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Farmacocinética Professor Davi Campos La Gatta Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição UFMS Campo Grande 2020 1 Farmacologia Concentração adequada Alterações bioquímicas e fisiológicas Efeito farmacológico Dose administrada do fármaco/ Vias Administração Término Farmacodinâmica Farmacocinética Organismo Absorção Distribuição Metabolismo Excreção Sítio de ação Absorção de fármacos Transferência de um fármaco do seu local de administração para a corrente sanguínea; LOCAL DE ADMINISTRAÇÃO CORRENTE CIRCULATÓRIA MEMBRANAS BIOLÓGICAS Exceto: via intravenosa fármaco é administrado diretamente na corrente sanguínea MEMBRANAS BIOLÓGICAS TIPOS DE TRANSPORTE DE DROGAS ATRAVÉS DAS MEMBRANAS PROCESSOS PASSIVOS Difusão passiva lipídica Difusão passiva aquosa Difusão facilitada PROCESSOS ATIVOS Transporte ativo Absorção de fármacos Difusão passiva lipídica O movimento de moléculas se dá a favor de um gradiente de concentração. > [C] < [C] Sem gasto de energia Lipossolúveis Barreira Hidrossolúveis Bicamada lipídica Local de administração Corrente sanguínea Fator determinante da lipossolubilidade das moléculas Grau de IONIZAÇÃO das moléculas no meio aquoso do organismo Forma ionizada Forma não-ionizada Carga elétrica (polar) Molécula neutra (apolar) Hidrossolúvel Lipossolúvel Impermeável aos lipídios Alta permeabilidade aos lipídios Equilíbrio pH do meio Fatores que influenciam na absorção de fármacos Grau de ionização das moléculas Ácidos fracos Moléculas capazes de liberar prótons H+ AH H+ A- + AH Local de administração Plasma A forma protonada (neutra) do ácido fraco é apolar (lipossolúvel) absorção A forma desprotonada (ionizada – A-) do ácido fraco é polar (hidrossolúvel) sem absorção Fatores que influenciam na absorção de fármacos Grau de ionização das moléculas Bases fracas Moléculas capazes de receber prótons H+ B H+ BH+ + B Local de administração Plasma A forma desprotonada (não ionizada - B) da base fraca é apolar (lipossolúvel) absorção A forma protonada (ionizada – BH+) da base fraca é polar (hidrossolúvel) sem absorção Grau de ionização influenciado pelo pH do meio Fatores que influenciam na absorção de fármacos Grau de ionização das moléculas ↑↑↑[H+] ↓↓↓[H+] Estômago Intestino 10 Fatores que influenciam na absorção de fármacos Grau de ionização das moléculas: influência do pH Ácidos fracos em meio ácido AH H+ A- + Local de administração Plasma a b AH Fatores que influenciam na absorção de fármacos Grau de ionização das moléculas: influência do pH Ácidos fracos em meio básico AH H+ A- + Local de administração Plasma a b Não atravessa a membrana Intestino: ampla área absortiva e elevado fluxo sanguíneo compensam o pH desfavorável à absorção de fármacos ácidos AH Fatores que influenciam na absorção de fármacos Grau de ionização das moléculas: influência do pH Ácidos fracos em meio básico H+ A- + Local de administração Plasma a b (1000) AH Distribuição (10) (10) (990) AH (10) (980) Fatores que influenciam na absorção de fármacos Grau de ionização das moléculas: influência do pH Bases fracas em meio ácido BH+ H+ B + a b 14 Fatores que influenciam na absorção de fármacos Grau de ionização das moléculas: influência do pH Bases fracas em meio básico BH+ H+ B + Local de administração Plasma a b B não Ionizada Log10 ionizada pH –pKa = Ionizada Log10 não ionizada pH –pKa = Fármacos ácidos Fármacos básicos Equação de Hendersson- Hasselbach pKa = pH 50% ionizadas 50% não-ionizadas Equação de Hendersson- Hasselbach Ionizada Log10 não ionizada pH –pKa = Ionizada Log10 não ionizada 5,5 – 8,1 = Ionizada Log10 não ionizada -2,6 = Ionizada Não Ionizada 10-2,6 = pKa Escopolamina: 