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Teoria do risco integral e responsabilidade subjetiva do Estado

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Teoria do risco integral 
É uma teoria que também determina a aplicação da responsabilidade objetiva do Estado, porém 
é aplicada apenas em situações previstas expressamente na legislação vigente. Por meio da 
teoria do risco integral, torna-se ainda mais fácil condenar o Poder Público ao pagamento de 
indenização. Em geral, a teoria do risco integral é aplicada em hipóteses em que o risco na 
prestação do serviço público não é apenas presumido, mas sim é uma certeza. 
No direito brasileiro, a teoria do risco integral é aplicada em duas situações: 
1) Danos nucleares 
2) Atos de terrorismo ou atos análogos a atos de guerra por meio do emprego de aviões 
civis. 
O emprego da teoria do risco integral tem duas consequências práticas, a saber: 
A) O Estado (a União) atua como GARANTE UNIVERSAL, ou seja, responderá civilmente por 
danos ou prejuízos causados por seus agentes públicos e também por particulares. 
B) Não se aplicam as causas excludentes do dever de indenizar do Estado, ou seja, o caso 
fortuito ou força maior, a culpa exclusiva da vítima e a culpa exclusiva de terceiro NÃO 
IMPEDEM A CONDENAÇÃO DA UNIÃO. 
 
Cinco hipóteses em que o Estado será responsabilizado subjetivamente 
A doutrina e a jurisprudência convergem em apontar cinco hipóteses excepcionais em que a 
responsabilidade civil do Estado não será apurada na modalidade objetiva. Haverá a aplicação 
da responsabilidade subjetiva, ou seja, a vítima terá o ônus processual de provar a culpa ou 
dolo do agente público causador do dano ou prejuízo para que seja possível obter 
judicialmente a condenação do Estado em ação principal de indenização. 
As cinco situações em que o Estado é responsabilizado subjetivamente estão relacionadas a 
hipóteses em que não existe tecnicamente a prestação de serviços públicos (logo, não se aplica 
a teoria do risco administrativo consagrada no art.37, §6º, CF/88). Nessas cinco situações, o 
Estado atua em outras atividades que não configuram, segundo o direito administrativo, serviço 
público. 
As cinco hipóteses em que haverá a responsabilidade subjetiva do Estado são as seguintes: 
A) Omissão do Poder Público: nos casos em que se configura omissão estatal, não há, por 
óbvio, a prestação do serviço público. A jurisprudência adotou posicionamento de que, 
uma vez configurada OMISSÃO REITERADA, estará presente a negligencia, imprudência 
ou imperícia (culpa) do Poder Público em evitar o dano. 
Ex: enchentes periódicas em uma localidade e ausência de realização de obras de 
canalização das águas pluviais para evitar as enchentes. 
B) Atos de multidão ou atos multitudinários: a jurisprudência entende que os danos ou 
prejuízos causados por multidão (ex: um protesto que reúne milhares de pessoas) 
apenas geram o dever de indenizar do Estado se for comprovada culpa ou dolo dos 
agentes estatais que deveriam conter a multidão. 
Ex: nos eventos em que há a reunião de multidão, os agentes públicos de segurança 
deverão reforçar o policiamento e as medidas de prevenção de prejuízos aos 
particulares (proprietários de bens). Caso o Poder Público mantenha-se inerte – isto é, 
não aumente o policiamento – ou estimule os atos de destruição praticados pela 
multidão, estará configurada, respectivamente, culpa ou dolo. Assim, os proprietários 
de bens destruídos pela multidão poderão cobrar indenização do Estado. 
C) Exploração de atividade econômica com finalidade de obter lucro pelas empresas 
públicas e sociedades de economia mista: as empresas estatais que integram a 
administração pública indireta e que atuam na exploração de atividade econômica, em 
regime concorrencial e com intuito de obter lucratividade em suas operações, serão 
responsabilizadas do mesmo modo que ocorre com as empresas privadas, ou seja, 
aplica-se a responsabilidade civil subjetiva. Neste caso, fica evidente que as empresas 
públicas e sociedades de economia mista, por não atuarem na prestação de serviços 
públicos, não respondem conforme determina o art.37, §6º da CF/88, ou seja, não se 
aplica a responsabilidade civil objetiva. 
D) Atos jurisdicionais ou atos judiciais: o Estado responde subjetivamente por atos 
praticados por juízes, desde que exista culpa ou dolo provado na atuação do magistrado. 
E) Atos legislativos: o Estado responde por danos causados pelo legislador, desde que a 
vítima prove culpa ou dolo na atuação do legislador. 
Ex: uma lei foi criada com a finalidade de dificultar a exploração de uma atividade 
econômica e, assim, favorecer o colapso de empresas que atuavam nessa atividade 
econômica específica. 
Importante: apenas será possível ajuizar ação de indenização contra a atuação culposa 
ou dolosa do legislador se, antes, houver a declaração de inconstitucionalidade da lei 
criada. A jurisprudência definiu, portanto, um requisito de admissibilidade para que as 
vitimas que sofrem danos em decorrência de atuação ilícita do legislador possa pleitear 
no Poder Judiciário a indenização: trata-se da previa declaração de 
inconstitucionalidade da lei criada. 
 
OBS: nessas cinco situações excepcionais em que haverá a responsabilidade subjetiva do Estado, 
após a condenação do Poder Público, deverá ser ajuizada a ação de regresso contra o agente 
público causador do dano. Essa ação de regresso não exigirá que a Administração Pública prove 
a culpa ou dolo do agente público causador do dano, pois a vítima já cumpriu esse ônus 
processual na ação principal de indenização.

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