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Responsabilidade civil do Estado

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Responsabilidade civil do Estado (art.37, §6º) 
O tema “responsabilidade civil do Estado” trata, em essência, da aplicação em relação ao Poder 
Público a responsabilização por danos praticados por seus agentes públicos. No geral, a 
consequência que decorre da condenação do Poder Público em matéria de responsabilidade 
civil é o pagamento de indenização às vítimas dos danos causados pelos referidos agentes 
públicos. 
O atual estágio de disciplina jurídica do tema responsabilidade civil do Estado representa o 
resultado de uma caminhada histórica para que o Direito Administrativo pudesse definir de que 
forma as vítimas de serviços públicos teriam condições de buscar reparações civis diretamente 
do Poder Público, e não do agente causador do dano. Historicamente, o tema responsabilidade 
civil do Estado foi desenvolvido com base em três períodos distintos: 
1. Idade Média: durante esse período, era aplicada a teoria da irresponsabilidade do 
Estado, pois, nesse período, o regime absolutista ocasionava a confusão entre as figuras 
do Estado e do monarca. Desse modo, os agentes estatais, ao atuar, agiam em nome do 
monarca, e o monarca não podia ser responsabilizado pelos seus atos. Assim, a teoria 
da irresponsabilidade do Estado implicava a impossibilidade de obter a 
responsabilização do Estado em decorrência dos danos praticados pelos agentes 
estatais. 
2. Revolução Francesa até o final do século XIX: com a adoção da República, na maior parte 
dos países europeus, houve a superação das características do absolutismo. O Estado 
passou a ser organizado pelo povo (republica = res publica = coisa publica) e, 
consequentemente, tornou-se possível responsabilizar os agentes estatais que 
causavam prejuízos a população. Nesse período foi adotada a chamada teoria da culpa 
administrativa, que buscava aplicar ao Poder Público a mesma lógica que já era 
empregada para responsabilizar civilmente pessoas jurídicas de direito privado (Ex: 
empresas). A teoria em questão exigia que a vitima dos agentes públicos provasse culpa 
ou dolo na atuação do agente estatal para que o Estado fosse obrigado a indenizar os 
danos causados por seus agentes. A aplicação da teoria da culpa administrativa não 
durou muito tempo porque, em termos práticos, era muito difícil que a vítima provasse 
a culpa ou dolo dos agentes públicos causadores de danos aos particulares. 
3. Final do século XIX até os dias atuais: a partir do final do século XIX passou-se a adotar 
a chamada teoria do risco administrativo. Essa teoria é aplicada até os dias atuais para 
promover a responsabilização civil do Estado e está consagrada no art.37,§6º da CF/88.A 
teoria do risco administrativo passa do pressuposto de que a prestação de serviços 
públicos é matéria arriscada e, por isso, o Estado e as empresas concessionarias de 
serviços públicos respondem pelos danos causados por seus agentes, 
independentemente de culpa ou dolo. 
A teoria do risco administrativo é responsável por determinar a aplicação da 
responsabilidade civil objetiva do Estado e das empresas concessionárias de serviços 
públicos. 
IMPORTANTE: para entender o funcionamento da responsabilização civil do Poder 
Público com base na teoria do risco administrativo, é necessário definir o significado de 
dois conceitos técnicos do direito administrativo: 
A) Empresa concessionária de serviço público: é uma empresa privada/pessoa jurídica 
de direito privado que não integra a Administração Publica. Essa empresa privada 
participou de uma licitação e saiu vencedora. Após o resultado da licitação, essa 
empresa privada celebrou um contrato administrativo de concessão com o Poder 
Público para explorar, por sua conta e risco, um determinado serviço publico (ex: 
rodovias, aeroportos, distribuição de energia elétrica, etc.). As concessões para a 
prestação de serviços públicos permitem que a empresa concessionária receba 
preço público ou tarifa dos usuários do serviço público. 
B) Responsabilidade civil objetiva: é uma modalidade de promoção da 
responsabilização civil em hipóteses em que se verifica a ocorrência de danos ou 
prejuízos sem que a vítima tenha o ônus de provar a culpa ou o dolo do agente 
causador do dano. Entende-se por dolo a vontade consciente e pré-ordenada de 
causar um dano, ao passo que a culpa é configurada nos casos em que o dano deriva 
de uma atuação negligente, imprudente ou imperita por parte do agente. 
 
