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DATA:27/11/2014 PROTOCOLOS CLÍNICOS ASSISTENCIAIS CETOACIDOSE DIABÉTICA NA CRIANÇA IMPLANTAÇÃO: :27/11/2014 1º REVISÃO: 2º REVISÃO: 3º REVISÃO: LOCAIS DE IMPLANTAÇÃO HOSPITAL INFANTIL “FRANCISCO DE ASSIS” ENFERMARIA DE PEDIATRIA (HIFA) HOSPITAL “FRANCISCO DE ASSIS” ENFERMARIA DE PEDIATRIA (HFA) ORGANIZADORA: Dra. Fernanda Bemfeito D’Moraes PRECEPTOR: Dr José Antônio Fernandes de Oliveira CO-ORIENTADOR VALIDAÇÃO: pelo corpo clínico do HIFA e da enfermaria de Pediatria do HSCMV. ASSINATURAS: A Cetacidose Diabética(CAD) é o distúrbio metabólico mais frequente em pacientes diabéticos, É uma disfunção no metabolismo das proteínas, lipídios, carboidratos, água e eletrólitos, como consequência de uma menor atividade da insulina (relativa ou absoluta) e maior atividade dos hormônios contra-reguladores (cortisol,catecolaminas,glucagon,hormônio do crescimento. Cursa com glicemia > 250mg/dl, pH arterial ≤ 7,3 e cetonúria fortemente positiva. Mais frequentemente no diabetes tipo 1, e é mais comum em diabéticos jovens. 15 a 34% dos pacientes tem o diagnóstico de diabetes tipo 1 feito durante o 1º quadro de cetoacidose Causa freqüente de atendimento de emergência na unidade de tratamento intensivo pediátrico (UTIP) Cerca de 25% das crianças, quando diagnosticadas com diabetes mellitus estão em cetoacidose, sendo que 15% destas crianças apresentam um quadro grave, principalmente crianças menores de 4 anos. Edema cerebral agudo está presente em 0,5 a 2% dos pacientes com CAD, com mortalidade de 40 a 90% e capaz de produzir seqüelas em 10 a 25% dos sobreviventes. Por se tratar de uma complicação do Diabete Melito, a CAD cursa com deficiência total ou parcial de insulina, levando a: CETOACIDOSE Na falta de insulina, ocorre bloqueio celular no metabolismo da glicose e aumento dos hormônios contra-reguladores, o que leva a lipólise com aumento de glicerol para gliconêogenese hepática e de ácidos graxos para liberação de cetonas. A cetose é inicialmente causada pelo aumento do β-hidroxibutirato e acetoacetato, havendo maior concentração do β-hidroxibutirato, que são ácidos fortes e que dissociam-se no ph fisiológico Ocorre também cetonúria que eliminam íons positivos na tentativa de compensação da acidose (Na,K,NH4), os íons H+ ligam-se ao bicarbonato plasmático resultando em acidose metabólica. A acidose metabólica na CAD apresenta ânion gap aumentado (normalmente entre 10 e 12). A redução do ânion gap traduz indiretamente a diminuição dos corpos cetônicos, indicando resposta satisfatória ao tratamento HIPERGLICEMIA CONCEITO EPIDEMIOLOGIA FISIOPATOLOGIA Pela deficiência (ou ausência) de insulina e pela ação dos hormônios contra- reguladores, as células ficam impossibilitadas de captar e utilizar a glicose, ocorrendo glicogenólise muscular e hepática que liberam mais glicose na corrente sanguínea tendo como consequência a hiperglicemia. Níveis glicêmicos acima de 180 mg/dL (capacidade máxima de reabsorção de glicose no túbulo proximal), ocorre glicosúria e diurese osmótica, com poliúria e perda de água livre e eletrólitos( Na,K,Ca,Mg,Cl e PO4) e consequentemente o surgimento de polidipsia Embora na CAD a hiperglicemia seja a regra, podem ocorrer casos raros de CAD com níveis normais de glicemia. Este fenômeno ocorre em pacientes parcialmente tratados com insulina e sem receber fluidos com carboidratos e/ou naquelas situações com longo período de vômitos e sem ingestão de