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Movimento abolicionista

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Movimento abolicionista (Angela Alonso) 
a. 1868-1871 (tempo de “flores”): primeiro ciclo de mobilização de um movimento social 
abolicionista; novos estilos de ativismo político (organização no espaço público); a grande 
novidade nesse primeiro ciclo é a distribuição de panfletos, comícios, etc. Um dos pioneiros 
dessa campanha é André Rebouças, com um projeto de “democracia rural” – que pensa o 
pós-abolição, a transformação do ex-escravo em proprietário de terras, etc. Outro nome é 
Luís Gama, um advogado negro e que faz uma série de ações judiciais com base na Lei Feijó 
para obter alforria de escravos. A reação à esse movimento, a reação escravista, é de 
denunciar a Lei do Ventre Livre como fruto de um cesarismo; se cria um bloco parlamentar 
(os “vermelhos”, clubes da lavoura) para vetar qualquer iniciativa de lei nessa direção 
abolicionista. A Coroa tolera o ativismo social, embora pressionada pelos vermelhos. 
b. 1878-1885 (tempo de “votos”): segundo ciclo de mobilização, adensamento do 
movimento; em 1879, a liberdade dos nascituros pós-1871 entra em vigência, e nessa 
conjuntura, o movimento entende que é necessário nacionalizar a mobilização – e 
institucionalizar esse movimento também no Parlamento, além do adensamento no espaço 
público, de forma pacífica e ostensiva. Os ativistas abolicionistas desse momento são 
jovens, uma nova geração de políticos liberais (ex: Joaquim Nabuco), em contato com 
diversas organizações e campanhas internacionais antiescravistas (ex: campanha anti-
tráfico de Willberforce). Joaquim Nabuco é responsável por colocar no papel um projeto de 
abolição gradual, o primeiro de um parlamentar, e também for organizar um bloco 
parlamentar abolicionista. A reação escravista ao retorno da pauta abolicionista são os 
Congressos Agrícolas de Fazendeiros. É nesse momento que surge, em 1880, a Sociedade 
Brasileira Contra a Escravidão (inspirada na sociedade britânica anti-slavery Society) – 
articulada por Joaquim Nabuco e que conta também com a participação de André 
Rebouças. Esse movimento é naturalmente acompanhado de uma reação escravista para 
bloquear o debate parlamentar e a reeleição de parlamentares abolicionistas – Joaquim 
Nabuco ganha as próximas eleições, que são anuladas. Em 1883, Nabuco publica “O 
Abolicionismo”, uma obra que sintetiza o pensamento abolicionista do momento, de uma 
abolição sem indenização. Em paralelo, surge a Confederação Abolicionista, em 1883, 
presidida por João Clapp. Essa confederação tenta coordenar as várias entidades e setores 
da sociedade civil para defender a abolição imediata e sem indenização e coordenar a 
propaganda em todo o território. A Confederação abolicionista adota uma estratégia de 
campanha de libertação de territórios – libertação local de escravos; essa campanha teve 
muito sucesso, e no bojo dessa campanha, a província do Ceará declara a abolição da 
escravidão em março de 1884. Entre 1884 e 1885, o eixo da campanha se desloca para um 
novo ciclo de mobilização “das ruas para a institucionalidade”; em suma, o sucesso desse 
movimento de rua pressiona o Partido Liberal (naquele momento na chefia do Gabinete) a 
tomar uma posição acerca do tema (os liberais ainda não haviam se posicionado claramente 
sobre o tema). É nesse cenário que surge a Reforma Dantas, em que se criava a ideia de 
sexagenários livres, imposto sobre propriedade escrava, fim do tráfico interprovincial, 
salário mínimo para os libertos, terra para libertos e prazo de 16 anos para a abolição. Nesse 
mesmo momento, em 1884, a província do Amazonas também declara “província 
libertada” – fim da escravidão na província. 