8,1 pH meio: 5,5 (ácido) Ionizada Não Ionizada 0,002 = Ionizada Não Ionizada 2 = 1000 Baixa absorção no estômago Equação de Hendersson- Hasselbach Ionizada Log10 não ionizada pH –pKa = Ionizada Log10 não ionizada 7,5- 8,1 = Ionizada Log10 não ionizada -0,6 = Ionizada Não Ionizada 10-0,6 = pKa Escopolamina: 8,1 pH meio: 7,5 (básico) Ionizada Não Ionizada 0,2 = Ionizada Não Ionizada 2 = 10 Melhor absorção no intestino 00 00 Mediada por proteínas transportadoras À favor de gradiente de concentração Não necessita de energia Seletividade e saturabilidade Glicose Diuréticos Absorção de fármacos Difusão facilitada Substâncias hidrossolúveis Baixo peso molecular (100 ou 200 Da) À favor de gradiente de concentração Mediada por canais iônicos Ex.: água e íons Absorção de fármacos Difusão passiva aquosa Necessidade de energia – mediado por bombas Movimento contra um gradiente eletroquímico Saturabilidade e seletividade Ex.: penicilinas (amoxicilina) ATP Absorção de fármacos Transporte ativo Substâncias lipossolúveis Difusão passiva lipídica À favor de gradiente de concentração Alto peso molecular Influência do pH do meio e pKa da droga Substâncias hidrossolúveis Baixo peso molecular Gradiente de concentração Presença de proteínas carreadoras Absorção de fármacos Resumindo Distribuição CORRENTE CIRCULATÓRIA MEMBRANAS BIOLÓGICAS TECIDOS Distribuição Transferência do fármaco da corrente sanguínea para os tecidos 1. Ligação a proteínas plasmáticas 2. Fluxo sanguíneo tecidual 3. Permeabilidade capilar 4. Propriedades físico-químicas do fármaco Lipossolubilidade, pKa, ionização FATORES QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO FATORES QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO Ligação à proteínas plasmáticas Fármaco livre Proteína plasmática + Fármaco Proteína Vaso sanguíneo Endotélio Fármaco livre Reservatório Albumina β-globulina Glicoproteína Efeito farmacológico FATORES QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO Ligação à proteínas plasmáticas Fatores que alteram a ligação às proteínas Animais idosos Filhotes Hepatopatia Gestação Aves (↓ albumina) Uso de dois fármacos com alta afinidade à proteínas plasmáticas Órgãos bem irrigados Órgãos pouco irrigados F F F F F F F F F Vaso sanguíneo FATORES QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO Fluxo sanguíneo Tecido adiposo, pele F Coração Pulmão M. Esquelético Fígado, rins Órgãos bem irrigados Órgãos pouco irrigados F F F F F F F F F F Vaso sanguíneo Tiopental: anestésico geral FATORES QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO Lipossolubilidade Coração Pulmão M. Esquelético Fígado, rins Tecido adiposo Pele FATORES QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO Afinidade química por componentes teciduais Tetraciclina (TeC) Ca+2 Ossos e dentes Tulatromicina Pulmão FATORES QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO Permeabilidade capilar 1- Capilares Fenestrados 2-Capilares com máculas 3-Capilares com bloqueio completo Capilares fenestrados: Fenestra (latim) janela órgão excretores e secretores (glomérulos renais, fígado, glân. salivares, pancreáticas, hipofisárias). fenestrações permitem livre acesso da fração não ligada FATORES QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO Permeabilidade capilar Fenestras Capilares com máculas: músculos, vísceras, ossos, entre outros. apresentam zonas frouxas na junção entre as células Zonas frouxas na junção entre as células Endoteliais Substâncias Não ligadas proteínas Acesso espaço extracelular. FATORES QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO Permeabilidade capilar 33 Capilares com máculas: maioria; encontrados em músculos, vísceras, ossos, entre