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Definição: ➔ Infecção respiratória aguda de trato respiratório inferior, logo, comprometendo o parênquima pulmonar, ➔ A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é uma inflamação aguda do parênquima pulmonar (alvéolos e/ou interstício) secundária a microrganismos inoculados fora do ambiente hospitalar. ➔ Inflamação aguda dos alvéolos e espaços aéreos terminais - bronquíolos e espaço intersticial, logo, parênquima pulmonar ➔ Em resposta à invasão por agente infeccioso introduzido no pulmão, que pode chegar sob duas formas: 1. Aspiração de material de secreções infectadas das vias aéreas superiores, 2. Disseminação hematogênica. Epidemiologia ➔ 3 milhões de morte de crianças no mundo, ➔ Redução da incidência após vacinação universal Pneumo 10V, ➔ 4 - 6 infecções respiratórias agudas por ano: - 2 - 3% evoluem para pneumonia. ➔ Pneumonia : 80% das mortes por IRA, ➔ Mundo : em < 5 anos : 150,7 milhões de casos novos/ano , dos quais 7 a 13% necessitam de internação). ● O Sistema imunológico da criança apresenta uma maior imaturidade, logo, maior receptividade para a gravidade. Fatores de risco para pneumonia: ➔ Idade < 5 anos, ➔ Baixo peso ao nascer ou prematuridade, ➔ Baixo nível socioeconômico, ➔ Episódios prévios de sibilância e pneumonia, ➔ Frequentar creches, ➔ Vacinação incompleta (pneumococo e haemophilus), ➔ Desnutrição,. ➔ Comorbidades associadas, ex: asma. Etiologia: Vírus: Bactérias: a) Típicas, b) Atípicas. Zo6u ➢Vírus: ➔ Vírus sincicial respiratório ▶ Responsável por mais de 50%, ➔ Influenza, ➔ Parainfluenza 1 e 3, ➔ Adenovírus, ➔ Rinovírus - Coinfecção em até 50%, ou seja, contaminação por vírus e também, bactéria. Bactérias Típicas em RN: Se ocorrer nas primeiras 48 horas de vida, consiste na sepse neonatal precoce: ➔ Streptococcus agalactiae, ➔ Escherichia coli, ➢ Sepse neonatal tardia, ou seja, mais que 48 horas, relacionada a mais com infecção hospitalar: ➔ Staphylococcus aureus, ➔ Staphylococcus epidermidis, ➔ Enterococcus. 3 meses a 5 anos: ➔ Vírus (VSR, Influenza, Parainfluenza, adeno, S.Pneumoniae) Lactentes e pré escolares: ➔ Streptococcus pneumoniae, ➔ Haemophilus influenzae b, ➔ Staphylococcus aureus, ➔ Streptococcus grupo A Bactérias atípicas nos recém - nascidos: - Pneumonia Afebril do lactente ➔ Chlamydia trachomatis, ➔ Ureaplasma urealyticum, Escolares e Adolescentes: ➔ Mycoplasma pneumoniae, ➔ Chlamydia pneumoniae. ➔ RN em até 3 dias: patógenos vindos do próprio canal de parto, ➔ RN de 3 a 28 dias: patógenos vindo da pele Quando pensar em estafilococo: ➔ Staphylococcus aureus, ➔ Coco gram positivo em cachos ou isolado, ➔ Muito virulento, ➔ Disseminação hematogênica ➔ Comorbidades: Fibrose Cística, ➔ Pneumonia muito grave, ➔ Mais de uma complicação: - Infecções de pele, - Infecções osteoarticulares. Quadro Clínico ➔ As pneumonias não se apresentam de maneira uniforme, nem quanto aos dados da história, sintomas e exame físico. ➔ A pneumonia costuma ser precedida de infecção viral alta. ➔ É dependente da idade da criança, da extensão do acometimento e gravidade do quadro. Quadro Clínico Pneumonia Típica: ➔ Pródromo : Coriza nasal, tosse e febre, ➔ Persistente da febre > 72 horas ou aumento da febre, ➔ Prostração, ➔ Tosse seca ou produtiva, ➔ Desconforto respiratório, ➔ Febre, ➔ Inapetência, irritabilidade e letargia, ➔ Taquipnéia com ou sem dispnéia, Taquipnéia na Pediatria: ➔ < 2 meses : > 60 ipm, ➔ 