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Atos administrativos A doutrina denomina de ato administrativo qualquer tipo de manifestação de vontade por parte da Administração Pública. Existem inúmeras formas de a Administração Pública expressar sua vontade, o que, por consequência, indica que existem inúmeros tipos de atos administrativos. Como exemplo de atos administrativos, pode-se citar os seguintes: publicação de edital de abertura de concurso público, deferimento ou indeferimento de inscrição de candidato em concurso público, expedição de multa de trânsito, expedição de multa de trânsito, emprego de sirene em viatura de polícia, etc. Ao praticar atos administrativos, a Administração Pública deverá observar os princípios explícitos e os princípios implícitos que a regem, sob pena de praticar atos administrativos nulos. Quanto ao mérito ou conteúdo, a doutrina aponta que existem dois tipos de atos administrativos: 1. Atos administrativos vinculados: entende-se por atos administrativos vinculados aqueles em que os aspectos formais e também o conteúdo estão previstos em lei. São, portanto, aqueles em que a autoridade competente para editá-lo não tem margem de escolha, pois deverá, obrigatoriamente, cumprir a previsão em lei. Ex: a expedição de CNH é um ato administrativo vinculado, haja vista que a legislação vigente estabelece todos os requisitos que devem ser cumpridos pelo administrado para sua expedição. Em termos práticos, os atos administrativos vinculados são aqueles que DEVEM ser editados pela Administração Pública sempre que houver a observância das hipóteses e requisitos previstos em lei para sua criação. A autoridade competente para elaboração do ato administrativo vinculado não poderá deixar de expedir esse ato, sob pena de sofrer responsabilização civil, penal e/ou administrativa. ATENÇÃO: para o CACD, o exemplo mais importante de ato administrativo vinculado é a concessão de refugio em prol de estrangeiros que chegam ao território nacional e se encontram em situação de perseguição em virtude de motivos religiosos, étnicos, de opinião política, etc. 2. Atos administrativos discricionários: são aqueles em que apenas os aspectos formais tem previsão em lei. O conteúdo ou mérito desse tipo de ato administrativo não está previsto em lei e, por isso, depende de um juízo de conveniência e oportunidade por parte da autoridade competente para elaborá-lo. O referido juízo de conveniência e oportunidade sempre será realizado com a finalidade de atender o interesse público. IMPORTANTE: na hipótese de elaboração de um ato administrativo discricionário, caso a autoridade competente para definir o conteúdo ou mérito desse ato administrativo não se atentar para o interesse público ou interesse da coletividade, o ato discricionário praticado será nulo. Haverá a configuração do chamado desvio de finalidade, em razão de não ter sido observado o princípio da supremacia do interesse público na definição do conteúdo ou mérito desse tipo de ato administrativo. Ex: a decisão em publicar o edital de abertura de um concurso é ato discricionário. A lei prevê apenas a autoridade que deverá tomar essa decisão, mas não define quantas vagas serão abertas, quantas etapas devem ser realizadas no concurso, se as provas irão ocorrer em todo o território nacional, etc. Todas as decisões sobre o conteúdo do edital de abertura do concurso são decisões tomadas com base na necessidade de atender o interesse público (juízo de conveniência e oportunidade). Em resumo, pode-se afirmar que em relação aos atos discricionários, a Administração Pública poderá ou não os editar, com base nos interesses da coletividade. Para o CACD, é importante lembrar que a concessão de asilo político (seja na modalidade asilo diplomático, seja na modalidade asilo territorial) é um ato discricionário do Estado brasileiro. Isso porque caberá a autoridade brasileira competente em apreciar o pedido de asilo político (embaixador ou Presidente da República) analisar a conveniência e oportunidade em reconhecer um estrangeiro que sofre perseguição porque praticou crime político no exterior, na condição de asilado político no Brasil. RESUMO: o caráter de ato administrativo vinculado do refúgio obriga o Brasil a reconhecer o estrangeiro que se enquadre nas hipóteses previstas em lei como sendo refugiado. Logo, o estrangeiro tem direito subjetivo de exigir do Estado brasileiro o reconhecimento de sua condição de refugiado. Por outro lado, a natureza de ato administrativo discricionário que é inerente ao asilo político não obriga o Brasil a reconhecer como sendo asilado político o estrangeiro que solicita esse reconhecimento ao Estado brasileiro. Por ser um ato discricionário, a autoridade competente brasileira terá de realizar um juízo de conveniência e oportunidade para certificar-se de que a concessão do referido asilo político não viola os interesses da coletividade. Desse modo, não se pode afirmar que o estrangeiro tem direito subjetivo de ser reconhecido como asilado político pelo Estado brasileiro. Em verdade, a doutrina reconhece que o direito de concessão de asilo político pertence ao Estado brasileiro.
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