carboidratos. HIPEROSMOLARIDADE Quanto maior os níveis glicêmicos, maior a osmolaridade plasmática e maior a saída de água livre intracelular para o espaço intravascular (desidratação intracelular). A manutenção do estado hiperosmolar estimula as células (principalmente os neurônios) a produzirem substâncias com atividade osmótica na tentativa de manter a água no espaço intracelular. No caso de queda brusca da osmolaridade sanguínea, ocorreria um movimento de água para o intracelular, favorecendo o surgimento do edema cerebral. DISTÚRBIOS DO SÓDIO Hiponatremia dilucional é mais frequente, está associada a hiperosmolaridade causada pela hiperglicemia, que pode ser acentuada pela ação do hormônio antidiurético, perda urinária de sódio relacionada à diurese osmótica e eliminação de corpos cetônicos. A hipernatremia pode estar presente na CAD, porém é rara, mas a elevação do sódio por manter a osmolaridade plasmática, parece ser um fator protetor contra o edema cerebral enquanto ocorre a queda da glicemia. Portanto, a hipernatremia moderada (150 a 160 mEq/l) seria aceita. DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO A deficiência de insulina, a proteólise e a glicogenólise proporcionam a saída de potássio da célula para o extracelular, ocorrendo inicialmente uma pseudohiperpotassemia. A perda de potássio ocorre devido a excreção urinária de potássio junto com os cetoácidos, o aumento da aldosterona devido a desidratação, vômitos, entrada de potássio na célula quando iniciado a infusão de insulina. Logo, níveis de potássio normal ou diminuídos indicam reposição precoce, pois a tendência é a uma queda ainda maior do potássio plasmático com o tratamento. Processos Infecciosos: em 30 – 50% dos casos ( pneumonia, infecção urinária, sinusite meningite e diarreia) Transgressão alimentar Sub-insulinização por omissão, redução da dose ou má administração da insulina Problemas psicológicos, econômicos e sociais Vômitos repetidos Estresse cirúrgico Síndrome de Münchausen ( transtornos fictícios Síndrome de Münchausen ( transtornos fictícios) Inicialmente os sintomas são semelhantes ao do diabetes descompensado:poliúria, polidipsia, polifagia, perda ponderal, astenia e desidratação leve. Com a elevação e maior duração da hiperglicemia os sintomas evoluem para: anorexia, náusea e vômitos, aumento do grau desidratação,a respiração torna- se rápida e profunda ( respiração de Kussmaul), surge hálito cetônico, irritabilidade e algumas vezes dor abdominal simulando abdome agudo. Como sinais de gravidade, surgem depressão do nível de consciência ( confusão, torpor e coma),desidratação grave ou choque hipovolêmico, arritmia cardíaca e redução dos movimentos respiratórios, quando pH < 7,2 Hiperglicemia (geralmente >250 mg/dl) Presença de cetonemia (acima de 3 mMol/l) Cetonúria Acidose metabólica (pH <7,3 ou bicarbonato <15 mEq/l), podendo ou não levar ao coma. Em menores de 2 anos a clínica não é tão característico, podendo apresentar sede intensa, irritabilidade e sintomas devido a desidratação, que se manifestam por febre, alteração dos níveis de consciência, taquipnéia e fraldas pesadas, simulando episódios de broncoespasmo, pneumonia, infecção urinária, dor abdominal e distúrbios neurológicos. Intoxicação por salicilatos: dosagem dos níveis séricos. Se adicionar cloreto férrico à urina, ocorrerá mudança da cor para o vermelho, no paciente diabético a cor vermelha desaparecerá Intoxicação por organofosforados: procurar por alterações típicas