abordados em qualquer ordem de forma não estruturada. A falta de estrutura permite que um tópico já abordado e respondido seja retomado novamente caso surja um novo desenrolar do assunto. A expressão de resposta é livre e o entrevistador encoraja o respondente a realmente ir além do limite. As técnicas usadas são o focus group/group discussion e a entrevista em profundidade. Veja na figura a seguir que o roteiro não trabalha com perguntas, mas, sim, com palavras‑chave ou tópicos. O entrevistador utiliza o roteiro como um guia sobre tudo o que será abordado sem uma sequência predeterminada. Aliás, é usual que o próprio respondente fale sobre um tópico espontaneamente antes mesmo de o entrevistador citá‑lo, já que é um formato de conversa livre. 71 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO Roteiro de pesquisa Tema: Xampu feminino Embalagem Aroma Viscosidade Benefícios Tipo mais usado Tipo que não usa nunca Motivos para não usar Locais de compra Indicações para amigas Marcas preferidas Marcas que não recomenda Motivos para não recomendar Figura 27 – Exemplo de instrumento não estruturado e não disfarçado: trecho inicial de um roteiro Material de apoio ao roteiro A exemplo de questionários, os roteiros também podem contar com materiais de apoio. Na verdade, os mesmos materiais podem ser usados, dessa vez, num ambiente totalmente controlado (no caso do focus group) ou num ambiente praticamente controlado (no caso de entrevistas em profundidade agendadas). Uma excelente utilização de material de apoio para roteiro é o acesso dos respondentes a protótipos de produtos em fase de desenvolvimento. O ambiente controlado do focus group é perfeito para esses casos. Imagine uma nova cafeteira expressa estilo Nespresso tendo o protótipo apresentado numa sala de espelho para 12 consumidores de café. Deixá‑los operar a máquina e seguir um roteiro com tópicos, como facilidade de uso, temperatura do café e design da máquina, entre outros, seria de muita valia para o time de desenvolvimento de produto. Lembrete O focus group ocorre na sala de espelho. Portanto, ele é um ambiente controlado. 4 PROCEDIMENTOS DE AMOSTRAGEM, COLETA E PROCESSAMENTO Malhotra (2012) comenta que a maior parte das pesquisas de mercado visa obter informações sobre características de uma população: Uma população é o agregado, ou soma, de todos os elementos que compartilham algum conjunto de características comuns e que compreende 72 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II todo o universo para o problema de pesquisa de marketing. Os parâmetros populacionais são tipicamente números, como a proporção de consumidores fiéis a determinada marca de dentifrício (MALHOTRA, 2012, p. 320). Ou seja, em pesquisa de mercado, ao se falar de população, estamos nos referindo a clientes (quem já tem experiência de compra) ou prospects (que não têm experiência de compra, mas reúne condições para tal) em determinado recorte. Uma vez que os princípios e metodologias deste livro‑texto se aplicam a todas as ciências e áreas do conhecimento, vamos exemplificar populações que não são compostas por seres humanos: • astros e estrelas da constelação X na Astronomia; • ursos da região Ártica na Biologia; • produtos saindo da máquina no controle de produção. Exemplos de populações de pesquisa de mercado: • clientes de determinada loja; • compradores de determinada categoria de produto; • ex‑clientes de determinado provedor de serviço; • prospects de determinado produto. Note, porém, que esse recorte de população talvez não seja factível. Compradores de determinada categoria de produto pode resultar em centenas de municípios com pessoas nessa condição. É bastante comum que a definição de população seja acompanhada de algum recorte geográfico, como cidade ou região. No nosso exemplo anterior (fase de planejamento), tínhamos esse objetivo: “determinar o perfil dos clientes da loja X na cidade de São Paulo quanto a dados demográficos e sociais”. Perceba que a definição de população está clara: clientes da loja X na cidade de São Paulo. Já comentamos antes que talvez seja complicado entrevistar todos os clientes, e que uma amostra seria uma boa solução. Malhotra (2012, p. 320) define censo como “a enumeração completa dos elementos de uma população”, e amostra como “um subgrupo de uma população selecionado para participação no estudo”. Portanto, se fôssemos entrevistar todos os clientes da loja X, teríamos um censo e se entrevistássemos uma parcela desses clientes, teríamos uma amostra. Note que até aqui não afirmamos que essa amostra tem ou não representatividade em relação à população. Só afirmamos que é mais viável entrevistar parte dos clientes em vez de todos. 