outros. Estes capilares apresentam zonas frouxas na junção entre as células que permitem que subst. Químicas não ligadas a proteínas plasmáticas possam sair do seu interior e alcançar o espaço extracelular. f.b. Capilares fenestrados: característicos de órgão excretores e secretores (glomérulos renais, glân. salivares, pancreáticas e hipofisárias). As fenestrações permitem livre acesso das subst. químicas livres, ou seja, aquelas não ligadas a prot. plasm. para os espaçosintracelulares. f.c. Capilares com bloqueio completo: capilares do organismo que têm os espaços intercelulares completamente ocluídos, sendo a travessia pelo interior das células epiteliais destes capilares a única forma de passagem de uma substância química para o espaço extracelular; ex. barreira hematoencefálica. FATORES QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO Permeabilidade capilar Capilares com bloqueio completo: endotélio contínuo capilares do organismo que têm os espaços intercelulares completamente ocluídos Barreira hematoencefálica Camada celular formada pelo endotélio contínuo dos vasos sanguíneos cerebrais Transporte de substâncias entre o sangue e o cérebro? Capilares do SNC -Difusão passiva lipídica (lipossolúvel) -Difusão facilitada (transportadores) -Transporte ativo (bombas) FATORES QUE INTERFEREM NA DISTRIBUIÇÃO Permeabilidade capilar Barreira placentária Camada celular CONTÍNUA que forma uma barreira entre os vasos sanguíneos maternos e fetais Ruminantes Carnívoros Primatas e roedores Fármacos lipossolúveis atravessam a barreira placentária por difusão lipídica Potencial teratogênico: anti-inflamatórios não esteroidais; antiepilépticos Eliminação de fármacos Representa a exclusão irreversível do fármaco do organismo Metabolismo Excreção Lipossolubilidade Favorece absorção e distribuição de fármacos Hidrossolubilidade Favorece a eliminação de fármacos Membranas biológicas Via urinária Objetivo do metabolismo de fármacos Transformar compostos lipossolúveis (apolares) em hidrossolúveis (polares) e inativos Excreção Onde ocorre o metabolismo de fármacos? Fármaco: -penetra no hepatócito por difusão passiva lipídica -endotélio fenestrado Metabólitos polares Reações de Fase I: funcionalização Reações de Fase II: conjugação Parede intestinal, rins, pele, tecido nervoso FÍGADO Fármaco original Fase I - Derivado polar (hidrossolúvel) e inativo; - Introdução ou exposição de um grupo funcional reativo que prepara o fármaco para sofrer reações de fase II. Reações de Fase I Oxidação Hidrólise Redução Funcionalização Reações de Fase I Oxidação Citocromo P-450: complexo enzimático responsável pela reações oxidativas de Fase I Retículo endoplasmático liso - Reações de maior frequência (75%); Isoformas do citocromo P450 Família Subfamília Gene -74 famílias: CYP1-CYP74 -Mais de 270 isoformas Geração de metabólitos polares a partir de moléculas altamente lipofílicas- Ex.: fenitoína Enzimas Citocromo P-450 Enzimas do citocromo P450 estão sujeitas à INIBIÇÃO ou INDUÇÃO Fármacos coadministrados Interação medicamentosa Inibição do Citocromo P450 Fármaco original Citocromo P450 Metabólitos Fármaco coadministrado Toxicidade Exemplo: antifúngicos (cetoconazol, itraconazol) Embora algumas enzimas P450 sejam constitutivamenteativas, outras podem ser induzidas ou inibidas por diferentes compostos. A indução ou a inibição podem ser incidentais (um efeito colateral de um fármaco) ou deliberadas (o efeito desejado da terapia). 44 Indução do Citocromo P450 Fármaco original Citocromo P450 Metabólitos Fármaco coadministrado Perda de eficácia Exemplos: barbitúricos (fenobarbital) Embora algumas enzimas P450 sejam constitutivamenteativas, outras podem ser induzidas ou inibidas por diferentes compostos. A indução ou a inibição podem ser incidentais (um efeito colateral de um fármaco) ou deliberadas (o efeito desejado da terapia). 