como miose, broncorréia, sialorréia Infecção grave: pesquisar o foco, febre, sinais de toxemia, leucocitose com desvio para esquerda Gastroenterite aguda: desidratação e oligúria e no diabetes há desidratação e poliúria FATORES PRECIPITANTES QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Desidratação hipernatrêmica: na CAD há pseudohiponatremia Choque hipovolêmico: pesquisar perdas acentuadas de sangue ou água + eletrólitos Tubulopatias renais: ausência de hiperglicemia, cetonemia e desidratação Pneumonia Broncoespasmo Abdome agudo: na CAD a dor melhora apenas com a hidratação CETOACIDOSE DIABÉTICALEVE MODERADA GRAVE GLICEMIA(mg/dl) >250 >250 >250 Ph SANGUE 7,25 – 7,30 7,0 – 7,24 <7,0 BICARBONATO(mEq/l) 15 – 18 10 - 14 <10 CETONÚRIA Positiva positiva Positiva CETONEMIA Positiva positiva Positiva OSMOLARIDADE Variável Variável Variável ÂNION GAP >10 >12 >12 ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS alerta Alerta/Obnubilado Estupor/ Coma Fonte:Diabetes Care , vol 29,número 12, dez 2006, pág 2740 EXAMES IMEDIATOS SOLICITAR IMEDIATAMENTE Glicemia capilar ( fitas reagentes) > 200 Glicosúria e cetonúria (fitas reagentes específicas) Gasometria arterial : acidose metabólica geralmente associada a alcalose respiratória compensadora. Pode-se usar a gasometria venosa pois a PaCO2 e o bicarbonato sérico não variam significativamente da amostra da gasometria arterial. Geralmente encontra-se pH <7,3; HCO3< 15 EXAME INDICAÇÃO FREQUÊNCIA GLICEMIA Suspeita diagnóstica A cada 1h até compensação metabólica. Depois de compensado: Antes das refeições, antes de dormir a noite e 1 x entre 2 e 4 h da manhã SÓDIO POTÁSSIO CLORO Suspeita diagnóstica Na admissão e com 2,4,6,8,12,20 e 24 h de tratamento. Aumentar a frequência se necessário GLICOSÚRIA CETONÚRIA Suspeita diagnóstica A cada micção até compensação FÓSFORO Após boa hidratação Repetir a cada 6 a 12h até estabilização CRITÉRIOS DE GRAVIDADE ADMISSÃO NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA CÁLCIO HEMOGRAMA Após boa hidratação Uma vez, repetir se necessário HEMOCULTURA Suspeita de infecção bacteriana Uma vez GASOMETRIA ARTERIAL Suspeita de insuficiência respiratória Uma vez, repetir conforme evolução do quadro respiratório RX TÓRAX Suspeita de infecção pulmonar Uma vez URINA TIPO 1 ( EAS) Suspeita de infecção urinária Uma vez VHS/PCR Suspeita de infecção sistêmica Uma vez PRINCÍPIOS BÁSICOS Esquema terapêutico deve ser individualizado Obter um ou mais acessos venosos calibrosos, EVITAR dissecções venosas Monitorização cardiorrespiratória Dieta zero, até o paciente estar consciente, sem náusea, vômitos ou dor abdominal, retornar a dieta gradativamente no intervalo de 12 a 24 h Prioridade: tratar distúrbios cardiocirculatórios e eletrolíticos Oxigenoterapia: indicada para casos quando houver baixa SatO2 ou baixa PaO2 Reconhecer e tratar fatores desencadeantes Usar anti-eméticos para tratar vômitos, e se necessário lavagem gástrica com soluções com soluções alcalinas - Antibioticoterapia apenas se houver infecção vigente FASE DE EXPANSÃO: Infusão de Soro fisiológico 0,9%, 20 ml/kg a cada 20 min Devem ser repetidos até que o paciente tenha estabilidade hemodinâmica ( 1 a 4 h) Em geral,são necessárias 2 a 3 expansões. FASE DE MANUTENÇÃO E CORREÇÃO DOS FLUIDOS: O volume desta fase é calculado com base na superfície corporal do paciente, através da fórmula: SC(m²) = [ peso(Kg) x 4] + 7/ 90 + pes Infusão de 1800 a 2000 ml/m²/dia de Soro fisiológico 0,9% (SF 