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‘Novas’ perspectivas familiares e de seus conflitos no Sistema Jurídico e a atuação da psicologia. Atualmente as famílias estão cada vez menos tradicionais, exceto por determinados valores que ainda permeiam a sociedade. Podemos tomar como base os valores sociais que permearam a idéia de família por muito tempo tais como “A responsabilidade da criação dos filhos cabe a mãe” ou “Quem deve sustentar a casa é o pai”. Estamos agora necessitando de uma problematização das novas perspectivas familiares e de suas repercussões, o que acaba gerando uma nova gama de questões a serem discutidas e re-avaliadas, ainda que, por mais distintas perspectivas que temos hoje em comparação com as perspectivas passadas não há uma reavaliação dos valores familiares dos novos valores familiares, o que faz a instituição “Família” e sua imagem entrarem num colapso social, já que não existem mais padrões funcionais para cada membro da família. Ainda que permeie esta questão (que há tempos vem sido discutida) não podemos deixar de contemplar o aspecto contextual das divergências familiares. De fato, existem estigmas sociais que caem sobre determinadas classes econômicas e sociais tais como achar que uma família de baixa renda não possui estrutura para evoluir e não consegue proporcionar um desenvolvimento adequado para seus filhos, ou seja, surge ai um estereótipo social de que famílias de baixo poder aquisitivo são incompetentes, situação que nem sempre é verdadeira. A partir desses estigmas sociais e das novas interfaces que as famílias vem trazendo no decorrer do tempo, o sistema judicial precisa acompanhar tais mudanças. Podemos tomar como exemplo as atas da EMERJ (Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro) que em suas reuniões de 1997 até 2001, trouxeram diversos temas e questões que acompanharam o desenvolvimento familiar tais como a união estável, a guarda compartilhada, o dano moral na situação de divórcio, o adultério virtual entre outros temas. O psicólogo conquistou seu espaço aos poucos no campo jurídico, visto que era determinante uma prática científica para determinar como se concebiam os conflitos familiares e onde realmente se fixava a estrutura familiar e por muito tempo o psicólogo da área jurídica atuou apenas na área de pericia, mas com o passar do tempo, esta posição passou a ser questionada para a expansão dos horizontes de atuação deste profissional para as questões mediacionais, que trouxe a tona uma problema que persegue os profissionais da área: o não envolvimento. Os psicólogos nesse âmbito lidam com algo mais concreto, diferente do antigo paradigma que os psicólogos costumavam atuar. Invariavelmente, ambas as áreas giram em torno dos conflitos familiares e nenhuma se torna mais ou menos importante que a outra, mas se distinguem bem, visto que agora temos um profissional específico para lidar com o lado mais tecnicista da área jurídica quando um profissional que pode utiliza das técnicas psicológicas para poder orientar e avaliar as melhores opções para um conflito. Um exemplo da preocupação existente quanto ao destino dos conflitos familiares está presente em órgãos como a APASE (Associação de Pais Separados), que promovem orientação, palestras, atualizações sobre o rumo que a justiça com relação às divergências familiares, logo promovendo uma iniciativa para a reestruturação dos valores familiares e dando espaço e importância para essa visão da psicologia do meio jurídico. Mas ainda assim existe um grande preconceito com as capacidades do psicólogo quanto a sua importância neste meio. Ainda falta haver uma conscientização de que os profissionais que se aventuram neste meio vão assim, como a Justiça e os padrões familiares, desenvolvendo novos olhares para o que há por vir. Referência: Juruá Editora, Curitiba 2008, Organizadoras: Cecília Maria Bouças Coimbra; Lygia Santa Maria Ayres, Maria Lívia do Nascimento. Livro PIVETES: Encontros entra Psicologia e o Judiciário 22ª edição
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