Buscar

TCC VICTÓRIA HOFSTAETTER BU

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
Victória Hofstaetter 
 
 
 
 
 
 
SISTEMAS ADESIVOS AUTOCONDICIONANTES: UMA REVISÃO DE 
LITERATURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
2020
 
 
Victória Hofstaetter 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMAS ADESIVOS AUTOCONDICIONANTES: UMA REVISÃO DE 
LITERATURA 
 
 
 
 
Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em 
Odontologia do Centro de Ciências da Saúde da 
Universidade Federal de Santa Catarina como 
requisito para a obtenção do título de 
Bacharel/Licenciado em Odontologia 
Orientadora: Profa. Dra. Elisa Oderich 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
2020
 
 
 
 
 
Victória Hofstaetter 
 
 
Sistemas Adesivos Universais: Uma Revisão de Literatura 
 
 
Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de 
“Cirurgiã-dentista” e aprovado em sua forma final pelo Curso de Odontologia. 
 
Florianópolis, 07 de agosto de 2020. 
 
 
 
_______________________________________ 
Prof .ª Gláucia Santos Zimmermann, Drª 
Coordenador do Curso 
Banca Examinadora: 
 
 
 
 
_____________________________________ 
Prof.ª Elisa Oderich, Dr.ª 
Orientadora 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
___________________________________ 
Prof.ª Sheila Cristina Stolf Cupani, Dr.ª 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
__________________________________ 
Cirurgiã-dentista Roberta Pinto Pereira 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Agradeço à minha mãe Andréa por todo apoio que me deu em minha vida. Obrigada 
por sempre acreditar em mim, sempre me fazer sentir bem comigo mesma, me sentir 
inteligente e capaz de conquistar meus sonhos. Você me inspira com sua força de vontade, 
sua inteligência, sua bondade, sua gentileza e seu jeito de ver o mundo. Agradeço ao meu pai 
Michael por me ensinar humildade, por me ensinar a reconhecer meus erros e questionar 
meus atos. Admiro seu caráter, sua honestidade e sua disposição em ajudar as pessoas. 
Agradeço ao meu irmão Guto por sempre validar minha opiniões e meu sentimentos e 
por sempre mostrar interesse em tudo que eu tenho para dizer. Tenho muito orgulho da pessoa 
que você é. 
Agradeço à minha oma Ruth por estar sempre presente e pronta para me ajudar, 
admiro seu conhecimento e sua elegância. 
 Obrigada à toda a minha família e todos que assim considero pelo amor e carinho que 
têm por mim. Tenho o mesmo por vocês. 
 Sou muito grata, também, aos amigos que o Posiville me deu Aline, Jéssica, Julia, 
Luiza, Luf, Paula, Py e Ricardo por sempre me mostrarem apoio, aceitação, diversidade e 
individualidade, por terem crescido ao meu lado e crescido comigo. Tenho muito orgulho de 
cada um de vocês. 
 Agradeço às minhas amigas da turma Ana, Bia, Eve, Manu, Werlich e Fani por 
serem minhas companhias na rotina da UFSC, por deixa meu dia a dia mais leve nesses 
últimos anos e por me ensinarem tanto, na Odonto e na vida. Vocês estão saindo daqui 
comigo e serão profissionais incríveis no mundo lá fora. 
Obrigada também à Liz, à Mari e ao Pedro, por suas amizades, por suas conversas, 
por todas as risadas e por serem quem vocês são. 
 Agradeço em especial à Werlich, que morou comigo pelos últimos 3 anos. Sou grata 
por me fazer crescer e amadurecer e por tudo que nossas semelhanças e diferenças nos 
permitiram aprender. Sinto muito orgulho de ti e acredito que com sua determinação, pro 
atividade e empatia você é capaz de tudo que sonhar, não deixe ninguém te falar o contrário. 
 Obrigada à Eve, minha dupla de clínica e amiga, por sempre estar ao meu lado, por 
todo o incentivo, por me ajudar a superar minhas inseguranças e ansiedades, e pela confiança 
que tens em mim para me permitir sentar no mocho ao teu lado. 
 Agradeço à minha orientadora Prof
a
. Dra. Elisa Oderich pela confiança e por todo 
conhecimento que me passou e me incentivou a buscar. Obrigada por sua paciência, 
 
 
compreensão e por sempre me passar tranquilidade e otimismo mesmo quando tudo parecia 
estar dando errado. Agradeço também a minha banca Prof
a
. Sheila e Roberta e suplentes 
Prof
a
. Silvana e José por terem me ensinado e ajudado tanto durante a graduação. 
 Obrigada, Fernanda e Pauline, por me ajudarem nesse trabalho com ideias, artigos e 
apoio moral. 
 Sou grata à UFSC pela oportunidade de receber um ensino gratuito e de qualidade que 
deu a mim e a tantos outros, e de aprender com tantos Professores incríveis, aos quais 
também agradeço por compartilharem um pouco de seu conhecimento. Agradeço também a 
todos os servidores que permitem que a UFSC funcione e, em especial, ao pessoal da 
esterilização, ao Batista, à Dai, à Fátima, ao Luis, à Nil e à Rô, que foram tão presentes no 
nosso dia a dia. 
 Por fim, agradeço aos meus pacientes pela confiança e paciência, e ao SUS, que nos 
garante o direito de saúde universal, integral e sem discriminações. Todos vocês me ajudaram 
nessa jornada. 
 
Com todo o amor, Victória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Do what moves you and makes you smile and the good will follow.” 
Misha Collins 
 
 
“Be kind to yourself so you can be happy enough to be kind to the world.” 
Misha Collins 
 
 
“The truth is you have to be soft to be strong.” 
Marina Diamandis 
 
 
RESUMO 
A escolha de um sistema adesivo e sua aplicação correta são passos fundamentais na 
restauração de um dente. Existe no mercado uma diversidade de produtos com técnicas de 
aplicação e indicação distintas . Este trabalho buscou analisar, por meio de uma revisão da 
literatura, os Sistemas Adesivos Autocondicionantes. Por meio das palavras-chave “adesivos 
dentinários”, “dentina”, “esmalte dentário” e “falha de restauração dentária”, a pesquisa 
abrangeu composição, características inerentes aos sistema autocondicionantes de passo único 
ou dois passos, bem como vantagens e desvantagens relacionadas ao uso clínico. Para esse 
estudo foram selecionados artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais, livros, 
dissertações e teses publicados entre os anos 2000 e 2020. A fórmula dos sistemas adesivos, 
bem como sua técnica de aplicação e o preparo do substrato dental influenciam no sucesso 
das restaurações adesivas. Foi concluído que com o emprego da técnica adequada, os 
Sistemas Adesivos Autocondicionantes apresentam um desempenho clínico satisfatório. 
 
Palavras-Chave: Adesivos Dentinários, Dentina, Esmalte Dentário, Falha de Restauração 
Dentária. 
 
 
 
ABSTRACT 
The election of an adhesive system and its appropriate technique are considered 
important steps for a tooth restoration. There’s a variety of products available, along with 
different application techniques. The aim of this study is to investigate Self-Etch Adhesive 
Systems, through a literature review, using keywords such as “dentin-bonding agents”, 
“dentin”, “dental enamel” and “dental restoration failure”. Composition and inherent 
characteristics of single-step and two-step self-etch systems, as well as advantages and 
drawbacks, concerning their clinical use, were highlighted trough the text. Both composition 
and application technique of adhesive systems as well as surface preparation weigh on the 
success of adhesive restorations. Articles, theses and dissertations published between the 
years 2000 and 2020 were selected and used to write this literature review. It was concluded 
that by the proper technique, Self-Etch Adhesive Systems seems to show satisfactory 
immediate and long-term clinical performance. 
 
Keywords: Dentin-bonding Agents, Dentin, Dental Enamel, Dental Restoration Failure. 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura1 – Linha do tempo da Evolução dos SA de primeira à quinta geração ...................... 26 
Figura 2- Linha do tempo da Evolução dos SA de sexta à oitava geração ............................ 27 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
10-MDP 10-metacriloxidecil fosfato di-hidrogênio 
4-META 4-metacriloxietil anidro trimetílico 
bis-GMA Bisfenol-A-glicidilmetacrilato 
BPDM Bifenil-dimetacrilato 
CA Condicionamento ácido 
Fenil-P Etil fenil hidrogeno fosfato 
GPDM Ácido glicerofosfóricodimetacrilato 
HEMA Hidroxietilmetacrilato 
MAC 10-metacriloxidecil ácido malônico 
MEP Metacriloxietil fenil hidrogenofosfato 
NPG-GMA N-fenilglicina e glicidil-metacrilato 
PMDM Ácido piromelítico dietilmetacrilato 
SA Sistema(s) Adesivo(s) 
SAauto Sistema(s) Adesivo(s) Autocondicionante(s) 
SAconv Sistema(s) Adesivo(s) Convencionai(s) 
TEGMA Trietileno glicidil dimetacrilato 
UDMA Uretano dimetacrilato 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 ............................................................................................................... 13 
2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 15 
2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................... 15 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................... 15 
3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 16 
4 ....................................................................................... 17 
4.1 ADESÃO AO ESMALTE E À DENTINA ................................................................. 17 
4.1.1 Características do esmalte e da dentina ............................................................ 17 
4.1.2 Princípios de adesão .......................................................................................... 18 
4.1.3 Estabilidade e degradação da interface adesiva ............................................... 21 
4.2 EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS ADESIVOS ............................................................. 23 
4.3 SISTEMAS ADESIVOS ATUAIS ............................................................................. 27 
4.3.1 Sistemas adesivos convencionais ou de condicionamento ácido total .............. 27 
4.3.2 Sistemas adesivos autocondicionantes .............................................................. 33 
5 DISCUSSÃO ................................................................................................................... 41 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 49 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 50 
ANEXO A ........................................................................................................................... 55 
 
 
 
