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Controle jurisdicional dos atos administrativos

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Controle jurisdicional dos atos administrativos 
O controle realizado pelo Poder Judiciário em relação aos atos administrativos varia conforme o 
tipo de ato administrativo controlado. De início, vale informar que o Poder Judiciário realiza um 
amplo controle jurisdicional dos atos administrativos vinculados, ao passo que os atos 
administrativos discricionários têm um controle jurisdicional reduzido. 
O que explica essa diferença no tocante à extensão do controle jurisdicional empregado em 
relação aos atos administrativos é a estrutura que forma os atos administrativos vinculados e os 
atos administrativos discricionários. 
(I) Controle jurisdicional dos atos administrativos vinculados: tendo em vista que a lei 
prevê a forma (ex: autoridade competente para edição, prazo para edição, 
procedimento a ser adotado para edição) e o conteúdo (ex: a matéria veiculado no 
ato administrativo) dos atos administrativos vinculados, verifica-se que o Poder 
Judiciário – que é encarregado de aplicar a lei – realiza um controle jurisdicional que 
alcança todos os elementos que integram esse tipo de ato administrativo; 
(II) Controle jurisdicional dos atos administrativos discricionários: os atos 
administrativos discricionários tem apenas a forma prevista em lei; já o conteúdo 
desse tipo de ato administrativo exige um juízo de conveniência e oportunidade por 
parte da autoridade competente para sua elaboração. Cabe ressaltar que o juízo de 
conveniência e oportunidade deve sempre ser feito com o objetivo de atender o 
interesse da coletividade. Assim, verifica-se que a atuação do Poder Judiciário no 
controle do ato administrativo discricionário tem amplitude reduzida e deve 
observar a seguinte disciplina jurídica: 
Regra geral: o Poder Judiciário realiza o controle da forma do ato administrativo 
discricionário. O controle jurisdicional não pode analisar o conteúdo do ato 
administrativo discricionário, sob pena de o Poder Judiciário violar o princípio da 
separação dos poderes e substituir a vontade da Administração Pública. 
Exceção: em situações excepcionais, em que for patente a existência de desvio de 
finalidade (isto é, o ato administrativo discricionário não foi praticado com o escopo 
de atender o interesse da coletividade), o Poder Judiciário poderá realizar o controle 
de mérito (conteúdo) desse tipo de ato administrativo. Para tanto, o Poder 
Judiciário deverá se pautar pela aplicação do princípio da proporcionalidade 
(adequação entre os meios utilizados e os fins pretendidos) e da razoabilidade 
(necessidade de empregar o padrão comportamental esperado). 
Resumo: o Poder Judiciário, em qualquer hipótese, poderá controlar a forma e o 
conteúdo dos atos administrativos vinculados. Já, no que diz respeito ao controle 
realizado pelo Poder Judiciário em relação aos atos administrativos discricionários, 
deve-se afirmar que, em regra, o Poder Judiciário analisa a forma – e não o conteúdo 
– desse tipo de ato administrativo. Excepcionalmente, poderá o Poder Judiciário 
controlar o conteúdo ou mérito dos atos administrativos discricionários, caso exista 
desvio de finalidade. 
Anulação e revogação de atos administrativos 
Não se pode confundir os conceitos de anulação e de revogacao de atos administrativos. Trata-
se de institutos jurídicos distintos e que tem particularidades que precisam ser observados em 
sua operacionalização. 
1. Anulação: os atos administrativos serão anulados na hipótese de ser verificada a 
existência de violação do princípio da legalidade. Assim, evidencia-se que os atos 
administrativos nulos são aqueles que devem ser considerados ilegais, ou seja, foram 
criados sem observar as determinações previstas em lei. A anulação de atos 
administrativos produz efeitos ex tunc, ou seja, efeitos retroativos. 
Ex: o pagamento de auxílio emergencial durante a pandemia é um ato administrativo 
vinculado. Caso algum indivíduo tenha recebido o auxílio emergencial sem que se 
enquadrasse nas hipóteses previstas em lei para a obtenção do benefício, a 
Administração Pública deverá anular o pagamento. A anulação, por ter efeitos ex tunc, 
obriga esse indivíduo a restituir os cofres públicos. 