73 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO De qualquer forma, é possível comparar as condições que levam à escolha entre amostra e censo: Quadro10 – Condições que levam a censo ou amostra Amostra Censo Orçamento Pequeno Grande Tempo disponível Curto Longo Tamanho da população Grande Pequeno Variância da característica Pequena Grande Custo de erro de amostragem Baixo Alto Natureza da mensuração Destrutiva Não destrutiva Atenção a casos individuais Sim Não Adaptado de: Malhotra (2012). Ficam claros os motivos para que a maior parte das pesquisas de mercado serem feitas com amostras, não é mesmo? Em se tratando de amostragem, há duas técnicas: • amostra não probabilística; • amostra probabilística. 4.1 Amostra não probabilística Imagine uma pesquisa de preços praticados no mercado. Uma empresa pede ao pessoal que trabalha no campo (fora da empresa) como vendedores e promotores que visitem pontos de venda e registrem os preços de varejo dos próprios produtos e da concorrência. A população aqui é composta por todos os pontos de venda, e não pelas pessoas físicas dos clientes/compradores, certo? E, se houver poucos pontos de venda, será um censo. Se houver muitos, a amostra se justifica. Vamos imaginar que se trata de produto de consumo de massa, então será uma amostra de alguns pontos de venda. Observação Dá para perceber que é uma pesquisa de mercado por observação, certo? Não há comunicação com o respondente, e os pesquisadores observam e registram. Os pesquisadores (vendedores e promotores) vão observar os preços e registrar em algum meio (papel, smartphone etc.). Mas a pergunta que fica em aberto é: será que a média desses preços é equivalente à média de preços de toda a população? Ou seja, será que essa amostra é representativa da população? Imagine que o resultado dê que o produto A tenha média de preço de R$ 12,87. Será que, se fizéssemos um censo, a média de preço do produto A seria exatamente R$ 12,87? Você provavelmente avaliou que não seria a mesma. 74 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II Pois bem, estamos falando de uma amostra não probabilística. Segundo Malhotra (2012), trata‑se de uma técnica de amostragem que confia no julgamento pessoal do pesquisador e não utiliza seleção aleatória. Assim, quando a amostra é escolhida pelo pesquisador/entrevistador, temos uma amostra não probabilística. No caso dos vendedores/pesquisadores do nosso exemplo, eles irão simplesmente registrar os preços nos pontos de venda que estiverem em sua rota, ou seja, é uma amostra conveniente, pois eles escolhem os pontos de venda que estão no caminho. Entretanto, estatisticamente o resultado dessa amostra não é representativo da população. No nosso exemplo, a média de preço do produto A foi de R$ 12,87 na amostra, mas um eventual (e pouco provável) censo provavelmente daria outro valor. O motivo é que, para haver representatividade estatística, a amostra deve ser selecionada pelo acaso, o que veremos a seguir na amostra probabilística. 4.2 Amostra probabilística Veja o nome: probabilística. Tem a ver com probabilidade, certo? Probabilidade é a perspectiva de que algo venha a ocorrer; possibilidade, chance. É possível calcular a probabilidade de ganhar na Mega Sena, por exemplo. Trata‑se de chances. Muito bem, podemos então inferir que uma amostra probabilística tem a ver com as chances de o elemento da população entrar na amostra. Nesse caso, todos os elementos da população devem ter alguma chance de entrar na amostra. Vamos a um exemplo para facilitar. Exemplo de aplicação Imagine uma escola com 2.000 alunos. Se a amostra for de 120 alunos (posteriormente teremos a metodologia de cálculo), para ser probabilística teremos de dar chance a todos os 2.000 alunos entrarem. Se sortearmos, damos chance a todos! Porém, se selecionarmos os 120 por algum critério de julgamento/escolha, teremos uma amostra não probabilística, uma vez que não foi o acaso que determinou a entrada