0,9%) mais volume necessário para repor perdas posteriores como, vômitos/diarreia. Se a perdas urinárias permanecem aumentadas, ( geralmente em pacientes com glicemia muito alta), deve-se acrescentar de 30 a 50% a oferta hídrica de manutenção( até 2500 a 3000 ml/m²/dia), sempre reavaliando periodicamente as perdas e ajustando a oferta hídrica até atingirem o volume de manutenção. CORREÇÃO DA DESIDRATAÇÃO E DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS TRATAMENTO Manter a infusão de SF 0,9% até a glicemia estar próxima a 250 mg/dl e então, adicionar glicose a 5% para cada 100 ml da solução de manutenção. O déficit de fluido ( perdas) consideradas na fase de reposição dependem do grau de desidratação e considera-se na CAD moderada cerca de 7 a 10% e na CAD grave 10%, calculando então o déficit de fluidos através da fórmula: DÉFICIT DE FLUIDOS(L) = grau de desidratação x peso corporal (Kg) Déficit de POTÁSSIO: estimado é entre 4 a 6 mEq/kg ficando mais evidente de acordo com a correção da assim que o paciente iniciar diurese deve- se acrescentar 40 mEq de potássio a cada litro da solução de reidratação e, conforme controle laboratorial, fazer os acréscimos necessários. Quando K < 2,5 deve ser feita uma correção rápida de 0,4 a 0,6 mEq/Kg/h de KCL 10% por 6 horas FOSFATO só deverá ser reposto se o paciente apresentar depressão respiratória ou P < 1,0 mg/dl, repondo 1/3 do potássio sob a forma de fosfato de potássio a 10% A correção da acidose se faz com a reidratação e a ação da infusão de insulina. A correção da acidose com bicarbonato de sódio atualmente está em desuso pois sabe-se que está associada ao aumento dos casos de edema cerebral e morte, além de seus efeitos adversos: hipocalemia, agravamento da hiperosmolaridade, aumento da acidose intracelular devido à produção de CO2, acidose paradoxal no SNC, desvio da curva de dissociação da hemoglobina para esquerda com diminuição da oferta de O2 para os tecidos, redução mais lenta da cetonemia. Solicitar gasometrias a cada 2h até pH >7,3 Deve-se iniciar a dieta por via oral assim que o paciente estiver consciente, sem vômitos e com resolução da acidose, manter a hidratação venosa enquanto for necessária a infusão de insulina. INSULINOTERAPIA É iniciada concomitante ou imediatamente após a fase de expansão volêmica, através da infusão contínua de insulina regular na dose de 0,1 UI/ml ( para cada 250 ml de SF 0,9% acrescenta-se 25 UI de insulina regular), esta infusão deve-se ser feita na velocidade de 0,1 UI/Kg/h ( 0,1UI/Kg/h), em bomba de infusão contínua. Preparar um volume da solução para ser infundido em 4 horas. Usar 50 ml desta solução para lavar o equipo, para evitar adesão da insulina ao plástico. Quando a glicemia estiver em torno de 250 mg/dl, acrescentar glicose ao SF de manutenção ( obtendo uma solução com glicose a 5%). É importante neste momento recalcular a oferta hídrica em (ml/m²/dia) e a taxa de infusão de glicose (TIG = mg/kg/mim) através da fórmula: TIG = glicose(g) x 1000/ 1440x peso (kg) Objetiva-se manter a glicemia entre 250 e 150 mg/dl enquanto estiver correndo a infusão contínua de insulina, durante esta infusão espera-se uma queda de 50 a 100 CORREÇÃO DA ACIDOSE METABÓLICA mg/dl de glicemia a cada hora, se a redução na glicemia é menor que 50 mg/dl, deve- se aumentar a infusão de insulina para 0,15 a 0,2 UI/Kg/h e se a redução na glicemia for maior que 100 mg/dl, deve-se aumentar a infusão de glicose até uma TIG de 5 mg/kg/min. A