 
13 
 
1 
Com a melhor compreensão do processo de desmineralização e remineralização que 
ocorre nas lesões de cárie incipientes surgiu o conceito da Odontologia Minimamente 
Invasiva e, com isso, o desenvolvimento de novos materiais restauradores e sistemas adesivos 
(TYAS et al., 2000). A escolha de um sistema adesivo e sua aplicação correta são passos 
fundamentais na restauração de um dente (PERDIGÃO; GERALDELI; HODGES, 2003). 
Previamente ao desenvolvimento dos sistemas adesivos, as restaurações odontológicas 
dependiam da retenção macromecânica exclusivamente. Nem sempre era possível preservar 
parte do tecido dental sadio, visto que o sucesso da restauração dependia da conformação, 
extensão e profundidade das cavidades. O surgimento dos materiais adesivos revolucionou o 
preparo dental, viabilizando a preservação de tecido sadio (REIS et al., 2007, p. 181). 
A técnica do condicionamento do esmalte com ácido fosfórico introduzida por 
Buonocore em 1955, possibilitou o surgimento das restaurações adesivas (BUONOCORE et 
al., 1955; REIS et al., 2007, p. 181). Em 1962, Bowen apresentou as resinas compostas e 
posteriormente, em 1982, o pesquisador Nakabayashi descreveu, pela primeira vez, a camada 
híbrida como sendo a formação de um embricamento micromecânico. A descrição deste 
mecanismo fundamentou o conceito da adesão dental (VAN MERRBEEK et al., 2003; VAN 
MEERBEEK et al., 2020). A partir desse momento, foram desenvolvidos sistemas adesivos 
capazes de criar interação micromecânica com os tecidos dentais, que evoluíram para os 
existentes hoje no mercado (VAN MEERBEEK et al., 2020). 
A odontologia adesiva evoluiu, permitindo procedimentos mais estéticos com maior 
preservação do tecido dental, e está presente em quase todas as especialidades (MANTE et 
al., 2013). Pacientes desejam não apenas restaurações anatômicas e funcionais, mas também 
estéticas (VAN MEERBEEK et al., 2003). Por esse motivo, os procedimentos e materiais 
odontológicos estão em constante progresso, seja em busca de resultados mais estéticos para o 
paciente ou de uso mais simplificado para o profissional (ANDRADE et al., 2008). 
Os sistemas adesivos atuais são divididos em duas categorias principais, de acordo 
com seu modo de aplicação: Sistemas Adesivos Convencionais ou de Condicionamento 
Total(SAconv) e Sistemas Adesivos Autocondicionantes (SAauto), que dispensam o 
condicionamento prévio com ácido fosfórico. Os Sistemas Convencionais podem ser de 2 ou 
3 passos, isso porque o primer e a resina adesiva, que são aplicados após o condicionamento 
ácido (CA) total com ácido fosfórico 37%, podem se apresentar em frasco único, ou 
separados em 2 frascos (MANTE et al., 2013; MUÑOZ et al., 2013). 
 
 
A alta sensibilidade da técnica de CA da superfície dental, principalmente da dentina 
induziu o desenvolvimento dos Sistemas Adesivos Autocondicionantes. Comercialmente, os 
adesivos autocondicionantes se apresentam em 1 ou 2 passos, dependendo se seu primer 
autocondicionante e resina adesiva vêm em frascos separados ou em um frasco único. Por 
prescindir o CA prévio sugerido na técnica convencional, minimizam as chances de colapso 
das fibras colágenas em consequentes do ressecamento da dentina. São considerados adesivos 
de uso simplificado justamente por necessitar menor número de passos clínicos (ANDRADE 
et al., 2008; MUÑOZ et al., 2013; GIANNINI et al., 2015). Em contrapartida, os adesivos 
autocondicionantes apresentam resultados inferiores ao desejado em relação ao 
condicionamento do esmalte preconizado pela técnica convencional, resultando em menor 
força de união ao esmalte, por mais que sua adesão à dentina se mostre satisfatória (MENA-
SERRANO et al., 2013; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Os pareceres divergentes dos profissionais a respeito da técnica adesiva mais 
apropriada resultaram no desenvolvimento de um adesivo mais versátil, chamado “Universal” 
ou “Multimodal” (MUÑOZ et al., 2013). Esses adesivos de passo único são, na verdade, um 
tipo de adesivo autocondicionante e contemplam a flexibilidade de serem usados sobre 
estruturas dentais com ou sem CA prévio convencional, ou ainda pela técnica do CA seletivo 
do esmalte (MANTE et al., 2013; ARINELLI et al., 2016). 
Enquanto a adesão ao esmalte é considerada uma técnica confiável e duradoura, a 
adesão à dentina tem sido um desafio devido a sua complexidade estrutural e sua natureza 
dinâmica. Essas características do tecido dentinário são responsáveis por uniões adesivas 
pouco estáveis (PERDIGÃO, 2002; PERDIGÃO; DUARTE; LOPES; 2003; MANTE et al., 
2013). 
Neste trabalho, portanto, buscou-se analisar a evolução dos sistemas adesivos, em 
especial, as últimas gerações, que compõem a classe dos Sistemas Adesivos 
Autocondicionantes. Foram abordadas as diferençasnas técnicas de aplicação, 
particularidades, bem como vantagens e contratempos observados com o uso clínico desses 
sistemas.
15 
 
2 OBJETIVOS 
2.1 OBJETIVO GERAL 
Conhecer os Sistemas Adesivos Autocondicionantes, sua composição, indicação de 
uso e suas características. 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 Revisar os conceitos e mecanismos de adesão à dentina e ao esmalte. 
 
 Conhecer os tipos de Sistemas Adesivos existentes no mercado atual. 
 
 Entender a performance dos Sistemas Adesivos Autocondicionantes e suas 
particularidades. 
 
16 
 
3 METODOLOGIA 
Com o auxílio das bases de dados online Pubmed, Google Scholar e Research Gate, 
utilizando as palavras-chave “adesivos dentinários”, “dentina”, “esmalte dentário” e “falha de 
restauração dentária” foi realizado um levantamento literário do que há de mais atual 
referente ao tema Sistemas Adesivos Autocondicionantes. Artigos de periódicos, livros, 
dissertações e teses serviram como instrumentos de consulta para este trabalho. Foram 
selecionados artigos publicados nos idiomas português e inglês, no período entre 2000 e 2020. 
Para redigir essa revisão de literatura foram utilizados 75 artigos, os quais apresentavam como 
tema principal a adesão dental e sistemas adesivos, em especial, autocondicionantes. 
 
 
17 
 
4 
 
4.1 ADESÃO AO ESMALTE E À DENTINA 
 
4.1.1 Características do esmalte e da dentina 
Para o sucesso de uma restauração adesiva, é importante conhecer o substrato dentário 
sobre o qual será obtida a adesão. O esmalte é um tecido poroso, semipermeável, com maior 
conteúdo mineral do corpo humano. Esse é formado por uma pequena quantidade de matéria 
orgânica, água e mais de 90% de apatita, mineral de estrutura cristalina de fosfato de cálcio. 
Quando carbonada, é chamada de hidroxiapatita e, quando fluoretada, de fluorapatita 
(OLIVEIRA et al., 2009). Esse tecido apresenta alta densidade e dureza, bem como alto 
módulo de elasticidade. Em contrapartida, possui baixa resistência à tração e grande 
fragilidade (REIS et al., 2007, p. 183). 
A estrutura do esmalte consiste em cristais de apatita dispostos em forma de prismas. 
Os prismas, por sua vez, são compostos por bilhões de cristalitos formados por milhões de 
células elementares da grade cristalina. Esses prismas têm forma de buraco de fechadura e 
encontram-se dispostos em 90° em relação à superfície dos dentes decíduos e em 30° a 60°, 
nos permanentes, formando a camada prismática do esmalte. A área interprismática, que 
corresponde aos espaços entre os prismas é rica em proteínas orgânicas. Já a camada 
aprismática é resultado da atividade final das células formadoras de esmalte, os ameloblastos. 
Ela consiste em cristalitos alinhados de forma paralela entre si e, que seguem a forma da 
camada subjacente (REIS et al., 2007, p. 183; OLIVEIRA et al., 2009). 
A dentina é, assim como o esmalte, um tecido mineralizado, porém com uma estrutura 
mais complexa (ANUSAVICE, 2005, p. 261; REIS et al., 2007, p. 187-188). A dentina é 
composta por grande quantidade de matéria orgânica e água, além de seu conteúdo mineral 
(PERDIGÃO, 2002). Ela corresponde à maior parte da estrutura dental e é constituída de 
túbulos dentinários, dentina peritubular e dentina intertubular (REIS et al., 2007, p. 187-188). 
O esqueleto da dentina é construído por fibras colágenas, principalmente de colágeno tipo 1, 
produzidas por células conhecidas como odontoblastos. A precipitação de minerais sobre o 
colágeno durante a dentinogênese resulta em uma estrutura final mineralizada de 
hidroxiapatita rica em carboneto (PERDIGÃO, 2002). 
Durante procedimentos de corte (preparo dentário), forma-se uma camada de 
esfregaço, chamada em inglês de smear layer, também conhecida como lama dentinária. Esta 
camada é composta de remanescentes do substrato dentinário, elementos minerais e orgânicos 
 
 
residuais (PERDIGÃO, 2002; REIS et al., 2007, p. 188). A lama dentinária obstrui a entrada 
dos túbulos dentinários, reduzindo sua permeabilidade em até 86%. Um pouco de 
permeabilidade é mantida pelas microporosidades do tecido, permitindo um fluxo limitado do 
fluido dentinário (PERDIGÃO, 2002). A formação dessa lama torna o substrato dentinário 
ainda mais complexo para se obter uma adesão satisfatória (SHERAWAT et al., 2014). 
A adesão à dentina é influenciada por particularidades como os resíduos que formam a 
lama dentinária, gerados pelo preparo dentário com instrumentos rotatórios. O uso de diversos 
instrumentos em velocidades distintas resultam em lama dentinária com espessuras e 
características diferentes. Enquanto as brocas carbide multilaminadas em tungstênio obtêm 
uma superfície mais lisa com lama dentinária mais fina, as pontas diamantadas resultam em 
superfície mais áspera com uma camada mais espessa de lama dentinária (DIAS; PEREIRA; 
SWIFT, 2004; ERMIS et al., 2008; SENAWONGSE et al., 2010; MINE et al., 2014; 
SHERAWAT et al., 2014). 
 