2 meses a 1 ano: > 50 ipm, ➔ 1 a 5 anos: > 40 ipm, ➔ > 5 anos: > 20 ipm. ★ Taquipnéia tem relação direta com a gravidade da pneumonia e hipóxia. Outros achados do exame físico: ➔ Estertores➤ Comprometimento brônquico, ➔ Redução do murmúrio vesicular➤ Condensação, atelectasia e derrame pleural grande, ➔ Palpação do Frêmito toracovocal : - Aumentado: Consolidação, - Reduzido: Derrame pleural Sinal de Signorelli➤ Percussão da coluna vertebral que, em geral, ao percutir a coluna vertebral, tem -se um sinal de som claro pulmonar, ➤ Quando esta maciço : Sugestivo de Derrame pleural, ➤ Negativo : Sugestivo de Atelectasia. Quadro Clínico Pneumonia Viral ➔ Crianças < 2 anos, ➔ Febre < 38,5 C (febre baixa), ➔ Tosse seca, ➔ Sibilância, ➔ Hipoxemia. Quadro Clínica - Pneumonia Atípica: ➔ Idade > 5 anos, ➔ Afebril, ➔ Tosse persistente (coqueluchoide), ➔ Sibilância, ➔ Taquipneia e hipoxemia leve, ➔ Quadro mais arrastado. ➔ Sintomas mais sistêmicos. levofloxacina - repercussões renais importantes nas crianças, logo, não é usado, exceto para comorbidades associadas Pneumonia Afebril do Lactente: ➔ Idade < 3 meses, ➔ Nascido de parto normal, ➔ Mãe com corrimento vaginal, ➔ Afebril, ➔ Tosse seca persistente, ➔ Conjuntivite. ★ Tríade da PAC - febre, tosse, taquipnéia sem sibilância Diagnóstico: ➔ Clínico, ➔ Radiografia de tórax : - Confirmação do diagnóstico, - Avaliação da extensão da pneumonia, - Identificação de complicações, - Não se diferencia de quadros virais e bacterianos. Análise Radiográfica: ● De dentro para fora ou de fora para dentro ?? 1. Partes moles : sem alterações? Edemas ? Assimetrias ? 2. Estrutura óssea: íntegra ? Fraturas ? Retificação? Desvios ? 3. Mediastino: centrado ? E a traquéia desviada ? 4. Hilos e trama vascular : adequado ? Aumentada ? 5. Parênquima: transparência? Opacidades ? Velamento ? 6. Seios costofrênicos e cúpulas : livres ou alterados ? 7. Coração e aorta: morfologia ( contorno) e índice cardiotorácico Normais ou alterados descrever. Obs.: sempre pensar em sua hipótese diagnóstica !! Opacidade em ápice direito, sem perda volumétrica, consolidação pulmonar➤ FTV aumentado, macicez a percussão, estertores crepitantes pedindo ter sopro tubário Opacidade intersticial, faixa de atelectasia em ápice superior direito e hiperinsuflação Hiperinsuflação, opacidade em base esquerda, Ar pré cardíaco, faixa de atelectasia em ápice e em base. Iniçõs da Radafi : ➔ Não deve ser realizada rotina para o diagnóstico de pneumonia. - (se crianças sem sinais de gravidade e sem necessidade de tratamento hospitalar). ➔ Deve ser realizada quando: ➢ Ocorrer dúvida de diagnóstico ( diagnóstico diferencial) ➢ Pneumonia com hipoxemia, desconforto respiratório ou outros sinais de gravidade. ➢ Falha de resposta ao tratamento em 48 a 72h ou se piora progressiva. ➢ Descartar complicações (empiema, pneumotórax, escavação). ➢ Paciente hospitalizado. O QU AVA NO EX FÍI? Inspeção ➔ Estática: partes moles e óssea, pele (lesões?) e formato do tórax. ➔ Dinâmica: Expansibilidade, FR, Presença ou ausência de retrações e Ritmo. Palpação ➔ Expansibilidade (porque é importante ? ). ➔ Sensibilidade ( atentar para dor ! ). ➔ Avaliar FTV . Percussão ➔ Som Claro pulmonar : presente e simétrico ? ➔ Hipersonoridade ? Ausculta ➔ MV presente ? Distribuição ? ➔ Existem ruídos adventícios ?? Quais ?? ➔ Abolido ? Aleçõs no Exa fíi : ➔ Taquidispnéia ● Relação direta com pneumonia ➔ Retração intercostal ➔ BAN ➔ Estridor