na amostra, mas, sim, algum tipo de julgamento. Assim, quando é o acaso que determina os elementos da amostra e todos os elementos da população têm alguma chance, temos a amostra aleatória. Segundo Mattar (2013), a amostra probabilística é aquela em que cada elemento da população tem chance diferente de zero de ser selecionado para compor a amostra. Chance diferente de zero implica alguma chance para todos, mas não implica chances iguais para todos. Isso é muito importante se imaginarmos um sorteio de cupons numa urna: quem sorteia coloca a mão dentro da urna e pega um cupom de maneira aleatória, certo? Todos os cupons têm chance, certo? Porém, alguns cupons têm mais chance do que outros, uma vez que os que estão bem no fundo, na maior parte das vezes, não são alcançados pela mão. Ou os do topo são ignorados na maior parte das vezes (por isso a urna é chacoalhada). Portanto, deve ficar claro que todos da população têm chance, mas as chances não são necessariamente iguais. 75 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO Já dissemos que a amostra probabilística é representativa da população, certo? Essa representatividade está dentro de uma margem de erro, isto é, se o percentual de casados numa amostra probabilística for de 30%, e a margem de erro previamente definida for de 3%, o resultado é uma faixa de 27% a 33% de casados (30% – 3% = 27%, 30% + 3% = 33%). Caso fosse feito o censo, o resultado seria um número entre 27% e 33%. A margem de erro da pesquisa é definida pelo pesquisador no momento do cálculo do tamanho da amostra, o que explicaremos mais adiante. Porém, há outro fator estatístico envolvido no resultado: o nível de confiança. Trata‑se de um número que representa o quanto se confia no resultado da amostra, e é também definido no cálculo da amostra. Resumidamente: quanto maior o nível de confiança, mais se confia que o resultado da amostra está dentro da margem de erro. 4.3 Cálculo de tamanho de amostra Este livro‑texto não é um livro de estatística, porém o cálculo do tamanho da amostra envolve conceitos e cálculos estatísticos. A parte dos conceitos se resume a poucos fatores, e a parte dos cálculos, felizmente, é tremendamente simples. Figura 28 Portanto, mesmo que você faça parte do grupo de pessoas que têm certa aversão a estatística, acompanhe o raciocínio e veja que é perfeitamente possível entender e aplicar. E, arrisco, é possível até que a aversão diminua. Vamos entender quais são os fatores e as variáveis que entram no cálculo da amostra: • Variável N = número de elementos da população: esse conceito você já conhece. Malhotra (2012) nos disse que é o agregado, ou soma, de todos os elementos que compartilham algum conjunto de características comuns, ou seja, é a quantidade de elementos do público‑alvo da pesquisa. Esse número deve ser definido antes do cálculo. 76 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II • Variável e = margem de erro: é o percentual que admitimos errar. Uma amostra com margem de erro de 2% com resultado de 52% de sexo feminino significa que, num censo hipotético, o resultado seria algo entre 50% e 54% (2% de erro a mais, 2% de erro a menos). É como arco e flecha: o alvo é o centro, mas o lançamento acerta perto. A margem de erro é escolhida para fazer o cálculo. • Variáveis P e Q = proporção dicotômica onde (P+Q = 1): trata‑se de variáveis de ajuste muito mais utilizadas em pesquisas de outras ciências e áreas do conhecimento. Uma proporção dicotômica assume duas variáveis opostas cuja soma é 1, ou 100%. Por exemplo, “sim” e “não” são variáveis dicotômicas que, se expressas em percentuais (sim 40% e não 60%), terão soma 100%. Para o propósito deste livro‑texto,vamos predeterminar P = 0,5 e Q = 0,5 no cálculo do tamanho da amostra. Na prática, a maioria das pesquisas de mercado adota exatamente esses parâmetros, mas há casos raros com outros parâmetros, como P=0,6 e Q=0,4. • Variável n = tamanho da amostra: é o resultado que queremos calcular. • Nível de confiança: como já comentamos, trata‑se de um número que representa o quanto se confia no resultado da amostra. Sem entrar nas definições estatísticas, a aplicação é bastante simples: há três níveis de confiança (que em estatística são chamados de intervalos notáveis de confiança) que são utilizados na grande maioria das pesquisas de mercado, e