4.1.2 Princípios de adesão 
Adesão é definida como a propriedade de união de átomos ou moléculas de dois 
substratos, os quais podem ser semelhantes ou divergentes (OLIVEIRA et al., 2010). A 
adesão a um tecido dental pode ser alcançada por meio do CA e SAconv , bem como através 
de SAauto , ou ainda, por ionômero de vidro, que por sua vez, é o único material com o 
potencial de autoadesão ao tecido dental sem tratamento prévio da superfície (VAN 
MEERBEEK et al., 2003). A força de adesão tem como objetivo manter em contato íntimo 
(com uma distância máxima de 0,0007µm) dois substratos ou duas substâncias. Uma 
adequada adesão dental deve conservar a estrutura sadia e prevenir a microinfiltração 
(ANUSAVICE, 2005, p. 259; REIS et al., 2007, p. 181). 
O principal mecanismo que possibilita a adesão é a interação mecânica, resultado do 
vínculo formado pela penetração do adesivo nas irregularidades do substrato dental (REIS et 
al., 2007, p. 181-182). O mecanismo fundamental dos SA resinosos é, sobretudo, uma troca 
das estruturas inorgânicas (hidroxiapatita) dos substratos dentais por monômeros resinosos, 
formando uma camada híbrida de tecido dental e resina adesiva, estabelecendo uma união 
micromecânica (VAN MEERBEEK et al., 2003; MUÑOZ et al., 2013). 
Essa união ocorre em duas etapas. Após o preparo da estrutura dental com brocas 
multilaminadas ou pontas diamantadas, são criadas rugosidades na superfície do esmalte e da 
dentina através do condicionamento desses substratos. Em seguida, ocorre a hibridização, 
que, por sua vez, corresponde à infiltração de resina líquida nos microporos, seguida pela 
 
 
polimerização do material no interior deles. Isso resulta em um embricamento 
micromecânico, o qual é a base de uma boa adesão (NAKABAYASHI; KOJIMA; 
MASUHARA, 1982; VAN MEERBEEK et al., 2003; DE MUNCK et al., 2005; VAN 
MEERBEEK et al., 2020). 
A rugosidade superficial do substrato é obtida pela criação de microporos, que, por sua 
vez, resultam da excisão da hidroxiapatita através do condicionamento dos tecidos dentais e é 
essencial para que haja o embricamento micromecânico (HANNING, REINHARDT, BOTT, 
1999; VAN MEERBEEK et al., 2003; ANUSAVICE, 2005, p. 259; REIS et al., 2007 p. 181-
182). O CA dental consiste em criar poros na superfície dental, através da dissolução seletiva 
da hidroxiapatita dos tecidos dentais, utilizando gel de ácido fosfórico entre 30 e 40% 
(HANNING, REINHARDT, BOTT, 1999; VAN MEERBEEK et al., 2003). 
Essa técnica foi descoberta casualmente em 1955, quando Buonocore observou o uso 
de ácido fosfórico em superfícies metálicas, para aumentar a retenção de pinturas e coberturas 
de resina. Com base nisso, considerou o uso do ácido fosfórico na superfície dental para 
torna-la mais propensa à adesão. O autor concluiu que o CA do esmalte aumentava 
consideravelmente a retenção das resinas, embora não soubesse explicar através de qual 
mecanismo (BUONOCORE, 1955; VAN MEERBEEK et al., 1998; PERDIGÃO;GOMES; 
LOPES, 2006). Hoje se sabe que o ácido fosfórico age no esmalte de duas maneiras, alterando 
o contorno superficial do tecido e criando rugosidades, através de diferentes padrões de 
condicionamento, nos quais se observa a dissolução do interior dos prismas ou de sua região 
periférica (REIS et al., 2007, p. 184; ZHU et al., 2014). 
Uma maior rugosidade do substrato gera um aumento da área de superfície e de sua 
energia livre e, como consequência, maior quantidade de sítios, nos quais os monômeros 
resinosos dos adesivos se infiltram através de ação capilar para criar embricamento 
micromecânico (REIS et al., 2007, p. 183). Os monômeros são, então, polimerizados no 
interior desses sítios, criando prolongamentos de resina chamados macrotags na região 
interprismática e microtags no interior dos prismas, gerando uma forte união através da 
retenção mecânica (NAKABAYASHI; KOJIMA; MASUHARA, 1982; HANNING; 
REINHARDT; BOTT, 1999; VAN MEERBEEK et al., 2003; DE MUNCK et al., 2005; 
VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Na dentina, o ácido fosfórico age expondo os túbulos dentinários, os quais também 
servem como sítios para a infiltração dos monômeros (NAKABAYASHI; KOJIMA; 
MASUHARA, 1982; ZHU et al., 2014). A resina infiltra nos túbulos dentinários abertos e na 
região intertubular, criando prolongamentos (tags) resinosos ao ser polimerizada, criando a 
 
 
camada híbrida (VAN MEERBEEK et al., 2020). A formação da camada híbrida foi descrita 
pela primeira vez em 1982, por Nakabayashi e colaboradores. Esse termo se refere ao 
embricamento micromecânico consequente da infiltração da resina adesiva no substratos 
dentinários. Ao ser polimerizada, é formada uma camada mesclada e homogênea de tecido 
dental e polímeros resinosos (NAKABAYASHI; KOJIMA; MASUHARA, 1982; VAN 
MEERBEEK et al., 2003; DE MUNCK et al., 2005). 
Embora o embricamento micromecânico esteja relacionado ao CA, ele também pode 
ser obtido com o uso dos SAauto . Por meio de monômeros acídicos presentes em sua 
formulação, o substrato dental é desmineralizado ao tempo que o adesivo é infiltrado no 
tecido. Conferindo, desta maneira, adesão a dentina por meio de uma camada híbrida mais 
fina (VAN MEERBEEK et al., 2003; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Portanto além de irregularidades do substrato dental, a adesão depende também das 
propriedades do sistema adesivo, do potencial de penetração dos monômeros, bem como da 
viabilidade de evasão do ar presente nos poros durante a penetração, e da capacidade de 
polimerização na região (REIS et al., 2007, p. 181-182). Para se obter a união micromecânica, 
o potencial de molhamento ou espalhamento do adesivo é fundamental. Essa propriedade 
consiste na capacidade do adesivo de cobrir o substrato de maneira integral e penetrar nas 
irregularidades, sem a incorporação de bolhas de ar (ANUSAVICE, 2005, p. 259; REIS et al., 
2007. p. 182). 
A molhabilidade é quantificada pelo ângulo de contato entre o material e a superfície 
em que foi aplicado, sendo um ângulo menor que 90° indicativo de um material 
“majoritariamente compatível” e igual a 0° “absolutamente compatível” com essa superfície 
(ANUSAVICE, 2005, p. 259). Para o adesivo ser espalhado uniformemente sobre uma 
superfície sólida, a tensão superficial do material deve ser menor que a energia superficial do 
substrato dental. O condicionamento ácido é um método que aumenta a energia livre de 
superfície do esmalte, permitindo um melhor molhamento (REIS et al., 2007, p. 182; VAN 
MEERBEERK et al., 2020). 
A viscosidade do material também interfere em seu potencial de molhabilidade. Um 
líquido com maior viscosidade apresentará um maior ângulo de contato, visto que são 
grandezas diretamente proporcionais. Um adesivo mais espesso, com menor viscosidade, 
necessita mais tempo para cobrir toda a superfície do substrato e apresenta maior 
probabilidade de aprisionar ar, ou seja, apresenta menor potencial de molhabilidade (REIS et 
al., 2007, p. 182). 
 
 
Além de retenção micromecânica, os SA podem criar interações químicas com a 
estrutura dental, quando esses apresentarem monômeros com grupamentos funcionais 
acídicos ou quelantes. Certos monômeros acídicos, compostos por grupamentos fosfatos, ou 
carboxílicos, possuem a capacidade de formar ligações com o cálcio do substrato dental 
(VAN MEERBEEK et al., 2003; ANUSAVICE, 2005, p. 259). 
A interação química é o contato mais íntimo possível entre átomos e moléculas (VAN 
MEERBEEK et al., 2020). Contudo, uma interação química verdadeira entre os SA e o 
substrato dentinário é dificil de ser alcançada, visto que os monômeros apresentam pouca 
afinidade com o colágeno desprovido de hidroxiapatita (VAN MEERBEEK et al., 2003). 
Especula-se que a dificuldade da interação entre os monômeros resinosos e o colágeno 
dentinário seja a principal razão da infiltração marginal nas restaurações adesivas (VAN 
MEERBEEK et al., 2003). Embora esse tipo de ligação não ofereça diretamente um aumento 
da força de união, contribui especialmente para sua longevidade, prevenindo a redução da 
força da união com o envelhecimento da camada híbrida (VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Considerando a composição e homogeneidade do esmalte dentário, sua adesão 
depende basicamente do preparo da superfície, de forma mecânica, por meio de brocas e 
instrumentos rotatórios, e química, por meio do CA. A combinação deles garante uma união 
mais estável (OLIVEIRA et al., 2010). Algumas superfícies, que são menos receptivas à 
adesão, como esmalte aprismático, esmalte com lesões de fluorose e dentina esclerótica, 
podem ainda ser asperizados ou removidos com instrumentos rotatórios (VAN MEERBEEK 
et al., 2020). Por outro lado, a dentina é um tecido dinâmico, responsável por uniões adesivas 
instáveis, propiciando infiltração marginal precocemente nas restaurações (PERDIGÃO, 
2002). Por esse motivo, enquanto a adesão ao esmalte é considerada uma técnica confiável e 
duradoura, a adesão à dentina tem sido um desafio constante em função do conteúdo orgânico 
e da umidade (PERDIGÃO; DUARTE; LOPES, 2003). 
 