Elementos da responsabilidade civil objetiva do Poder Público 
Na responsabilidade civil objetiva, não há a necessidade de provar culpa ou dolo na atuação do 
agente causador do dano. Todavia, a doutrina e a jurisprudência convergem em apontar que 
haverá a configuração do dever de indenizar por parte do Estado e das empresas concessionarias 
de serviço público se for verificada a existência de três elementos cumulativos: 
I. Ato ou fato administrativo: trata-se da prestação de um serviço público 
II. Dano ou prejuízo: pode ser material e/ou moral 
III. Nexo de causalidade: uma ligação de causa e efeito entre o serviço público prestado 
e o dano sofrido pela vítima 
OBS: o STF, ao interpretar o art.37,§6º da CF/88, firmou o entendimento de que o conceito de 
vítima na aplicação da teoria do risco administrativo – e, consequentemente, na aplicação da 
modalidade objetiva de responsabilidade civil do Estado e da empresa concessionária do serviço 
público – alcança o usuário e o não usuário do serviço público. 
Conclusão: na aplicação da teoria do risco administrativo, a responsabilidade civil objetiva será 
aplicada toda vez que houver a prestação de serviços públicos que tenham causado dano ou 
prejuízo a um particular, seja ele usuário ou não usuário desse serviço. Logo, o que importa para 
aferir a aplicação da responsabilidade civil objetiva é a existência do serviço público, e não o fato 
de que o Estado (ou Administração Pública) esteja executando esse serviço. Isso porque, no caso 
de empresas privadas concessionárias de serviços públicos, haverá a aplicação desse regime 
jurídico de responsabilidade objetiva. 
Causas excludentes do dever de indenizar do Estado e das empresas concessionárias de serviço 
público 
A doutrina aponta que existem três causas que excluem o dever de indenizar do Estado e das 
empresas concessionárias de serviço público, mesmo tendo ocorrido um dano ou um prejuízo 
durante a prestação do serviço público. As causas excludentes da responsabilidade civil objetiva 
são as seguintes: 
1. Caso fortuito ou força maior: trata-se de um evento imprevisível e incontrolável, a 
exemplo de terremotos, tsunamis, queda de asteroides, etc. 
2. Culpa exclusiva da vítima: a exemplo de casos em que a vítima se suicida no metro ou 
sofre um atropelamento por estar caminhando em uma rodovia, etc. 
3. Culpa exclusiva de terceiro: essa modalidade não gera dever de indenizar por parte do 
Estado e da concessionária porque não se refere a prestação do serviço público, como 
ocorre nos casos em que motoristas são assaltados por bandidos em praças de pedágios. 
Também é exemplo de culpa exclusiva de terceiro um acidade causado em uma rodovia 
por outro motorista que não respeitou a sinalização e/ou limite de velocidade. 
As causas excludentes da responsabilidade civil objetiva do Estado ocasionam a quebra do nexo 
de causalidade entre o serviço público prestado e o dano sofrido pela vítima. Desse modo, não 
haverá a configuração dos três elementos necessários para a aplicação da responsabilidade civil 
objetiva. Faltará o nexo de causalidade. 
Causa minorante do dever de indenizar do Estado e da empresas concessionárias de serviço 
público 
Existe uma causa que não exclui o dever de indenizar do Estado e das empresas concessionárias 
de serviço público porque não rompe o nexo de causalidade entre o serviço público prestado e 
o dano sofrido pela vítima. Nessa hipótese, verifica-se que o dano ou prejuízo tem ligação direta 
com a prestação de um serviço publico, porem o dano ou prejuízoapenas ocorreu porque a 
vítima atuou de modo inadequado. Trata-se, portanto, da chamada culpa concorrente da 
vítima. 
Em outras palavras, a culpa concorrente da vítima faz com que se verifique a existência de ações 
ou omissões da vitima que contribuíram para a ocorrência do dano ou prejuízo sofrido pela 
própria vitima em razão da prestação de um serviço público, a exemplo de um usuário do metro 
que não respeita o sinal para embarcar no trem e, ao embarcar nessa situação, fica com parte 
do corpo para fora e sofre amputação de membros.

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