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HISTÓRIA E MEMÓRIA

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA
HISTÓRIA E MEMÓRIA
História e Memória
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Entender como a História trabalha com a memória;
2. reconhecer os conceitos como memória individual e memória coletiva;
3. observar o diálogo dos principais autores que trabalharam com a temática.
Embora esta aula vá trabalhar mais com a memória coletiva do que com a memória individual, é de fundamental
importância que apresentemos a questão da memória no campo científico global.
Segundo Myers, a memória funciona como uma espécie de arquivo da mente, onde as informações e tudo o que
aprendemos fica armazenado.
Sem a memória não seríamos capazes de recordar nossas alegrias ou tristezas, de desenvolver sentimento de
culpa ou angústia. E até mesmo nossas atividades cotidianas como vestir, cozinhar, andar e etc., seriam
percebidas como um desafio, teríamos que reaprendê-las todos os dias.
MYERS, David. Introdução à psicologia geral. São Paulo: LTC, p.191.
Além de arquivar as informações, a memória também é entendida, dentro da psicologia, como o sinal pelo qual
percebemos que aprendemos algo, a nossa capacidade de recuperar as informações, ou seja, a persistência da
aprendizagem.
A nossa memória funciona como um sistema de computador. Para atingirmos a fase de recuperação de uma
memória, precisamos “dar entrada” na informação, depois conservá-la para então recuperá-la.
Somos capazes de arquivar memórias de longo e curto prazo, e depois de um tempo de inatividade, as memórias
“não consultadas” são eliminadas. Para que se mantenham ativas, é necessário que elas sejam utilizadas ou
reconstruídas.
O processo de codificação da memória ocorre de duas maneiras: automaticamente ou com esforço.
As atividades mais básicas e cotidianas, como o caminho que você utiliza para ir ao trabalho, são processadas de
forma automática. Basicamente, as noções de tempo, espaço e frequência.
Constantemente somos capazes de recordar a página de um livro do qual esquecemos a matéria principal.
Esse tipo de processamento ocorre com pouco ou nenhum esforço e é algo que escapa à nossa percepção.
Já o entendimento de um livro ou aula caracteriza um processamento de esforço.
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Ou seja, novas ideias, nomes, atividades recentes, inclusive a maior parte do processamento de significado,
imagem e organização, exigem um esforço e concentração do qual estamos conscientes, intencional.
Para esse tipo de memória fixar em nossa mente é comum recorrermos ao ensaio, onde ficamos repetindo a
informação desejada até que ela seja lembrada automaticamente.
O ensaio (quando repetimos as informações até que seja lembrada automaticamente) pode ocorrer a curto prazo
ou a longo prazo, quando, por exemplo, estamos em um novo ambiente de trabalho e precisamos decorar o nome
de nossos colegas e superiores
Em um estudo realizado por Elizabeth Loftus e John Palmer, ficou determinado como testemunhas oculares
reconstroem suas memórias de forma semelhante quando interrogadas.
Foi apresentado um vídeo de um acidente de trânsito seguido de uma pergunta sobre o acidente.
O grupo teve de responder à pergunta “Com que velocidade iam os carros quando se arrebentaram um contra o
outro?”. As respostas a esta pergunta apresentaram estimativas de velocidade bem maiores que as respostas à
pergunta “Com que velocidade iam os carros quando bateram um no outro?”.
Além disso, uma semana depois foi perguntado aos espectadores se haviam visto vidro quebrado no filme. E
embora o vídeo não mostrasse vidro quebrado, os que responderam à pergunta com arrebentar mostraram mais
probabilidade de recordar do vidro do que os que responderam à pergunta com bater.
Além das nossas memórias individuais, existe a memória social.
O autor Le Goff trabalha com a ideia de memória social, seu estudo é um dos meios para abordar questões do
tempo e da história, mesmo porque a memória ora está em retraimento e ora em transbordamento.
GOFF, Jacques Le. História e memória. Campinas: Ed. Da Unicamp, 1994. P. 426.
A origem de várias ideias, reflexões, sentimentos, paixões que atribuímos a nós são, na verdade, inspiradas pelo
grupo.
A questão central na obra de Halbwachs consiste na afirmação de que a memória individual existe sempre a
partir de uma memória coletiva, posto que todas as lembranças são constituídas no interior de um grupo.
A origem de várias ideias, reflexões, sentimentos, paixões que atribuímos a nós são, na verdade, inspiradas pelo
grupo.
Essa análise tem sempre que levar em consideração o lugar que o sujeito ocupa no grupo e, portanto, refere-se a
um ponto de vista da memória coletiva.
Segundo Maurice Halbwachs, as lembranças poderiam ser reconstruídas ou simuladas.
Ou seja, o indivíduo pode criar representações do passado assentadas na percepção de outras pessoas, no que
imaginamos ter acontecido ou pela internalização de representações de uma memória histórica. Assim, a
lembrança “é uma imagem engajada em outras imagens”.
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Em Halbwachs, a memória histórica é compreendida como a sucessão de acontecimentos marcantes na história
de um país. A memória coletiva é pautada na continuidade e deve ser vista sempre no plural (memórias
coletivas), justamente porque a memória de um indivíduo ou de um país estão na base da formulação de uma
identidade, que a continuidade é vista como característica marcante.
Os escritos de Halbwachs foram de extrema importância na década de 1920 e, para dialogar mais
profundamente com ele, o historiador Pierre Nora escreveu em 1984 a obra Entre memória e História.
Na obra Entre memória e História Pierre Nora desenvolve a problemática dos lugares: a afirmativa de que não
existe mais memória, que esta só é revivida e ritualizada numa tentativa de identificação por parte dos
indivíduos e que a sociedade utiliza-se hoje da história para lhe conferir lugares onde pode pensar que não
somos feitos de esquecimentos, mas, de lembranças: "Os lugares de memória são, antes de tudo, restos. A forma
extrema onde subsiste uma consciência comemorativa numa história que a chama, porque ela a ignora".
Para Pierre Nora, a memória se enraíza no espaço, no gesto, na imagem e no objeto. A história só se liga a
continuidades temporais, às evoluções, e às relações das coisas.
“A memória é o absoluto e a história o relativo".
Para Michael Pollak, as memórias marginalizadas abriram novas possibilidades no terreno fértil da História Oral.
Não se trata de historicizar memórias que já deixaram de existir, e sim, trazer à superfície memórias “que
prosseguem seu trabalho de subversão no silêncio e de maneira quase imperceptível” e que “afloram em
momentos de crise em sobressaltos bruscos e exacerbados”.
POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol.2, nº 3, 1989.
O que vem na próxima aula
Você finalizou esta matéria.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• entendeu como funciona a memória;
• aprofundou as relações entre História e memória;
• compreendeu o conceito de memória coletiva.
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