4.1.3 Estabilidade e degradação da interface adesiva 
A estabilidade da interface de união depende de uma camada híbrida compacta e 
homogênea. A longevidade dessa camada híbrida é afetada por diversos fatores físicos, como 
força mastigatória e contração e expansão do material restaurador frente a mudanças de 
temperatura. Também, pela exposição a fatores químicos, como agentes acídicos do fluido 
dentinário, saliva, alimentos e produtos bacterianos, em longo prazo ou durante o 
procedimento, o que torna necessário imprescindível o isolamento do campo operatório. 
Acerca dos mais diversos fatores, a degradação da interface adesiva é considerada o fator 
 
 
principal no envelhecimento da camada híbrida (YOO; OH; PEREIRA, 2006; BRESCHI et 
al., 2007; THOMAS et al., 2010; MANTE et al., 2013). 
A estabilidade hidrolítica é de grande importância para deter o envelhecimento da 
união. Essa consiste na resistência da união à degradação química pela água. Visto que o 
ambiente oral é úmido e, ao mesmo tempo, o esmalte e a dentina são tecidos hidrofílicos e 
permeáveis. Os monômeros resinosos, para conferir longevidade a interface adesiva nesse 
meio úmido, devem apresentar tanto características hidrofílicas, aumentando sua 
compatibilidade com os tecidos dentais; quanto hidrofóbicas, tornando-os menos reagentes à 
água (DE MUNCK et al., 2003; ANUSAVICE, 2005, p. 262; ABDALLA; FEILZER, 2008; 
VAN MEERBEEK et al., 2020). 
A degradação hidrolítica, ou hidrólise da interface, consiste na quebra de ligações 
covalentes entre os polímeros através da adição de água aos grupamentos ésteres que 
compõem a resina. Está relacionada geralmente a hidrofilia do SA e a sorção de água na 
interface. Corresponde a uma das principais formas de degradação da resina existente na 
interface adesiva e permite assim o fenômeno chamado nanoinfiltração (TAY etal., 2002; 
YIU et al., 2006; BRESCHI et al., 2007; TOLEDANO et al., 2007; DE MUNCK et al., 2012; 
VAN MEERBEERK et al., 2020). 
Essa degradação ocorre pela difusão de pequenos íons e moléculas na camada híbrida 
que, embora apresentem selamento marginal adequado, não se encontram completamente 
preenchidas pela resina adesiva. Uma infiltração incompleta de uma superfície preparada com 
CA total pelos monômeros resinosos também pode resultar em nanoinfiltração, bem como 
uma polimerização ineficiente do material. Por outro lado, uma restauração adesiva com 
fendas marginais pode resultar em microinfiltração (BRESCHI et al., 2007; VAN 
MEERBEERK et al., 2020). 
Sorção de água na interface adesiva também leva a uma diminuição da sua 
elasticidade, o que leva a uma redução da resistência de união. Além da hidrólise da resina na 
interface adesiva, também pode ocorrer degradação do colágeno dentinário, através do mesmo 
fenômeno, quando há infiltração incompleta na dentina condicionada. A matriz dentinária, 
quando condicionada, tende a sofrer degradação de enzimas proteolíticas derivadas da própria 
dentina, mesmo na ausência de bactérias, que causam a hidrólise de fibras colágenas. Esse 
processo é chamado de degradação enzimática (BRESCHI, 2007). 
As resinas restauradoras fotoativadas sofrem contração em consequência de sua 
polimerização. Diante disso, é possível que a conformação da cavidade preparada também 
interfira na qualidade da adesão. A contração de polimerização pode causar descolamento da 
 
 
restauração em uma ou mais de suas faces. Esse fenômeno pode criar fendas que possibilitam 
a microinfiltração e sensibilidade pós-operatória. A magnitude desse fenômeno depende da 
conformação da cavidade, que vai gerar um Fator C maior ou menor, dependendo da razão 
entre a quantidade de faces aderidas e livres. Cavidades classe I, por exemplo, apresentam um 
Fator C 5 (pois possuem 5 faces aderidas e 1 face livre) e, consequentemente, estão mais 
suscetíveis a sofrer falhas na adesão em decorrência da contração de polimerização do 
material restaurador do que cavidades Classe V, que possuem no máximo um Fator C 3 
(YOSHIKAWA et al., 1999; BOUILLAGUET et al., 2001; DE MUNCK et al., 2003; 
ABDALLA; FEILZER, 2008). 
 
4.2 EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS ADESIVOS 
 Antes de Bowen apresentar as resinas compostas, em 1962, as restaurações de dentes 
anteriores eram realizadas em resina acrílica quimicamente ativada (CHAIN et al., 2013, p. 
102). As primeiras tentativas de aderir resina acrílica ao dente foram de Hagger, um químico 
suísso, em 1951, que usou o monômero GPDM (ácido glicerofosfóricodimetacrilato) para 
obter a união. Esse monômero funcional primário ainda é encontrado nos sistemas adesivos 
disponíveis no mercado atualmente. Em 1952, os pesquisadores Kramer e McLean, 
observaram que o GPDM melhorava a adesão à dentina penetrando na superfície e formando 
uma camada, que posteriormente evoluiu para a camada híbrida (VAN MEERBEEK et al., 
2020). Ainda assim, a resina acrílica apresentava pouca estabilidade dimensional e não se 
ligava à estrutura dental, necessitando de sítios de retenção, como canaletas feitas através do 
desgaste de estrutura dental sadia (CHAIN et al., 2013, p. 103). 
Com a introdução do condicionamento ácido por Michael Buonocore em 1955, foi 
possível melhorar a adesão das restaurações de resina acrílica ao esmalte. Em contrapartida, 
mesmo com o preparo da dentina com ácido, as resinas acrílicas, que são hidrofóbicas, não 
tinham capacidade de polimerizar por completo em meio à umidade do tecido. A dificuldade 
de alcançar uma adesão adequada à dentina foi o que incitou o desenvolvimento de sistemas 
adesivos (CHAIN et al., 2013, p. 102). 
Inicialmente, os adesivos dentinários foram classificados de acordo com as gerações. 
A primeira geração surgiu nas décadas de 1950 e 1960 e tinham o GPDM como ingrediente 
ativo. Esse monômero possui potencial de se ligar ionicamente ao cálcio da hidroxiapatita, 
mediante grupos fosfatos, porém essa ligação é instável (CHAIN et al., 2013, p. 103; 
COELHO et al., 2012; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
 
 
Bowen (1965) observou que as resinas da época apresentavam boa adesão ao dente 
seco, mas essa era perdida no momento em que o dente entrava em contato com água ou 
saliva. Com isso, sugeriu o uso do composto NPG-GMA (N-fenilglicina e glicidil-
metacrilato) para aumentar a resistência da união entre a resina acrílica e o dente na presença 
de umidade. Essa molécula é bifuncional e, enquanto uma de suas extremidades fazia ligação 
com a dentina, a outra era polimerizada junto à resina composta (COELHO et al., 2012). Os 
adesivos dessa geração também levavam em sua composição cianoacrilatos, que formavam 
finas películas promotoras de adesão, e poliuretanos, que se ligavam quimicamente ao 
conteúdo inorgânico do esmalte, mas apresentavam resistência de união muito baixa e sofriam 
hidrólise facilmente (COELHO et al., 2012; CHAIN et al., 2013, p. 103). 
Ao final dos anos 70 despontou a segunda geração de adesivos. Essa evolução ocorreu 
com base em pesquisas que buscavam monômeros funcionais que interagissem quimicamente 
com a hidroxiapatita e o colágeno dos tecidos dentários (VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Esses materiais, compostos por ésteres de fosfato derivados de resinas sem carga, compostas 
de metacrilatos, entre os quais se destacavam o bisfenol-A-glicidilmetacrilato (bis-GMA) e o 
hidroxietilmetacrilato (HEMA), formavam ligações iônicas com o cálcio presente na lama 
dentinária. A molécula de bis-GMA é hidrofóbica e funcionava como um agente de união à 
base de silano (COELHO et al., 2012). As ligações iônicas, no entanto, dissociam-se 
facilmente na presença de água e a lama dentinária não apresentava adesão suficiente com a 
dentina subjacente, portanto, não eram eficientes (CHAIN et al., 2013, p. 103; VAN 
MEERBEEK et al. 2020). 
Em 1982, o pesquisador Nakabayashi descreveu, pela primeira vez, a camada híbrida. 
A partir dessa descoberta, pararam de procurar monômeros com potencial de interações 
químicas e passaram a buscar interação mecânica, criando materiais que passaram a ser 
considerados Sistemas Adesivos (VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Assim, na década de 90, a terceira geração de adesivos dentinários introduziu o 
condicionamento ácido prévio da dentina com intuito de aumentar a força de adesão (CHAIN 
et al., 2013 p. 104; VAN MEERBEEK et al. 2020). Esse consistia em um SA elaborado em 3 
frascos, tendo no primeiro deles um ácido fraco (nítrico, cítrico, maleico, oxálico ou fosfórico 
em baixas concentrações), que condicionava a lama dentinária, modificando-a para assim 
incorporá-la na interface adesiva (CHAIN et al., 2013, p. 104). O objetivo desses ácidos era 
expor parcialmente os túbulos dentinários, aumentando a permeabilidade da dentina, mas sem 
remover a lama dentinária (COELHO et al., 2012). 
 
 
O segundo frasco continha um primer, que funcionava como um agente para promover 
a adesão à dentina. Esse primer era composto por moléculas bifuncionais, das quais um lado 
continha monômeros hidrofílicos, como BPDM (bifenil-dimetacrilato), que mostravam 
afinidade à dentina úmida. O outro lado apresentava grupamentos hidrofóbicos que 
interagiam com a resina adesiva. O terceiro frasco continha resina sem carga, que aumentava 
a interação entre o primer e o material restaurador, o adesivo (CHAIN et al., 2013, p. 104). 
No entanto, essa geração ainda buscava criar uma camada híbrida preservando a lama 
dentinária, que apresentava fraca resistência coesiva e união reduzida com a camada 
subjacente de dentina (SWIFT et al., 1995; REIS et al., 2007, p. 188). 
Os sistemas adesivos de quarta geração são considerados, ainda hoje, os melhores 
adesivos existentes no mercado em relação à longevidade de união. Eles surgiram no início 
dos anos 90. Preconizam o condicionamento total prévio com ácido fosfórico que remove porcompleto a lama dentinária. São apresentados comercialmente em dois frascos (primer e 
adesivo) (PERDIGÃO et al., 2003; CHAIN et al., 2013, p. 104;). 
Atualmente, os primers são compostos principalmente de monômeros metacrilatos em 
um solvente orgânico, e são aplicados após o condicionamento ácido total da estrutura. Eles 
funcionam bem sobre a dentina úmida, deixando sua camada superficial mais hidrofóbica e 
receptiva ao adesivo. No segundo frasco está o adesivo hidrofóbico, composto geralmente de 
metacrilatos, como bis-GMA e HEMA, com fotoativadores, o qual se liga à resina 
restauradora através dos grupamentos metacrilatos (PERDIGÃO; DUARTE; LOPES, 2003; 
CHAIN et al., 2013, p. 104). 
Devido à procura dos cirurgiões-dentistas por simplificar o protocolo adesivo, no meio 
da década de 90 surgiram os SA de quinta geração. Esses se assemelham aos SA da geração 
anterior, por necessitar de condicionamento ácido prévio, porém combinam o primer e o 
adesivo em uma única solução, reduzindo assim o número de passos clínicos (PERDIGÃO; 
DUARTE; LOPES, 2003; CHAIN et al., 2013, p. 104). 
 
 
Figura 1 – Linha do tempo da Evolução dos SA de primeira à quinta geração. 
 
