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DOENÇA CELÍACA NUTRIÇÃO CLÍNICA Profª Ma. Marilene Magalhães de Brito TERESINA-PI, 2020. 1 DEFINIÇÃO A doença celíaca (DC) é uma enteropatia inflamatória autoimune causada pela ingestão de glúten, em indivíduos geneticamente suscetíveis Causa atrofia das vilosidades intestinais prejudicando a absorção dos alimentos em pacientes portadores de DC GLÚTEN O glúten é um complexo proteico, insolúvel em água, responsável pela estrutura das massas alimentícias por conferir propriedades de elasticidade e adesão ao produto. É constituído por duas frações proteicas, glutenina e prolamina. O glúten também pode estar presente em alguns alimentos: processamento ou contaminação proveniente de ETIOLOGIA 4 DC Predisposição genética Fatores ambientais Exposição ao glúten Componentes Imunológicos EPIDEMIOLOGIA 1 a 2% da população mundial Maior prevalência no sexo feminino 2-3:1 Pode surgir em qualquer faixa etária – maior número de diagnóstico em adultos Risco maior em parentes de primeiro grau Figura 1: adaptada de wsvanderlugt.wordpress.com Figura2:adaptada de:http://www.medwave.cl/medios/cursos/.jpg EPIDEMIOLOGIA 6 FISIOPATOLOGIA A DC manifesta-se por meio do contato da prolamina com as células do intestino delgado Provocando uma resposta autoimune A exposição ao glúten em indivíduos com DC pode levar à atrofia das vilosidades intestinais Prejudicando a absorção de nutrientes SINTOMAS Diarreia Distensão e dor abdominal Flatulência Constipação Fadiga Depressão e perda de peso Complicações como má absorção QUADRO CLÍNICO NUTRICIONAIS Anemia (ferro, folato, B12) Osteomalácia, osteopatia, fraturas (Deficiência de Vit D, absorção inadequada de cálcio) Coagulopatias (Deficiência de Vit K) Retardo do crescimento, puberdade tardia, baixo peso Deficiência de lactase QUADRO CLÍNICO EXTRAINTESTINAIS Mal-estar Artrite Dermatite herpetiforme Infertilidade Risco aumentado de abordo Esteatose hepática Sintomas neurológicos Síndromes psiquiátricas DIAGNÓSTICO Achados Clínicos Sintomas e Antecedentes familiares Marcadores sorológicos Presença de Anticorpos Biópsia do intestino delgado Padrão-ouro Anticospos e iga podem está aumentadas em outra patologias autoimunes 11 Estágio Marsh 0: mucosa normal. Estágio Marsh 1: número aumentado de linfócitos intra-epiteliais, geralmente mais de 20 para cada 100 enterócitos. Estágio Marsh 2: proliferação das criptas de Lieberkuhn. Estágio Marsh 3: atrofia completa ou parcial das vilosidades. Estágio Marsh 4: hipoplasia da arquitetura do intestino delgado. Marsh, Gastroenterology 1992, Vol 102: 330-354 Lei nº 10.674/2003 “Contém” ou “Não contém Glúten” TRATAMENTO NUTRICIONAL Excluir fontes de glúten (trigo, centeio, cevada) da dieta Suplementação de Vitaminas e Minerais Reposição de líquidos e eletrólitos (pacientes com diarreia) Depois de um período com a DSG a mucosa intestinal se recupera, melhorando a absorção de nutrientes Importante: adesão à alimentação isenta de glúten pode resultar em uma dieta pobre em fibras, vitaminas e minerais e rica em gorduras, quando não orientada adequadamente. FONTE: Dra Juliana Crucinsky http://www.riosemgluten.com/10_passos_celiacos_Juliana_Crucinsky.pdf FONTE: Dra Juliana Crucinsky http://www.riosemgluten.com/10_passos_celiacos_Juliana_Crucinsky.pdf FONTE: Dra Juliana Crucinsky http://www.riosemgluten.com/10_passos_celiacos_Juliana_Crucinsky.pdf FONTE: Dra Juliana Crucinsky http://www.riosemgluten.com/10_passos_celiacos_Juliana_Crucinsky.pdf FONTE: Dra Juliana Crucinsky http://www.riosemgluten.com/10_passos_celiacos_Juliana_Crucinsky.pdf ALIMENTOS PERMITIDOS CEREAIS: arroz, milho, painço e os pseudocereais: quinoa, amaranto, trigo