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Teoria das eficácias dos direitos fundamentais

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Teoria das eficácias dos direitos fundamentais 
Essa teoria foi inicialmente proposta pela doutrina e rapidamente adotada pela jurisprudência 
brasileira. Ela explica os diferentes modos de identificar os efeitos produzidos em decorrência 
das normas constitucionais que trazem previsão acerca dos direitos fundamentais. Vale lembrar 
que, segundo a teoria geral do direito, o termo eficácia significa a produção de efeitos verificada 
no plano fático a partir da aplicação correta das normas jurídicas. 
Adota-se dois critérios principais para identificar as eficácias produzidas pelos direitos 
fundamentais: 
1. Quanto aos destinatários: com base nesse critério é possível identificar três eficácias 
distintas para os direitos fundamentais. São elas: 
a) Eficácia vertical: explica a aplicação dos direitos fundamentais nas relações jurídicas 
de direito público, em que o Estado subordina os particulares. Ex: liberdade de 
locomoção, direito a propriedade, liberdade religiosa. Para ilustrar a eficácia 
vertical, pôde-se citar a necessidade de as desapropriações realizadas pelo Estado, 
em regra, exigirem o pagamento de indenização justa, prévia e em dinheiro aos 
proprietários dos bens desapropriados. 
b) Eficácia horizontal: explica a aplicação dos direitos fundamentais nas relações 
jurídicas de direito privado, em que os particulares atuam de modo coordenado, 
isto é, em situação de paridade ou sem subordinação. Ex: a jurisprudência entende 
que será nula a deliberação de assembleias de condomínios ou de empresas que, 
sem assegurar o direito à ampla defesa e ao contraditório, aplica sanções em 
condôminos ou sócios. 
c) Eficácia diagonal: explica a aplicação dos direitos fundamentais nas relações 
jurídicas de direito privado, em que os particulares envolvidos não atuam em 
condições de igualdade. Existe um desnível entre as posições jurídicas ocupadas 
pelos particulares, de modo que uma das partes se encontra em situação de 
vantagem em relação à outra parte. Ex: relação trabalhista, em que o empregador 
tem poder diretivo em relação ao empregado; e relação de consumo, na qual o 
consumidor é considerado a parte hipossuficiente. 
2. Quanto à amplitude: a partir do critério amplitude, pôde-se identificar dois tipos de 
eficácias produzidas pelos direitos fundamentais. A saber: 
a) Eficácia subjetiva: entende-se por direito subjetivo o direito assegurado a partes 
determinadas de um caso concreto. Nesse sentido, a eficácia subjetiva dos direitos 
fundamentais diz respeito à aplicação dos direitos fundamentais em caso concretos, 
nos quais existem partes determinadas e que buscam assegurar o respeito aos seus 
direitos fundamentais. Ex: haverá configuração da eficácia subjetiva dos direitos 
fundamentais no caso de um indivíduo que impetra um “habeas corpus” para obter 
a liberdade caso tenha sofrido uma prisão ilegal ou arbitraria. 
b) Eficácia objetiva: entende-se por direito objetivo o conjunto de leis e atos 
normativos que formam o ordenamento jurídico de um país. A partir desse conceito, 
a doutrina constitucionalista entende que a eficácia objetiva dos direitos 
fundamentais é produzida por meio de efeitos irradiantes que os direitos 
fundamentais ocasionam em todo o ordenamento jurídico. Em outras palavras, a 
eficácia objetiva dos direitos fundamentais trata de explicar os efeitos estruturais 
verificados no ordenamento jurídico em decorrência da consagração dos direitos 
fundamentais. Ex: a inclusão do direito fundamental à proteção dos dados pessoais, 
inclusive em meios digitais, no inciso LXXIX do art.5º, por meio da EC115/2022, 
provocou efeitos irradiantes em todo o ordenamento jurídico. Nesse sentido, os 
órgãos públicos e empresas privadas que atuam usando dados pessoais dos 
indivíduos tiveram e terão de aperfeiçoar continuamente seus programas de 
segurança de dados e de atendimento aos usuários (que são os titulares desses 
dados pessoais). Além disso, o legislador infraconstitucional certamente irá elaborar 
uma série de leis ordinárias que buscarão gradativamente assegurar a devida 
implementação do referido direito fundamental.

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