o pesquisador só precisa optar por um deles: 68%, 95% e 99,7%. Pense nesses três níveis de confiança como um padrão predefinido para facilitar o cálculo. Quanto maior o número, maior a confiança que o resultado da amostra representa à população. Porém, quanto maior o número, maior a amostra, portanto, maior o custo e o tempo. O nível de confiança é escolhido pelo pesquisador antes de fazer o cálculo do tamanho da amostra. Observação Em pesquisas eleitorais, a grande maioria dos levantamentos é feita com nível de confiança = 95%. Agora vamos discutir os critérios de escolha por parte do pesquisador: • Margem de erro: percentual baixo (1%, por exemplo) se traduz em maior precisão, já que o resultado vai variar somente 1% para cima e 1% para baixo, porém implica amostras grandes. Percentual alto (6%, por exemplo) resulta em menor precisão (6% acima e 6% abaixo dá uma faixa de 12% de variação) e implica amostras de tamanho menor. As escolhas mais frequentes em pesquisa de mercado variam entre 2% e 4%. • Nível de confiança: escolher 68% significa amostras menores, mas implica assumir que 32% das amostras possíveis estarão fora da margem de erro. Por outro lado, escolher 99,7% resulta em amostras bem maiores, e traz o benefício de entender que somente 0,3% das amostras possíveis estarão fora da margem de erro. A grande maioria das pesquisas de mercado ficam no meio‑termo: 95%. 77 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO • Número de elementos da população: na verdade não é uma escolha, e sim uma possibilidade. Quando se sabe o número exato da população, temos a chamada população finita, onde a variável N entra na conversa. Porém, quando não sabemos o número exato da população (é a maior parte dos casos), temos uma população infinita, cuja variável N sequer é usada. Note que é preciso saber o número exato, senão a população será infinita e o cálculo diferente. Por número exato, queremos dizer exatamente isso! Por exemplo: um clube associativo que tenha 3.243 associados pode dizer que tem população finita, enquanto moradores do bairro do Leblon, Rio de Janeiro, jamais terá um número exato, pois, diariamente, moradores mudam de bairro ou vêm para o bairro, morrem etc. Nem o IBGE tem esse número exato, uma vez que os dados primários foram coletados ao menos um ano atrás. A fórmula para calcular o tamanho da amostra foi desmembrada em seis versões objetivando facilitar a aplicação: Nível de confiança de 68% n= PQ n= NPQ e2 e2 (n‑1) + PQ Nível de confiança de 95% n= 4PQ n= 4NPQ e2 e2 (n‑1) + 4PQ Nível de confiança de 95% n= 9PQ n= 9NPQ e2 e2 (n‑1) + 9PQ Vemos que há duas colunas: uma contém as fórmulas para cálculo a partir de populações infinitas (em que não se sabe o tamanho exato), a outra apresenta as fórmulas baseadas em populações finitas (repare que em todas aparece a variável N, que contém esse número). As três linhas se referem ao nível de confiança escolhido: 68%, 95% e 99,7%. O cruzamento de coluna e linha dá a fórmula para esse caso. Por exemplo, para calcular um tamanho de amostra de população infinita (primeira coluna) com nível de confiança de 95% (segunda linha) a fórmula é n=4PQ/e2. Vamos acompanhar alguns exemplos? População infinita, nível de confiança de 95%, margem de erro de 2% Fórmula: n = 4PQ/e2 P e Q = 0,5 e = 2%. Deve ser em decimal (2% = 0,02) n x x x n= = 4 0 5 0 5 0 02 0 02 1 0 0004 , , , , , n = 2500 78 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II População infinita, nível de confiança de 99,7%, margem de erro de 3,5% Fórmula: n = 9PQ/e2 P e Q = 0,5 e = 3,5%. Deve ser em decimal (3,5% = 0,035) n x x x n= = 9 0 5 0 5 0 035 0 035 2 25 0 001225 , , , , , , n = 1837 arredondar sempre para cima População infinita de 4000, nível de confiança de 68%, margem de erro de 3% Fórmula: n = NPQ e N PQ2 1( )− + N= 4000 P e Q = 0,5 e = 3%. Deve ser em decimal (3,5% = 0,03) n x x x x n= + = 4000 0 5 0 5 0 009 3999 0 5 0 5 1000 3 8491 , , ( , ) ( , , ) , n = 260 arredondar sempre para cima Veja que, a partir dos pressupostos (tamanho da população, margem de erro e nível de confiança), basta selecionar a fórmula, substituir as variáveis e calcular. É muito importante ressaltar que: • A aplicação na fórmula do percentual da margem de erro é sempre em forma decimal. Para encontrar o decimal de um percentual, basta dividir