A sexta geração de SA surgiu como forma de contornar alguns efeitos negativos que 
podem resultar da técnica de condicionamento ácido total, tais como a sensibilidade pós-
operatória e a nanoinfiltração devido à criação de uma camada porosa sob a camada híbrida, 
que a resina líquida não consegue alcançar. Dessa maneira, foram lançados os SAauto de dois 
frascos, em que um frasco contém o primer acídico autocondicionante e o outro, contém a 
resina adesiva clássica (CHAIN et al., 2013, p. 104; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Novamente com a intenção de reduzir o tempo clínico do procedimento, foram 
lançados posteriormente os SAauto “all-in-one”, de sétima geração. São semelhantes a sua 
geração antecessora, porém condensam o primer acídico e a resina adesiva em um único 
frasco (CHAIN et al., 2013, p. 104). 
Como SA de oitava geração, chegaram os adesivos Universais ou Multimodais. Esses 
podem ser aplicados como um adesivo convencional de 2 passos, ou como um 
autocondicionante de passo único, ou ainda, com a técnica do condicionamento seletivo do 
esmalte (VAN MEERBEEK et al., 2020). 
 
 
Figura 2- Linha do tempo da Evolução dos SA de sexta à oitava geração. 
 
 
4.3 SISTEMAS ADESIVOS ATUAIS 
Didaticamente, os sistemas adesivos atuais também podem ser classificados de acordo 
com seu modo de aplicação em convencionais (ou de CA total) e autocondicionantes 
(MUÑOZ et al., 2013). 
 
4.3.1 Sistemas adesivos convencionais ou de condicionamento ácido total 
A aplicação dos SAconv é antecedida pelo CA total do esmalte e da dentina pelo gel 
de ácido fosfórico. Assim, a camada de lama dentinária é removida e a dentina exposta, 
desmineralizada profundamente, revela uma rede colágena pobre em hidroxiapatita, deixando 
a superfície dental apta para a formação da camada híbrida. Em seguida são aplicados o 
primer e a resina adesiva líquida, que podem vir juntos em frasco único ou separadamente, 
subdividindo os sistemas em de 2 passos ou de 3 passos respectivamente (PERDIGÃO; 
DUARTE; LOPES, 2003; VAN MEERBEEK et al., 2003; SUH, 2013; MUÑOZ et al., 2013; 
VAN MEERBEEK et al., 2020). 
São chamados de SAconv de 3 passos (quarta geração) aqueles que contêm o primer 
ou agente promotor de adesão e o adesivo em frascos separados, e requerem o CA prévio 
(VAN MEERBEEK et al., 2003; CHAIN et al., 2013, p. 105). 
O protocolo tradicional do CA total consiste em 3 passos após o isolamento e 
profilaxia do campo operatório. Primeiramente, aplica-se o gel de ácido fosfórico (geralmente 
 
 
de concentração 37%) por 15 segundos, começando pela aplicação no esmalte e então na 
dentina. Em seguida, realiza-se a lavagem abundante com jato de água para a remoção total 
do ácido e dos produtos da reação e, por fim, é feita a secagem da superfície com jato leve de 
ar até o esmalte apresentar uma aparência esbranquiçada, tomando cuidado para não causar o 
ressecamento da dentina (REIS et al., 2007, p. 187; VAN MEERBEEK et al., 2020). A 
superfície, recém condicionada, deve ser mantida sem qualquer tipo de contaminação para 
manter a energia da superfície elevada (ANUSAVICE, 2005, p. 261). 
Para um bom condicionamento, o ácido a ser usado deve agir em um tempo clínico 
reduzido e ser capaz de criar poros e irregularidades na superfície. Por esses motivos, prefere-
se o ácido fosfórico (REIS et al., 2007, p. 184). Quanto à concentração do ácido fosfórico 
utilizada, sabe-se que acima de 50% a desmineralização da apatita forma os produtos da 
reação muito rapidamente, reduzindo a capacidade de penetração. Já numa concentração 
abaixo de 30%, forma-se quantidade elevada de um produto que é parcialmente insolúvel em 
água na superfície, que dificulta a criação da camada híbrida. Em uma concentração entre 30 
e 50%, o ácido fosfórico tem como produto principal da reação o fosfato monocálcio 
hidratado, em pouca quantidade, o qual é bastante solúvel em água. Devido sua alta 
solubilidade, esse produto é facilmente removido da superfície preparada, permitindo boa 
penetração do agente de união (REIS et al., 2007, p. 184). 
O tempo de ação do ácido fosfórico para condicionamento do esmalte é estipulado 
entre 15 e 30 segundos, buscando criar uma união resistente e, ao mesmo tempo, conservar o 
quanto possível a estrutura dental (ANUSAVICE, 2005, p. 261; REIS et al., 2007, p. 184). No 
entanto, o ácido fosfórico age de forma mais agressiva na dentina, devido a sua composição 
mais orgânica. A ação do ácido sobre esse tecido é tempo dependente e deve ser limitada a 15 
segundos. Um intervalo mais longo causaria uma desmineralização de uma camada muito 
profunda, a qual o adesivo não seria capaz de infiltrar completamente, além de impossibilitar 
a formação de ligações químicas com o tecido, visto que não sobra hidroxiapatita na matriz 
colágena condicionada (VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Esse é um dos motivos pelo qual, atualmente, muitos fabricantes recomendam o CA 
pelo tempo reduzido de 15 segundos. A diferença da dissolução da apatita sob a ação do ácido 
por 15 ou 30 segundos é mínima e o padrão de desmineralização não é afetado. Além disso, o 
CA resulta em perda tecidual, a qual é limitada quando o tecido é exposto ao ácido por menor 
tempo. Contudo, 15 segundos é o tempo mínimo necessário para que ocorra condicionamento 
apropriado do esmalte (LOPES et al., 2007). 
 
 
No esmalte, o CA remove qualquer interferência da lama dentinária e cria fossas tanto 
entre os prismas, quanto no interior deles (VAN MEERBEEK et al., 2003; ZHU et al., 2014; 
VAN MEERBEEK et al., 2020). A desmineralização desse tecido ocorre de maneira seletiva, 
visto que as diferentes angulações dos prismas de esmalte permitem que algumas áreas sejam 
desmineralizadas mais profundamente que outras. Dependendo dessa angulação, a 
desmineralização pode ocorrer na cabeça do prisma ou em sua periferia, resultando em dois 
padrões diferentes de desmineralização do esmalte. Clinicamente não há relevância no tipo de 
padrão de condicionamento gerado (LOPES et al., 2007). 
Na dentina, por outro lado, a lama dentinária é totalmente removida pela ação do ácido 
fosfórico. Uma camada de 3 a 6µm é completamente desmineralizada, expondo um tecido 
conjuntivo frouxo. Esse tecido rico em fibras de colágeno tipo I, suspensas em água e com 
microporosidades tem quase todo o fosfato de cálcio dissolvido (VAN MEERBEEK et al., 
2003; ANUSAVICE, 2005, p. 261; REIS et al., 2007, p. 189-190; VAN MEERBEEK et al., 
2010; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Após o CA total com ácido fosfórico 30 a 40%, a superfície condicionada deve ser 
lavada abundantemente com água a fim de limpar a superfície e remover todos os resíduos do 
ácido, bem como os subprodutos gerados de sua reação com o esmalte (REIS et al., 2007,p. 
185; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
A secagem da superfície lavada, com jato de ar, deve ser realizada com cautela. 
Embora o esmalte condicionado não seja afetado por esse procedimento, o substrato 
dentinário depende de umidade. Mesmo que a presença de água no substrato dentinário 
impeça a reação do tecido com a resina hidrofóbica, a umidade da dentina é essencial para a 
formação da camada híbrida. Sem água, o colágeno exposto pelo ácido colapsa, resultando em 
uma camada de difícil penetração pelos monômeros resinosos (ANUSAVICE, 2005, p. 261; 
PERDIGÃO; DUARTE; LOPES, 2003; MUÑOZ et al., 2013; VAN MEERBEEK et al., 
2020). 
O colapso das fibras resulta numa força de união reduzida, pois impede a completa 
infiltração dos monômeros resinosos na matriz colágena. Assim, forma-se uma falsa camada 
híbrida, que além de diminuir a força de união entre o material restaurador e o substrato 
dental, pode ocasionar sensibilidade pós-operatória (PERDIGÃO; DUARTE; LOPES, 2003; 
ANDRADE et al., 2008; MUÑOZ et al., 2013). 
Para contornar esse impasse, alguns cirurgiões-dentistas adotaram a Técnica de 
Adesão à Dentina Úmida. Essa técnica, Wet-bonding Technique no inglês, consiste em 
remoção do excesso de água presente na dentina apenas por absorção, sem expor a superfície 
 
 
ao jato de ar. Alguns sistemas adesivos, com composições específicas, demandam essa 
técnica para alcançar uma boa adesão (VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Adesivos e primers que contém acetona como solvente base em sua composição 
exigem a técnica de adesão à dentina úmida. Isso porque a acetona evapora muito rápido, 
deixando a água para trás. Essa técnica é de maior sensibilidade que a técnica seca, a qual 
pode ser implementada no uso de adesivos com solventes a base de água ou etanol, visto que 
esses têm potencial de devolver a umidade às fibras colágenas, recuperando sua disposição 
(VAN MEERBEEK et al., 2003; CHOWDHURY et al., 2019). 
Além disso, sob condições laboratoriais, umedecer novamente com água a dentina 
condicionada, ressecada por jato de ar, demonstrou reerguer as fibras caídas a um nível 
comparável com aquele de antes da secagem, restaurando o potencial de união (PERDIGÃO; 
DUARTE; LOPES, 2003). Porém, a quantidade de umidade adequada na dentina depende do 
material em questão e é difícil de ser analisada clinicamente, pois uma quantidade excessiva 
de água nesse substrato também é prejudicial (MUÑOZ et al., 2013). 
Essa característica do substrato dentinário torna baixa sua capacidade de reagir com 
monômeros hidrofóbicos (REIS et al., 2007, p. 190). Isso originou à criação dos primers, que 
são aplicados sobre a superfície dental condicionada na técnica dos adesivos convencionais. O 
primer torna as fibras colágena mais receptivas aos monômeros hidrofóbicos da resina líquida 
(VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Primer é um promotor de adesão e equivale a uma resina com monômeros, em geral 
metacrilatos bifuncionais de porções hidrofóbicas e hidrofílicas, principalmente NPG-GMA, 
BPDM, 4-META (4-metacriloxietil anidro trimetílico), PMDM (ácido piromelítico 
dietilmetacrilato) e HEMA (CHAIN et al., 2013). Os monômeros funcionais são compostos 
por um grupo funcional, um espaçador e geralmente um grupo polimerizáveis. NPG-GMA, 
BPDM e 4-META são exemplos de monômeros funcionais metacrilatos. O grupo funcional 
costuma apresentar características hidrofílicas e contribuem para o potencial de molhamento 
da solução. Alguns grupos funcionais de monômeros têm capacidade de desmineralização 
quando presentes em concentrações suficientes e de liberar fluoretos, além de apresentar 
propriedades antimicrobianas. Os espaçadores mantêm separados o grupo funcional e o grupo 
polimerizável, que é geralmente hidrofóbico, e interferem na polaridade e viscosidade do 
monômero (VAN LANDUYT et al., 2007). 
Já o PMDM é um monômero dimetacrilato que não apresenta grupos funcionais, mas 
possui mais de um grupo polimerizável. Esse tipo de monômero, por conter mais de um 
grupamento polimerizável, forma polímeros entrecruzados menos solúveis e com 
 