glicemia é mais rapidamente corrigida com a correção da acidose, portanto, os pacientes que apresentarem queda acentuada da glicemia mas, mantiverem a acidose e/ou cetonemia, NÃO reduzir a infusão contínua de insulina e SIM aumentar a TIG ( pode ser necessário usar glicose a 10%). Caso seja necessário TIG maior que 5 para que a glicemia permaneça entre 150 e 250 mg/dl, pode reduzir a infusão contínua de insulina para 0,05 UI/Kg/h, mantendo TIG entre 3,5 e 5 mg/Kg/min Durante o tratamento da CAD, é frequente a necessidade de reajustar a infusão de glicose, sendo recomendado por alguns autores o uso de um sistema de 2 bolsas, ambas com o mesmo conteúdo hidroeletrolítico ( 150 mEq de NaCl e 40 mEq/l de KCl), porém uma delas sem glicose( apenas SF 0,9%) e a outra com glicose a 10%, sendo as bolsas conectadas em Ya um acesso venoso do paciente, assim é possível variar a oferta de glicose de 0 a 10% sem trocar a soluçãoa ser infundida após as reavaliações. Evitar o uso da dose de ataque de insulina na admissão, já que este procedimento está em desuso por provocar queda acentuada da glicemia e da osmolaridade plasmática, aumentando o risco de edema cerebral agudo. CRITÉRIOS DE RESOLUÇÃO DA CAD - Ph >7,3 - HCO3 > 18 - ÂNION GAP entre 8 e 12 - CONDIÇÕES DE ALIMENTAR POR VIA ORAL Após a reversão da CAD, 1 hora antes da suspensão da infusão contínua de insulina, deve-se administrar um bolo de insulina regular SC de 0,1 UI/Kg. Nunca suspender a infusão contínua de insulina antes da reversão da CAD e de fazer a insulina subcutânea. Nos pacientes sabidamente diabéticos, as doses de insulina SC subsequentes devem ser mantidas de acordo com o uso prévio. Nos pacientes com diagnóstico inicial de diabetes melito I, é proposto o esquema convencional inicial, até a consulta com o endócrinopediatra, pode-se utilizar a dose inicial de 1,0 UI/kg/dia de insulina NPH distribuída em 2/3 antes do desjejum e 1/3 às 21h, as correções com insulina regular devem ser prescritas 3 x ao dia, antes do desjejum, almoço e jantar, como mesmo cálculo de doses: Glicemia < 150 mg/dl : não usar insulina Glicemia 150 a 200 mg/dl: 0,08 UI/Kg/dose Glicemia 200 a 300 mg/dl: 0,1 a 0,15 UI/Kg/dose MANUTENÇÃO DO TRATAMENTO APÓS RESOLUÇÃO DA CAD Glicemia acima de 300 mg/dl: 0,15 a 2 UI/Kg/dose Sugere-se fazer a transição da insulina EV para NPH ( longa duração) em horários próximos às refeições e de preferência pela manhã. CRIANÇAS MENORES DE 7 ANOS SUSPEITA DE EDEMA CEREBRAL DISTÚRBIO ELETROLÍTICO GRAVE ACIDOSE METABÓLICA SEVERA (PH < 7,1) INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA OU CIRCULATÓRIA ARRITMIAS CARDÍACAS ALTERAÇÕES IMPORTANTES DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA AUSÊNCIA DE CONDIÇÕES ESTRUTURAIS NA ENFERMARIA ( CASOS LEVES) INEXISTÊNCIA DE UNIDADE SEMI – INTENSIVA ( CASOS MODERADOS) - EDEMA CEREBRAL AGUDO EDEMA CEREBRAL AGUDO Ocorrem com maior frequência de 2 a 24 h após início do tratamento Após um período de melhora clínica e laboratorial Manifesta-se inicialmente com discreta confusão mental e cefaleia, seguido de súbita queda do nível de consciência, vômitos e sinais de hipertensão intracraniana, seguidos de perda abrupta da consciência e sinais de herniação cerebral (reflexos pupilares anormais, postura de descerebração ou decorticação,hipertensão, bradicardia e episódios de apnéia ou parada respiratória. FATORES DE RISCO CONCENTRAÇÃO INICIAL DE URÉIA ELEVADA PCO2 MUITO BAIXA HIPERGLICEMIA DE LONGA DURAÇÃO SEM