por 100. Exemplo: 2% é 0,02, uma vez que 2/100=0,02. • Os cálculos devem ser feitos com o máximo de casas decimais. • P e Q são sempre 0,5 cada um. • No caso das fórmulas de população finitas, note que o divisor deve ser calculado seguindo a ordem de operadores: primeiro a multiplicação, depois a soma, ou seja, no divisor da fórmula finita de n.c. 68% e2(N‑1)+PQ, a sequência de cálculos é essa: primeiro calcule e2 x (N‑1) e depois some o resultado com (PxQ). • O resultado deve ser sempre um número inteiro. Não dá para entrevistar 1.836,73 pessoas, certo? A regra de ouro é: arredonde sempre para cima, independentemente do que for. Se o resultado der 678,01, arredonde para 679. Claro que se o resultado for um número inteiro não é preciso fazer nada. 79 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO Então, tendo em mãos o tamanho da amostra, está na hora de coletar e processar dados! Observação O cálculo de tamanho de amostra se presta a pesquisas com amostras probabilísticas, uma vez que as fórmulas utilizam parâmetros estatísticos de representatividade: margem de erro, população e nível de confiança. Para amostras não probabilísticas, o tamanho da amostra é decidido em função da importância do projeto, e não por cálculo estatístico. 4.4 Coleta de dados A partir do planejamento dos procedimentos, os pesquisadores vão a campo proceder à coleta. Vamos discutir os procedimentos dos principais tipos de pesquisa quantitativas: • entrevista pessoal individual, com questionário; • entrevista por telefone, com questionário; • entrevista por meio tecnológico síncrono, com questionário; • questionários autopreenchidos. Também vamos discutir os procedimentos dos principais tipos de pesquisas qualitativas, a saber: • entrevista pessoal individual com roteiro de pesquisa; • entrevista pessoal grupal com roteiro de pesquisa. 4.4.1 Entrevista pessoal individual, com questionário Tendo em mãos o tamanho da amostra, os procedimentos para coleta dessa pesquisa quantitativa envolve definir os locais de campo e a quantidade de entrevistadores – se a pesquisa utilizar amostra não probabilística, é só escolher os locais mais convenientes. Porém, se for uma amostra probabilística, no caso de pesquisas em locais de fluxo populacional, como ruas, praças e avenidas, é preciso sortear. A partir de uma lista com lugares degrande fluxo populacional, basta criar uma mecânica de sorteio. Imagine uma pesquisa de 1.112 entrevistas a ser feita numa grande cidade, e que a operação de campo está prevista para dois dias da semana e dois dias de fim de semana (para dar chance a todos da população). Isso dará 278 entrevistas por dia, em média. Se alocarmos 6 entrevistadores, serão entre 46 e 47 entrevistas diárias por entrevistador. Contratando 8 horas diárias, serão quase 6 entrevistas por hora, o que é razoável por dar boa margem de respondentes se recusando a participar. Claro que 80 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II é preciso levar em consideração o tempo médio de entrevista e a eventual dificuldade de conseguir aceitação dos respondentes. Assim, teremos de sortear da lista de pontos adequados 24 locais de campo (4 dias x 6 entrevistadores), dando chance a toda a população entrar na amostra. No sorteio do passo, como citamos anteriormente, no caso de amostra probabilística, precisamos deixar o acaso definir quem entra na amostra. Um dado padrão (de seis faces) deve ser lançado antes de sair para o campo, e o número resultante deverá ser padronizado como passo entre abordagens: se der o número três, a cada três passantes um deverá ser abordado, por exemplo. Isso garante a aleatoriedade da seleção da amostra em pontos de fluxo populacional (ruas, avenidas, praças etc.). Lembrete Qualquer método de sorteio pode ser utilizado, tais como: números sorteados num saquinho, algoritmo de computador, entre outros. Agora é necessário ir ao local de campo, mas é preciso ter em mente que locais públicos, como ruas, avenidas e praças, não precisam de autorização para a realização de pesquisas. Porém, locais privados, como shopping centers, rodoviárias, aeroportos, estabelecimentos comerciais etc., só podem ser utilizados como campo se houver autorização da área administrativa do local. Uma vez no local, é preciso se posicionar em um ponto de fluxo, ou seja, com pessoas passando. Aplica‑se o passo (número sorteado), e as entrevistas começam de “n” em “n” passantes. Uma recusa a participar não é problema: faz parte do processo. Basta aplicar o passo novamente e abordar. Não se deve aceitar a inclusão voluntária de respondentes (alguém que queira responder fora do passo) pois fere o princípio de aleatoriedade. Ao término do período de tempo acertado, encerra‑se o dia. Com a entrega/recolhimento dos questionários devidamente preenchidos, após o período do campo ter terminado, eles precisam ser encaminhados para o responsável. 