sarraceno. FARINHAS e FÉCULAS: farinha de arroz, amido de milho (tipo “maisena”), fubá, farinha de mandioca, fécula de batata, farinha de soja, polvilho, flocos de arroz e milho. MASSAS: feitas com as farinhas permitidas. VERDURAS, FRUTAS E LEGUMES: todos, crus ou cozidos. ALIMENTOS PERMITIDOS LATICÍNIOS: leite, manteiga, queijos e derivados (se não houver intolerância à lactose). GORDURAS: óleos e azeites. CARNES: bovina, suína, frango, peixes, ovos e frutos do mar. GRÃOS: feijão, lentilha, ervilha, grão de bico, soja. SEMENTES OLEAGINOSAS: nozes, amêndoas, amendoim, castanhas da Amazônia e caju, avelãs, macadâmias, linhaça, gergelim, abóbora, etc. IMPORTANTE Familiares: oriente seus familiares e amigos sobre o que é Doença Celíaca e os cuidados da dieta, explique que precisará de compreensão e ajuda. Isso facilitará a sua participação nas reuniões e confraternizações. Antes de sair de casa: faça um reconhecimento em sua cidade de estabelecimentos confiáveis e verifique todas as informações, se possuem alimentos ou produtos sem glúten. IMPORTANTE Comprando alimentos: leia com atenção os rótulos dos a limentos. Os produtos industrializados devem obedecer a Lei nº 10.674/2003 que determina a utilização das expressões “Contém” ou “Não contém Glúten”, impressas nas embalagens. Comendo fora: alguns restaurantes já disponibilizam seus cardápios on-line, o que possibilita a você escolher, antes de sair de casa, opções de refeições IMPORTANTE Exposição oculta ao glúten Fármacos Hóstias Fontes Incomuns Contaminação Cruzada Torradeiras Frascos de condimentos Óleo de frituras Bufês ESTUDO (VILPPULA et al., 2011). Ao analisar 35 pacientes, buscou verificar se o tratamento dietético livre de glúten beneficiava indivíduos mais velhos. 37% dos pacientes apresentavam deficiência de ácido fólico, 26% de ferritina, 17% de vitamina B12, 9% de fosfato e 6% de ferro, detectadas por meio de exames laboratoriais. Além disso, 4% possuíam históricos de fraturas recentes. Dos 35 pacientes, somente 27 (77,1%) concordaram em iniciar uma dieta sem glúten, relatando transgressões ocasionais (em torno de cinco vezes ao mês). Mesmo assim, após 12 meses da adesão à dieta, todos os pacientes se beneficiaram da isenção de glúten, havendo normalização dos níveis dos micronutrientes, confirmando mais um benefício da restrição do glúten no tratamento da DC. Fonte: Guia Orientador para celíacos. Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (FENACELBRA): http://www.fenacelbra.com.br/fenacelbra/livros-para-download/ 10 passos para alimentação do celíaco: http://www.riosemgluten.com/10_passos_celiacos_Juliana_Crucinsky.pdf Guia Orientador para celíacos: http://www.fenacelbra.com.br/arquivos/guia/guia_orientador_para_celiacos.pdf CASO CLÍNICO Uma mulher de 46 anos se queixa de fadiga e apresenta deficiência de ferro com anemia. Ela tem apresentado episódios intermitentes de diarreia leve por muitos anos, e atualmente apresenta distensão abdominal ou dor abdominal. O exame físico revela Dermatite herpetiforme na região dos cotovelos. O exame físico abdominal é normal e o resultado da pesquisa de sangue oculto nas fezes é negativo. Após a biópsia de intestino delgado foi feito o diagnóstico de Doença Celíaca. A paciente foi encaminhada ao Nutricionista. Dados: Altura 1,60 m Peso atual: 51 kg Peso usual: 55 Kg Preferências alimentares: Pão e bolos doces. Aversão: Leite e quiabo CASO CLÍNICO Calcule e classifique o estado nutricional da paciente. Elabore um plano alimentar qualitativo com duas ou mais opções de cada refeição. Faça as orientações nutricionais pertinentes. Dica de curso https://ensino.einstein.br/rotina_do_grupo_de_suporte_nutricional_p2629/p