TRATAMENTO ADMINISTRAÇÃO RÁPIDA DE LÍQUIDOS EV COM BAIXA OSMOLARIDADE PERSISTÊNCIA DA HIPONATREMIA NO DECORRER DO TRATAMENTO QUEDA RÁPIDA DA GLICEMIA AO INICIAR TRATAMENTO USO DE BICARBONATO DE SÓDIO HIPOPERFUSÃO CEREBRAL AÇÃO DIRETA DAS CETONAS NA LIBERAÇÃO DE INTERLEUCINAS INFLAMATÓRIAS CEREBRAIS DIAGNÓSTICO CRITÉRIOS DIAGNÓTICOS CRITÉRIOS MAIORES CRITÉRIOS MENORES Resposta anormal a dor (motora ou verbal) Nível de consciência alterado Vômitos INDICAÇÕES DE ATENDIMENTO NA UTI COMPLICAÇÕES DA CETOACIDOSE DIABÉTICA Postura de decorticação ou descerebração Desaceleração da frequência cardíaca >20bpm Cefaléia Paralisia de nervos cranianos ( especialmente III,IV,IV) Incontinência urinária inapropriada para idade Letargia e dificuldade para acordar Padrão respiratório neurogênico ( Cheyne-Stokes, falência respiratória) PA sistólica > 90 mmHg Idade menor que 5 anos 1 critério diagnóstico ou 2 critérios maiores ou 1 critério maior e 2 menores Acredita-se que a principal fisiopatologia do edema cerebral esteja relacionado a quedas rápidas do sódio sérico e da osmolaridade plasmática durante o tratamento, associadas à presença de osmóis idiogênicos nas células do SNC, além disso, é provável que se trate na maioria dos casos de um edema cerebral vasogênico, pois este, é mais responsivo ao tratamento. A tomografia computadorizada de crânio pode ser normal no início do quadro. TRATAMENTO Deve ser imediato Infusão de Manitol 0,25 a 0,5 g/kg a cada 2 a 4 horas ou solução salina hipertônica 3% ( 5 a 10 ml/kg a cada 30 min), mantendo o Na plasmático entre 150 - 16– mEq/l ( deixar o manitol sempre disponível ao se iniciar o tratamento da CETOACIDOSE DIABÉTICA. A instituição precoce do tratamento com manitol aumenta a chance de reversão do quadro sem necessidade de ventilação mecânica (prevenção da herniação cerebral). Se houver necessidade de suporte ventilatório, controlar a PCO2 entre 30 – 35 mmHg, manter a cabeceira elevada em 30º e normovolemia. HIPOGLICEMIA Se o paciente tem boa aceitação alimentar:oferecer um copo de leite ou suco de laranja ou 2 bolachas salgadas. Os sintomas desparecerão rapidamente, se não houver melhora em 10 min, repita a dose Se o paciente está pouco consciente em tratamento por CAD: os sintomas clássicos podem não ocorrer, manifesta-se apenas os sintomas da neuroglicopenia, como, tontura, confusão mental, diminuição do nível de consciência e coma. Infundir glicose 10% 2ml/kg EV rápido. Repetir se necessário. Se o paciente pouco consciente, sem cetoacidose: Glucagon – 0,03ml/kg SC ( 1 amp= 1ml se pesar mais que 30 Kg), os sintomas costumam desaparecer em 10 a 15 minutos. ARRITMIAS CARDÍACAS Devido aos distúrbios hidroeletrlíticos, são raras na CAD ASPIRAÇÃO DE VÔMITO Associado a diminuição do nível de consciência, pode ser prevenida com acompanhamento intra-hospitalar rigoroso EDEMA PULMONAR É incomum na CAD e leva a aumento da necessidade de oxigênio. Pode envolver vários fatores: baixa pressão oncótica, aumento da permeabilidade capilar pulmonar, edema pulmonar neurogênico. Tratamento: oxigenoterapia, diuréticos e suporte ventilatório, se necessário - CRITÉRIOS DE ALTA HOSPITALAR Ausência de distúrbios hidroeletrolíticos Habilitação do paciente e um responsável na aplicação e manejo domiciliar da insulina Orientação e adaptação aos novos hábitos alimentares Continuidade do tratamento ambulatorial assegurado Se necessário, ajustar a dose da insulina considerando o padrão de resposta à insulinoterapia