expiratório contínuo (gemência) ➔ Estertores (crepitações) ➔ FTV (↑consolidações e ↓derrames) ★ Suspeita de PAC: Tosse + taquipnéia sem sibilância + febre Diagnóstico Ambulatorial: - Sem necessidade de exames, Internação: - Hemograma completa, - Proteína C reativa, ➔ Pesquisa etiológica: - Hemocultura, - Pesquisa viral em swab de nasofaringe, - Sorologia para atípicos. Tratamento ➔ Antibioticoterapia empírica Ambulatorial : ➔ Amoxicilina (principal agente etiológico é streptococus pneumoniae) VO por 10 dias (pneumonia típica, crianças menores), ➔ Crianças maiores e pneumonia atípica: Macrolídeos➤ Claritromicina por 10 dias V.O Hospitalar : ➔ Penicilina cristalina I.V, (típico), ➔ atípico➤ Claritromicina I.V ★ RN: Tratamento para sepse neonatal➤ Ampicilina + Gentamicina. 2meses a 5 anos: a) Domiciliar: Amoxicilina, b) Hospitalar: Penincilina cristalina ou ampicilina IV, > 5 anos a) Domiciliar: Amoxicilina ou Claritromicina ou Azitromicina, b)Hospitalar: Penicilina cristalina ou ampicilina ou claritromicina. ★ Ceftriaxona : não recomendada para a faixa etária < 2 meses, pois se liga com a albumina e, consequentemente, compete com a bilirrubina, pois pode acumular no núcleos da base e levar a kernicterus. Sinais clínicos de gravidade: ➔ Desconforto respiratório, ➔ Hipoxemia (Sat O2 < 92%), ➔ Cianose ou Palidez, ➔ Alternância entre sonolência à agitação, ➔ Prostração, ➔ Toxemia. Critérios de Internação: ➔ Idade < 6 meses, ➔ Apneia ou taquipneia > 70 ipm, ➔ Sonolência ou convulsões, ➔ Desconforto respiratório importante, ➔ Má aceitação do medicamento oral, ➔ Falha no tratamento ambulatorial, ➔ Pneumonia complicada, ➔ Toxemia ou quadro séptico. ➔ Hipoxemia < 92 ou cianose ou que requer administração de oxigênio suplementar. ➔ Insuficiência respiratória aguda. ➔ Fatores sociais que impossibilitem a reavaliação. ➔ Pacientes com alguma doença de base que possa alterar a evolução clínica da pneumonia (anemia falciforme, síndrome nefrótica, imunodeficiências congênitas ou adquiridas). ➔ Presença de complicações (derrame pleural, abscesso pulmonar, pneumatoceles, cavitações, pneumotórax). Medidas de suporte de internação: ➔ Oxigenoterapia : se SatO2 < 92%, ➔ Fluidoterapia (Hidratação sendo IV ou sonda) : Se desconforto respiratório. ➔ Decúbito elevado, ➔ Fisioterapia respiratória ★ Não há necessidade de repetir a radiografia em crianças que estão melhorando clinicamente dos sintomas. Pneumonia Complicada na Pediatria Internação: Derrame pleural parapneumônico, Abscesso pulmonar, Pneumatocele, Pneumonia necrosante. Derrame Pleural : Coleção pleural associada a pneumonia aguda, Sempre exsudato na pediatria, Epidemiologia: Até 40% dos pacientes hospitalizados por pneumonia, Mortalidade em até 12 %. Exemplo de caso clínico: ★ Enzo, masculino, branco, 4 anos de idade, foi trazido pela mãe ao pronto atendimento com relato de que há 3 dias apresentou tosse seca, febre baixa, coriza e obstrução nasal. - Considerando o caso clínico acima, responda: 1) Indique a queixa principal e duração? ➔ Tosse seca, febre baixa, coriza e obstrução nasal há 3 dias 2) Considerando que o exame físico não apresenta alteração significativa, indique 3 hipóteses diagnósáticas prováveis para este caso. ➔ Pneumonia ➔ Resfriado comum, ➔ Rinossinusite 3) Considerando a evolução clínica do caso e as hipóteses diagnósticas que foram indicadas por você na questão 2 , quais hipóteses ainda permanecem ? ➔ Pneumonia. 