45 Outras Reações de Fase I Hidrólise Esterases e amidases Ocorre frequentemente no plasma Redução Perda de oxigênio ou adição de hidrogênio Ex: varfarina Biotransformação de fármacos Reações de Fase 1 Fármaco original Citocromo P450 Metabólitos polares (Inativos) Metabólitos Ativos Metabólitos tóxicos Biotransformação de fármacos Reações de Fase 1 Diazepam Oxazepam (Ativo) Prolongamento do efeito farmacológico Letargia Citocromo P450 (Fase I) Fármaco: -atravessa a bicamada lipídica e penetrar hepatócito -endotélio fenestrado Metabólitos polares Reações de Fase I: funcionalização Reações de Fase II: conjugação REAÇÕES DE FASE I e II Fármaco original Fase I Metabólito intermediário Fase II Metabólito altamente polar e inativo Glicuronidação Sulfatação Acetilação Conjugação Ácido glicurônico Funcionalização As Esses processos são independentes, ou seja, o fármaco pode sofrer apenas reação de fase I ou apenas a de fase II, ou as duas reações sequencialmente. 50 Metabolismo de fármacos Reações de fase II Diazepam Oxazepam (Ativo) Citocromo P450 (Fase I) Glicuronidação (Fase II) Oxazepam glicuronídeo (Inativo e altamente polar) Ácido glicurônico Paracetamol (Acetaminofeno) Lesão da membrana, organelas e DNA ~10% ~90% Ácido mercaptúrico Compostos cisteínicos Acetilcisteína Glicuronidação Cães e gatos: carência de enzimas de fase II Geração de metabólitos polares a partir de moléculas altamente lipofílicas- Ex.: morfina Fase II (glicuronidação) Ác. glicurônico Reações de Fase II: Acetilação -Enzima N-acetitransferase promove a transferência de um Acetil para o fármaco metabólitos polares e inativos Ex: imunossupressores, antineoplásicos Cães: deficiência nas enzimas de acetilação Vias de excreção de fármacos Filtração glomerular Secreção tubular Reabsorção tubular Depuração renal Leite Ovos Fatores que regulam a depuração renal Filtração glomerular -Endotélio fenestrado; -Permite a passagem de pequenas moléculas (<20.000 Da); -Fármaco ligado à albumina não é filtrado. Secreção tubular -Mediado por proteínas carreadoras difusão facilitada, transporte ativo -Permite a excreção de moléculas maiores; -Fármaco livre e ligado à albumina podem ser secretados; O rim é o mais importante órgão de excreção. O trato biliar e as fezes constituem importantes vias de excreção de alguns fármacos que são metabolizados no fígado. Também podem ser excretados no ar expirado, suor, saliva, lágrimas e leite (são lipossolúveis e não-ionizados). 56 Influência do pH urinário na depuração renal Fármacos básicos Fármacos ácidos Urina ácida (↑↑ H+) ↑ Forma ionizada ↑ Forma não-ionizada ↑ Excreção ↑ Reabsorção Urina alcalina (↓↓ H+) Fármacos básicos Fármacos ácidos ↑ Forma não-ionizada ↑ Forma ionizada ↑ Excreção ↑ Reabsorção Gato, cão: urina ácida (pH: 5-7) Bovinos, equinos e ovinos: urina básica (7-8) Excreção biliar Vesícula biliar Intestino Fezes -Fármacos de alto peso molecular, muito lipossolúveis Ex: antineoplásicos -Maus excretores biliares: ser humano, coelho e cobaia -Excretores biliares intermediários: gato, ovelha -Bons excretores biliares: rato, galinha, cão Vias de excreção de fármacos Leite Ovos Anestésicos voláteis Antimicrobianos Implicações da eliminação de fármacos Insuficiência renal Insuficiência hepática Doença cardíaca Idosos e neonatos Tempo (h) 1)Tempo de meia-vida (t1/2) Tempo necessário para que a concentração plasmática do fármaco reduza à metade 2) Metabolismo de primeira passagem Interfere na biodisponibilidade 3) Excreção de fármacos inalterados digoxina