4.4.2 Entrevista por telefone, com questionário Figura 29 81 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO Há fornecedores especializados em fazer entrevistas por telefone, e é altamente recomendável sua contratação. Motivos: • infraestrutura dedicada com PAs (pontos de atendimento) equipados com hardware e software específicos; • pessoal treinado; • know how do processo. Utilizar pessoal da própria empresa para fazer pesquisa por telefone raramente é eficiente, pois além de não serem treinados não há suporte interno de software que dê produtividade ao processo. Uma vez que esse é um mercado com dezenas de fornecedores, vale a pena a contratação. O custo talvez seja maior, mas a eficiência, a confiabilidade do resultado e o tempo dispendido compensam largamente. De qualquer forma, em termos de procedimentos dessa pesquisa quantitativa, temos: • Gerar lista de contatos com telefones atualizados: se a amostra for de 1.112, por exemplo, sorteie 6.000 nomes para dar espaço à não resposta (ocupado, não atende, telefone errado etc.). • Definir quantidade de entrevistadores: calcule uma média de 12 entrevistas por hora. Com nosso exemplo de 1.112, se realizarmos a pesquisa ao longo de 8 dias, são 139 entrevistas diárias, e com 12 por hora, precisaremos de 12 entrevistadores. • Campo: ligações telefônicas sequenciais seguindo a lista sorteada. Um computador deve ser usado com o questionário em forma eletrônica de preenchimento, sendo que o pesquisador faz o data entry (digitação). • Entrega dos questionários: após o período do campo ter terminado, o arquivo com os questionários digitados deve ser encaminhado para o responsável. 4.4.3 Entrevista por meio tecnológico síncrono, com questionário É preciso utilizar as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) e inserir o questionário em um meio síncrono (em que ambos os lados, entrevistador e entrevistado, estejam ao mesmo tempo presentes na comunicação), como o chat. Essa modalidade raramente se presta a amostras probabilísticas, uma vez que o processo de agendar um contato com dia e hora marcados dificilmente é eficiente. O índice de no show (desistência) é altíssimo. Portanto, para amostras não probabilísticas, tendo como respondentes os clientes que já estiverem num chat com a empresa, o processo é muito útil. 82 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II Os procedimentos dessa pesquisa quantitativa são: • Oferecer a pesquisa: a um cliente que já esteja num chat. Se aceitar, duas opções: transferir o chat para uma posição de atendimento especializada ou prosseguir com o mesmo atendente aplicando a pesquisa. • Incluir questões uma a uma: insira uma questão e deixe o cliente responder. Passe para a próxima questão, uma a uma, até o final. • Transcrição: os logs (arquivos em texto) das conversas do chat devem ser cortados para que somente o trecho da pesquisa faça parte do arquivo do questionário. • Entrega dos questionários: após o período do campo ter terminado, o arquivo com os questionários transcritos deve ser encaminhado para o responsável. 4.4.4 Entrevista pessoal individual, com roteiro de pesquisa Essa modalidade de pesquisa qualitativa é conhecida como entrevista em profundidade. O entrevistador seleciona as pessoas mais representativas e/ou importantes da área que deseja pesquisar, agenda a entrevista e utiliza o roteiro de pesquisa como instrumento de coleta de dados. Essas entrevistas duram um bom tempo, sendo meia hora um mínimo observado, muito embora não haja regras. Figura 30 A ideia é incentivar o entrevistado a falar sobre os tópicos constantes no roteiro. Não há estrutura nem ordem de questionamentos, e é normal retomar um tópico já coberto para esclarecer algum ponto ou aprofundar o raciocínio. Para pesquisar representantes de mercados com muitos players (participantes), normalmente se seleciona os mais importantes, seja em termos de participação de mercado, seja em termos da reputação do entrevistado. Uma vez que os resultados não são quantitativos (muito embora alguns dos tópicos envolvam números), essa amostra não é representativa da população. Porém, ter em mãos um conjunto de dados que contenham a percepção qualitativa de determinados temas é muito útil para o planejamento mercadológico. 