As reações escravistas são: um embate entre abolicionistas e escravistas que provoca um 
impasse parlamentar em relação à reforma Dantas; 49 Clubes da Lavoura; moção de 
desconfiança no Parlamento contra o Gabinete Dantas. Diante disso, o Imperador precisa 
intervir, dissolvendo a legislatura e convocando novas eleições parlamentares. Após a 
moção de desconfiança, em 1884 ocorre uma primeira campanha eleitoral nacional para 
legitimar a reforma Dantas, e em reação, os “vermelhos” também promovem forte 
campanha para formação de uma base eleitoral capaz de impedir a reforma Dantas. O 
governo liberal depende dessas eleições para sua sobrevivência no Gabinete, de forma que 
realiza uma coalizão “governo-movimento” em 13 províncias; mesmo assim, a nova 
legislatura acaba se elegendo com maioria escravista, de modo que a reforma Dantas não 
será aprovada. A solução da Coroa é nomear um gabinete liberal que tivesse um projeto 
mais moderado, e é a partir daí, com o Gabinete Saraiva, que surge o projeto da Lei dos 
Sexagenários. O novo gabinete liberal, de José Antonio Saraiva, propõe um projeto de lei 
com indenização aos proprietários, e que retira da pauta as garantias de sobrevivência dos 
escravos pós-libertação. Para os escravistas, esse projeto é mais aceitável, enquanto para 
os abolicionistas esse projeto é inadmissível. A reação abolicionista é, portanto, inevitável, 
e Nabuco passa a buscar apoio internacional e tenta novamente um bloco parlamentar 
abolicionista (sem sucesso). O gabinete Saraiva é substituído por um gabinete conservador 
(do Barão de Cotegipe) para encaminhar a Lei dos Sexagenários. Em 1886, um ano após a 
aprovação da Lei, a lei é regulamentada e impõe novo atraso à libertação dos escravos 
sexagenários; para Angela Alonso, esse desenvolvimento desencadeia um último ciclo de 
mobilização, que percebe que as vias da institucionalização não eram efetivas, e vão voltar 
suas forças novamente para o espaço público. 
c. 1885-1888 (tempo de “balas”): último ciclo de mobilização, novamente se voltando para a 
estratégia de libertação dos territórios; destaque para a atuação dos Caifazes, que 
promoviam rebeliões e fugas de escravos para os quilombos em Santos (Jabaquara e Vila 
Matias), e que iniciam uma campanha pela libertação de Santos. O Parlamento conservador 
aprova uma pena de 2 anos para quem ajudasse fugitivos, e a Confederação Abolicionista 
convoca uma ofensiva armada (1887). Com a convocação da ofensiva armada, a violência 
aumenta no campo – apresentando um horizonte de guerra civil que pressiona as 
instituições e o governo; diante disso, as instituições (Judiciário, Igreja, Exército, Coroa) 
começam a se pronunciar explicitamente a favor da abolição. Até mesmo setores do Partido 
Conservador, nessa situação, passam a defender a abolição imediata, temendo uma guerra 
civil como nos EUA. É também em 1887 que o Partido Republicano se declara a favor da 
abolição. É também no mesmo ano de 1887 que Deodoro afirma a recusa do Exército a 
continuar a perseguição aos escravos fugidos. Em fevereiro de 1888, Nabuco obtém do 
Papa declaração pró-abolição. Em maio de 1888, a Princesa Isabel demite o Barão de 
Cotegipe para nomear um nome capaz de liderar um gabinete e um projeto de abolição 
imediata, e nomeia João Alfredo Correia de Oliveira, um conservador. Esse gabinete coloca 
em pauta um novo projeto de abolição imediata, sem indenização e sem nenhum 
encaminhamento da questão pós-abolição. Segundo Angela Alonso, a Coroa foi 
responsável pela decisão da abolição imediata não só pelo temor da guerra civil, mas 
também por uma solução que “enterrasse o assunto”, sem indenização mas também sem 
outras pautas do movimento abolicionista. Ainda assim, a Princesa Isabel foi festejada por 
muitos abolicionistas, como José do Patrocínio, que organiza a “Guarda Negra”.

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