 
propriedades mecânicas superiores (VAN LANDUYT et al., 2007; COELHO et al., 2012). O 
monômero funcional BPDM, apesar de conter um grupo funcional, possui também mais de 
um grupo polimerizável e também forma polímeros entrecruzados (VAN LANDUYT et al., 
2007). 
O HEMA, monômero hidrofílico de baixo peso molecular que se infiltra facilmente na 
dentina desmineralizada, úmida e rica em colágeno, era muito presente na fórmula dos 
primeiros primers. Contudo, o HEMA possui baixa capacidade de polimerização, contribui 
minimamente com a resistência mecânica do adesivo, apresenta alta sorção de água e 
biocompatibilidade desfavorável. Mesmo assim, muitos SA disponíveis hoje no mercado 
levam esse monômero em sua composição. Isso porque ele age como co-solvente para 
monômeros, mantendo a homogeneidade da solução (NUNES et al., 2005; TAKAHASHI et 
al., 2011; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Os monômeros são diluídos em solventes orgânicos, que podem ser água, etanol e 
acetona, ou uma combinação deles. Os solventes transportam os monômeros, promovendo sua 
penetração na dentina subjacente através do deslocamento da água contida no tecido. Então, 
os solventes evaporam e deixam para trás apenas uma fina camada de monômeros resinosos 
(CHAIN et al., 2013, p. 106; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Idealmente, os SA devem ser aplicados de acordo com as instruções do fabricante. No 
geral, o primer deve ser aplicado com o auxílio de um microaplicador e deve ser friccionado 
levemente, na superfície preparada, por pelo menos 15 segundos. Após sua aplicação, deve 
ser secado suavemente com jato de ar até que o material não se mova mais sobre o dente, 
indicando a evaporação dos solventes, que prejudicam a hibridização quando mantidos na 
interface adesiva (VAN MEERBEEK et al., 2020). 
O adesivo, presente em um segundo frasco, consiste em uma resina líquida de baixa 
viscosidade, e é geralmente composta pelos monômeros dimetacrilatos hidrofóbicos bis-GMA 
e TEGMA (trietileno glicidil dimetacrilato) e, às vezes, UDMA (uretano dimetacrilato). 
Algumas fórmulas ainda levam o monômero hidrofílico HEMA (CHAIN et al., 2013, p. 106). 
Os monômeros dimetacrilatos são capazes de formar polímeros entrecruzados de baixa 
solubilidade e propriedades mecânicas elevadas (VAN LANDUYT et al., 2007; COELHO et 
al., 2012). 
Entre os três dimetacrilatos citados, TEGDMA apresenta maior solubilidade, seguido 
pelo bis-GMA, sendo UDMA o menos solúvel. A quantidade de cada um desses monômeros 
presentes na fórmula de um adesivo influencia em sua viscosidade e, consequentemente, 
 
 
potencial de molhabilidade, bem como em suas propriedades mecânicas, quando polimerizado 
(LANDUYT et al., 2007). 
O monômero bis-GMA é altamente viscoso, rígido e tem alto peso molecular. Quando 
polimerizado sofre pouca contração concedendo melhores propriedades mecânicas. 
TEGDMA frequentemente acompanha o bis-GMA na composição das resinas adesivas. Sua 
maior flexibilidade compensa a rigidez do bis-GMA contribuindo com um grau de conversão 
mais alto. UDMA também apresenta alto peso molecular, no entanto, sua viscosidade é baixa 
e sua flexibilidade, alta. Pode ser encontrado sozinho em fórmulas ou combinado com 
TEGDMA e/ou bis-GMA (LANDUYT et al., 2007). 
Estão presentes fotoativadores na fórmula dos adesivos para permitir a ativação da 
reação de polimerização da resina e também inibidores, que são antioxidantes que impedem a 
ativação prematura dos monômeros. Além do fotoativador e do inibidor, é adicionado as 
resinas adesivas partículas extras, para engrossar a solução e criar radiopacidade ou por 
possuírem o potencial de liberar fluoreto. Essas partículas são chamadas de fillers, ou carga 
em português (VAN LANDUYT et al., 2007). A radiopacidade, garantida por algumas 
partículas de carga, permite que cirurgião-dentista identifique emradiografias a presença de 
adesivo, facilitando o diagnóstico de cáries secundárias ou de excessos presente nas margens 
das restaurações (PORTO, 2014). 
O adesivo também deve ser aplicado com o auxílio de um microaplicador, de acordo 
com as recomendações do fabricante. As camadas de resina adesiva devem ser fotoativadas 
separadamente, quando aplicada mais de uma, e imediatamente, para estabilizar a interface e 
impedir captação por osmose de água da dentina subjacente (VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Na dentina, a resina infiltra tanto os túbulos dentinários abertos, quanto a região 
intertubular, e cria prolongamentos (tags) resinosos ao ser polimerizada (VAN MEERBEEK 
et al., 2020). A resina que é polimerizada nos espaços que envolvem os prismas do esmalte 
cria macrotags resinosos, enquanto o material polimerizado nos poros criados no interior dos 
prismas forma os microtags. Os microtags são os prolongamentos que mais contribuem para a 
retenção ao esmalte (HANNING; REINHARDT; BOTT, 1999; VAN MEERBEEK et al., 
2003; ANUSAVICE, 2005, p. 260; REIS et al., 2007, p. 190; VAN MEERBEEK et al., 
2020). 
Os SAconv de 2 passos diferem-se dos citados anteriormente por conter o primer e o 
adesivo em um único frasco, reduzindo um passo clínico da técnica, e são considerados 
adesivos de quinta geração (CHAIN et al., 2013, p. 106). Sua aplicação, assim como a do 
primer dos SAconv de 3 passos, deve ser realizada com um microaplicador, friccionando o 
 
 
produto levemente na superfície preparada, por pelo menos 15 segundos. Após sua aplicação, 
deve ser secado delicadamente com jato de ar até que os solventes evaporem e o material não 
se mova mais sobre o dente (VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Os SAconv formam um profundo e eficiente embricamento micromecânico, tanto no 
esmalte quanto na dentina, sem a interferência da lama dentinária, que é dissolvida pelo ácido 
fosfórico e removida com seu enxágue. Além disso, estão no mercado há mais de duas 
décadas, o que permitiu conferir e confirmar sua eficiência como agentes de união em estudos 
longitudinais (DE MUNCK et al., 2005; VAN MEERBEEK et al., 2010; PEUMANS et al., 
2014; VAN MEERBEEK et al.,2020). 
Em contrapartida, o ácido fosfórico é considerado muito agressivo para a dentina, 
visto que remove a hidroxiapatita, que serve como proteção natural do colágeno, 
profundamente exposto pelo CA. A ausência de hidroxiapatita no colágeno também resulta na 
falta de interações químicas fortes entre os monômeros resinosos e a dentina. São formadas 
apenas ligações fracas de Van der Waals por meio do hidrogênio, que não contribuem 
significativamente para a longevidade da união. Também em razão da profundidade da 
desmineralização da dentina, a infiltração dos monômeros pode não ser completa, tornando a 
interface adesiva mais vulnerável à biodegradação enzimática e nano/microinfiltração (VAN 
MEERBEEK et al., 2003; BRESCHI, 2007; VAN MEERBEEK et al., 2010; PASHLEY et 
al., 2011; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Embora apresentem uma técnica mais complexa que as gerações subsequentes, os 
adesivos de quarta geração, ou ainda chamados de Sistemas Adesivos Convencionais de 3 
passos, ainda apresentam o melhor desempenho em longo prazo (VAN MEERBEEK et al., 
2003; DE MUNCK et al., 2005; PEUMANS et al., 2005; VAN MEERBEEK et al., 2010; 
CHAIN et al., 2013; PEUMANS et al., 2014; VAN MEERBEEK et al.,2020). Hoje, o 
adesivo de 3 passos Optibond FL (Kerr), que está há mais de 25 anos no mercado, é 
considerado Padrão Ouro dessa categoria de Sistemas Adesivos (DE MUNCK et al., 2011; 
VAN MEERBEEK et al., 2020). 
 
4.3.2 Sistemas adesivos autocondicionantes 
O CA da superfície dental é um procedimento complexo e delicado, envolvendo um 
maior número de passos no protocolo adesivo. Ele eleva o risco de colapso das fibras da 
matriz colágena dentinária em consequência do ressecamento da dentina após sua 
desmineralização, visto que o ácido deve ser lavado e, a superfície condicionada, secada, 
antes da aplicação do primer e do adesivo (MUÑOZ et al., 2013; PERDIGÃO et al., 2013). 
 