e hábitos alimentares, horários das refeições e atividades após retorno ao ambiente familiar e cotidiano. ALGORITMO PARA O MANEJO DA CAD v História Clínica Poliúria Polidipsia Perda de peso Dor abdominal Cansaço Vômitos Confusão Características bioquímicas e investigações Cetonúria Hiperglicemia Acidemia Gasometria, uréia, íons Outras investigações conforme indicação Sinais Clínicos Avaliar desidratação Sinal de depressão respiratória (Kussmaul) Hálito cetônico Letargia/sonolência ± vômitos Ressuscitação A – via aéra (± IOT) B – respiração (O2 a 100%) C – circulatório (SF 0,9% 20 mL/Kg a cada 20 min e repetir até restaurada circulação) Terapia endovenosa Calcular necessidade hídrica Correção em até 48 horas SF 0,9% ECG para pesquisa de onda T alterada Acrescentar 40 mEq de KCl por L de SF Insulina infusão contínua (0,1 UI/Kg/h) Confirmação diagnóstica de CAD Choque (redução dos pulsos periféricod) Redução do nível de consciência / coma Desidratação > 5% Ausência de choque Acidótico (hiperventilação) Vomitando Desidratação mínima Tolerando fluido oral Avaliação Imediata Terapia Iniciar com insulina SC Continuar hidratação oral Observação rigorosa Glicemia de 1/1h Balanço hídrico de 1/1h Estado neurológicopelo menos de 1/1h Íons 2h após início da terapia endovenosa Monitor cardíaco (observar mudanças na onda T) Sem melhora CRITÉRIOS DE ALTA HOSPITALAR 1 Standartds of Medical Care in Diabetes. American Diabetes Association. Diabetes Care, volume 34, suplement 1, January 2011. 2 Sociedade Brasileira de Pediatria – TRATADO DE PEDIATRIA, 2ª edição, 2010, volume 1. Editora Manole. 3 P. Piva, Jefferson; Czepielewski, Mauro; Celiny R. Garcia, Pedro; Machado, Denise. CURRENT PERSPECTIVES FOR TREATING CHILDREN WITH DIABETIC KETOACIDOSIS. Jornal de Pediatria - Vol. 83, Nº 5(Supl), 2007. 4 Pereira da Silva Jose, Laura; de A. Cardoso-Demartini, Adriane; D. R. Liberatore Junior, Raphael; Fernanda Vanti Macedo Paulino, Maria; Helena Valente de Lemos-Marini, Sofia; Guerra-Júnior, Gil; Gomes Rodrigues, Albertina. CLINICAL AND LABORATORY PROFILE OF PEDIATRIC AND ADOLESCENT PATIENTS WITH TYPE 1 DIABETES. Jornal de Pediatria - Vol. 85, Nº 6, 2009. 5 P. Piva, Jefferson; Czepielewski, Mauro; Celiny R. Garcia, Pedro; Machado, Denise. CURRENT PERSPECTIVES FOR TREATING CHILDREN WITH DIABETIC KETOACIDOSIS. Jornal de Pediatria - Vol. 83, Nº 5(Supl), 2007. 6 Diabetes Care , vol 29,número 12, dez 2006, pág 2740 7 J Pediatr(Rio J) 2001;77(1):9-16 diabetes mellitus,cetoacidose diabética, edema cerebral, reposição hidroeletrolítica Glicemia = 250 mg/dL ou Queda da glicemia > 100mg/dL Sem melhora da acidose Deteriorização neurológica Sinais de alerta: Cefaléia, bradicardia, irritabilidade, redução do nível de consciência, incontinência, sinais neurológicos específicos Reavaliar Cálculos do fluidos EV Sistema de oferta de insulia e dose Necessidade de ressucitação adicional Considerar sepse Terapia EV Acrescentar glicose a 5% Ajustar infusão de Na para aumentar Na sérico Excluir hipoglicemia É edema cerebral? Tratamento Manitol 0,5-1g/Kg Transferir para CTI Considerar neuroimagem apenas após estabilização do paciente Melhora Clinicamente melhor, tolerando fluidos orais Resolução da acidose Transição para insulina SC Iniciar insulina SC 1h antes de suspender infusão contínua Fonte: adaptado da ISPAD Clinical Practice Consensus Guidelines 2009 compedium – DKA in children and adolescents. REFERÊNCIAS
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