83 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO Os procedimentos dessa pesquisa qualitativa são: • Elaborar lista‑alvo de entrevistados: a partir de uma lista da população, selecionar os alvos para a entrevista. Os critérios podem ser: peso no mercado, importância simbólica, facilidade de contato, distância física e outros. Um número mínimo, em mercados competitivos, são 20 entrevistados. Entretanto, em mercados oligopolizados, esse número cai bastante. • Agendar entrevistas: seja por telefone, seja por e‑mail, o agendamento deve deixar claro o motivoda entrevista. Muitas vezes é útil afirmar que não se está buscando algum segredo de negócio, mas, sim, dados de percepção de mercado. • Campo: realizar as entrevistas agendadas cumprindo a hora marcada. Deve‑se gravar a conversa para posterior transcrição, e o entrevistado, por questões éticas, deve ser informado da gravação e deve concordar. O roteiro de pesquisa é um guia para cobrir os tópicos previstos, mas não é comum o surgimento de outros tópicos interessantes ao longo da conversa. • Transcrição: todas as gravações devem ser transcritas e as palavras‑chave/expressões‑chave devem ser marcadas para análise textual. Os tópicos do roteiro são o sumário da transcrição. 4.4.5 Entrevista pessoal grupal, com roteiro de pesquisa Temos aqui a modalidade de pesquisa qualitativa conhecida como group discussion/discussão de grupo. O mercado também a conhece como sala de espelhos em função do local de aplicação. É preciso ter uma sala com mesa e cadeiras para ao menos 14 pessoas (uma vez que o grupo de respondentes tem de 10 a 12 pessoas), e uma das paredes dessa sala possui um espelho dupla face com visibilidade a partir da saleta ao lado, onde pesquisadores e cliente podem observar as interações dos respondentes. Essa estrutura existe em uma série de fornecedores de pesquisa e deve ser alugada para o projeto. A mesa deve ter café, água, refrigerantes e/ou sucos e salgadinhos/docinhos. Um mediador, normalmente psicólogo, é o responsável pela entrevista em grupo e conduz a conversa encorajando os mais quietos e restringindo os mais falantes. A ideia é ter um quadro geral de percepções oriundas das interações do grupo seguindo os tópicos do roteiro de pesquisa. Não há estrutura ou ordem e todos os tópicos devem ser cobertos. Os pesquisadores (e o cliente, quando presente), na sala de observação ao lado, podem enviar novos tópicos ou questionamentos durante a entrevista, o que aproveita a dinâmica de grupo. O envio pode ser feito em papel entregue na sala ou por meio eletrônico em tablet/smartphone. A duração não deve ultrapassar duas horas e é comum remunerar os entrevistados de alguma forma, seja dinheiro, seja produtos. 84 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II A empresa contratante da pesquisa, na maioria das vezes, não é revelada, o que deixa os entrevistados à vontade para elogiar ou criticar a marca. Os procedimentos dessa pesquisa qualitativa dividem‑se em: selecionar a amostra; campo; transcrição. Ao selecionar a amostra, uma vez que não é probabilística, pode‑se utilizar o cadastro de clientes da empresa contratante para filtrar os candidatos adequados. Muitas vezes, é preciso fazer uma pequena pesquisa quantitativa de perfil, sem valor estatístico, para obter nome e telefone de pessoas com o perfil desejado. De posse de um bom número de nomes (ao menos 40 para cada grupo de 12), deve‑se convidá‑los para a pesquisa e agendar dia e hora passando o endereço e avisando sobre a remuneração proposta. Em campo, no dia marcado, a sala deve estar pronta (comes e bebes na mesa e microfones testados) e a saleta ao lado deve ter uma câmera de vídeo registrando tudo. Deve‑se receber os entrevistados e conduzi‑los à sala de espelho quando todos já estiverem presentes. O mediador se apresenta, explica a dinâmica esperada, deixa todos à vontade para se servir (pois é à vontade que as pessoas falam o que pensam) e inicia a entrevista seguindo o roteiro. Agora, todas as gravações devem ser transcritas e as palavras‑chave/expressões‑chave devem ser marcadas para análise textual. Os tópicos do roteiro são o sumário da transcrição. 