 
Além disso, apesar de boa performance laboratorial e clínica, a incidência de sensibilidade 
pós-operatória que segue procedimentos utilizando SAconv com CA total era considerada alta 
(SWIFT, 2002). 
A complexidade dessa técnica levou ao desenvolvimento dos SAauto, que por 
dispensar o condicionamento prévio da dentina e do esmalte com ácido fosfórico a 30-40% 
sugerido na técnica convencional, minimizam as chances de colapso das fibras colágenas. 
Esses SA apresentam menor número de passos clínicos, sendo considerados SA de uso 
simplificado e pouco relacionados com sensibilidade pós-operatória embora esse problema 
não seja mais relacionado com a classe do adesivo, mas sim com a técnica de aplicação 
(SWIFT, 2002; PERDIGÃO; GERALDELI; HODGES, 2003; ANDRADE et al., 2008; VAN 
MEERBEEK et al., 2011; MUÑOZ et al., 2013; GIANNINI et al., 2015). 
Os SAauto, além de simplificarem a técnica reduzindo o número de passos clínicos, 
têm a vantagem de penetrar no substrato dentário à medida que esse é desmineralizado por 
monômeros acídicos, sem que haja discrepância entre a área condicionada e a área infiltrada 
pela resina adesiva (VAN MEERBEEK et al., 2003; MUÑOZ et al., 2013). A simultaneidade 
entre o condicionamento do substrato e a infiltração dos monômeros funcionais, reduz a 
possibilidade de uma incompatibilidade entre o alcance do condicionamento e a capacidade 
de infiltração dos monômeros (FRANÇA et al., 2004). 
Os monômeros funcionais acídicos dos SAauto, assim como dos SAconv, conferem 
adesão através do embricamento micromecânico, mas também formam ligações químicas 
com a hidroxiapatita. Eles são metacrilatos com grupamentos ácidos carboxila ou fosfato, 
como Fenil-P (etil fenil hidrogeno fosfato), 10-MDP (10-metacriloxidecil fosfato di-
hidrogênio), 4-META, MAC-10 (10-metacriloxidecil ácido malônico) e MEP (metacriloxietil 
fenil hidrogenofosfato) (GIANNINI et al., 2015). Suas fórmulas contêm água como meio 
ionizante desses monômeros acídicos, com poucas exceções que não apresentam água na 
fórmula, mas requerem o uso da técnica da adesão à dentina úmida (VAN MEERBEEK et al., 
2011). 
Os SAauto foram lançados ao mercado diante a demanda por uma técnica 
simplificada, com menor sensibilidade e podem ser de 2 passos (sexta geração) ou de passo 
único (sétima e oitava geração) (ANDRADE et al., 2008; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Nos sistemas de 2 passos, o primeiro frasco traz um primer autocondicionante, o qual é 
aplicado sobre a lama dentinária afim de modifica-la e o incluir na camada híbrida (SWIFT, 
2002; CHAIN et al., 2013, p. 107). A composição do primer é de 30 a 40% de água, que 
serve como meio para a ionização dos monômeros metacrilatos, como Fenil-P e HEMA, 
 
 
formando íons hidrônio, que tornam a solução acídica (CHAIN et al., 2013, p. 108; 
GIANNINI et al., 2015). 
O Fenil-P foi um dos primeiros monômeros usados de modo autocondicionante e tem 
a capacidade de promover a difusão da resina pela dentina desmineralizada, mas seu potencial 
de interação química com a hidroxiapatita é baixo. O metacrilato 4-META é composto por 2 
grupos carboxila com propriedades condicionantes ligados a um anel aromático hidrofóbico, 
que equilibra a acidez e a hidrofilia do monômero (VAN LANDUYT et al., 2007). A 
presença do monômero HEMA permite a solubilidade dos monômeros acídicos na água e 
aumenta a capacidade de molhamento da solução (GIANNINI et al., 2015). 
O conteúdo do segundo frasco é uma resina líquida hidrofóbica e sem carga, que 
contém dimetacrilatos livres de água (CHAIN et al., 2013, p. 109). Os monômeros 10-MDP, 
4-META e Fenil-P são os mais encontrados na composição desses adesivos e possuem 
potencial de interação química com o cálcio da hidroxiapatita residual resultante do 
condicionamento do tecido. Entre esses, o 10-MDP se destaca por formar fortes ligações 
iônicascom o cálcio da hidroxiapatita. Essas ligações são importantes para manter o 
selamento marginal (VAN MEERBEEK et al., 2003; VAN LANDUYT et al., 2007; BELLO 
et al., 2011; GIANNINI et al., 2015). 
Os monômeros 10-MDP possuem um grupamento di-hidrogeniofosfato responsável 
pelo condicionamento dos tecidos e por interações químicas, enquanto sua longa cadeia 
carbônica garante a ele propriedades hidrofóbicas e estabilidade hidrolítica (VAN 
LANDUYT et al., 2007). O 10-MDP se arranja em nanocamadas, especialmente na dentina, o 
que aprimora a adesão. Cada uma dessas nanocamadas são formadas por duas moléculas de 
10-MDP com seus grupamentos metacrilatos voltados um para o outro enquanto seus 
grupamentos funcionais fosfato apontam para lados contrários. Entre essas camadas são 
depositados sais de cálcio, produtos da união química entre o monômero e a hidroxiapatita 
(INOUE et al., 2005; VAN MEERBEEK et al., 2011; YOSHIDA et al., 2012). Contudo, o 
10-MDP é suscetível a degradação hidrolítica e pode dissociar-se na presença de água (VAN 
MEERBEEK et al., 2020). 
Os de passo único apresenta em um mesmo frasco o primer e a resina, combinados em 
forma de adesivo autocondicionante, suas composições ainda contêm, assim como nos 
SAconv, iniciadores, inibidores e partículas de carga (VAN LANDUYT et al., 2007; BELLO 
et al., 2011; GIANNINI et al., 2015). Eles ainda podem vir separados em 2 recipientes que 
devem ser misturados antes de sua aplicação. Dessa forma os ingredientes ativos ficam 
separados, garantindo uma vida útil mais longa na prateleira (VAN MEERBEEK et al., 
 
 
2011). Em sua composição, apresentam tanto monômeros hidrofóbicos, quanto hidrofílicos. 
Esses são, em sua maioria, metacrilatos com grupamentos fosfatos como, por exemplo, Fenil-
P, 10-MDP e MEP. As fórmulas ainda podem conter ácidos carboxílicos como 4-META e 
MAC-10. Esses monômeros ficam dispersos em um solvente, tal qual pode ser etanol, 
acetona, água ou uma combinação desses (CHAIN et al., 2013, p. 110). 
O monômero MEP, também chamado de HEMA-fosfato, na presença de água 
dissocia-se em HEMA e ácido fosfórico, assegurando ao adesivo uma característica mais 
ácida. O metacrilato MAC-10 possui uma estrutura parecida com a do 10-MDP e, assim como 
ele, é hidrofóbico e apresenta estabilidade hidrolítica (VAN LANDUYT et al., 2007). 
 Devido à presença de maior quantidade de monômeros acídicos na composição, é 
necessária também maior quantidade de água. Logo, essa simplificação dos SAauto adquiriu 
uma fórmula mais hidrofílica e, por consequência, mais vulnerável à degradação hidrolítica 
(GIANNINI et al., 2015). Esse é um motivo pelo qual os SA de passo único costumam 
apresentar força de união imediata inferior aos sistemas de 2 passos, bem como menor 
longevidade (VAN MEERBEEK et al., 2011). 
Os SAauto criam adesão através de 2 mecanismos diferentes: embricamento 
micromecânico e interação química adicional (VAN MEERBEEK et al., 2011). O 
autocondicionamento desses SA é possível devido a presença de monômeros funcionais com 
pH reduzido, vinculados a grupamentos fosfatos ou ácidos carboxílicos, e água na 
composição do primer (em sistemas de 2 passos) ou do adesivo (em sistemas de 1 passo), 
dispensando o uso do gel de ácido fosfórico (VAN MEERBEEK et al., 2003; MUÑOZ et al., 
2013; ARINELLI et al., 2016). 
Os monômeros ácidos carboxílicos interagem com o tecido dental pelo Conceito de 
Adesão e Descalcificação, também conhecido no inglês como AD-Concept. Essa interação 
acontece em basicamente duas etapas. Na primeira etapa, todos os monômeros acídicos 
formam ligação química com o cálcio da hidroxiapatita, que por sua vez libera íons fosfato e 
hidróxido, formando sais de cálcio. Na segunda etapa, moléculas diferentes tomam rotas 
diferentes. Moléculas que formam ligações estáveis com o cálcio, como 10-MDP, se mantém 
ligadas a ele, enquanto as que formam ligações instáveis (Fenil-P) se desligam. Os ânions 
formados pelo rompimento da ligação das moléculas com o cálcio removem os cátions da 
superfície até uma determinada profundidade. Ou seja, enquanto alguns monômeros se unem 
à hidroxiapatita mantendo uma ligação química com ela (rota da adesão), outros se desligam 
dela causando o condicionamento da superfície (rota de descalcificação) (YOSHIDA et al., 
2001; VAN MEERBEEK et al., 2011; YOSHIHARA et al., 2018). 
 
 
O condicionamento provocado por esses monômeros acontece ao mesmo tempo de 
sua infiltração e na mesma profundidade. À medida que os monômeros se aprofundam no 
substrato dental, eles vão sendo tamponados pelo conteúdo mineral do tecido e perdendo sua 
capacidade de condicionamento, limitando a profundidade da camada híbrida. A lama 
dentinária e a hidroxiapatita dissolvida ficam retidas na camada híbrida e toda a área 
condicionada é infiltrada por monômeros resinosos (VAN MEERBEEK et al., 2011; 
MUÑOZ et al., 2013). 
A acidez do primer, bem como os monômeros funcionais que interagem 
quimicamente com a hidroxiapatita, determinam o desempenho do SA (VAN MEERBEERK 
et al., 2011; ARINELLI et al., 2016). Por esse motivo, os SAauto ainda são subdivididos de 
acordo com o nível de acidez do primer em fortes, moderados, suaves e ultra suaves (VAN 
MEERBEEK et al., 2003; BELLO et al., 2011; ARINELLI et al., 2016; VAN MEERBEEK 
et al., 2020). 
Os SAauto fortes, de pH menor ou igual a 1, causam uma desmineralização profunda 
no esmalte, que se assemelham à interface criada pelas técnicas adesivas convencionais com 
CA total, sendo a única categoria de SAauto que formam os típicos tags resinosos (VAN 
MEERBEEK et al., 2003; KENSHIMA et al., 2006; VAN MEERBEEK et al., 2011; 
ARINELLI et al., 2016). Na dentina, quase toda a hidroxiapatita é dissolvida deixando o 
colágeno profundamente exposto e sem suporte mineral (VAN MEERBEEK et al., 2003; 
VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Porém, como não é feita a lavagem da superfície dental, a lama dentinária residual e o 
fosfato de cálcio dissolvido permanece na interface adesiva, o que pode prejudicar a força de 
adesão, particularmente na dentina (VAN MEERBEEK et al., 2003; ARINELLI et al., 2016). 
Isso porque os monômeros apresentam pouca afinidade química com o colágeno desprovido 
de hidroxiapatita e os resíduos embutidos na interface tem estabilidade hidrolítica baixa, 
enfraquecendo a integridade interfacial principalmente em longo prazo ( VAN MEERBEEK 
et al., 2003; GIANNINI et al., 2015). Por esse motivo, embora o mecanismo de adesão desses 
materiais seja parecido com o de SAc, frequentemente são documentados com valores 
reduzidos de força de união, principalmente na dentina, e alta taxa de falhas em testes de 
microtração. Além de serem muito ácidos, a quantidade de água presente no solvente também 
é um problema, pois não pode ser totalmente removida (VAN MEERBEEK et al., 2003). 
Os SAauto de acidez moderada (pH ≈ 1,5) são menos comuns e formam uma camada 
híbrida dupla, na qual a camada mais superficial é completamente desmineralizada, imitando 
um SAauto forte, enquanto a mais profunda é desmineralizada de forma parcial, como um de 
 