A anulação de atos administrativos pode ser realizada tanto pelo Poder Judiciário 
quanto pela Administração Pública. O Poder Judiciário atua na anulação de atos 
administrativos com o fundamento do princípio da inafastabilidade da jurisdição (art.5º, 
XXXV,CF/88). A Administração Pública, por sua vez, realiza a anulação de atos 
administrativos ilegais com base no princípio da autotutela. 
Por fim, é interessante registrar que a anulação de atos administrativos alcança atos 
administrativos vinculados (que tem forma e conteúdo previstos em lei) e atos 
administrativos discricionários (que tem apenas a forma prevista em lei; o conteúdo 
depende de um juízo de conveniência e oportunidade). 
2. Revogação: a revogação de atos administrativos alcança atos administrativos válidos – 
ou seja, que são considerados adequados em relação à lei – porém deixaram de ser 
considerados convenientes e oportunos para atender o interesse da coletividade. 
Ex: a decisão da ANVISA em não mais exigir o uso de máscaras em locais fechados depois 
do aumento da vacinação contra a Covid no Brasil configura um ato administrativo 
revogador de outro ato administrativo antes editado pela ANVISA. Houve, assim, a 
revogação do ato administrativo criado durante o pico de contágio da pandemia e que 
obrigava o uso de máscaras em locais fechados. 
A revogação de atos administrativos alcança, portanto, atos criados em conformidade 
com a lei e, portanto, adequados ao princípio da legalidade. O fator que determina a 
realização da revogação de um ato administrativo é a aplicação de um juízo de 
conveniência e oportunidade por parte da Administração Pública. Esse dado permite 
extrair duas conclusões importantes: 
a) Apenas a Administração Pública poderá revogar atos administrativos. Logo, o Poder 
Judiciário está proibido de revogar um ato administrativo porque não pode 
substituir a Administração Pública na realização do juízo de conveniência e 
oportunidade, que é determinante para a decisão de revogar o ato administrativo. 
O Poder Judiciário não revoga atos administrativos em razão da necessidade de 
observar o princípio da separação dos poderes. 
b) Somente atos administrativos discricionários podem ser revogados, mediante a 
edição de outros atos administrativos. Isso decorre da constatação de que a 
realização da revogação de um ato administrativo requer a realização de um juízo 
de conveniência e oportunidade no atendimento do interesse da coletividade. Os 
atos administrativos vinculados não apresentam, em sua estrutura, margem para a 
realização desse juízo de conveniência e oportunidade, pois o conteúdo dos atos 
administrativos vinculados dependem exclusivamente de previsão em lei. 
O fundamento que permite à Administração Pública revogar atos administrativos 
que se mostrem inadequados para atender o interesse da coletividade é o princípio 
da autotutela. 
IMPORTANTE: o art.54 da Lei nº 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo Federal) prevê o 
prazo decadencial que deve ser observado pela Administração Pública para a realização da 
anulação de atos administrativos. Sobre esse tema, deve-se observar a seguinte disciplina 
jurídica: 
REGRA GERAL: a Administração Pública deve observar o prazo decadencial (não se interrompe, 
nem pode ser suspenso) de 5 anos contado da data em que o ato administrativo foi praticado (e 
não da data em que a Administração Pública tomou ciência da violação da lei). 
EXCEÇÃO: se o beneficiário do ato administrativo elaborado com violação à lei atuou com má-
fé (ex: omitiu informações, forneceu informações falsas, etc), a Administração Pública não terá 
prazo para anular atos administrativos ilegais. 
Obs: não há prazo para que a Administração Pública decida sobre a revogação de atos 
administrativos. A ausênciade prazos para que ocorra a revogação de atos administrativos é 
justificada pelo fato de que os atos administrativos revogados são adequados a lei, porém 
deixaram de ser convenientes e oportunos para atender o interesse público ou o interesse da 
coletividade. A perda de conveniência e oportunidade tem como causa fatores factuais 
relacionados à dinâmica da vida em sociedade.

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