4.5 Processamento de dados Essa fase se inicia tendo em mãos um desses elementos: • Questionários em papel: no caso de entrevista pessoal ou questionário auto preenchido em papel. • Arquivo de dados de questionários: no caso de entrevista por telefone ou por meio síncrono. • Transcrição da pesquisa qualitativa (seja em profundidade ou em grupo). Um desses elementos, de acordo com o projeto, inicia o processamento de dados. Em todos, é necessário realizar a crítica. 4.5.1 Crítica Segundo Mattar (2013), é preciso impor um padrão de qualidade aos dados brutos para reduzir ambiguidades, ou seja, deve‑se verificar os dados e, encontrando alguma divergência ou ambiguidade, decidir se é possível corrigir. Se não for, remover completamente o registro daquele respondente. Exemplo: numa questão, o respondente afirma ter renda de até R$ 1.000, mas nos hábitos de lazer afirma que viaja para esquiar no exterior duas vezes por ano. Se for possível contatar o respondente e corrigir a resposta errada, bastar fazer a correção. Se não for, talvez seja melhor remover esse registro. Com os dados criticados, e confiando no material em mãos, devemos codificar. 85 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PESQUISA DE MERCADO 4.5.2 Codificação Mattar (2013) reforça a necessidade do procedimento técnico através do qual os dados são categorizados e convertidos em símbolos para processamento. Já comentamos antes o procedimento de codificar previamente todas as respostas de questões fechadas através de números sequenciais únicos, e também já comentamos o procedimento de codificar respostas de questões abertas através da interpretação e categorização comum das respostas. Esse procedimento se aplica aos três elementos: questionários em papel, em arquivo e transcrição de pesquisa qualitativa. O próximo passo, somente para questionários em papel, é a digitação. Os outros dois elementos já estão em formato digital. 4.5.3 Digitação Trata‑se de converter os códigos do papel para um banco de dados. Não é necessário dominar programação ou bancos de dados: uma planilha Excel pode funcionar perfeitamente como ferramenta de entrada de dados (data entry). Observação O processo de digitação mais confiável para evitar erros é o de dupla digitação. Duas pessoas digitam os mesmos questionários separadamente, e os arquivos digitais são comparados eletronicamente. Os registros com diferença são verificados no questionário em papel. Figura 31 – Exemplos planilha para data entry 86 Re vi sã o: A nn a F. - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 8/ 05 /1 7 Unidade II Note que os campos referentes às questões estão na coluna A, e que na coluna B temos as regras de digitação. A partir da coluna C, cada coluna é um questionário. Na grande maioria das vezes é possível digitar todos os questionários de uma amostra no Excel. Veja o limite de cada versão: Tabela 10 – Limites das planilhas Excel Versão do Excel Linhas Colunas 2003 65.536 256 2007 1.048.576 16.384 2010 1.048.576 16.384 2013 1.048.576 16.384 Somente a versão 2003 – e anteriores – é que limita as colunas a somente 256. Portanto, é bastante provável que sua versão do Excel permita digitar milhares de questionários. Claro que, apesar de ser uma ferramenta de acesso comum, o Excel não é a melhor maneira de fazer o data entry. Havendo acesso a pessoas especializadas em banco de dados, pode valer a pena montar uma pequena rotina para a tarefa. Com os dados em formato digital, o próximo passo, somente para os questionários (a pesquisa é quantitativa, certo?), é a tabulação: 4.5.4 Tabulação Tabular nada mais é do que contar as respostas. A tabulação consiste na contagem do número de casos que ocorreram em cada categoria. A tabulação pode ser simples, quando envolve a simples contagem do número de caos que ocorreram em cada uma das variáveis do estudo, ou cruzada, quando as ocorrências em duas ou mais variáveis do estudo foram contadas simultaneamente
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