 
acidez suave (VAN MEERBEEK et al., 2003; GIANNINI et al., 2015). Por serem mais 
ácidos, apresentam melhor adesão ao esmalte que os SAauto suaves e ao mesmo tempo, 
resultam em melhor adesão à dentina que os fortes, visto que mantêm hidroxiapatita residual 
ligada ao colágeno que tem potencial de interagir quimicamente com os monômeros resinosos 
(VAN MEERBEEK et al., 2003). 
Já os SAauto suaves (pH ≈ 2) e ultra suaves (pH > 2,5), causam uma desmineralização 
parcial e superficial da dentina e, hoje, são os mais encontrados no mercado na categoria dos 
autocondicionantes. Durante a formação da camada híbrida parte da hidroxiapatita residual 
ligada às fibras colágenas da dentina é mantida, o que pode estabilizar a união química com 
monômeros funcionais de grupos carboxílicos e fosfatos específicos (VAN MEERBEEK et 
al.,2003; GIANNINI et al., 2015; ARINELLI et al., 2016; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Por mais superficial que seja a área desmineralizada, observa-se porosidade suficiente para 
obter embricamento micromecânico. A camada híbrida formada por esses adesivos é 
consideravelmente mais fina, sem impactar negativamente na eficiência da adesão à dentina 
(VAN MEERBEEK et al., 2003). 
Os SAa, especialmente os de acidez suave, trouxeram como vantagem uma adesão 
superior ao tecido dentinário. Com a desmineralização, a rede colágena não é completamente 
exposta, e os minerais conservados nela a protegem de biodegradação enzimática e oferecem 
potencial de interação química primária com os monômeros adesivos (DE MUNK et al., 
2005; PEUMANS et al., 2015; VAN MEERBEEK et al., 2020). Todavia, apesar de 
apresentarem bons resultados em dentina, um ácido mais fraco resulta em menor 
condicionamento do esmalte e, consequentemente, menor embricamento micromecânico. 
Além disso, os monômeros funcionais têm mais dificuldade de interagir quimicamente com a 
hidroxiapatita do esmalte devido à sua conformação e disposição (VAN MEERBEEK et al., 
2003; PERDIGÃO; SWIFT, 2015; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
Assim como os SAc, os SAauto devem, para uma ótima performance, ser aplicados de 
acordo com as instruções do fabricante (DE MUNCK et al., 2012; SAIKAEW et al., 2018). 
Em uma abordagem autocondicionante de 2 passos, primeiramente o primer acídico deve ser 
friccionado na superfície dental por 15 segundos com o auxílio de um microaplicador. Um 
jato de ar por 10 segundos sobre o primer permite a evaporação de seus solventes (SADAR; 
SHIMADA; TAGAMI, 2007; THANATVARAKORN et al., 2016; MORITAKE et al., 2019; 
VAN MEERBEEK et al., 2020). Em seguida, deve ser aplicado o adesivo em uma camada 
razoavelmente espessa, com auxílio de um outro microaplicador, seguido por um jato suave 
de ar para espalhar o material sobre a superfície. O adesivo deve ser imediatamente 
 
 
fotoativado (FUJIWARA et al., 2018; CHOWDHURY et al., 2019; VAN MEERBEEK et al., 
2020). 
Nos SAauto de 1 passo, a resina deve ser aplicada dessa mesma forma, com o auxílio 
de um microaplicador, em espessura suficiente. No entanto, por conterem os solventes do 
primer, principalmente nas fórmulas que têm acetona como base, a película deve ser seca com 
jato de ar intenso antes de ser fotoativada (FU et al.; 2012; THANATVARAKORN et al., 
2016; SAIKAEW et al., 2018; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
O advento dos SAa, contudo, fez retornar o problema da adesão ao esmalte, que há 
muito tempo havia sido resolvido com a implementação do condicionamento com ácido 
fosfórico prévio. A força de união mais baixa ao esmalte, relacionada à ausência dos tags 
resinosos, propicia a infiltração marginal. Para superar essa situação, alguns autores propõem 
o CA seletivo do esmalte ( PERDIGÃO, DUARTE, LOPES, 2003; PERDIGÃO et al., 2013; 
SUH, 2013; ARINELLI et al., 2016; VAN MEERBEEK et al., 2020) 
Assim, dos SAauto de um passo evoluíram os Sistemas Adesivos Universais (oitava 
geração) que permitem, no entanto, o uso do CA prévio, total ou seletivo. Optando por um 
CA total prévio, o protocolo se assemelha ao dos SAconv (DA ROSA; PIVA; DA SILVA, 
2015; VAN MEERBEEK et al., 2020). Quando se utiliza a técnica do autocondicionamento 
com os SA universais, eles funcionam basicamente como um SAauto de passo único 
(PERDIGÃO; SWIFT, 2015). 
Na técnica do condicionamento seletivo do esmalte, o ácido fosfórico 30-40% deve ser 
aplicado apenas no esmalte, evitando ao máximo contato com a dentina, por um intervalo de 
15 a 30 segundos. O ácido então é lavado com água e a superfície, seca com jato de ar para 
receber o primer acídico (VAN MEERBEEK et al., 2020). Nesse caso, há grande 
probabilidade de o ácido fosfórico contaminar parte da dentina, devido à dificuldade de 
limitar o material apenas à área do esmalte durante aplicação do ácido e sua remoção e 
posteriormente, durante a lavação da estrutura dental (PERDIGÃO et al., 2013). 
Os adesivos universais são SAauto de passo único que, além de permitirem as 
diferentes técnicas de aplicação supracitadas, também podem ser usados como silano para 
cerâmicas vítreas ou primer para ligas metálicas e cerâmicas policristalinas, como a zircônia 
(GIANNINI et al., 2015; PERDIGÃO; SWIFT, 2015). O monômero funcional mais presente 
na composição dos adesivos universais é o 10-MDP, molécula que permite adesão a zircônia 
e ligas metálicas. Muitos também levam o monômero hidrofílico HEMA e alguns ainda 
contém silano, que permite adesão com cerâmicas vítreas. Porém para o silano se manter 
estável necessita que o pH não seja tão baixo (≈ 2,5) (VAN MEERBEEK et al., 2020). 
 
 
A perfomance imediata dos SAauto universais é clinicamente satisfatória, mas em 
longo prazo ainda não foi suficientemente comprovada e relatada na literatura. Ele forma ume 
película fina, sobre a qual o oxigênio inibe parcialmente a polimerização. A polimerização 
incompleta da camada híbrida permite captação de água da dentina subjacente pela osmose e, 
por ser mais fina, garante menos absorção de estresse mecânico. A presença do monômero 
HEMA também pode afertar negativamente a interface, de forma que a deixa mais hidrofílica 
e, consequentemente, mais sucetível à degradação hidrolítica (VAN MEERBEEK et al., 
2020). 
Dentre os SAs disponíveis hoje, o SA de 2 passos Clearfil SE Bond (Kuraray 
Noritake), que está há mais de 20 anos no mercado, é considerado o Padrão Ouro de acordo 
com meta-análises sobre testes clínicos e laboratoriais (PEUMANS et al., 2005; VAN 
DIJKEN, 2010; VAN MEERBEEK et al., 2020). 
 
41 
 
5 DISCUSSÃO 
Atualmente os adesivos de quarta geração, ou SAconv de 3 passos, ainda são 
considerados os mais confiáveis quanto ao desempenho em longo prazo (VAN MEERBEEK 
et al., 2003; DE MUNCK et al., 2005; PEUMANS et al., 2005; VAN MEERBEEK et al., 
2010; DE MUNCK et al., 2011; PEUMANS et al., 2014; VAN MEERBEEK et al.,2020). No 
entanto, uma revisão sistemática mostrou que, em estudos clínicos, apesar dos adesivos 
convencionais de 3 passos ainda apresentarem menor incidência de falhas anuais, os adesivos 
autocondicionantes suaves de 1 e 2 passos não demonstram performance consideravelmente 
inferior em restaurações de lesões não cariosas Classe V. Contudo, os resultados apresentaram 
uma variação considerável, de produto para produto, mesmo dentro de uma mesma categoria 
(PEUMANS, 2014). 
Os SAauto surgiram como uma forma de simplificar a técnica adesiva e contornar o 
problema de sensibilidade pós-operatória após o uso que era relacionado ao adesivos 
convencionais (SWIFT, 2002; ANDRADE et al., 2008; VAN MEERBEEK et al., 2011; 
MUÑOZ et al., 2013; GIANNINI et al., 2015). Todavia, um estudo clínico mostrou que o tipo 
de SA selecionado para um procedimento não tem influência significante sobre a ocorrência 
de sensibilidade pós-operatória. A escolha de uma técnica adesiva adequada pode ser mais 
relevante (PERDIGÃO; GERALDELI; HODGES, 2003). 
A composição dos SAauto contém monômeros acídicos e água como meio ionizante, 
tornando suas fórmulas mais hidrofílicas. O autocondicionamento ocorre pela presença dos 
monômeros funcionais ácidos carboxílicos. A acidez da fórmula influencia no desempenho do 
SAauto e os classifica em fortes, moderados, suaves e ultra suaves (VAN MEERBEEK et al., 
2003; BELLO et al., 2011; VAN MEERBEERK et al., 2011; ARINELLI et al., 2016; VAN 
MEERBEEK et al., 2020). 
Estudos laboratoriais não mostraram diferença significativa entre a performance de 
SAauto fortes e suaves em curto prazo. Ainda assim, adesão obtida por SAauto suave é 
considerada estável, embora não haja dados suficientes para realizar uma comparação direta 
com SAauto fortes (DE MUNK et al., 2005). Uma revisão sistemática sobre o desempenho 
clínico de SA contemporâneos mostrou, contudo, que de quatro SAauto de 2 passos testados 
nos estudos revisados, utilizando

Continue navegando