4) Indique a expectativa para FR e Sat O2 do paciente ? ➔ FR < 40 ipm (taquipnéia) e hipóxia sat > 93. 5) Qual exame você realizaria ? ➔ Exame físico. 6) Indique 2 dados que sugerem que não seja Asma ? ➔ febre, estertores 7) Cite 2 elementos que sugerem que não seja bronquiolite ? Justifique. ➔ Idade do paciente, logo, dado epidemiológico distinto, estertores. 8) Indique os 3 agentes bacterianos mais prevalentes neste caso. ➔ Streptococcus pneumoniae, ➔ Haemophilus influenzae tipo b, ➔ Staphylococcus aureus, ➔ Streptococcus grupo A 9) Indique as vacinas que previnem as formas graves das doenças causadas pelos patógenos da questão anterior. ➔ peumo 10 v e pneumo 13, hemófilos influenza tipo b - 2 e 4. 10) Indique o diagnóstico sindrômico do caso. ➔ síndrome parenquimatosa e síndrome de condensação. Algumas crianças apresentam alto risco para infecção pelo pneumococo: infectadas pelo vírus HIV, com imunodeficiên- cias congênitas ou adquiridas, cardiopatas, nefropatas e pneu- mopatas crônicas, incluindo a asma grave, com diabete melito, com hemoglobinopatias, principalmente anemia falciforme, asplenia congênita ou adquirida, fístula liquórica, cirrose he- pática ou contactantes de doentes crônicos.1,4 A Tabela 1 rela- ciona os principais agentes etiológicos e as faixas etárias O quadro clínico da PAC pode variar com a idade da criança, o estado nutricional, a presença de doença de base e o agente etiológico, podendo ser mais grave nas crianças mais jovens, desnutridas ou que apresentam comorbidades. O diagnóstico de PAC é eminentemente clínico, dispensando a realização de radiografia de tórax, que só é recomendada nos casos graves que demandam internação.4 Em geral, consolida- ção alveolar, pneumatoceles, derrames pleurais e abscessos sugerem etiologia bacteriana. O padrão intersticial estámais frequentemente associado a vírus e Mycoplasma pneumoniae ou Chlamydia pneumoniae. Esses são agentes causadores de pneumonias atípicas O diagnóstico microbiológico só é indicado nos casos de PAC grave, em crianças internadas ou quando a evolução do paciente é desfavorável.4 Para isso, um dos métodos é a hemo- cultura, embora sua positividade seja baixa (pode alcançar 35% nos casos hospitalizados). Apesar de sua baixa sensibili- dade, o exame é importante, especialmente em serviços de referência, pois o conhecimento do padrão de resistência/ sensibilidade aos an aumento crescente de pneumococos resistentes à penicilina menores de 2 meses; • presença de tiragem subcostal; aciente com insuficiência respirató- ria aguda, O tratamen- to da PAC é geralmente empírico, pois é raro identificar sua etiologia antes da introdução da antibioticoterapia. O pneumococo é o agente bacteriano mais frequente, inclusive nas PAC com der- rame pleural parapneumônico (DPP). O uso rotineiro da vaci- nação anti-H. influenzae reduziu a importância dessa bactéria como causadora de PA Atualmente, o Brasil dispõe das vacinas pneumocócicas 13-va- lente (7 sorotipos + 1, 5, 7F, 3, 6A, 19A) e 10-valente (7 soroti- pos + 1, 5, 7F), sendo a última disponível na rede pública de saúde. Estudos nacionais identificaram que 1 ano após a introdução da vacina 10-valente na rede, houve redução das hospitalizações de crianças por pneumonia no Brasil. Em contra- partida, as internações por outras causas não diminuíram.14,15 Quanto ao impacto da vacinação anti-Haemophilus influenzae tipo B na comunidade, há evidências de proteção contra a PAC na infância.